Revista Mineira de Engenharia - 23ª Edição

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Ano 5 | Edição 23| Março - Abril | 2014

O que a Capital de Minas ganha com a Copa do Mundo? ENTREVISTA Luiz Henrique de Castro Carvalho, Diretor de Geração e Transmissão da Cemig

CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM Defensoria Pública vai prestar assistência jurídica aos processos

MEDALHA LUCAS LOPES Ivan Müller Botelho é o homenageado

ARTIGOS | NOTÍCIAS DO SETOR | ENERGIA EM MINAS E MUITO MAIS


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ART‑0086

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Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem‑estar social.

Sociedade Mineira de Engenheiros

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EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

A Copa do Mundo e o futuro do País A Copa de 2014 se aproxima aumentando as expectativas e os debates, principalmente quanto ao legado desse megaevento esportivo. Mas, não é tarefa simples medir os impactos econômicos por se tratar de um acontecimento que requer um esforço enorme do país que sedia os jogos com gastos elevados, a maior parte deles financiada pelo estado. Para os jogos no Brasil, a estimativa inicial no plano de investimentos nas cidades-sede totalizava R$ 25,6 bilhões em: mobilidade urbana, aeroportos, modernização de estádios, segurança, telecomunicações e turismo, entre outros. Além de políticas públicas potencializadas pela Copa, de Energia, Qualificação pelo Pronatec e Hotelaria, conforme transcrição no site do governo federal brasileiro sobre a Copa do Mundo de 2014 (http://www.copa2014.gov.br/). A justificativa para tamanho volume de recursos, em um país com desigualdades sociais profundas, é que esses investimentos resultariam em benefícios para a população. Não há, contudo, consenso em relação a esses resultados daí nossa preocupação e de outros setores da sociedade. A preocupação é que haja mais custos do que benefícios. Essa apreensão é acentuada a cada dia pelas informações veiculadas, quase que diariamente, pela imprensa de

Ailton Ricaldoni Lobo Presidente da SME problemas em obras, atrasos na execução de projetos; cenas diárias de dificuldades extremas vividas pela população no transporte urbano, as péssimas condições das rodovias brasileiras e dos serviços aeroportuários. Além de problemas sociais estruturais (saúde precária, déficit de moradia, educação de baixa qualidade, falta de segurança, etc.). Na área econômica, a existência de problemas que emperram a vida do país, a exemplo da falta de políticas estruturantes de longo prazo que permitam que os investidores/empreendedores atuem em atividades produtivas e não especulativas, a corrupção endêmica, a burocracia, entre outros fatores.

Os especialistas observam que a Copa do Mundo de futebol é um evento ímpar, que vai muito além dos gramados, atingindo a economia, a política e a vida da população. Nos gramados cruzaremos os dedos para que a seleção canarinho demonstre sua superioridade perante os adversários. Do lado de fora deles, a torcida será maior ainda para que os esforços engendrados (leia-se investimentos custeados pelo estado que certamente teriam maior resultado em setores essenciais) não tragam mais danos para uma economia que dá sinais de desaceleração; para que o monstro inflacionário não seja reanimado e que as desigualdades fiscais, regionais e sociais não sejam realimentadas e acentuadas. Um dos grandes desafios que temos hoje é pensar o desenvolvimento de forma integrada, assegurando bons indicadores econômicos e sociais. Para isso o governo precisa cumprir seu papel, criando condições para que haja crescimento econômico e desenvolvimento. O objetivo principal dos dirigentes e gestores não pode ser apenas preparar bem as cidades brasileiras para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas, em 2016, o que ainda não temos certeza se ocorrerá no Brasil. Mas, desenvolver o país, em todos os aspectos, para as próximas décadas, porque depois de junho teremos que administrar em duas direções possíveis: das perdas ou ganhos. 3


Seja um associado da SME Compromisso com Você! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

São descontos de até 20% em academias, empresas automotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades, floriculturas, gráficas, informática, laboratórios, óticas, planejamento financeiro, seguros, serviços fotográficos, hotéis, beleza e estética, dentre outros.

Em seus 83 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico.

Compromisso com o Futuro Aprimoramento profissional e inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores produtos e serviços para você e sua família.

Produtos e Serviços Em nosso site há uma série de produtos e serviços como cursos, palestras, seminários, eventos e uma extensa gama de convênios que você poderá desfrutar.

Por meio de nosso site, da revista, dos eventos e da participação nas redes sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse.

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo VICE - PRESIDENTES Ronaldo José Lima Gusmão José Luiz Nobre Ribeiro Victório Duque Semionato Alexandre Francisco Maia Bueno Délcio Antônio Duarte (in Memorian) DIRETORES Luiz Felipe de Farias Diogo de Souza Coimbra Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Marcílio César de Andrade Alessandro Fernandes Moreira José Flávio Gomes Fabiano Soares Panissi Janaína Maria França dos Anjos Normando Virgílio Borges Alves Clemenceau Chiabi Saliba Júnior SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

Publicação

CONSELHO DELIBERATIVO Marcos Villela de Sant'Anna Teodomiro Diniz Camargos Jorge Pereira Raggi Flavio Marques Lisbôa Campos Rodrigo Octavio Coutinho Filho Paulo Safady Simão José Luiz Gattás Hallak Alberto Enrique Dávila Bravo Cláudia Teresa Pereira Pires Márcio Tadeu Pedrosa Sílvio Antônio Soares Nazaré Felix Ricardo Gonçalves Moutinho Levindo Eduardo Coelho Neto Fernando Henrique Schüffner Neto Ivan Ribeiro de Oliveira CONSELHO FISCAL José Andrade Neiva Nilton Andrade Chaves Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Alexandre Rocha Resende Wanderley Alvarenga Bastos Júnior

CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Janaína Maria França dos Anjos Fabiano Soares Panissi José Ciro Mota Ronaldo José Lima Gusmão Coordenador Editorial José Ciro Mota Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho Belo Horizonte | Minas Gerais CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br

Revisão Editorial Jalmelice Luz MG 3365 JP Projeto Gráfico Blog Comunicação Marcelo Távora revista@blogconsult.com.br (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação revista@blogconsult.com.br (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral Distribuição Gratuita Via Correios e Instituições parceiras Contato editorial jornalismo@sme.org.br

Apoio Compromisso, Inovação e Avanço

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ENTREVISTA Luiz Henrique de Castro Carvalho, Diretor de Geração e Transmissão da Cemig

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POLÍTICA Alberto Pinto Coelho assume o governo

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MESTRES DA ENGENHARIA Marcos Pinotti Barbosa

ENTREVISTA José Carlos de Mattos, Presidente da Gasmig

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ARTIGO CBMM Parceria na capacitação e desenvolvimento humano

SME ESPECIAL Márcio Damazio Trindade

ENERGIA ALTERNATIVA Seminário destaca potencial da bioeletricidade

SICEPOT-MG Nova sede

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ARTIGO | ENERGIA Arnaldo Jardim, Deputado federal PPS-SP

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MEDALHA LUCAS LOPES Ivan Müller Botelho é o agraciado este ano

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NOVOS ENGENHEIROS Paulo Cézar Pereira Corrêa

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ARTIGO Vicente Soares Neto

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INFRAESTRUTURA Legados da Copa do Mundo para a capital Mineira

CREA-MG Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA)


MOMENTO ATITUDE A SME elegeu nova Diretoria Executiva, Conselhos Deliberativo e Fiscal, para o triênio 2014/2017, no dia 7 de maio de 2014, com chapa única ‘Momento Atitude’ encabeçada pelo Engenheiro eletricista Augusto Celso Franco Drummond. Confira

CHAPA MOMENTO ATITUDE DIRETORIA 2014 Augusto Celso Franco Drummond Presidente

Fabiano Soares Panissi Diretor

Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente

Humberto Rodrigues Falcão Diretor

José Ciro Mota Vice-Presidente

Janaína Maria França dos Anjos Diretora

Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente

José Andrade Neiva Diretor

Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente

Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor

Virginia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora

Marcelo Monachesi Gaio Diretor Túlio Marcus Machado Alves Diretor Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor

CONSELHO DELIBERATIVO 2014

CONSELHO FISCAL

Ailton Ricaldoni Lobo Presidente

Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente

Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello Fernando Henrique Schuffner Neto Flávio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi José Luiz Gattás Hallak José Raimundo Dias Fonseca Levindo Eduardo Coelho Neto Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior

Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

Resíduos sólidos A Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizará, nos dias 19 e 20 de agosto, no Rio de Janeiro, a terceira edição do CNI Sustentabilidade em comemoração aos quatro anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que é um marco legal para as empresas na área ambiental. Com a participação de especialistas nacionais e internacionais, O objetivo é apontar tendências, desafios e oportunidades de negócios decorrentes da implantação da PNRS no cenário de transição para o desenvolvimento sustentável. Na programação está previsto a realização de talk show com Thomas Heller professor da Universidade de Stanford e Prêmio Nobel da Paz 2007 (em parceria com Al Gore). O evento é aberto ao público, mediante prévia inscrição em junho. Mais informações: www.portaldaindustria.com.br .

Encontro nacional A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (Abepro) realizará, entre os dias 20 a 22 de maio de 2014, em Aracaju. O Encontro Nacional de Coordenadores de Cursos de Engenharia de Produção (ENCEP). O tema deste ano será a "Engenharia de Produção Sem Fronteiras: demandas internas e externas por profissionais capacitados." É o principal evento orientado à integração entre profissionais do ensino na área de Engenharia de Produção no país. Reúne, habitual6

mente, a quase totalidade dos coordenadores de cursos de graduação e de pós-graduação da área, constituindo-se no principal evento de planejamento das atividades de ensino e pesquisa realizadas no âmbito dos cursos de Engenharia de Produção. Mais informações. www.abepro.org.br.


Fórum de Energia Renovável O coordenador do Fórum e analista ambienal da Gerência de Energia e Mudanças Climáticas da FEAM, Wilson Pereira Barbosa Filho, afirma que a concepção do evento deu-se durante um curso de planejamento energético organizado pela Fundação. “Lá conversamos muito sobre a necessidade de intensificar as discussões sobre o tema a partir da união de todos os segmentos envolvidos”, destaca. Gestores, profissionais e pesquisadores do segmento de energias renováveis são o público alvo do Minas Meeting 2014 – Renewable Energies Fórum de Energia Renovável, que será realizado em Belo Horizonte nos dias 3 e 4 de junho, durante a programação da Semana do Meio Ambiente. Na ordem do dia, o evento visa promover a interação de conhecimento entre os atores institucionais do Estado, envolvidos com o planejamento e pesquisa sobre energia renovável, construir a apresentar a Carta de Belo Horizonte e, ainda, apresentar diversos estudos que incentivam a implementação e/ou ampliação do uso dessas fontes, bem como analisar os ganhos socioeconômicos e ambientais para Minas Gerais.

Além da apresentação de diversos projetos de pesquisa sobre potencial energético e uso de energias renováveis no Estado, o Fórum também vai apresentar a nova edição da Carta de Belo Horizonte, que está sendo construída pela SME, com recomendações e previsões sobre o futuro energético da capital mineira. Os pesquisadores da FEAM vão apresentar uma versão parcial do Plano de Energia e Mudança Climática, que deve ser concluído no final de 2014. “Estamos adiantados no capítulo sobre potencial das energias renováveis”, adianta o coordenador. Outro projeto de grande interesse é a matriz de energia territorial.

O evento é uma iniciativa da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) em parceria com autoridades, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO/ONU), Instituto Terra, Ministério das Relações Exteriores, Empresa de Pesquisa Energética, Agência Nacional de Energia Elétrica, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Enviroconsult, COPPE/UFRJ, Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Environmental Protection Agency (EPA), Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), IBMEC, Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), Engenho – Pesquisa, Desenvolvimento e Consultoria, Kyocera Solar e Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Fórum de Energia Renovável 3 e 4 de junho Os interessados podem se inscrever pelo e-mail: wilson.filho@meioambiente.mg.gov.br.

Pesquisa Com foco na necessidade de introduzir o uso do sistema operacional Android em automóveis, pesquisadores do Laboratório iMobilis, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), desenvolveram uma metodologia para fazer com que o sistema se inicie mais rapidamente, fornecendo, assim, informações de forma mais ágil e dando mais segurança aos motoristas. Em testes de laboratório, conseguiu-se reduzir o tempo médio de inicialização do sistema operacional Android (em um celular, por exemplo) de 40 segundos para

5 segundos. Os próximos passos estão relacionados à economia de energia. O trabalho foi desenvolvido por meio do projeto Nexus em parceria com a empresa Seva Eletrônica. A companhia forneceu o hardware, enquanto os membros do laboratório customizaram o software e propuseram a metodologia. Os resultados foram publicados no III Simpósio Brasileiro de Engenharia de Sistemas Computacionais, realizado em novembro do ano passado pelos professores Vicente Amorim e Ricardo Rabelo.

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Homenagem O presidente da SME, Ailton Ricaldoni Lobo, recebeu do diretor de SAS Certificadora, Carlos Henrique Rocha Figueiredo, uma placa comemorativa dos 15 anos de atuação da empresa, a única em Minas Gerais acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) para certificação de Sistemas de Gestão. A SAS é responsável pela certificação de mais de três mil empresas no Brasil e no exterior, sendo a maioria das empresas do setor de construção civil. A SME integra o Conselho de Certificação da empresa.

