Revista Mineira de Engenharia - 28ª Edição

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ano 6 | Edição 28 | Maio | Junho

atuação sME entrega documentos com propostas para o governo do Estado

EntrEvista

teodomiro Diniz camargos

Minascon 2015

sME terá estande e programação no maior evento da construção

tEnDência

Potencial de mercado para a área de certificação LEED

o futuro chEgou internet das coisas traz novos desafios à Engenharia



EDitoriaL | PaLavra Do PrEsiDEntE

Augusto Drummond Presidente da SME

Destaques do primeiro semestre de 2015 No primeiro semestre de 2015 a Engenharia Brasileira ficou na berlinda. São partes dessa incômoda realidade, os fatos nacionais envolvendo grandes empresas do setor no âmbito da Operação Lava Jato e, no plano local, a queda do viaduto Batalha dos Guararapes, somada aos recalques em outros viadutos recentemente construídos. Precipitadamente, alguns buscaram atribuir à engenharia a origem e a razão de todos os males. Ledo engano! Nada mais equivocado do que este pensamento. A Engenharia Brasileira é somente a parte mais visível. Claro que a Engenharia tem as suas dificuldades. Uma delas é o desafio de capacitar profissionalmente o grande contingente de alunos despreparados que estão deixando as escolas de Engenharia, principalmente após a massificação do ensino em decorrência da proliferação de escolas privadas. Outra questão é a tendência a valorização do comercial em detrimento da tecnologia, o que gera novos problemas, como é o caso da pouca intimidade dos profissionais com as especificações técnicas, com a utilização de materiais, com os procedimentos de ensaio e de controle tecnológico da obra, dentre outros. No entanto, quando falamos em obras públicas, as mazelas são bem conhecidas e nos afetam sobremaneira: falta de um planejamento integrado de atividades, prazos inexeqüíveis de obra fixados por interesse político, aquisições pelo menor preço obtido a partir de projetos básicos (com custos subestimados devido à falta dos projetos executivos) e o contingenciamento de

recursos financeiros que fazem com que a obra tenha início, sem que se saiba se terá fim. Depois, na ocorrência de problema, como por encanto, nada disso importa e a culpa vai para o mais visível: os engenheiros e suas obras. A SME, através do “Manifesto das Entidades Independentes e Representativas sobre o Momento que atravessa a Engenharia” conclama todos os profissionais a se somarem em Defesa da Engenharia Brasileira. Igualmente, expressa a solidariedade da Entidade aos colegas da SUDECAP que, por validarem etapas da obra, foram indiciados de forma simplista no processo criminal para a apuração de responsabilidades na queda do viaduto Batalha dos Guararapes.

No primeiro semestre de 2015, a SME procurou colaborar com o novo Governo de Minas Gerais capitaneado pelo Governador Fernando Pimentel. Recebemos em nossas instalações para uma frutífera troca de idéias o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso. A SME vai oferecer sugestões para o sucesso da iniciativa de se efetuar um planejamento econômico sustentável para as 17 regiões destacadas pelo Governo do Estado. Para o Secretário de Transportes e Obras Públicas, Murilo Valadares, a SME sugeriu ações detalhadas em torno de três prioridades: trazer para Minas o Centro de Referencia e Excelência em Engenharia Ferroviária/CENGEFER, desenvolver ações visando a reativar a chamada Linha Mineira (ligação ferroviária) e requalificar o transporte rodoviário e ferroviário na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em reunião com o Secretário de Meio Am-

biente e Desenvolvimento Sustentável, Luiz Sávio de Souza Cruz, a SME apresentou o documento “Contribuições para o Diagnóstico e Modernização do Licenciamento Ambiental em Minas Gerais”. O documento revelou-se estar em sintonia com o propósito do Secretário: formatar um novo licenciamento ambiental no Estado, mais ágil e embasado em sólidos argumentos técnicos. De forma propositiva, a SME também já se reuniu com o Presidente da CEMIG e Diretores da COPASA, buscando uma atuação conjunta em prol dos engenheiros e da sociedade. No mês de Junho, fruto de uma parceria com a FIEMG, a SME terá papel destacado no MINASCON 2015, encontro realizada anualmente pela Câmara de Construção Civil daquela Entidade. À SME caberá a organização de seminário sobre o “Consumo Consciente de Água e Energia”, tema superimportante e que afeta profundamente as empresas e a população. “Cases de Sucesso” serão demonstrados durante o evento. Foram previstas, ainda, diversas palestras e a apresentação de aplicativo para redução do consumo de água e energia. A SME tem se desdobrado em sua missão de defesa da Engenharia e de servir à sociedade. Fiel a uma tradição que vem desde 1931 e, mesmo reconhecendo as dificuldades por que passam as entidades civis sem recursos previstos em lei, a SME está viva e conclama os profissionais ao exercício da cidadania. A somarem-se nesse projeto, contribuindo para que a SME cumpra bem sua missão institucional.

