Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

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IMPRESSO ESPECIAL

991 22 55 307- DR/MG SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS CORREIOS

DEVOLUÇÃO GARANTIDA

CORREIOS IMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT

Ano 3 | Edição 12 | MARÇO 2012

Projeto Ciência sem Fronteiras A SME faz entrevista com a Presidenta Dilma Rousseff Leia mais |

22

CENÁRIO | ENGENHARIA E A MINERAÇÃO

CÓDIGO FLORESTAL EM DEBATE

Entrevista com Tito Martins, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale

O Código deve ser votado no 1º semestre de 2012

52

30 Leia Mais

Artigo sobre Desenvolvimento Sustentável |

16

Engenharia e Inovação |

26


Seja um associado da SME Compromisso com Você! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio da sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

São descontos de até 20% em academias, empresas automotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades, floriculturas, gráficas, informática, laboratórios, óticas, planejamento financeiro, seguros, serviços fotográficos, hotéis, beleza e estética, dentre outros.

Em seus 80 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sócio-cultural e econômico.

Compromisso com o futuro Aprimoramento profissional e inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME na busca em oferecer os melhores produtos e serviços para você e sua família.

Produtos e Serviços Em nosso site há uma série de produtos e serviços como cursos, palestras, seminários, eventos e uma extensa gama de convênios que você poderá desfrutar.

Por meio do nosso site: newsletters, revistas, eventos e participação nas redes sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse.

Maiores Informações: www. sme.org.br - Tel (31) 3292 3962 ou sme@sme.com.br

PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo VICE - PRESIDENTES Ronaldo José Lima Gusmão José Luiz Nobre Ribeiro Victório Duque Semionato Alexandre Francisco Maia Bueno Délcio Antônio Duarte DIRETORES Luiz Felipe de Farias Diogo de Souza Coimbra Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Marcílio César de Andrade Alessandro Fernandes Moreira José Flávio Gomes Fabiano Soares Panissi Janaína Maria França dos Anjos Normando Virgílio Borges Alves Clemenceau Chiabi Saliba Júnior SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

2

CONSELHO DELIBERATIVO Marcos Villela Sant'Anna Teodomiro Diniz Camargos Jorge Pereira Raggi Flávio Marques Lisbôa Campos Rodrigo Octavio Coutinho Filho Paulo Safady Simão José Luiz Gattás Hallak Alberto Enrique Dávila Bravo Cláudia Teresa Pereira Pires Márcio Tadeu Pedrosa Sílvio Antônio Soares Nazaré Felix Ricardo Gonçalves Moutinho Levindo Eduardo Coelho Neto Fernando Henrique Schuffner Neto Ivan Ribeiro de Oliveira CONSELHO FISCAL José Andrade Neiva Nilton Andrade Chaves Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Alexandre Rocha Resende Wanderley Alvarenga Bastos Junior

Coordenador Editorial Ronaldo Gusmão Projeto Gráfico | Diagramação Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação Bento Simão 518 | São Bento | BH | MG (31) 3309 1036 | 9133 8590 Marcelo Fernandes Távora tavora007@hotmail.com Jornalista Resposável Luciana Maria Sampaio Moreira | MG 05203 JP Tiragem 6 mil exemplares | Bimestral Distribuição Gratuita Via Correios e Instuições parceiras Publicação SME - Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3ºandar Santo Agostinho | BH | MG | CEP:30170-001 Tel. (31) 3292-3962 - sme@sme.org.br


ÍNDICE Gestão de Águas Pluviais da RMBH

Workshop Gestão de Águas Pluviais da RMBH

6

10 Medalha Engenheiro do Ano

Mestres da Engenharia Beatriz Alvarenga

Desenvolvimento sustentável

16

14

12 SME 12:30 Encontro de lideranças nacionais

22

20 e 41

Engenharia e Inovação

30

26 Eliseu Resende, um líder para o bem

Geologia e problemas hidrológicos urbanos

48

ERRATA

Cénário Mineração e a Engenharia

Artigo

Perfil do engenheiro Diogo Coimbra

36

CAPA Ciência sem Fronteiras, Um plano de futuro

Drenagem Pluvial e Resíduos Sólidos

44

42

52

Código florestal deve ser votado ainda no primeiro semestre de 2012

Na 11ª edição da revista, a matéria "Diretoria da SME reativa o Conselho Consultivo da instituição, formado por ex-presidentes", não mencionou, no quadro dos ex-presidentes, o eng. Márcio Damazio Trindade, que ocupou o cargo entre 2005 e 2011.


Editorial | Palavra do Presidente

versos motivos, da mobilidade urbana que também vem

MINAS GERAIS

sendo tratada de forma negligente ou sem o devido em-

INFRAESTRUTURA PARA O FUTURO

penho das autoridades envolvidas. Tudo isso está relacionado com o futuro do nosso estado,

O futuro do nosso estado depende de grandes obras de

bem como com o futuro da engenharia.

engenharia. Estamos falando de estradas, aeroportos, infraestrutura urbana e tantas outras.

O programa lançado pela presidente da república Dilma

Minas Gerais, estado fornecedor de matérias primas, rico

Rousseff e que nos brinda com uma entrevista nesta edi-

em minerais, onde se encontra a água em

ção da revista Mineira de Engenharia, tem

abundância, agricultura desenvolvida, etc.

um significado muito importante para o crescimento do estado e para o desen-

Somos um estado bastante privilegiado

volvimento do país, porém podemos

do ponto de vista da natureza. Temos

criar condições para que estes brasilei-

bons ventos no topo de nossas monta-

ros que vão intercambiar conhecimento

nhas, temos o sol com forte presença em

e se aperfeiçoar lá fora, tenham condi-

algumas

no

ções de voltar ao país e encontrar pos-

norte/nordeste. Muita água se manifes-

tos de trabalho compatíveis com o

regiões,

notadamente

tando na forma de rios e quedas d’água.

Ailton Ricaldoni Lobo Presidente da SME

dos. Caso contrário, como diz o ditado popular, estaremos comprando a bici-

Estamos vivenciando uma mudança no perfil produtivo do estado onde as commodities permanecem tendo sua im-

conhecimento e a experiência adquiri-

cleta para outros andarem.

portância, mas entram em cena indústrias dos diversos segmentos, que se utilizaram da tecnologia e da inovação

Propugnamos por ações imediatas do governo federal, re-

para agregar valor aos produtos. Falamos de indústria quí-

lativamente aos investimentos necessários ao desenvolvi-

mica, metal mecânica, eletroeletrônica, TI, dentre outras.

mento da infraestrutura da qual falamos, ou que se abra a oportunidade para a participação da iniciativa privada nes-

Isso porque a indústria que se estabelece e pede para cres-

tes empreendimentos.

cer demanda infraestrutura compatível. Muitas empresas de grande porte e alta tecnologia de-

Isto, sob pena do estado permanecer atrasado por mais

monstram seu interesse em se estabelecer no nosso es-

uma década e continuar sendo um supridor de matéria

tado, porém, temos ameaças que podem impedir a atração

prima.

destes investimentos. A SME se manifestará através de suas Comissões Técnicas

4

Trata-se da precariedade das condições de nossas estra-

sobre a importância dessas ações, e ainda, interagindo com

das, da necessidade de ampliação do aeroporto Tancredo

as entidades mineiras na defesa dos interesses de Minas

Neves que está sendo postergada há muito tempo por di-

Gerais.



PLANEJAMENTO URBANO | Saneamento

Comissão de Gestão Técnica especial de Águas Pluviais da RMBH promoveu evento em março turas, Estado e Defesa Civil, para

No último dia seis de março, a Comissão Especial de Gestão das Águas Pluviais da RMBH da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) promoveu, em Belo Horizonte, na sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG) o workshop Gestão das Águas Pluviais da RMBH. O evento reuniu 130 participantes entre engenheiros, estudantes universitários, gestores públicos e, ainda, lideranças comunitárias para um debate consistente sobre temas como a importância do planejamento municipal e suas relações com as enchentes urbanas, áreas verdes e permeabilidade do solo nos aqüíferos urbanos, monitoramento hidrológico e sistema de alerta contra cheias e, como não poderia faltar, a questão dos resíduos sólidos e os problemas na drenagem urbana. O presidente da Comissão, Paulo Maciel, explica que o evento foi bastante positivo e abrangente, já que os temas abordados interfe-

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que as ações implementadas tenham enfoque preventivo.

Paulo Maciel é presidente da Comissão Técnica de Gestão de Águas Pluviais da SME rem na gestão das águas pluviais, um desafio que as cidades ainda não conseguiram vencer. “Essa é uma questão que tem preocupado as administrações públicas e a população a cada ano, durante o período de chuvas, principalmente em função dos problemas causados em função de passivos acumulados por décadas ou séculos”, destaca. Um dos resultados práticos desse workshop será a ampliação dos canais de diálogo com as prefei-

A engenharia tem procurado evoluir para oferecer soluções sustentáveis para as questões que envolvem a gestão das águas pluviais, como ressalta o engenheiro. No entanto, a velocidade da ocupação urbana em um momento de acelerado crescimento econômico como o atual ainda é bem maior. Mas a mudança está acontecendo, na prática. Um exemplo é que aquelas antigas obras de canalização de córregos, tão comuns em Belo Horizonte e RMBH, têm sido substituídas por projetos sustentáveis. “Tampava-se os córregos. As pessoas na viam a sujeira e nem o problema, que continua a existir mesmo debaixo da terra”, alerta. Um exemplo recente é o projeto do Ribeirão Arrudas, em Contagem. Dos 2,7 km de leito, apenas 300 metros foram canalizados. Os


Diveulgação - Camara Municipal de BH | www.cmbh.mg.gov.br/

Rio Arrudas próximo ao Shopping Boulevard durante últimas chuvas de verão

2,4 km restantes obedecem o leito natural do ribeirão. Outra obra emblemática, na Cidade Administrativa do Governo do Estado, foi a descanalização de um pequeno córrego que havia na região, o que, de acordo com Maciel, demonstra que os projetos de engenharia têm se pautado por questões como preservação do meio ambiente e sustentabilidade. Segundo Maciel, pensar em ordenamento e controle da ocupação das cidades é algo novo. “Os planos diretores municipais têm tido maior preocupação com o tema, embora os problemas que acontecem a cada ano são fruto de um passivo reprimido que pode agravar ainda

mais sem medidas corretivas”. Há que se considerar, também, que a manutenção da boa qualidade de vida nas cidades depende da consciência e educação da população. “É um processo de cidadania onde as pessoas entendem que têm um papel a cumprir para contribuir para que a sua ação seja positiva ou menos negativa possível para o meio ambiente. Nesse sentido, além de direitos, as pessoas têm responsabilidades”, argumenta. Mas a engenharia, enquanto ciência, tem um papel preponderante nesse processo de mudança, a partir de um enfoque holístico para solucionar os problemas já existentes e propor soluções sustentáveis

para novos/antigos desafios. Na prática, os projetos devem considerar a bacia hidrográfica de toda uma região. Nesse sentido, as intervenções são interligadas, assim como os rios que, no seu leito natural, não atingem velocidade suficiente para causar estragos, já que a água da chuva penetra também na terra das encostas e áreas verdes do entorno. Segundo o engenheiro, canalizados, os cursos de água podem atingir alta velocidade durante uma chuva, o que representa riscos. Além de mudar o conceito dos projetos de engenharia, é preciso fazer o monitoramento correto das áreas de risco,

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PLANEJAMENTO URBANO | Saneamento

outra área que merece maior atenção dos profissionais e também dos entes públicos, para que a Defesa Civil possa avisar aos moradores da beira dos rios que a água vai subir. Além de cuidar das bacias hidrográficas de forma integrada, é imprescindível modificar, também, outro hábito antigo. “A chuva deveria cair e infiltrar no solo para alimentar as nascentes mas isso não acontece porque as áreas livres são todas impermeabilizadas”, comenta. Ao manter áreas permeáveis –

uma tendência dos projetos atuais - é possível alimentar as nascentes no período de cheia e também de seca. Essa é outra questão que merece a atenção dos engenheiros, visto que, os problemas surgem não apenas durante a temporada de chuvas, mas também quando elas são escassas. “É preciso ter água no lugar e quantidade certos, em todas as temporadas do ano”, enfatiza o engenheiro. Além das questões técnicas, o mercado de consumo também tem exigido mudanças de conduta da parte da in-

dústria da construção, como lembra Maciel. Prédios sustentáveis podem trazer benefícios econômicos para o comprador por meio do uso de tecnologias como aquecimento solar, energia fotovoltaica, iluminação e elevador inteligentes, por exemplo. As exigências ambientais impostas pelo poder público também colaboram para essa mudança de valores. “Quem não acompanhar essa questão vai ficar para trás, vai envelhecer para o mercado”, afirma.

Membros da Comissão Técnica Especial de Gestão de Águas Pluviais da RMBH | SME

CÉLIA REGINA ALVES RENNÓ Presidente da ABES-MG CLÁUDIA TERESA PEREIRA PIRES Representante da SME no Compur e ex-presidente do IAB-MG CLEMENCEAU CHIABI SALIBA JÚNIOR Diretor da SME e Perito do Ibape EDÉZIO TEIXEIRA DE CARVALHO Consultor em Geologia Urbana e Ambiental da Geolurb

JOÃO CARLOS DE CASTRO SILVA Professor e Coordenador do Curso de Saneamento Ambiental da Fumec

PAULO MACIEL JÚNIOR Presidente da Comissão Técnica Especial e Diretor da Lume Estratégia Ambiental

JOSÉ NELSON DE ALMEIDA MACHADO Consultor de Saneamento da Diefra

RONALDO LUIZ REZENDE MALLARD Diretor Executivo da EME Engenharia Ambiental

MAELI ESTRELA BORGES Professora e Consultora em Resíduos Sólidos

ROSILENE GUEDES SOUZA Presidente do IAB-MG

A comissão está aberta a novos membros que queiram colaborar, participe.

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SME

Workshop Gestão de Águas Pluviais da RMBH

No último dia seis de março a Comissão Especial de Gestão das Águas Pluviais da RMBH da SME promoveu, na sede do (CREA-MG) o Workshop de Gestão das Águas Pluviais da RMBH. O evento reuniu 130 participantes entre engenheiros, estudantes universitários, gestores públicos e, ainda, lideranças comunitárias.

