Revista mineira de engenharia 30ª Edição

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ANO 6

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EDIÇÃO 30

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NOV ‑ DEZ ‑ 2015

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS Estudantes aprovam o programa

EVENTO SME A festa dos vencedores do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação

ENERGIA FOTOVOLTAICA Minas Gerais na liderança nacional

SAÚDE Depois de 70 anos, um novo hospital para BH

ENGENHEIRO DO ANO 2015

Olavo Machado Junior


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EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

Ainda há esperança 2015 chega ao fim, sem que tenhamos boas lembranças desse ano. Pelo contrário, temos muito pouco ou nada a comemorar. No plano internacional, assistimos a escalada do terrorismo ceifando vidas inocentes, forçando a migração de milhares de refugiados em busca de trabalho e liberdade, pela ação do Estado Islâmico que, a qualquer custo, quer construir um califado de proporções continentais. No Brasil, o impasse na política empurra o País para o abismo com impacto direto no nível das atividades na indústria, no comércio e serviços, a volta da inflação de dois dígitos e do fantasma do desemprego. Mais do que nunca precisamos, nesse momento, de alguém capaz de unir as forças políticas em torno de um projeto nacional. Alguém, como no passado fez o ilustre engenheiro mineiro e presidente Itamar Franco, que num momento de crise, soube unir o País, colhendo os frutos de dias melhores, por meio da consolidação das instituições (o nosso grande patrimônio) e da estabilidade econômica. O acordo entre partidos que vemos hoje, lamentavelmente, é aquele que nos revela, a cada dia, a Operação Lava Jato, mostrando que em nome de projetos de poder, se consolidou o balcão de negócios, o toma lá dá cá, agora em maior dimensão e de uma maneira muito mais sofisticada da que, muitas vezes, praticouse no passado. Em Minas Gerais, envergonha os mineiros o rompimento da barragem da Samarco, matando inocentes e causando um monumental desastre ecológico que atinge terra, rios e mar, e que deve perdurar por anos. É impossível não ser este o nosso

e sem um poderoso programa preventivo que minimizasse o impacto que um eventual rompimento traria às populações e ao meio ambiente das regiões de Mariana, do Vale do Rio Doce, de Minas Gerais e do Espírito Santo. Cometeu-se um crime que exige rigorosa punição.

Augusto Drummond Presidente da SME sentimento. À semelhança da queda do viaduto dos Guararapes, em Belo Horizonte, ocorrida há um ano e meio, sabemos que esses são empreendimentos que a engenharia mineira está capacitada a desenvolver com total sucesso. A causa do rompimento não está na engenharia, no domínio da tecnologia, mas são muitas as possibilidades que vão desde a procura incessante por resultados empresariais, por interesse financeiro, até a incapacidade de se exercer uma eficiente fiscalização pelo poder público. Na Revista da SME, de agosto de 2015, em artigo intitulado “O que são resíduos sólidos”, assim se referia o especialista José Cláudio Junqueira às barragens de rejeitos na atividade de mineração: Esta estrutura tem se constituído em grande preocupação ... pelo risco que representam. O Estado de Minas Gerais ... desenvolveu sistema de avaliação para prevenção e redução de riscos por rompimento de barragens, considerado exemplar nos níveis nacional e internacional. À luz dessa realidade afirmamos: é imperdoável que se tenha efetuado o alteamento de uma barragem de tais proporções, sem o devido cuidado técnico

Toda essa conjuntura desfavorável, no entanto, não deve ser motivo de desencanto. Por certo, não podemos perder as esperanças. Muito há o que mudar, com o empenho e o esforço de todos nós. Vamos exigir responsabilidade e que o fio de esperança, em cada um de nós, nos conduza a um ano de 2016 de mais paz e prosperidade! Esta edição da Revista é dedicada ao engenheiro eletricista e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG, Olavo Machado Junior, eleito pela SME Engenheiro do Ano de 2015. Esta homenagem tem duplo sentido. Homenagear o profissional por seu compromisso com a engenharia, que vai desde a sua dedicação à SME, onde ocupou importantes cargos na Diretoria, em diferentes Gestões, à iniciativa de implantação, pela FIEMG, durante o seu mandato, de programas de valorização da engenharia de que são exemplos o “Engenheiros do Futuro”, o “Engenheiro Empreendedor”, e em parceria com a SME, o "Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação". A iniciativa visa também homenagear a indústria mineira, em seu afã de retomar uma maior participação no PIB do Estado, em níveis já experimentados no passado. Parabenizamos Olavo Machado Junior por suas iniciativas em prol dos engenheiros, da engenharia e da indústria mineira!

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VENHA PARA A SME COMPROMISSO COM VOCÊ! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de traba‑ lhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenha‑ ria e da produção de eventos, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas suges‑ tões e para representar seu interesse no setor.

Em seus 84 anos de existência, a SME trabalha para in‑ tegrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arqui‑ tetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, socio‑ cultural e econômico. COMPROMISSO COM O FUTURO Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores serviços para você.

Mais informações: www. sme.org.br ‑ (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

Augusto Celso Franco Drummond Presidente

Janaína Maria França dos Anjos Diretora

Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente

José Andrade Neiva Diretor

José Ciro Mota Vice-Presidente

Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor

Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente Virginia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora Fabiano Soares Panissi Diretor Humberto Rodrigues Falcão Diretor

Publicação

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Marcelo Monachesi Gaio Diretor Túlio Marcus Machado Alves Diretor Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor CONSELHO DELIBERATIVO Ailton Ricaldoni Lobo Presidente Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner Neto Flavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi José Luiz Gattás Hallak José Raimundo Dias Fonseca Levindo Eduardo Coelho Neto Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior CONSELHO FISCAL Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos Coordenador Editorial José Ciro Mota Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Revisão Editorial Jalmelice Luz ‑ MG 3365 JP jornalismo@sme.org.br Projeto Gráfico / Desgin Blog Comunicação Marcelo Távora tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Depto. Comercial Blog Comunicação & Marketing tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Tiragem: 10 mil | trimestral Distribuição Regional (MG) Gratuita Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br

Apoio Compromisso, Inovação e Avanço


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TECNOLOGIA E CRIATIVIDADE Aeronave produzida na UFMG é parte da formação dos alunos da Engenharia

CEMIG TELECOM Estatal investe R$18 milhões em rede de fibra ótica

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Paulo Haddad defende medidas ousadas para vencer a crise econômica

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ENGENHEIRO DO ANO Olavo Machado Junior receberá a comenda

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CONSTRUÇÃO E SAÚDE Hospital Metropolitano reforçará presença do SUS em Belo Horizonte

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23º PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO FIEMG é parceira na valorização do conhecimento

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ARTIGO Novos desafios para a Engenharia Civil

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ENERGIA FOTOVOLTAICA Minas lidera os projetos de usinas solares

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CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS O programa pode cair no esquecimento

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ARTIGO Pedaladas nas oportunidades

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CAPACITAÇÃO FIEMG lança o Programa Engenheiro Empreendedor

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ARTIGO | CDS/SME Comitê de Desenvolvimento Sustentável da SME

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SINDUSCON‑MG Eleita a nova diretoria do Sindicato

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JOVEM ENGENHEIRO Rafael Mota Santa Bárbara

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MESTRE DA ENGENHEIRA Carlos Barreira Martinez

TRANSPORTE SME debate a importância do transporte ferroviário


NOTAS DO SETOR XVIII COBREAP Na presença de demais autoridades, o presidente da SME, Augusto Drummond, compôs a mesa de abertura do XVIII Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias – COBREAP 2015, realizado em setembro/outubro, no Cine Theatro Brasil, envolvendo a participação de engenheiros, agronômos, arquitetos e urbanistas.

COLÉGIO DE EMPRESAS O presidente da SME, Augusto Drummond, participou do lançamento do Colégio Estadual de Empresas, na sede do Crea-Minas. O Colégio Estadual de Empresas do Crea-Minas tem como finalidade discutir e encaminhar assuntos de interesses mútuos do Conselho e das empresas relacionadas à Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia, Meteorologia e demais profissões do Sistema Confea/Crea. O Colégio é composto pelos representantes das empresas cadastradas no Crea-Minas que são representadas, preferencialmente, por um diretor ou superintendente da empresa.

Jobson Andrade, presidente do CREA-MG e Augusto Drummond, presidente da SME

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL O V Seminário Internacional de Construção Sustentável foi realizado, nos dias 18 e 19 de novembro/15, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), e contou com o apoio da SME. O evento, que reúne tradicionalmente palestrantes nacionais e internacionais, é organizado, desde 2010, pela empresa ECOCONSTRUCT BRAZIL sob a coordenação da diretora Técnica e Comercial da empresa, Engª Cristiane Silveira de

Lacerda. O objetivo foi apresentar ao mercado os conceitos, tendências e tecnologias para a promoção da construção sustentável aliada aos temas do desenvolvimento sustentável. Foram debatidas questões tais como: Objetivos do Milênio para o Desenvolvimento Sustentável: Sustentabilidade como Desenvolvimento Econômico; a industrialização em empreendimento de interesse social: a Precon e o Minha Casa Minha Vida gerando valor sustentável, Planejamento Urbano e Clima, entre outros temas. Houve apresentação de produtos e materiais ecológicos ou sustentáveis e rodadas de negócios entre as empresas participantes.

REJEITOS DE MINERAÇÃO O Grupo de Pesquisas RECICLOS-CNPq da Ufop vem desenvolvendo, nos últimos anos, diversos trabalhos relacionados aos rejeitos da mineração e a utilização da lama. Essas pesquisas apontam para alternativas que poderiam contribuir para a minimização dos impactos ambientais bem como redução dos riscos potenciais das barragens de rejeitos de minério de ferro. Segundo o coordenador do projeto, Prof. Ricardo Fiorotti, trata-se basicamente de “soprar” a lama e separar os materiais nela existentes - tanto o material bruto quanto o material processado. Esse processo possibilita a incorporação de até 80%

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da lama no lugar de areia, na produção de materiais para a construção civil. Os novos produtos são eficientes também do ponto de vista da utilização. O projeto já produziu concreto, argamassa, tijolos e bloco de pavimentação (foto). “Todas essas produções são idênticas ao convencional. A única diferença está na cor, que é avermelhada”, explica o professor. Com essas pesquisas, a equipe vê uma forma de contribuir com a minimização dos impactos das barragens de rejeitos da mineração e se coloca à disposição para oferecer o serviço de forma gratuita. Fonte: www.ufop.br


CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

LIVRO Após palestra sobre Meio Ambiente, Planejamento e Desenvolvimento Sustentável – A realidade de Minas e do Brasil, no 4º Painel organizado pelo SME/Fórum Permanente de Desenvolvimento Sustentável, o ex-ministro e Professor Emérito da UFMG, Paulo Roberto Haddad, no dia 12 de novembro/15, lançou o livro Meio Ambiente, Planejamento e Desenvolvimento Sustentável. A editora Saraiva informa que, ensinando economia com foco nas modernas premissas ambientais, o

autor trata, de início, da questão ambiental na História do Pensamento Econômico, indo do chamado 'Tableau Économique' à Economia Ecológica. Em um segundo momento, o planejamento do desenvolvimento sustentável é o assunto analisado pelo professor. Em seguida, o texto esmiuça como as regiões se desenvolvem, com farta exemplificação (característica esta que permeia todo o livro). A concepção e as estratégias de implemenação dos arranjos produtivos locais são o tema estudado na sequência. E fechando o livro, o ex-ministro Paulo Haddad se debruça sobre o assunto das mudanças climáticas e da globalização das águas.

MERCADO DE TRABALHO A edição 2016 do Guia Salarial da Robert Half indica boa perspectiva para algumas áreas da engenharia, devido à expansão de posições nos segmentos de bens de consumo, agronegócio, energia e telecomunicações. O cenário se explica pelo fato de que, diante da crise, algumas empresas do País têm visualizado a oportunidade de criar novas linhas de negócios para atender mercados, até então, não explorados. Na área de energia, a novidade fica por conta da demanda por profissionais com foco em fontes renováveis como eólica e solar. O desafio é encontrar mão de obra especializada, com conhecimento técnico em quantidade suficiente, para preencher as posições.

O panorama da área de Engenharia indicado para 2016: Oportunidades - bens de consumo, agronegócio, energia, telecomunicações e infraestrutura Demandas - vendas técnicas, supply chain, melhoria contínua, projetos e contratos Perfil valorizado - inglês fluente, boa comunicação, habilidade de relacionamento com outras áreas, certificações (Metodologias FEL e PMI, Seis Sigma, Manufatura Enxuta, Segurança do Trabalho, APICS).

A Robert Half é a primeira e maior empresa de recrutamento especializado no mundo. Fundada em 1948, a empresa opera no Brasil, selecionando profissionais temporários e permanentes nas áreas de finanças, contabilidade, mercado financeiro, seguros, engenharia, tecnologia, jurídico, RH, marketing e vendas e cargos de alta gestão.

Fonte: www.brasilengenharia.com NORMA TÉCNICA A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publica a primeira norma para steel deck no Brasil, a NBR 16421:2015 - TelhaForma de Aço Colaborante para Laje Mista de Aço e Concreto - Requisitos e Ensaios, neste fim de ano. O texto estabelece critérios aos quais a telha-forma deve atender, seja ela revestida, conformada a frio, de seção transversal trapezoidal, reentrante, retangular e ondulada, com revestimentos zincado por imersão a quente ou zincado por imersão a quente e revestido por pintura.Assim, a normativa visa garantir a padronização dos produtos utilizados para os processos construtivos, assegurando a qualidade e segurança dos materiais com base em suas características e tecnologias. A norma, inédita no Brasil, foi elaborada pelo Comitê Brasileiro de Siderurgia CB-028, na Comissão de Estudos para Aços Planos, e estava em discussão desde 2014. Os trabalhos foram coordenados pelo membro da Comissão Executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), o engenheiro Humberto Bellei.

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Paulo IScold

rojetos de aeronaves, aerodinâmica aplicada, dinâmica e ensaios em voo e otimização estão entre as paixões que o doutor em Engenharia Mecânica e professor do curso do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Paulo Henriques Iscold Andrade de Oliveira, tentou passar para cerca de 30 alunos da graduação e pós-graduação que, durante cinco anos, participaram do projeto de construção do avião de corrida Anequim, no Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) da instituição. O início dos trabalhos foi em março de 2011, com voo inaugural em novembro de 2014.