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vEnha Para sME coMProMisso coM você! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados. Em seus 83 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico. ProDutos E sErviços Em nosso site há uma série de produtos e serviços como cursos, palestras, seminários, eventos e uma extensa gama de convênios que você poderá desfrutar.

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Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

Augusto Celso Franco Drummond Presidente

Janaína Maria França dos Anjos Diretora

Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente

José Andrade Neiva Diretor

José Ciro Mota Vice-Presidente

Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor

Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente Virginia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora Fabiano Soares Panissi Diretor Humberto Rodrigues Falcão Diretor

Publicação

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Marcelo Monachesi Gaio Diretor Túlio Marcus Machado Alves Diretor Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor CONSELHO DELIBERATIVO Ailton Ricaldoni Lobo Presidente Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner Neto Flavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi José Luiz Gattás Hallak José Raimundo Dias Fonseca Levindo Eduardo Coelho Neto Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior CONSELHO FISCAL Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos Coordenador Editorial José Ciro Mota Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Apoio

Revisão Editorial Jalmelice Luz - MG 3365 JP jornalismo@sme.org.br Projeto Gráfico / Desgin Blog Comunicação Marcelo Távora tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Depto. Comercial Blog Comunicação & Marketing tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Tiragem: 10 mil | Bimestral Distribuição Regional (MG) Gratuita Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br

Compromisso, Inovação e Avanço


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notas Do sEtor

Minascon 2015 sME promove palestras durante o evento

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rEPrEsEntativiDaDE sME apresenta sugestões ao governo de Minas

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EntrEvista teodomiro Diniz camargos

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cErtificação LEED construção eco sustentável

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artigo | cDs/sME comitê de Desenvolvimento sustentável da sME

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ManifEsto apoio à atividade e aos profissionais de engenharia

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MEstrEs Da EngEnharia Ulderico Mandolesi, professor e diretor da EFEI

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JovEM EngEnhEiro igor Braga Martins

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EnErgia & água soluções para otimizar o uso racional e sustentável

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caPa a internet das coisas, o futuro chegou

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forMação ProfissionaL Equipe da unifei é destaque em robótica dentro e fora do Brasil


NOTAS DO SETOR ABM WEEK 2015

Com apoio institucional da SME, será realizado no período de 17 a 21 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ), o ABM Week 2015, evento promovido pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) que aglutinará 12 eventos tradicionais da entidade como 70º Congresso Anual, 52º Seminário de Laminação e outras iniciativas as áreas de Balanço Energético, Automação, Aço Inoxidável, entre outros. O tema central será Tecnologia e Inovação para a competitividade. A programação desse 72ª SOEA

ENCONTRO REGIONAL

A 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea) será realizada, entre os dias 15 a 18 de setembro, em Fortaleza (CE). Para o Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), que será realizado durante a 72ª Soea, o prazo de inscrições será até 14 de agosto. Mais informações no site www.confea.org.br.

Será realizado entre os dias 6 a 8 de agosto/15, o I Encontro Regional dos Estudantes de Engenharia Civil, promovido pela Federação Nacional dos Estudantes de Engenharia (Fenec) e com apoio da Universidade Federal de São João Del Rei, nos campus Santo Antônio e Dom Bosco. As inscrições estão abertas.