O evento com duração de quase 10 horas com 6 paletrantes e intenso debate

Mesa de palestrantes Edésio Texeira de carvalho, José Nelson de Almeida Machado, Paulo Maciel, Danilo Botelho,Ronaldo Luiz Rezende Mallard e Maeli Estrela Borges

Ailton Ricaldoni Lobo , Ronaldo Gusmão, Maeli Estrela Borges, José Ciro Mota e Edésio Texeira de carvalho

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José Ciro Mota Ailton Ricaldoni Lobo e Ronaldo Luiz Rezende Mallard

Ronaldo Luiz Rezende Mallard, José Nelson de Almeida Machado, Ailton Ricaldoni Lobo e Paulo Maciel


SME

Workshop Gestão de Águas Pluviais da RMBH

Maeli Estrela Borges é palestrante do evento e é consultora em Resíduos Sólidos

Patrocinadores

Ailton Ricaldoni Lobo, Paulo Maciel, Ronaldo Gusmão e José Ciro Mota

Apoio


Mestres da Engenharia | Beatriz Alvarenga

Um legado de seis décadas de paixão pela física na formação de engenheiros Quando ingressou no curso de Engenharia Civil

sala de aula, a auxiliar dos mestres, na UFMG .

da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a jovem Beatriz Alvarenga, então com 22 anos, queria

Posteriormente, fez a prova para tornar-se uma

aprimorar seus conhecimentos em Matemática.

catedrática no ensino da Física, matéria que, segundo ela, explica a origem do mundo e do próprio ser hu-

Naquela época, a Física era matéria desconhecida para os alunos do ensino médio e foi no ciclo bá-

mano, mas que continua a ser temida pelos estudantes graças à limitação pedagógica do aprendizado.

sico do curso superior, que ela conheceu a ciência que seria uma das grandes paixões de sua vida.

“Eu nunca entrei na sala de aula com as mãos vazias. A Física tem que ser apresentada aos alunos

12

Filha de família numerosa, ela começou a sua

na prática e não apenas por meio de fórmulas deco-

vida como professora do Colégio Santa Maria e, pos-

radas”, desafia as novas gerações de professores da

teriormente, do Colégio Estadual de Mimas Gerais,

matéria. Muitos deles, inclusive, continuam a trabalhar

para pagar as mensalidades. “Na época, o ensino era

com os três volumes do Curso de Física para o en-

pago”, lembra. Após a formatura, em 1947, ela

sino médio, que a professora assina juntamente com

foi alçada, pela competência adquirida no dia a dia da

Antônio Maximo.


Eu nunca entrei na sala de aula com as mãos vazias. A Física tem que ser apresentada aos alunos na prática e não apenas por meio de fórmulas decoradas

Ao lado da casa onde mora, no bairro Floresta, mantém um escritório onde recebe professores e Os volumes de Física elaborados para o ensino médio são adotados há mais de 40 anos pela instituições de ensino em todo o Brasil

amigos e, também, os mais de 40 sobrinhos que a procuram para estudar Física de um jeito diferente, principalmente quando o período de provas se aproxima.

A experiência que ela procura repassar aos professores de Física, através dos seus livros, é de

Além da biblioteca e da sala onde está

que a matéria tem tudo para agradar a todos os alu-

o computador, o local guarda painéis que abor-

nos e não apenas àqueles naturalmente entusiasma-

dam diversos temas ligados à Física e também

dos pela área de Exatas. Para Beatriz Alvarenga,

brinquedos lúdicos que ela traz das viagens in-

inclusive, esse é um conteúdo que, bem apresen-

ternacionais aos Estados Unidos e países da

tado, pode atrair mais alunos para as Engenharias,

Europa que têm na extensa matéria o seu prin-

um desafio que as escolas enfrentam atualmente.

cípio básico. “Fiz o que achei que seria útil para mostrar que a Física requer um processo de

Hoje, aos 89 anos, com os olhos azuis brilhando mesmo por trás dos óculos, ela continua ativa.

aprendizagem baseado na experimentação do mundo”, conclui.

13


SME

Engenheiro do Ano

Otávio Marques de Azevedo, Presidente da Andrade Gutierrez recebe o prêmio em noite festiva

A cerimônia de entrega da “Medalha Engenheiro do Ano 2011” para o engenheiro e presidente executivo do Grupo Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, encerrou a programação de eventos da Sociedade Mineira de Engenheiros no ano passado.O evento foi realizado no dia 13 de dezembro, no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, para convidados.

6

7

11 1) Otávio Azevedo Filho, Otávio Marques de Azevedo, Ângela e Luiz Otávio Mourão

5) Celso Mello Azevedo, Ailton Ricaldoni Lobo, Sílvio Soares Nazaré, Heleni de Melo Fonseca, Jobson Andrade e Rodrigo Octávio Coutinho Filho

2) Vera Campos, Tânia, Otávio Azevedo, 6) José da Costa Carvalho Neto, Ivan Adriana e Paulo Roberto Henrique Ribeiro, Marcos Luz da Costa Carvalho e Werner Cançado Rohlfs 3) Rodrigo Azevedo Campelo, José Flávio Azevedo Campelo, 7) Ronaldo Gusmão e Otávio Marques Francisco Azevedo Neto, José Osvaldo de Azevedo Azevedo Campelo, Nelson Furtado Azevedo e Márcio Nunes Orsini 8) Marcus de Rezende Kfoury, Alexan4) Otávio Marques de Azevedo, Adriana dre Rocha Resende, Jobson Andrade e Azevedo, FlávioCampos e Paulo Roberto Ederson Bustamante

12 9) Suzane Drummond, Marlene Monteiro, Dilma Neiva e Ana Elisa Lobo

13) Ronaldo Gusmão, Ailton Ricaldoni Lobo e Fabiano Soares Panissi

10) Ailton Ricaldoni Lobo, Otávio Marques de Azevedo, Levindo Coelho, Marcos Luz da Costa Carvalho e José da Costa Carvalho Neto

14) Isis Mesquita Carvalho, Márcia Tito e Dilma Neiva

11) Marcelo Orrico, Marcelo Lobo, Normando Virgílio Borges Alves, José Ciro Mota e Wagner Barbosa 12) Augusto Drummond, Suzane Baeudette Drummond, Otávio Marques de Azevedo e Ailton Ricaldoni Lobo

15) Djalma Bastos de Morais e José Ciro Mota


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13

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Patrocinadores

15


ARTIGO | Desenvolvimento Sustentável

Paulo José Braz Rosas

Desenvolvimento sustentável: diante da dinâmica de um mundo em constante evolução a Engenharia torna-se fundamental na superação dos desafios da era da sustentabilidade.

Resumo: A questão ambiental se intensifica nos

cial de sustentabilidade do planeta e reconhecer

discursos após uma fase de intensa degradação do

que a avaliação do impacto da tecnologia no con-

meio ambiente decorrente do processo de desen-

texto social, econômico e ambiental é essencial

volvimento. Este cenário representa o desafio da

para a sobrevivência e progresso.

Engenharia no século XXI em conhecer o potenPalavras chave: Desenvolvimento sustentável; Engenharia; sustentabilidade.

Desenvolvimento sustentável Diante da dinâmica de um mundo em constante evolução a Engenharia torna-se fundamental na superação dos desafios da era da sustentabilidade. O desenvolvimento econômico é um fenômeno inerente ao ser humano e conseqüentemente às nações. Entretanto a deterioração contínua dos ecossistemas leva ao questionamento das relações que se estabelecem entre o homem, a ciência e a natureza. Assim, o desenvolvimento sustentável integra-se ao conjunto de esforços internacionais para concretização das idéias e princípios que combine eficiência econômica, justiça social e preservação ambiental.


Desenvolvimento sustentável: rumo a s u s t e nt a bilida de ambiental.

da vida, e com as futuras gera-

de vital importância para o de-

ções

senvolvimento humano, social e econômico sustentável

2. Este compromisso em conciliar as interações entre o desen-

3.O crescimento sustentável é,

O conceito de desenvolvimento

volvimento humano e o meio

pois, intrínseco a função do en-

sustentável surge como expres-

ambiente, foi ratificado em Johan-

genheiro uma vez que é definida

são aos anseios coletivos a partir

nesburgo, durante a Rio +10, rea-

como a atividade de concepção,

de estudos da Organização das

firmando o desenvolvimento

projeto e realização de sistemas

Nações Unidas, como uma res-

sustentável como elemento cen-

ou de produção de bens e servi-

posta para a humanidade perante

tral da agenda internacional e de-

ços, com base no conhecimento

a crise social e ambiental pela

finindo dimensões essenciais: o

científico e tecnológico, seguindo

qual o mundo passava a partir da

desenvolvimento econômico, que

paradigmas de ética, eficiência e

segunda metade do século XX.

visa à gestão mais eficiente dos

eficácia, bem como de sustenta-

Tal conceito firmado na Agenda

recursos naturais, a coesão social,

bilidade e equilíbrio em relação

21, durante a Conferência ECO-

ancorada na equidade da distri-

ao meio ambiente

92, no Rio de Janeiro, deve ser

buição de renda e de bens e a

entendido como aquele que

proteção ambiental, que consiste

4. A complexidade do mundo

atende as necessidades do pre-

na obediência do limite das ativi-

moderno exige dos profissionais

sente sem comprometer as pos-

dades humanas para não destruir

de Engenharia uma visão sistê-

sibilidades de as gerações futuras

a diversidade, a complexidade e a

mica e uma postura ousada de

atenderem suas próprias neces-

função do sistema ecológico.

um espírito inovador e empreendedor e em conformidade ao

sidades

1. Ressalta-se ainda a Carta da

A Engenharia: desafio para o século XXI.

propósito do capítulo 35 da Agenda 21, deve aplicar os seus conhecimentos para articular e

Terra, declaração de princípios éticos fundamentais para a cons-

A Engenharia sempre esteve pre-

apoiar as metas de desenvolvi-

trução de uma sociedade global

sente na vida do homem, desde

mento sustentável por meio da

justa, sustentável e pacífica, a qual

os primórdios da civilização hu-

avaliação do impacto da tecnolo-

afirma que para se chegar a este

mana. No Congresso Mundial de

gia no contexto social, econô-

propósito, é imperativo que os

Engenheiros de Brasília – WEC

mico e ambiental, baseadas em

povos da Terra, declarem respon-

2008, foi ressaltado o papel da

inovações atuais e futuras da

sabilidade uns para com os ou-

Engenharia como vetor de inova-

ciência, utilizadas nos processos

tros, com a grande comunidade

ção tecnológica e como sendo

de tomada de decisões

17


ARTIGO | Desenvolvimento Sustentável

ção do planeta e reconhecer que

do engenheiro civil. Revista Engenha-

o desenvolvimento sustentável de-

ria do Instituto de Engenharia, n.597,

Vários tem sido os acontecimen-

pende de planejamento e do reco-

pág. 21, 2010.

tos que marcam a evolução do

nhecimento de que os recursos

conceito desenvolvimento susten-

naturais são finitos.

5.Considerações Finais

5. AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

tável, de acordo com os progressos tecnológicos. Grande parte

Torna-se fundamental desenvolver

dessa tecnologia advém das varias

a consciência da necessidade de

áreas de Engenharia.

profissionais de Engenharia social-

e Desenvolvimento. 2ª ed. Brasília: Senado Federal, subsecretaria de edições técnicas, 1997.

mente responsáveis, tendo como

6. STRONG, Maurice. In: DALL'

A Engenharia no século XXI terá

base a conciliação de suas habili-

ACQUA, Cláudio. Palestra apresen-

que enfrentar desafios cada vez

dades técnicas com habilidades

tada na XXXI Convenção Panameri-

mais complexos. Nas próximas

humanas, essenciais para a sobre-

cana de Engenharia. Engenharia e

duas décadas, mais de 2 bilhões de

vivência e progresso. Assim, o de-

pessoas irão povoar o planeta

senvolvimento sustentável será

Terra. Este crescimento demográ-

impossível sem a contribuição da

fico irá gerar uma escala sem pre-

profissão de Engenharia

Infra-estrutura para o Desenvolvimento Social dos Países das Américas. Brasília, 2008.

cedentes de demandas de toda ordem. O hiato entre ricos e po-

6. Notas:

bres, entre nações desenvolvidas e não desenvolvidas, continua cres-

1. CMMAD - Comissão Mundial

cendo. O meio ambiente continua

sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-

deteriorando-se, as principais fon-

mento. Nosso futuro comum. 2a ed.

tes da matriz energética mundial, como petróleo e gás natural não são renováveis e estarão esgotadas em poucas décadas.

Tradução de Our common future. 1a ed. 1988. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991. 2. CARTA DA TERRA – Organização das Nações Unidas, Brasília, 2002.

Este panorama representa o grande esforço que a Engenharia

3. DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA. En-

terá que fazer para suprir as novas

genharia e Inovação para o Desen-

necessidades da humanidade e, ao

volvimento com Responsabilidade

mesmo tempo, garantir um desen-

Social. In: Congresso Mundial de En-

volvimento sustentável. Uma pos-

genheiros – WEC 2008, Brasília..

sibilidade para reverter este

18

cenário é ter um conhecimento

4. QUARESMA, Celestino Florido.

amplo do potencial de sustenta-

Razão e sensibilidade na formação

Paulo José Braz Rosas é engenheiro Mecânico Eletricista graduado pela Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI é também membro do Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente e do Conselho Deliberativo do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Itajubá; Membro da Comissão Multimodal da Inspetoria de Itajubá do CREAMG e Diretor da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Itajubá-AENAI. Contato pelo e-mail pbrosas@yahoo.com.br


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Projeto

SME | 12:30 Glenio Campregher

Informação & Opinião Lideranças Nacionais

Ailton Ricaldoni Lobo e José da Costa Carvalho Neto

Nilton Chaves, João Miguel Drummond, José Ciro Mota

Joao Alberto da Silva, Carlos Gustavo Andriolli, Geraldo Mota, Gustavo Coelho e Leonardo Erthal

Jaime Elias Pasce ( Vice‐Presidente ‐ Arcadis Logos) e Pedro Braga (Diretoria ‐ Arcadis Logos) Cristovam Magalhães (Presidente ‐ Arcadis Logos )

José da Costa Carvalho Neto

O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, falou sobre energia e desenvolvimento Em 2011, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) promoveu duas edições do projeto SME 12:30, na sede social da entidade, na região central de Belo Horizonte. O primeiro almoço palestra contou com a presença do engenheiro mineiro e atual presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, encontrou os engenheiros mineiros no dia seis de maio do ano passado, com auditório cheio. Ele falou sobre “O papel da Eletrobras no Setor Elétrico”, um tema que tem estreita ligação com o atual ce-

20

nário de desenvolvimento econômico do país e da indústria da construção. A empresa tem parque gerador instalado no Brasil composto por 29 hidrelétricas, 15 termelétricas, duas usinas nucleares, 237 subestações com mais de 61 mil km de linhas de transmissão em 2011. No exterior, a empresa tem 5.140 km de linhas de transmissão com geração de 18.320 MW de potência. Além de atuar no país, a estatal tam-

bém tem projetos estratégicos internacionais. De acordo com o presidente da Eletrobras, a empresa está aberta para parcerias em novas oportunidades de negócios em geração e transmissão no Brasil e também no exterior. Novos negócios na área de eficiência e conservação de energia estão entre os desafios que a empresa pretende enfrentar para chegar a 2020 como o maior sistema empresarial global de energia limpa, com rentabilidade comparável às melhores empresas do setor elétrico.