Conselho Federal O Crea-Minas realiza, no dia 14 de maio de 2014, eleição para conselheiro federal na modalidade de elétrica. O prazo para registro de candidatura foi encerrado no dia 18 de fevereiro. A Chapa 1 “Trabalho, Respeito e Valorização Profissional” é composta pelos engenheiros eletricistas Krisdany Vinícius Santos de Magalhães Cavalcante e Marita Arêas de Souza Tavares, que é vice-presidente da SME. Outra chapa confirmada é formada pelo engenheiro ele-

tricista Raul Otávio da Silva e o engenheiro eletricista e de Segurança do Trabalho João José Magalhães Soares. A eleição será realizada na sede do CreaMinas em Belo Horizonte e em todas as Inspetorias do estado, das 9h às 19h. O Crea-Minas poderá instalar, se solicitado, urnas em empresas e faculdades. Podem votar todos os profissionais registrados e em dia com o Conselho Regional.

SME Cultural curso está no 33º ano de atividades ininterruptas oferecendo palestras, bate-papos sobre as diversas áreas do conhecimento e está aberto à participação de mulheres de todas as idades, formação e bagagem cultural. Mais informações pelo e-mail: heloisapaiva55@hotmail.com.

No mês de junho, durante os jogos da Copa do Mundo as palestras programadas para o Curso de Atualização Cultural para a Mulher serão ministradas às terças-feiras e às quartas-feiras com vagas limitadas. Coordenado por Heloisa Paiva de Oliveira Costa, o

VII Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas A Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE) e a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) realizam, em maio deste ano, o VII Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas. O evento abordará em especial os 40 anos da construção da Ponte Presidente Costa e Silva, a famosa Ponte Rio-Niterói, que liga os dois municípios desde 1974. Segundo as entidades organizadoras, elas não poderiam

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deixar de comemorar o marco da engenharia nacional que a obra representa. Com 13 quilômetros de extensão e 72 metros de altura no trecho do vão central, desde a sua inauguração já passaram por ela mais de um bilhão e meio de veículos, de acordo com as estatísticas produzidas pela concessionária da Ponte. O evento acontecerá em Copacabana, entre os dias 21 a 23 de maio. Mais informações: www.cbpe2014.com.br


Participe envie notícias e novidades para: jornalismo@sme.org.br

Sistemas inteligentes e transportes O presidente da Comissão de Telecomunicações e Informática, engenheiro Vicente Soares Neto, lança novo livro sobre o tema Sistema de Comunicação de Dados, pela editora Érika. No cenário atual de mudanças profundas das tecnologias analógicas para digitais, esta publicação situa o leitor nesse contexto de forma sistêmica. O autor destaca nessa edição conceitos do processo de informação, considerando os pontos referentes à representação dos sinais e sistemas, bem como a teoria da probabilidade e os processos aleatórios. Além disso, o livro abrange a teoria da informação e a codificação de sinais.Tam-

bém trata dos sistemas de modulação (em amplitude, frequência e fase) e das modulações que envolvem os sistemas digitais. O autor comenta, ainda, sobre ruído e técnicas de transmissão que são muito importantes no entendimento das comunicações. Como desafio ao leitor são formuladas questões para discussão em cada capítulo, visando fomentar a pesquisa e o processo de aprendizado para cada uma das matérias apresentadas.

Fumsoft O empresário Leonardo Fares Menhem é o novo presidente da Fumsoft – Sociedade Mineira de Software. Ele foi eleito para o período de 2014/2017, sucedendo Thiago Turchetti Maia, que estava à frente da Fumsoft desde 2011. Fares é graduado em Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é Presidente da Concert Technologies S/A. Leonardo Fares Menhem, presidente da Fumsoft

Congresso Nacional de Engenharia Mecânica A Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânica (ABCM) realizará, de 10 a 15 de agosto/14, o Congresso Nacional de Engenharia Mecânica (CONEM), em Uberlândia (MG). O objetivo do evento é contribuir para descentralizar e melhor distribuir os co-

nhecimentos em tecnologia e inovação da Engenharia e Ciências Mecânicas no Brasil. A próxima edição do CONEM está sendo organizada pela Faculdade de Engenharia Mecânica da UFU, com o apoio do Departamento de Engenharia Mecânica da UFTM. Mais informações http://www.abcm.org.br/conem2014/.

Encontro técnico

Simpósio Ítalo-Brasileiro

O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (IBAPE-MG) realiza, no mês de maio, o I Encontro Técnico de 2014, na sede do CREA-MG. Haverá palestra do engenheiro e advogado Francisco Maia Neto sobre o tema: A Atual Realidade das Perícias Judiciais e Perspectivas com o Novo Código de Processo Civil. Mais informações: www.ibape-mg.com.br/.

Será realizado no período de 19 a 21 de maio o XII Simpósio Ítalo-Brasileiro de engenharia Sanitária e Ambiental – Gestão Integrada, Avanços Tecnológicos e Regulação, na cidade de Natal (RN). O Simpósio é uma iniciativa da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), juntamente com a Associazione Nazionale di Ingegneria Sanitaria Ambientale (ANDIS), da Itália. O evento ocorre alternadamente, em ambos os países e, ao longo de 30 anos, consolidou-se com um dos principais eventos para debates e atualização profissional entre especialistas brasileiros e europeus. Mais informações pelo site: http://www.abes-dn.org.br/.

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Temos 109 anos de história e agora somos um dos seis maiores grupos de distribuição de energia elétrica do Brasil, atendendo 6 milhões de clientes, por meio de 13 distribuidoras.

Estamos conectados pela mesma energia. Para o Lucas, crescimento é um marco na sua vida. Para o Grupo Energisa, crescimento é passar a atuar em todas as regiões do país com atividades de geração, distribuição, serviços e comercialização. É ter cerca de 10 mil profissionais focados em atender às necessidades de energia do Lucas e de outras 15 milhões de pessoas em 788 municípios. Acesse www.grupoenergisa.com.br e saiba mais.

com você


ENTREVISTA | LUIZ HENRIQUE DE CASTRO CARVALHO

Com uma área de concessão superior ao territórioda França, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) continuará avaliando novas oportunidadesde expansão neste ano, seja por meio de aquisições, fusões ou mesmo participações em leilões do governo federal. É dessa forma que a organização pretende cumprir a principal meta do seu Plano Diretor que é o crescimento sustentável. Os investimentos em fontes alternativas de energia fazem parte do negócio Cemig para este exercício. Sem perder o foco na energia hidrelétrica, a empresa continua a pesquisar e a fazer aportes especialmente em energia eólica para expandir ainda mais o parque gerador e utilizar recursos renováveis e tecnologias que acarretem o menor impacto no meio ambiente.

Qual a capacidade de geração e distribuição da Cemig na atualidade? Há algum projeto de expansão da empresa para 2014? Em termos de geração de energia, considerando sua participação em consórcios, a Cemig conta hoje com um parque composto por 70 usinas, sendo 64 hidrelétricas, 3 termelétricas e 3 eólicas. Juntas, estas usinas somam atualmente uma capacidade instalada de 7.157 MW, sendo capazes de produzir 4.376 MW médios de energia. Pelo lado da distribuição, a empresa conta com uma área de concessão superior ao território da França. São 510.744km de linhas de distribuição, 11 milhões de consumidores em 744 municípios.

Para 2014 a empresa continuará avaliando a viabilidade das diversas oportunidades de expansão. Seja através de aquisições, fusões ou participações em leilões do Governo Federal. O crescimento sustentável é a principal meta do Plano Diretor da Companhia. 2013 foi um ano de revisão de custos para a Cemig para se manter competitiva.A empresa alcançou esse objetivo? Como? Realmente a política de renovação de concessões do Governo Federal obrigou a empresa a rever sua estratégia. A Cemig renovou a concessão das linhas de Transmissão. Quanto à geração de energia não aderimos à renovação de 18 usinas hidrelétricas, devido à proposta do Governo Federal não nos parecer viá-

Esses números somados às demais participações da Cemig em grandes empresas como a Light, Renova, Norte Energia (UHE Belo Monte), Santo Antônio Energia e Taesa fazem da Cemig a maior empresa integrada de energia do Brasil.

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vel do ponto de vista técnico-econômico. Diante desse cenário foi necessário preparar a Cemig para a devolução desses empreendimentos ao Poder Concedente.


Luiz Henrique de Castro Carvalho, Diretor de Geração e Transmissão da Cemig

A Cemig vem pesquisando e investindo em alternativas energéticas, especialmente energia eólica, como forma de expandir o parque gerador, utilizando recursos renováveis e tecnologias que acarretem o menor impacto no meio ambiente.

Visando adequar os custos a essa nova realidade foi criado um plano de incentivo para aposentadoria de empregados elegíveis a desligamento. Também foi feita a contratação de consultoria externa de modo a ajustar os processos internos, bem como reorganizar a estrutura de diversas áreas da empresa, buscando a máxima eficiência. O fato é que essas mudanças afetarão o mercado de energia no Brasil em médio prazo. Todas as empresas estão tendo que se readequar e será necessário um prazo para que isso aconteça.

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ENTREVISTA | LUIZ HENRIQUE DE CASTRO CARVALHO

Os investimentos da Cemig em fontes alternativas de energia estão aumentando? Qual a previsão para 2014? A Cemig está pronta para incluir, no seu portfólio de produtos e serviços, as energias alternativas? As principais áreas de negócio da Cemig são geração, transmissão, comercialização e distribuição de energia elétrica e soluções energéticas. Possui também investimentos em exploração e distribuição de gás natural e em transmissão de dados. Sem perder o foco na energia hidrelétrica, a Cemig vem pesquisando e investindo em alternativas energéticas, especialmente energia eólica, como forma de expandir o parque gerador, utilizando recursos renováveis e tecnologias que acarretem o menor impacto no meio ambiente. A Renova Energia, empresa em que o Grupo Cemig possui participação, é líder na geração de energia eólica contratada do Brasil e uma das maiores no segmento de energias renováveis. A Companhia tem investido fortemente na geração eólica e possui o maior parque eólico da América Latina, o Complexo Alto Sertão I, inaugurado em 2012, no estado da Bahia. O empreendimento é considerado

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um case de sucesso internacional devido ao modelo de execução utilizado na implantação dos 14 parques eólicos com 184 aerogeradores e capacidade de geração igual a 294 MW, suficientes para abastecer aproximadamente 1 milhão de residências. Atualmente, a Renova está em processo de construção do Complexo Alto Sertão II, também no estado da Bahia, com investimentos de R$ 1,4 bilhão, compreendendo 15 parques eólicos com 230 aerogeradores e 386 MW de capacidade de geração de energia. Os 2 empreendimentos juntos irão gerar mais de 700 MW de energia – quantidade suficiente para abastecer mais de 6 milhões de pessoas. Ainda em novas fontes de energia, a Cemig aprovou o investimento de 4 milhões de euros na construção de uma usina solar fotovoltaica sobre a cobertura do Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. A usina solar fotovoltaica deverá ter uma potência de 1,2 MW pico, fornecendo energia para o estádio e para venda ao mercado. Em 2012, iniciou a construção de uma usina solar experimental de 3,3 MWp em Sete Lagoas, uma parceria entre a Cemig, a empresa espa-

nhola Solaria, a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais – Fapemig no âmbito do programa Aneel de incentivo à pesquisa. Paralelamente à construção, foi desenvolvido o Projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, aprovado junto ao Governo Brasileiro em 17/12/2012 e encaminhado para United Nations Framework Convention on Climate Change – UFNCCC para registro, validação e futura comercialização dos créditos de carbono no mercado europeu. Com o objetivo de mapear o potencial energético e identificar os melhores sítios para estimular a atração e implantação de empreendimentos solares em Minas Gerais, foi desenvolvido o Atlas Solarimétrico. O material oferece informações solarimétricas para todos os municípios mineiros, um ranking de regiões de maior potencial, subsídios para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, assim como implantações de empreendimentos solares. Foram investidos R$ 2,85 milhões e o trabalho resultou em 5 novas estações climatológicas nos municípios de Diamantina, Jaíba, Paracatu, Sete Lagoas e Uberlândia.


A Renova Energia, empresa em que o Grupo Cemig possui participação, é líder na geração de energia eólica contratada do Brasil e uma das maiores no segmento de energias renováveis e possui o maior parque eólico da América Latina.

Como a Cemig pretende participar do “Programa do Governo” do Estado que oferece incentivos para a cadeia produtiva do setor de energias alternativas? O Decreto 46296 de 14/08/2013 apresenta o Programa Mineiro de Energia Renovável que tem por objetivo promover e incentivar a produção e consumo de energia de fontes renováveis e contribuir com o desenvolvimento sustentável. Entende-se por energia renovável a energia produzida através de fontes solar, eólica, biomassa, biogás e hidráulica proveniente de usinas com capacidade instalada inferior a 30 MW. Serão oferecidos incentivos fiscais e tributários, bem como linhas de créditos especiais para a implantação desses empreendimentos. Toda a cadeia de produção desde as obras civis, produção de peças e equipamentos, conexão com a rede elétrica, geração e consumo da energia renovável será beneficiada.

Este tipo de incentivo é muito bem vindo uma vez que estas fontes ainda não são capazes de competir, em viabilidade econômica, com as grandes usinas hidrelétricas e termelétricas movidas a combustível fóssil. É uma atitude pioneira do Governo do Estado de Minas Gerais. Precisamos aguardar a regulamentação deste decreto, que trará mais detalhes sobre como serão operacionalizados esses incentivos e, a partir de então, identificar boas oportunidades tanto para a Cemig quanto para o Estado de Minas Gerais. Na sua opinião, transformar as energias alternativas em produto competitivo é algo possível no Brasil? O que falta? Qual o desafio de Minas Gerais nesse contexto? Sim. A exploração da geração por fontes alternativas está em grande crescimento e desenvolvimento no país e no mundo. Espera-se que a geração por fontes eólicas, por exemplo, aumente sua representatividade na matriz

energética Brasileira dos atuais 2% para 7% nos próximos 4 anos. A redução do investimento inicial e custo operacional associado ao crescimento tecnológico estão fazendo com que estes projetos se tornem cada vez mais competitivos com outras fontes de geração de energia. Minas Gerais já deu um grande salto com a promulgação do Decreto 46.296 estabelecendo o Programa Mineiro de Energia Renovável. Se conjugarmos este instrumento de lei com os recém-publicados Atlas Eólico (2010) e Solarimétrico (2012) do Estado de Minas Gerais podemos perceber que existe um grande potencial de crescimento para o Estado, no médio prazo. Esse crescimento está atrelado a grandes investimentos e oportunidades de desenvolvimento, o que traz um diferencial competitivo significativo para o Estado e para a população mineira de um modo geral.