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL A 6ª Greenbuilding Brasil – Conferência Internacional e Expo – é a feira de negócios da construção sustentável no Brasil e reúne empresas nacionais e internacionais que fornecem tecnologia, equipamentos e serviços para os tomadores de decisão da indústria da construção sustentável, responsáveis por diversos segmentos, dentre eles, arquitetos, construtores e contratantes, engenheiros, prestadores de serviços, líderes de green building, entidades governamentais, arquitetos de interiores, incorporadores, instituições financeiras e associações do setor. 6

seminário contará ainda com debates específicos e sessões técnicas onde profissionais da indústria, pesquisadores e professores apresentarão os desenvolvimentos científicos e tecnológicos e as inovações implementadas nas empresas para aumentar a competitividade. O ABM Week 2015 é considerado o maior evento do setor de minerometalúrgico da América Latina. As inscrições poderão ser feitas, a partir do dia 1º de junho, exclusivamente pelo Portal ABM. Mais informações no link http://www.abmbrasil.com.br/abmweek2015.

RECICLAGEM DE RESÍDUOS

GESTÃO DE TEMPO

O Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG) realizará, no dia 25/06/15, o Workshop Gestão do Tempo diante de altas demandas. O objetivo é mostrar análises e ferramentas que pode m ajudar a priorizar e focar no que mais impacta nos resultados da empresa. O público-alvo: dirigentes, gestores, profissionais de desenvolvimento e interesse em promover o desenvolvimento de pessoas. Mais informação no site da entidade: www.sindusconmg.org.br

Será realizado no dia 17 de setembro, em São Paulo (SP), o Seminário Nacional da Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição que deverá reunir o poder público, empresas e terceiro setor no debate sobre a reciclagem, gestão e organização de toda a cadeia de reciclagem de resíduos da construção civil e demolição no Brasil. Organizado pela Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição – Abrecon, o evento contará com a presença de representantes de usinas de reciclagem de resíduos da construção civil, aterros de inertes, ATTs, beneficiadores, indústrias de bloco e tijolos, concreteiras, clientes e fornecedores do setor. O evento contará com a participação de referências mundiais na área da reciclagem de entulho e gestão e manejo dos resíduos da construção e demolição. Informações: http://acquacon.com.br/seminariorcd/apoioinst.php.


CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

XVIII COBREAP

O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia seção Minas Gerias (IBAP-MG) realizará, no período de 28 de setembro a 2 de outubro, em Belo Horizonte, O XVIII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias. Serão mais de 100 palestrantes, escolhidos entre os mais renomados e atuantes das várias especialidades técnicas, debatendo, ensinando e aprendendo o que há de mais atual nas CANTEIRO DE OBRAS

O "Sindicato da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais - SicepotMG lançou o Manual de Sustentabilidade no Canteiro de Obras, publicação da Comissão de Meio Ambiente que tem o objetivo de melhorar o desempenho ambiental do setor da construção pesada. Mais informações no site www. Sicepot-mg.com.br.

Avaliações e Perícias de Engenharia. O congresso será distribuído em workshops, painéis e apresentação de trabalhos inéditos, além de cursos pré-congresso, nos dois primeiros dias, para quem está começando ou quer melhorar seus fundamentos em temas específicos. Dentre os temas a serem abordados no XVIII COBREAP estão as alterações introduzidas na Prova Pericial trazidas pelo PL 166/2010, conhecido como o Novo Código de Processo Civil, sancionado em março/15, que modificarão de maneira significativas o dia a dia dos peritos que prestam serviço para o Poder Judiciário. Mais informações no site http://www.cobreap.com.br/2015/.

LANÇAMENTO DE LIVRO

O doutor em Geografia e meteorologista Ruibran Januário dos Reis, lançará o livro, durante o Seminário “Consumo Consciente de Água e Energia”, a ser realizado no Minascon 2015, intitulado “O tempo nosso de cada dia”.A publicação é uma coletânea de artigos com curiosidades sobre a meteoMEDALHA

foto: Osvaldo Afonso

MINERAÇÃO

rologia. O autor informa os textos são de fácil de leitura, numa linguagem direta, onde o leitor poderá descobrir a origem da água no planeta, qual a origem dos nomes dados aos furacões, como são feitas as previsões do tempo e a origem da Folhinha de Mariana, entre outros assuntos. O seminário está sendo organizado pela SME/CDS.