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“Sempre construímos aviões na UFMG para melhorar a formação dos nossos alunos.A escolha de um avião de corrida se dá pelo fato de que esse é um objetivo que motiva os alunos a participar do projeto”, explica o professor. 8

Raphael Brescia

Aeronave produzida na UFMG é parte da formação dos alunos de Engenharia

Paulo Henriques Iscold Andrade de Oliveira, doutor em Engenharia Mecânica e professor do curso do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG

Mas há mais um fator que foi considerado. A fabricação de um avião, por si só, é um grande obstáculo a ser vencido e, além de conhecimentos técnicos, perseverança e coragem para “trabalhar duro”, são parte das competências exigidas para os participantes.


Paulo IScold

O monomotor CEA-311 da categoria FAE C1A, referência da Federação Aeronáutica Internacional para aviões com peso entre 300 e 500 quilos, foi batizado como Anequim, nome de um tubarão que tem na velocidade, a sua principal característica. E o produto não fugiu ao nome com que é mundialmente conhecido. Em 21 de agosto, durante um voo histórico na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, a aeronave de quatro cilindros tornou-se a mais rápida do mundo ao bater cinco recordes de velocidade. Com seis metros de envergadura e máximo de 500 quilos para decolagem, o Anequim tem linhas aerodinâmicas, projetadas em computador. Segundo o professor, as vantagens do uso da tecnologia estão nos desenhos e na fabricação.“No processo de fabricação, a máquina CNC que corta os moldes também é computadorizada, o que confere maior precisão e complexidade às peças”, explica. Outro detalhe importante do projeto é a qualidade construtiva.A estrutura primária do Anequim, em fibra de carbono, tornou o avião mais leve e, ao mesmo tempo, resistente. Nessa experiência prática, os estudantes exercitaram criatividade, responsabilidade técnica, senso de empreendedorismo, trabalho em equipe e habilidade para gerenciar re-

cursos financeiros e de equipamentos. O motor Lycoming IO-360 é um dos mais comuns na aviação de pequeno porte, mas foi modificado para funcionar com injeção eletrônica e controle de disparo, que aumentaram a compressão dos quatro cilindros. Essa parte do projeto foi realizada por duas empresas norte-americanas, que atuaram em parceria com a UFMG, para o desenvolvimento das peças, de acordo com as diretrizes da equipe do professor Iscold. Segundo o professor, o projeto do Anequim foi 100% financiado pela iniciativa privada. Entre as empresas parceiras está a Fibraer Indústria Aeronáutica Ltda, com sede em Belo Horizonte. O sucesso do projeto é fruto da combinação de uma estrutura de qualidade de ensino de Engenharia da UFMG, e parcerias com as empresas da iniciativa privada, que por sua vez, já assimilaram a cultura de investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Há que se considerar, ainda, o desenvolvimento de tecnologia de ponta, que, em algum momento, será incorporada à indústria nacional. Depois de construir o avião, o engenheiro mecânico aviador sonha em participar de exposições nacionais, mediante patrocínio. Essa é, sem dúvida, mais uma etapa do projeto Anequim.

5 RECORDES DE UMA SÓ VEZ Depois do voo inaugural, em novembro de 2014, o Ane‑ quim superou todas as metas de velocidade, em agosto deste ano. Os recordes regis‑ trados apenas comprovam que o projeto é, realmente, um sucesso. Velocidade em percurso de 3 km com altitude restrita: 521,08 km/h Recorde anterior: 466,83 km/h; Velocidade em percurso de 15 km: 511,19 km/h Recorde anterior: 455,8 km/h; Velocidade em percurso fechado de 100 km: 490,14 km/h; Recorde anterior: 389,6 km/h; Velocidade em percurso fechado de 500 km: 493,74 km/h Recorde anterior: 387,4 km/h; Tempo para atingir 3.000 m de altitude: 2ʼ26ʼʼ; Recorde anterior: 3ʼ8ʼʼ

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TELECOM DWDM

Cemig Telecom investe R$ 18 milhões Nova tecnologia, conhecida como DWDM, é usada pela empresa em 64 cidades de Minas

Tatiana Lagoa A Cemig Telecom, braço de telecomunicações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), na contramão da crise, investiu para ampliar sua base de clientes e seu mercado de atuação. Uma das apostas é a implantação do chamado DWDM (sigla em inglês para Multiplicação por Divisão de Comprimento de Onda), que possibilitará aumentar a atuação da empresa. Foram aportados R$ 18 milhões na tecnologia, que ampliará o faturamento em 60% nos mercados onde ela atua. A nova tecnologia é utilizada pela empresa em 64 cidades, entre as 76 que ela atende em Minas Gerais. "A tecnologia habilita nossa rede de fibra óptica para uma capacidade infinita. Podemos, a partir de agora, vender consumo de dados quase infinito para todos os provedores de internet", explica o diretor-técnico e comercial da Cemig Telecom, Fábio Abreu. Além do aumento da capacidade, a tecnologia eleva a eficiência e melhora 10

a relação custo-benefício. São incluídos no portfólio do grupo soluções de conectividade, como links destinados à interligação entre matriz e filiais. Essa capacidade infinita já era usada pela empresa na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), agora, é levada para o interior do Estado. Houve essa necessidade em decorrência da estratégia da empresa de atender novos públicos, disputar clientes que buscam melhor custo-benefício e que são atendidos por outras empresas. Antes, o grupo apostava, principalmente, no fornecimento de acesso para grandes operadoras de telefonia fixa e móvel. Agora, o grupo quer se fortalecer no varejo, com provimento de acessos à internet, por meio da inclusão digital e o atendimento ao ambiente corporativo. Segundo Abreu, o contexto de crise econômica é o melhor para a realiza-

ção de investimentos nessa área. Isso porque os clientes estão revendo os custos e estão mais abertos a conhecer outras empresas. "Nossos clientes estão em busca de novos produtos e descontos. Da mesma forma, os de nossos concorrentes também. Então, cria-se um momento de oportunidade para aumentar a participação no mercado que queremos aproveitar, por meio de um upgrade tecnológico”, afirma. O grupo tem planos também para além das fronteiras do Estado. No ano passado, por exemplo, foi feito um investimento de R$ 25 milhões para passar a atender 18 cidades de outros quatro estados. Dentre os novos mercados, se destacam as regiões metropolitanas de Fortaleza, Goiânia, Salvador e Recife. "Nosso foco neste ano, e em 2016, é rentabilizar o investimento feito nessas cidades e ampliar o espaço nas cidades do interior mineiro, onde já estamos atuando", afirma.


“A CONSTRUCÃO DE UM AMBIENTE INDUSTRIAL INOVADOR DEVE SER O OBJETIVO PRIMORDIAL DE UM PAIS”. Olavo Machado Junior

Aprendemos com o Engenheiro do Ano que a palavra construir tem um sentido muito mais amplo. Nossa homenagem a Olavo Machado Junior. Eleito Engenheiro do Ano 2015 pela Sociedade Mineira de Engenharia.


FÓRUM SME | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Paulo Haddad defende Modelo Endógeno de Desenvolvimento para Minas e o Brasil Jalmelice Luz

O processo de desenvolvimento sustentável de uma região não está na dependência, apenas, de crescimento econômico, mas de um modelo endógeno de desenvolvimento que se traduz na capacidade de organização social e política, que está relacionada a disponibilidade de diferentes formas de capitais intangíveis dessa região. Uma forma de ilustrar como os capitais intangíveis podem contribuir para o desenvolvimento regional é por meio dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), particularmente, promovendo o equilíbrio entre a oferta e a demanda de serviços de inovação. Este é um resumo sucinto de um dos pontos da palestra do ex-ministro da Fazenda e economista Paulo Roberto Haddad, no 4º Painel do Fórum Permanente de Desenvolvimento Sustentável, o último deste ano, promovido pela SME. Participaram como debatedores convidados o economista Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, o engenheiro Paulo Ângelo Carvalho de Souza, o superintendente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (FAEMG), Pierre Vilela, e a engenheira e vice-presidente da SME, Virgínia Campos de Oliveira. Experiência Esse modelo endógeno de desenvolvimento, debatido pelo ex-ministro 12

em várias localidades, foi construído em anos de estudos, de experiências no executivo, de leituras, trabalho de campo e um exame minucioso da história do Brasil e de Minas, a partir da década de 1960. Ele ressalta o elevado crescimento que Minas Gerais obteve nos anos de 1968 e 1970, com uma grande movimentação do capital humano existente naquela época (instituições, pesquisadores, intelectuais, etc.). Essa movimentação gerada pelo inconformismo resultou, na época, na entrada de mais de 400 indústrias no Brasil. Capital humano Na atualidade, os resultados de seus estudos indicam que Minas Gerais e o Brasil estão em um momento de alta demanda e, para tanto, necessitam de uma grande transformação. Ele lembra que a teoria econômica moderna diz que o desenvolvimento se faz com boas instituições, formação de capital humano e circulação de moeda forte. Em situações graves quanto a que o Brasil atravessa, com indicadores sociais, econômicos e ambientais muito baixos, são tomadas apenas medidas incrementais, que provocam pequenas mudanças, insuficientes para gerar resultados, quando o que é preciso é de uma grande transformação, observa.Com boas instituições e uma

dose de inconformismo, será possível mobilizar as entidades de classe, o setor produtivo, o sistema de ensino, entre outras instituições, para analisar e identificar os problemas e criar uma agenda de mudanças. Economia mineira Processo semelhante possibilitou, em décadas passadas, que “Minas Gerais permanecesse dez anos como a segunda maior economia do País. Não precisamos ficar parados achando que o Banco Mundial, o governo federal, ou o ministro mineiro que estiver no governo, vá fazer a mobilização necessária para que haja o desenvolvimento. Ou nós fazemos ou não acontece”, sentencia. Paulo Haddad lamenta que, hoje, a economia mineira é menos desenvolvida, com baixo crescimento, pouco dinâmica, com um PIB que se mantém, há 18 anos, abaixo da média nacional. O que é mais preocupante, porque o Brasil tem o pior desempenho entre os países emergentes. No segundo trimestre desse ano, houve uma retração de 1,9% na economia. A previsão dos especialistas do mercado financeiro e economistas, para 2016, é de mais retração na economia da ordem de 1,2%, aumento do desemprego, inflação de dois dígitos, acima de 10% e baixa produtividade. A prevalência desse cenário poderá


O ex‑ministro da Fazenda e economista Paulo Haddad foi o palestrante do 4º Painel do Fórum Perma‑ nente de Desenvolvimento Sustentável, acompanhado do presidente da SME, Augusto Drummond; do coordenador do evento, Silviano Cançado Azevedo; do arquiteto Celso Renato Gilberti (à direita) e do desembargador Alyrio Ramos (à esquerda), ambos administradores do Fórum.

levar o País, não a uma recessão mais profunda, mas a uma depressão semelhante a de 1929, observa. Minas, segundo ele, precisa crescer, em uma década, bem acima da média nacional. Esse é o desafio. Para isso, serão necessários investimentos altos e não projetos pontuais e de pequena monta, analisa. Municípios deprimidos Haddad apontou que 2.650 municípios brasileiros estão economicamente deprimidos. Em Minas são 180 municípios nas mesmas condições, sobrevivendo do Fundo de Participação dos Municípios, de verbas para a saúde, de transferência de renda de políticas sociais compensatórias. “Vivem da mesada do governo federal. É triste, mas o quadro poderia ser pior, porque um dos problemas do capitalismo, que consegue crescer e ino-

var, é não conseguir distribuir bem a riqueza e a renda, produzindo maior desigualdade social. Sem as políticas compensatórias teríamos um recorte de pobreza africana dentro do Brasil”, avalia. O ex-ministro apontou um estudo que demonstra que o capitalismo cresce em função de ondas de mudanças. Em 1900, houve a eletricidade; em 1950, a polítíca da Opep de controle da produção de petróleo no mundo. Em 1990, a expansão das Tecnologias de Informação e Comunicação e da rede digital, que alavancaram a globalização do capitalismo. A sexta onda, prevista para 2020, entre outros pontos, incluirá o desenvolvimento de uma economia industrial, produção de energia renovável e nanotecnologia verde. Os estados e o governo federal devem estar atentos a esse novo cenário, sugere.

Problemas econômicos Nos estudos realizados, o ex-ministro identificou três graves problemas na economia mineira “que nos leva ao inconformismo. São elas: baixo crescimento econômico por quase duas décadas; baixo PIB per capita localizado nas regiões dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, no Vale São Mateus e em quatro microrregiões do Vale do Rio Doce; a falta de inovação que gera o atraso econômico em vários segmentos produtivos, acompanhados de uma dualidade espacial da economia mineira. Ele alerta que não houve desenvolvimento de infraestrutura para melhorar a condição dos municípios, além do Programa Proacesso no governo Aécio Neves. Algumas regiões que foram prósperas entraram em decadência, o que dificulta a mobilização regional. 13


FÓRUM SME | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Sou pessimista em relação aos próximos três anos, porque a situa‑ ção da presidenta", referindo‑se à presidente Dilma Rousseff, "é de negociar tudo o que for possível para preservar o poder". Ele clas‑ sifica, por exemplo, o Programa Ciência sem Fronteiras, que retirou recursos do CNPq e da Capes, como “um "luxo" do atual governo,

quando os pesquisadores e cientistas é que deveriam ser valorizados.

