Revista Mineira de Engenharia - 19ª Edição

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Ano 4 | Edição 19 | Junho - Julho 2013

ENERGIA SOLAR: O DESAFIO DE TRANSFORMAR PROJETOS EM PRODUTOS SANEAMENTO CREA e Funasa vão capacitar profissionais para atuar em municípios

PRÊMIO SME CT&I 2013

PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Inscrições abertas

ENTREVISTA Fernando Henrique Schüffner Neto será agraciado com a Medalha Lucas Lopes

ARTIGOS | INOVAÇÃO | MOBILIDADE | GESTÃO DE PROJETOS E MUITO MAIS


PÓS-GRADUAÇÃO E MBA BELO HORIZONTE

O IETEC é a escolha certa para quem busca os melhores resultados, no menor tempo. Além dos renomados professores que vivenciam de perto o mercado, os alunos contam com o pioneiro sistema modular de ensino, que possibilita a obtenção de até três certificados em apenas três semestres. Tudo isso, para você aplicar seus conhecimentos de forma imediata na sua carreira.

IETEC: Invista no seu futuro com segurança. Inscreva-se: ietec.com.br PÓS-GRADUAÇÃO: Gestão de Proj etos | Gestão de Projetos em Construção e Montagem | Gestão de Custos | Engenharia de Custos e Orçamento | Engenhari a de Pl anej amento | Engenharia Logística | Engenharia de Produção Enxuta | Engenharia de Pro cesso s | Engenhari a Ambi ental I ntegrada | Engenharia de Software | Engenharia de Suprimentos | Engenharia de Vendas Administração de Compras | Análise de Negócios e da Informação | Engenharia da Inovação e Melhoria Contínua | Gestão e Tecnologia da Informação. MBA: Gestão de Projetos | Gestão de Negócios | Administração de Projetos | Gestão de Negócios e Tecnologia da Infor mação.


EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

Décadas de pioneirismo e investimentos na produção de energia A Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig - é um dos mais sólidos e importantes grupos do segmento de energia do Brasil, tendo alcançado a posição de maior empresa em valor de mercado no setor de energia elétrica no País. Esta é uma constatação corrente nas informações relativas ao trabalho da empresa e uma apresentação costumeira quanto ao desempenho da companhia. Portanto, seria praticamente impossível retratar neste espaço a importância dessa empresa na vida da população. Mas, pretendemos nos ater a um aspecto da história da Cemig que é o seu pioneirismo naquilo que se propõe a fazer: contribuir para o desenvolvimento de Minas e nacional, elevando a qualidade de vida da população, metas intimamente relacionadas com a concepção de produção e uso da energia. Com uma equipe de profissionais altamente qualificados e gestão competente, a Cemig ao longo das últimas décadas, vem atendendo às transformações rápidas e novas exigências do mundo globalizado. Alguns dados demonstram todo o esforço e investimento que têm sido feitos. Além de atuar nas áreas de geração, transmis-

são e distribuição de energia, nos segmentos de gás natural e telecomunicações, a Cemig é referência na economia global reconhecida por sua atuação sustentável. É responsável pela operação da maior rede de distribuição de energia elétrica da América do Sul e uma das quatro maiores do mundo. Ela atual em 23 estados brasileirtos, com mais de 100 empresas e participação em 15 consórcios. Referencia internacional no setor de energia com investimentos maciços em inovação e tecnologia, demonstrando seu pioneirismo na implantação, em 1994, no município de Gouveia, a primeira usina eólica elétrica da America Latina conectada ao Grid. Seguindo a política de investimentos em fontes renováveis de energia, a Cemig adquiriu recentemente participação acionária em três parques eólicos da Energimp S.A. (Impsa), com capacidade instalada de 99,6 megawatts, no Ceará, e, o controle societário da RENOVA por intermédio da Light, também com fortes investimentos em energia eólica nos estados do Rio de Janeiro e Bahia. Além disso, desenvolve pesquisas e projetos para a produção e isso do biodiesel, geração

Ailton Ricaldoni Lobo Presidente da SME

de energia a partir de resíduos sólidos urbanos, produção de células combustíveis de alta temperatura e outras tecnologias de geração distribuída. Esses são dados de pioneirismo e eficiência que garantem à empresa, entre outros aspectos, a posição que ocupa de liderança no mercado global. A Cemig coloca em movimento todo o seu potencial humano, tecnológico e políticas adequadas para produzir o insumo que é vital para a sociedade humana. A qualidade de vida e a própria sobrevivência das populações nos diversos pontos do estado de Minas Gerais dependem dessa concepção de produção e uso da energia. Devemos, portanto, parabenizar a empresa, por meio de seus dirigentes e funcionários, e reconhecer o trabalho da Cemig como algo indispensável ao funcionamento da vida social e para o crescimento econômico de Minas e do Brasil. É necessário reconhecer que essa interdependência entre uma empresa e a sociedade, de forma saudável e produtiva, cresce ao longo do tempo, se modifica, sendo um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de uma Nação. 3


FAÇA A ESCOLHA CERTA

Na hora de preencher a ART no campo (entidade de classe) escolha a SME através do código 0086. Assim, você apoia a Sociedade Mineira de Engenheiros a representar a engenharia e oferecer melhores serviços para você!

ART 0086 Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem-estar social.

www.sme.org.br PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo VICE - PRESIDENTES Ronaldo José Lima Gusmão José Luiz Nobre Ribeiro Victório Duque Semionato Alexandre Francisco Maia Bueno Délcio Antônio Duarte DIRETORES Luiz Felipe de Farias Diogo de Souza Coimbra Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Marcílio César de Andrade Alessandro Fernandes Moreira José Flávio Gomes Fabiano Soares Panissi Janaína Maria França dos Anjos Normando Virgílio Borges Alves Clemenceau Chiabi Saliba Júnior SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

Publicação

CONSELHO DELIBERATIVO Marcos Villela de Sant'Anna Teodomiro Diniz Camargos Jorge Pereira Raggi Flavio Marques Lisbôa Campos Rodrigo Octavio Coutinho Filho Paulo Safady Simão José Luiz Gattás Hallak Alberto Enrique Dávila Bravo Cláudia Teresa Pereira Pires Márcio Tadeu Pedrosa Sílvio Antônio Soares Nazaré Felix Ricardo Gonçalves Moutinho Levindo Eduardo Coelho Neto Fernando Henrique Schuffner Neto Ivan Ribeiro de Oliveira CONSELHO FISCAL José Andrade Neiva Nilton Andrade Chaves Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Alexandre Rocha Resende Wanderley Alvarenga Bastos Júnior

CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Janaína Maria França dos Anjos Fabiano Soares Panissi José Ciro Mota Ronaldo José Lima Gusmão

Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação revista@blogconsult.com.br (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Coordenador Editorial Ronaldo José Lima Gusmão

Distribuição Gratuita Via Correios e Instituições parceiras

Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho Belo Horizonte | Minas Gerais CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br

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Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral

Fale conosco Contato editorial jornalismo@sme.org.br

Apoio Compromisso, Inovação e Avanço

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rg.br

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PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS Engenharia em destaque

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ENTREVISTA Fernando Henrique Schüffner Neto

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MESTRES DA ENGENHARIA Guilherme Brandão Federman

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CAPA Tecnologia de energia fotovoltaica

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ENGENHEIROS NA POLÍTICA Luiz Sávio de Souza Cruz (PMDB) e José Tarcísio Caixeta (PT)

ENGENHARIA & GESTÃO

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Artigo | Ronaldo Gusmão

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SANEAMENTO Convênio CREA e Funasa para capacitar profissionais

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MOBILIDADE | METRÔ LEVE Artigo de Luiz Otávio Silva Portela

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ARTIGO INOVAÇÃO José Henrique Diniz

PREVENÇÃO NA CONSTRUÇÃO A saída para evitar prejuízos

NOVOS ENGENHEIROS Thiago Meira Raydan

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CONSTRUÇÃO CBIC e Antac apresentam projeto de inovação da construção

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A CRISE DE ENERGIA NO BRASIL Artigo | José Goldemberg


CT&I | PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Inscrições abertas para a 22ª edição do Prêmio Para uma boa formação profissional, além do empenho, da concentração nos livros e aulas ministradas, requer a feitura de muitas pesquisas acadêmicas, um tanto de ousadia e criatividade. Com o propósito de estimular essas práticas e qualidades, a Sociedade Mineira de Engenheiros – SME abriu inscrição gratuita para o Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação 2013 para os estudantes regularmente matriculados nos cursos de graduação de instituições de ensino superior em Minas Gerais nas áreas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

Os processos de avaliação, classificação e premiação serão conduzidos pela Comissão Organizadora do Prêmio. Os inscritos poderão concorrer individualmente ou em grupo com um ou mais trabalhos. Para os trabalhos técnico-científicos apresentados em grupo, poderão participar estudantes de outras profissões regularmente matriculados em cursos de graduação em Minas, desde que o líder do grupo seja um estudante das profissões de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

De acordo com o regulamento do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação, os participantes têm que apresentar trabalhos técnico-científicos com no máximo de 50 laudas (páginas), formatado de acordo com as Normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Os candidatos deverão entregar pessoalmente e postar os trabalhos até 09 de setembro de 2013, data limite para inscrição e entrega de documentos, na sede da SME, na Av. Álvares Cabral, 1.600/3º andar – Lourdes, no horário de 9h às 16h30.

Os vencedores receberão certificados e premiações pecuniárias. Os auJá na 22ª edição, o Prêmio SME foi tores de trabalhos que tenham se instituído com base em legislação destacado, mas que não ficaram entre e normas do Conselho Federal de os premiados serão prestigiados com Engenharia e Agronomia – CONmenção honrosa. A cada ano, é conFEA, do Conselho Regional de Encedido um prêmio especial para a InsJéssica Andrade Prata ganhou 1º lugar na edição do prêmio SME CT&I em 2012 genharia e Agronomia de Minas tituição de Ensino Superior (IES) que Gerais – CREA-MG e do Conselho tiver o maior número de trabalhos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU-BR. Os in- classificados para a última fase de avaliação. Caso tenha teressados têm prazo até 9 de setembro/2013 para for- mais de uma instituição de ensino relacionada ao mesmo malizar a inscrição e entregar os trabalhos. Não serão trabalho, concorrerá somente a instituição do líder do aceitos trabalhos enviados por e-mail, nem postados após trabalho. a data limite divulgada no cronograma do Prêmio. Na história do prêmio, mais de 1500 trabalhos passaram por O formulário oficial do Prêmio SME de Ciência, Tecnoloavaliações rigorosas. A solenidade de premiação ocorre, gia e Inovação está disponível no site: www.sme.org.br anualmente, no mês de novembro. ou pode ser solicitado pelo e-mail fabiola@sme.org.br.

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CAPACITAÇÃO | ENGENHARIA

Ciência sem Fronteiras Bolsas para Engenharias e áreas tecnológicas lideram o ranking no país e em Minas Com meta de conceder 45 mil bolsas de estudo para estudantes universitários e cientistas brasileiros neste ano, o programa Ciência sem Fronteiras vai abrir novas chamadas para graduação sanduíche no Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Hungria e Japão. As inscrições vão de 4 de junho a 8 de julho no site www.cienciasemfronteiras.com.br. Os bolsistas selecionados iniciarão suas

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atividades no exterior a partir de meados de 2014. Para participar da seleção, o estudante deverá possuir nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) igual ou acima de 600 pontos em teste realizado após 2009. Estudantes e pesquisadores das Engenharias e demais áreas tecnológicas devem ficar atentos para mais essa chamada. Das bolsas concedidas até abril deste

ano, 20.115 foram implementadas. Delas, 7.701 foram para esses segmentos do conhecimento. Das bolsas, 14.447 para cursos de graduação sanduíche no exterior, 3.273 para doutorado sanduíche no exterior. Há, também, 641 pessoas fazendo doutorado e 1.721 matriculados no pós-doutorado. As quatro bolsas restantes são para outras modalidades de programas de intercâmbio.