No período de 14 a 17 de setembro, serão relizados em Belo Horizonte, no Expominas, a 16ª Exposição Internacional de Mineração (EXPOSIBRAM) e o 16º Congresso Brasileiro de Mineração, promovidos pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Esses eventos ocontecem a cada dois anos e são considerados os maiores do setor na América Latina. Na última edição, em 2013, os organizadores informam que houve participação de mais de 50 mil pessoas, entre expositores, congressistas e visitantes. Mais informações no endereço eletrônico http://www.exposibram.org.br.

A SME participou da reunião para a escolha do engenheiro homenageado com a Medalha Conselheiro Christiano Ottoni 2015. Neste ano, o condecorado foi o professor doutor Benjamim Rodrigues de Menezes, presidente da Fundação Cristiano Ottoni. Graduado em Engenharia Elétrica pela UFMG, em 1977, com mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado pelo Institut National Polytechnique de Lorraine, na França. Ele sempre se destacou como profissional nas áreas de engenharia, acadêmica e de pesquisa. Criada pela Lei 2.506/61 a Medalha é

concedida a um profissional que tenha se destacado no setor de engenharia e pelos serviços prestados à coletividade. O presidente da SME, Augusto Drummond, entre outras autoridades, participou de entrega da Medalha e da comemoração dos 104 anos de fundação da Escola de Engenharia da UFMG. Durante a homenagem o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Murilo Valadares, defendeu mudanças na Lei de Licitações. O diretor da Escola de Engenharia da UFMG, professor Alessandro Fernandes Moreira, integrante da Comissão Técnica da SME, conduziu a mesa diretiva. 7


Minascon/construir Minas

sME promove palestras durante o evento

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) vai participar da

próxima edição do Minascon/Construir Minas 2015, que acontece entre os dias 24 e 27 de junho no Expominas, em Belo Horizonte. Além do estande institucional na Ilha da In-

fraestrutura da Feira Internacional da Construção (Construir Minas), a entidade também integrará a programação do 12º

Encontro Unificado da Cadeia Produtiva da Indústria da Construção (Minascon).

No dia 26, a SME vai promover o Seminário "Consumo

consciente de água e energia", com programação prevista, a partir de 14 às 18 horas, na Sala Tiradentes. Serão apresen-

tados cases de sucesso de empresas como Odebrecht e EPO e, também, uma palestra sobre a gestão dos recursos hídricos, pelo meteorologista mineiro, Ruibran dos Reis.

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fabiano Panissi, engenheiro eletricista e Membro da comissão de consumo consciente de água e Energia da sME

Segundo o engenheiro eletricista e coordenador da evento, Fabiano Panissi, a participação da SME no Minascon 2015 reafirma o compromisso da entidade com a Engenharia. “Neste momento, o compartilhamento de informações e experiências bem sucedidas são fundamentais para que o setor encontre alternativas para enfrentar a crise energética e os custos elevados com água e energia elétrica”, afirma.


R E S P E I T O A O M E I O A M B I E N T E É U M D O S N O S S O S VA L O R E S . Á G U A L I M PA E T R ATA D A É O N O S S O C O M P R O M I S S O .

A CBMM tem um grande respeito pela natureza e principalmente pela água que utiliza. Localizada em Araxá, a companhia recircula hoje 95% da água usada em seus processos de produção. Investindo continuamente em tecnologia e controle de qualidade, a CBMM espera alcançar a marca de 98% nos próximos dois anos. Esse é um compromisso com o meio ambiente e com o futuro. CBMM. Aqui tem nióbio.

cbmm.com.br


Minascon/construir Minas

Além de apresentar das palestras técnicas, direcionadas para engenheiros, a entidade também quer incentivar a mudança de comportamento da população. Para tanto, o estande divulgará o aplicativo SaveWater, que pretende estimular o consumidor residencial a reduzir o tempo do banho e, consequentemente, o uso de água em 50% nas residências. Para saber mais, basta comparecer ao estande da SME, onde haverá uma série de eventos como lançamento de livros e a oportunidade de conhecer e conversar com membros da diretoria.

O evento

O Minascon/Construir Minas é o evento unificado da construção civil e ponto de encontro de sua cadeia produtiva. Pro-

movido pela Fiemg, vai oferecer um conjunto de mostras e palestras que aborda os temas mais urgentes e atuais da construção civil e da sociedade brasileira. Um deles é a sustenta-

bilidade, um tema que está na ordem do dia para as empresas do setor.