SME Sentimento de dever cumprido

ENGENHEIRO SOLIDÁRIO | Reynaldo Arthur Ramos Ferreira,

Reynaldo Arthur Ramos Ferreira, há 40 anos, ele começou a fazer um trabalho individual ajudando famílias e hoje é multiplicador de solidariedade Pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência para a Rede Voluntária em 2011 concluiu que um em cada quatro brasileiros com mais de 16 anos fazem ou já fizeram algum trabalho voluntário. Desse grupo, 20% têm o diploma do curso universitário. Os motivos que levam uma pessoa a se engajar em alguma causa, seja ela ajudar os desabrigados de uma chuva, dar assistência a um vizinho em um momento de dificuldade ou mesmo a se disponibilizar conhecimento técnico para melhorar a qualidade de vida dos semelhantes são vários. Mas nenhum deles é maior que aquele sentimento de “dever cumprido”. Que o diga o engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Reynaldo Arthur Ramos Ferreira, 73 anos.

atende diversos pontos da periferia de Belo Horizonte, chegando até a região de Posto da Mata, no interior da Bahia. O segundo multiplicador é o pastor Manoel, que trabalha na Vila Leonina, entre as avenidas Raja Gabaglia e Barão Homem de Melo e na favela do Calafate, perto da Via Expressa, todas com centros operacionais de tráfico de drogas consolidados. Ele também vai para o norte de Minas, uma região que sempre merece a atenção da sociedade e dos governos.

Há 40 anos, ele começou a fazer um trabalho individual ajudando famílias que haviam sido induzidas por políticos a invadir um terreno dele. “O meu foco sempre foi ajudar no sentido de desenvolver pessoas, especialmente crianças, buscando dar oportunidades de fazerem alguma coisa na vida, melhor do que aquilo que lhes caberia naturalmente”, explica. Ainda hoje, alguns deles trabalham para o engenheiro.

O terceiro projeto que conta com a participação do engenheiro é o Instituto Aletheia, sociedade beneficente, sem fins lucrativos e nenhuma vinculação religiosa, que procura ajudar pessoas com problemas graves de saúde, através de um trabalho espiritual há mais de 18 anos. “Temos alcançado resultados verdadeiramente impressionantes. Atualmente, são realizados centenas de atendimentos por mês”, aponta.

Com o tempo, Ferreira mudou a forma de atuar porque descobriu pessoas que têm grande capacidade multiplicadora. “A cada parcela de ajuda se passa para elas, elas conseguem atender a um grupo grande de carentes, especialmente crianças, oferecendo sempre oportunidades de desenvolvimento e crescimento”, ressalta. Hoje, são duas pessoas, a Sra. Vanilda, que mora na entrada da favela do Paquetá, perto da Toca da Raposa. Além da comunidade local, ela também

Para o engenheiro que não tem sala com placa e nem registro, ajudar outras pessoas é um ato incorporado ao seu dia a dia. O resultado, segundo ele, só pode ser visto pessoalmente.

Se você é um engenheiro solidário e quer contar a sua história, basta entrar em contato pelo e-mail sme@sme.org.br

21


EDUCAÇÃO | Ciência sem Fronteiras

Ciência sem Fronteiras

Um plano de futuro . É com essa perspectiva que a primeira mulher pre-

reiro último, foram ressaltadas as mais de 36 mil ins-

sidenta do Brasil, a mineira Dilma Roussef, criou o

crições para a segunda chamada do programa CsF

programa Ciência sem Fronteiras, que vai oferecer

(graduação-sanduíche para instituições de ensino su-

101 mil bolsas de estudo para alunos brasileiros in-

perior dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha,

teressados em estágios ou cursos de especialização

Itália e França. Entre as mudanças anunciadas, a ins-

e, também aqueles interessados em ingressar na área

crição do aluno não será mais via universidade de

de iniciação científica no exterior, nas melhores ins-

origem, mas diretamente nas agências responsáveis

tituições do mundo, pelos próximos quatro anos.

– CNPq e Capes. O processo seletivo acontece na fase seguinte.

Em outras palavras, o que era luxo para poucos está se tornando realidade para muitos jovens brasileiros

Presidenta Dilma, qual a proposta do pro-

que pretendem construir carreiras de sucesso em

grama Ciência Sem Fronteiras?

áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento nacional, como é o caso da Engenharia.

Presidenta:Em dezembro de 2011, o governo federal abriu inscrições para selecionar 12.500 jovens

22

Essa empreitada conseguiu a façanha de unir go-

brasileiros de cursos de graduação, que vão estudar

verno, universidades públicas e privadas e, ainda, em-

durante um ano e meio em universidades dos Esta-

presas que apostam na qualificação profissional

dos Unidos, Alemanha, Itália, Reino Unido ou França.

como diferencial competitivo para elevar o país à

Para os Estados Unidos, serão 4.500; para a Alema-

condição de potência econômica que tanto almeja.

nha, 2.500; para a França, 1.500; e para o Reino

Quem fala sobre o programa é a presidenta, uma

Unido, 2.500. Já para a Itália, serão 1.500 bolsas. No

mulher a frente do seu tempo e que, exatamente

dia 02 de janeiro abrimos mais 500 vagas para o Ca-

por isso, foi capaz de incluir a educação profissional

nadá. Mas já fizemos chamadas também para univer-

na agenda de prioridades do seu governo.

sidades da Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal,

Durante o balanço do programa, em oito de feve-

Coreia e Suécia.


“Com o Ciência sem Fronteiras, daremos oportunidade aos melhores talentos, porque o conhecimento é o que move e muda o DIvulgação - Palácio do Planalto

mundo.”

Quais as áreas privilegiadas pelo pro-

O Ciência sem Fronteiras também terá bol-

grama?

sas para alunos dos cursos de pós-graduação?

Presidenta: A necessidade mais urgente do

Presidenta:Terá. Para o doutorado e pós-douto-

nosso mercado de trabalho é ampliar a forma-

rado, as inscrições de estudantes brasileiros ficam

ção na área das engenharias, das ciências exa-

abertas permanentemente. Vamos ter também bol-

tas, das ciências médicas e da tecnologia de

sas para atrair doutores estrangeiros para virem tra-

informação. Agora, esse é um programa que

balhar em centros de pesquisa ou empresas aqui no

veio para ficar. Tenho a certeza de que depois

Brasil também.

desses 101 mil estudantes ou mais, que vamos selecionar até 2014, virão outros milhares. Eles

Quanto o governo federal vai investir

vão estudar lá fora e depois, com conhecimen-

neste projeto?

tos científicos adquiridos, serão cada vez mais capazes de ajudar o Brasil a ganhar mais pro-

Presidenta: O governo federal está investindo R$ 3,2

dutividade e competitividade. O Ciência sem

bilhões para oferecer essas 75 mil bolsas. É um impulso

Fronteiras é um investimento no futuro do

inédito para a formação científica e tecnológica de nos-

Brasil.

sos jovens numa escala nunca antes vista no nosso país.

23


EDUCAÇÃO | Ciência sem Fronteiras

E a participação da iniciativa privada no programa? Presidenta: A adesão das empresas está sendo um sucesso. Quando nós lançamos o Programa, no final de julho, propusemos às empresas o desafio de cobrir os custos de 25 mil bolsas. Em menos de cinco meses nós já superamos essa

é que iremos levar os estudantes selecionados

meta. As empresas garantiram 26 mil bolsas, que

para o exterior, de seis a oito meses antes do

serão pagas pela Confederação Nacional da In-

início dos cursos, para que eles façam cursos de

dústria (CNI), Federação Brasileira dos Bancos

imersão no idioma do país onde serão bolsistas

(Febraban), Associação Brasileira de Infraestru-

do Ciência sem Fronteiras.

tura e Indústrias de Base (ABDIB), além da Vale, Petrobras e Eletrobras.

Qual o critério para ingressar nesse Programa?

Mas, para estudar no exterior é preciso domi-

Presidenta: O principal critério é o mérito do

nar outro idioma.

estudante, que será medido pela pontuação no Enem. Queremos oferecer oportunidades para

24

Presidenta:Ah é sim. Por isso nós vamos ajudar

os melhores estudantes de todo o Brasil estu-

os estudantes a superar essa barreira. Primeiro,

darem fora do país, independentemente da

nossas universidades vão oferecer cursos de lín-

renda da família. Com o Ciência sem Fronteiras,

guas aqui no Brasil para quem tiver mais de 600

daremos oportunidade aos melhores talentos,

pontos no Enem, e quiser também se candidatar

porque o conhecimento é o que move e muda

a uma bolsa no exterior. Mas, o mais importante

o mundo.


Universidades reafirmam o sucesso do programa O programa é fruto de esforço do Ministério da Educação em conjunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de suas instituições de fomento – Capes e CNPq –, e secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.

desde a formação acadêmica diferenciada até o crescimento pessoal que se adquire em uma experiência fora do país de origem. Dominar outro idioma e fazer relacionamentos com colegas e mestres também amplia as possibilidades de se construir uma carreira de sucesso. A UFMG, como uma das mais relevantes insti-

Universidades públicas e privadas que têm tradi-

tuições de ensino superior do país, não poderia

ção no ensino da Engenharia já aderiram ao pro-

deixar de participar do programa. A universi-

grama Ciência sem Fronteiras. Na primeira fase

dade passa por um processo de internacionali-

do programa, a Fumec recebeu seis bolsas na

zação há muito tempo - há parcerias com

modalidade SWG – Graduação Sanduíche no Ex-

instituições estrangeiras que já duram algumas

terior pela participação no Programa Institucio-

décadas. O Ciência Sem Fronteiras é uma opor-

nal de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) e

tunidade de ampliar as relações da instituição

Programa Institucional de Iniciação Tecnológica

com universidades estrangeiras.

(PIBITI) do CNPq. Delas, quatro foram para alunos dos cursos de Engenharia.

Para o aluno de graduação e pós-graduação, uma bolsa de estudo como a fornecida pelo programa re-

As bolsas são direcionadas para alunos de graduação

presenta um universo de oportunidades: incrementar

para estágios de 6 a 12 meses em instituições es-

um projeto de pesquisa, enriquecer o currículo, apro-

trangeiras, como explica a coordenadora de Pes-

fundar seus conhecimentos em determinada área, e

quisa e Pós-Graduação da Fumec e professora,

mesmo vivenciar novas experiências.

Andréia Laura Prates Rodrigues. “Concordamos em participar por acreditarmos nesta iniciativa e enten-

Atualmente, encontram-se abertas chamadas públi-

dermos a importância para o Brasil e para os nossos

cas para graduação e pós-graduação. As chamadas

estudantes. Acreditamos que na graduação, a opor-

abertas para a graduação destinam-se a conceder

tunidade de ampliar o conhecimento e a formação

bolsas de estudo para Alemanha, EUA, França, Itália

é de grande importância para os futuros profissio-

e Reino Unido. As chamadas para a pós-graduação

nais. A presença dos alunos nos melhores centros

são mais específicas e contemplam institutos de di-

de pesquisa do mundo é um diferencial dos mais im-

ferentes países.

portantes”, afirma. Mais informações podem ser encontradas no site do

Segundo a professora, o ganho para o estudante

programa: www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/

que participa do programa é muito grande,

o-programa

25


Ciência e Tecnologia | Engenharia e Inovação

Conceito de inovação ainda é novidade para a maioria das empresas Qual é a receita para aumentar a produtividade e adquirir diferenciais competitivos? Inovação.

compatibilizar custos com produ-

cessos construtivos e marketing,

tividade para garantir maior renta-

grande parte das empresas da in-

bilidade é crescente. Entretanto,

dústria da construção ainda inovam

ainda há muita resistência para que

de forma tímida.Aquelas realmente

o conceito de inovação seja real-

inovadoras são exceção”, enfatiza.