Minas Gerais foi o segundo Estado com mais bolsas concedidas, totalizando 3.157, delas 1.458 para as Engenharias e área tecnológica. São Paulo, na primeira posição, ficou com 4.980. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi a segunda instituição de ensino brasileira a enviar mais bolsistas para o exterior, com 872 participantes. Deles 303 são oriundos das áreas de Engenharia e tecnologia. Principal programa do governo federal de mobilidade acadêmica no exterior, o Ciência sem Fronteiras concedeu 41.133 bolsas desde sua criação, em 2011. Desse total, 23.851 estudantes foram aprovados no ano passado. Outros 17.282 candidatos foram selecionados em chamadas este ano. Criado com a meta de oferecer 101 mil bolsas de estudo no exterior em quatro anos, o Ciência sem Fronteiras mantém parcerias em 35 países. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.

O programa quer atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os cientistas brasileiros nas áreas prioritárias definidas bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Até o momento, Estados Unidos da América (EUA), Portugal, França, Espanha, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Austrália, Itália e Holanda são os dez países que mais receberam estudantes brasileiros. O objetivo do governo federal é promover o avanço da ciência, tecnologia, inovação e competitividade industrial por meio do intercâmbio internacional de estudantes e cientistas brasileiros. Para todos esses destinos, o maior número de bolsas concedidas foi para Engenharia e áreas tecnológicas. A presidente Dilma Rousseff inclui o Programa Ciência sem Fronteiras em todos os encontros políticos com chefes de governo de outros países. Entre eles o presidente da Alemanha, Joachim Gauck e o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, que visitaram o Brasil em maio.

PRÉ-REQUISITOS PARA INSCRIÇÃO:

- Ter nacionalidade brasileira; - Estudar em uma universidade no Brasil que tenha aderido ao programa; - É preciso ter concluído ao menos 20% e no máximo 90% do currículo previsto para seu curso; - Estar matriculado em uma graduação dentro das áreas de prioridade determinadas pelo programa;

- Proficiência em inglês TOEFL IBT ou IELTS. Caso o estudante não tenha essas certificações, poderá solicitar também uma bolsa para fazer até 25 semanas de curso de inglês e, em seguida, começar a sua Graduação Sanduíche; - Assumir o compromisso de permanecer no Brasil pelo dobro do período em que esteve no exterior como bolsista.

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ENTREVISTA | FERNANDO HENRIQUE SCHÜFFNER NETO

Fernando Henrique Schüffner Neto, um dos executivos mais importantes da Cemig é agraciado com a Medalha Lucas Lopes Agraciado com a Medalha Lucas Lopes neste ano, o engenheiro eletricista com mestrado em Automação e Controle e MBA em Gestão de Negócios, Fernando Henrique Schüffner Neto, é um dos executivos mais importantes da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), como diretor de Desenvolvimento de Negócios, uma área considerada estratégica para o negócio. “O nosso desafio, hoje, é buscar caminhos para manter a companhia no patamar em que se encontra”, adianta. Admirado por seus pares e respeitado pelas equipes com as quais tem trabalhado ao longo da carreira construída na Cemig, ele está à procura de novos ativos no Brasil, embora não descarte a oportunidade de investir fora do país. Tudo isso para driblar os efeitos negativos da lei 12.783 – antiga Medida Provisória 579 que, até 2017, vai

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re t i rar 18 usinas da empresa e parte do lucro da companhia.

a prática de reconhecimento dos seus funcionários.

O gosto pelo setor de energia começou na infância, quando ele já pensava em ser engenheiro e testava sua habilidade consertando os eletrodomésticos. Casado e pai de dois filhos, dos quais um engenheiro eletricista, Schüffner é um profissional diferenciado, pois sabe tratar de negócios com a mesma desenvoltura com que cuida das pessoas que estão ao seu redor.

Como funcionário de carreira d a Cemig, tive vários desafios e oportunidade de passar por diversas áreas da Companhia. Dessa forma, atuei nas principais áreas, tendo começado no centro de operações do sistema elétrico, que envolve as usinas e linhas de transmissão, depois na área de distribuição, quando retornei a minha cidade natal, Teófilo Otoni, já como gerente, tendo alcançado o cargo de diretor de Geração e Transmissão, depois o de Distribuição e Comercialização e, atualmente, de Desenvolvimento de Negócios.

A cerimônia de entrega da Medalha Lucas Lopes será no dia 11 de junho, no auditório da Cemig. Quando foi trabalhar na Cemig e porque decidiu construir uma carreira nesta empresa? Estou na Cemig desde 1985 e escolhi fazer parte da Cemig pelo fato de ela ser referência no setor elétrico brasileiro, além de saber que a concessionária sempre teve

Como analisa o setor de energia nacional hoje? O potencial dos ventos, a incidência de raios solares durante o ano inteiro e o grande volume de ma-


Nesse contexto, quais os desafios da Cemig e da diretoria de Novos Negócios que o Sr. têm gerido com grande competência? Nos últimos anos o Grupo Cemig tem vivido um notável crescimento. Adquiriu novos ativos em vários setores e atividades relacionados ao seu negócio. Hoje, integram o Grupo empresas das mais diversas, como Cemig Telecom, Gasmig, Taesa, Axxiom, Light e Renova. O crescimento está acontecendo de forma consistente, por meio de gestão eficiente, investimento em inovação, sustentação em diversos negócios e busca constante por novas oportunidades.

teriais orgânicos produzidos no País, que servem como biomassa, são promessas para que o Brasil se mantenha na liderança da geração de energia limpa e renovável para as próximas décadas. A matriz elétrica brasileira, por sua característica única, é, hoje, 92% renovável, com cerca de 85% da energia produzida provenientes de usinas hidrelétricas, e 7%, de biomassa residual (principalmente bagaço de cana-de-açúcar). Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que, em 2020, as fontes de energia al-

ternativas serão responsáveis por 16% da geração no País. A participação é três vezes maior do que o que foi gerado em 2010, quando as fontes renováveis não tradicionais, como as hidrelétricas, contribuíram com 8% da produção. Hoje, o potencial para produção de energia elétrica a partir de fontes alternativas chega a ser duas vezes maior que o seu potencial hidrelétrico. Projetos de usinas eólicas, assim como os de geração solar, estão entre as prioridades da Cemig para aumentar, ainda mais a matriz energética limpa no Estado e no País.

O setor elétrico brasileiro está em um momento de transição pelo fato da lei 12.783 – antiga Medida Provisória 579. A Cemig, desde o primeiro momento, foi a favor do programa do Governo Federal de reduzir o custo da energia para a população e a indústria. No entanto, os valores oferecidos, principalmente, na questão da Geração, não eram suficientes. Os contratos impõem às empresas toda a responsabilidade em função de problemas de operação, danos ambientais e outros. Por isso, não renovamos os contratos de concessões de 18 usinas, pois colocaria em risco a grande preocupação da Cemig de continuar prestando um serviço de qualidade e segurança à população de Minas Gerais e para o sistema interligado nacional. Mas o setor elétrico é um grande mercado para todos os profissionais e um setor vital para o crescimento e desenvolvimento de nosso País.


ENTREVISTA | FERNANDO HENRIQUE SCHÜFFNER NETO

Hoje, o potencial para produção de energia elétrica a partir de fontes alternativas chega a ser duas vezes maior que o seu potencial hidrelétrico.

O Sr. considera que Minas Gerais é uma referência na pesquisa energética? Por que? Entre os maiores grupos de energia no Brasil, a Cemig vem alinhando, cada vez mais, a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) à estratégia empresarial de crescimento com sustentabilidade. As pesquisas estão saindo do campo teórico para se tornar realidade. Pioneira brasileira na primeira conexão de uma usina eólica ao Sistema Elétrico Interligado, a Cemig mantém ao longo dos últimos anos estudos e investimentos na geração eólica. Destacamos o Atlas Eólico, que mapeou o potencial eólico de todo o Estado de Minas Gerais, da ordem de 40 GW, sinalizando os locais promissores para a implantação de novos empreendimentos. O Grupo Cemig é o segundo maior gerador de energia eólica no Brasil, com destaque para a

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Renova Energia, detentora do maior complexo eólico da América Latina, localizado na Região Central da Bahia. A Cemig passou a fazer parte do grupo de controle da Renova em 2011, por meio da Light. Além disso, a Companhia adquiriu, em 2009, 49% da participação societária em três parques eólicos (já em pleno funcionamento) de propriedade da Energimp S.A. localizados no Ceará, com potência total de cerca de 100 MW e investimento de R$ 213 milhões. Além disso, a Cemig desenvolve pesquisas e projetos para produção e uso de biodiesel, geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos, produção de células combustíveis de alta temperatura e outras tecnologias de geração distribuída. Em 2012, iniciamos a comercialização de energia gerada por meio do biogás composto por metano e gás carbônico,

produzido pela decomposição de lixo de aterro sanitário. Com o projeto Cidades do Futuro, a Cemig está testando a funcionalidade das Redes Inteteligentes, que mudarão a forma como a sociedade consome energia. E já mantém projetos de desenvolvimento limpo que a capacitam a obter e comercializar créditos de carbono. Por fim, a Cemig desenvolveu o Atlas Solarimétrico, que apresenta estudos para a determinação do potencial de energia solar do Estado e da localização das melhores incidências de radiação, para a identificação de melhores alternativas de aproveitamento dessa fonte primária de energia e para a inserção dessa energia na matriz energética considerando seus aspectos de sazonalidade, variabilidade e disponibilidade diária.


Divido essa homenagem com todos os profissionais que, de alguma forma, contribuíram para o desenvolvimento da minha carreira na Cemig. Eu agradeço a eles por me ensinarem tanto.

A sustentabilidade está definitivamente incorporada às práticas do Grupo. Várias alternativas energéticas estão sendo desenvolvidas simultaneamente, com destaque para as energias solar e eólica. E importantes programas ambientais já mostram resultados. Na dimensão social, o Grupo Cemig tem reafirmado o seu compromisso de crescer para oferecer melhores condições de vida a esta e às próximas gerações. Programas sociais e culturais mantidos pelo Grupo impactam positivamente nossa sociedade. E, paralelamente, estão sendo implantados novos e modernos canais de atendimento ao consumidor. Além de garantir a sustentabilidade da Empresa e perpetuar sua força, essa expansão aumenta a presença da marca. O Grupo Cemig, antes sinônimo de energia hidrelétrica, aproxima-se agora das energias alternativas, das telecomunicações, do

mercado de gás natural, das soluções em TI, de milhões de novos clientes e consumidores e do seleto clube das empresas globais. O que significa para o Sr. receber a Medalha Lucas Lopes? É uma grande felicidade receber a condecoração que tem como patrono o engenheiro Lucas Lopes que deu início a essa corporação a qual sempre tive o orgulho de pertencer e a qual tenho a honra de dirigir agora na missão de participar, diretamente, da expansão e ampliação de suas atividades no Brasil e também no exterior, onde já atuamos no Chile, com uma linha de transmissão. Divido essa homenagem com todos os profissionais que, de alguma forma, contribuíram para o desenvolvimento da minha carreira na Cemig. Eu agradeço a eles por me ensinarem tanto.