Ex‑ministro e economista Paulo Roberto Haddad

Há uma apatia, uma inércia estrutural em Minas”. Segundo ele, na endogenia nem sempre surge o inconformismo, mas a apatia”. Segundo Haddad, esses fatores recaem na questão da sustentabilidade ambiental que “não é apenas estética, de gostar dos rios, do verde, mas é, eminentemente, de empobrecimento”. Entretanto, Haddad defendeu segmentos como o de mineração, o agronegócio, especialmente, a pecuária como setores de grandes possibilidades de desenvolvimento do Estado. Medida radical Em resposta a uma indagação de um dos debatedores, o economista Carlos Alberto Teixeira, sobre que medidas tomaria se fosse, hoje, o Ministro da Fazenda, Paulo Haddad diz que faria “uma coisa muito ousada”. Haddad que já ocupou a pasta em outro governo, lembrou que no governo Itamar Franco foi feito um pacto, que foi cumprido, com todas as forças políticas no Congresso Nacional, para controlar a inflação, que estava em torno

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de 26% ao mês, baixando a inflação a 6% ao ano. Dados históricos registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram taxas inflacionárias de mais de 40% ao mês, naquela época, com base na variação do INPC. Ele lembra que a economia voltou a crescer a uma taxa de 5% ao ano. Paulo Haddad diz que tomaria uma atitude muito radical. Faria, também, um acordo político para a retirada de 3% do PIB, antes de enviar o orçamento ao Congresso, que seria o resultado primário para pagamento do serviço da dívida. Medida essa que acomodaria o mercado. Orçamento repetitivo Ele observa que o orçamento brasileiro é repetitivo, quase o mesmo de um ano para outro, contendo “muito penduricalho, muito fisiologismo, muita despesa inventada”. Com o corte no PIB, haveria condições de manter uma reserva que acalmaria o mercado, recompondo o orçamento com déficit zero. O Banco Central poderia baixar a taxa de juros, porque não teria argumento de que o estado

seria deficitário. É ousado isso, reconhece, porque atrás de cada centavo do orçamento “tem um lobby, tem um governador, um prefeito e o movimento social". Haddad observa que para enfrentar essa situação,“tem que ter um estadista, tem que ter um acordo entre todos os partidos, para se fazer um acordo em torno de um programa, e não em torno de interesses fisiológicos, de distribuição de cargos, em torno da corrupção”. Não haveria necessidade de aumento de carga tributária, por exemplo. Mas, para isso, teria que ser uma outra realidade. "Mas sou pessimista em relação aos próximos três anos, porque a situação da presidenta", referindo-se à presidente Dilma Rousseff, "é de negociar tudo o que for possível para preservar o poder". Ele classifica, por exemplo, o Programa Ciência sem Fronteiras, que retirou recursos do CNPq e da Capes, como “um "luxo" do atual governo, quando os pesquisadores e cientistas é que deveriam ser valorizados, finaliza


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ENTREVISTA

ENGENHEIRO DO ANO 2015

Olavo Machado Junior Engenheiro eletricista graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), industrial do segmento de equipamentos elétricos e, pelo segundo mandato consecutivo, presidente do Sistema da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Jr. é o Engenheiro do Ano de 2015. Sua indicação, por membros da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), deve‑se à defesa e valorização incessante da Engenharia para a atividade industrial, como prerrogativa para ganhos de produtivi‑ dade e competitividade. 16


É preciso mudar a cultura de que o engenheiro deve se formar para trabalhar para alguém. Há engenheiros com perfis diferentes. Muitos podem ser empreendedores e

raduado em Engenhara Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (IPUC-PUCMinas), em 1972, Olavo Machado Junior foi escolhido pelos seus pares para receber o Título de “Engenheiro do Ano 2015”, por sua atuação na defesa e valorização da Engenharia como diferencial competitivo para a indústria do Estado.

G

A solenidade de entrega da medalha será, no dia 11 de dezembro, a partir das 20 horas, no auditório do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (SICEPOT-MG), para uma lista seleta de convidados que inclui engenheiros de todas as áreas, autoridades, empresários e representantes da classe política. O Chanceler da Medalha é o ex-presidente da SME (2005/2011), o engenheiro Civil, Márcio Damazio Trindade. Nesta entrevista, o engenheiro que se tornou a maior liderança empresarial do Estado fala da escolha pela Engenharia, do início da carreira como empresário e, também, da agenda repleta de eventos e compromissos como presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), cargo que exerce pelo segundo mandato consecutivo. Atuante, ativo, experiente, Olavo Machado Jr. nunca teve receio de tomar posição, e de expressar suas ideias para defender o setor produtivo. A cada palavra de seus relatos e lembranças, ele reafirma o compromisso com as demandas do setor que representa, entre as quais, está a promoção de oportunidades para a capacitação técnica e comportamental dos jovens engenheiros que, a cada semestre, procuram vagas de

gerar emprego, renda e desenvolvimento.

trabalho na indústria. “Não existe indústria sem engenheiro”, afirma. Otimista, ele acredita que o atual cenário de crise será superado, desde que todos os atores decidam da forma correta, e direcionados para um modelo de desenvolvimento sustentável. Como o Sr. recebe o Título de Engenheiro do Ano 2015? Jamais imaginaria ser indicado para receber tamanha honraria. Quando recebi a comissão de amigos da SME, liderados pelo presidente Augusto Drummond, tentei argumentar que não tinha méritos para tal. Mas tudo que eu quis na vida foi ser engenheiro e ali estava eu, sendo escolhido, pelos meus pares, para ser o Engenheiro do Ano 2015. Minha alegria é muito grande. Eu agradeço a deferência, que muito me orgulha, e afirmo que esse reconhecimento valoriza o trabalho do Sistema FIEMG. Por que o Sr. decidiu ser engenheiro? Certamente, por influência da minha família. Meu pai, Olavo Machado, era técnico em diversas modalidades, autodidata. Havia estudado Odontologia, que nunca praticou, porque sempre se dedicou a tecnologia. Foi sempre técnico, principalmente eletrônico, e dos bons! Durante o período da Segunda Guerra, quando havia dificuldades de importação e não havia similares nacionais, ele mesmo preparava os componentes que precisava. Tinha que inovar e se virar. Naquela época, Eletrônica era com válvulas, mas ele sempre se atualizou. Quando morreu ainda estudava e fabricava equipamentos sofisticados de ultrassom. 17


ENTREVISTA | ENGENHEIRO DO ANO

Da mesma forma, meus tios e irmãos sempre trabalharam com equipamentos elétricos e eletrônicos e a maioria dos amigos da família, que frequentavam nossa casa, era de engenheiros. Minha escolha foi natural porque eu já estava familiarizado com a área. Como foi o início de sua carreira? Mais fácil que o de muitos colegas. Eu tinha base técnica e empresarial, além de incentivo de meus pais e irmãos. Até para conseguir o capital para formar minha primeira empresa, dei sorte. Meu primeiro sócio foi Antônio Carlos Corrêa e seu pai Sr. Chiquito Corrêa - fazendeiro rico e importante na região de Teófilo Otoni - nos financiou. Sempre serei grato pela confiança e carinho com que me tratou. Hoje, infelizmente, os dois são falecidos. Sempre que posso falo com sua esposa D. Edda, que nos apoiou na ocasião, e ainda hoje, me incentiva em minhas realizações. Pessoas muito queridas.

Importante destacar, o então prefeito de Contagem, Newton Cardoso, e que se tornou meu amigo. É a ele que devo o ingresso na política empresarial. Naquela época, ele foi o primeiro a fechar uma fábrica por problemas ambientais, a Cimento Itaú. Depois, quando Newton veio para o governo do Estado, fui presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), onde aprendi muito sobre a importância do Meio Ambiente e da Sustentabilidade. Qual a importância do associati‑ vismo para o Sr.?

Saímos quase do zero, mas tínhamos na sociedade a participação do Paulo Braga, um amigo com o qual convivo ate hoje, também, o meu irão Marco Aurélio, excelente técnico. Formamos uma boa turma, jovens e ousados. Foram bons tempos.

Minha trajetória de atuação nas entidades representativas do setor produtivo, especialmente na área de eletroeletrônica, já tem mais de 30 anos. Estou convicto de que o associativismo e a representatividade são as bases de uma indústria forte.

Por que o Sr. decidiu empreen‑ der?

Hoje, como presidente do Sistema FIEMG e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), faço um trabalho baseado na crença de que o incentivo à geração de novos e lucra-

Das atividades com meu pai na Bell Brasil Eletrônica, em 1965, ao cargo 18

máximo de representação da indústria mineira, sempre carreguei a referência do setor produtivo. O espírito empreendedor, herança familiar, fez com que eu criasse minha primeira empresa aos 25 anos, em 1973.A Machado Correa Engenharia foi a minha base para me tornar uma liderança industrial de Minas Gerais.

tivos negócios, à inovação, à capacitação e o respeito ao meio ambiente são o caminho certo para as empresas que almejam um processo de crescimento sustentável. E a sua relação com a SME? A SME é a casa dos engenheiros mineiros. Em muitas ocasiões, participei de eventos promovidos pela entidade, estamos trabalhando juntos para a realização do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação e, quando solicitado, procuro atender as demandas da Revista Mineira de Engenharia. São muitas histórias memoráveis, mas destaco uma. Certa feita, fui convidado para paraninfar uma turma de formandos em Engenharia Eletrônica da PUC Minas. Eu os recebi para um jantar na FIEMG. Na ocasião, o presidente da SME era o José da Costa Carvalho Neto, que foi um dos convidados para o encontro. Antes de passar a palavra para o José da Costa, falei aos meus afilhados da importância de ser engenheiro e de participar de nossas entidades profissionais. Combinado com o então presidente, anunciei que aqueles que se dispusessem a se filiar na SME, receberiam a isenção da inscrição e a anuidade do primeiro ano. Foi uma maneira de incentivar os jovens a participar dessa tradicional entidade. Muitos aceitaram o convite.


Como o Sr. se tornou uma liderança industrial de MG? Por quais entidades você passou? E como é, hoje, essa liderança? Desde 1978, participo do corpo dirigente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Centro das Indústrias das Cidades Industriais de Minas Gerais (CICI-MG), instituição que uniu forças com o Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (CIEMG). Fui presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC/MG), secretário adjunto de Indústria e Comércio do Estado de Minas Gerais e membro do Conselho Curador da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG). Estas participações mostraram que, se você se propõe a influenciar na mudança de alguma coisa, tem que participar ativamente. Não conheço alguém que se omita e infuencie. Parece até que eu dei de mim mais do que recebi, mas não é verdade. Além da sensação do dever cumprido, tive acessos e construí amizades que me ajudaram e ajudam, ainda muito, em minha vida profissional. Dá trabalho, briga em casa, mas vale a pena. À frente da FIEMG, o Sr. tem valorizado muito a carreira do engenheiro na indústria. Por quê? Não existe indústria sem engenheiro, ou seja, essa é uma carreira essencial para o setor. Se não cuidarmos para que esses jovens estudantes tenham oportunidades na indústria, eles vão procurar oportunidades em outros setores e a indústria ficará a reclamar. A nossa resposta foi a criação dos programas Futuros Engenheiros e Engenheiro Empreendedor. O primeiro promove uma troca de experiências que é positiva para os estudantes, e também, para as empresas, que encontram no mercado profissionais mais qualificados, de acordo com suas demandas. Já o Programa Engenheiro Empreendedor é fruto da parceria entre o Sistema FIEMG e o SEBRAE. A nossa intenção, nesse caso, é apresentar aos estudantes de Engenharia os princípios do empreendedorismo, por meio da oferta de conhecimento sobre negócios para o setor industrial. É preciso mudar a cultura de que o engenheiro deve se formar para trabalhar para alguém. Há engenheiros com perfis diferentes. Muitos podem ser empreendedores e gerar emprego, renda e desenvolvimento.


ENTREVISTA | ENGENHEIRO DO ANO

Além da sensação do dever cumprido, tive acessos e construí amizades que me ajudaram e ajudam, ainda muito, em minha vida profissional. Dá trabalho, mas vale a pena.

No seu entendimento como en‑ genheiro e líder da indústria, qual a importância da Engenha‑ ria para esse setor? Se pararmos para pensar, tudo que nos cerca, feito pelo homem, tem participação da Engenharia. Com uma economia aquecida, como vivemos nos últimos anos, antes de deflagrada a crise política e econômica, experimentamos a falta de profissionais qualificados para atuar na indústria, de uma forma geral. O engenheiro é indispensável para que o setor alcance melhores resultados em produtividade e para as empresas que apostam na inovação, como parte de sua estratégia de desenvolvimento sustentável. Qual a sua expectativa para o futuro do Brasil? O Sr. continua otimista? Sou otimista. O Brasil vive hoje uma grave crise e a indústria tem sido a maior vítima.As consequências dramáticas são a inflação alta, as maiores taxas de juros do mundo, desemprego em crescimento, crise hídrica, crise de energia e o PIB ladeira abaixo. Meu otimismo vem da convicção de que nos20

sas lideranças políticas farão o que precisa ser feito. Nós e toda a sociedade, não abrimos mão dos avanços, duramente conquistados, nos últimos 20 anos, que asseguraram ao País o controle da inflação, políticas sociais transformadoras, crescimento da classe média e redução do desemprego. Em Minas Gerais, precisamos avançar na construção de uma economia e de uma indústria forte, diversificada, moderna e capaz de agregar valor ao produto mineiro. Muito nos orgulhamos da riqueza e variedade dos nossos recursos naturais – ouro, minério de ferro, aço, cimento - mas queremos agregar valor a eles, de forma a ampliar e diversificar nossa pauta exportadora e nos habilitar a conquistar espaços, cada vez maiores, nos grandes mercados mundiais. Enfim, continuo otimista porque, em nome da indústria mineira, entendo a realidade difícil com que nos defrontamos, mas tenho a consciência de que, unidos e coesos, seremos capazes de trabalhar para moldá-la na direção da construção de um Estado e de um País mais fortes, justos e ricos, com a necessária distribuição dos frutos do desen-

volvimento àqueles que, de fato, têm a força para mudar o Brasil – o cidadão brasileiro. Qual é a sua marca pessoal à frente da FIEMG? Acho que é a capacidade de diálogo e o direcionamento de todas as ações para o desenvolvimento sustentável. Diante da crise econômica, política e moral que vivemos, acho necessária a união de todos os segmentos da sociedade na construção do resgate dos valores éticos e do reconhecimento do trabalho e da produção, como geradores do desenvolvimento sustentável para a busca do bem comum. A indústria está pronta para dar sua parcela de contribuição para esse processo. Mas, para ampliar essa contribuição, a indústria precisa contar com ambientes regulatórios e institucionais favoráveis às transformações produtivas e aos investimentos. Buscamos uma economia produtiva, competitiva, e que estimule o desenvolvimento com respeito ao social e ao meio ambiente.Vamos continuar lutando para que a indústria mineira mude de patamar, se diversifique e tenha oportunidades de geração de empregos de qualidade.


História Profissional

em porta-voz do empresariado em diversas frentes. Desde 1978, participa do corpo dirigente da Federação

O envolvimento com a indústria,

das Indústrias do Estado de Minas

desde os 17 anos, surgiu como uma

Gerais (FIEMG) e do Centro das Indús-

forma de trabalho sério e de aproxi-

trias das Cidades Industriais de Minas

mação familiar. Nascido em Belo Ho-

Gerais (CICI-MG), instituição que uniu

rizonte, Olavo Machado Jr. optou por

forças com o Centro Industrial e Em-

uma das principais cidades indus-

presarial de Minas Gerais (CIEMG),

triais do Estado, Contagem, para ins-

entidade do Sistema FIEMG.

talar seu primeiro empreendimento.