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REGISTRO | GOVERNO DE MINAS

Alberto Pinto Coelho assume governo com projetos de mobilidade urbana Projetos como o metrô leve e o Rodoanel Norte, esse último com edital previsto para maio, estão entre os planos do novo governador de Minas Gerais,Alberto Pinto Coelho (PP) até 1º de janeiro de 2015. Ele substituiu Antônio Augusto Anastasia, possível candidato ao Senado nas próximas eleições. A cerimônia de transmissão do cargo foi realizada no dia 4 de abril, no Palácio da Liberdade, antiga sede do governo do Estado, em Belo Horizonte. “Estamos prontos para seguir em frente. Este ano, Minas vai oferecer ao país o que há de melhor", disse o novo governador. A mudança também afetou o secretariado. Das 17 pastas, nove permaneceram com seus respectivos titulares e oito já têm novos ocupantes. Entre eles o engenheiro itabirano Fabrício Torres Sampaio, até então adjunto da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (Setop), considerada estratégica pelo governo do Estado. Ele substituiu Carlos Melles (DEM) e garante que dará continuidade aos 16

projetos em execução pelo governo do Estado. “Temos grandes projetos”, ressalta. Foram nomeados, ainda, seis dirigentes de órgãos e instituições estaduais. O governador explicou como foi feita a indicação dos novos secretários. "A formação de governo não é uma escolha de ordem pessoal mas a busca da competência e do espírito público. Guiado por esses princípios e ouvindo os partidos que compõem a aliança do governo, é que buscamos a nova formação de governo". Por ora, segundo Alberto Pinto Coelho, não há previsão de mudanças no comando de autarquias, fundações e empresas estatais. Pinto Coelho garantiu que vai continuar as diretrizes do governo Anastasia. "É um governo que da continuidade, que tem o mesmo norte, a mesma filosofia, os mesmos princípios e naturalmente, o que nós pretendemos é levar a cabo até dezembro deste ano o legado deixado pelo governador Antônio Anastasia, naturalmente, imprimindo nosso ritmo às demandas da sociedade e

buscando dar a serenidade aos programas e ações do governo", declara.

BIOGRAFIA Alberto Pinto Coelho nasceu no dia 3 de outubro de 1945, no município de Rio Verde (GO). Graduado em Administração de Empresas,Alberto Pinto Coelho acumulou mais de 30 anos de experiência no setor de telecomunicações, dos quais 27 anos como gestor de empresa pública. Em 1994, Alberto Pinto Coelho elegeu-se deputado estadual pelo Partido Progressista (PP) e cumpriu quatro mandatos consecutivos. Ele foi também presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, eleito em 2007 e reeleito em 2009. Em outubro de 2010, Alberto Pinto Coelho foi eleito vice-governador na chapa encabeçada por Antonio Anastasia. Alberto Pinto Coelho é casado com a pedagoga Célia Pinto Coelho. Tem quatro filhos: Alberto, Alexandre, Daniel e Paula. O governador tem também três netos: Miguel, Alberto e Arthur.


O Sistema FIEMG é SE ES SI e SE EN NAI, A é FIEMG G, CIEMG e IEL . São cinco organizações privadas que atuam ao lado dos empresários mineiros para que a indús t r i a p r o d u z a m a i s e melhor. O Sistema F I E M G é segurança e saúde no trabalho. É tecnologia e inovação. É educação e formação profissional. O Sistema FIEMG é mais de s e n v o lvimento para todos. Para a indústria. E para você. www w.f . iemg.com.br


MESTRES DA ENGENHARIA | MARCOS PINOTTI BARBOSA

Pesquisa é a base do conhecimento Vocação. Essa é a palavra que define a escolha do engenheiro mecânico formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1989, Marcos Pinotti Barbosa, pela vida acadêmica. Para ele, que é considerado um dos maiores inventores do país, devido ao número de projetos e patentes registradas, a Engenharia é uma área ao mesmo tempo facinante e ao mesmo tempo difícil e que, por isso, a formação dos profissionais envolve o aprendizado de ferramentas matemáticas complexas para a resolução de problemas práticos. “O engenheiro é aquele profissional que, apesar da complexidade dos problemas, ele tem que fazer acontecer. E, por este motivo, alguém tem que ensiná-los a fazer isso”, ressalta. A alma de pesquisador foi revelada antes mesmo da graduação. No estágio que fez na Bosch do Brasil, em Campinas, ele estava envolvido em uma atividade de pesquisa aplicada com a Unicamp, e descobriu que essa seria realmente a sua área de atuação, ao lado da Universidade. Desde 1989, com a sua primeira experiência como professor de informática em uma pequena facul-

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dade de Itú (SP), ele chegou a coordenador do curso de Processamento de Dados.Anos depois interrompeu a carreira de professor para se dedicar ao mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica, também pela Unicamp. Em 1997, ingressou na UFMGcomo professor associado, ondeleciona as seguintes disciplinas: Mecânicados Fluídos, Biomimética e Princípios de Bioengenharia, na Graduação; Fenômenos de Transporte para Bioengenharia e Técnicas de Medição em Calor e Fluídos, na pós- graduação. Pinotti também coordena o Laboratório de Bioengenharia (Lab-Bio) com atuação nas áreas de engenharia cardiovascular, biofotônica, tecnologia assistida e biomecânica e o Laboratório de Pesquisa Aplicada a Neurovisão (Lapan), em parceria com o Hospital dos Olhos – Clínica Dr. Ricardo Guimarães, onde desenvolve trabalhos nas áreas de neurociêncais, visão neural, processos de cognição e tecnologia da informação aplicada a neurociências. “O importante de ser professor é ser lembrado pelos seus alunos como a pessoa que o fez aprender algo novo e, principalmente, o fez aprender a pensar de forma mais

organizada, abrindo os horizontes para novos conhecimentos. Faço o melhor para transmitir isso aos meus alunos”, destaca. Mas o professor também se lembra dos seus mestres. “Gosto sempre de lembrar dos professores que, ao longo da minha formação, me ajudaram a descobrir novos horizontes: Inês Joekes (Instituto de Química da UNICAMP), Kamal Ismail (Faculdade de Engenharia Mecânica, UNICAMP), Enrico Tomasini (Dipartimento di Meccanica, Università Politecnica delle Marche, Ancona, Itália) e Domingo Braile (Cirurgia Cardiovascular, UNICAMP). O legado de ser professor é fazer o melhor para ser reconhecido um dia como importante para a formação de um profissional”, aponta. Para Pinotti, merecer a atenção dos alunos e constatar que eles aprenderam a essência do que foi ensinado são as melhores partes de ser professor. Da mesma forma, reencontros também são momentos igualmente especiais. “Formar engenheiros é dar uma caixa de ferramentas a um menino e dar as instruções de uso. Eles ficarão mais ou menos hábeis em cada uma destas ferramentas


Formar engenheiros é dar uma caixa de ferramentas a um menino e dar as instruções de uso. Eles ficarão mais ou menos hábeis em cada uma destas ferramentas dependendo da competência com que foi feito o processo de transmissão deste conhecimento.

Marcos Pinotti Barbosa, professor, inventor e engenheiro mecânico formado pela Unicamp

dependendo da competência com que foi feito o processo de transmissão deste conhecimento. Formar novos engenheiros é uma atividade de imensa responsabilidade e, por isso, deve ser tratada com grande prioridade”, analisa o professor. O engenheiro defende que, em função da evolução tecnológica, o conhecimento adquirido na universidade pode ficar obsoleto rapidamente. Isso justifica o esforço constante dos cursos de Engenharia para se manterem atualizados. No entanto, é importante dar ao estudante da área o conhecimento sólido dos fundamentos e ensiná-lo a desenvolver a habilidade de questionar e adquirir novos conhecimentos

“Existe sempre a pressão da indústria para formar engenheiros cada vez mais especializados para atender a demandas específicas e urgentes, mas, por outro lado, é sempre sábio dar uma formação em que o futuro engenheiro consiga se adaptar à evolução da tecnologia. Existe espaço para as duas linhas de pensamento. O que é mais importante em um curso de Engenharia é ensinar os futuros profissionais a resolver problemas, com ética, utilizando o melhor da técnica, preocupado com o bem estar da sociedade e com mínimo impacto na natureza”, avalia. Essa diretriz que parece ser bem moderna, mas foi pela primeira vez proferida pelo professor de engenharia mecânica Osborne Reynolds, em 1899, em Manchester, na Ingla-

terra, em um discurso sobre como deveriam ser formados os novos engenheiros. Por isso, o mestre lembra que a Engenharia requer grande responsabilidade, pois está diretamente ligada ao processo de desenvolvimento do país. “Se se utilizarem bem o que lhes foi ensinado e agirem com ética e preocupação com a sociedade e com o meio ambiente vocês serão os protagonistas de um país melhor. Parabéns pela escolha de serem engenheiros, vocês irão construir o futuro”, resume. E finaliza com a definição do fundador do Jet Propulsion Laboratory (JPL) na CalTech, um importante laboratório da NASA,Theodore Von Kármán: “O cientista descobre o desconhecido, o engenheiro constrói o que não existia”.

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ENERGIA | GASMIG

Gasmig expande rede de fornecimento para atrair indústrias para Minas A utilização do gás natural representa 3% da matriz energética de Minas. No Brasil corresponde a 9% de toda a energia usada. Aumentar a participação do gás na matriz energética do Estado é mais que um desafio para a Gasmig, uma oportunidade de negócios que tem como base

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um grande potencial de crescimento. Para tanto, os investimentos previstos são aqueles que aumentam a oferta do gás natural, sobretudo para atrair novas indústrias para Minas Gerais, como adianta o presidente da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), José Carlos de Mattos.

Que investimentos a Gasmig fará para ampliar a oferta do produto e sua distribuição?

Que projetos o Senhor apontaria como prioritários dentro das propostas da empresa?

certamente, dispor da oferta de gás natural é um diferencial competitivo em qualquer localidade.

Nós temos investido na expansão da rede ano após ano, o que explica os recordes anuais de fornecimento de gás natural ao mercado mineiro. Em quatro anos, a Companhia mais do que dobrou em extensão de rede, que hoje conta com mais de 800 quilômetros espalhados pela Região Metropolitana de BH, Campo das Vertentes, Sul de Minas e Vale do Aço. Nesse momento, por exemplo, estamos comemorando a chegada do gás natural veicular aos postos de duas novas praças no Estado: Poços de Caldas e Ipatinga.

Sem dúvida, são os projetos cuja oferta de gás natural traga indústrias, empregos e desenvolvimento para Minas Gerais, que é o caso do Gasoduto do Triângulo, que terá como cliente âncora a nova fábrica de fertilizantes da Petrobras. Outro exemplo é a cidade de Pouso Alegre, onde providenciamos a chegada do gás natural no estado liquefeito, transportado por carretas, para que pudesse atender a uma nova fábrica de máquinas pesadas. Já se tem notícia que o novo negócio atraiu mais 25 empreendimentos para a cidade e,

Quais os planos para a expansão da malha de gasodutos e o que o senhor poderia detalhar como realizações? O nosso maior projeto, no momento, é implantar o gasoduto do Triângulo Mineiro. Vamos construir cerca de 450 quilômetros de gasoduto, inaugurando a atuação da Gasmig em vários municípios ao longo deste trajeto. O outro é a capilarização das redes de gás natural pela região Centro Sul da capital, assim como já ocorre nas maiores capitais do país. É por essas redes subterrâneas que o gás natural já


“Na prática, a Gasmig está inserida no projeto estruturador ‘Energia para o Desenvolvimento’, cuja finalidade é diversificar a matriz energética de Minas”.

começou a chegar a milhares de residências e estabelecimentos comerciais ao longo da cidade, como fizemos em Lourdes e no Santo Agostinho e já tem expansão prevista para Funcionários, Sion, Belvedere , Vila da Serra e B uritis, dentre outros.

Quais as principais metas do programa Gestão Estratégica dos Recursos e Ações do Estado? A Gestão Estratégica de Recursos e Ações (GERAES) referese a um portfólio de projetos prioritários definidos pela Administração do Governo de Minas para o desenvolvimento

social e econômico do Estado, reunindo todo o aparato estadual em torno deste objetivo comum. Na prática, a Gasmig está inserida no projeto estruturador ‘Energia para o Desenvolvimento’,cuja finalidade é diversificar a matriz energética de Minas.

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ENERGIA | GASMIG

O sistema elétrico brasileiro é constituído de um parque gerador predominantemente hídrico. De um lado, este sistema tem o mérito de constituir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, mas, por outro, expõe o país a uma dependência excessiva quanto ao regime de chuvas e é aí que entram as usinas térmicas a gás, atuando em complementação à hidrelétrica para trazer segurança ao sistema.

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A Gasmig atende a duas usinas termelétricas pertencentes à Petrobras: a Termelétrica de Juiz de Fora e a Usina Termelétrica Aureliano Chaves, em Ibirité. Qual a importância dessa produção diante de possíveis riscos de racionamento de energia decorrente da queda do nível de água das usinas hidrelétricas?

das matrizes energéticas mais limpas do mundo, mas, por outro, expõe o país a uma dependência excessiva quanto ao regime de chuvas e é aí que entram as usinas térmicas a gás, atuando em complementação à hidrelétrica para trazer segurança ao sistema. Porém, por diversas circunstâncias, o desenvolvimento deste parque termelétrico impôs um custo alto para a energia gerada a partir do gás natural. No futuro, esperamos que as reservas terrestres já identificadas em diversas partes do país e, inclusive, em Minas, possam fomentar a produção termelétrica a gás, a exemplo do que ocorre largamente nos Estados Unidos, onde há um boom de usinas termelétricas construídas junto às reservas de gás de xisto.