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Sustentabilidade da construção O 12º Congresso de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente da Construção será realizado pelo Sinduscon-MG, nos próximos dias 19 e 20 de junho, no Expominas. O congresso, que integra a programação do Minascon/Construir Minas 2013, que vai acontecer de 19 a 22 de junho/2013, abordará temas relacionados aos diversos sistemas construtivos, inovações tenológicas, desempenho e sustentabilidade no setor da construção. Mais informações pelos telefones: (31) 3253 2687/2683. www.sinduscon-mg.org.br

Engenharia sanitária e ambiental A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) anuncia a realização do 27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que terá como tema central “Saneamento, Ambiente e Sociedade: Entre a gestão, a política e a tecnologia”, a ser realizado no Centro de Convenções de Goiânia, de 15 a 19 de setembro de 2013, Goiânia/GO. O 27º CBESA -

Educação e trabalho

Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental terá em sua programação painéis, mesas redondas, apresentação de trabalhos técnicos, Campeonato de Operadores, Olimpíada Jovens Profissionais do Saneamento, visitas técnicas, e a X FITABES, a maior feira de exposições do segmento. Informações: http://www.abes-dn.org.br

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançará, em setembro, o documento Educação para o Mundo do Trabalho, que reunirá propostas do setor para o sistema educacional brasileiro. Nele, será apresentando um amplo diagnóstico sobre como a baixa qualidade da educação básica impacta a produtividade do país e também uma série de soluções de curto prazo

para essa realidade. Nos próximos meses, o conteúdo será discutido pelas federações das indústrias nos estados e por especialistas. O objetivo é reunir o maior número de atores qualificados em torno da proposta que atinge todos os setores, a exemplo da engenharia. Mais informações pelo site: www.cni.org.br

“GeraçãoEnergia” na rede social A empresa Furnas subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, lança em seu perfil no Facebook, a campanha #GeraçãoEnergia. O público-alvo do projeto não é segmentado por faixas etárias, e sim por suas atitudes. De acordo com o texto promocional da empresa, a “GeraçãoEnergia” é quem se “preocupa

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com a natureza; gosta de esportes, busca qualidade de vida e saúde; valoriza o Brasil, os brasileiros e principalmente seus colaboradores; tem energia para aproveitar a vida e quer estar sempre conectada ao que acontece no mundo”. Os interessados poderão compartilhar posts e obter informações de várias iniciativas da empresa. Informações: www.furnas.com.br


Participe envie notícias e novidades para: jornalismo@sme.org.br

Sistemas inteligentes e transportes

12 e 13 de junho, no Centro Empresarial Rio

Às vésperas de sediar a Copa das Confederações, será realizado nos dias 12 e 13 de junho, no Centro Empresarial Rio, o 4º Seminário Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS 2013). O evento é promovido pela Planeja & Informa Comunicação e Marketing, com apoio da Universidade do Estado do Rio de janeiro (UERJ), e tem por objetivo deba-

ter novos meios de se pensar a mobilidade urbana, unindo recursos de informação e comunicação telemática e ferramentas de gerenciamento dos transportes, através dos chamados Sistemas Inteligentes de Transportes. O plano de ação do Rio de Janeiro para a modernização tecnológica do sistema de transporte e a melhoraria da mobilidade urbana vai ser o tema da palestra do secretário municipal de Transportes da Cidade do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Osório. Mais informações: (21) 2262-9401 / 2244-6211ou pelo site: www. embarqbrasil.org/node/786

Arbitragem e Construção Com o intuito de debater temas importantes relacionados à arbitragem em obras e serviços de engenharia, a CMA/CREA-MG juntou-se ao Instituto Brasileiro de Direito da Construção (IBDiC) e ao Comitê brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE-MG) para realizar o Seminário Nacional Arbitragem & Construção, nos dias 10 e 11 de junho, na sede do CREA-MG, em Belo Horizonte. Informações: www.crea-mg.org.br

HP lança site para capacitar professor em ciência, tecnologia, engenharia e matemática A HP Catalyst Academy, afirmou ele, foi uma forma de favorecer uma parte essencial da engrenagem necessária para se oferecer experiências únicas de aprendizado: o professor. A Ferramenta digital voltada para a capacitação de professores na área de Stem – sigla que, em inglês, significa ciência, tecnologia, engenharia e matemática. A solução que a HP encontrou foi formatar cursos curtos e oficinas com um viés voltado à prática. Confira a lista no site http://catalyst.navigator.nmc.org/academy/courses) estarão disponíveis gratuitamente na HP Catalyst Academy, Fonte: http://porvir.org

Basf inaugura sua primeira Casa de Eficiência Energética no Brasil Foi inaugurada pela Basf nessa terça-feira (28) em São Paulo, a primeira Casa de Eficiência Energética (Casa E) no Brasil. A construção pretende mostrar ao mercado soluções e produtos inovadores desenvolvidos para tornar as construções mais sustentáveis e eficientes. Com um investimento de R$ 3 milhões, o projeto apresenta soluções para redução do consumo de água, energia e emissão de CO2. De acordo com a Basf, a economia de energia da casa chega a quase 70% graças ao uso de materiais diferenciados. Os blocos são de poliestireno expandido que proporcionam isolamento térmico. Já nas paredes, espumas especiais foram aplicadas para dar maior conforto acústico e térmico. No processo de construção ainda foram utilizados tintas, vernizes e adesivos com pigmentos especiais que atuam no controle da temperatura e que também contribuem para um menor gasto de energia. Fonte: http://www.basf.com.br

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NA VIDA DE UMA EMPRESA CENTENÁRIA, 365 DIAS PODEM SER QUASE NADA. OU QUASE TUDO.


Para a Light, 365 dias podem ser 365 oportunidades para aprender a cada hora, a cada desafio. São 365 chances de erguer relações mais sustentáveis e duradouras com seus clientes. São, acima de tudo, 365 novas possibilidades de olhar para o futuro e construir um mundo melhor. Confira o Relatório de Sustentabilidade 2012: www.relatoriolight.com.br


MESTRES DA ENGENHARIA | GUILHERME BRANDÃO FEDERMAN

Balanço positivo da docência depois de 42 anos de atividades e aprendizados Muitos profissionais conseguem conciliar a carreira e a docência. Para o engenheiro civil pela Escola de

Minas) e na Escola de Engenharia Kennedy. Entre

Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1969, e advogado pela mesma

II, II e IV, Cálculo Numérico, Estatística e Probabili-

instituição, graduado em 1990, Guilherme Brandão Federman, 68 anos, essas duas atividades são, in-

truções, Gestão Empresarial, Legislação Profissional

os conteúdos estão Geometria analítica, Cálculo I, dades, Planejamento e Gerenciamento das Conse Segurança do Trabalho.

clusive, complementares. O gosto pela sala de aula aumentou com o tempo. Embora tenha deixado as salas de aulas dos cursos de graduação neste ano, depois de 42 anos de ati-

Paralelamente a docência da graduação, ele também

vidades na docência, ele continua trabalhando na área de Engenharia de Avaliação, Perícias de Enge-

Pericias em diversos locais do país e não rejeitou a

nharia, Vistorias Cautelares, Inspeções Prediais e Arbitramentos. Sempre que encontra

como professor. “Como sempre trabalhei com

seminários e congressos nas suas áreas de interesse reserva tempo na agenda para se atualizar. “Sempre

sional, com vivência de canteiro de obras, plane-

ministrou cursos de Engenharia de Avaliações e oportunidade de frequentar a graduação de Direito Engenharia, fui um professor com prática profisjamentos, e orçamentos”, avalia.

tem algo novo para aprender”, afirma o professor. A experiência classista também foi um diferencial Foi com esse espírito que ele se tornou, mais que professor, um mestre. Como profissional da Enge-

do professor, que sempre participou das discus-

nharia Civil, Guilherme Federman usou a experiência que acumulou ao longo da carreira para

neira de Engenheiros (SME) ou como conselheiro

ajudar a formar novos profissionais. Na docência, procurou sempre variar de disciplinas, para que

mia de Minas Gerais (CREA-MG) por muitos

não cair na rotina.

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sões da sua área de atuação, seja na Sociedade Mido Conselho Regional de Engenharia e Agronoanos. A Associação dos Ex-Alunos da Escola de Engenharia da UFMG (AEAEEUFMG) também

Assim, percorreu salas de aula da UFMG, no ICEX e na Escola de Engenharia, no IPUC da Pontifícia

conta com a sua presença e participação ativa.

Universidade Católica de Minas Gerais (PUC

fazer o primeiro contato com o Conselho”, resgata.

“Durante muitos anos, eu levava as turmas para


A qualidade de ensino tem melhorado com o desenvolvimento tecnológico. Esses profissionais devem se preparar para os cursos de pós-graduação, mas não podem se esquecer da prática.

O balanço da carreira como professor é muito positivo. “Cheguei a dar aulas de régua de cálculo até cursos virtuais. Como professor tive mais de

por bons serviços prestados à Engenharia. Para ele, os profissionais que pretendem se dedicar à docência experimentam um momento pro-

4 mil alunos, muitos deles meus amigos até hoje”,

missor para essa carreira. “A qualidade de ensino

ressalta. Foi distinguido diversas vezes como pa-

tem melhorado com o desenvolvimento tecno-

raninfo das turmas, patrono e professor homena-

lógico. Esses profissionais devem se preparar para

geado. Em 2008 recebeu a Medalha do Mérito do

os cursos de pós-graduação, mas não podem se

IPUC e em 2011, a Medalha do Mérito do CREA-MG,

esquecer da prática”, enfatiza.

19


TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Pesquisas pretendem elevar a oferta da tecnologia de energia fotovoltaica

inauguração da Usina

energia gerada será injetada na

A USF Mineirinho, com potência

Solar Fotovoltaica (USF)

rede de distribuição da Cemig por

de 1,1 MWp, está em processo de

do estádio Governa-

meio da subestação de alimenta-

elaboração de edital. Os dois pro-

dor Magalhães Pinto

ção do estádio, sendo que 10% re-

jetos foram inspiradas nos está-

– Mineirão, em maio último, rea-

tornará para a concessionária

dios de Freiburg, considerada a

A

quece a discussão sobre o uso de fontes energéticas renováveis no país. O projeto do go-

empreendimento.

capital solar da Alemanha, e de Berna, na Suíça que foi uma das sedes da Eurocopa 2008.

verno do Estado por meio da

A energia produzida é suficiente

Companhia Energética de Minas

para atender, aproximadamente,

Gerais (Cemig), intitulado Minei-

900 residências de médio porte. O

rão Solar 2014, deve chegar a ou-

projeto demandou investimento

taladas na cobertura de estaciona-

de R$ 10 milhões, dos quais 80%

mentos para veículos e no telhado

No caso do Mineirão, a potência

provenientes do Banco de Desen-

de centros de convenção, entre

instalada é de 1,42 MWp, com cerca

volvimento da Alemanha (Kredi-

outros locais. Projetos do gênero

de 6 mil módulos fotovoltaicos. A

tanstalt für Wiederaufbau (KfW).

espalham-se por todo o mundo,

tros estádios e ginásios mineiros.

20

Minas Arena, para utilização no

As USFs podem ter outros formatos. A captação da radiação solar pode ser por meio de placas ins-


nos países que já despertaram

“O país ainda não despertou

média oito vezes maior que a

para a necessidade de investir,

para a necessidade de usar al-

nacional.

de forma efetiva, em fontes

ternativas energéticas. Porém,

energéticas alternativas.

com as questões ambientais e

O gerente de Alternativas Energéticas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), engenheiro civil com MBA em Gestão de Negócios e Gestão de Projetos e especialização em Gestão da Inovação e Conheci-

imobiliários já inclui esse sis-

sociais limitando a construção

tema de geração de energia. Em

de grandes reservatórios, que

2007, a Prefeitura Municipal de

são a garantia de todo o Sistema

Interligado

Grande parte dos lançamentos

Brasileiro,

pode ser que, no futuro, o país

Belo Horizonte (PBH) aprovou a lei nº 9.415, que institui a política municipal de incentivo ao

pague um preço alto por essa

uso de formas alternativas de

decisão”, adverte.

energia, tais como a energia

mento, Marco Aurélio Dumont

O uso dessa tecnologia, para o

solar e a energia a gás. A partir

Porto, explica que embora a

aquecimento de água é bastante

de 2009, a legislação prevê a

matriz energética seja quase

popular. Nesse segmento, Belo

mudança no critério de pon-

que na sua totalidade renovável,

Horizonte é considerada a ca-

tuação para avaliação do imó-

a companhia reconhece que

pital nacional do uso da energia

vel para fins de cálculo do

é imprescindível pesquisar e

solar em casas, edifícios, pisci-

Imposto Predial e Territorial

i n centivar o uso de fontes

nas, hospitais e hotéis com

Urbano (IPTU), com redução

alternativas, entre elas a solar.

mais de três mil painéis solares,

do valor devido.

A energia produzida no estádio do Mineirão é suficiente para atender, aproximadamente, 900 residências de médio porte.

21


TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Em consequência, Minas Gerais tornou-se a sede de diversas empresas que atuam no segmento de tecnologia solar para aquecimento (energia solar térmica), concentrando 40% das companhias do setor. A área acumulada de coletores solares em Minas Gerais, alcançou 1,9 milhão de m² em 2010, que representa 1.571 GWh de energia evitada e equivale a 18,5% do consumo de energia elétrica do setor residencial no Estado. Mas o grande desafio do país, e consequentemente de Minas Gerais, é usar os raios solares para gerar energia elétrica. De acordo com Marco Aurélio Porto, esse não é um tema novo para a Cemig. A empresa já instalou milhares de sistemas fotovoltaicos para eletrificação de centros comunitários, escolas e residências rurais. Pesquisas nas áreas de produção de células solares em parceria com o CETEC e o desenvolvi-

22

mento de sistemas de pequeno porte conectados à rede estão entre as iniciativas da estatal.

implantação a Usina Experimental de Geração Solar Fotovoltaica, localizada em Sete Lagoas. Quando concluída, será a maior usina do gênero no Brasil, com 3,3 MWp de pico em painéis fotovoltaicos, com capacidade de abastecer até 3500 residências, além de ser um dos mais bem estruturado centro de pesquisa em sistemas fotovoltaicos do mundo.