Ele também passou por entidades re-

A escolha coincide com a que seu pai

presentativas do setor produtivo,

teve para montar um sítio. Uma in-

principalmente do eletroeletrônico,

dústria e algumas mudas de árvores

trabalha há mais de três décadas com

eram a realização de um sonho de

a convicção de que o associativismo

crescimento familiar. A vontade de

e a representatividade são as bases

possuir o próprio negócio passou a

de um empresariado forte.

andar lado a lado com a ideia de promover o desenvolvimento sustentá-

Como presidente do Sistema FIEMG,

vel do município.

trabalha de forma incansável para unificar os empresários e seus inte-

Depois da Bell Brasil Eletrônia Ltda.,

resses. O incentivo à geração de

Olavo Machado Jr., então com 25

novos e lucrativos negócios, à inova-

anos, investiu na sua primeira em-

ção, à agregação de valor aos produ-

presa. Eram os anos de 1973, e ele

tos industriais e ao respeito ao meio

aprendeu a lição que levaria para

ambiente, fazem parte dos compro-

toda a sua vida profissional: a busca

missos que assume com o empresa-

por resultados deve aliar geração de negócios com responsabilidade socioambiental. Em sua trajetória profissional, o engenheiro participou e participa de mais de uma dezena de diferentes empreendimentos e indústrias que têm como focos principais a inovação e a sustentabilidade.

riado mineiro. Em linha com a atuação do Serviço Social da Indústria (SESI), do Serviço Nacional de Aprendizagem Social (SENAI), do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e da base sindical da indústria, Olavo Machado Jr. enxerga o atendimento às demandas do empresariado como um conjunto coordenado

O posicionamento como empreende-

de ações, que envolvem patrões e

dor e líder foi o que o transformou

empregados.


INAUGURAÇÃO

Hospital Metropolitano vai reforçar a presença do SUS em Belo Horizonte Um dos presentes do aniversário de 118 anos de Belo Horizonte será a inauguração do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, no dia 12 de dezembro. O projeto que tem a maior área construída no bairro Milionários, na região do Barreiro, com mais de 41 mil metros quadrados, vai reforçar a estrutura de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, principalmente no Vetor Norte, com ênfase para a região do Barreiro e municípios de Ibirité, Nova Lima e Contagem, na Região Metropolitana e Belo Horizonte (RMBH). O projeto inclui 470 leitos e capacidade para a realização de 45 mil procedimentos mensais, dos quais 10 mil consultas especializadas, 1400 internações e até 700 cirurgias. No caso do atendimento de traumas, poderão ser realizadas até 12 cirurgias simultâneas. Serão gerados 2,2 mil postos de trabalho, entre profissionais da área de saúde e pessoal de administração e atividades meio. A obra, que começou em janeiro de 2014, demandou aporte de R$ 265 milhões, dos quais R$ 45 milhões da Prefeitura de Belo Horizonte e governo do Estado. Já os R$ 220 milhões restantes foram contrapartida do parceiro privado, a empresa Novo Metropolitano, fruto de sociedade entre a Andrade Gutierrez, Gocil Serviços de Vigilância e Segurança Ltda e Vivante. Desse montante, foram investidos R$ 50 milhões para a aquisição de equipamentos como aparelhos de Raio X, tomógrafos, aparelhos de ressonância magnética e de hemodinâmica. 22

Fabiano Geraldo Pimenta Júnior, engenheiro e secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte

Segundo o secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, engenheiro sanitarista e mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/2005), Fabiano Geraldo Pimenta Júnior, a obra, que está em fase de finalização, é uma Parceria Público Privada (PPP). Entre os diferenciais desse sistema, há o projeto arquitetônico específico para hospitais, modelo de gestão compartilhado entre a administração municipal e a iniciativa privada, e menos burocracia para a tomada de decisão. “Na primeira fase de implantação, serão ativados 69 leitos. Já estamos em negociação com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Estado da Saúde para viabilizar esse processo. Nossa meta é chegar, ao final de 2016, com capacidade máxima”, adianta o secretário. Entre as inovações do atendimento estão 40 leitos para o atendimento de casos de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e mais 80 para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Sinto-me honrado e gratificado por participar de um projeto tão relevante para Belo Horizonte e RMBH. Depois de 70 anos, a


cidade terá a sua estrutura de atendimento de saúde reforçada, com um modelo de gestão moderno e ágil para assegurar a prestação dos serviços”, enfatiza o secretário. O Hospital Metropolitano terá um Conselho de Administração, com representantes do poder executivo municipal, usuários, trabalhadores (via Conselho Municipal de Saúde), Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Associação Brasileira de Enfermagem (ABE) e 2 membros do chamado Novo Mercado, que são profissionais que têm experiência comprovada em Conselhos de outras instituições. “Eles não serão remunerados, o que representa a universalidade e a gratuidade do SUS”, reafirma. A administração municipal será a responsável pelo atendimento e pela contratação dos profissionais da área fim, como médicos e enfermeiros. Já a empresa Novo Metropolitano vai cuidar das chamadas atividades meio, como limpeza, alimentação, rouparia,TI, segurança, logística, controle de medicamentos, manutenção predial e de equipamentos.“Nesse sistema, haverá maior agilidade para tomar as decisões, para garantir a infraestrutura necessária para o atendimento das demandas de saúde da população”, garante Fabiano Pimenta Júnior.

meiro deles é a completa autonomia em energia. "Teremos o fornecimento da Cemig, mas temos um grupo de geradores que pode suportar toda a demanda do hospital", explica. Além disso, há um sistema de Tecnologia de Informação (TI) que permitirá que o estabelecimento funcione sem papel, já que os médicos vão prescrever com certificação e assinatura digitais. Um data center robusto, localizado em sala cofre específica, garantirá a estabilidade do equipamento.

Presidente da Novo Metropolitano e engenheiro civil, Roberto Alencar Correia Ribeiro

O calor gerado pelo ar refrigerado será usado para aquecer a água do hospital. “Essa foi uma condição de projeto. O aquecimento artificial vai completar a temperatura necessária”, adianta.

Parceiro Privado Para o presidente da Novo Metropolitano e engenheiro Roberto Alencar Correia Ribeiro, a empresa executou o projeto que tem diferenciais bastante interessantes. O pri-

O reaproveitamento desse importante recurso natural também foi incluído no projeto.A meta é reutilizar 50% da água. O prédio inclui, ainda, um heliponto e salas multiuso e bibliotecas. 23


EVENTO SME

23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação divulga lista de vencedores Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) realizou, no dia 10 de novembro, a solenidade de entrega do 23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento que foi realizado no auditório da Federação, recebeu o apoio da Cemig Telecom, Sicoob Engecred e da Paiva Piovesan Softwares.

A

Marita Arêas de Souza Tavares, vice-presidente da SME e coordenadora do Prêmio CT&I

A vice-presidente da SME e coordenadora do Prêmio, Marita Arêas de Souza Tavares, lembrou que a iniciativa foi uma proposta da gestão do ex-presidente, Rodrigo Coutinho (1993/1996), para estimular a pesquisa entre os estudantes dos cursos de Engenharia, Arquitetura e Agronomia das universidades mineiras. Em 23 edições, foram apresentados mais de 1600 trabalhos, que são avaliados por três juízes especialistas. “Esta é uma edição especial. Dos mais de 50 projetos de pesquisa inscritos, 29 foram para a segunda fase, pelo nível dos trabalhos apresentados. Mas em toda a sua trajetória, o Prêmio SME de Ciência,Tecnologia e Inovação abre portas para que os graduandos iniciem suas carreiras de uma forma diferente”, afirma. 24

Augusto Celso Franco Drummond, presidente da SME

O presidente da SME, Augusto Celso Franco Drummond, saudou os estudantes que compareceram à cerimônia de premiação e agradeceu o apoio da FIEMG para a realização do evento que, ao fomentar a pesquisa acadêmica, contribui de forma decisiva para a melhoria da qualidade da formação dos futuros engenheiros. “Para a próxima edição, haverá novidade e o foco dos trabalhos será direcionado para os desafios enfrentados pela indústria brasileira”, adianta.

Romeu Scarioli, vice-presidente da FIEMG

O ex-presidente da SME e atual vice-presidente da FIEMG, Romeu Scarioli (2002/2005) ressaltou que a Engenharia é fundamental para que o Brasil reencontre o caminho do desenvolvimento.“A indústria brasileira precisa de competitividade,


Fotos : Alessandro Carvalho

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), em parceria com o Sistema da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) realizou, no dia 10 de novembro, a solenidade de entrega do 23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento, que foi realizado no auditório da Federação, recebeu o apoio da Cemig Telecom, Sicoob Engecred e da Paiva Piovesan Softwares.

produtividade e não há como ter isso sem a Engenharia”, aponta. Ele também cumprimentou a SME pela coerência e perseverança em relação à realização ininterrupta do Prêmio.

Alessandro Fernandes Moreira, professor e diretor da Escola de Engenharia da UFMG

O palestrante da noite foi o diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Alessandro Fernandes Moreira. Ele apresentou o novo modelo de ensino de Engenharia que tem sido empregado pela instituição, Programa ENG 200, que propõe uma nova abordagem do curso para os estudantes, por meio de diversos projetos internos e parcerias com faculdades de Minas Gerais e internacionais.“Estamos em um ambiente de mudanças que deve envolver os alunos para motivar a participação dos professores”, enfatiza. Otávio de Avelar Esteves, professor e coordenador do curso de Engenharia de Energia da PUC Minas

O professor e coordenador do curso de Engenharia de Energia do Campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade de Minas Gerais (PUC Minas), Otávio de Avelar Esteves, recebeu a homenagem da SME em nome da instituição, que apresentou o maior número de trabalhos classificados para a última etapa de avaliação do 23º Prêmio SME de Ciência,Tecnologia e Inovação. O auditório da FIEMG ficou repleto de jovens, futuros engenheiros, que atenderam ao convite da SME para participar da

solenidade de premiação. Foram distribuídos troféus, medalhas, placas e prêmios em dinheiro entre R$ 3 mil (quinto lugar) e R$ 10 mil (primeiro lugar). Dos 29 trabalhos finalistas, três receberam Menção Honrosa. A vencedora da noite foi a estudante do 8º período do curso de Engenharia Civil da PUC Minas – Campus Poços de Caldas, Gizelle Kersul Capaz, 21 anos. Acompanhada pelo pai, José Capaz, a jovem não escondeu a satisfação em receber o Prêmio.“Meu projeto privilegia o desenvolvimento sustentável e a moradia popular”, resumiu. Ela está fazendo estágio na área habitacional da Caixa Econômica Federal (CEF) e pretende dar continuidade ao seu projeto. O pai, José Capaz, consultor ambiental, disse que o foco do trabalho desenvolvido pela filha traduz muito do trabalho que ele desenvolveu, nos últimos 20 anos. “Ela nasceu e cresceu gostando de meio ambiente e viu o problema que deu origem à sua pesquisa em São Tomé das Letras”, comenta orgulhoso. A equipe da Gerência de Especialistas em Sistemas Elétricos de Potência da Universidade Federal de Viçosa (GESEP-UFV) ficou com o segundo lugar na competição. Segundo a estudante Brisa Ribeiro Pechincha, 21 anos, o cheque de R$ 6 mil será usado para comprar novos equipamentos para o laboratório, para o aprimoramento e maior aplicabilidade do inversor multifuncional trifásico/monofásico que eles desenvolveram. O orientador do projeto e coordenador da Gesep, Heverton Augusto Pereira, disse que o setor tem uma equipe de 15 estudantes de Engenharia envolvidos em dez linhas de pesquisas. “A Gerência se assemelha a uma empresa. Temos metas bimestrais e cada um tem a sua especialidade no grupo”, explicou. A participação no 23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação foi pensada com cuidado. “Temos outros projetos, mas esse foi o melhor desse ano. Para 2016, estamos sondando os outros grupos de trabalho. Temos muita coisa boa na gaveta", adianta. 25


EVENTO SME

Mais parecido com um calouro por causa da cabeça quase raspada, o estudante do curso do Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Olímpio Alves da Silva Júnior, ficou satisfeito com o terceiro lugar na competição. “Desenvolvo essa pesquisa desde que ingressei na universidade, para resolver um problema que afeta a atividade agrícola com um sistema que tem aplicabilidade”, explicou. Atualmente, ele faz estágio nessa área.

20, Arnaldo João Bastos Júnior, 23, Luis Felipe Martins

Também alunos da UFU, dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Aeronáutica, Lucas Carrata Oliva,

esse resultado é a recompensa pelo esforço e dedica-

e Silva, 20, Gabriel Gomes de Castro, 18, e Marcela Carneiro Araújo, 20, receberam a menção honrosa pelo trabalho inscrito. O orientador, professor Odenir de Almeida, disse que, além de incentivar os estudantes, o Prêmio SME também motiva muito os professores, para pesquisar soluções aplicáveis. “Esse é um projeto que já tem dois anos de desenvolvimento e ção de todos”, concluiu.

Vencedores do 23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação

O presidente da SME, Augusto Drummond e o vice‑presidente da FIEMG, Romeu Scarioli, premiam Gizelle Kersul, aluna da PUC Minas ‑ Campus Poços de Caldas.

O presidente do Conselho Deliberativo da SME, Ailton Ricaldoni, entrega prêmio aos alunos da UFV, Lucas Santana, Brisa Ribeiro e Guilherme da Mata.

O vice‑presidente da SME, Luiz Henrique Carvalho, entrega a premiação ao aluno da UFU, Olímpio Alves da Silva.

1º LUGAR: Gizelle Kersul Capaz

2º LUGAR: Lucas Santana Xavier, Brisa Ribeiro Pechincha e Guilherme Luis Evan‑ gelista da Mata

3º LUGAR: Olímpio Alves da Silva Júnior

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais ‒ Campus Poços de Cal‑ das (PUC Minas) ‒ Curso de Engenha‑ ria Civil. Trabalho: Aproveitamento do rejeito da extração do quartzito como agre‑ gado para a construção civil: Pro‑ blema socioambiental transformado em casas populares.

26

Universidade Federal de Viçosa (UFV) ‑ Curso de Engenharia Elétrica. Trabalho: Inversores multifuncio‑ nais com saturação dinâmica para sistemas fotovoltaicos conecta‑ dos à rede elétrica.

Universidade Federal de Uberlân‑ dia (UFU) ‒ Curso de Agronomia. Trabalho: Revolvimento do solo seguido de irrigação no controle de Meloidogyne incógnita e na produção de cenoura.


A coordenadora do Prêmio, Marita Tavares, entrega a premiação ao representante dos alunos da UNIFEI, Ricardo Otto Pracuch.

Mérito

O vice‑presidente da SME, Alexandre Maia Bueno, entrega a premiação aos alunos do CEFET‑MG, Roberto Berlini e Alysson Teixeira.

4º LUGAR:

5º LUGAR:

Lorena Marroni Carvalho, Bianca de Almeida Vital Ribeiro, Daniel Maltoni Damasio, João Carlos Rocha e Luisa Bernardes Vargas Lopes

Roberto Berlini Rodrigues da Costa e Alysson Fernandes Teixeira

Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) ‒ Cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Produção e Engenharia da Com‑ putação. Trabalho: Drone Terrestre Trek‑ king C.C”.