Não é à toa que governos e enti-

mente transformado em prática,

dades de classe têm trabalhado ar-

como ressalta o engenheiro eletri-

Para inovar basta definir um cami-

duamente para que os gestores

cista, consultor e professor nas

nho e são vários disponíveis. Na

empresariais modifiquem a cultura

áreas de Gestão da Inovação e Al-

prática, não basta ter ideias. É pre-

corporativa de suas organizações

ternativas Energéticas e coordena-

ciso transformá-las em produtos

para incluir temas como pesquisa

dor da Comissão de Ciência,

que gerem resultados para a em-

e desenvolvimento (P&D), seja por

Tecnologia e Inovação da Socie-

presa. Incorporar novos serviços,

meio de convênios com universi-

dade Mineira de Engenheiros

adotar nova abordagem mercado-

dades ou mesmo pelo incentivo

(SME) e do Prêmio SME de Ciên-

lógica, de comunicação, de relacio-

para que os próprios funcionários,

cia, Tecnologia e Inovação, José

namento e de promoção também

pelo conhecimento que têm em

Henrique Diniz.

compõem o escopo da inovação. “A adoção de práticas e processos

suas respectivas áreas de atuação,

26

proponham soluções para proble-

Para ele, embora seja aceita por

que reduzam o desperdício e, con-

mas que afetam o negócio.

todos, a inovação ainda não é uma

sequentemente, os custos e o ín-

prática consolidada pelas empre-

dice de retrabalho, é uma medida

A indústria da construção segue na

sas. “No Brasil, embora tenha ha-

que está ao alcance de qualquer

mesma direção, e não poderia ser

vido grandes avanços em materiais,

empresa que pretenda manter-se

diferente, já que a necessidade de

equipamentos e ferramentas, pro-

competitiva, rentável e sustentável


José Henrique Diniz é coordenador do prêmio de ciência e tecnologia da SME, engenheiro eletricista e professor

do ponto de vista ambiental”,

principalmente, não entende que

universidades tecnológicas ainda

exemplifica.

inovação é um processo e que

abordam de forma insuficiente a

pode e deve ser gerenciada de

esse conceito, ao contrário do

As organizações que se baseiam

modo a otimizar resultados e ala-

que acontece nos cursos de ex-

em P&D podem contar com o

vancar competitividade. Inovação

tensão e de pós-graduação.

uso da nanotecnologia às mega-

não acontece de forma espontâ-

construções, além da eletrônica e

nea, ao acaso. Deve ser um pro-

Os engenheiros que quiserem

das TICs (tecnologias da informa-

cesso sistêmico alinhado com a

saber mais sobre o tema têm, a sua

ção e comunicação). “A engenha-

estratégia empresarial” define.

disposição, a Comissão de Ciência,

ria gera inovação em todas as

Tecnologia e Inovação da SME.

áreas e de todos os tipos (produ-

E tudo começa pela formação

Com a missão de contribuir para

tos, serviços, processos, marke-

dos engenheiros. Embora inova-

que a ciência, a tecnologia e a ino-

ting, organização e gestão) e em

ção faça parte do cotidiano, sua

vação sejam instrumentos de de-

todos os níveis (incremental, rela-

conceituação como processo é

senvolvimento da sociedade e da

tiva e radical)”, explica Diniz.

bastante recente o que leva ao

valorização do profissional de En-

desconhecimento. Dessa forma,

genharia, esse grupo de trabalho

Os avanços reafirmam que há

é preciso desenvolver uma cul-

realiza e promove o debate sobre

muito espaço para inovar na enge-

tura para inovação para que o

o tema e desenvolve estudos e re-

nharia, principalmente em produ-

conceito seja disseminado em

comendações com foco na ativi-

tos e processos. Segundo o

todas as matérias dos cursos. Só

dade, no

engenheiro, recentes pesquisas

assim, é criado um ambiente pro-

sociedade.

sobre empresas inovadoras brasi-

pício para que as pessoas pen-

leiras constataram que a maioria

sem e proponham soluções e/ou

A Comissão também é responsá-

delas usa tecnologias importadas

novas ideias. Para Diniz, além da

vel pela coordenação das edições

para incrementar processos pro-

inovação, é preciso que os cursos

anuais do Prêmio SME de Ciência

dutivos. No entanto, há muito o

também abordem o tema em-

e Tecnologia, que em sua 21ª edi-

que melhorar nas áreas de gestão

preendedorismo.

ção (2012) passa a se intitular,

e de organização, para as quais o

profissional

e

na

também, Prêmio SME de Ciência,

conceito também é interessante.

O tema tem aparecido em discus-

Tecnologia e Inovação, voltado

“As maiores resistências são fruto

sões e trabalhos universitários de

para estudantes de graduação de

da desinformação. Embora quase

forma gradativa. Já a forma curri-

engenharia, arquitetura e agrono-

todos concordem que inovação é

cular continua muito focada em

mia, valorizando, incentivando e

fundamental, a maioria não sabe

tecnologia que, por si só, não é

premiando a pesquisa e a produ-

exatamente o que é inovação e,

considerada inovação. Mesmo as

ção de trabalhos inovadores.

27


SME

Prêmio SME de Ciência e Tecnologia

20ª edição do Prêmio SME de Ciência e Tecnologia Desde o início do programa, há 20 anos, foram inscritos 1,6 mil trabalhos que obtiveram, além dos prêmios, oportunidades de melhores trabalhos, estágios, bolsas nacionais e internacionais, e também a aplicação prática dos projetos.Maiores informaçõe sobre a como concorrer ao Premio de 2012 acesse o site da SME: sme.org.br e ou envie o e-mail para sme@sme.org.br

1

2

3

4

5 1) Ailton Ricaldoni Lobo, Ana Elisa Freire Lobo, Sabrina Lobo e Fábio Ornatelli 2) José Luiz Gattas Hallak, Ailton Ricaldoni Lobo, Marcos Antônio Borges e José Luiz Nobre Ribeiro 3) Marcílio César de Andrade, Mirian Elizabeth Andrade, Éderson Bustamante, Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz e Marcelo Ribeiro Vasconcelos Diniz 4) Fábio Celso de Castro Tito e Normando Virgílio Borges Alves 5) Marita Arêas de Souza Tavares, Geovanni Rodrigues, Fernando de Almeida Freitas, Vagner Vinícius Miyazato, Juliane Soares de Souza e Vinícius Fortes de Castro

PAT R O C Í N I O

28

APOIO



CENÁRIO | Engenharia e Mineração

Tito Martins, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale

Engenharia e Mineração Setor continua a abrir vagas de trabalho e oportunidades de carreira para engenheiros O binômio mineração/engenha-

vagas para engenheiros das mais

nhias, para atrair e reter esse

ria traduz, de forma absoluta-

diversas especialidades.

contingente de profissionais para

mente clara, o atual cenário de

30

dar continuidade ao atual ciclo

crescimento econômico brasi-

Além dos tradicionais engenhei-

virtuoso que, até 2015, prevê in-

leiro. Para suprir o aumento

ros de minas, há postos abertos

vestimentos de US$68,5 bilhões

crescente da demanda por me-

para engenheiros civis, mecâni-

até 2015, um novo recorde pa-

tais nos últimos anos, as empre-

cos, elétricos, ambientais, de pro-

trocinado pelo setor.

sas do setor tiveram que investir

dução e de telecomunicações.

em mão de obra qualificada o

Na outra ponta, há uma grande

O diretor executivo de Finanças

que resultou na abertura de

ansiedade, por parte das compa-

e Relações com Investidores da


Agencia Vale

O momento exuberante da mineração tem gerado aumento nunca antes visto nas contratações, pelas empresas do setor, independente do porte, devido às novas operações que estão chegando e os projetos de expansão em curso.

Tito Martins, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale

Vale, Tito Martins, afirma que o momento exube-

sando pela área ambiental, com foco no impacto

rante da mineração tem gerado aumento nunca

dos empreendimentos.

antes visto nas contratações, pelas empresas do setor, independente do porte, devido às novas

As áreas de consultoria em mineração e logística

operações que estão chegando e os projetos de

são outras que estão na lista das contratadas pela

expansão em curso.

mineração. Os serviços de transporte portuário e ferroviário estão trabalhando com capacidade má-

No caso específico dos engenheiros, além dos

xima graças ao setor. Em resumo, a engenharia está

profissionais responsáveis pelas operações, as

se beneficiando com a mineração. “Não há enge-

empresas do ramo também têm sido bastante

nheiro de minas e de metalurgia sobrando no mer-

demandadas. De acordo com o executivo, o setor

cado interno”, afirma.

de mineração é o principal contratante das empresas de engenharia e gestão de projetos, de

Mas há vagas para outras especialidades. “O pes-

fornecedoras de equipamentos e prestadoras de

soal precisa perder a mania de achar que enge-

serviço as mais diversas, desde as especializadas

nheiro civil constrói casas e que engenheiro

em projetos de plantas de beneficiamento, pas-

mecânico só vai trabalhar montando carros ou

31


Agencia Vale

CENÁRIO | Engenharia e Mineração

navios. Outra coisa é que as oportunidades de tra-

A Austrália e o Canadá, dois destinos muito pro-

balho não se restringem à São Paulo, Rio de Janeiro

curados pelos brasileiros que querem aprender ou

e Minas Gerais. Hoje, as fronteiras são bem maio-

aprimorar os conhecimentos no idioma inglês, são

res, em locais remotos”, explica.

outros países onde há projetos de mineração, só que em regiões remotas. Com temperaturas de até

32

Na região Amazônica, do Pará ao Maranhão. Já no

40 graus centígrados abaixo de zero, a província ca-

Nordeste, a mineração está entre a Bahia e o Rio

nadense que fica a 700 km de Winnipeg oferece,

Grande do Norte. O sudeste de Minas Gerais e os

ainda, a experiência de conhecer de perto de perto

estados do Mato Grosso e Goiás também apresen-

os fornos específicos para a fundição de níquel que

tam boas oportunidades de carreira.

também podem ser usados para cobre e zinco.

Para quem está começando e quer colocar a “mão

Engenheiros podem se tornar executivos também.

na massa”, o executivo recomenda as vagas fora do

Para tanto, basta ter um diferencial que atende pelo

circuito principal. E é aí que entram as oportunida-

nome de gestão de pessoas. “Quem sabe lidar com

des no exterior, em destinos como Moçambique e

gente se transforma em líder da companhia”, res-

África do Sul, na África. Omã no Oriente Médio

salta Martins. Além de vagas de trabalho, a remu-

também é um destino interessante. Malásia e Indo-

neração oferecida pelas companhias é muito

nésia na Ásia estão na mesma lista de projetos que

atraente, sem contar pacotes de benefícios muito

demandam mão de obra qualificada.

atraentes.


Pátio de empilhamento de pelotas em Itabirito

Atualmente, dos oito diretores da Vale, quatro são engenheiros, o que comprova que a possibilidade de construir uma carreira de sucesso na companhia existe.A mineradora mineira é, hoje, a segunda maior do mundo e a maior empresa do setor em produção diversificada das Américas, com operações em 38 países. Empregados são 134 mil.

A política de treinamento da companhia envolve os empregados de todos os escalões, a qualificação da mão de obra das regiões onda a Vale atua para futura incorporação, oferta de cursos que não têm relação direta com o negócio da empresa mas que aumentam a empregabilidade das comunidades onde há plantas instaladas e, ainda, qualificação de fornecedores. Além de promover a marca “Vale” como sinônimo de empresa que oferece oportunidades

A Vale tem plano de investimento de US$ 21,4 bi-

de crescimento profissional no Brasil e no ex-

lhões em 2012 em vários projetos que estão em

terior, esses programas visam acelerar as car-

andamento no Brasil e no exterior. Para sustentar

reiras dos empregados, treinando-os para se

estes projetos a empresa vai precisar de muitas

tornarem sucessores. Com isso, aumenta o ín-

pessoas. A previsão para 2012 é contratar 8,1 mil

dice de retenção de talentos e, ainda, a produ-

profissionais em todo o mundo, dos quais 6,6 mil

tividade já que os funcionários produzem mais

no Brasil. Entre eles, estão cerca de 800 engen-

porque admiram a empresa e o trabalho que

heiros e 1,7 mil técnicos.

desenvolvem.

33


CENÁRIO | Engenharia e Mineração

Desde 2003, a Vale mantém um departamento

foram feitas mais de 900 mil participações em

de Educação, a Valer, que tem como principal

ações educativas para o público interno.

objetivo qualificar mão de obra e promover o desenvolvimento local a partir do acesso a

O investimento total da Vale em educação em

educação, emprego e renda. Por meio de par-

2011 foi de US$ 73,9 milhões em todo o mundo,

cerias com instituições de ensino de todo o

dos quais US$ 67,8 milhões somente no Brasil.

mundo, a Vale oferece ações de desenvolvi-

Foram treinados mais de 57 mil empregados só

mento pessoal e profissional nos segmentos

no Brasil, resultando em um número de 2,76

de educação básica, formação técnica, desen-

milhões de horas/aula.

volvimento gerencial, cidadania corporativa, cultura e arte. Vários cursos oferecidos pelo

Programas Porta de Entrada

mercado foram estruturados pioneiramente pela empresa em parceria com as instituições

A Vale investe em programas para treinar

de ensino para a capacitação de profissionais.

profissionais de níveis superior, técnico e médio recém-admitidos na empresa. É uma

A Vale aposta em educação como mecanismo

forma de qualificar a mão de obra para a es-

fundamental para perpetuar a competitivi-

pecificidade dos negócios da empresa. Por

dade e na excelência de desempenho como

meio desses programas já foram treinadas

estratégia de atração, desenvolvimento e re-

mais de 11,7 mil pessoas. Em 2012, a previsão

tenção de profissionais qualificados. Como

é de treinar mais de 3 mil profissionais.

parte de nossa filosofia, nas comunidades em que atuamos, oferecemos oportunidades de

O programa de Especialização Profissional

acesso a empregos, a treinamentos e a renda,

busca desenvolver engenheiros e geólogos

que movimentam as economias locais, criando

por meio de curso de pós-graduação nas

bases para o desenvolvimento sustentável.

áreas de mineração, ferrovia e porto para atuarem nas localidades onde a Vale está pre-

34

Além das 34 unidades da Valer no Brasil, tam-

sente. Dessa forma, a empresa contribui com

bém existem unidades no Canadá, na China, em

o atendimento da demanda por profissionais

Omã e na Suíça. Só nos últimos cinco anos a

especializados e, ao mesmo tempo, promove

Valer capacitou mais de 70 mil empregados e

a inovação tecnológica e o desenvolvimento


Foto: Agencia vale

O programa de Especialização Profissional busca desenvolver engenheiros e geólogos por meio de curso de pós-graduação nas áreas de mineração, ferrovia e porto

local por meio da geração de empregos e

Programa de Recrutamento para Projetos

renda. Este programa tem como objetivo contratar e aperO curso está aberto para profissionais com

feiçoar engenheiros na gestão de projetos, conside-

até três anos de formação e tem duração de

rando as práticas de mercado e a metodologia de

três meses com aulas em tempo integral e vi-

gestão específica da Vale, para que possam atuar na

sita técnica às instalações da Vale para alinhar

implantação de projetos de capital da empresa no

o conhecimento acadêmico às práticas. É rea-

Brasil e outros países. A atuação na área envolve a

lizado em parceria com universidades.

implementação de projetos de crescimento orgânico da empresa e aumento da produtividade.