Em 2002, a empresa construiu o primeiro protótipo de termelétrica solar do Brasil de 10kWe, que se encontra no Campus I do CEFET-MG. Foram usados materiais disponíveis no mercado nacional e concentradores cilíndrico-parabólicos para a captação de energia. Esses coletores funcionam refletindo a luz do sol, que eleva a temperatura do equipamento, gerando vapor e energia. Atualmente três módulos de 12 m de comprimentos estão construídos e testados. Os projetos continuam. Desde janeiro deste ano, está em fase de

Construída no âmbito do programa de P&D Cemig Aneel, o projeto tem na sua equipe executora a empresa espanhola Solaria e dezenas de pesquisadores da UFMG. Entre os parceiros estão a Fapemig. A Prefeitura de Sete Lagoas doou o terreno para a locação da Plataforma Experimental, de cerca de 8 hectares. Com custo de aproximadamente R$ 40 milhões, dos quais R$ 27 milhões de da Cemig, terá duração de cinco anos e será o primeiro projeto de pesquisa do país que culminará na construção de uma usina comercial de geração de eletricidade.


Marco Aurélio Dumont Porto, engenheiro civil com MBA em Gestão de Negócios e Gestão de Projetos e especialização em Gestão da Inovação e Conhecimento

Nós, como engenheiros, somos obrigados a pensar em todas essas questões, ambientais, mercadológicas, tecnológicas e até culturais porque somos também formadores de opiniões. Contribuir para a mudança e implantação de leis que incentivem o uso de energias renováveis e por consequência deixar um planeta menos sofrido aos nossos filho.

Há, ainda, dois projetos em anda-

uma usina de 3,0 MWp em con-

distribuidora e poderá ser utili-

mento relacionados à Chamada

dições climáticas extremas, no

zado posteriormente na forma

Estratégica 013 da ANEEL. O

semiárido de Minas Gerais e o

de créditos na conta de luz.

primeiro, em parceria com a TBE

desenvolvimento de tecnologia

e Efficientia, empresas do grupo

nacional de alguns elementos do

Cemig, UFMG e Copel e TBE que

sistema de geração.

através da implantação de um “te-

No entanto, essa possibilidade deve ser avaliada previamente, por um estudo de viabilidade

A adoção da energia solar como

econômica, que cai requerer a

alternativa para geração de ener-

medição local da radiação solar

gia elétrica ganhou mais uma

por, pelo menos, três anos.

aliada. A regulação 482 da Agên-

Porém, ainda assim, esta análise é

cia Nacional de Energia Elétrica

perfeitamente útil para a locação

(Aneel) permite que o consumi-

dessas estações de medição,

dor instale sistemas fotovoltaicos

como recomenda o “Atlas Solari-

de pequeno porte em residên-

métrico de Minas Gerais”, pro-

cias, comércios e indústrias para

duto de um projeto de P&D

gerar sua própria energia. Pela

lançado pela Cemig, com mapea-

O outro, em parceria com di-

regra, se a unidade consumidora

mento detalhado do potencial

versas empresa encabeçadas

registrar produção excedente,

do Estado para a construção de

por Furnas, visa a instalação de

ela é exportada para a rede da

empreendimento solares.

lhado” solar em uma empresa a ser escolhida possam ser estudadas fundamentalmente as questões mercadológicas, com o intuito de descobrir as lacunas de custo e preço da geração fotovoltaica no Brasil, considerando sua disponibilidade, aspectos técnicos, tributários, regulatórios e comerciais.

23


TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

A regulação 482 da Aneel permite que o consumidor instale sistemas fotovoltaicos de pequeno porte em residências, comércios e indústrias para gerar sua própria energia

Infográfico Alexandre Affonso : revistapesquisa.fapesp.br/2012/12/10/cidades-do-futuro/

O documento também consi-

Além de reunir informações

de Pirapora e Unaí, norte/no-

dera o acesso aos locais, as

técnicas, o estudo classificou as

roeste de Minas Gerais , assim

condições topográficas, as dis-

áreas mais promissoras no Es-

como a microrregião de Pira-

tâncias às linhas de transmissão e aos centros de carga e identi-

24

tado para a implantação de usinas solares fotovoltaicas. São elas a microrregião de Janaúba,

pora e Paracatu, a microrregião de Curvelo e Três Marias, no

fica macrorregiões favoráveis a

no Norte do Estado, a micro-

centro e, ainda, a microrregião

este tipo de aproveitamento

rregião de Januária, no Médio

de Patrocínio e Araxá, no Triân-

energético.

São Francisco, a microrregião

gulo e Alto Paranaíba.


Gargalos

Elétrica Eletrônica (Abinee) apresentou o documento “Propostas para Inserção da Energia

Embora apresente ótimos níveis de radiação solar

Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasi-

e consequente potencial para a exploração, o país

leira”, fruto do trabalho do Grupo Setorial de

ainda precisa evoluir bastante se quiser incorporar

Sistemas Fotovoltaicos, no âmbito da área de

a energia fotovoltaica à rede elétrica nacional.

Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Políticas de incentivo e desenvolvimento de tec-

Elétrica (GTD) constituída pela entidade em

nologia nacional para esses projetos são medidas

2010 como resposta a uma provocação da

que podem tornar esse sistema mais atraente e

Coordenação de Energias Renováveis do

menos oneroso para os consumidores.

Ministério de Minas e Energia, que constatou a

O Brasil tem grandes jazidas de silício, principalmente em Minas Gerais, mas não existe tec-

inexistência de um interlocutor que representasse o segmento.

nologia para purificá-lo ao grau solar. Como em

O fruto dos encontros realizados pelas em-

outras áreas, o país exporta e posteriormente

presas do setor é o panorama da geração fo-

importa o insumo beneficiado por um valor in-

tovoltaica no mundo e a potencialidade de

finitamente superior.

implantação efetiva no Brasil, por meio de po-

Pelo fato de ainda ser uma tecnologia recente

líticas específicas para o segmento, conside-

e em processo de desenvolvimento, não há

rado bastante promissor. Isso demonstra de

muitos engenheiros graduados nessa área. Os

forma inequívoca o grande interesse que o

cursos de Engenharia de Energia são recentes

tema desperta, consolidando o GS-Fotovol-

na capital mineira. “Nós, como engenheiros,

taico em um fórum qualificado e privilegiado

somos obrigados a pensar em todas essas

no diálogo com o governo em busca de alter-

questões, ambientais, mercadológicas, tecnoló-

nativas para o desenvolvimento do setor fo-

gicas e até culturais porque somos também

tovoltaico no país.

formadores de opiniões. Contribuir para a mudança e implantação de leis que incentivem o uso de energias renováveis e por consequência deixar um planeta menos sofrido aos nossos filhos”, recomenda Porto.

A Abinee considera necessário desenvolver a cadeia produtiva de sistemas fotovoltaicos no Brasil de forma adequada e progressiva. Infelizmente, ainda essa possibilidade depende de contrapartida da demanda, ou seja, da orien-

Mesmo assim a indústria do setor está disposta

tação que o governo dará ao setor energético

a investir. A Associação Brasileira da Indústria

brasileiro.

25


TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Ângela Menin Teixeira de Souza engenheira eletricista, mestre em Engenharia Nuclear, doutora em Engenharia Mecânica e professora do curso de Engenharia de Energia da PUC Minas

A revolução está acontecendo lentamente. No futuro teremos que usar todos os recursos energéticos disponíveis, já que a demanda por energia elétrica está aumentando muito em função do número de eletroeletrônicos que usamos no dia a dia.

A engenheira eletricista, mestre

No entanto, energia é, mais que

constante aprimoramento para

em Engenharia Nuclear, doutora

uma questão conceitual, um pro-

que aumentar o desempenho e

em Engenharia Mecânica e pro-

duto a ser desenvolvido e co-

reduzir o custo. Estamos experi-

fessora do curso de Engenharia

mercializado. A tecnologia solar

mentando materiais novos, inclu-

de Energia da Pontifícia Univer-

não foge a essa regra. Para viabi-

sive”, explica.

sidade Católica de Minas Gerais

lizar esse sistema, é preciso tec-

(PUC Minas), Ângela Menin Tei-

nologia e preço competitivo. No

As perspectivas para o futuro

xeira de Souza, afirma que o au-

Brasil, o foco foi sempre a ener-

são muito positivas, segundo a

mento do uso da energia solar

gia hidráulica que, inclusive, ofe-

professora. Vencida a barreira

para geração de energia fotovol-

rece

seus

mercadológica do produto, a ge-

taica é questão de tempo. “A re-

usuários. No entanto, o governo

ração fotovoltaica ficará mais

volução

acontecendo

federal tem incentivado o uso

lentamente. No futuro teremos

acessível ao consumidor comum

das fontes alternativas que,

que usar todos os recursos

e, sobretudo àquele que mora

mesmo sendo mais onerosas

em locais onde a rede da Cemig

para o usuário, trazem benefícios

ainda não chega. Atualmente,

está

energéticos disponíveis, já que a demanda por energia elétrica

benefícios

para

a médio e longo prazo.

está aumentando muito em fun-

26

nessas regiões, as urnas eletrôni-

ção do número de eletroeletrô-

“No caso da energia solar, esse

cas são ligadas por meio dessa

nicos que usamos no dia a dia”,

processo não está pronto e aca-

fonte nos dias de votação. Mas

ressalta.

bado. Os sistemas estão em

esse uso pode ser ampliado.



TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Alfredo Jordan, diretor de Desenvolvimento de Projetos e CPO da Braxenergy Desenvolvimento de Projetos de Energia

“Se 28% da energia gerada pela Alemanha é solar, porque o Brasil, um país que recebe a luz solar durante todo o ano não faz também?”, provoca o diretor de Desenvolvimento de Projetos e CPO da Braxenergy Desenvolvimento de Projetos de Energia Ltda., Alfredo (Fred) Jordan.

Mesmo assim, a cadeia produtiva

ção do gênero de energia que é complementar a outra fonte.

tem evoluído consideravelmente.

A primeira delas é a medição da

“Os projetos de usinas fotovol-

radiação solar na área de inte-

taicas tiveram redução de custos

resse. O agreste nordestino é a

nos últimos 10 anos”, enfatiza. Há

melhor região do mundo para

materiais que oferecem melhor

esse tipo de projeto. Minas Ge-

custo/benefício em desempenho e custo de manutenção. No en-

rais, mesmo nas regiões de maior incidência solar, não tem o mesmo

Para o empresário, a indefinição

tanto, determinados produtos,

quanto ao marco regulatório da

exportados da China com tecno-

energia elétrica, pelo governo fe-

logia e preços bastante competi-

O terreno de interesse deve ser

deral, é um dos problemas que

tivos, ainda inibem a iniciativa da

razoavelmente plano o que reduz

indústria nacional, principalmente

os custos com terraplanagem.

pelo fator custo.

A proximidade com uma linha de

impedem o desenvolvimento do setor no país. Em outras pala-

28

data foi modificada duas vezes.

potencial, como destaca Jordan.

transmissão de energia elétrica

vras, se não há regras claras, não

Há que se considerar, também,

há, também, parâmetros para es-

que as usinas fotovoltaicas não

também é muito importante,

tabelecer um ambiente competi-

são aquele tipo de solução popu-

bem como a disponibilidade de

tivo nessa área. Um bom sinal foi

lar, “para todos”, embora essa

água. “A eficiência da energia fo-

o anúncio de um leilão de ener-

seja a ideia “vendida” à socie-

tovoltaica é muito melhor que de

gia solar no primeiro semestre

dade. De acordo com o empre-

um parque eólico. O terreno ne-

de 2014. No entanto, mudanças

sário, há condições que devem

cessário para instalação é bem

podem acontecer já que essa

ser respeitadas para uma instala-

menor”, analisa.