Mérito

O diretor da SME, Fabiano Panissi, en‑ trega a placa de Menção Honrosa aos alunos da UFU, Lucas Oliva, Alberto de Faria, Arnaldo Bastos, Eduarda Mascia, Gabriel Gomes, Hugo Marra, Luís Felipe Martins, Marcela Araújo, Messias Neto e Vitor Ribeiro.

Fotos : Alessandro Carvalho

O conselheiro da SME, Alberto Dávila entrega aos alunos do INATEL, Walef Carvalho, Ana Flávia de Almeida e Thiago Vieira, a placa de Menção Honrosa.

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET‑MG), Curso de Engenharia Mecânica. Trabalho: Projeto e caracterização experimental de um sistema de ignição por lança‑chamas para motores de combustão interna ‒ Estudo e desenvolvimento de um sistema alternativo viável indus‑ trialmente.

Mérito

O presidente do Sicoob Engecred, Antônio Dias Vieira, entrega aos alunos do CEFET‑MG, Matheus Brant e Michellie Torres, a placa de Menção Honrosa.

Mérito

O conselheiro da SME no CREA‑MG, Flávio de Azevedo Carvalho, en‑ trega Trófeu ao professor Otávio de Avelar Esteves da PUC Minas, que apresentou o maior números de trabalhos classificados para a úl‑ tima fase de avaliação do Prêmio.

Todos os vencedores receberam da dire‑ tora da Paiva Piovesan, Débora Prota, o software de gestão "Finance V15 Stan‑ dard", desenvolvido pela Paiva Piovesan Softwares, além de ceder duas vagas para estágio remunerado na área de desenvol‑ vimento de softwares para os participan‑ tes do Prêmio.

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SME CT&I

A solenidade teve a participação de lideranças empresariais e políticas, engenheiros, formadores de opinião e diretores da SME

Alberto de Resende Costa, Eustáquio Van Petten e josé Ciro Mota

Ailton Ricaldoni, Aloisio Rolim, José Ciro Mota e Luiz Henrique Carvalho

José Capaz Dutra (pai) e Gizelle Kersul Capaz

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Antônio Humberto, Otávio Esteves, Krisdany Cavalcante e Fabiano Panissi

Eustáquio Van Petten, Augusto Drummond e Antônio Humberto

Alberto Dávila, Augusto Drummond e Romeu Scarioli

Marcílio de Andrade e Alexandre Bueno

Antônio Humberto, Éderson Bustamante, Otávio Esteves e Krisdany Cavalcante

José Ciro Mota, Antônio Dias Vieira e Miguel Angelo Sá


Tales Pimenta, Marita Tavares e Éderson Bustamante

Antônio Geraldo da Silva,Miguel Angelo, Krisdany Cavalcante, José Caldeirani e Werner Rohlfs

Fabiano Panissi e Eustáquio Van Petten

Augusto Drummond, Werner Rohlfs e Krisdany Cavalcante

Sra. Rita Carvalho, Luiz Henrique Carvalho, Ronaldo Gusmão e Aloísio Vasconcelos

Flávio Carvalho e Ronaldo Gusmão

REALIZAÇÃO

Marita Tavares, Ricardo Otto Pracuch e Tales Pimenta

Aloisio Rolim, Alexandre Bueno, Marcelo Marques e Marcílio de Andrade

Augusto Drummond, Marita Tavares, Alessandro Moreira e Jorge Raggi

José Oswaldo Albergaria e Vicente Soares Neto

PATROCÍNIO

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ARTIGO

Novos desafios para a Engenharia Civil * EngºJosé Jerônimo Bastos Amaral

A

queda da Alça Sul do Viaduto dos Guararapes completará um ano e meio em dezembro e, mesmo com indiciamentos, parece não existir uma avaliação definitiva acerca do ocorrido. Desperta a atenção não somente dos profissionais da Engenharia Civil, como também da população em geral, o fato reconhecido de que o conjunto dos viadutos da Av. Pedro I foi todo ele projetado por uma mesma empresa projetista e construído por uma mesma empresa construtora, por demanda de um mesmo órgão público.

cartada uma falha pontual por não ter havido uma ocorrência só, mas, possivelmente, um conjunto delas? Onde houve(ram) falha(s) e qual(is) a(s) explicação(ões) técnica(s) pertinente (s)?

Para a população leiga, a constatação do sinistro sugere que algo não vai bem no tocante aos serviços prestados pela comunidade técnica de engenharia. Afinal, os leigos não têm como promover uma análise técnica mais profunda dos fatos divulgados, exaustivamente pela imprensa que, ressaltamos, também, é leiga no assunto.

• Execução de obras sem a prévia e devida análise dos projetos, mormente com relação a especificações técnicas;

Já, para nós, profissionais da Engenharia Civil, cabe perguntar: O quê, de fato, teria ocorrido? Pode ser des32

Não temos, neste artigo, o propósito de adentrarmos ao ocorrido especificamente no caso do Viaduto dos Guararapes (cujo exemplo é apenas ilustrativo), mas, sim, o de revelar diversas ocorrências com as quais temos nos deparado, ao longo de nossa vivência profissional, de que são exemplos: • Falhas de projeto;

• Falta de conhecimento e de investigação sobre as necessidades de utilização de determinados materiais: tipos de cimento e de aditivos para o concreto, interpretação de resultados de Slump test, etc; • Opção, ao detectar erros, por solu-

ções imediatistas, sem consultar o projetista; • Desconhecimento de procedimentos de controle tecnológico de solos, concreto e aço; • Elaboração de projetos (não rodoviários) que especificam o grau de compactação de solo, mas sequer falam sobre a capacidade de suporte do mesmo; • Uso de tecnologias inadequadas de construção; • Falhas na elaboração da documentação de controle da obra, especialmente os Diários de Obra; • Falha e/ou ausência de planejamento executivo consistente que contribua não somente para a boa consecução dos objetivos, como também para a redução dos custos incorridos na execução; • Adoção de soluções que tendem a priorizar o aspecto financeiro ao invés do técnico. Na atual conjuntura, torna-se imprescindível fazer uma reflexão profunda


sobre o assunto. Procurando por respostas, podem ser destacados aspectos da formação e da prática profissional, por meio da exposição de alguns pontos de vista que, longe de esgotarem o tema e de refletirem verdades absolutas, colocam-se como motivadores para a discussão do assunto nos meios técnicos: • Formação técnica Cabe avaliar se o grande incremento na quantidade de escolas de engenharia no País foi acompanhado por melhoria qualitativa do ensino ministrado, sem perder o foco da objetividade profissional. Verificar em que medida e em que disciplinas o profissional docente deverá possuir, além das habilidades didáticas, conhecimento teórico e prático sobre a matéria lecionada, e em que medida o conhecimento prático exigirá a presença desse docente no mercado

como profissional da engenharia. Analisar se os currículos escolares adotados cumprem a abrangência e, ao mesmo tempo, a objetividade requerida para a futura vida profissional do aluno. Se o currículo desperta o interesse profissional do aluno pelo curso e pela carreira e não apenas pelo diploma. • Falhas de projetos Sabe-se que os profissionais de projeto de antigamente tinham remuneração bem mais vantajosa que a atual, uma vez que os preços praticados eram mais atraentes, permitindo às empresas repassarem um melhor ganho aos seus profissionais. Sabe-se, ainda, que tais profissionais possuíam, talvez por isso, maior afinco no desenvolvimento dos trabalhos. Em projetos, é necessário recuperar

a valorização do trinômio qualidade + valorização + credibilidade. Para tanto, será preciso quebrar o círculo vicioso que envolve este trinômio, com fundamento no princípio de que um projeto bem feito deverá envolver profissionais competentes, prazos exequíveis (trata-se de atividade intelectual) e investigações de campo suficientes para garantir a qualidade, a segurança e a economia, evitandose improvisações na obra. Em contrapartida, as empresas que contratam projetos poderão e deverão rever seus métodos e critérios de contratação, priorizando aquelas empresas de capacidade técnica tal que lhes permitam minimizar a verificação dos projetos recebidos, particularmente na questão relativa ao orçamento para execução da obra, origem de muitos problemas no gerenciamento da execução. 33


ARTIGO

• Execução da obra Deve ser avaliado se o critério de julgamento de concorrências, com base no menor preço, resulta na escolha da empresa mais adequada.Além disso, não se pode confundir apuro na apresentação técnica de propostas com conhecimento técnico do objeto da obra. Neste sentido, seria necessário envolver os organismos de fiscalização (TCU, TCE, etc.) para aprimorar os critérios de avaliação de preços, por meio do estudo da obra à luz do planejamento executivo e não somente com base em preços estáticos. O planejamento executivo apresentado e analisado na fase de concorrência, deverá ser desdobrado, quando da execução em suas diversas fases, com a antecedência necessária para prevenir surpresas no momento da execução, bem como promover melhorias executivas que tenham reflexo na qualidade e/ou produtividade e/ou economia.

todo o processo de implantação, procurando prever as ações com a antecedência possível.Além disso, devem atentar para o registro documental e fotográfico de cada momento da execução, contribuindo para a eventual solução de conflitos futuros. O fato de estarmos passando por um momento delicado dentro da Engenharia Civil deve e necessita ser observado como uma oportunidade de rever as causas de tal situação e, mais do que isso, propor, até onde possível, amplo estudo visando corrigir erros incorridos e estabelecer novos conceitos para a engenharia civil. Estas ponderações pretendem despertar a reflexão dos profissionais para que, com a experiência de cada um, possam surgir contribuições para o engrandecimento da prática da Engenharia Civil em nosso País. Pelo exposto, vemos que há muito a fazer! Mãos à Obra! Esta tarefa é nossa!

A formação técnica dos Oficiais a serem alocados à obra deve ser avaliada com o rigor necessário ao desempenho de suas funções. Os treinamentos relativos à área de medicina e segurança do trabalho, obrigatórios, devem ser estendidos à área técnica. • Gerenciamento e fiscalização da obra A equipe alocada ao gerenciamento e fiscalização deverá possuir capacidade técnica para discutir, em pé de igualdade, soluções técnicas e executivas com a empresa construtora. Para tanto, o dimensionamento desta equipe, em número e em conhecimento técnico, deverá ser feito em função das necessidades físicas da fiscalização, ao invés de se trabalhar com uma equipe com custo limitado a um percentual da execução da obra. A remuneração dos profissionais de fiscalização deverá ser compatível com as funções desempenhadas e com a remuneração de seus pares na empresa executora. Os profissionais da equipe, além do pleno conhecimento técnico da obra, de métodos executivos e de ensaios tecnológicos, deverão ter consciência do seu papel de coparticipantes de 34

*José Jerônimo Bastos Amaral Engenheiro civil pela EEUFMG – Turma de 1.971 Vivências em Cálculo de estruturas de concreto armado, Execução de obras diversas, Fiscalização de obras diversas, Docência universitária e Planejamento de obras para orçamentação. Como sócio da J.Amaral Consultoria tem atuado no apoio à Gestão de obras de saneamento. Coautor do livro “Administração Contratual e Claim”.



ENERGIA FOTOVOLTAICA

Minas Gerais desponta na liderança nacional com projetos de usinas solares ealizado no último dia 13 de novembro, o 2º Leilão de Energia de Reserva 2015 negociou 33 projetos de energia solar fotovoltaica, ao custo total de R$ 4,3 bilhões. Minas Gerais consolidou sua posição de liderança nacional para esse tipo de empreendimento, com nove plantas, das quais duas em Patrocínio, três em Pirapora e quatro em Paracatu. O preço médio ofertado de R$ 297,75 MWh representou um deságio de 21,85% em relação ao teto de R$ 381,00 MWh, estabelecido pelo governo federal.

R

Segundo informações da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os projetos se transformarão em investimentos da ordem de R$ 6,8 bilhões, nos próximos três anos, com capacidade instalada de 1.115 Megawatts-pico. O início da operação das usinas está previsto para 1º de novembro de 2018, com prazo contratual de 20 anos de fornecimento.

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Paulo José Carlos Guedes, secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor)

pamentos para o setor e, também, para a capacitação para a qualificação do maior número de técnicos, a fim de facilitar aos empreendimentos a aquisição de mão de obra qualificada”, explica.

O secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor), Paulo José Carlos Guedes, explica que o estudo que deu origem ao Atlas Solimétrico do Estado, produzido em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais e lançado, em 2012, indicou grande potencialidade dessas duas regiões para a geração da energia fotovoltaica.

A meta principal desses projetos é o desenvolvimento da região Norte de Minas Gerais, considerada o território mais vulnerável do Estado em termos de geração de emprego e renda, justamente em função da instabilidade climática e da sua localização geográfica no semiárido. Por isso, o Estado, por meio da Sedinor, tem procurado alternativas e esta atividade de geração de energia fotovoltaica apresenta um grande potencial por ser sustentável e perene e, ainda, por não depender das condições climáticas.

“Criamos condições diferenciadas para atrair empreendedores para a geração de energia, produção de máquinas e equi-

Mas há resultados bastante positivos na geração e distribuição de energia elétrica, já que esses empreendimentos aumenta-


ADENOR A Adenor iniciou sua atuação no eixo de Energias Renováveis em 2012, em parceria formal com empresas e profis‑ sionais especialistas na área. De acordo com o levantamento feito pelo órgão, o sistema elétrico no Norte de Minas está esgotado em Montes Claros, Januária, Janaúba e Manga, com perdas elevadas de energia, inexistência de linhas de transmissão na Chapada Norte e carga reprimida em toda a região. Foi traçado um plano de ações para o biênio (2015 e 2016), por meio do mapeamento de áreas que poderão ser ex‑ ploradas: 105 áreas de 60ha foram cadastradas até setembro; 120 áreas de 60 ha serão cadastradas até dezembro deste ano; 2 DRO publicados e mais 18 DRO, (Despacho de Requerimento de Outorga) até dezembro. Foram insta‑ ladas 20 estações solarimétricas, neste ano, e 20 projetos cadastrados e habilitados na EPE, para 2016. O potencial da região é para mais de 120 usinas fotovoltaicas de 30MW.

rão em mais de 50% o montante que é comercializado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). “O Estado deixará de ser importador para ser exportador de energia”, comemora. Há ganhos, ainda, em desenvolvimento regional e em oportunidades de negócios para outros segmentos como a indústria metal mecânica, tecnologia energética, aproveitamento de riquezas minerais como o silício e, também, para a área de Serviços. Em postos de trabalho há vagas para engenheiros das áreas Civil, Elétrica, Mecânica,Ambiental, de Produção, etc. Francisco Sá Dois projetos fotovoltaicos da Agência de Desenvolvimento da Região Norte de Minas Gerais (Adenor), localizados na região de Francisco Sá, foram habilitados pela EPE. Esse documento reconhece que os empreendimentos foram planejados da forma adequada em todas as fases. A superintendente executiva do órgão, Márcia Versiani, adianta que as plantas receberão aporte de R$ 150 milhões/usina, com ganhos em geração de oportunidades de emprego, distribuição de renda, melhoria da qualificação profissional da mão de obra regional. “É importante salientar que nos 89 municípios do Norte de Minas Gerais, que integram a área de atuação da Adenor, está previsto a implantação de 120 usinas solares de 30 MW cada uma, sendo que já foram cadastradas pelos proprietários, na Adenor. Os consultores da Agência já estão trabalhando em 104 áreas na região”, adianta.