O sistema elétrico brasileiro é constituído de um parque gerador predominantemente hídrico. De um lado, este sistema tem o mérito de constituir uma

Quais as tecnologias para a geração de energia alternativa que a Gasmig oferece para atender a alta na demanda de consumo de energia elétrica?

Todas as questões abordadas aqui demonstram como temos atuado pelo alcance do que nos foi proposto – levar gás natural onde houver demanda por desenvolvimento, expandir a utilização do energético, substituindo fontes poluentes e criar novos mercados que permitam que o gás ocupe uma posição de maior destaque na matriz mineira.


José Carlos de Mattos, Presidente da Gasmig

Estamos trabalhando para desenvolver o mercado de cogeração a gás no Estado. Além do baixo custo de kWh de eletricidade produzido, a técnica possibilita as mais diversas aplicações. As indústrias com alto consumo de energia elétrica são as maiores beneficiadas. Isso porque, com a cogeração, as empresas produzem a sua própria energia, reduzindo a dependência em relação ao sistema elétrico nacional.A cogeração é interessante para indústrias que precisam de vapor ou resfriamento no seu processo produtivo, como os setores têxtil, farmacêutico e de produção de borracha e estabelecimentos com unidades centrais de condicionamento de ar e centrais de aquecimento de água, como shopping centers, hipermercados,

edifícios comerciais, hotéis, clubes, hospitais, aeroportos, etc. O primeiro projeto de cogeração a gás no Estado vai ser inaugurado na nova unidade de produção de refrigerantes da Femsa, em Itabirito. Além da eletricidade, o processo vai produzir vapor, refrigeração e CO2, que será usado na composição dos refrigerantes, o que torna a tecnologia ainda mais eficiente. A presença do profissional de Engenharia na Gasmig é marcante. Como o Senhor vê o papel desses profissionais na perspectiva do desenvolvimento do estado e da engenharia? A força de trabalho da Gasmig é formada, predominantemente, por profissionais das mais variadas Engenharias. Essa é, sem dú-

vida, uma das profissões mais versáteis do mercado de trabalho, capaz de atuar com excelência em quaisquer dos três setores da economia. Nós temos na Gasmig engenheiros eletricistas, químicos, civis, de segurança, etc, atuando na área técnica, na área administrativa e, principalmente, na área comercial, onde seus conhecimentos especializados são de suma importância à captação de bons negócios e ao atendimento personalizado aos nossos clientes. Acredito que, na medida em que a economia do país vai se tornando cada vez mais complexa e madura, fica clara a imprescindibilidade do engenheiro para o progresso econômico, social e ambiental.

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ARTIGO | ENERGIA

A nota fiscal da demagogia virá com preço alto É grave a crise! A falta de chuvas e a decisão intempestiva tomada no início do ano passado pela Presidente da República, de forçar a redução nas contas de luz, causaram sérios problemas de sustentação econômica ao setor elétrico e vão promover fortes aumentos de tarifas no futuro. Desde os meses finais de 2012 o País está pagando uma conta bilionária às usinas térmicas para complementar a queda do fornecimento das hidrelétricas. Os apagões frequentes, de graus variados, evidenciam falhas no sistema elétrico brasileiro que está sendo mais exigido do que deve e carece de investimentos e manutenção de que necessita. As exigências sobre a rede elétrica do País estão maiores por causa do atraso crônico do setor. Dos projetos de linhas de transmissão com obras em andamento, 69% não serão entregues nos prazos contratuais. O atraso médio dos empreendimentos de transmissão é de um ano, o de geração é de oito meses e o das subestações,

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de seis meses, segundo o Instituto Acende Brasil. Infelizmente, a política energética brasileira esta errática, pontual e tem sido administrada de olho nas eleições, com discursos que se esfarelam na frente dos cidadãos quando as luzes se apagam de repente. É quando fica evidente a causa dos apagões. A Medida Provisória (MP) 579, transformada na Lei nº 12.783 em 11 de janeiro de 2013, que trata da renovação das concessões da geração e transmissão de energia, desestimulou os investimentos em manutenção e segurança, desestabilizou o setor elétrico e nem mesmo conseguiu garantir de maneira adequada um caminho correto para gerenciar valores mais baixos de tarifas. Durante os debates daquela MP no Parlamento apresentei várias emendas destinadas exatamente a evitar o que estamos vivendo hoje. Mas como em outros casos, o governo federal com mão de ferro impôs sua vontade e está in-

comodando os brasileiros e nos causando prejuízos periódicos. Tudo exatamente ao contrário do que anunciou a presidente, em janeiro de 2013, em rede nacional de rádio e televisão: que o Brasil tinha energia suficiente para o presente e para o futuro,“sem nenhum risco de racionamento ou qualquer tipo de estrangulamento, no curto, médio ou no longo prazo”. E que a conta de luz teria uma redução de 18% para as residências e de até 32% para as indústrias, agricultura, comércio e serviços. As empresas de transmissão de energia reduziram os investimentos previstos para melhoria da eficiência e segurança das redes do sistema elétrico porque estão quase à mingua depois das decisões intervencionistas do governo. A crise estrutural, entretanto é ainda mais grave. Ninguém hoje pode dizer que haverá racionamento, mas a probabilidade está aumentando, embora o sistema devesse estar dimensionado para suportar situações extremas


Arnaldo Jardim, Deputado federal PPS-SP, presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Infraestrutura Nacional e membro da Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal

como a que estamos vivendo. Segundo a Consultoria PSR, o risco de racionamento que era de 0,6%, em cinco de janeiro passado, chegou a 42,7%, em 17 de março último. Os erros de planejamento inviabilizaram novos projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) enquanto a energia oriunda da biomassa foi desprezada. Assim, essas fontes muito mais econômicas do que as térmicas definharam enquanto poderiam estar agora fazendo toda a diferença. Sabemos todos, que acompanhamos a área de perto, que os programas de controle e os estudos de apoio ao cumprimento das tarefas do Operador Nacional do Sistema (ONS), que administra todo o setor elétrico, estão desatualizados e defasados. A sociedade padece com a falta de transparência do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Falta planejamento decente e confiável – exatamente na área

em que a presidente ostenta onze anos de experiência de gerência pública – e as ações de médio prazo são contraditórias com os objetivos e metas desenhados pela EPE. Aqui também, no setor de energia, passamos a viver sob o pesado tacape da insegurança jurídica.

o enorme potencial da bioeletricidade, da mesma forma como está matando a participação da cultura e da indústria canavieiras no perfil de utilização de combustíveis. O setor elétrico está dependente de dinheiro do Estado: um enorme recuo institucional, político e econômico para o País.

Falta transparência na política energética. Há muito tempo solicito informações sobre pautas, análises e decisões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e até hoje não chegaram. Por qual razão o governo não deixa divulgar esses conteúdos aos cidadãos se até as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) se tornam públicas justamente pela responsabilidade de manter o País informado?

O governo federal está jogando para as urnas, mas de forma dissimulada com os cidadãos. Os centavos de economia nas contas de luz de hoje – que produzem mais consumo e geram mais estresse em todo o sistema – podem render bons votos para a presidente e seus aliados em outubro. Mas a nota fiscal da demagogia terá preço muito alto para a Nação, de 2015 em diante.

Andamos de fasto. As mudanças dos últimos anos estão sujando nossa matriz energética pela rotina intensiva do uso das termoelétricas nas situações de escassez de hidroeletricidade. O governo federal está renegando

Arnaldo Jardim, Dep. Federal PPS-SP arnaldojardim@arnaldojardim.com.br www.arnaldojardim.com.br Facebook: Deputado Arnaldo Jardim Twitter: @arnaldojardim

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Ivan Müller Botelho é o agraciado com a Medalha Lucas Lopes em 2014

ineiro de Leopoldina, na Zona da Mata, o engenheiro eletricista graduado pela University of Miami, Ivan Müller Botelho, é o profissional da área de Energia a ser agraciado com a Medalha Lucas Lopes, neste ano. A solenidade de entrega da medalha e do diploma será realizada no dia 12 de maio, a partir das 20 horas, no Ouro Minas Palace Hotel, em Belo Horizonte. A honraria foi criada pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) para reconhecer o mérito dos profissionais que atuam no segmento de Energia. Presidente do Conselho de Administração do Grupo Energisa, uma das grandes players do mercado nacional, o engenheiro é testemunha da evolução do setor de energia no país. 26


Como foi sua trajetória profissional no Grupo Energisa. Quais foram suas experiências também fora da companhia? Entre 1954 e 1957 cursei Engenharia Elétrica na University of Miami. Antes de ingressar na Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, empresa que deu origem ao Grupo Energisa, em 1957, fiz estágio na EBASCO (Enterprise Bond and Share Co). Quando iniciei na companhia há 57 anos, havia na empresa apenas três engenheiros: meu pai, Ormeo Junqueira Botelho, um engenheiro já idoso chamado Walter Werneck, e eu. A companhia atendia 30.000 consumidores e faturava 60 GWh/ano de energia. Eu fazia de tudo, Distribuição, Geração, Operação, Manutenção e Construção de Redes e Linhas, Combate a Perdas e Comercial! Assumi a direção operacional na década de 60 e, em 1977, recebi das mãos de meu pai o cargo de presidente-executivo. Em 1990 passei à presidência do Conselho de Administração. Acompanho de perto os planos, projetos e resultados das empresas e gosto de visitar

cada uma delas, conhecer os colaboradores e seus dirigentes.

paramos mais e foram 17 PCHs construídas e repotencializadas.

Ao longo de sua carreira, quais foram os momentos mais marcantes de sua profissionalização?

Ainda em geração, desenvolvemos e construímos a primeira termelétrica a gás natural do estado de Minas Gerais em Juiz de Fora, concluída em 2001, em pleno racionamento.

Participei dos principais processos de modernização e consolidação da companhia, que cresceu e saiu de uma esfera municipal para nacional. Tenho muito orgulho de ver a empresa crescer e ter atingindo a relevância que tem hoje. Fruto de muito trabalho e competência de milhares de pessoas que se dedicaram a companhia ao longo de todo esse tempo. Para sobreviver e crescer ao longo de 109 anos, sempre procuramos nos diferenciar pela eficiência e práticas modernas e inovadoras no setor, sem descuidar do humano e do cliente. São muitas as passagens que marcaram estes 57 anos de Energisa, começando pela remodelação da usina Maurício em 1958. Também participei do projeto e construção de inúmeras linhas de transmissão. Fomos pioneiros no Brasil na nova era de construção de PCHs, com a inauguração da PCH Glória em Muriaé, em 1983.A partir daí não

Automatizamos subestações no inicio da década de 90 e implantamos sistemas geo-referenciados na mesma época, sendo uma das primeiras distribuidoras do Brasil a fazê-lo. Outro ponto que me recordo foi nossa primeira tentativa de expandir o nosso território de concessão de distribuição: fiz uma oferta para compra da Light em 1977 e também pela Cia Mineira de Eletricidade que atendia Juiz de Fora; por duas vezes fracassamos. Mas, ficou a vontade de ampliar nossa atuação na distribuição, persistimos e alcançamos nosso objetivo. Conseguimos as privatizações da ENERGIPE, CELB, SAELPA entre 1997 e 2000, e recentemente, adquirimos as empresas do GRUPO REDE. Com isso, entre 1996 e 2014, crescemos a nossa base de clientes 16 vezes!

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Aprender sempre, para poder empreender! Sempre alguém sabe mais que nós. Um Engenheiro tem que ser curioso e criativo! O que norteia a minha carreira como Engenheiro é o apego às soluções simples e com muita objetividade, embora não necessariamente precise ser simples demais.

Que conselhos ou sugestões o senhor daria hoje, aos jovens engenheiros e executivos do setor que estão construindo suas carreiras? Aprender SEMPRE, para poder empreender! Sempre alguém sabe mais que nós. Um Engenheiro tem que ser curioso e criativo! O que norteia a minha carreira como Engenheiro é o apego às soluções simples e com muita objetividade, embora não necessariamente precise ser simples demais. Hoje fala-se muito em crise, risco de racionamento e de apagão. Como o senhor vê o futuro do setor elétrico no país e que contribuições a Energisa pode fazer nesse cenário?

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Somos um país com uma matriz energética predominantemente hidroelétrica, portanto limpa e renovável. Entretanto, é preocupante que estejamos limitando a construção de novas hidrelétricas a apenas usinas a fio-d’agua. Além disso, temos que nos precavermos contra os ciclos de anos hidrologicamente desfavoráveis e incentivar outras fontes renováveis como a eólica, solar e biomassa. O Brasil tem uma abundância de fontes renováveis que se complementam com as hidrelétricas, o que é uma grande dádiva que deve ser aproveitada. Mas é importante que haja um modelo em que a expansão destas fontes seja possível com sinais adequados de preço para elas deslancharem.Também é

necessário que o processo de licenciamento e autorizações para construção de geradoras seja mais ágil, com menos custos, levando em conta que estas fontes são necessárias. A preocupação com meio ambiente deve ser sempre contemplada, mas sem inviabilizar a construção de usinas de fontes renováveis. A alternativa atual de dependência de usinas térmicas com alto custo e altamente poluentes é um contrassenso e deveria ser melhor planejada. Na Energisa focamos nos segmentos de geração renovável, de pequenas centrais (PCHs), térmica cogeração a biomassa de cana, usinas eólicas e também uma usina solar, assim que for possível.