GESTÃO INTELIGENTE Smart grid vai facilitar a conexão de energias renováveis ainda pouco utilizadas, como a solar e a eólica, inclusive com a geração do próprio consumidor Smart grid não é um sistema, e sim um conceito de rede dotadade tecnologias digitais que oferece mais eficiência e confiabilidade

Infográfico Alexandre Affonso : revistapesquisa.fapesp.br/2012/12/10/cidades-do-futuro/

29


TECNOLOGIA | ENERGIA SOLAR

Energia fotovoltaica na América Latina tos relacionados à formação de uma indústria de energia renovável. Entre eles a economia de energia e de dinheiro.

Embora a energia renovável figure somente 16% da produção mundial, há aproximadamente 1.320 GW de capacidade de energia renovável no mundo, empregando cerca de 3,5 milhões de pessoas. Alguns países da América Latina, incluindo México, Argentina e Colômbia desenvolveram mapas de irradiação solar para mostrar onde a energia solar é mais adequada, e para encorajar o desenvolvimento da indústria. Há benefícios diretos e indire-

30

Em termos de disponibilidade e potencial, a energia solar possui um papel importante na América Latina, Caribe e, também, no mundo. O U.S. Department of Energy (DOE) afirma que em uma hora a superfície da Terra recebe luz solar suficiente para abastecer todas as necessidades elétricas do planeta durante um ano. A atratividade para investimento nos países da América Latina está significativamente espalhada. Chile, México e Brasil lideram enquanto que Venezuela, Jamaica e Equador ficam para trás. Esta ampla difusão é parcialmente resultado de uma variação no apoio político existente nestes países.

Enquanto Venezuela, Jamaica e Colômbia não tem nenhum apoio político, outros países na região, como Chile, possuem uma meta política explicita com relação à energia renovável e exigem geradores de energia para atender cotas mínimas. Enquanto um sistema de cota pode não atender a necessidade de apoio específico ao PV, o fato de alguns países latinos americanos terem definido metas políticas de energia renovável ajudará a tornar acessível o potencial na região. Pré-requisitos legais como permissão para conexão a rede de sistemas PV tem evoluído em países importantes como México e Chile. A capacidade instalada na América Latina comprova que há grande possibilidade de crescimento.


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ENGENHARIA | ENGENHEIROS NA POLÍTICA

Formação na engenharia ajuda na gestão pública

O diferencial do engenheiro na política é a capacidade de administrar, a intimidade com os números e o feeling para trabalhar com recursos financeiros e também com tempo, para fazer o melhor possível.

Luiz Sávio de Souza Cruz é deputado estadual pelo PMDB e graduado em Engenharia Metalúrgica pela UFMG

O

serviço público sempre atraiu a atenção de engenheiros. Muitos deles ingressam na política, para ter a autonomia necessária para defen-

der suas causas. Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado estadual pelo PMDB e vice-líder da bancada Luiz Sávio de Souza Cruz é

casa um exemplo negativo da ação política”, ressalta. Ele ingressou na política depois da sua atuação no CETEC, como representante das universidades no processo de discussão da lei estadual de meio ambiente. Ele também tinha, na bagagem, a participação no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). “Eu via que algumas decisões não eram norteadas pela parte

graduado em Engenharia Metalúrgica pela Universi-

técnica. O peso político das opiniões acabava viabili-

dade Federal de Minas Gerais, com especialização

zando as decisões”, comenta.

em Engenharia Ambiental e, ainda, professor licenciado dessa matéria na Pontifícia Universidade

O início da trajetória política de Luiz Sávio Souza Cruz

Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e de Física e

foi na Câmara Municipal de Belo Horizonte, como ve-

Química do Colégio Santo Antônio.

reador de Belo Horizonte, em 1992. Em 1996, ele foi o terceiro mais votado da capital e chegou a presidência

34

A política, para ele era uma “velha conhecida”. “A polí-

da Câmara. No ano seguinte, fez a reforma administra-

tica foi consequência de mais de uma coisa. Meu pai foi

tiva que reduziu de R$ 41 milhões para R$ 37 milhões

deputado durante vários mandatos e eu não tive em

os custos do legislativo municipal em dois anos.


Tudo isso se deu a partir da compreensão que eu tinha, a princípio, de que era necessário participar da luta por democracia e liberdade e, mais tarde, em favor da execução de políticas públicas que contribuíssem para a melhoria das condições de vida dos belo-horizontinos.

Vereador José Tarcísio Caixeta (PT), engenheiro de Minas pela UFMG

Em 1998, ele foi eleito deputado

Belo Horizonte também precisa de

cípio, de que era necessário partici-

estadual e convidado pelo então

engenheiros. O vereador José Tarcí-

par da luta por democracia e liber-

governador Itamar Franco para as-

sio Caixeta (PT), em seu quarto

dade e, mais tarde, em favor da

sumir a Secretaria de Administra-

mandato na Câmara Municipal da

execução de políticas públicas que

ção e Recursos Humanos, com

capital é engenheiro de Minas pela

contribuíssem para a melhoria das

base na sua experiência bem-suce-

UFMG e especialista em Engenharia

condições de vida dos belo-hori-

dida no legislativo municipal.

Sanitária e Engenharia de Segurança,

zontinos”, enfatiza.

Depois ele foi secretário de Plane-

também pela instituição, em 1983.

jamento e Gestão e retornou para

Para o vereador, um engenheiro,

“Minha militância política vem desde

quando ingressa na política, tem a

o movimento estudantil e prosseguiu

oportunidade de colocar a disposi-

Depois de uma pausa como su-

no Sindicato dos Engenheiros do Es-

ção da sociedade conhecimentos

plente em 2002, ele retornou à

tado de Minas Gerais (Senge-MG),

para a formulação do planejamento

casa em 2005, tendo sido reeleito

Conselho Regional de Engenharia e

das políticas públicas, principalmente

em 2006 e 2010, sempre atuando

Agronomia de Minas Gerais (CREA-

em obras de infraestrutura, urbani-

nas comissões de meio ambiente

MG) e Sociedade Mineira de Enge-

zação e intervenções profundas em

e energia, áreas da Engenharia.

nheiros (SME)”, lista. Em 1995, foi

vilas e favelas da cidade, entre outros.

a ALMG como líder do governo.

“O diferencial do engenheiro na política é a capacidade de administrar, a intimidade com os números e o feeling para trabalhar com recursos financeiros e também com tempo,

convidado pelo então prefeito Patrus Ananias para ser o secretário de Indústria e Comércio da capital. Na gestão de Célio de Castro, assumiu a Sudecap e a Urbel.

Entre as bandeiras de luta do vereador Tarcísio Caixeta estão a universalização do acesso ao saneamento (água, esgoto e destinação correta de resíduos), por moradia digna e por

para fazer o melhor possível”, re-

Em seguida, disputou uma vaga na

soluções de transporte adequadas à

sume. Por isso o deputado afirma

Câmara e venceu a eleição para ve-

solução dos graves problemas de

que a participação de engenheiros

reador.“Tudo isso se deu a partir da

mobilidade urbana que uma cidade

na política é sempre positiva.

compreensão que eu tinha, a prin-

como Belo Horizonte possui.

35


ARTIGO | ENGENHARIA & GESTÃO

Gestão de Projetos Brasil Ronaldo Gusmão, vice-presidente da SME

O

Brasil viveu na década passada um processo de estabilização da economia e atração de investimentos, e mais recentemente os investimentos ficaram mais difíceis em função da crise global de 2008 e a volta da inflação nos últimos anos. Isto significa que deveríamos fazer mais com menos recursos, e não é o que está acontecendo com inúmeros projetos (empreendimentos) de infraestrutura, de mobilidade urbana, saneamento e obras para a copa do mundo, para citar alguns. Estamos presenciando, via os meios de comunicação, o caos logístico no Brasil: nos portos, aeroportos e rodovias, os atrasos nos estádios de futebol e principalmente o estouro nos custos das obras públicas. É inconcebível e inaceitável um estádio de futebol, uma usina hidrelétrica, uma obra de transposição ficar 50% mais caro do que o previsto. Mais uma vez nós os contribuintes vamos pagar a conta.

36

Melhores práticas até mesmo metodologias em gestão de projetos existem, necessitamos de melhores práticas nas questões políticas que afetam diretamente os projetos. Precisamos, sim, evoluir em gestão de projetos. A pesquisa divulgada, em fevereiro de 2013, com o nome “Maturidade Brasil 2012”, coordenada pelo respeitado professor e consultor Darci Prado, apresenta resultados com

relação à maturidade em gerenciamento de projetos, em governos, ONGs e diversas empresas de vários setores da economia, e demonstra que o nível de maturidade da gestão de projetos contribui diretamente para os resultados do negócio. A maturidade está ligada à capacidade das organizações de gerenciarem os seus projetos com sucesso, isto é, no escopo, prazo, custo e qualidade acertados!


Numa escala de 1 a 5, a pesquisa mostra que a maturidade média das empresas brasileiras alcançou 2,60, portanto temos muito que evoluir. O nível 1 é o estágio inicial, 2-conhecido, 3-padronizado, 4-gerenciado e 5-otimizado, ou seja, estamos entre os níveis conhecido e padronizado e a conclusão é que ainda temos um enorme caminho pela frente para atingirmos o nível ideal que é o otimizado. Pela pesquisa realizada somente 0,5% das organizações encontram-se neste patamar, e próximo deste estagio existem apenas 9,4% das organizações com seus projetos sendo gerenciados de maneira adequada. A pesquisa de maturidade apresenta informações, ainda mais preocupantes, para o setor de tecnologia da informação que evoluiu pouco em relação a 2008, pois revelam que somente 57,5% dos projetos de TI foram totalmente bem sucedidos, 14% estouraram os custos e 22% atrasaram seus projetos. Para a indústria da construção somente 49,5% dos projetos tiveram sucesso total, 16% estouraram o orçado e 24% atrasaram seus projetos. Isto é extre-

É inconcebível e inaceitável um estádio de futebol, uma usina hidrelétrica, uma obra de transposição ficar 50% mais caro do que o previsto.

mamente alarmante para as empresas que dependem de projetos, uma vez que a pesquisa ressalta a ligação direta e certa dependência entre se ter maturidade e ter sucesso nos negócios. Em outra pesquisa realizada pelo Ietec, em julho de 2012, durante o 15º Seminário Nacional de Gestão de Projetos, constatou-se um avanço tímido no uso de metodologias para gerenciamento de projetos. Hoje o conceito de gestão de projetos faz parte da estratégia de 84% das empresas participantes, em 2008, era 83%. Atualmente, 71% utilizam algum método para priorizar projetos, antes era 64%. Percebe-se que 66% das empresas utilizavam padrões e procedimentos em 2008, agora 80% utilizam. O avanço mais significativo era que somente 29% das empresas tinham a metodologia implementada. Hoje, 80% possuem metodologias de projeto em sua organização. Mas os problemas continuam os mesmos, isto é, o não cumprimento de prazos (28%) e problemas relativos a custos (15%) continua no rol das falhas cometidas pelas empresas,

Ronaldo Gusmão, vice-presidente da SME

assim como as habilidades profissionais mais valorizadas, em 2008, são as mesmas de hoje: liderança e comunicação. Muito trabalho e aperfeiçoamento eram o que as empresas pretendiam fazer em meados de 2012, desenvolvimento e/ou revisão de metodologia de gerenciamento de projetos, implementação de indicadores de desempenho e adoção de ferramentas de gerenciamento de projetos. As melhores práticas em gestão de projetos devem ser imperiosas neste momento da economia brasileira, os escopos dos projetos não podem sofrer alterações políticas, que implique em alteração dos custos ou na qualidade dos mesmos, os prazos devem ser cumpridos rigorosamente por todos. A boa governança em projetos serve tanto para os governos, para nossas empresas públicas e principalmente para nossas empresas privadas que competem num mundo cada vez mais globalizado. Obs.: As pesquisas citadas estão disponíveis em techoje.com.br

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SME, 83 ANOS VALORIZANDO A EN GENH