Márcia Versiani, superintendente executiva da Adenor

Mesmo assim, há um longo caminho a percorrer para tornar essa geração competitiva. A energia gerada a partir das Centrais Geradoras Fotovoltaicas ainda é muito cara, e é inviável vendê-la no ambiente de comercialização livre, competindo com outras formas de energia. Assim, o Governo Federal, por meio dos Leilões, admite pagar um preço acima do preço de mercado para estimular a venda dessa forma de energia, criando a demanda e motivando os empreendedores a investir nesse importante segmento econômico, que visa constituir montantes de reserva energética para garantir a segurança do suprimento ao mercado nacional. Segundo a superintendente, a energia fotovoltaica ainda é cara por não ser largamente utilizada e, também, porque a maior parte dos equipamentos e materiais (cerca de 70% do investimento) é fabricado no exterior.“ Ao gerar demanda pelo produto dos empreendimentos (energia elétrica), os leilões fomentam a cadeia produtiva do setor a marcar presença no Brasil, para transferir tecnologia de ponta e incrementar a atividade industrial no País”, aponta.

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ENERGIA FOTOVOLTAICA

A SOLUÇÃO QUE VEM DO CÉU De 3 KWh a 30 MWh.Versátil, a energia fotovoltaica ocupa lugar de destaque na solução da crise energética que impacta a região Sudeste do Brasil, desde 2013, quando houve redução do volume de chuvas. A energia fotovoltaica não é novidade do século XXI. Ao contrário, esse fenômeno foi observado pela primeira vez em 1839, quando o físico francês Alexandre Edmond Becquerel verificou que a exposição à luz de elétrodos de platina ou prata resultava nesse tipo de efeito. A primeira placa data de 4 de fevereiro de 1873 e, a partir daí, as pesquisas sobre essa fonte de energia não pararam mais. O Brasil despontou para esse tipo de energia no início da década de 1990, quando foi regulamentada a instalação desse sistema em locais afastados, onde o custo-benefício da operação fosse mais competitivo que o da expansão da rede convencional de fornecimento de energia elétrica. Na época, Minas Gerais e Bahia foram os principais Estados contemplados, com plantas em residências, escolas e unidades hospitalares. Bruno Marciano Lopes, engenheiro de Tecnologia e Normatização da Gerência de Alternativas Energéticas da Cemig

tovoltaica, essa variante deve cair, o que vai popularizar o acesso”, afirma. Segundo nota técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão é de que, em 2025, 600 mil consumidores residenciais e comerciais já tenham esse sistema instalado. Hoje são 4 mil unidades geradoras no Brasil. Até lá, o País terá tempo para se adequar. “Cada aspecto do setor elétrico precisará ser revisitado, revisto ou até mesmo reformulado por causa dessa mudança nos aportes em energia. Das questões técnicas e de segurança para usuários e eletricistas, projetos, expansão energética e de infraestrutura, até as relações com os clientes e modelos de negócios ganharão novo escopo”, adianta. No caso das usinas solares, o prazo de execução da obra é um diferencial a ser considerado. Enquanto uma hidrelétrica demanda cinco anos em média para entrar em operação, as plantas fotovoltaicas ficam prontas em um ano e podem aliviar a demanda pelas termelétricas. “Com a ampliação da capacidade instalada e potência de energia, as termelétricas que deveriam operar na contingência, passaram a operar na base. Como trabalham, permanentemente, se tornam mais caras. Nesse cenário, há viabilidade para as fotovoltaicas e o custo cai”, enfatiza. 30 anos

Após a ameaça de “apagão”, no início dos anos 2000, houve a necessidade de fazer um “Plano B” para a matriz energética nacional, até então baseada apenas nas hidrelétricas. Segundo o engenheiro de Tecnologia e Normatização da Gerência de Alternativas Energéticas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Bruno Marciano Lopes, as oportunidades têm aumentado desde então.

A Cemig já estuda a energia fotovoltaica há 30 anos. Segundo o engenheiro, há projetos tecnológicos em andamento desse tipo de energia, que foram apresentados à Aneel no P&D da Chamada Estratégica nº13 da Agência. Um deles é fruto de parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Efficientia (Grupo Cemig), Cemig, Copel, TBE e Serra do Facão, que estudam todos os aspectos relacionados a esse tipo de negócio, que ganha novo escopo.

“Temos viabilidade dessa conexão, a geração é muito versátil e pode atender residências ou unidades industriais. Enquanto a tendência é de aumento de preços da energia, nos próximos anos, no caso da energia fo-

“Tinha um modelo onde o cliente comprava da distribuidora e pronto. A Efficientia vai fazer o contrato onde ela construirá a usina e o cliente apenas alugará a instalação. O relacionamento será por meio da compensação de energia”, conclui.



CARREIRA | CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS Sem editais para inscrição, o programa pode cair no esquecimento A matéria de capa da 12ª edição (março de 2012) da Revista Mineira de Engenharia foi a entrevista com a presidente Dilma Rousseff sobre o Programa Ciência Sem Fronteiras. Neste ano, justamente quando o governo federal definiu o slogan da “Pátria Educadora” como principal direcionamento para o segundo mandato da governante, a pasta sofreu um corte de R$ 9,4 bilhões no ajuste fiscal de maio. No caso do Ciência sem Fronteiras, o montante reservado para 2016 será de R$ 2,1 bilhões, quase a metade do recurso deste ano. Embora anunciada pela presidente, a segunda fase do programa com mais 100 mil bolsas concedidas, entre 2015 e 2018, ainda não saiu do papel já que a divulgação dos editais para inscrição foi interrompida. Em novembro, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento à inovação do Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação (MCTI), firmou acordo para zerar, até 2019, a alocação da reserva de contingência de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), formado por contribuições setoriais, principal fonte orçamentária da pasta.

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fico e Tecnológico (CNPq), agência ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – outro corresponsável pelo programa – garante o cumprimento de todos os compromissos já assumidos e a implementação de 22 mil bolsas, em 2016. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), outra financiadora do programa, também pretende cumprir a meta para o próximo ano. No entanto, os benefícios devem priorizar os cursos de pósgraduação. Avaliação Em julho deste ano, o programa Ciência sem Fronteiras ganhou espaço de destaque na programação da 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Os dados apresentados por representantes da Capes e CNPq dão conta de que a iniciativa atingiu sua meta global, com a concessão de 101.446 bolsas, entre 2011 e 2014.

Para 2016, o Fundo já anunciou que deixará de direcionar recursos para os programas não relacionados diretamente com a inovação, como é o caso do Ciência sem Fronteiras. A meta, no caso, será o setor produtivo nacional.

Delas, 78% na modalidade de graduação, com enfoque para as áreas de Engenharia, Ciências Biológicas e de Saúde. Os futuros engenheiros de diversas áreas ficaram com cerca de 34,6 mil bolsas.

O Ministério da Educação (MEC) garantiu que as bolsas dos 35 mil alunos que ainda estão no exterior serão mantidas. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí-

Os Estados Unidos receberam 32,7 mil bolsistas. O Reino Unido, 11,4 mil. Já o Canadá, 8 mil. A França veio a seguir com 7,7 mil e a Austrália com 7,5 mil.


“Fazendo uma reflexão, avalio que a experiência do Ciência sem Fronteiras é única em todos os sentidos, tanto no âmbito profissional, quanto no acadêmico e pessoal”

Marcelo Paione Mota, 24 anos. Há um ano e cinco meses ele está morando no Canadá, para estudar na University of Victoria (UVIC), na cidade de mesmo nome, em British Columbia. Até o final de 2014, mais de 40 mil bolsistas do CsF já haviam retornado ao Brasil. Até dezembro de 2015, mais 32 mil egressos do programa e, entre julho e dezembro, viajam 14.050 estudantes de graduação das últimas chamadas da modalidade da primeira fase do programa. Apesar do descompasso inicial em articular as atividades, o programa teve resultados positivos. Um deles é o Idioma sem Fronteiras (IsF), criado e coordenado pelo Ministério da Educação para promover o aprendizado dos idiomas. A iniciativa também contribuiu para o fortalecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e os diversos países participantes, e qualificou o currículo dos bolsistas participantes.

dos bolsistas. Uma pesquisa realizada pelo DataSenado, a pedido da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), apurou que 92% de um universo de 14 mil estudantes entrevistados, que fizeram o intercâmbio internacional se declararam satisfeitos com os resultados propiciados pela experiência.

Custo‑benefício

Um deles é o estudante de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marcelo Paione Mota, 24 anos. Há um ano e cinco meses ele está morando no Canadá, para estudar na University of Victoria (UVIC), na cidade de mesmo nome, em British Columbia. “Fazendo uma reflexão, avalio que a experiência do Ciência sem Fronteiras é única em todos os sentidos, tanto no âmbito profissional, quanto no acadêmico e pessoal”, afirma.

Embora criticado pela classe política nacional pelo seu custo-benefício, o programa Ciência sem Fronteiras tem uma excelente análise por parte

Durante esse período, ele fez um Co-op, como é chamado o estágio obrigatório para todos os bolsitas, na Brookfield Renewable Energy

Group. “Este estágio agregou um enorme valor na minha formação profissional, o que, com certeza, fará diferença quando eu entrar no mercado de trabalho”, pontua. Além disso, a oportunidade de conhecer o método pelo qual a Engenharia é ensinada em um país de referência, como é o caso do Canadá, é extremamente recompensadora para um jovem que busca uma graduação com alto nível de excelência, segundo o estudante que detectou semelhanças com a didática e modelo de gestão da Escola de Engenharia da UFMG. “Os laboratórios aos quais os alunos têm acesso na UFMG e os professores do departamento de Engenharia Elétrica não estão atrás da estrutura canadense. Digo, com propriedade, que a UFMG tem os padrões de professores e estrutura de primeiro mundo. Fico muito orgulhoso e contente por isso”, declara. 41


CARREIRA | CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

“Os estudantes de En‑ genharia têm um papel chave para ajudar a re‑ pensar como podemos inovar no nosso País e alcançar o desenvol‑ vimento tão esperado por todos”

Para ele, não há como medir os resultados de um programa do gênero a curto prazo. “Daqui a alguns anos, o Brasil formará engenheiros com padrão superior e capazes de suprir as demandas nacionais de mão de obra capacitada”, ressalta. A falta de foco no programa é um problema apontado para a sua interrupção. No entanto, para o futuro engenheiro, no Canadá, o programa é altamente estruturado. Nesse caso, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o The Canadian Bureau for International Education (CBIE), custeara todos os gastos com auxílio, mensalidades da universidade e seguro-saúde, com repasses nas datas 42

acertadas pelo contrato assinado entre as partes.

cançar o desenvolvimento tão esperado por todos”, analisa.

O estudante não tem dúvidas de que terá chances reais de aplicar os conhecimentos adquiridos no Canadá, no Brasil. “Essa experiência me amadureceu muito e acredito que serei capaz de solucionar os desafios que estão por vir na minha vida acadêmica e profissional”, adianta. Otimista, ele acredita que terá oportunidades de trabalho no Brasil, mesmo com o cenário de crise, pela qualidade da sua formação.

Um caminho pode ser o associativismo. A associação de jovens à SME e a CPE Júnior podem inserir os estudantes da área em discussões mais próximas da realidade da carreira que pretendem seguir.

Para ele, a mobilização dos jovens é importante para construir um futuro melhor para o Brasil. “Os estudantes de Engenharia têm um papel chave para ajudar a repensar como podemos inovar no nosso País e al-

Mas tudo começa com o investimento na qualidade da educação profissional. Para o estudante, apesar de problemas para a seleção de bolsistas e de valores financeiros envolvidos nesse processo, o esforço é válido se alavancar o desenvolvimento do País a médio e longo prazos. “O corte demostra que o País não está dando a devida importância para a educação”, lamenta Marcelo Mota.


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ARTIGO

PEDALADAS NAS OPORTUNIDADES *José Ciro Mota sociedade brasileira está sendo chamada a participar ativamente na mudança dos modelos político, econômico e social, instituídos nos anos seguinte à Ditadura Militar. A abertura democrática nos trouxe a oportunidade de vivermos um Brasil com crescimento econômico, com a participação popular em movimentos sociais, e a atuação de lideranças empresariais com forte presença na política partidária; o surgimento de novas lideranças políticas e grandes oportunidades de trabalho e negócios em um mercado cobiçado pelos países industrializados.

A

Experimentamos governos com modelos desenvolvimentistas, mas sem os fundamentos necessários para elevar o Brasil à condição de primeiro mundo. A atual crise brasileira tem na sua essência o esgotamento de um modelo político, onde o aparelho estatal permeia toda a atividade econômica. Não há mais espaço para um modelo econômico 44

de um ‘Estado Forte’ na economia, como é o nosso caso.

mentos necessários precisará de reformas estruturais significativas.

Considero que este momento histórico é fundamental para a construção de um Brasil mais conectado com a nova ordem mundial. Temos que pensar o Brasil com as reformas política, econômica e social.

A globalização da economia derrubou fronteiras, aproximando diferentes culturas, línguas e costumes, criando um mundo inteiramente novo e diferente. Os dirigentes governamentais tornam-se preocupados com a competitividade econômica de suas nações, enquanto os líderes das grandes organizações se voltam para a competitividade organizacional em uma economia globalizada.