O profissional é avaliado por meio de provas e ao final do curso deve desenvolver uma mono-

O programa está aberto para engenheiros com até

grafia sobre um dos temas de projetos discuti-

quatro anos de formação. O profissional é contra-

dos durante a realização das aulas. O projeto

tado desde o início e passa por um treinamento de

é realizado sob orientação do corpo docente

alguns meses antes de ser destacado para algum

e entregue após o término do curso, em prazo

projeto da empresa. Desde a implantação em 2010,

determinado pela Vale e a instituição de ensino.

já foram 235 participantes.Todos permaneceram na empresa ao final do programa.

Criado em 2008, o programa formou 660 profissionais até hoje. Em 2012, haverá a abertura

A Vale é uma das empresas que integram o pro-

de novas vagas.

grama Ciência sem Fronteiras.

35


ARTIGO | João Camilo Penna

ELISEU RESENDE

Um engenheiro, um líder para o bem O engenheiro Tarcio Primo Belém Barbosa, eficaz e des-

Para reduzir subjetividade e distorções, ouvi muito sobre

prendido presidente da Associação dos ex-alunos da Es-

Eliseu, li textos que ele escreveu e escritos sobre ele, lem-

cola de Engenharia da UFMG, honrou-me com convite

brei-me de nossos debates sobre o Brasil, e examinei seu

para falar ao lado do ilustre José Israel Vargas sobre o

papel no contexto em que ele viveu.

engenheiro Eliseu Resende, que foi um extraordinário representante dos engenheiros da UFMG.

Emerge uma figura maior, um líder.

Eliseu facilitou a missão que recebi, pois trabalhava e es-

Na vida, algumas pessoas, lideres, influem nos aconteci-

crevia sobre o que havia feito. Contou sua historia em pa-

mentos e no futuro, pensam sobre os outros, criam e ino-

lestra a que assisti em 14 de dezembro de 2000, na

vam, planejam e constroem em termos físicos e

Sociedade Mineira de Engenheiros, disponível na Web.

espirituais, agem sobre grupos maiores, influenciam rumos e infletem curvas. Porem há lideres maus. Eliseu

Ninguém conhece bem a ninguém, nem a se próprio. En-

foi um líder para o bem. Líder setorial em transportes e

tretanto, há imagens e representações subjetivas que

energia, líder regional como deputado federal e senador

temos das pessoas. E há imagens fabricadas. Trarei aqui

por Minas Gerais.

uma representação subjetiva, um depoimento sobre Eliseu.

A minha vida encontrou-se em cruzamentos e em paralelos com Eliseu.

Depoimentos não têm o rigor da historia, mas servem à

36

historia. São relatos de lembranças, ás vezes enriquecidos

Trarei agora destaques que ampliam a visão que preva-

por notas da época. São fragmentos, peças a montar com

lece sobre ele, a de administrador maior na área de

outras, confrontadas com novas fontes e valorizadas ao

transportes. Eliseu, com sucesso, foi professor, alto fun-

serem colocadas no contexto dentro da metodologia da

cionário publico, empreendedor, ministro de Transportes

historia.

e da Fazenda, parlamentar e trabalhou na área de energia


João Camilo Penna é Engenheiro Graduado pelaUFMG, trabalhou na Vale, foi Presidente, da CEMIG . Foi Secretário de Estado da Fazenda de Minas na década de 70 e ainda Presidente de Furnas Centrais Elétricas, do Instituto Cultural BraDivulgação | SIAMIG

sil-Estados Unidos de Belo Horizonte e da Fundação Dom Cabral

elétrica.

vações deram acesso do Der aos órgãos internacionais,

Formei-me na Escola de Engenharia em 1948, onde ouvia

tal como na Cemig.

falar em um estudante de grande talento duas turmas de-

Nossos contatos foram muitos, na Cemig eu era incum-

pois, o Eliseu, que seguiu para estudar análise matemática

bido dos acertos com o DER sobre estradas para as bar-

na universidade de Nova Iorque, onde obteve o primeiro

ragens, relocação de trechos rodoviários a inundar e

lugar de master e de doutor entre colegas dos Estados

pontes a levantar. Foi notável a colaboração do Eliseu. E

Unidos e do mundo.

ganhei uma sólida amizade.

Depois, no governo Juscelino Kubistchek fui para a

E logo estradas cortam montanhas, pontes cruzam rios,

Cemig, e Eliseu, no governo Magalhães Pinto, para o DER,

barragens como montanhas fecham rios, e de usinas no

que logo chefiou, com importante trabalho de moder-

fundo do vale, pesados cabos sobre esbeltas torres trans-

nização e de construção de grande quilometragem de

portam em alta tensão energia para a cidade dos ho-

estradas de 1964 a 1967, e também no governo Israel

mens.

Pinheiro . Na ocasião, o nosso grande professor Francisco Magalhães Gomes comentou ser pena que ele des-

No final dos anos 50, eu fazia uma palestra na Sociedade

perdiçasse seus conhecimentos no Der. Ora,

Mineira de Engenheiros, e Eliseu

aplicava ali

ele

lá estava. -Eu disse:

seus conhecimento de racionalização de

Então, ao estudar procuramos entender melhor este fas-

métodos e processos, o que foi constante em sua vida.

cinante mundo em que nascemos. Ao trabalhar procura-

Utilizava, para fixar prioridades, o planejamento, estudo

mos tornar melhor este estranho mundo em que

de alternativas, programação e valor presente. Estas ino-

vivemos. E em seguida poderemos descansar.”

37


ARTIGO | João Camilo Penna

Eliseu aparteou: “João, (- ele me cha-

Eliseu foi para a iniciativa privada, na

“30.951km.”

presidência da Samarco de 1974 a

mava assim), você sintetizou os vetores que orientam a minha vida. Eu(

Construiu a ponte Rio – Niterói,

março de79. quando construiu mi-

Eliseu) acrescentaria e estudar e tra-

então com o maior vão livre de viga

neroduto das montanhas de Minas

balhar nos aproximam de futuro

de concreto no mundo. Foi integra-

até o mar no Espírito Santo.

melhor, do novo!.”

dor da misteriosa e fascinante Amazônia ao Brasil. Construiu a

Em Março de 79 foi a ministro de

Incorporei esta lição em novas pa-

Transamazônica e asfaltou a Belém-

Transportes . Como ministro, não

lestras , e , após citar sua frase, eu

Brasília, mostrando com satisfação

descuidou das ferrovias, mas privile-

dizia:

carta de JK cumprimentando-o por

giou as rodovias, com custo de

isto. Preocupava-se com o trans-

construção muito menor por km,

“O tempo é um recurso natural

porte urbano, e iniciou, usando tre-

aceitando maiores rampas e curvas

não renovável em nossas vidas. Te-

chos de ferrovia desativados, os

mais fechadas, e os caminhões

nhamos uma agenda para o bom

metrôs em Belo Horizonte, Recife,

transportavam porta a porta Tive o

uso do tempo, - no dia, no ano e na

Porto Alegre, Salvador e Fortaleza;

privilegio em ser seu colega no mi-

vida.” .

todos com atrasos após Eliseu.

nistério do presidente João Figueiredo , ele de março 79 a março 82

38

Em palestra, mais tarde na Fiemg,

Abro parênteses para falar sobre

e eu na Indústria e Comércio,de

eu falei sobre esperança sem ânsia.

Mario Andreazza, colega no ministé-

março 79 a Agosto 84. Muitas vezes

rio do presidente Figueiredo e

trabalhamos juntos em temas de in-

Eliseu disse:“João, sugiro acrescentar

amigo próximo. Com espírito pu-

teresse nacional.

que esperança com ânsia aproxima-

blico e capacidade de trabalho, An-

se da ganância

dreazza

esteve perto de ser

Incumbidos pelo presidente Figuei-

candidato á presidência da republica

redo, no MIC,- com José Israel Var-

Seus méritos o levaram, no governo

em 1984, mas foi sabotado por Del-

gas,

Israel Pinheiro, do DER para o

fim, ( - que Andreazza havia promo-

renome internacional, e Marcos José

DNER, de 1967 a 1974 durante os

vido

presidente

Marques, administrador que faz as

governos Costa e Silva e Garrastazu

Figueiredo para seu ministério,-)

coisas acontecerem, - cuidávamos

Médici, com Mario Andreazza mi-

que preferiu Paulo Maluf. Amargu-

da expansão e consolidação do pro-

nistro dos Transportes. Aí ele rea-

rado, Andreazza recolheu se a mo-

grama do álcool, inovação brasi-

lizou trabalho resumido em placa

desto apartamento em modesto

leira, cartão de visita do Brasil no

que recebeu da Associação de rodo-

bairro do Rio. Algumas vezes o visi-

mundo. Após a mistura limitada de

viários do Brasil, e que

tei, doente, pobre e honrado.

álcool anidro á gasolina. Lançamos

dizia

junto

ao

cientista e tecnólogo de


Divulgação Senado | www.senado.gov.br/senador

“O tempo é um recurso natural não renovável em nossas vidas. Tenhamos uma agenda para o bom uso do tempo, - no dia, no ano e na vida.” .

ELISEU RESENDE

com grande aceitação o carro a ál-

Vitorioso na iniciativa privada e na

de Transportes. Sofreu acusações in-

cool hidratado em escala comercial

presidência de Furnas e da Eletro-

fundadas e não provadas, tinha a co-

o primeiro veiculo automotor do

brás, Eliseu foi ministro da fazenda

ragem de decidir sobre temas

mundo movido com combustível

de Itamar Franco de janeiro a maio

controversos

não derivado de petróleo, e com

1993, com relevante trabalho de or-

redução em 80% da poluição da

ganização, melhor equilíbrio

e

Vivemos, ele e eu, um contexto em

gasolina, e sucesso internacional.

transparência das contas federais.

que se debatia o dilema “o técnico

Em maio 1994, eleito deputado fe-

versus o político”. Eu era muito li-

Hoje predomina o carro flex de

deral, reeleito duas vezes, em 2006

gado ao grande brasileiro para mim

menor eficiência pois deve servir a

eleito senador da República. Tive a

muito saudoso engenheiro Aureliano

dois senhores, mas o carro a álcool

satisfação de cooperar na minha ci-

Chaves, que reunia as duas condi-

voltará.

dade de Curvelo com votação para

ções, e construía pontes entre elas, -

ele, e Curvelo através dele recebeu

o que Eliseu também personificaria,

Eliseu disse que com o programa

obras federais. Antonio Alberto Ca-

o político e o técnico em uma só

do álcool estávamos fazendo his-

nabrava, curvelano, amigo do Eliseu,

pessoa– Em palestras, interpelado

toria.

também foi diretor geral do DNER.

sobre o dilema, eu respondia que era bobagem dizer que o político, um hu-

E, brincando, dizia que eu era favo-

No Congresso, Eliseu teve papel cria-

manista, pensava no Ser e o o téc-

recido pelo presidente João Fi-

tivo e relevante no preparo das leis

nico, frio, pensava no Saber; ambos,

gueiredo porque eu chamava João.

de Agencias reguladoras, decisivas

quando competentes, sabiam que o

Eliseu, em 1982, foi candidato a Go-

para o sucesso da livre iniciativa em

Ser e o Saber se entrelaçam.

vernador de Minas Gerais, que per-

serviços públicos, A Agencia nacional

deu para Tancredo Neves, seu único

de Águas, a de Energia Elétrica, do

O governo em inícios de 1990

insucesso que conheço.

Petróleo, das Telecomunicações e a

levou-o para a presidência de Fur-

39


ARTIGO | João Camilo Penna

nas,- que eu exercera quatro anos

conjunto de problemas correlatos,

Inclinado a aceitar, motivos pes-

e me exonerado em fins de 1989,

através das Leis 8631, de 4 de Março

soais o impediram. Eliseu sugeriu

o diretor Roberto Haig na presi-

1993 e 8274 de 28 de Outubro de

que eu telefonasse ao presidente

dência até Eliseu.chegar e continuar

1993. As concessionárias foram au-

explicando as razões, e deu-me o

com sua competência a recupera-

torizadas a contabilizar a seu favor

numero de seu telefone.

ção do setor elétrico. Antes de as-

as diferenças entre as remunerações

sumir a presidência de Furnas,

asseguradas pelas leis e as remune-

Entre outros encontros, vimos-nos

estudou o setor e honrou-me com

rações conseguidas, criada a Conta

quando o presidente Fernando

visitas em minha casa, em que con-

de Resultado a Compensar (CRC).

Henrique Cardoso concedeu-me,

versamos longamente e em que entreguei- lhe

estudos correlatos.

em 2002, a Ordem Nacional do Estas leis, cobertas por secutiriza-

Mérito, por trabalhos voluntários

ção das CRCs, intermediadas

na atenuação do racionamento em

pelos estados controladores das

2001.

Furnas era pouco para ele, e em

empresas de energia elétrica pro-

zendo que adiara uma viagem para

1992, no governo Itamar Franco, foi

moveram a desequalização tarifa-

poder ir á cerimônia. Terminada

para a presidência da Eletrobrás,

ria; após uma defasagem de até

essa, ele me disse:” João, fiquei sa-

onde, de 1992 a 1993, salvou o

100 %; extinguiram a garantia de

tisfeito como se eu recebesse esta

setor.

remuneração das empresas e re-

medalha. De FHC, eu não a ga-

conheceram líquidos e certos os

nharei, o presidente suspeita que

Eliseu encontrou grave crise no

créditos da CRC criando um

a divulgação dos meus trabalhos

setor elétrico. A contenção das ta-

fundo

no ministério da Fazenda revele

rifas, usada por Delfim Neto no

US$26bi equivalentes, após des-

combate á inflação, levara á inadim-

conto de 25% a ser arcado pelas

plência entre geradoras e distribui-

concessionárias.

Dias depois, ele dominava o tema.

federal da ordem de

doras em valor cerca de US$34bi equivalentes.

as bases para o plano Real” Meus caros companheiros peregrinos na vida: Vivo agora uma expe-

Eliseu foi de enorme importância

riência nova, a velhice. Sei que nós

no setor elétrico no Brasil tanto

somos mortais e natais.

Criatividade e competência em en-

quanto no setor de transportes,

genharia financeira, conhecimento

personalizando o binômio de JK,

Hoje, Eliseu Resende renasce na

fas contas orçamentárias, apoio do

energia e transporte.

historia de sua vida - o engenheiro

ministro Paulino Cícero e aproxima-

40

Eliseu telefonou-me di-

pensador, o

professor, o em-

ção com o presidente Itamar Franco

Em meados de 1993, fui honrado

preendedor, o homem publico -

permitiram a Eliseu solução para o

com a visita de Eliseu, presidente

um homem moderno, repousa no

problema.

da Eletrobrás. Trazia-me convite

regaço do eterno.