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SANEAMENTO | CAPACITAÇÃO

CREA-MG capacitará profissionais para a área de projetos de saneamento O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG) firmou convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no valor de R$ 3,5 milhões para a promoção de cursos de capacitação/qualificação sobre os planos municipais de saneamento básico. A entidade também vai oferecer apoio e supervisão a 100 cidades mineiras de até 50 mil habitantes para a elaboração desses documentos. O início dos trabalhos será no segundo semestre deste ano. O fiscal do convênio da parte do CREA-MG, Renato Chaves, explica que a iniciativa é fruto da demanda da lei federal nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal dessa área e, ainda, exige que todos os municípios do país tenham seus planos de saneamento básico e de estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-financeira da prestação integral dos serviços, nos termos do respectivo documento. “A questão é que muitos dos municípios ainda não têm seus planos porque não dispõem de profissionais qualificados para fazer os projetos nos moldes da legislação”, destaca. Para a primeira etapa do projeto, que terá validade até dezembro de 40

Renato Chaves, fiscal do convênio do CREA-MG

2014, a Funasa vai selecionar 100 municípios nas 10 regionais do CREA-MG. É provável que o número de cidades atendidas aumente até o final do prazo. A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) não será contemplada porque, para essas áreas há regras específicas. Segundo o fiscal, a capacitação será feita em três etapas, por meio de oficinas para os profissionais interessados, além de apoio e supervisão técnica na elaboração dos planos. Para formar as equipes responsáveis pelas oficinas, o CREA-MG realizou processo seletivo simplificado para contratar instrutores e equipe de apoio, totalizando 28 pessoas, dos quais 11 engenheiros. “Como são equipes multidisciplinares também contratamos administradores e cientistas sociais. O plano não é apenas de Engenharia, pois tem a participação da comunidade local e engloba

questões de impacto social”, explica Chaves. Os consórcios intermunicipais de saúde também fazem parte do convênio. Os planos deverão contemplar os quatro pilares do saneamento básico: tratamento de água, tratamento de esgoto, tratamento e coleta de resíduos e, ainda, destinação de águas pluviais, visando a melhoria da qualidade de vida da população, como prevê a legislação sobre a matéria. Segundo o fiscal, a área de Engenharia de Projetos tem um campo vasto, principalmente na área pública, onde as iniciativas das administrações estadual e municipal dependem de planos bem elaborados para pleitear recursos junto ao governo federal. “O mercado brasileiro está muito carente desse profissional especializado, principalmente na área de saneamento”, considera.



ARTIGO | MOBILIDADE

O METRÔ LEVE: ALTERNATIVA VIÁVEL Luiz Otávio Silva Portela

Dando continuidade ao que foi publicado na Edição de maio/junho de 2012, apresentamos aqui mais algumas considerações sobre o Metrô Leve como alternativa para o transporte de passageiros em grandes centros urbanos. O início da idéia da utilização do modal Metrô Leve – Configuração Monotrilho surgiu quando preocupados com a situação caótica em que se encontra o trânsito de veículos na cidade de Belo Horizonte, nos perguntamos : “A implantação de um Metrô Leve é uma boa alternativa para o sistema de transporte de massa em Belo Horizonte?” A resposta foi “sim, é uma boa alternativa para o sistema de transporte de massa em Belo Horizonte.” Podemos simplificadamente justificar conforme discriminado a seguir. 1) SITUAÇÃO ATUAL DAS GRANDES CIDADES - vias urbanas coletoras e arteriais congestionadas em horários de maior movimento (horários de pico pela manhã e à noite);

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Luiz Otávio Silva Portela, engenheiro civil, membro da Comissão de Transportes da SME e da Comissão de Infraestrutura da Câmara de Comércio França Brasil.

- transporte por ônibus é insuficiente para atender a todos em horários de maior movimento (horários de pico pela manhã e à noite);

- faltam recursos financeiros aos órgãos públicos para investir em soluções de transporte (e outras também);

- número de automóveis (veículos de passeio) aumenta dia a dia, sem parar e não há como frear esse crescimento;

- precisamos de alternativa de solução que não ocupe mais ainda nossas vias de transporte em sua superfície.

- “falta espaço no chão” para tantos veículos (automóveis, ônibus, motos e caminhões); - o alargamento das vias atuais é difícil em termos dos altos valores das áreas a desapropriar, hoje todas edificadas, dos prejuízos sociais e econômicos que sempre ocorrem e do tempo necessário para concluir todo um processo de desapropriação;

2) PRIMEIRA CONCLUSÃO Para fazer face às questões apresentadas, só temos 2 alternativas, a saber : - usar o espaço “abaixo do chão”, ou - usar o espaço “acima do chão”. Dessa forma, não serão consideradas aqui outras soluções “no chão”, do tipo VLT ou BRT, aqui consideradas inadequadas.


vezes em falta de espaço nos referidos canteiros, para implantação dos pilares, levando ainda à necessidade de desapropriações de imóveis, para alargamento da via e, consequentemente, aumento de custo. Como ônibus e BRT são movidos com motores de combustão interna, haverá um acréscimo de poluição atmosférica e sonora ao longo do trajeto. Em nossa opinião a poluição visual também ocorrerá, uma vez a pesada estrutura de um viaduto com 2 faixas de tráfego e dos próprios veículos de maior porte que nele trafegarão.

Esse, em nosso entender, tem sido um dos fatores que é esquecido pelas autoridades de Belo Horizonte e de Minas Gerais, que a cada dia tentam achar soluções que sempre ocupam muito e cada vez mais espaço no chão. Resta ser definido qual o melhor e mais conveniente modal de transporte a ser implantado acima do chão ou abaixo do chão. 3) USAR O ESPAÇO “ABAIXO DO CHÃO” Em nossa opinião, sem considerar os aspectos econômicos, tal solução, no caso o metrô, é a melhor, de maior capacidade, sem poluição visual, atmosférica e sonora. Entretanto, é de alto custo e, dependendo do seu traçado, interferências subterrâneas podem causar uma elevação ainda maior do custo de implantação. Avalia-se o custo de implantação do Metrô da ordem de 450 milhões de reais por quilômetro de via (informação obtida a partir da construção do atual prolongamento da linha de metrô do Rio de Janeiro).

É também uma solução que demanda um período de implantação bastante longo (1 km em 4 anos) e precisamos de soluções rápidas, pois o caos já está instalado nos horários de pico. No nosso caso de Belo Horizonte, cidade com relevo montanhoso, um metrô subterrâneo implicaria também em algumas estações bastante profundas, o que seria também um fator de acréscimo de custo e de prazo.

O segundo tipo seria também de uma via elevada implantada sobre canteiro central e/ou lateral, para utilização de veículo do tipo Metrô Leve (Monotrilho ou Monorail). Nesse caso, como o veículo é de baixo peso, de menores dimensões e tem caminho fixo, a estrutura necessária para um trajeto também em mão dupla é muito mais leve e esbelta, se adequando melhor ao espaço reduzido nos canteiros disponíveis na cidade, sem necessidade de alargamento de pista da via.

O primeiro tipo seria a via elevada em forma de viaduto implantado sobre canteiro central e/ou lateral, para utilização de veículo do tipo ônibus ou o denominado BRT (um dos exemplos da cidade de São Paulo).

Nota-se, que as reduzidas dimensões das estruturas de apoio e circulação do Metrô Leve, possibilitam a utilização de peças prémoldadas, sem a necessidade de cimbramentos /escoramentos necessários para a concretagem das estruturas “in loco” e que também exigem um espaço para serem instalados na via, reduzindo sua capacidade hoje já esgotada e causando grande interferência durante sua execução.

Nesse caso, a estrutura do viaduto (tabuleiro e pilares) para circulação dos veículos em mão dupla, teria dimensões avantajadas, de grande custo de execução, o que implicaria muitas

Como o veículo Metrô Leve é tracionado com motor elétrico, não haverá acréscimo de poluição atmosférica e sonora ao longo do trajeto, sendo ambientalmente correto.

4) USAR O ESPAÇO “ACIMA DO CHÃO” Tal alternativa pode ainda se subdividir em 2 tipos distintos, dependendo do tipo de veículo a considerar.

43


ARTIGO | MOBILIDADE

Em nossa opinião, a poluição visual nesse caso é bem menor, até pela aparência moderna dos veículos utilizados. As 2 primeiras linhas de Metrô Leve que estão sendo executadas no Brasil estão situadas na cidade de São Paulo (vale a pena visitar). Entre as possibilidades aqui citadas para solução “acima do chão”, função das dimensões das estruturas de cada uma e da possibilidade de desapropriação citada, podemos também afirmar que a solução com utilização do veículo tipo BRT é a que demanda maior tempo de execução. No caso do Metrô Leve, como citado anteriormente, as estruturas necessárias são menores e mais leves, adequadas a serem executadas em peças pré-moldadas, sem necessidade do espaço necessário para concretagem “in loco”, mais adequadas também às reduzidas larguras dos canteiros das avenidas em Belo Horizonte.A implantação de 1 km de Metrô Leve tem uma duração de obra da ordem de 1 ano. Assim, em termos de prazo de execução, a solução mais interessante é

aquela “acima do chão” com a utilização de veículo do tipo Metrô Leve. Em termos de operação, a solução “acima do chão” com utilização de VLT ou BRT utiliza operador (motorista), enquanto a operação do Metrô Leve dispensa o operador (motorista), sendo totalmente automática e computadorizada. Ainda em termos de operação, o Metrô Leve por trafegar acima do chão não sofre a interferência de cruzamentos de vias, de sinais de trânsito e de engarrafamentos. Em termos de operação a solução em Metrô Leve também é mais vantajosa. Um veículo do tipo BRT tem em geral capacidade média de 160 passageiros (Manual de BRT – Ministério das Cidades – pág 80). Uma composição de veículos do tipo Metrô Leve, com 4 vagões (podendo ser aumentado esse número) é da ordem de 300 a 550 passageiros (informação de dois dos fabricantes). O número de passageiros a transportar por dia será função do número de veículos a operar para cada tipo.

Note-se ser necessário um número maior de veículos do tipo BRT para transportar um mesmo número de passageiros de uma única composição do Metrô Leve (no caso com 4 vagões). Em termos de capacidade, a solução em Metrô Leve também é mais vantajosa. O custo de implantação do Metrô Leve é avaliado da ordem de 85 milhões de reais o quilômetro de via. Em termos de custo de implantação a solução em Metrô Leve também é mais vantajosa. 5 . CONCLUSÃO FINAL A solução acima do chão com o modal Metrô Leve, em nosso entender é a mais interessante, a mais conveniente e a mais factível de utilizar os grandes corredores de transporte existentes para o transporte de massa, devidamente integrada aos demais modais já existentes, inclusive fazendo prolongamento da atual linha de Metrô (exemplo de São Paulo).

VALE A PENA VISITAR OS LINKS: http://www.metro.sp.gov.br/obras/monotrilho-linha-15-prata/video-apresentacao.aspx http://www.metro.sp.gov.br/obras/linha-17-ouro/index.aspx

Linha 17 – Ouro - Metrô de São Paulo (abril/2013)

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Linha 15 – Prata - Metrô de São Paulo (abril/2013)



ARTIGO | JOSÉ HENRIQUE DINIZ

Inovação incremental e melhoria contínua Diferentes, mas fundamentais para otimização do desempenho empresarial, contribuindo para o aumento da competitividade das empresas

O

conceito de Inovação já é um con-

Essa discussão se sustenta na medida em que as em-

senso.Trata-se da união de criativi-

presas, muitas vezes, não compreendem que podem

dade, com atitude e resultado.

usar de linhas de crédito dos governos federais, esta-

Criatividade, representada pela

duais e municipais para melhorar um produto que já

ideias, pelo novo.Atitude, pela ação,

comercializam. Os empresários ainda acham que só

empreendedorismo. Resultado, tangível ou intangível,

há investimentos em inovação se algo novo for o pro-

nas esferas econômico-financeiras e sócio-ambientais. Dessa forma, inovação é instrumento de sustentabilidade empresarial. Sem resultados, não há inovação. No entanto, ainda hoje é fruto de debates a questão se inovação tecnológica refere-se apenas criação de novos produtos/serviços e processos ou se a melho-

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duto final. E, com essa ideia errônea, deixam de usufruir de linhas de crédito e, no final das contas, deixam de lucrar com um auxílio legítimo da esfera pública. Em muitos aspectos, a inovação incremental se assemelha à melhoria contínua e vice-versa. Uma coisa,

ria contínua de algo pré-existente também é inovação.

porém, é certa: tanto a melhoria contínua quanto a

Há uma linha tênue entre os conceitos de Inovação

inovação incremental são fundamentais para otimiza-

Incremental e de Melhoria Contínua. Mas, ainda hoje,

ção do desempenho empresarial, contribuindo para o

muitos não compreendem a diferença entre ambas.

aumento da competitividade das empresas e, conse-

Elas caminham juntas, se complementam, mas diferem

quentemente, para a melhoria dos resultados da or-

em diversos aspectos extremamente relevantes.

ganização.