A política partidária terá uma renovação nos seus quadros com maior participação dos empresários, dos jovens e das mulheres. O resultado das próximas eleições proporcionais será fortemente impactado pela redução do período de campanha, pelo troca-troca partidário, pela eliminação do financiamento empresarial, pela mudança na forma de cálculo de preenchimento das vagas e pela provável renovação do parlamento. A economia será fruto de um grande exercício de posicionamento do 'Novo Estado'. O problema é que o PIB do Brasil não vai crescer de maneira mais acelerada, e o País, para receber os investi-

O mundo globalizado oferece, de um lado, oportunidades inéditas de prosperidade econômica, de outro lado, é extremamente exigente no preparo dos países para usufruir das novas oportunidades. A globalização é um fenômeno mundial e irreversível, favorável aos países desenvolvidos, que podem aproveitá-la com maiores benefícios, do que para os países emergentes. Os Estados Unidos e o Japão praticam um protecionismo sofisticado por meio de sobretaxas e controle de


qualidade e são os maiores beneficiários da globalização. A globalização é fundamental, mas com cautela necessária, o maior desafio atual é criar um sistema para maximizar o crescimento global, que seja mais equitativo, capaz de integrar as potências econômicas emergentes. A mundo globalizado está criando uma situação para que o administrador tenha capacitação profissional e mobilidade para desempenhar suas atividades, em um mundo de negócios que requer dele a compreensão de outras culturas. O novo desafio da globalização não é mais um simples campeonato nacional ou sul-americano. É uma verdadeira olimpíada mundial. O novo papel das empresas torna-se vital nesse contexto. Faz-se necessário desenvolver canais de acesso das pequenas e médias empresas ao mercado global; estabelecer uma política industrial consistente, com a participação efetiva do estado, construindo mecanismos de financiamento para os programas de pesquisa e desenvolvimento, na formação profissional e investimentos no parque industrial. A reforma e a reorientação da política social são dimensões necessárias à democracia nas sociedades modernas, e estão estreitamente ligadas aos valores da equidade. No quadro institucional, as políticas sociais integram um sistema de ação complexo,

resultante de inúmeras causalidades e distintos atores em campos de ação social e pública: proteção contra riscos, combate à miséria, desenvolvimento de capacidades que possibilitem a superação das desigualdades e o exercício pleno da cidadania. Nesse sentido, elas são instrumentos institucionais forjados com o objetivo de assegurar a cada um as condições materiais de vida, que permitam ao cidadão exercer seus direitos sociais e cívicos. “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia” esta é a grande verdade na qual nós brasileiros nos encontramos: perplexos diante da realidade que está estampada nas redes sociais, jornais, revistas, discutida nas mesas dos bares, nas reuniões de trabalhos, no cotidiano de homens, mulheres, jovens, e até das crianças. Porém, surge a grande oportunidade de todos os brasileiros fazerem as suas escolhas. O que queremos ser? Para onde queremos ir? São perguntas que merecem respostas para os pais de famílias, para os jovens, os trabalhadores, os empresários, para a sociedade. Certamente, trilhando outros caminhos, o Brasil será muito melhor que até então. Nunca antes se mobilizou tanto a sociedade brasileira para temas relevantes de construção de um novo modelo político e econômico. A solução virá com a participação efetiva da engenharia nacional, das empresas de engenharia com tecnologias reconhecidas no territó-

rio nacional e internacionalmente, de seus engenheiros altamente capacitados, das escolas de formação técnica e das universidades, com os mestres e doutores. Tudo isso acrescido da mudança do modelo econômico atual e de reformas necessárias, com políticas de sustentabilidade eficazes e transparentes, dentro de um modelo de crescimento orientado por novas lideranças políticas. As oportunidades batem à porta da população brasileira, com um apelo decisivo: precisamos de mudanças para construir um País mais moderno e mais equânime.

José Ciro Mota, Engenheiro Civil formado pela FUMEC, pós-graduado em Urbanismo pela UFMG, Vice Presidente da SME, Diretor da CIEMG/FIEMG, membro do Conselho de Consumidores da CEMIG, membro do Conselho de infraestrutura do Governo de Minas Gerais e Diretor Executivo da NOENovas Opções Energéticas. 45


CAPACITAÇÃO | ENGENHARIA

FIEMG lança o Programa Engenheiro Empreendedor O processo de qualificação da mão de obra na área das Engenharias é uma das marcas do trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), nos últimos cinco anos. E não poderia ser diferente porque essa importante área do conhecimento está na base da atividade produtiva, por meio do desenvolvimento de soluções para os problemas que comprometem a produtividade e a competitividade das empresas. Além do apoio a eventos e prêmios, como é o caso do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação, a entidade que representa o setor produtivo de Minas Gerais também tem 46

desenvolvido cursos de capacitação direcionados para os estudantes das Engenharias. A meta da Federação é chegar a 2033, ano do seu centenário, com 5 mil novos profissionais qualificados para atuar na indústria, em seus diversos segmentos. Segundo o superintendente de Desenvolvimento Industrial da FIEMG, Adair Evangelista Marques, a parceria entre SME e a Federação é uma aposta no futuro dos profissionais e, consequentemente, do País. “O trabalho de capacitação de mão de obra não é de curto prazo. Sem a colaboração entre as entidades não conseguiremos ter competitividade”, ressalta.

A carreira de engenheiro oferece alternativas. Por isso, a FIEMG acaba de lançar o curso Engenheiro Empreendedor, fruto de uma parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG), para os estudantes que pretendem seguir o caminho do empreendedorismo. “O SEBRAE-MG tem uma grande tradição na formação empreendedora do engenheiro e essa é uma possibilidade de carreira que demanda capacitação especial”, avalia o gestor. Inicialmente, serão abertas duas turmas com 30 alunos cada. O processo de seleção envolveu 300 candidatos.



Superintendente de Desenvolvimento Industrial da FIEMG, Adair Evangelista Marques

A parceria entre SME e a Federação é uma aposta no futuro dos pro‑ fissionais e, consequentemente, do País. O trabalho de capacitação de mão de obra não é de curto prazo. Sem a colaboração entre as entidades não conseguiremos ter competitividade.

Nesse programa, o estudante vai aprender como funciona o processo de abertura de uma empresa, quais as responsabilidade do empreendedor e as vantagens para investir no próprio negócio. Outra parte do programa acontecerá no Laboratório Aberto do Senai, onde os estudantes poderão resolver problemas e desenvolver novos produtos e serviços. Prototipagem, análise técnica de desenvolvimento de processos industriais e mentoring de empresários da indústria, também, fazem parte do curso. Ao final, a FIEMG vai promover uma rodada de negócios para colocar as startups em contato com fundos financiadores para incentivar investimentos nessas novas ideias.“Todas as universidades participam do pro-

grama. Nossa próxima meta é levar o curso para o interior do Estado”, adianta. Futuros Engenheiros Implantado há três anos, esse importante programa da FIEMG coloca à disposição dos estudantes da área os laboratórios e oficinas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para que os jovens apliquem, na prática, os conhecimentos adquiridos na sala de aula. Segundo o gestor, esse programa também inclui disciplinas comportamentais como trabalho em equipe, planejamento e desenvolvimento pessoal (gestão da carreira), em um total de 12 módulos, que serão necessários para o profissional ingressar na atividade industrial.

No dia 17 de dezembro, a terceira turma do Futuros Engenheiros vai se formar, com 370 participantes. “Também colocamos a disposição do estudante toda a estrutura do Sistema Fiemg para a qualidade de vida e trabalho, por meio do Serviço Social da Indústria (SESI)”, complementa. No Instituto Euvaldo Lodi (IEEL) o estudante pode aprender mais sobre questões tributárias, trabalhistas, meio ambiente e sustentabilidade, que são fundamentais para um novo perfil de engenheiro para a indústria. Formar a próxima turma, que começará as aulas, em janeiro de 2016, não foi fácil. No terceiro dia de inscrições, 700 candidatos se inscreveram para o projeto, sendo que não houve divulgação oficial na mídia, de acordo com Marques. 48


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CDS | SME

COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Virgínia Campos, Vice-Presidente da SME e Coordenadora do CDS/SME

O modelo econômico do setor elétrico Nessa edição, nossa Coluna publica o resumo do artigo escrito pelos colegas Wilson Barbosa Filho, Abílio Azevedo e Mariana de Paula e Souza cujo conteúdo, na íntegra, está disponível no site da SME (www.sme.org.br ). O artigo apresenta uma síntese das instalações em operação e em construção de usinas de geração de energia elétrica em nosso Estado e potenciais de diferentes fontes de energia renovável. Apresenta, também, os dados da Matriz Energética Mineira (20072030) e os Cenários (referência e alternativo) que apontam para a necessidade do Estado em importar energia, a partir de 2025. Com base nessas informações, o texto visa promover uma discussão sobre a pequena participação de empreendimentos mineiros nos leilões de energia do Governo Federal, no período de 2007 a 2015, e os possíveis gargalos. A utilização de energia renovável em Minas Gerais é histórica, de muito antes da adoção dos atuais conceitos relacionados ao tema. O serviço de energia elétrica no País iniciaram a partir do final do XIX. Em 1883, registra-se a implantação do primeiro aproveitamento hidrelétrico do Bra50

sil na mineração Santa Maria, em Diamantina, e, em 1889, a primeira hidrelétrica voltada para serviços urbanos, a PCH Marmelo Zero, no Rio Paraibuna, município de Juiz de Fora. Desde então, tivemos um grande avanço para tratar dessa questão, não só em relação ao entendimento de conceitos mas, sobretudo, pela inovação na adoção de outras tecnologias como a geração de energia por meio dos empreendimentos eólicos e fotovoltaicos que, juntamente com as PCHs, possibilitam um sistema de fornecimento mais competitivo e seguro, por terem características de complementariedade sazonal. O artigo também nos leva a uma reflexão sobre o atual modelo econômico do setor elétrico, que não maximiza a utilização das diversas fontes para a geração de energia elétrica, desperdiçando a diversidade e a localização dos recursos naturais disponíveis, não só no território mineiro quanto no nacional. Essa visão poderia auxiliar também o desenvolvimento social regional, visto existir grande potencial energético, a exemplo da energia solar fotovoltaica, em regiões mais carentes de desenvolvimento socioeconômico.


Discussões sobre o desenvolvimento sus‑ tentável por meio de fontes renováveis na matriz elétrica do Estado de Minas Gerais Wilson Pereira Barbosa Filho Fundação Estadual do Meio Ambiente wilson.filho@meioambiente.mg.gov.br

Mariana de Paula e Souza Supram Central mariana.souza@meioambiente.mg.gov.br

Abílio César Soares de Azevedo Fundação Estadual do Meio Ambiente abilio.azevedo@meioambiente.mg.gov.br

1. INTRODUÇÃO A matriz elétrica brasileira é formada em sua maior parte pela fonte hídrica, que corresponde a cerca de 87% de toda eletricidade produzida no país, porém o crescimento da demanda, a escassez hídrica e as restrições socioeconômicas e ambientais à expansão do sistema elétrico, indicam que o suprimento futuro de energia elétrica exigirá maior aproveitamento de fontes alternativas para complementaridade da matriz. Para que ocorra o crescimento nacional, seja no âmbito econômico ou social é primordial o desenvolvimento das atividades de geração de energia elétrica, desde que respeitem o princípio constitucional do desenvolvimento sustentável. Os principais desafios para promoção do desenvolvimento sustentável são expandir o acesso a preços acessíveis, o fornecimento de energia confiável e adequado, uma matriz energética diversificada com expansão do uso de fontes renováveis e o aproveitamento racional dos recursos naturais. A implantação de políticas públicas para a energia procedem por conta de estratégia básica e seu propósito de contribuir para o desenvolvimento sustentável, introduzindo políticas destinadas a implementar estratégias e instrumentos de ação. As políticas podem apoiar o desenvolvimento sustentável por: encorajar a eficiência energética; acelerar a utilização de energias renováveis; e ampliar a difusão e utilização de outras tecnologias avançadas de energia. Segundo Jefferson (2000), com a aplicação de políticas, e de regulamentos, os mercados podem alcançar muitos destes objetivos. Mas onde os mercados não funcionam ou onde eles não conseguem proteger os benefícios públicos importantes, o governo deve aplicar políticas, programas e regula-

mentos para alcançar objetivos pretendidos. As estratégias para incentivar o desenvolvimento da energia dentro do contexto sustentável requerem mais amplo reconhecimento dos desafios que enfrentamos e forte compromisso com políticas específicas. As estratégias incluem: • fazer com que os mercados funcionem melhor, reduzindo as distorções de preços, incentivando competição, e remoção de barreiras à eficiência energética; • complementar a reestruturação do setor de energia com normas para incentivar o uso de energia de fontes renováveis; • mobilizar investimentos adicionais em energia de fontes de energias renovávéis e geração distribuida; • acelerar a inovação tecnológica em todas as fases da cadeia de energia; • apoiar à liderança tecnológica por meio da transferência de tecnologia e construção de capacidades humanas e institucionais; • incentivar aumento na cooperação internacional. Usada de forma segura e com sabedoria, a energia pode dar uma contribuição poderosa para o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, este artigo tem como escopo propor discussão sobre a expansão do uso da energia de fontes renováveis na matriz elétrica mineira visando auxiliar o desenvolvimento sustentável nos territórios de desenvolvimento do Estado de Minas Gerais. Este artigo está disponível na íntegra no site da SME, basta acessar o link: www.sme.org.br/artigofontesrenovaveis

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Alessandro Carvalho/Sinduscon‑MG

SINDUSCON‑MG

Nova diretoria do Sindicato já está trabalhando DIRETORIA DO SINDUSCON‑MG ‑ Vice‑presidente de Obras Industriais e Públicas, Ilso José de Oliveira; vice‑presidente de Comuni‑ cação Social, Evandro Veiga Negrão de Lima Junior; ex‑presidente, Luiz Fernando Pires; presidente, Andre de Sousa Lima Campos; vice‑presidente de Política, Relações Trabalhistas e RH, Walter Bernardes de Castro; vice‑presidente da Área Imobiliária, José Francisco Couto de Araújo Cançado; 1º Vice‑Presidente, Geraldo Jardim Linhares Júnior; presidente do Seconci‑MG e vice‑presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sinduscon‑MG, Eduardo Henrique Moreira.