Como sempre, não buscou solução

do presidente Itamar Franco, para

isolada, mas que atendesse a um

ser ministro das Minas e Energia.

Até lá, Eliseu!


Projeto

SME | 12:30 Informação & Opinião Lideranças Nacionais Ailton Ricaldoni Lobo, Paulo Safady Simão, Alberto José Salum e José Antônio Costa Cintra

Rodrigo Octávio Coutinho Filho e Ailton Ricaldoni Lobo

José Ciro Mota, Marcos Carvalhaes e José Flávio

Marcio Araujo de Lacerda, Ailton Ricaldoni Lobo e Paulo Safady Simão

"Minha Casa, Minha Vida" foi o tema abordado pelo presidente da CBIC, Paulo Safady Simão Paulo Safady Simão é Presidente da CBIC -Câmara Brasileira da Indústria da

da máquina do Estado e das próprias empresas da cadeia produtiva da construção. Foi esta etapa inicial que permitiu capacitar a burocracia; viabilizar e regulamentar terrenos; elaborar e aprovar projetos; viabilizar e conceder crédito para construtoras e compradores.

Construção,

No dia 10 de junho, foi a vez do engenheiro civil com especialização em Administração de Empresas e atual presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, conversar com os engenheiros mineiros sobre o programa de habitação do governo federal “Minha Casa, Minha Vida” que tem gerado grandes contribuições para a indústria da construção civil brasileira na segunda edição do SME 12:30. Para ele, o desenvolvimento e implementação do Programa Minha Casa, Minha Vida ao longo dos últimos dois anos, representou um estágio fundamental e imprescindível de aprendizado e aperfeiçoamento dos processos dentro

Em outras palavras, o processo de amadurecimento do Programa foi o instrumento que possibilitou avanços institucionais e de procedimentos notáveis na produção imobiliária no país. Paulo Simão afirma, ainda, que o déficit habitacional brasileiro, avaliado atualmente em cerca de 5,6 milhões de domicílios é uma das mais graves dívidas sociais do país. O conceito moderno de morar, já consolidado por estudiosos e organizações internacionais, como a ONU, por exemplo, compreende que o acesso a uma moradia digna é um direito fundamental que assegura uma série de outros direitos como segurança, trabalho, educação e saúde. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção defende que a questão habitacional

deve ser compreendida como uma política de Estado, e não de Governo. Universalizar este direito significa focar em políticas públicas que assegurem a expansão da oferta de moradias para as populações de menor poder aquisitivo. Neste sentido, a cadeia produtiva da construção, em parceria com diferentes setores da sociedade, apresentou ao governo, em 2008, um conjunto de propostas reunidas na Campanha denominada Moradia Digna. Um dos pontos mais importantes da Campanha é a defesa pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 285-A/2008, conhecida como “PEC da Habitação”. Apesar do sucesso alcançado na primeira etapa do Programa Minha Casa - Minha Vida, a CBIC entende que, para garantir efetivamente, num prazo máximo de 12 anos, a meta de acabar com o déficit de moradias que atinge as populações mais pobres do país, é fundamental que o Congresso Nacional se manifeste objetivamente aprovando a PEC da Habitação.

41


PERFIL | Engenheiro em foco

Desafios e aprendizados para construir uma carreira de sucesso Jovem, curioso, empreendedor e versátil. O engenheiro mecânico com ênfase em mecatrônica, Diogo Coimbra, 30 anos, graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) em 2005 está construindo uma carreira de sucesso na sua profissão, uma das mais demandadas pelo mercado brasileiro nos últimos quatro anos.

tualmente, ele ocupa o cargo de gerente Comercial/Desenvolvimento de Negócios da M.Roscoe, uma conquista profissional que é fruto da gestão da própria carreira, desde a universidade, quando procurou fazer o maior número possível de estágios, em diversos setores. O mais significativo deles no Departamento de Energia da Universidade de Sttutgart, na Alemanha, onde morou por oito meses.

A

O primeiro trabalho foi na Arcelor Mittal Timóteo, ex Acesita, no Departamento de Controle de Processo/Produção. Durante dois anos e meio, ele colocou em prática o aprendizado teórico adquirido na faculdade. O passo seguinte foi a transferência para o escritório central da empresa em Belo Horizonte, onde por mais três anos, trabalhou no Departamento de Planejamento Estratégico, dando suporte à diretoria/presidência do grupo na elaboração do Business Plans Plurianual e na análise e aprovação de investimentos

42

de médio e grande portes. Em suma, Diogo Coimbra foi adquirindo experiência, aquele diferencial competitivo que o profissional só conquista quando tem contato direto e prático com o mercado. “Naquele mesmo período, fui colocando em prática meu lado empreendedor, com a construção de um alojamento na região do Jardim Canadá, com a criação de uma pousada em Congonhas e, também, com a plantação de eucalipto em terreno pertencente ao meu pai, sempre em parceria com o meu irmão”, comenta. A dúvida normal entre investir no negócio próprio e a construção da carreira em organizações do mercado, fez com que o engenheiro não se acomodasse. Aproveitando a experiência adquirida, fez um estudo de viabilidade econômica para a abertura de uma empresa no segmento de locação de gruas. Analisando possíveis clientes, conheceu o sócio-diretor da M.Roscoe, Maurício A. Roscoe, que após conceder entrevista a respeito do tema, logo fez o convite para que ele fosse trabalhar no departamento comercial/desenvol-


“Procuro estar sempre atualizado e bem informado. Mas o fato é que para as organizações se manterem no mercado competitivo elas precisam inovar, buscando alternativas que reduzam custo, soluções diferenciadas.

Diogo de Souza Coimbra

vimento de negócios da construtora e, ao mesmo tempo, associarse à companhia para a abertura dessa nova frente de negócios. O resultado tem sido construído há dois anos e meio, quando ele assumiu o cargo . Há um a locadora de gruas está em operação.

passa”, explica. É nessa hora que se percebe que os engenheiros mais experientes estão aceitando o ingresso dos jovens.

Em função do trabalho, ele conheceu a Sociedade Minera de Engenheiros (SME) da qual se tornou representante dos jovens engenheiros, com cadeira na Diretoria da entidade. “A idade influencia um pouco. Normalmente as pessoas com quem estabeleço relações comerciais são mais velhas do que eu, e no início sempre existe um pouco de desconfiança, mas a medida que as negociações avançam e as pessoas conhecem minha postura profissional a desconfiança

“Acredito que incentivando e desenvolvendo essas ações dentro da organização, automaticamente eu me preparo para o ambiente de competição”, afirma.

Para o engenheiro, inovação é essencial para as empresas que pretendem se manter competitivas.

Para ele, o reconhecimento financeiro, que também é importante, torna-se conseqüência do processo de gestão da carreira. Para este ano, além de desenvolver das demandas da M.Roscoe, o engenheiro está organizado o casamento, marcado para 2013.

Ele não abre mão de viajar em suas férias, nas horas de lazer, dedica-se à prática esportiva – ciclismo, peteca e corrida. Os horários são imprevisíveis mas ele dá um jeito para manter-se saudável, seja levando o calçado na bagagem de uma viagem de negócios ou mesmo reservando parte do horário de almoço para fazer exercícios físicos. “O hobby é cozinhar e confraternizar com as pessoas que me fazem bem, principalmente os familiares”, destaca. Satisfeito com o rumo da sua carreira, já pensa em fazer uma pósgraduação em engenharia de vendas, se não comprometer os preparativos do casamento. “Este será um ano de muitas atividades pessoais”, conclui.

43


Planejamento Urbano | Drenagem Pluvial e Resíduos sólidos

A Drenagem Pluvial Urbana e os Resíduos Sólidos Por Maeli Estrela Borges

O sistema convencional de drena-

áreas impermeabilizadas de solo,

inundações e o processo de

gem pluvial urbana é composto de

torna-se de fundamental impor-

perda da capacidade dos manan-

uma série de unidades e dispositi-

tância a adoção de sistema de dre-

ciais. Deve ser um sistema que

vos hidráulicos de micro drena-

nagem pluvial urbana sustentável

contemple a manutenção do

gem, como: greide, meio-fio,

para contribuir para a infiltração e

ciclo hidrológico com a sufi-

sarjeta, sarjetões, bocas de lobo,

captação de água pluvial para uso.

ciente infiltração da água pluvial

galerias, condutos de ligação,

para a recarga dos lençóis aquá-

poços de visita, trechos de galeria,

O conceito de drenagem pluvial

ticos, que mantenha os recursos

caixas de ligação; e dispositivos hi-

urbana sustentável é assunto rela-

hídricos e a qualidade das águas

dráulicos de macro drenagem: ga-

tivamente novo, se comparado

superficiais e subterrâneas.

lerias, canais e cursos d’água.

com a maioria dos conceitos convencionais de drenagem.

Este é um modelo de concentra-

44

A viabilidade de ações planejadas abrangentes e de ações de cunho

ção e transferência das águas plu-

A drenagem pluvial urbana sus-

individual para manter o ciclo hi-

viais que impossibilita a sua

tentável deve contemplar uma

drológico ou permitir a captação

infiltração no solo.

abordagem ecológica do manejo

no meio urbano para uso da água

da água pluvial, com ações plane-

tem, prioritariamente, suporte na

Com a expansão urbana sempre

jadas para evitar processos ero-

criação de espaços livres e públi-

crescente nas cidades brasileiras,

sivos do solo, assoreamentos de

cos e nas diversas tipologias de es-

acompanhada pelo aumento das

cursos d’água, enchentes ou

truturas paisagísticas capazes de


auxiliar no processo de drena-

Considerando que o grande ob-

tos e dos resíduos sólidos, prin-

gem urbana, a exemplo de: jardins

jetivo do sistema de drenagem é

cipalmente atingindo galerias e

de chuva, canteiro pluvial, lagoa

a prevenção de enchentes ou

fundos de vale, a correção da de-

pluvial ou bacia de retenção,

inundações, a gestão bem suce-

posição inadequada desses resí-

tetos verdes, grades verdes, pavi-

dida da água pluvial depende,

duos,

mentação de vias e estaciona-

entre outras ações, da disposição

regionais na bacia hidrográfica,

mentos projetados para reter ou

ambientalmente adequada dos

passa a ter um caráter regional

absorver água pluvial, entre ou-

resíduos sólidos (lixos).

ou metropolitano porque os re-

tros.

pelas

conseqüências

síduos que atingem galerias e funA disposição inadequada de resí-

dos de vale à montante geram

Para a macro drenagem, a ten-

duos sólidos domiciliares, de re-

prejuízos também para as regiões

dência mundial é reduzir a ocu-

síduos volumosos e de resíduos

à juzante.

pação das margens de cursos

de construção e demolição, é um

d’água, impedir que sejam canali-

dos vários fatores que contribui

Belo Horizonte dispõe de rede

zados e revertê-los à sua condi-

para a ocorrência de enchentes

para gestão de pequenos volumes

ção natural, utilizando as margens

ou inundações e deslizamentos

de resíduos volumosos de cons-

para criação de parques lineares.

de encostas em áreas urbanas no

trução e demolição, composta de

Em Belo Horizonte existe uma

país, com prejuízos materiais e de

31 Unidades de Recebimento de

bacia de retenção, a Barragem

vidas humanas.

Pequenos Volumes – URPVs – e

Santa Lúcia, que cumpre a função

rede para gestão de grandes vo-

de retenção temporária de água

No período chuvoso, estes resí-

lumes, representada pelas esta-

pluvial para reduzir a afluência ao

duos ficam saturados pela infiltra-

ções de reciclagem de resíduos da

sistema de macro drenagem e

ção de água pluvial, que aumenta o

construção Estoril, Pampulha e

funciona também na retenção de

peso de seus maciços e a possibili-

BR-040 e, ainda, programas com-

sedimentos. Mas o que prevalece

dade de deslizamentos. Podem ser

plementares: de comunicação e

na Capital e Região Metropoli-

também carreados, por transporte

mobilização social, de recupera-

tana de Belo Horizonte são os

hídrico, tendo como destino os fun-

ção de áreas degradadas, de fisca-

sistemas convencionais de drena-

dos de vale, provocando assorea-

lização e de correção ambiental e

gem pluvial urbana, micro e

mentos de cursos d’água ou, ainda,

reciclagem

macro drenagem, que demandam

atingindo as galerias e canalizações

Mesmo assim, a deposição clan-

um dimensionamento compatível

pluviais, obstruindo-as e reduzindo

destina de resíduos volumosos e

com a vazão de contribuição de

a seção livre e a área de escoa-

de construção e demolição estão

água pluvial de grandes chuvas e

mento, com consequentes inunda-

presentes pela cidade, atingindo a

necessitam de limpeza e draga-

ções de áreas urbanas.

rede de drenagem pluvial, canais e

gem frequentes para manter a

com

carroceiros.

os cursos d’água, causando

vazão nas canalizações e nos lei-

Quando há a possibilidade do

e n chentes ou inundações no

tos de cursos d’água.

transporte hídrico dos sedimen-

período chuvoso.

45


Planejamento Urbano | Drenagem Pluvial e Resíduos sólidos

Maeli Estrela Borges é engenheira-arquiteta e Sanitarista e Consultora de resíduos sólidos e limpeza urbana.

Na Região Metropolitana de Belo

construção e demolição (Regional

6. Reativar o Comitê de Gestão

Horizonte, o problema se multi-

Leste ou Nordeste ou imediações)

de Resíduos Sólidos da Agência

plica, estando a requerer uma so-

para racionalizar os deslocamentos

Metropolitana, para garantir a

lução regional, de modo que as

do transporte de resíduos.

participação dos municípios e o

galerias pluviais e os cursos

controle social pela sociedade

d’água que atravessam Belo Ho-

3. Criar aterros específicos de

civil nos programas, projetos e

rizonte não recebam e transpor-

resíduos de construção e demo-

ações sobre reciclagem de resí-

tem resíduos e sedimentos de

lição e de volumosos.

duos de construção civil.