O senhor acredita que o Brasil está avançando no campo da inovação tecnológica e pesquisa no setor elétrico? Precisamos investir mais no longo prazo. Investir em novas tecnologias de geração renováveis é mais barato que construir usinas a diesel ou óleo combustível, quase todo importado. Vivemos no mundo atual onde há escassez de água, de energia e de outros recursos naturais. E isso deveria ser o estímulo para transformarmos a nossa economia em uma economia baseada em tecnologias que permitem economizar água e gerar energia mais eficientemente de diversas fontes. O Brasil poderia liderar o mundo nesta área, mas falta visão e uma política para tal. Algo que penso poderia ser estimulado pelo governo e pelos empresários.

Temos que pensar em como resolver os problemas técnicos advindos da inserção das fontes intermitentes como as eólicas no sistema interligado, pensar como armazenar energia de forma mais barata. Nossas dimensões continentais envolvem grandes desafios para a transmissão, que tem que ser robusta e ampliada. Precisamos também rever o atual modelo do setor. Ao mesmo tempo, buscar a modicidade para os consumidores e promover o realismo tarifário e sinais de preços adequados para que seja permitida a expansão e a segurança energética do país com capitais majoritariamente privados.

Na sua opinião, quais seriam os grandes desafios e as alternativas para o setor elétrico brasileiro?

Em um mercado globalizado, com acirramento de concorrências, surgem novas questões, a exemplo da preocupação ambiental. Qual seria a abordagem metodológica ou quais seriam as abordagens para a execução de projetos de investimento no setor que o senhor atua?

Encontrar fontes de energias sustentáveis e voltar a construir usinas hidroelétricas com reservatórios capazes de armazenar água para sustentar geração nos períodos secos. Perdemos esta capacidade de armazenagem. Isso está nos custando muito caro agora e nos custará ainda mais no futuro.

Preocupação ambiental que evite as atividades predatórias todos devemos ter, mas o radicalismo tem que ser abandonado. Países ditos de primeiro mundo exauriram suas fontes hidro há muitos anos. Nós contamos com muitos recursos naturais que podem ainda ser

desenvolvidos sem destruir o meio ambiente. Por exemplo, nós penamos 10 anos para obter permissão ambiental por uma simples PCH. Há muitas PCHs que têm impacto mínimo ambiental e que podem ser construídas. Temos um potencial de biomassa que é impressionante, somos um país tropical aonde o combustível verde é abundante. No entanto, vemos o sucateamento de toda uma indústria de etanol com políticas equivocadas de subsídio à gasolina e outros combustíveis poluentes. Com isso, o Brasil perde competitividade no cenário globalizado. O processo de licenciamento ambiental deveria ser mais simplificado na proporção do impacto. Hoje há uma multitude de órgãos que competem no licenciamento, há conflitos de esferas estaduais e federais. O processo é difícil e poucos se aventuram ou têm condição de seguir e, com isso, encarecem e postergam a entrada de fontes limpas e mais eficientes. Em seu lugar, entram as térmicas a óleo, algo que não consigo entender. Não tenho uma solução para o assunto, mas imagino que nós, brasileiros, devemos acordar um processo menos complexo e custoso. Espero que ainda nesta geração.

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Gerar energia limpa e renovĂĄvel ĂŠ um compromisso da Eletrobras. A maior parte da energia elĂŠtrica produzida pela empresa vem de fontes assim.

Fotografe o QR Code e saiba mais sobre a Eletrobras.

eletrobras.com


Por meio do Proinfa – Programa de Incentivo Ă s Fontes Alternativas – , projetos de energia eĂłlica saĂ­ram do papel e fomentaram R GHVHQYROYLPHQWR GHVVD LQGšVWULD que era incipiente no paĂ­s atĂŠ entĂŁo.

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TambÊm graças ao programa,

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ao todo, tÊrmicas de biomassa, movidas a partir do bagaço da cana, da casca de arroz e de resíduos da LQGšVWULD GH SDSHO HVW¢R HP RSHUDŒ¢R com o apoio da Eletrobras.

3URMHWRV SLRQHLURV FRPR R 0HJDZDWW 6RODU QD 5HJL¢R 6XO H R ;DSXUL QR $FUH M XWLOL]DP D tecnologia de painÊis fotovoltaicos.

A Eletrobras Ê uma das maiores geradoras de energia elÊtrica do país. Bom saber que boa parte dessa energia provÊm de fontes limpas e renovåveis. Para tanto, alÊm de usar a hidreletricidade, uma das fontes mais limpas que existem, a Eletrobras estå envolvida em projetos de geração eólica, solar H GD ELRPDVVD GLYHUVLƎ FDQGR QRVVDV IRQWHV H IRPHQWDQGR HVVDV LQGšVWULDV 6¢R LQLFLDWLYDV FRPR HVVD que fizeram da matriz elÊtrica brasileira uma das mais renovåveis do mundo industrializado.

É por isso que o trabalho da Eletrobras tem uma importância do tamanho do Brasil.


COPA | INFRAESTRUTURA

Legados da Copa do Mundo para Belo Horizonte Melhorias, mesmo que pontuais, são positivas para a cidade e a imagem do estado.

lém dos estádios cheios e das festas, ainda há grande expectativa do Brasil em relação ao legado da Copa do Mundo Fifa 2014 para as cidadessede.Muitas das obras incluídas no programa apresentado à entidade, em 2007, não foram nem iniciadas, como a expansão do metrô de Belo Horizonte. A reforma do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em curso, não será finalizada até junho, quando o Brasil começa a receber uma população estimada em 2,5 milhões de turistas de todo o mundo.

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As áreas consideradas estratégicas, Transporte,Telecomunicações e Turismo são os segmentos que, teoricamente, deveriam receber mais aportes em função do evento. De acordo com o coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da FDC, professor Paulo Renato, as coisas não estão funcionando dessa forma. Mesmo assim, Belo Horizonte, juntamente com Rio de Janeiro e Fortaleza, é uma das cidades-sede que mais vai lucrar com o evento nos próximos 20 anos, se souber aproveitar a oportunidade que terá início em junho.

“Sem dúvida, os primeiros legados são os estádios que foram reformados e/ou construídos. O Mineirão vai atrair para Belo Horizonte grandes eventos culturais e artísticos e, ainda, jogos internacionais. Sem dúvida, o Complexo Mineirão está mais aparelhado que antes”, observa. A área de serviços será bastante beneficiada com esse tipo de movimento, como ressalta o engenheiro e presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas ), Roberto Luciano Fagundes. “Há muita expectativa de que as iniciativas empreendidas em função dos jogos da Copa do


Roberto Fagundes, engenheiro e presidente da ACMinas

Mundo, em Belo Horizonte, resultem num legado positivo. Incluem-se, entre essas iniciativas, as intervenções viárias, como o BRT, a consolidação da capital como polo turístico, especialmente de eventos e de negócios, a revitalização do Aeroporto Internacional e os próprios esforços dispendidos pelo governo de Minas

em favor da diversificação da economia estadual, por exemplo”, destaca o dirigente. Todas as obras já feitas são extremamente importantes para assegurar a permanência dos efeitos da Copa, que apesar de ter duração de um mês, pode ter papel catalisador para empreendimentos futuros.

Por essa perspectiva, completa Fagundes, espera-se que o comércio realmente perceba a oportunidade e aproveite da melhor forma, investindo na capacitação de mão de obra e na qualidade dos serviços para perenizar os avanços no atendimento e, consequentemente, no desenvolvimento do setor.

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COPA | INFRAESTRUTURA

Colocamos na matriz de responsabilidade o que nunca foi feito historicamente e achávamos que faríamos em seis anos, um país de primeiro mundo. Desse projeto todo, o que vamos entregar de primeiro mundo mesmo são os estádios, constata o professor. Em custos, essas obras ultrapassaram em 50% o orçamento inicial.

Paulo Renato, professor e coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da FDC

Considerando que a vocação econômica de Belo Horizonte é o setor de serviços, a Copa do Mundo da Fifa 2014 representa grande oportunidade para que a capital mineira conquiste espaço na preferência turística nacional, como confirma o professor Paulo Renato. O caos do trânsito é um problema que a população de Belo Horizonte gostaria de ver resolvido com as obras propostas para a Copa do Mundo. Mas, segundo o professor, o país perdeu a opor-

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tunidade de fazer – e também de concluir – as obras propostas durante a candidatura do país. “A falta de projetos e de recursos públicos foram determinantes”, afirma. Na área de mobilidade, da promessa do metrô o que ficou para Belo Horizonte é o BRT, que, em alguns trechos da cidade, não ficará pronto em junho. “Mas existe a vantagem de criar o conceito de corredores para o transporte coletivo. Esse legado é importante porque, a partir de

agora, a cidade e a Região Metropolitana não poderão mais escapar do tema transporte coletivo”, prevê. Ainda na área de transportes, até que enfim as rodovias ocupam o lugar de destaque que sempre mereceram. “Não é apenas por causa da Copa do Mundo mas pelo que virá depois em segmentos como turismo, indústria e agronegócios”, aponta o professor. A concessão para a iniciativa privada representa a garantia da melhoria dos serviços prestados. Na mesma linha, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, cuja administração foi concedida à iniciativa privada, também deve passar pelas adequações que, há anos, têm sido alardeadas. “Não há dúvida de que o Brasil prometeu muito mais que poderia entregar e substituiu no princípio, o planejamento de longo prazo pela euforia. Colocamos na


matriz de responsabilidade o que nunca foi feito historicamente e achávamos que faríamos em seis anos, um país de primeiro mundo. Desse projeto todo, o que vamos entregar de primeiro mundo mesmo são os estádios, constata o professor. Em custos, essas obras ultrapassaram em 50% o orçamento inicial. Em relação à área de Telecomunicações, a ampliação da oferta de serviços não deve se perpetuar após a Copa do Mundo da Fifa. E tudo isso, novamente, pela falta de planejamento.“Perdemos oportunidades”, aponta o professor. A primeira fase – infraestrutura – é a compra de capacidade, ou seja, de equipamentos e sistemas que demandam prazos alargados em função do prazo de entrega, considerando que os grandes fornecedores são mundiais. A segunda etapa, explica o Paulo Renato, é o software e a oferta do serviço propriamente dito. “Isso envolve inteligência, sistemas e recursos humanos (RH). Preparar tudo isso demanda mais tempo que o necessário para a área de infraestrutura”, alega. Por isso, a estrutura será montada para atender apenas as necessidades de transmissão de dados e voz do evento, como instalações tem-

porárias. O risco é o país entregar a pior imagem em termos de Telecom, nos estádios e na cidade. Especificamente em Belo Horizonte, a rede de fibra óptica teve aumento de 31%, passando de 219 km para 287 km de extensão, para beneficiar 106 órgãos da administração municipal. O número de pontos de acesso gratuitos à internet (wifi) aumentou nas praças e parques da cidade. O Mineirão está passando por obras complementares, no valor de R$ 50 milhões, para adequação da área de TI, entre outras. Afinal, a competição deve ser transmitida para todo o mundo. Em suma, os projetos em curso confirmam que as intervenções são localizadas. O setor turístico pode ser beneficiado desde que exista planejamento. “É preciso pensar a Copa do Mundo Fifa 2014 a longo prazo. Esse será, inclusive, o diferencial de Belo Horizonte em relação a outras cidadessede. O evento é apenas o início de um processo ou uma oportunidade para abrir novos negócios”, afirma. Ainda no segmento de Turismo, Belo Horizonte está se equipando com novas unidades ho-

teleiras. No entanto, dos 73 estabelecimentos combinado em 2010 entre a Prefeitura Municipal da capital mineira e a indústria de hotéis, representada pela seção mineira da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG), apenas 27 devem estar em atividade para a Copa do Mundo. Há, ainda, 42 em obras. “A cidade pode fazer um movimento que não seja pautado pela especulação de preços. Se conseguir oferecer aos turistas domésticos e ao público internopreços razoáveis, a imagem da cidade será preservada e valorizada no futuro. Acho que muitas cidades-sede terão imagem completamente arranhada por querer ganhar dinheiro rápido e a qualquer custo, apenas durante o evento. Belo Horizonte e Minas Gerais têm que pensar a longo prazo”, recomenda. Pesquisas de mercado comprovam que a guerra de preços já começou. Pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro constatou que a variação na tabela das diárias, durante a competição, é de 466,67% na comparação com os preços praticados atualmente.

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COPA | INFRAESTRUTURA

Diversos festivais internacionais são realizados na cidade de Belo Horizonte como parte da turnê de apresentações isso contribui para estimular a vinda de novos eventos para a capital mineira e manter a média de ocupação nos hotéis após a Copa.

Camillo Fraga, secretário municipal Extraordinário para a Copa do Mundo

O secretário municipal Extraordinário para a Copa do Mundo da Prefeitura de Belo Horizonte, Camillo Fraga, é otimista em relação aos legados do evento para a capital mineira. “Além das melhorias que serão percebidas pela população, como as obras de mobilidade, a instalação da nova sinalização viária, a revitalização dos centros de atendimento ao turista e a ampliação da rede de fibra óptica e dos pontos wi-fi, há também ganhos intangíveis como a oportunidade de ampliar a visibilidade da cidade no cenário mundial”, enumera.