José Henrique Diniz, ex-cooordenador do Prêmio SME de ciência, tecnologia e inovação

Ideias surgem a todo momento. O que difere as pessoas criativas das empreendedoras é a capacidade de direcionar suas ideias para a produção de resultados.

Para compreendermos as sutis diferenças entre elas,

lhorado, sem, no entanto, alterar as funções básicas

é necessário relembrar as origens de cada uma. De

originais do produto ou serviço em questão. Ela causa

forma simplificada, podemos dizer que:

impacto significativo na empresa e no mercado e cria

Inovação é fruto da criatividade e do ato de em-

preender. É uma ideia que, bem trabalhada, gera resul-

vantagem competitiva no médio e longo prazos para a empresa que a adota;

tados econômico-financeiros e/ou socioambientais.

É implementação da ideia ao mercado – seja mercado

dança), é afeita à qualidade e ao desempenho, bus-

interno ou externo.

cando de forma proativa a solução de problemas e

É início da comercialização de um produto/serviço novo ou que possua significativa melhoria. Mas vale,

Melhoria Contínua: do japonês Kaizen (boa mu-

desafios, onde o objetivo final, sempre, é a busca da “perfeição” do produto/serviço, aumentando sua se-

sempre, a máxima: uma inovação só se realiza se chegar

gurança, otimizando sua qualidade e promovendo a

ao mercado e acarretar resultados. Lembre-se: novas

satisfação dos clientes e demais stakeholders envol-

ideias surgem a todo momento. O que difere as pes-

vidos no processo. Tal aspecto busca manter a com-

soas criativas das empreendedoras é a capacidade de

petitividade empresarial e, em geral, tem foco no

direcionar suas ideias para a produção de resultados;

curto prazo, devido à competitividade inerente ao mercado.

• Qualidade, em linhas gerais, é a eficiência e eficácia no atendimento a todas as partes interessadas no

Assim, se diferenciam claramente a Inovação Incre-

projeto, aos seus diversos stakeholders. Claro que

mental e a Melhoria Contínua. No entanto, é claro que

essa percepção, de melhora do cenário, deve vir por

há pontos de consonância entre os conceitos, princi-

parte destes mesmos stakeholders;

palmente no que se refere à busca de melhores índices

de produtividade e resultados, imediatos ou não. Embora não seja algo que rompa com os paradig-

mas vigentes, nem agregue funções inexistentes ante-

E tais indicadores, nos dias atuais, são o que diferem

riormente, o que convencionou chamar de Inovação

as empresas que crescem e se consolidam daquelas

Incremental inclui algo novo ou significativamente me-

fadadas à extinção. 47


ARTIGO | PREVENÇÃO NA CONSTRUÇÃO

Vistorias Cautelares: Prevenção para Construtores Cautelar está ligado ao substantivo feminino cautela, que é o mesmo que prevenção. Isto quer dizer que com um simples trabalho preventivo, pode-se evitar muitos problemas com a vizinhança durante e depois do término de uma obra. A partir desta observação vamos relatar uma experiência que é frequente na atividade dos profissionais de engenharia. Recentemente, um cliente reformou um apartamento recém-adquirido. Durante as obras, teve várias reclamações de vizinhos, pois haviam aparecido trincas em quase todo o prédio, que era de alvenaria auto-portante. Não vamos detalhar o caso, mas além de ter que modificar sua obra e consertar vários apartamentos, gastando mais que o inicialmente previsto, recebeu reclamações de problemas que não eram de sua responsabilidade, o que gera até hoje certo mal estar com alguns vizinhos. Imaginamos que vários dos leitores, ao construir onde há um grande número de residências, já receberam

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reclamações da vizinhança, especialmente sobre o aparecimento de trincas, quando da execução das fundações ou movimentação de terra. E o pior: algumas dessas reclamações sem nenhuma razão, e em alguns casos chegando até a esfera judicial, onde processos são onerosos e demandam tempo, podendo inclusive levar ao embargo da obra, provocando atrasos irrecuperáveis no cronograma. Mas há uma saída para evitar tais aborrecimentos: as vistorias cautelares. Uma vistoria cautelar deve ser realizada antes do início da obra por um engenheiro civil ou arquiteto, com especialização em perícias de engenharia, e tem como objetivo mostrar o estado momentâneo de determinado imóvel, verificando suas características construtivas, conservação e explicitando se já existem defeitos ou vícios construtivos, até aquela data, com croquis, fotos e texto técnico dos vários defeitos observados, como as trincas, infiltrações, eflorescências, abatimento de pisos, etc. Acompanhado

da devida ART – Anotação de Responsabilidade Técnica, registrada no CREA. Essas vistorias cautelares devem ser efetuadas nos diversos imóveis que circundam o terreno, onde será erguida a edificação ou, no caso de prédio, nos apartamentos vizinhos a uma reforma. Esse procedimento demonstra o respeito e responsabilidade da construtora perante a vizinhança, estabelecendo um clima de confiança entre as partes. Isto é necessário, pois se sabe que durante a execução de uma obra, vários incômodos são gerados aos seus vizinhos. Existem duas formas de vistorias cautelares: judiciais ou extrajudiciais. As judiciais são requeridas por pelo menos uma das partes. Nesse caso, as partes litigantes tem que contratar advogados, arcar com custos do perito indicado pelo juiz e ainda, caso seja necessário, contratar um perito assistente técnico, de confiança, para acompanhar o perito do juiz em seus trabalhos.


Engenheiro Civil, Clémenceau Chiabi Saliba Júnior

Vistorias cautelares devem ser efetuadas nos diversos imóveis que circundam o terreno, onde será erguida a edificação ou, no caso de prédio, nos apartamentos vizinhos a uma reforma. Esse procedimento demonstra o respeito e responsabilidade da construtora perante a vizinhança, estabelecendo um clima de confiança entre as partes.

Esse processo cautelar servirá como prova em caso de futura ação indenizatória. Já as vistorias extrajudiciais são feitas através da contratação de peritos em engenharia, pela construtora ou por algum vizinho, cujos respectivos laudos deverão ser expedidos, preferencialmente, em duas vias e rubricados pelas partes envolvidas (construtora e vizinho). Ou entregue por meio de correspondência que comprove a aceitação dos fatos relatados no laudo, sendo necessário um laudo para cada imóvel vizinho à construção. Existe ainda uma outra forma extrajudicial de realizar tais vistorias, mas

com valor legal: A vistoria cautelar arbitral, onde as partes em comum acordo procuram por uma câmara de arbitragem reconhecida e, em consenso, indicam um perito membro da lista de árbitros da área de engenharia, para realizar tal vistoria cautelar. Finalmente, espera-se do engenheiro ou arquiteto perito, mesmo que tenha sido contratado pela construtora, que apresente um lado isento, de acordo com o Código de Ética Profissional do sistema CONFEA/CREA, e que seja preparado de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, especial-

mente a NBR 13.752 – Norma Brasileira de Perícias de Engenharia na Construção Civil. Desse modo, a obra poderá transcorrer normalmente, resguardando a construtora de futuros problemas judiciais, por má fé em alguns casos,e, ainda, caso ocorra algum dano ao vizinho, que a construtora possa corrigi-lo naturalmente, mantendo o bom relacionamento, num prazo negociado entre as partes, que não atrapalhe o bom andamento da obra.

Clémenceau Chiabi Saliba Júnior e Guilherme Brandão Federman Engenheiros Civis

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O SISTEMA FIEMG TRABALHA PARA DESENVOLVER A INDÚSTRIA E PARA MELHORAR A SUA VIDA.

V O o e O T a p A


Você sabe o que é o Sistema FIEMG? O Sistema FIEMG é uma organização privada, ou seja, é como se ele fosse uma grande empresa formada por mais cinco empresas. O SESI, o SENAI, a FIEMG, o CIEMG e o IEL. Todas elas trabalham juntas para desenvolver a indústria e apoiar os empresários. E também para melhorar a sua vida. Quer saber mais? Acesse www.fiemg.com.br.


NOVOS ENGENHEIROS | THIAGO MEIRA RAYDAN

Estudante da UFMG aposta no potencial transformador da Engenharia Aos 20 anos, o estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Thiago Meira Raydan, é um empreendedor social de sucesso. Diretor da organização não governamental (ONG) Engenheiros da Alegria, fundada em 2011 por ele e um grupo de colegas da faculdade que decidiram sair da intenção para praticar a transformação social, ele conseguiu a façanha de reunir 600 voluntários para fazer a reforma da creche Pupileira Ernani Agrícola, em Belo Horizonte, em maio deste ano. A instituição atende a 296 crianças. O resultado dessa intervenção é que o estacionamento cheio de entulho deu lugar a uma trilha ecológica. Da mesma forma, o porão que funcionava como depósito de lixo foi aberto para que todos possam usálo, como um “cantinho da paz”.A creche também ganhou um solário e fachada nova e o muro, branco, foi todo coberto por desenhos. En-

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quanto parte da equipe trabalhava na reforma, outra divertia as crianças. Pais, funcionários e moradores da comunidade também ajudaram na ação.

“A sociedade confia em nós e é esse compromisso com a sociedade que me dá um gosto especial pela profissão que escolhi”, destaca.

“Eu acredito muito no potencial de transformador social do profissional de Engenharia. É nesse profissional que eu confio grande parte da mudança do cenário da minha cidade e do mundo. Se redirecionarmos o nosso conhecimento para a inovação e transformação social, nós veremos um mundo melhor e cada vez mais igualitário.A tecnologia e as novas invenções científicas devem estar sempre conectadas com a melhoria da educação, saúde e da igualdade social do nosso país, do nosso mundo”, aponta.

Para ele, a escolha da Engenharia Ambiental foi a mais acertada, já que o seu propósito e construir um mundo onde o ambiente e o ser humano caminhem de maneira sustentável e com uma relação mutuamente saudável. Diante desse cenário, a área demanda por pesquisas e inovação tecnológica o futuro das próximas gerações. “Foi diante desse desafio que eu confiei na Engenhara como bom meio para buscar essa essa transformação”, completa.

Como é aluno de uma universidade pública, Thiago Raydan acredita que não é preciso ter o diploma para dar a merecida contrapartida à sociedade, que paga pela formação profissional de tantos jovens brasileiros.

O nome Engenheiros da Alegria foi criado pela crença de que toda pessoa tem o dom de ser um construtor de sorrisos. “Compartilhar felicidade com outras pessoas é algo vital para que nós também sejamos felizes”, reflete o estudante.


Thiago Meira Raydan, estudante de Engenharia Ambiental pela UFMG e Diretor da ONG, Engenheiros da Alegria.

Embora o foco da ONG sejam estudantes e graduados Atualmente a ONG Engenheiros da Alegria tem três tipos em Engenharia, não há restrição para a adesão de novos de projetos.As “Visitas Alegreiras” levam sorrisos para covoluntários de todas as idades. De acordo com Raydan, a munidades, creches, escolas, asilos e hospitais, por meio motivação para continuar o trabalho é reencontrar as coda fantasia e da arte do palhaço. O “Coletivo Feliz Cimunidades depois das interdade” promove intervenções urvenções e constatar que as banas para levar um pouco mais pessoas estão mais alegres e de amor para as ruas da capital realizadas.“Vamos lá para dar mineira. Há, ainda, o “Jogo A mobilização sempre ocorre por meio alegria para a comunidade, Oasis”. Desenvolvido pelo Instide grupo e nunca de uma só pessoa. A mas recebemos essa alegria tuto Elos, é aplicado por jovens mobilização na creche Pupileira Ernani na mesma medida”, aponta. empreendedores em diversas Agrícola foi feita através do Jogo Oasis. partes do mundo, com o objePara fazer os projetos, a EnNós recebemos um grande apoio do tivo de realizar sonhos de cogenheiros da Alegria faz parvoluntariado justamente porque a ideia munidades, buscando acolher cerias com empresas e de mudar o mundo com suas próprias suas belezas, talentos e recursos instituições. Para a creche Pumãos é algo que todos temos. Basta para que as transformações aconpileira, os apoiadores foram a uma oportunidade para começarmos. teçam. Tintas Coral, a Atlas e o Instituto Elos, sem os quais a in“A mobilização sempre ocorre tervenção não seria possível. por meio de grupo e nunca de Como o trabalho nunca acaba, a uma só pessoa. A mobilização na equipe de voluntários da ONG planeja retornar à creche creche Pupileira Ernani Agrícola foi feita através do Jogo Sementes do Amanhã, primeira que foi visitada pelo grupo, Oasis. Nós recebemos um grande apoio do voluntapara construir uma quadra de futebol para as crianças.“Vai riado justamente porque a ideia de mudar o mundo ser um prazer enorme voltar ao local onde a nossa história com suas próprias mãos é algo que todos temos. Basta começou”, conclui o estudante. uma oportunidade para começarmos”, analisa.