4. Intensificar as ações de fiscali-

7. Criar e implantar programa de

Para garantir a aplicabilidade

zação e educação para erradica-

educação e informação ambiental

da lei 12.305/2010, Política

ção de deposições inadequadas

na RMBH.

Nacional de Resíduos Sólidos,

de resíduos de construção e de-

e prevenir as enchentes ou

molição, resíduos volumosos, e

A conscientização da sociedade e

inundações tendo os resíduos

ampliar a divulgação dos endere-

do governo para uma gestão dos

sólidos como fatores agravan-

ços das URPVs e das Estações de

resíduos sólidos com responsabi-

tes, propomos as ações:

Reciclagem de RCD em Belo Ho-

lidade compartilhadade é uma

rizonte.

das saídas para a prevenção de

outros municípios.

1. Extinguir lixões, deposições

46

enchentes e inundações. “Uma la-

clandestinas de resíduos e recu-

5. Retomar o projeto metropo-

tinha jogada na rua hoje pode ser

perar áreas degradadas.

litano de reciclagem de resíduos

motivo da enchente de amanhã e

de construção e demolição, ela-

a impermeabilização excessiva do

2. Planejar a construção de área

borado na Agência Metropolitana

solo em casas e ruas hoje pode

de triagem e transbordo ou de es-

da RMBH, visando sua revisão e

ser também a causa da inundação

tação de reciclagem de resíduos de

implantação.

de amanhã.”



ARTIGO | Edézio Teixeira de Carvalho

CONTRIBUIÇÃO DA GEOLOGIA PARA A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS HIDROLÓGICOS URBANOS PROCESSOS HIDROLÓGICOS: A urbanização implica mobilização de massas geológicas, impermeabilização do terreno e bloqueio do acesso das águas pluviais a ele. A exportação de massas geológicas provoca consequências hidrológicas negativas porque leva junto o espaço poroso dos solos exportados e faltará acomodação das águas pluviais. Impermeabilizações, bloqueios, aterros argilosos e solos superficiais compactados (placa tecnogênica) impedem o acesso da água aos poros do solo, aumentando o escoamento. Nas encostas com materiais permoporosos em subsuperfície a água do lençol freático esvai-se, formando-se uma franja insaturada, um verdadeiro oco hidrológico entre a placa e o lençol freático deprimido por carência hídrica. Nas partes baixas, se o sistema viário for implantado com greide baixo, virá um efeito a mais: A água promoverá alagamentos onde calhas de drenagem não derem conta do escoamento. Nas cidades ilimitadamente crescentes, principalmente para montante dos drenos locais, fatalmente se chegará à superação da sua capacidade e sobrevirão alagamentos, inundações, cheias incômodas ou catastróficas. Além dessas alterações, massas geológicas escavadas expostas nos taludes de corte serão erodidas e engrossarão enxurradas e caudais de cheias.

48


PREVENÇÃO E CONTROLE: A contribuição geológica para a prevenção e controle dos processos e eventos hidrológicos indesejáveis, consequentes à urbanização, baseia-se essencialmente nos seguintes pontos:

• Dar às águas pluviais, componente itinerante da plataforma geológica, condições médias de entrada adequadas (ressalvada imposição geotécnica essencial de drenagem). Isto implica compensação ou neutralização das impermeabilizações e bloqueios. A neutralização significa transpor bloqueios por cisternas de infiltração ou poços a que sejam conduzidas as águas dos telhados (áreas altas), inibindo o início das enxurradas; a neutralização local pode ainda ser feita por captação das águas pluviais (sem exigências geológicas);

• Nas cidades urbanizadas em áreas baixas, a coleta de águas pluviais pode ser aplicada, e o recurso não será suficiente. A compensação, implicando aumento da capacidade de recepção, pode ser aplicada por aterros de inertes que as cidades produzem em crescente quantidade. Um aterro desses geologicamente bem posicionado em vale ou voçoroca, com grande volume, pode compensar a perda de infiltração em áreas adjacentes;

• Nas cidades novas a prevenção é possível por diversas formas. Na urbanística a implantação de vias de vales em greide previamente levantado deixa espaço poroso disponível para a infiltração que reduz inundações e alagamentos; na arquitetônica, coleta de águas pluviais e infiltração estimulada são soluções ideais.

49


ARTIGO | Edézio Teixeira de Carvalho

• O combate à erosão em taludes de cortes exige muretas de pé e cobertura vegetal para imobilização das

Edézio Teixeira de Carvalho Engenheiro Geólogo

terras.

• Em situações geológicas favoráveis o uso das águas subterrâneas de aquíferos superficiais (cisternas e poços tubulares) estimula a infiltração e reduz inundações por criar condições de carência hídrica artificialmente.

COOPERAÇÃO INTERPROFISSIONAL

• Coleta de águas pluviais e seu armazenamento para uso posterior (quaisquer áreas);

Nessa cooperação a contribuição geológica proporciona recursos das condições contextuais para im-

• Imobilização das massas geológicas nos taludes de

plantação prévia ou corretiva de esquemas como os

cortes, usando muretas de pé e cobertura vegetal;

acima sumariados, objetivando a implantação da mais importante forma de combate ao desequilíbrio do

• Aterros de resíduos do grupo RCC inertes;

regime hidrológico, qual seja a adoção do conceito de vazão admissível, entendida como a que poderá

• No plano institucional: Estimular mestrados e doutorados

passar por dada seção de escoamento que seja con-

no estudo das franjas insaturadas ou ocos hidrológicos, e

siderada definitiva, sem hipóteses de ampliação. Para

pontos favoráveis ao descarte de inertes como vales en-

limitar a vazão afluente ao valor da admissível

caixados, ravinas, cavas de minas; passar a ler leis de orde-

podem-se trabalhar em conjunto os recursos dispo-

namento como meios e não como fins (o legislador quis

níveis, que se relembram:

que se faça como recomenda a lei, ou de forma comprovadamente melhor, porque, se estivesse pensando de forma

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• Infiltração forçada, abaixo da placa tecnogênica, nas

diversa, estaria tratando a lei como fim e isto a sociedade

áreas altas, não havendo problemas de instabilidade;

não deve admitir por intrinsecamente inconstitucional).


SME

Café com Tema

A Sociedade Mineira de Engenheiros tem como missão posicionar-se diante das principais questões técnicas, sociais, culturais, políticas e econômicas. O evento café com tema é uma proposta para se debater assuntos relevantes à Engenharia Mineira e Nacional.

Prefeito de BH reafirma a importância de planejar o futuro da cidade

O Projeto SME – Café com Tema, promovido pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), na sede social teve como palestrante o prefeito municipal de Belo Horizonte, Marcio Araujo de Lacerda. Ele falou sobre o projeto de planejamento da capital mineira “BH.Transformando o presente, planejando

Participantes do evento

Patrocinador

o futuro”, para uma platéia de engenheiros e empresários. A proposta central do projeto é reunir lideranças empresariais e políticas do país para discutir temas de interesse das cidades, Estados e também do Brasil.

Prefeito de Belo Horizonte Marcio Araujo de Lacerda e Ailton Ricaldoni Lobo Presidente da SME

Prefeito de Belo Horizonte Marcio Araujo de Lacerda

Apoio

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CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

Em debate CÓDIGO FLORESTAL Código florestal deve ser votado ainda no primeiro semestre de 2012

Affonso Damasio é superintendente técnico da FAEMG

Ponto

levo montanhoso de Minas Gerais ou em margem de rios.

A proposta de um novo código florestal para o país, projeto de lei que deve ser votado ainda no primeiro semestre pelo Congresso Nacional, pode ser avaliada por diversos ângulos. Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) há ganhos consideráveis com a mudança, se comparada com a legislação atual.

A correção desses erros, segundo a legislação atual, seria a erradicação da produção ou o paralisação o que comprometeria o agronegócio do Estado. Segundo o superintendente, a proposta do novo código florestal não está liberando nada novo – e não é verdade que incentiva o desmatamento de novos terrenos.

O superintendente técnico da instituição, Affonso Damasio, lembra que, se cumprida na íntegra, a legislação atual que trata do tema torna ilegais a maior parte dos negócios rurais do Estado porque estão em áreas de preservação permamente (APP), seja pela declividade do re-

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O principal ganho da proposta é que ele tira da ilegalidade as ocupações já consolidadas. Há casos, inclusive, em que o produtor terá que recompor o que fez no passado, com direito a incentivo para se fazer as adequações necessárias. Outra vantagem do projeto de lei

é que as propriedades rurais poderão contar com as áreas de preservação permanente para somar os 20% compor a reserva legal das ocupações. Segundo a legislação atual, esses dois espaços são contabilizados separadamente, o que, em muitos casos, restringe a possibilidade de cultivo. Os terrenos que têm até quatro módulos fiscais – média de 100 hectares em Minas Gerais – serão isentos da manutenção da reserva legal. Para Damasio esse é mais um ganho da proposta em tramitação no Congresso Nacional, já que beneficia a agricultura familiar. A aprovação é aguardada com ansiedade, já que, de acordo com o superintendente, representa um mal menor que o causado pela legislação atual.


Por Jose Carlos Carvalho é ex-ministro do meio ambiente

Contraponto O País está debruçado sobre os debates que ocorrem no Congresso Nacional a respeito de mudanças que querem introduzir no Código Florestal brasileiro. Como se trata de matéria naturalmente polêmica, os ânimos estão acirrados e o debate se prolonga sem chance de um acordo, diante de posições inflexíveis e cristalizadas que acabam esterilizando a discussão. É um assunto realmente sério, que deve merecer toda a atenção dos congressistas e da sociedade brasileira, pois o que está em jogo é o patrimônio florestal do País. Por isso, não se está fazendo uma lei para hoje, mas uma lei inter geracional. Infelizmente, o tema está dominado pelas preocupações de ontem, quando deveria está focado nas premissas do amanhã, já que a cobertura vegetal e as florestas em particular, são e serão fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Brasil a curto, médio e longo prazos.

Além do intenso debate sobre as áreas de preservação permanente e da reserva legal que está polarizando o debate, já que as APP são áreas ecologicamente sensíveis, fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas e as RL estratégicas para a manutenção e conservação da biodiversidade, há outros temas que merecem ser analisados mais profundamente, diante da importância do tema para o futuro da nação. Em primeiríssimo lugar é fundamental observar que embora o Código trate de florestas, não é só de vegetação que ele cuida, razão pela qual surge de forma tão evidente a questão da APP e da RL, uma vez que as florestas guardam uma relação de total interdependência com os solos, as águas e a fauna. De fato, não existe floresta sem solo, não existe água sem solo e floresta e a fauna não existe sem estes três elementos. Daí porque o uso predatório dos recursos naturais renováveis não deve ser abordado como um pro-

blema exclusivamente ecológico, embora os prejuízos ambientais do uso inadequado desses recursos sejam flagrantes. Há considerações de ordem econômica também a serem analisadas, porque as florestas, o solo e as águas, alem de recursos ambientais, são também recursos econômicos. A destruição desses recursos significa, antes de tudo, destruir os fatores de produção do setor agropecuário. Malbaratá-los, agora, implica comprometer a prosperidade futura dos produtores rurais e agricultores e o desenvolvimento da Nação a longo prazo. É comum ouvir o argumento de que a RL só existe no Brasil, o que é verdade, e que sua exigência significa um ônus para os proprietários rurais. É um equivoco. Juntamente com as APP elas prestam serviços ambientais de extraordinária importância para o País, começando pelos próprios agricultores, como elemento natural essencial para a conservação do solo, da água e como abrigo da fauna. Por outro lado, numa economia cada vez mais globalizada, em que os mercados estão mais

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CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

exigentes em relação a produtos ambientalmente saudáveis, a Reserva Legal é uma vantagem comparativa para um País que se tornou grande exportador de commodities agrícolas. Alem disso, temos grande disponibilidade de terras abandonadas e subutilizadas no processo de produção, algo em torno de 700.000 Km², uma área fabulosa, que permite a expansão da produção sem novos desmatamentos e com recuperação das áreas ecologicamente sensíveis. De fato, a expansão da fronteira agrícola em áreas cobertas com florestas e a existência de terras abandonadas numa extensão tão grande, significa, na atualidade, uma das maiores, senão a maior contradição do modelo de desenvolvimento que estamos praticando. É uma irracionalidade total, absurda, incompreensível. Esta situação impõe a perda de biodiversidade, de solos agricultáveis e de mananciais de água numa escala alarmante, mesmo para um

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País de dimensão continental como o nosso. Neste contexto, perde o meio ambiente e perde a agricultura. O meio ambiente perde em razão de danos irreparáveis provocados à natureza e a agricultura perde, porque destrói os fatores de produção do seu próprio negócio. Aliás, uma agricultura que se torna competitiva utilizando predatoriamente seus fatores de produção é uma agricultura sem futuro, como demonstra as regiões dos Vales do Rio Doce e do Mucuri, em Minas, do Sul do Espírito Santo e do Noroeste do Rio de Janeiro, para citar exemplos geograficamente mais próximos, de como este modelo afeta a economia agrícola com drástica redução da produtividade, do mesmo modo que afeta o meio ambiente, ao degradar as bacias hidrográficas e devastar os ecossistemas. Na prevalência deste modelo anacrônico de produção, nós estamos subsidiando a agricultura brasileira com o nosso capital natural, numa total demonstração de miopia es-

tratégica e infantilismo político. Este modelo poderá nos fazer a quinta economia do mundo nas próximas décadas e, muito provavelmente, a qüinquagésima, no fim do século. Por esta razão, ao definir o novo Código Florestal não estamos tratando apenas dos interesses ambientais do Brasil, mas com igual importância, do sucesso e da sustentabilidade de nossa agricultura. Graças ao talento profissional do ex-ministro Alysson Paulinelli que idealizou a criação da EMBRAPA, o Brasil já desenvolveu e está desenvolvendo tecnologias agrícolas tropicais que permitem ao nosso País praticar uma agricultura baseada no uso sustentável dos recursos naturais, sem a necessidade de insistir no modelo ultrapassado que levou vastas regiões brasileiras à decadência econômica e que já viveram a prosperidade que fazem o progresso de outras regiões, principalmente no centrooeste. Por isto é que estamos vivendo este falso dilema, que dificulta a missão do Dep. Aldo Rebelo em encontrar uma proposta


José Carlos Carvalho é ex-ministro do meio ambiente, Engenheiro florestal, fala sobre as mudanças propostas para alteração do código florestal, em tramitação no congresso nacional.