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Setores como saúde, segurança, mobilidade, turismo, limpeza urbana, hotelaria, serviços de alimentação e voluntariado serão testados durante o evento e terão que trabalhar de forma integrada. “Há alguns anos, a Prefeitura de Belo Horizonte promove a cidade como um destino de negócios em todas as ações de internacionalização e em todas as oportunidades de divulgação dentro e fora do país”, ressalta o secretário. Com isso, o perfil do município tem mudado. Diversos festivais internacionais são realizados na cidade e os mega shows interna-

cionais também consideram Belo Horizonte como parte da turnê de apresentações. “Tudo isso contribui para estimular a vinda de novos eventos para a capital mineira e manter a média de ocupação nos hotéis após a Copa”, aposta. Na avaliação do presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), engenheiro civil Lincoln Gonçalves Fernandes, Belo Horizonte precisava fazer as obras que estão em curso. “A crise das metrópoles é mundial e Belo Horizonte não tem como fugir”, ressalta. A solução para o transporte – o sistema BRT, batizado de MOVE – não é a única disponível. O projeto de ampliação do metrô e a implantação do metrô leve são obras aguardadas pela população. “São carências que, independente da Copa do Mundo, a cidade já apresenta”, lembra.


Lincoln Fernandes, presidente do Conselho de Política Econômica da FIEMG

Pedro Patrus, Vereador (PT) de Belo Horizonte

Para o engenheiro, o país tentou, sem sucesso, usar a

Vereador de Belo Horizonte, Pedro Luiz Neves

Copa do Mundo como mote para incluir os proble-

Victer Ananias (PT), ou Pedro Patrus como é mais

mas de infraestrutura na agenda das cidades-sede.

conhecido, afirma que o grande legado deixado

Tudo, no entanto, está se resolvendo por meio da

pela Copa do Mundo para a capital mineira é a

concessão dos serviços públicos à iniciativa privada.

possibilidade de consolidar a sua imagem no ce-

Assim, com mais dois anos de obras e doses extras

nário internacional. “Belo Horizonte não será a

de paciência, por parte dos usuários, o Aeroporto In-

mesma após a competição pois teremos nossa

ternacional Trancredo Neves deverá se adequar para

cultura, história e tradição projetadas para o

atender às atuais demandas. “Órgãos como Infraero,

mundo e fortalecer, entre outros segmentos, o tu-

DNIT e CBTU estão falidos no Brasil”, avalia.

rismo de negócios”, aponta.

Na área hoteleira, a carência absoluta de leitos, foi

Em termos econômicos, segmentos como hote-

revertida pela iniciativa privada. O que não se pode

laria, construção civil, mobilidade urbana e tele-

fazer é “parar no tempo”. O trabalho de captação

comunicações serão os grandes beneficiados.

de eventos e turistas deve ser intensificado após a

“É preciso ressaltar que o governo federal e a

Copa. “Se fizermos um bom trabalho na Copa,

administração municipal priorizaram no plane-

vamos mostrar o Brasil para o mundo e promover

jamento da Copa de 2014 o interesse das

o crescimento da indústria do turismo que ainda é

grandes empresas. Prova disso é que o Minei-

muito fraca. O turista que vier e for bem tratado

rão ainda está em obras e o BRT ainda não

será o nosso multiplicador”, afirma Fernandes.

terminaram”, conclui.

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CBMM | CAPACITAÇÃO

CBMM estimula parceria indústria-academia Depois de quase dois anos desde seu lançamento, uma iniciativa de promoção da pesquisa avançada na área de Engenharia de Materiais começa a gerar os primeiros frutos em Minas Gerais. Criado pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM em parceria com o Centro de Tecnologia SENAI/CETEC, do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial, o

programa

está

apoiando o desenvolvimento de projetos em nível de mestrado e doutorado, principalmente junto à Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto ( UFOP). O programa, ligado à Rede Temática em Engenharia de Materiais REDEMAT, também conta com a participação da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e já teve seu primeiro caso de sucesso. Apresentada no segundo

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semestre de 2013, a dissertação sobre os efeitos do Nióbio na ductilidade a quente do aço inoxidável marcou a conclusão do mestrado do estudante Adir Garcia Reis. O trabalho teve a orientação da professora Margareth Spangler Andrade, diretora do Instituto de Inovação em Metalurgia e Ligas Especiais do SENAI/CETEC. Estabelecida em 2011, a instituição resultou de um convênio entre o governo de Minas Gerais e a Federação das Indústrias do Estado (FIEMG), através do qual o SENAI assumiu as atividades de pesquisa e serviços tecnológicos então controlados pela Fundação Centro Tecnológico Estadual (CETEC). Para o pesquisador Adir, Reis, agora Mestre em Engenharia de Materiais, o programa na REDEDMAT-UFOP possibilitou grande contribuição à sua formação acadêmica. Em sua

dissertação, ele também agradece à CBMM “pela bolsa de estudos e pelo suporte financeiro”. Além de Adir, três outros estudantes desenvolvem seus projetos com apoio da CBMM, com trabalhos também ligados a aplicações do Nióbio a materiais como os aços inoxidáveis.


O programa foi estabelecido em março de 2012, fruto de um Convênio de Cooperação entre a CBMM e o SENAI/CETEC . O objetivo da parceria é a realização de projetos de pesquisa em áreas de tecnologia de produção e aplicação de aços, sobretudo com a utilização de ferro nióbio. Os dois outros projetos devem ser concluídos em breve, ambos ligados a estudos de doutorado. Os trabalhos estão igualmente sob a coordenação da professora Margareth Spangler e um deles é fruto de pesquisa da estudante Flávia Vieira Braga, que investiga a influência do Nióbio na qualidade superficial dos aços inoxidáveis ferríticos.

Todos os projetos contam com a orientação da professora Margareth Spangler, especialista na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica com atuação destacada, entre outros, na microscopia eletrônica. A ferramenta é fundamental na análise de experimentos dos trabalhos desenvolvi-

dos pelos participantes do programa, como o estudante Nilo Nogueira da Silva. Já em fase de conclusão de seu mestrado, ele deve fazer a defesa de sua dissertação agora em março, também concentrando sua pesquisa em aplicações estruturais de aços microligados ao Nióbio.

Preparando-se para a obtenção do título de Doutora em Engenharia de Materiais Flávia deverá fazer sua defesa de tese em março de 2015. A conclusão do doutorado é mais uma meta cumprida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT, que também prepara mais um futuro doutor na área, o estudante Tiago Evangelista Gomes. Atualmente em fase de conclusão de sua pesquisa e redação de tese, Tiago concentra seus estudos na influência do Nióbio na ductilidade a quente em aço inoxidável duplex.

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SME ESPECIAL | MÁRCIO DAMAZIO TRINDADE

Defesa da Engenharia e associativismo levado a sério

P

ede-me dinâmica jornalista que responda a algumas perguntas a orientar o que seria um breve relato de minha história, meu relacionamento com a SME, meu exercício da Presidência da entidade e opiniões sobre o associativismo. Ora, dado meu jeito de ser, não me preocupa muito minha história ou o que se realizou em meu mandato, antes sim o a quanto estamos e o muito que os engenheiros podem construir pelo desenvolvimento pátrio, mormente através de uma sociedade como a nossa. A Engenharia me veio como decorrência normal de uma carreira que poderia dizer familiar, dado minhas origens. Meu bisavô foi um dos cinco professores que iniciaram com Gorceix a famosa Escola de Minas de Ouro Preto, na qual posteriormente se graduaram meu avô, meu pai, vários tios e parentes próximos. Naquela Escola, fui um dos doze aprovados no vestibular, que, àquele tempo, aprovava conhecimento e não, como hoje, no mais

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das vezes a incompetência dos governos em prestigiar a educação tenta se ocultar através da distinção de raça, cor e sexo. Fato é que, após cursar os três primeiros anos em Ouro Preto, já desejando iniciar minha carreira, transferi-me para a Escola de Engenharia da UFMG, onde me graduei em engenharia civil, em 1962. A SME me chegou desde os tempos escolares, guardando com carinho até hoje minha carteira de sócio aspirante, tempos em que nos marcaram as horas dançantes e as aspirações a um dia ostentarmos seu escudo no testemunho de já sermos engenheiros e sócios efetivos. Daí ter estado sempre em contacto com a SME, desde o espaço anexo ao Automóvel Clube até o prédio novo devido principalmente ao esforço do engenheiro Tárcio Primo Belém Barbosa, lutador recentemente falecido. E talvez , por estar sempre presente aos eventos e solenidades, ocupando finalmente mandato no Conselho Fiscal, recebi o convite de um grupo de amigos para ocupar o cargo de Presidente.

Recebi o cargo em período bastante difícil, o nosso prédio estava alugado a uma entidade escolar e com dívidas que reputo normais, pelo aprendizado no mandato, face à necessidade de enfrentar os eventos esperados pela classe, infelizmente bastante ausente na hora de ajudar a mantê-la. Mas nos acolhemos em área disponível pelo CREA, entidade nascida dentro da SME, como nos bons tempos outras iniciativas em Minas nela se engendraram. Assim, graças à inestimável ajuda de empresas diversas, pudemos aos poucos livrar-nos do deficit e conseguir um programa de trabalho para manter nossas características de sociedade na vanguarda da engenharia mineira e caminhar pari passu com o desenvolvimento do Estado. Saliento ainda que, via processo judicial, conseguimos a retomada da nossa sede que , vazia e silenciosa, aguarda ainda um movimento de sócios e empresas a retorná-la à desejada ocupação real e volta aos anos de intensa movimentação. Este um dos planos que, iniciado com a retomada, não pude concretizar, mas tenho certeza haverá de acontecer pela união dos que amamos a SME.


Márcio Damazio Trindade, engenheiro e ex-presidente da SME

com grande sucesso em Ouro Preto. Mesmo esta revista, que encontramos com publicação suspensa, a fizemos retornar com o aspecto e apresentação que hoje recebemos e esperamos continue com a fortaleza de seus artigos sempre esperados e se torne bandeira de nossas ideias e valores.

que promovemos, buscamos dirigentes de representações de ramos diversos da Engenharia, apregoando nossa união na defesa de ideais comuns e engrandecedores da Pátria, porquanto é de nossa profissão a base para todo e qualquer desenvolvimento brasileiro que se pretenda.

Valeria aqui sobressair nossas colaborações ao Plano Nacional de Logística e Transporte e à questão das Balanças Rodoviárias, merecedoras de elogios pelo Ministério de Transportes, nossos estudos sobre Centro de Tecnologia, a mais antiga Usina de Ferro no Brasil e o Modelo para Minas Gerais acerca de Telecomunicações, além de muitos outros, no decorrer das reuniões de comissões técnicas.

Muitos outros planos foram divulgados e registramos à espera que o avançar dos anos e a sequência de mandatos os realizem pelo conteúdo que encerram , discutidos e aprovados nas comissões.Assim, por exemplo, o Programa de Treinamento em Serviço, o Programa de Interiorização da SME, o da SME como Alavancadora de Inovação Tecnológica, que hoje ganhou corpo em várias entidades e até mesmo a criação de um Instituto do Conhecimento da Engenharia.

Os novos engenheiros devem se chegar às entidades que verdadeiramente os representem, buscar dos mais antigos a experiência que possam transmitir, emprestar-lhes a energia criadora que trazem consigo para , juntos, buscar a realização dos sonhos que ficaram para trás perdidos pelas dificuldades da vida e dos sonhos que se estendem à frente pelo entusiasmo dos que iniciam sua carreira.

De nossa época ainda, o ressurgimento de iniciativas que haviam sido deixadas por motivos que não vêm ao caso, como o Congresso Internacional de Metalurgia, levado para São Paulo e por nós retomado, mas que infelizmente também não teve sequência, após o que levamos

Assim, lutando pela manutenção do nosso dia a dia, acreditando ser mais que tempo de reunirmo-nos ao invés de desassociara-nos, como vem ocorrendo, pela abertura frequente de novas entidades, no final de nosso mandato, por uma série de cafés da manhã, outra iniciativa

Fato é que, a despeito dos empecilhos, conseguimos com a inestimável colaboração de alguns diretores, sócios e membros de Comissões Técnicas, levar à frente nossos almoços 12h30 , criando também o jantar 19h30 , pela maior facilidade de horário, onde pontificaram personalidades e temas diversos, que não importa enumerar, realizar o frequentado Ponto e Contraponto.

Portanto, a presença do engenheiro em todas as eras e atividades, sobretudo em associações como a SME, é ponto de partida obrigatório. É hora de fortalecer e renovar a engenharia brasileira!

Márcio Damazio Trindade 43


ENERGIA ALTERNATIVA

Seminário destaca potencial da bioeletricidade Mais de 25 anos após o início da geração de eletricidade pelas usinas sucroenergéticas brasileiras para a grade de distribuição, a bioeletricidade continua a ser uma energia renovável, sustentável, abundante e pouco valorizada. Para discutir formas de mudar essa realidade, o programa de comunicação do setor sucroenergético que envolve sindicatos e fornecedores, agora em parceria com a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético e a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, promoveu o seminário “1º de abril: O dia da verdade sobre a bioeletricidade,” no dia 4 de abril. Especialistas, empresários do setor, autoridades e representantes de organizações não-governamentais (ONGs) e do legislativo participaram do evento que, em três painéis, apresentou diversas propostas para 44

ampliar a participação da bioeletricidade na matriz energética brasileira. O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (SiamigMG), Mário Campos, participou do seminário. Apesar do interesse do governo em ampliar o escopo de fontes de energias renováveis, o setor sucroenergético ainda não dispõe de uma política de longo prazo para a bioeletricidade, que inclua esse produto em leilões. “Hoje a bioeletricidade tem que concorrer nos leilões mistos, que desconsideram suas externalidades como energia limpa (sem emissões ou transtornos ambientais), produzida entre abril e dezembro, no período mais seco do ano, quando acontece a moagem da cana de açúcar, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde ficam os maiores centros de consumo, o que pos-

sibilita, ainda, reduzir custos e as perdas de transmissão”, enfatiza. Há que se considerar, ainda, a descentralização da produção, no interior do país. Apesar de tantos diferenciais competitivos, o que existe hoje é um cenário de desestímulo da produção em função dos baixos preços conseguidos nos leilões, com efeito negativo sobre os investimentos em novas usinas e também na expansão e modernização dos processos produtivos, para gastar menos energia no processo produtivo apara ter uma sobra para comercialização. “Caso houvesse incentivos, o setor teria a capacidade para responder de forma rápida ao aumento de geração de energia para o sistema”, garante o dirigente. Basta dizer que o setor entrega ao sistema nacional de energia (SIN) 1.700 MW médios, porém, existe


Mário Campos, presidente do Siamig-MG

Caso houvesse incentivos, o setor teria a capacidade para responder de forma rápida ao aumento de geração de energia para o sistema.