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CONSTRUÇÃO | INOVAÇÃO

CBIC e Antac apresentam projeto de inovação da construção civil brasileira A inovação tecnológica tornou-se, nos últimos anos, uma demanda fundamental e estratégica para toda a cadeia produtiva da Indústria da Construção. Cada dia mais, as antigas técnicas construtivas, intensas em mão de obra – e por isso extremamente artesanais – vão cedendo espaço para novos procedimentos e materiais que incorporam a inovação e a sustentabilidade. A falta de mão de obra qualificada, a pressão pela redução de perdas de materiais durante a construção, a demanda da sociedade por empreendimentos com menor custo de manutenção, entre outros fatores, têm exigido que as construtoras lancem mão do que há de mais moderno hoje para a produção de moradias, edifícios comerciais, obras de infraestrutura entre outras. Entretanto, elevar o nível de desenvolvimento do setor da construção no Brasil passa pela solução de uma gama variada e intricada de desafios. Desde o aspecto tributário que hoje desestimula a adoção de novos métodos construtivos, até a grade curricular dos cursos de arquitetura e urbanismo que precisa ser amplamente revista.

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Nesse contexto, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac) apresentaram, no dia 28 de maio, em Brasília, documento que apresenta propostas de estratégias para a formulação de uma política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Indústria da Construção Civil. Fruto de estudo conduzido pelas duas entidades, em oficinas realizadas em diversos Estados com mais de 300 participantes, o documento apresenta quais são os principais obstáculos que impedem o desenvolvimento dos programas de fomento às pesquisas consideradas estratégicas para o setor. Entre eles, distanciamento entre academia e mercado e entre a academia e o setor público; falta de integração entre agentes do setor; dificuldade de acesso ao conhecimento; conservadorismo dos agentes do setor; visão de curto prazo das empresas do setor; limitações da base legal de estímulo a Ciência, Tecnologia & Inovação; emprego de mecanismo inadequado de avaliação da pesquisa voltada à inovação tecnológica realizada pela academia; indisponibilidade de dados de apoio a C,T&I,

e carência e aplicação limitada de regulamentos e normas inibindo a C,T&I.

Presidente da CBIC, Paulo Safady Simão

O presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, afirma que o setor da construção civil carece, em caráter de urgência, de um programa de inovação tecnológica por estar defasada, embora experimente momento de grande expansão. “Temos que inovar e modernizar a atividade. Esse projeto apresenta diretrizes importantes em todas as áreas do negócio, desde as operacionais até a legal e tributária”, enfatiza. Ainda conforme o dirigente, o plano do setor pretende fortalecer o projeto do governo federal na área de inovação e desenvolvimento tecnológico, que configurase como o maior desafio do país na atualidade.


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ARTIGO | ENERGIA NO BRASIL

A CRISE DE ENERGIA NO BRASIL E SUAS SOLUÇÕES José Goldemberg

As causas da crise de eletricidade que enfrentamos têm sido amplamente discutidas na imprensa e parecem ser bem compreendidas: a expansão do sistema de hidrelétricas – a principal fonte de energia elétrica no Brasil – tem sido feita nas últimas décadas em usinas a fio d’água, ou seja, sem reservatórios que as mantenham em funcionamento em período de estiagem prolongadas. Isso não é culpa do atual governo, mas da incapacidade geral dos governos, que, desde 1990, não se estabelecem um diálogo maduro com os ambientalistas e os movimentos sociais contrários à construção de barragens para a formação de reservatórios.A oposição ao governo FHC estimulou esses movimentos e paga agora o preço elevado que deles resultou. Várias organizações ambientalistas, como a WWF Brasil, tentaram iniciar esse diálogo, mas suas propostas foram recebidas com indiferença, apesar de razoáveis: escolher na Amazônia as bacias hi-

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drográficas nas quais barragens e hidrelétricas poderiam ser construídas e preservar outras bacias. Atualmente os reservatórios estão praticamente no mesmo nível de 2001 e certamente teríamos um racionamento se não fossem as termoelétricas, que usam gás, óleo combustível e até carvão. Sua construção foi iniciada no fim do governo FHC e o governo Lula/Dilma Rousseff deu-lhes andamento. Mas a energia gerada por elas é muito mais cara e poluente do que a das hidrelétricas. Mesmo assim, o risco de racionamento não foi afastado, porque todas as termoelétricas disponíveis já foram acionadas e se a seca continuar faltará energia. A razão para tal é simples: as alternativas de geração de eletricidade disponíveis – que são as usinas eólicas (movidas pela força do vento) e as termoelétricas queimando bagaço – não foram estimuladas pelo governo, no fundo, por motivos ideológicos.

A partir de 2002, o governo decidiu expandir o parque gerador de eletricidade através de leilões que a Empresa de Planejamento Energético (EPE) realiza. Recebem as concessões as empresas que apresentam preços mais baixos para a energia produzida, seja hidrelétrica, térmica, eólica ou solar. A justificativa para esse procedimento é: garantir a “modicidade tarifária”, ou seja, preço baixo, que, em tese, favoreceria as camadas mais pobres da população. Essa é uma visão equivocada. Por motivos técnicos, diferentes formas de gerar eletricidade têm custos diferentes. Se a energia eólica gerada no Estado do Piauí for consumida no Rio de Janeiro, são necessárias linhas de transmissão. Além disso, gerar eletricidade para ricos e para pobres custa o mesmo. Se o governo deseja fazer programas sociais com eletricidade, deve fazê-lo na venda, não na geração. Foi isso que o governo Franco


José Goldemberg, professor, físico e membro da Academia Brasileira de Ciências

Montoro fez em São Paulo (1982), estendendo as redes de eletricidade às favelas e cobrando preços reduzidos dos seus habitantes.

e mais dificuldades para investir. Como consequência, dará origem a mais “interrupções de fornecimento”, na linguagem oficial.

Ao nivelar nos leilões da EPE todas as formas de energia, o governo tornou inviável, na prática, o uso de bagaço de cana para gerar eletricidade em grande escala em São Paulo. Essa energia pode até ser um pouco mais cara do que a das hidrelétricas, mas está próxima aos centros de consumo, reduzindo os custos de transmissão.

Soluções para a crise atual existem.

Apesar dos esforços do governo paulista, menos de 20% do potencial do bagaço de cana-de-açúcar – que é comparável à potência da Usina de Itaipu – está sendo utilizado, por causa da falta de interesse do governo federal. O que torna a situação ainda mais paradoxal é que a ideologia da “modicidade tarifária” levou o governo a usar térmicas a gás, cujo custo da eletricidade é cerca de três vezes superior à média nacional.

No longo prazo, é preciso reanalisar o planejamento de novas hidrelétricas – incluindo reservatórios adequados de água – e acelerar medidas de racionalização do uso de eletricidade, até agora voluntárias. Não basta, por exemplo, etiquetar geladeiras alertando os compradores sobre quais são os modelos mais eficientes, é necessário proibir a comercialização das geladeiras com alto consumo de energia, como fazem muitos países.

Os problemas que enfrentamos na área de energia elétrica não serão resolvidos com medidas intempestivas como a Medida Provisória 579 e a redução forçada de cerca de 20% nas tarifas, que está tornando o Sistema Eletrobrás e outras empresas geradoras inviáveis. Como foi feita, essa medida tem claramente um conteúdo demagógico e o Tesouro Nacional – ou seja, toda a população brasileira – pagará por ela. Vamos ter agora, além da Bolsa-Família, uma “bolsa-eletricidade”, que só beneficiará grandes indústrias eletrointensivas.

Um pouco mais de competência na área energética é do que o país precisa agora.

As consequências negativas da MP 579 já são evidentes na queda do valor das empresas, que terão mais

No curto prazo, é preciso remover os obstáculos para que a eletricidade do bagaço de cana-de-açúcar possa competir nos leilões da EPE e tomar providências para completar a ligação de centrais eólicas ao sistema de transmissão.

José Goldemberg, professor, físico e membro da Academia Brasileira de Ciências. Foi reitor da USP, presidente da Sociedade Brasileira de Física, secretário da Ciência e Tecnologia, ministro da Educação e secretário do Meio Ambiente. Em 2000 recebeu o Prêmio Ambiental Volvo e em 2008 o Prêmio Planeta Azul, concedido pela Asahi Glass Foundation, considerado um dos maiores da área do meio ambiente.

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CAUSOS DA ENGENHARIA

OS “GATOS” DAS REPÚBLICAS A Arca de Noé já era uma República bastante antiga quando lá fui morar em companhia de Aristides Plastino (Turma de 1942), Zé Pistolé (que faleceu ainda estudante em Itajubá) e o então Sargento Euclides Cintra (que se tornou um ilustre homem público, valoroso e eficiente Deputado por várias legislaturas). Fim de linha no sistema de distribuição de energia elétrica naquela região, a República era a última casa a caminho da Santa Casa, que era alimentada por outro circuito. Com um “gato” no relógio de medição e uma gambiarra que levava energia até a casa da lavadeira que morava logo ao lado, tínhamos nossas roupas passadas e luz à vontade, sem custos, até que a Companhia Sul Mineira de Eletricidade nos pegou. Para evitar nova fraude, a empresa retirou o relógio de dentro da República e colocou-o no alto do poste em frente à casa. Porém, descobrimos que segundo o contrato de distribuição de força e luz, a Companhia seria obrigada a colocar outro relógio dentro de casa, para que o consumidor pudesse

acompanhar o controle de seu consumo. Tramamos então uma nova estratégia. Colocamos lâmpadas de apenas 15 watts e passamos a estudar em outras Repúblicas, para que o consumo continuasse mínimo. Com o contrato nas mãos fomos à Sul Mineira, insistindo para que fosse colocado outro relógio dentro de casa e que se verificasse a medição para constatar nosso baixo consumo. Depois de mandar um funcionário por várias vezes – que se via obrigado a levar a escada e subir no topo do poste para acessar o medidor – a empresa decidiu atender nosso insistente pedido. Era o que queríamos! Orientados pelo Prof. João Luiz Rennó, aprendemos nova técnica para o “gato” que fazia voltar a medição dos dois relógios, e assim continuamos a franquear a energia para a nossa lavadeira e a gastar luz à vontade. Essa era uma luta constante da Companhia Sul Mineira com a estudantada de Itajubá, que só teve fim quando meu ilustre colega de turma, João Basptista Ricci, passou a ser engenheiro da empresa e, conhecendo nossos truques, acabou com todos os “gatos”.

"História enviada pela Engenheira Marita Arêas de Souza Tavares". Causo de Calistrato Borges de Muros (Turma de 1945 da UNIFEI) falecido em 2009. Calistrato foi um dos pioneiros na área de Telecomunicações do país; Diretor Técnico,Vice-presidente e Presidente de várias Teles; professor na EFEI, PUC-MG, UFMG e INATEL, instituição em que foi Vice-Reitor e liderou a área técnica após o falecimento de seu fundador, o Prof. José Nogueira Leite; na SME foi Coordenador da Comissão Técnica de Telecomunicações e seu representante no CREA-MG como Conselheiro.

P a r t i c i p e e e n v i e s e u “ c a u s o ” p a r a j o r n a l i s m o @ s m e . o rg . b r 58


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