contemporânea para a Lei Florestal brasileira. Com relação ao Substitutivo propriamente dito do Relator algumas questões centrais estão passando ao largo das discussões. A primeira e a mais importantes delas está na concepção da própria Lei. A proposta sob exame dos Congressistas repete os mesmo vícios de origem das Leis anteriores, isto é, continua baseada exclusivamente nos mecanismos de comando e controle do Estado, sem criar instrumentos reais e efetivos de fomento para conservação. Quando se trata de controle e fiscalização o Projeto de Lei é mandatório e quando aborda a questão crucial dos incentivos econômicos é meramente declaratório. Isto é, atenua as ações de controle e fiscalização, mas não define com precisão os incentivos para recuperar o que já foi detonado no passado, princi-

palmente, para a agricultura familiar, fazendo recair sobre os agricultores os mesmos ônus da Lei atual. O agricultor familiar que não tem condições de recompor sua APP de 30m continuará sem condições econômicas de recuperar a faixa de 15m. Se parte das APP e RL foram desmatadas com o financiamento do Estado, como argüi corretamente as lideranças do setor agropecuário, nada mais natural que o Estado financie a recuperação destas áreas. Até porque, como bem define a legislação florestal brasileira, desde 1934, as florestas e demais formas de vegetação existente no território nacional são bens de interesse comum do povo. Ora, se são bens de interesse coletivo, é justo que a coletividade participe diretamente do esforço de recuperação que a incúria do passado legou às presentes gerações e que

se agravarão no futuro, se nada for feito na atualidade. No caso da agricultura familiar, a solução ideal, não está em desobrigá-la de manter as áreas necessárias à conservação, mas apoiá-la para reconstituir estas áreas a longo prazo, de tal maneira que esta obrigação não reduza ainda mais os padrões de renda já baixos dos pequenos agricultores. Na verdade, é o intensivo uso predatório dos imóveis rurais no passado, sem observância da Lei e das práticas recomendadas de conservação do solo e água, com cultivos e criações de baixa produtividade que criaram o quadro de crise que estamos vivendo hoje. Os Vales do Rio Doce e Mucuri em Minas, regiões tradicionalmente ocupadas com a pecuária, chegaram a suportar 2,8 unidades animal por hectare, no auge da ocupação há 50 anos, e hoje, com a destruição dos recursos naturais, incluindo a

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CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

devastação da mata atlântica, a bovinocultura atinge, em média, 0,6 unidade animal, no mesmo ha, isto é, uma redução de quase 5 vezes. Neste caso, como é comum ouvir dizer que o meio ambiente atrapalha a agricultura, é de se perguntar: quanto custa não proteger o meio ambiente para agricultura? Outro ponto crucial, normalmente ignorado no Brasil, diz respeito às Leis de norma geral, como é o Projeto do Código segundo definição encontrada logo no seu Artigo 1º. No nosso sistema federativo, a Lei de norma geral, como define o mandamento constitucional da competência legislativa concorrente, deveria remeter aos Estados Membros da União, as normas especificas. Mas não é que ocorre, já que o PL é um misto de norma geral e normas especificas, a ponto de disciplinar detalhadamente como deve ser feito um Plano de Manejo Florestal Sustentável, iniciativa inteiramente técnica que poderia ser disciplinada pelo órgão ou entidade responsável pela sua aprovação. Todavia, a tendência de transformar Lei de norma geral em Lei especifica é um dos problemas enfrentados pelo Congresso Na-

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cional, diante da exacerbada dificuldade de harmonizar as diferentes realidades regionais numa única norma, como ocorre no caso presente. A Lei nacional é simétrica por definição, mas sua aplicação se faz numa federação e num território totalmente assimétricos, com peculiaridades distintas e por vezes antagônicas. Eis aí, a causa principal da dificuldade em obter o necessário consenso em torno do tema e de outros assuntos de dimensão nacional que são submetidos ao exame do Congresso Nacional. Embora as lideranças do governo e da oposição digam que já há consenso sobre 98% do Substitutivo, é importante lembrar o saudoso Presidente Tancredo Neves que já nos ensinou que em política, 1% pode ser mais que 99%. As dificuldades em votar o Projeto de Lei demonstram que ele tinha razão. Fica claro, mesmo para os leigos, que é praticamente impossível, produzir uma norma legal adequada aos seus objetivos, em relação a este tema, sem regras de caráter específico, que possam capturar e dar tratamento às peculiaridades locais e regionais, levando em conta as realidades dos nossos diversos biomas, os ecossistemas que os compõem e as

diferentes bacias hidrográficas que drenam o território. Contudo, como os biomas se espalham por mais de um Estado, a melhor solução não está em remeter às unidades federadas a legislação complementar, mas estabelecer no âmbito do próprio Congresso, Leis especificas por biomas, como, aliás, já ocorreu com a Mata Atlântica, por iniciativa à época do então Deputado Fábio Feldman. Desta forma, a solução recomendável no atual cenário político, seria aprovar a atualização possível do Código Florestal, sem retrocessos que descaracterizem os fundamentos que vem sendo erigidos desde a Lei de 1934, adotando a moratória dos desmatamentos por 5 anos, como originalmente previsto pelo relator, com a obrigação do Congresso Nacional votar Leis especificas para os biomas da Floresta Amazônica, do Cerrado, do Pantanal e da Caatinga, dentro deste prazo.Esta solução evitaria que os Estados, como Minas Gerais, no uso e no limite de sua competência constitucional concorrente sejam instados a elaborarem suas próprias Leis, tratando de biomas compartilhados com outros Estados, para


atenuar os conflitos que giram em torno do tema e que tumultuam o processo de governança do setor e a gestão ambiental das florestas e da biodiversidade. É preciso reconhecer a necessidade de dar às Áreas de Preservação Permanente tratamento compatível com o uso antrópico consolidado, historicamente, considerando o horizonte temporal de uso do solo agrícola no Brasil, principalmente com o objetivo de descriminalizar o uso de boa fé feito no passado. Este é um ponto que precisa ser enfrentado com coragem e bom senso, dando à agricultura familiar tratamento especial, em razão das condições sócio-econômica dos pequenos agricultores. Quanto à Reserva Legal, é difícil compreender que se adote agora a sua inexigibilidade, já que é uma obrigação estatuída desde o Código de 1934, ratificada em 1965 e em 1989, em todas as ocasiões pelo Congresso Nacional, e não por Medida Provisória, como se tenta argüir na atual etapa dos debates. É sempre bom lembrar que a obrigatoriedade da recomposição da RL também foi adotada por Lei de iniciativa congressual, através da Lei Agrícola com apoio das bancadas partidárias vincula-

das ao setor agropecuário. Ora, isto significa que o atual Substitutivo do Deputado Aldo Rebelo é uma contradição histórica, uma negação do papel histórico do Parlamento brasileiro, um lamentável retrocesso que não honra a biografia do Relator e depõe contra conquistas inalienáveis da Nação brasileira, obtidas exatamente pela clarividência e pela contemporaneidade de parlamentares que nos idos de 1934, 1965 e 1989, há quase 80 anos, deram ao Brasil um estatuto jurídico fundado no sentimento de Pátria, que não deve faltar agora. Isto não significa que esta posição de vanguarda, historicamente afirmada e reafirmada no Congresso, deixe de considerar questões especificas como a da agricultura familiar, por razões sócio-econômicas. Mas, esta realidade não justifica a visão reducionista e a decisão simplista de se abolir a Reserva Legal. Há outras alternativas e outros caminhos a serem explorados, que podem assegurar a recomposição destas áreas, mediante financiamento e assistência técnica proporcionada pelo Poder Público, sem sua súbita eliminação, mais uma vez sem comprometer a renda dos agricultores familiares. Uma das hipóteses a serem consi-

deradas poderia ser a adoção de uma escala progressiva de redução da RL de 4 módulos fiscais para menos, condicionando a recomposição ao apoio efetivo do Poder Público, no âmbito do PRA – Programa de Regularização Ambiental estabelecido no próprio Substitutivo, estabelecendo mediante motivação edafo-climática, biológica, hídrica e geológica as áreas prioritárias de recomposição das RL. Isto significa que a recomposição só poderá ser cobrada da agricultura familiar se viabilizado o apoio do Poder Público. Caso contrário, o pequeno agricultor continuaria dispensado da obrigação de recompor, recaindo sobre os governos a responsabilidade de sua omissão. Outra questão relevante sobre o tema da RL diz respeito aos aspectos locacionais. Mais uma vez o PL mantém a propriedade rural como a célula da reserva legal, oferecendo o bioma como opção na ausência de alternativa local. Embora polêmica, esta decisão precisa ser pensada na ótica da bacia hidrográfica. Definir a RL na propriedade, principalmente em regiões de estrutura minifundiária, é um erro técnico e estratégico, pois o máximo de conservação a ser obtida será um retalho de pequenas áreas,

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CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

um conjunto de fragmentos sujeito ao efeito de borda, condenados ao desaparecimento, sem nenhuma serventia para a estratégia de conservação da biodiversidade, principalmente como corredores de conectividade para assegurar o fluxo gênico da flora e da fauna e como cobertura essencial à proteção de mananciais e cabeceiras de córregos e rios de ordem inferior até o rio de primeira ordem. Neste caso, a bacia hidrográfica é a melhor referência espacial para a localização dessas reservas. As entidades que integram o movimento Diálogo Florestal, reunindo organizações ambientalistas e da iniciativa privada, apresentaram um documento baseado em dezesseis (16) pontos que constitui um bom eixo para orientar as negociações das partes interessadas visando a romper o imobilismo e criar as condições políticas que permitam um grande entendimento nacional sobre futuro das nossas florestas. Muita critica tem sido feita ao Substitutivo do Código Florestal em tramitação na Câmara dos Deputados, em razão do debate acirrado entre ruralistas e ambientalistas, que praticamente, como seria natural, monopolizam o debate, ao discutir as falhas do Projeto segundo o pensamento dominante

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de cada um desses segmentos. Todavia, torna-se necessário considerar que este PL não pode ser elaborado para ambientalistas e ruralistas, ele tem que ser elaborado para a Nação, principalmente para a maioria silenciosa e indiferente que sequer percebe que o Congresso está decidindo o seu futuro e o futuro dos seus filhos. Por isso, é necessário criticar o Substitutivo também pelas qualidades que ele não tem. E certamente, uma das lacunas desta iniciativa legislativa, diz respeito a ausência de instrumentos econômicos mandatórios para assegurar que os pequenos agricultores terão as condições necessárias para fazer o seu papel, ao lado dos médios e grandes. Em 2002, foram criados dois instrumentos econômicos importantes para estimular o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas, o PRONAF FLORESTAL E O PROPFLORA, duas linhas de crédito com prazo e carência compatíveis com as atividades florestais. Passados 9 anos, nada se fez para aprimorar e ampliar estes instrumentos e adotálos como ferramentas importantes para fomentar a conservação e o uso sustentável das florestas no Brasil. Outra lacuna está relacionada com o silêncio do Substitutivo no que

pertine as instituições florestais e ambientais encarregadas de colocálo em execução. Com exceção de meia dúzia de Estados, os demais, incluindo a União, não estão preparados para assumir as competências que o Projeto de Lei está lhes atribuindo, em virtude, entre outros pontos, da gratuidade justificada que a proposta assegura aos agricultores familiares. O PL ignora a necessidade de fortalecimento institucional dos órgãos e entidades florestais e ambientais que lidam com a matéria. Só em Minas Gerais são mais de 300.000 propriedades a serem atendidas. Pela toada em que estamos, o problema continuará praticamente do mesmo tamanho. Restará novamente o controle e a fiscalização. E que os órgãos e entidades ambientais não venham a ser novamente amaldiçoados, pela incapacidade operacional de atender a esta nova demanda. Fazer uma Lei que cria obrigações, sem meios de implementação, é fazer uma Lei inexigível. O Brasil é uma das poucas, se não a única Nação do mundo com nome de árvore, o pau-brasil, incluído por incúria nossa e de nossos antepassados na lista das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. É hora de lembrar os Congressistas desta verdade.


Causos da Engenharia Lição de mecânica com Calistrato Borges de Muros Na década de 40, era comum

ton Costa que viajara deixando

O engenheiro e professor

que muitos estudantes da uni-

o seu Fiat na cidade. Com a

Calistrato Borges de Muros

versidade federal de Itajubá per-

ajuda de alguns colegas, desmon-

diplomou-se na turma de

manecessem na cidade durante

tou o carro para montá-lo no

1945 no antigo Instituto Ele-

o período de férias de julho.

segundo andar da república

trotécnico de Itajubá (IEL).

Além do dinheiro curto, as con-

onde moravam, logo na sala de

Pioneiro das Telecomunica-

dições das estradas e transporte

visita para garantir o impacto da

ções em Minas Gerais, ele de-

também não animavam muito os

operação.

dicou 62 anos à Engenharia,

alunos a visitar os pais. Para dar

seja como gestor ou profes-

conta de preencher o tempo

Quando chegou de viagem, o

sor da EFEI, PUC-MG, UFMG

livre, eles faziam um exercício de

dono do carro ficou assustadís-

e Inatel. Em 1984, já aposen-

criatividade inigualável.

simo ao ver o seu Fiat dentro de

tado após uma brilhante car-

casa. Essa também foi a sensação

reira,

Em 1942, as férias ficaram ainda

do dono do imóvel que não

público para a CBTU / Deme-

mais longas. A essa altura, o

compreendeu como o veículo

trô BH, onde passou a ocupar

então aluno do Instituto Eletro-

foi parar lá dentro sem que ne-

vários cargos até o ano de

técnico de Itajubá ( IEI), Calis-

nhuma parede fosse demolida

2007, quando de fato se apo-

trato Borges de Muros, já tinha

ou quebrada.

sentou. Ele faleceu em 16 de

esgotado todas as possibilidades

prestou

concurso

abril de 2010.

de lazer disponíveis. Foi aí que

A lição de mecânica automotiva

pensou em algo diferente.

só chegou ao final quando Calis-

A Revista SME quer receber

trato novamente desmontou o

e publicar a sua história,

Resolveu então pregar uma peça

Fiat do colega para montá-lo lá

basta enviar o texto para o

no colega de república José Mil-

na rua.

e-mail sme@sme.org.br

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