Mário Campos

um potencial de aumento a curto e médio prazo para 5.000 MW, caso fossem atendidas as necessidades do setor, principalmente, quanto aos preços nos leilões. Uma usina não vive somente da produção de bioeletricidade. Segundo Campos, a implantação de políticas que interfiram na produção e comercialização do etanol, por exemplo, impactam significativamente a saúde financeira das empresas e diretamente os projetos de cogeração de energia elétrica. “Enquanto o governo segura o preço da gasolina e impede a competitividade do etanol no mercado nacional, empresas do setor fecham em todo o país”, avalia. No plano decenal de energia do governo federal a biomassa cresceria na matriz energética para 8000 MW em 2022. “Infelizmente pela falta de incentivo e aumento da capacidade de investimento isso não será concretizado pois a estimativa de capacidade de geração para este

ano é de 22 mil MW, usando o bagaço e a palha da cana”, garante Campos. O setor quer despertar a soc i e dade para a importância da bioeletricidade para o país, ao demonstrar o potencial dessa fonte energética em um cenário de reservatórios baixos e risco de racionamento de energia elétrica. Mais que isso, movimentar a atividade também abre oportunidades de empregos para diversos profissionais, incluindo-se aí os engenheiros que podem trabalhar na operação e também na área de consultoria nessa cadeia produtiva. Projetos como o metrô leve e o Rodoanel Norte, esse último com edital previsto para maio, estão entre os planos do novo governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho (PP) até 1º de janeiro de 2015. Ele substituiu Antônio Augusto Anastasia, possível candidato ao Senado nas próximas eleições. 45


SICEPOT-MG

DANIEL MANSUR

Nova sede do Sicepot-MG revela força do setor construtor

A nova sede do Sindicato da Indústria da Construção

aproximadamente 15.500m² de área construída , o

Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), pre-

prédio segue os conceitos da sustentabilidade e tem

sidido por Alberto Salum, foi inaugurada em de março

uma estrutura administrativa moderna, com três au-

último, em um evento bastante prestigiado. Cerca de

ditórios, salas multiusos, espaço para exposições do

900 convidados participaram da solenidade. Entre os

setor, área gourmet e estacionamento com 300 vagas.

presentes, o governador Antonio Anastasia, o vice-governador Alberto Pinto Coelho à época, o presidente

O presidente do Sicepot-MG, Alberto Salum, disse

da Assembléia Dinis Pinheiro, o prefeito Márcio La-

que a entidade cresceu muitos nesses 46 anos de his-

cerda, além de outras autoridades.

tória e, cada vez mais, sua estrutura física foi se tornando pequena para as necessidades dos associados

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O prédio, que já é uma das mais bem estruturadas

e para a própria prestação de serviços. “A nova sede

sedes de entidades de classe do País, atenderá os as-

será um salto qualitativo no atendimento aos empre-

sociados da entidade e, em breve, a população. Um

sários e um upgrade nas suas instalações, com o objetivo

dos destaques da nova casa é o seu auditório com ca-

de propiciar maior comodidade, conforto e aporte

pacidade para 300 pessoas que poderá se tornar mais

tecnológico de ponta para os associados e demais

um espaço cultural para os belorizontinos. Localizado

players do mercado, que poderão inclusive realizar

na avenida Barão Homem de Melo, 3090, Estoril, com

seus treinamentos no local”, pontua.


A SEDE NO ESTORIL 5.500M² DE ÁREA MODERNA E SUSTENTÁVEL 3 AUDITÓRIOS, SALAS MULTIUSOS, ESPAÇO PARA EXPOSIÇÕES ÁREA GOURMET ESTACIONAMENTO P/ 300 VAGAS.

que somos uma entidade do setor da Alberto Salum,

Construção”, ratifica.

presidente do

A arquiteta Ana Machado responsável

Sicepot-MG

pelo projeto explica que usou o forte lado institucional do Sicepot-MG para a concepção da obra e projetou um espaço voltado para a sociedade, com

Segundo Alberto Salum, a nova sede do Sicepot-MG é um prédio que marca arquitetonicamente a avenida em que está inserido pela sua pujança dimensional e multiplicidade de funções a que se propõe: atendimento diversificado, atividades socioculturais e de responsabilidade cultural para toda a sociedade. O presidente ressalta ainda a preocupação do Sindicato com a sustentabilidade e qualidade da edificação. “Estes dois itens foram prerrogativas fundamentais para a execução do projeto, uma vez

transparência em sua fachada. Através de um hall de vidro, o ambiente recebe iluminação e ventilação natural além de criar “um caráter de visibilidade, que

nas atividades diárias do sindicato. Já as áreas de trabalho foram projetadas em vãos livres, com pisos flutuantes. No entrepiso estão todas as instalações, dutos e cabeamentos, gerando espaços flexíveis e de fácil adaptação a novos usos.A área de serviços se encontra isolada e conectada ao estacionamento. Este setor foi desenvolvido para atender a demandas corriqueiras e a todas as atividades sociais, comerciais e culturais desenvolvidas pelo Sindicato.

gera um aspecto convidativo para a edificação”, explica. Segundo a arquiteta, a construção foi dividida por usos privados, semiprivados, públicos e de serviços. O térreo abriga foyer, recepção, auditório, uma grande galeria, espaços de convenções e exposições. Esses espaços permitirão maior circulação do público sem interferência

A nova sede contempla também a arte mineira, representada por peças dos artistas plásticos Jorge dos Anjos, que desenvolveu para o foyer e que pode ser vista da rua um painel em aço cortenho, material que remete à Construção Pesada, e Fernando Velloso, que instalou painéis variados em cada pavimento e na antessala da presidência. 47


CREA | CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM (CMA)

Crea-Minas assina convênio com a Defensoria Pública O termo prevê assistência jurídica aos procedimentos de conciliação que envolvam a área tecnológica.

Processos de conciliação instaurados junto à Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-Minas) contam, a partir deste ano, com os serviços da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais. O órgão público prestará assistência jurídica aos procedimentos de conciliação da CMA/Crea-Minas nos litígios que envolvam, direta ou indiretamente, as áreas tecnológicas, garantindo, assim, a assistência de um defensor público para a defesa da parte que não possuir advogado. “Vimos a necessidade de selar esse convênio ao perceber um desequilíbrio jurídico entre os envolvidos. Alguns dos nossos casos são entre empresas e pessoas humildes, que não possuem condições de arcar com as despesas de um advogado”, afirma a diretora executiva da CMA, Camila Linhares. Ela enfatiza que a atuação da Defensoria Pública

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Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, Engenheiro Civil

na justiça privada, conforme previsto no convênio, é iniciativa inédita no Brasil. O convênio entre as instituições irá contribuir, também, para desafogar o Judiciário. Processos relacionados às profissões de base tecnológica, regulamentadas pelo Crea-Minas, que cheguem à Defensoria Pública, serão encaminhados, se for do interesse das partes, à CMA para uma tentativa prévia de conciliação.“Processos que poderiam se arrastar por anos até serem julgados na justiça comum, ganham rapidez e apoio técnico ao serem apreciados pela conciliação, mediação ou arbitragem, alternativas mais viáveis ao judiciário estatal”, conta o presidente da Câmara de Mediação e Arbitragem

(CMA) do Crea-Minas, engenheiro civil Clémenceau Chiabi Saliba Jr. Segundo ele, existe a possibilidade de direcionar para a Câmara processos da área tecnológica em trâmite no judiciário e que estejam parados há muitos anos, à espera de julgamento. “São cerca de 200 mil casos aguardando realização de perícia. Através do convênio, a Defensoria Pública de Minas Gerais poderá encaminhar à CMA alguns desses processos, oferecendo às partes, além do suporte jurídico, uma tentativa de conciliação intermediada por técnicos na tentativa de solução desses conflitos, com segurança e rapidez para as partes envolvidas”, explica o engenheiro.


Atuação

Jobson Andrade, presidente do Crea-Minas

Para o presidente do Crea-Minas, engenheiro civil Jobson Andrade “essa parceria é de extrema importância para a resolução dos conflitos que envolvem a área tecnológica, reforçando, mais uma vez, o comprometimento do Conselho com os temas de interesse social”. A defen-

sora pública geral do Estado, Andréa Abritta, não esconde o entusiasmo em relação ao convênio. “Não podemos falar da modernidade do direito sem passar pelos processos de mediação, conciliação e arbitragem. Estamos orgulhosos dessa parceria”, afirma.

Inaugurada em 2012, a Câmara de Mediação e Arbitragem do CreaMinas atua na resolução de conflitos das áreas que envolvam profissões de base tecnológica, regulamentadas pelo Crea. Em 2013, dos 1.052 processos administrados pela CMA/Crea-Minas, 75 foram conciliatórios de interesse social, com sucesso de aproximadamente 90%. O tempo médio para a solução dos processos é de 80 dias, sendo que o fator maior de morosidade é o contato com as partes envolvidas. A CMA/Crea-Minas funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, na sede do Conselho, à Avenida Alvares Cabral, 1600.

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CREA | CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM (CMA)

Entenda os processos que a CMA conduz:

Negociação:

Mediação

É um processo em que duas ou mais partes, com interesses comuns e antagônicos, se reúnem para confrontar e discutir propostas explícitas com o objetivo de alcançar um acordo." (Berlew, 2011)

É um procedimento amigável de resolução de conflitos, que tem como protagonistas às próprias partes na busca de uma solução consensual para a controvérsia. Nesse caso, o mediador tem a função de aproximar, auxiliar e facilitar a comunicação das partes, para que solucionem suas divergências e construam, por si próprias, seus acordos com base nos seus interesses.

O processo de negociação será sempre a via primária de entendimento entre as partes, podendo ocorrer sob o patrocínio da CMA. A CMA utiliza dos procedimentos de negociação para auxiliar ao leigo, profissional ou empresa na regularização junto ao Crea-Minas.

Conciliação Outra modalidade de procedimento amigável de resolução de conflitos, em que o Conciliador terá por funções, conduzir as partes a um acordo, mediante sugestão de propostas e soluções para a controvérsia em questão. A CMA oferece aos seus usuários uma conciliação especializada em que o conciliador têm conhecimento técnico no objeto da controvérsia, e, se necessário for, também realizada visita in loco para auxiliar às partes na melhor solução da controvérsia. Antes das sessões de conciliação às partes são convidadas à manifestarem por escrito, com antecedência, sobre as alegações uma das outras, visando facilitar o entendimento pessoalmente.

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Arbitragem Procedimento adequado de resolução de controvérsias, regulado pela Lei Federal nº. 9.307/96, que permite às partes, quando do surgimento de um litígio oriundo de uma relação contratual, a escolha de uma terceira pessoa, capaz, independente e imparcial, especialista no conflito em questão, denominada Árbitro, para resolver o impasse. Qualquer questão que verse sobre direitos patrimoniais disponíveis, ou seja, direitos nos quais as partes podem transacionar, podem ser objeto de arbitragem. As sentenças arbitrais são títulos executivos judiciais equiparadas para fins de direito às sentenças judiciais. São vantagens do instituto da arbitragem a celeridade, a especialidade dos árbitros, a autonomia da vontade das partes e a confidenciabilidade.


UMA HISTÓRIA DE SONHOS E REALIZAÇÕES.

O Grupo Orguel é uma holding composta por 7 empresas que atuam na construção, indústria, mineração, infraestrutura e óleo e gás. São mais de 2 mil funcionários, 80 Ò a^V^h Z Y^kZghdh gZegZhZciVciZh cd 7gVh^a Z cV 6b g^XV AVi^cV# Com a grande contribuição dos colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros, alcançou o reconhecimento do mercado brasileiro, e o que era um sonho se tornou uma história de sucesso, com respeito e dedicação às pessoas, muito trabalho e fé em Deus. 6 egZhZc V Zb eZfjZcVh Z \gVcYZh dWgVh Yd eV h Z V k^h d YZ [jijgd Ò oZgVb Yd <gjed Dg\jZa jb a YZg cV [VWg^XV d! kZcYV Z locação de equipamentos para construção. 6aXVc Vg *% Vcdh gZk^\dgV Vh ZcZg\^Vh eVgV V gZVa^oV d YZ cdkdh Z ^bedgiVciZh egd_Zidh Z VjbZciV V cdhhV responsabilidade para continuar na busca constante por soluções que facilitem o trabalho dos nossos clientes. Grupo Orguel 50 anos. A gente ainda tem muita história pela frente.