Cerca de 500 pessoas entre lideranças da indústria da construção civil, políticos, representantes de órgãos públicos e autoridades participaram, no último dia 29 de outubro/15, da solenidade de posse das diretorias do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e do Serviço Social da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (SeconciMG), braço social do Sindicato, em Belo Horizonte. A entidade vai comemorar 80 anos de atuação, em 2016. Entre os convidados estiveram o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, o vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Délio Malheiros, o presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior, o presidente da CDLBH, Bruno Falci, o ex-presidente do Sicepot-MG e atual vice-presidente da CBIC,Alberto Salum, o ex-presidente do Seconci Brasil, José Augusto Florenzano, e representando o governador de Minas Gerais, o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Murilo Valadares. Em seu pronunciamento, o ex-presidente do Sinduscon-MG, Luiz Fernando Pires ,agradeceu a colaboração de todos durante os seis anos de sua gestão à frente da entidade. “Foi uma grande ex52

periência que me fez crescer muito”, ressaltou. Pires também destacou o trabalho já realizado por André Campos no Sindicato, como um prenúncio do que será realizado nos próximos anos. O engenheiro civil, o empresário (da Construtora Emccamp Residencial S.A.), Andre Campos, frisou que o momento demanda união dos construtores, para recolocar o País novamente em uma rota de crescimento. Ele assegurou, ainda, que sua gestão será pautada em projetos estruturantes que promovam melhorias para construção civil e para o desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais. “Vamos levantar todos os entraves. Será uma gestão propositiva. Cada entrave vai ser transformado em projeto e vamos batalhar por eles”, afirmou. O presidente reeleito do Seconci-MG, braço social do Sinduscon-MG, Eduardo Henrique Moreira, falou sobre a atuação da entidade e os serviços oferecidos para os trabalhadores do setor e seus familiares. Somente de janeiro a setembro deste ano, foram quase 208 mil ações. “O Seconci-MG é exatamente aquilo que qualquer indústria e qualquer empresário sério gostaria de fazer. Hoje, a Indústria da Construção Civil, mesmo

com todas as dificuldades atuais do País, consegue mostrar estes números ”, salientou. Muitos jovens marcaram presença na solenidade, que empossou, também, o novo presidente do Sinduscon-MG Jovem, Daniel Katz. Contexto Andre Campos assumiu oficialmente a presidência, em 1º de setembro, em um dos piores cenários da economia do País, após o grande “boom” de 2008 a 2009.Além dos fortes reflexos da retração no segmento, o setor ainda enfrenta outros gargalos como burocracia, atraso na aprovação de documentação e projetos, atrasos no Programa Minha Casa, Minha Vida, entre outros. Em seu pronunciamento, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, destacou a boa relação do Poder Executivo com o Sinduscon-MG e pontuou que é importante que os empresários militem, por meio de suas entidades. Já o representante do governo estadual, Murilo Valadares, falou sobre a necessidade de aprovar uma nova legislação para os processos de licitação ambiental, para dar maior celeridade aos projetos.


Prêmios são uma excelente maneira de reconhecer competência. De competência, o Engenheiro do Ano 2015 entende melhor do que ninguém.

Empresário, presidente da FIEMG, presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG, presidente do Conselho Regional do SENAI, diretor e presidente do Conselho Regional do SESI, diretor da CNI, presidente do COINFRA e agora “Engenheiro do Ano 2015” pela SME. Nossa justa homenagem ao Eng. Olavo Machado Junior, eleito Engenheiro do Ano, em 2015, pela Sociedade Mineira de Engenheiros – SME.

engecred.com.br

A cooperativa de crédito que é a sua cara.


JOVEM ENGENHEIRO | RAFAEL MOTA SANTA BÁRBARA

Conhecimento técnico e relacionamentos sustentáveis, para criar uma empresa de sucesso

Engenharia é uma área do conhecimento que permite o encontro de profissionais de diversas gerações. O ambiente de aprendizado, quando harmônico e bem conduzido, pode gerar, inclusive, oportunidades para os jovens engenheiros, que todos os anos ingressam no mercado de trabalho, com expectativas e sonhos de uma vida inteira para realizar.

A

Graduado no primeiro semestre deste ano pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), o engenheiro eletricista Rafael Mota Santa Bárbara, 25 anos, iniciou a sua carreira profissional como empreendedor. Mas ele não está sozinho nessa empreitada, que exige conhecimento técnico e feeling apurado para encontrar oportunidades de negócios, em um cenário que tem se mostrado adverso. 54

Juntamente com o engenheiro eletricista, com ênfase em Eletrônica e Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações de Santa Rita do Sapucaí, e atual diretor da Engelcamp Engenharia Elétrica, Roberto Rodrigues Ayres, Rafael Santa Bárbara é sócio da Editec Instalações Elétricas, especializada na prestação de serviços nas áreas de manutenção em subestação, quadros elétricos, reparo de bombas d’água, instalação de sistemas elétricos para condomínios. “Roberto Ayres foi o meu orientador, quando fiz o meu primeiro estágio, na Engelcamp. A nossa relação me rendeu um início de carreira promissor. Minhas expectativas são positivas. Daqui a três anos, com a retomada do crescimento econômico brasileiro, a empresa já estará consolidada no mercado”, projeta. Os estágios foram essenciais para que ele tivesse o preparo necessário para investir tempo e energia em

uma sociedade. “Na Engelcamp eu aprendi bastante sobre a relação entre cliente e empresa, pois eu acompanhava praticamente todas as reuniões decisivas para o fechamento dos contratos. Acredito que a capacidade de construir relacionamentos sustentáveis é o mais importante para a carreira profissional e essa percepção é fruto do convívio diário com o mundo dos negócios”, comenta. O segundo estágio foi na MRS Logística, operadora ferroviária que atua nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa empresa, o então estudante trabalhou com projetos elétricos, o que o ajudou a experimentar, na prática, os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Engenharia Elétrica. Enquanto aguarda o seu registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREAMG), o engenheiro Rafael Santa Bár-


bara já pensa na importância do associativismo para a sua carreira. “É essencial que os engenheiros se unam por meio de entidades representativas. Isso nos dá força para lutar pelo reconhecimento e valorização da carreira, um problema que afeta muitos jovens profissionais que, para ingressar no mercado, se sujeitam a receber um salário inferior ao piso da categoria”, afirma. ESCOLHA PENSADA O processo de formação profissional começa cedo. O interesse por uma área do conhecimento, a facilidade em determinados grupos de matérias e a influência da família são as-

pectos cruciais para que os jovens escolham suas carreiras. No caso do engenheiro, a escolha do curso foi algo “bem medido e bem pesado”. A facilidade em matérias como Matemática e Física foi fundamental, assim como o aconselhamento de amigos e familiares que o ajudaram a optar pela área de Exatas. A experiência bem-sucedida de pessoas próximas também serviu de incentivo. No caso de Rafael Santa Bárbara, a formatura do primo, Flávio, em Engenharia de Minas, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), também pesou na escolha.“Sou o segundo da família a me tornar engenheiro”, comemora.

É essencial que os engenheiros se unam por meio de entida‑ des representativas. Isso nos dá força para lutar pelo reconhe‑ cimento e valorização da carreira, um problema que afeta muitos jovens profissionais que, para ingressar no mercado, se sujeitam a receber um salário inferior ao piso da categoria

A respeitabilidade da imagem da Engenharia e dos engenheiros brasileiros foi outro ponto decisivo. “A profissão sempre foi muito respeitada pela sociedade e isso é muito importante para os jovens que optam pela área. Da minha parte, vejo a Engenharia da mesma forma, como uma profissão capaz de resolver problemas e de desenvolver soluções práticas para os mais diversos desafios e áreas”, define. Por enquanto, o engenheiro não tem planos em relação a casamento ou filhos. Solteiro, ele aproveita as horas de lazer para sair com os amigos e visitar familiares e inspirar-se positivamente para construir a própria carreira. 55


MESTRE DA ENGENHARIA | CARLOS BARREIRA MARTINEZ

Maurício Guilherme Silva Jr.

Observação e pesquisa para a melhoria da qualidade de ensino

lém de especialista em um – ou vários – campos do conhecimento, o verdadeiro mestre é um astuto observador do seu tempo. Doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o engenheiro civil, professor titular do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos e coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas e de Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (CPHUFMG), Carlos Barreira Martinez é assim.

A

contratado como professor pela mesma instituição. No ano seguinte, assumiu a chefia do Departamento de Engenharia Civil e, entre 1989 e dezembro de 1993, a direção da Feci.

Em mais de 30 anos de carreira, na área acadêmica da Engenharia, ele coleciona projetos bem-sucedidos, vasta produção de conhecimento e apurada capacidade para analisar os dilemas éticos da atividade que escolheu para toda vida.

Mas o que o motivou mesmo a concorrer ao processo seletivo foi saber que os planos da Escola de Engenharia da UFMG, naquele momento, incluíam a modernização do laboratório de Hidráulica da Rua Guaicurus, 200 e também a conclusão do projeto de uma segunda unidade, no campus Pampulha, que estava com obras paralisadas desde a década de 1960.

Trajetória O professor teve a sua primeira experiência com a atividade docente como monitor, na Faculdade de Engenharia Civil de Itajubá (Feci), onde estudou entre os anos de 1979 e 1984. Logo depois da graduação, em 1986, já no Mestrado, foi 56

Como pretendia ingressar na área de Pesquisa Acadêmica, procurou uma instituição que pudesse lhe dar o suporte necessário para essa atividade. “Quase no final do Doutorado, soube de uma vaga na área de Engenharia Hidráulica, na UFMG. Fiz um levantamento prévio, visitei o local para saber informações sobre a vaga”, lembra.

Aprovado, ele assumiu, junto com a atividade de docência, a reforma do Laboratório de Hidráulica da Guaicurus, 200. Durante dois anos, ele se dedicou ao projeto que, bem sucedido, rendeu um cargo de coordenador de implantação do laboratório do campus Pampulha, que recebeu o nome


Em mais de 30 anos de carreira, na área acadêmica da Engenharia, ele coleciona projetos bem‑sucedidos, vasta produção de conhecimento e apurada capaci‑ dade para analisar os dilemas éticos da atividade que escolheu para toda vida.

de “Centro de Pesquisas Hidráulicas e de Recursos Hídricos Prof. Paschoal Silvestre”. Em 2010, ele entregou a obra e permaneceu como coordenador da unidade.

mento Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Ciências e Técnicas Nucleares, Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica.

Quando ingressou na UFMG, assumiu a disciplina de Mecânica de Fluidos C, porta de entrada para a área de fluidos no curso de Engenharia Civil e que tem uma carga horária de laboratório bastante significativa. Depois, passou 10 anos lecionando Hidráulica I.“A maior parte do tempo em que lecionei na UFMG me levou a pesquisar, visando a concepção e montagem de aparatos de cunho didático para laboratórios da graduação”, conta.

“Nesse caso, o principal motivador foi as atividades de pesquisa que resultaram em trabalhos sobre sistemas de medição de vazão aduzida para Turbinas Hidráulicas e em uma Carta Patente de Modelo de Utilidade sobre um sistema de medição de peso e carga que nos foi concedida após longos anos de espera”, enumera.

Com isso, ele desenvolveu bancadas didáticas específicas para as oficinas do CPD e investiu na produção de material bibliográfico para dar suporte às aulas práticas. Outras matérias de domínio de Martinez são Máquinas Hidráulicas e Usinas Hidrelétricas, desde 1995.

Além de contribuir de forma decisiva para a qualificação técnica de engenheiros de diversas áreas, o professor Martinez também é um observador do ambiente que o cerca.

O professor foi além da graduação. As pesquisas abriram os caminhos para orientar trabalhos nos cursos de pósgraduação da UFMG. Em mais de 20 anos, orientou 16 teses de doutoramento, 27 dissertações de mestrado e 29 alunos de Iniciação Científica dos programas de Sanea-

Na academia

“O País saiu de uma crise severa nos anos de 1980 e 1990 e se desenvolveu de forma significativa. A estrutura de laboratórios nas Universidades melhorou muito. Tivemos a entrada de sistemas computadorizados e os alunos têm mais acesso a informação. De uma forma geral eles têm chegado ao ciclo profissionalizante mais bem preparados”, constata. 57


TRANSPORTE

SME debate a importância do transporte ferroviário ara começar com pé direito, em 2016, e diante de uma crise econômica e política no País, que deve perdurar no próximo ano, o debate acerca de projetos e possíveis soluções para alguns setores fundamentais para a sobrevida e recuperação econômica, torna-se, cada vez mais, necessário. Um desses segmentos é o de transportes, com destaque para a modalidade ferroviária e, também, quanto a formação de mão de obra qualificada para atender uma futura demanda nesse segmento.

P

É a partir dessa ideia que a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), por meio de sua Comissão Técnica de Transportes (CTT), está programando um seminário ou congresso, para ser realizado em março de 2016. Os temas principais, que poderão gerar outros subtemas, serão o desenvolvimento e modernidade da Engenharia Ferroviária e mobilidade urbana e logística, nos conceitos de qualidade de vida. A urgente implantação do Instituto Nacional de Pesquisas Ferroviárias (INPF), pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A informação é do idealizador da proposta e coordenador da CTT, o engenheiro civil José Antônio Silva Coutinho. Os eixos do evento deverão ser desenvolvidos a partir da capacidade instalada da engenharia ferroviária no País e o desenvolvimento de conhecimento a respeito; a necessidade de domínio e atualização permanente da tecnologia do setor; o estágio em que a engenharia ferroviária encontra-se no Brasil, além de identificar como e de que maneira poderá ser expandida. Por ser uma atividade meio com enorme capilaridade, envolvendo outros segmentos, o setor de transporte é considerado, de acordo com especialistas, um termômetro da economia. Esse setor gera emprego e renda, escoa produ58

ção, aproxima regiões produtivas e alimenta a economia. Nesse sentido, o transporte ferroviário também pode dar uma contribuição tão importante, quanto o rodoviário, aeroviário e portuário, porque, entre outras vantagens, reduz custos para o setor produtivo. O que é transformador em períodos de crise. O governo chegou a acenar com a possibilidade de até 2025, fazer com que o modal ferroviário respondesse por 35% de sua matriz de transporte. Hoje, essa parcela é de cerca de 25%. Mas seria necessário investir em projetos que englobam mais de 21 mil quilômetros de ferrovias. O impacto da modalidade de transporte ferroviário na vida da população é benéfico, porque possibilita a desconcentração do transporte convencional, assegura ao usuário uma opção de transporte rápido e a um custo mais baixo, a exemplo, dos metrôs e trens leves de superfície. Um problema que precisa ser encarado pelo poder público, universidades e pelo o setor privado, é a falta de mão de obra especializada em ferrovias no Brasil. A expectativa é que esse debate venha estimular as universidades a implantar mais cursos de formação e qualificação em engenharia ferroviária. Coutinho acredita, também, que o evento fortalecerá a participação e representatividade da SME que tem demonstrado, ao longo dos anos, um grande potencial como agente de transformação, perante as principais e atuais questões de interesse voltadas para a infraestrutura de transportes e logística. O evento será dirigido a um público ampliado, a exemplo de profissionais de engenharias, empresas, entidades públicas e privadas, universidades, pesquisadores, entre outros, envolvidos com a temática, nos âmbitos municipal, estadual e federal.


Cuidar de você e de quem você ama.

#esseéoplano

A VIDA É MELHOR QUANDO VOCÊ ESTÁ BEM ACOMPANHADO. E ISSO INSPIRA A UNIMED A ESTAR SEMPRE AO SEU LADO.



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