NOVOS ENGENHEIROS | PAULO CÉZAR PEREIRA CORRÊA

Jovem profissional aposta no potencial transformador da Engenharia

N

nascido em Brasília, o engenheiro mecânico Paulo Cézar Pereira Corrêa passou parte da sua infância e adolescência em Minas Gerais. Por isso, quando retornou para a capital federal, levou consigo muitos legados, entre os quais ele mesmo destaca a paixão pelo Clube Atlético Mineiro. Formado pela Universidade de Brasília (UnB), atuando na área e feliz pela sua escolha, conta que a Engenharia não foi sempre a primeira opção. Embora fosse excelente aluno das matérias de Exatas, Paulo Cézar sonhou em ser advogado. Isso até um professor de Física e também engenheiro mecânico, dar o ultimato.“Meu amigo, sai dessa! O seu caminho de sucesso é outro”, disse. Só assim ele se convenceu. As histórias relatadas pelo irmão mais velho, na época estudante da UnB também fizeram com que ele

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decidisse mudar de rumo aos 45 minutos do segundo tempo. Quando ingressou na UnB, apaixonou-se pela Engenharia. “Eu acreditava que a gente poderia revolucionar o mundo”, declara. Apaixonado pela Fórmula 1, ele queria trabalhar com aerodinâmica. Como a instituição tem diversos projetos de extensão na área, ele optou pela Draco Volans, uma equipe de aerodesign que projeta uma aeronave para participar de competições anuais no país. Dessa temporada ele tem diversas histórias para contar. Uma delas foi quando ele se tornou líder da equipe de aerodinâmica. “Fomos convidados para entrar em um projeto da UnB para fazer um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) para o Ibama. A aeronave deveria ser simples, leve, com alta autonomia, e deveria carregar um peso X para poder acoplar uma câmera e monitorar possíveis queimadas, entre

outras coisas. “Naquela época – 2011 - eu fiquei bem dividido, porque eu era apaixonado pelo que eu fazia, pela equipe, e pra ingressar eu teria que abrir mão da Draco. Acabei decidindo pelo que poderia ser melhor pra mim e fui”, lembra. O projeto foi bom e rendeu as primeiras publicações de artigos. Um deles em um congresso internacional no Rio de Janeiro. No ano seguinte, a “ficha caiu” e Paulo constatou que não existe mercado de trabalho para um engenheiro que não queira mexer com manutenção de ar condicionado ou manutenção predial. Foi aí que surgiu a Orion. Ele se candidatou para a vaga e foi aceito para trabalhar como estagiário de manutenção em um dos contratos da empresa até início de 2013.“Nos primeiros meses daquele ano eu recebi um convite pra trabalhar em outro departamento da empresa, o de Data Centers. Achei o máximo por causa da tecnologia”, comenta.


As escolas de Engenharia no Brasil formam excelentes profissionais em âmbito de projeto. Mas, uma coisa que percebi ao ingressar no mercado de trabalho foi a carência que essa metodologia tem quanto à gestão empresarial, e trabalho de liderança de equipe

Mas a melhor parte é que a empresa vislumbrava usar a metodologia de CFD em Data Centers. Dessa forma poderia-se entender todo o escoamento de ar interno à sala e otimizar o sistema de climatização. Dependendo das proporções da sala, o gasto energético pode chegar na casa de milhões por ano. Como o engenheiro já conhecia a ferramenta, foi convidado para auxiliar no desenvolvimento dessa nova frente de negócio. Essa é a área em que atua no momento. “Minha carreira está só começando, mas está crescendo muito rápido. Os projetos que fiz na UnB me leva-

Paulo Cézar é membro da Society of Automotive Engineers (SAE) e associado à Américan Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Enginers (ASHRAE) o que facilita o relacionamento e integração nesses grupos e o acesso a artigos e materiais de estudo. Tem planos futuros como cursos de PMI e MBA no segmento de atuação.

ram para programas de iniciação científica que, além de estudos e artigos, me renderam boas oportunidades de trabalho, como a atual”, afirma. Mas ele quer ser o melhor engenheiro que puder, para garantir o futuro da carreira. Membro da Society of Automotive Engineers (SAE) por dois anos, ele é associado à Américan Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Enginers (ASHRAE) para ter acesso a artigos e materiais de estudo.“Já tenho alguns planos futuros, como cursos de PMI, MBA, ou outra coisa do gênero, a ideia seria complementar a minha formação

acadêmica. As escolas de Engenharia no Brasil formam excelentes profissionais em âmbito de projeto. Mas, uma coisa que eu percebi ao ingressar no mercado de trabalho foi a carência que essa metodologia tem quanto à gestão empresarial, e trabalho de liderança de equipe”, adianta. Nas horas de lazer ele não dispensa uma saída com os amigos, uma partida de vôlei de areia e a tradicional corrida.“Sou viciado em filmes e séries de TV e música. Estou sempre lendo blogs e sites de notícias de tecnologia”, enumera.

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O futuro vem por meio da criação e desenvolvimento da Engenharia

Elemento essencial em todos os processos de evolução da sociedade, a Engenharia é uma ciência e uma prática em constante aprimoramento. Os seus diversos ramos são propulsores do desenvolvimento tecnológico e socioeconômico. Por isso, a figura do engenheiro é indispensável aos países que pretendem exercer papel de destaque no mapa geopolítico.

Luiz Fernando Pires, presidente do SINDUSCON-MG

A capacidade de inovação de uma nação depende de vários fatores, entre eles a quantidade dos profissionais de Engenharia. Estimativas da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) apontam que o Brasil tem cerca de 600 mil engenheiros, o equivalente a seis para cada grupo de mil trabalhadores. Nos Estados Unidos e no Japão essa proporção é de 25 para cada mil pessoas economicamente ativas. E essa conjuntura não é por falta de demanda. Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), até 2020, o País deve criar mais de 660 mil postos de trabalho para engenheiros. Entretanto, não basta apenas quantidade, é preciso qualidade. Hoje, o engenheiro deve ser versátil, possuir uma visão sistêmica e saber identificar oportunidades. Por isso, torna-se estratégico ter engenheiros múltiplos, principalmente na construção civil, um dos motores da economia brasileira. Projetar edificações inteligentes e sustentáveis, bem como participar da estruturação do espaço urbano das cidades demanda ao setor um novo profissional da Engenharia, que deve antever demandas, criar tendências e formular produtos e soluções para necessidades que ainda

Gladyston Rodrigues/Sinduscon-MG

Por Luiz Fernando Pires*

são insipientes, mas que estarão consolidas daqui a cinco, dez, 20 ou 30 anos. Isso implica, também, na necessidade de profissionais que se destacam pela capacidade de gestão e liderar processos de pesquisa e desenvolvimento na área energética. Assim, a Medalha Lucas Lopes, concedida pela Sociedade Mineira de Engenheiros, é mais uma iniciativa que lança luz sobre nomes que, com seu trabalho, promoveram o desenvolvimento do País. Enfim, a Medalha Lucas Lopes é uma justa homenagem a quem se propõe a reinventar a Engenharia e o futuro do Brasil todos os dias.

*Luiz Fernando Pires é Engenheiro Civil pela Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ (1972), Pós-graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM/RJ. Trabalhou como Gerente Técnico da Superintendência da COSIPA-Cubatão/SP (1973/1977). Foi Diretor da IESA – Internacional Engenharia SA (1977/1994). Atualmente é Presidente e Controlador da MBR - Mascarenhas Barbosa Roscoe S.A – Construções, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais – SINDUSCON-MG em sua segunda gestão, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG e membro do Conselho de Administração da Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC.


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O Momento Desafiador para as Empresas Vicente Soares Neto

Durante estes últimos 41 anos, desde que me graduei em 1972 pelo Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL, tenho presenciado vários fatos, que de alguma forma, tiveram a minha atenção e sem sombra de dúvidas estão marcadas em minha mente, durante todo este período. Um deles ocorreu na pequena e agradável cidade de Pimenta, no Oeste do Estado de Minas Gerais, quando estávamos implantando a telefonia fixa em 1976. Deparamos com um fato inusitado: o aparelho telefônico instalado em uma das residências, de família da classe média alta, não apresentava defeito, entretanto mesmo após a identificação característica que o usuário havia atendido a ligação, este ainda permanecia mudo. Fomos até o local e, para nossa surpresa, o aparelho estava embrulhado em um pano de prato e carinhosamente depositado dentro de um guarda comida. Para o nosso espanto, além deste acontecimento, os moradores daquela casa tinham vergonha em falar ao telefone. Um outro episódio que pôde ser constatado, dentre os vários momentos vividos, ocorreu quando visitava uma família importante em Campo Belo e o telefone tocou. Estávamos todos na sala de jantar, pois naquele tempo não havia sala de estar. O anfitrião levantou-se da cadeira, dirigiu até o telefone, com a vós impostada falou: quem fala? Todos na sala ficaram quietos esperando até que a conversa terminasse. Estes dois exemplos refletem o como tem sido a importância das telecomuni-

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cações para o cenário das pessoas que vivem no Brasil. Após 16 anos passados do processo de privatização ocorrido no Brasil em 1997, a importância das telecomunicações não tem sido diferente. A massificação do uso de celulares no Brasil é impressionante, chegamos a marca de 245 milhões, a banda larga (mesmo não sendo tão banda larga assim) chega ao número de 94 milhões de acessos, números que atendem a uma população de 199 milhões de habitantes, somente para ressaltar estes 3 indicadores. Sem dúvida, para o brasileiro as telecomunicações jogam um papel fundamental para o cotidiano de nossas vidas, passando até mesmo a ocupar um lugar com tamanho destaque, onde é muito raro, encontrarmos pessoas “desconectadas” hoje em dia. O objetivo deste artigo não é o de fazer um estudo sobre a Antropologia das Telecomunicações no Meio da Sociedade, que possibilitaria até mesmo uma tese de mestrado, mas enfocar o momento desafiador para as empresas que utilizam as telecomunicações como meio de desenvolvimento para os seus negócios. Neste cenário, já vivido pelos EUA e países da Europa, não é novo, e hoje estamos revivendo a história já vivida por outras nações.

Vicente Soares Neto, engenheiro Eletricista e Diretor da Lynce Consultoria

Precisamos nos colocar dentro das mentes da alta direção e entender a filosofia pragmática desenvolvida pelas operadoras de telecomunicações, bem do povo brasileiro, cedido através de concessão governamental a estas empresas. Mesmo que o índice de qualidade destas operadoras não atenda a demanda das expectativas da sociedade, alcançando recordes cada vez maiores de insatisfação, nos órgãos de defesa do consumidor o fato não é de se estranhar. Qual é a premissa utilizada para a gerência destas empresas? Simplesmente o lucro. Na época da privatização o cenário foi composto de área geográfica destinada a cada tipo de concessão, isto é, cada serviço concedido a exploração pelas empresas de telecomunicações, detinham uma determinada área de atuação. Por exemplo, o Estado de São Paulo seria um território, cuja concessão foi para a Telefônica, para operar a telefonia fixa. Assim ocorreu para os demais serviços. Após cumprirem as metas de universalização as empresas concessionárias,



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bem como as espelhos, poderiam atuar em outras regiões, provocando uma maior competição no setor. Até este ponto, o modelo, apesar de algumas ressalvas estava muito bom.

derá alcançar resultados significativos, proporcionando permissão às pequenas empresas e disponibilizando acessos a baixo custo através da Telebrás, empresa recém reativada.

lecomunicações – ANATEL, os quais possibilitam a construção de rede própria, não há frequências disponíveis para licenciamento de serviços “quadruple play”.

Um novo passo foi dado, propiciando que todas as empresas pudessem vender serviços denominados de “triple play”, isto é, a venda de comunicações de voz, dados e imagem. O processo não parou, e uma nova modalidade de venda denominada de “quadruple play” foi colocada em prática. Agora, estas empresas poderiam vender serviços de voz, dados e imagem, com mobilidade.

Por outro lado, como isto tem afetado as empresas, que necessitam de serviços de telecomunicações para suportarem as suas atividades?

Agrava-se ainda mais a situação para a construção de rede própria a premissa de venda de bandas de freqüência regulamentadas por área, para exploração comercial e não para uso privado.

Somadas a ampliação da área geográfica e ao aumento do número de serviços a serem prestados pelas mesma operadora, um fato novo tem ocorrido: a “fusão” de empresas. A conseqüência de todas estas ações tem minimizado a concorrência e proporcionado um aumento acirrado do “market share” nos serviços ofertados, causando, evidentemente, a sua baixa qualidade. E, para concluir, o atendimento, ainda está longe de cobrir todo o território nacional, tendo sido investido recursos financeiro nas regiões onde massivamente a demanda é mais pronunciada. Para o segmento de serviço de acesso a internet, o Ministério das Comunicações, tem modelado um plano que po-

Citando como exemplo alguns segmentos econômicos de fundamental importância para a macroeconomia brasileira, como por exemplo, a mineração, energia, ferrovias, agricultura e onde outros segmentos poderiam também estar incluídos: nos locais de operação das empresas que atuam com esta característica, faltam sinais de celular, telefonia fixa, rede de dados e até mesmo internet ou deixam muito a desejar. Estamos falando de serviços fixos, e o que dizer dos com mobilidade? Uma saída somente pode ser praticada por estas empresas responsáveis pela macroeconomia. Construção de rede de telecomunicações própria. E..., isto é uma verdade. Investimentos vultosos têm sido disponibilizados, desviando recursos da atividade fim para uma atividade suporte. Causa impacto mais forte ainda, o fato de que na gama de serviços privados ofertados pela Agência Nacional de Te-

O momento é desafiador para as empresas que necessitam de serviços e redes de telecomunicações que possibilitem a convergência, pois não há esta facilidade disponível nas normas e resoluções brasileiras.Todo o plano foi e esta sendo desenvolvido para atender as empresas concessionárias de telecomunicações e, pouca importância se tem dados às empresas geradoras de performance macroeconômica. Há somente um caminho a percorrer dentro das premissas apresentadas. Como resultado da união das empresas, sejam elas pequenas médias ou grandes, a apresentação de um pleito junto aos órgãos competentes no Brasil, como o Ministério das Comunicações e Agência Nacional de Telecomunicações, no sentido de tecnicamente buscarem em conjunto, uma solução eficaz, que permita suportar as necessidades de comunicação destas empresas. Este é um processo desafiador.


O Brasil com o vento a favor! A Renova Energia é líder na geração de energia renovável e continua crescendo e contribuindo para o desenvolvimento do País

/RenovaEnergiaOficial www.renovaenergia.com.br



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