O Minascon também promove a capacitação profissional com palestras de nomes conceituados, além de reunir diversos ór-

gãos, entidades e instituições profissionalizantes do setor. O evento é aberto ao público - em geral formado por lojistas e Luiz Henrique de Castro Carvalho, engenheiro eletricista

atacadistas; arquitetos, engenheiros, administradores de con-

domínio, profissionais da construção em geral, designers de interiores, decoradores e paisagistas; construtores, empreiteiros e estudantes de áreas afins.

Tradicionais no Minascon, os concursos “A Ponte” e “Mãos à

Obra” são desafios propostos para estudantes. No primeiro, Desenvolvido pelo engenheiro eletricista, pós-graduado em Análise de sistemas com ênfase em Suporte Mainframe pela Universidade Federal de Minas Gerais e com MBA Executivo Internacional em Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Henrique de Castro Carvalho, o SaveWater está disponível para Android e com download gratuito e versão para iOS. “Atualmente, a média de tempo que as pessoas passam debaixo do chuveiro é de 15 minutos e a meta é atingir o mais próximo possível de cinco minutos”, explica o engenheiro.

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são construídos protótipos de pontes com palitos de picolé e cola branca.

No segundo, alunos de cursos das áreas de engenharia e ar-

quitetura inscrevem trabalhos acadêmicos como monografias, estudos de caso, pesquisas, trabalhos de conclusão de curso (TCC) ou projetos relacionados aos temas selecionados no regulamento do concurso.

Para participar dos eventos, basta fazer o credenciamento no site www.construirminas.com.br, no link Feira, ou comparecer ao setor responável, na portaria do evento.


sEMinário SME

CONSUMO CONSCIENTE DE ÁGUA E ENERGIA Minascon 2015 | 26 de junho | 14 às 18 horas | sala tirandentes

PrograMação 13:00 – CREDENCIAMENTO 14:00 – ABERTURA Engº Fabiano Soares Panissi Diretor da SME e Membro da Comissão de Consumo Consciente de Água e Energia 14:15 – SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUçãO CIVIL, ESTUDO DE CASO PPP ESCOLAS BH Engº Wanderson Ferreira de Carvalho Gerente de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da Construtora Norberto Odebrecht 15:00 – PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA INDúSTRIA DA CONSTRUçãO CIVIL Engª Juliana Costa Morais dos Santos Engenheira de Qualidade e Meio Ambiente do Grupo EPO 15:30 – INTERVALO

15:45 – UMA ANÁLISE DA NOSSA SITUAçãO HíDRICA Engº Ruibran Januário dos Reis Doutor em Geografia, Meteorologista e Professor da PUC Minas 16:30 – SAVEWATER Engº Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente da SME 17:00 – DEBATE Perguntas e respostas aos palestrantes 17:40 – ENCERRAMENTO

Confirmação de presença até dia 22 de junho de 2015 e-mail: fabiola@sme.org.br Tel. (31) 3292-3810

REALIZAÇÃO


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Nosso compromisso é analisar os diversos cenários nacionais e internacionais do setor e apresentar propostas para um futuro sustentável da Engenharia e para o bem-estar social.

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sME | rEPrEsEntativiDaDE

SME apresenta sugestões ao Governo de Minas

A SME por meio da Diretoria, dos Conselhos, da Comissão Técnica de Transportes e do Comitê de Desenvolvimento Sustentável/CDS, realizou reuniões com os Secretários de Desenvolvimento Econômico, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, de Transportes e Obras Públicas, com a CEMIG e a COPASA, visando oferecer sugestões da entidade para o desenvolvimento econômico e social do Estado, que tem ainda o viés de promover o fortalecimento da Engenharia e de seus profissionais no Estado. A seguir um resumo das iniciativas que marcam esta aproximação. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Neste diálogo com o novo Governo de Minas, que tem à frente o governador Fernando Pimentel para o mandato 2015/2019, a proposta da SME é de colaborar na formulação de políticas públicas, influindo nas decisões de Governo. Em maio, visitou a SME o Secretário de 14

Desenvolvimento Econômico, Altamir de Araújo Rôso Filho. A discussão focou a iniciativa da SEDE de estruturar um planejamento econômico integrado, envolvendo 17 regiões em que foi dividido o Estado. A proposta, que será acompanhada pela SME, prevê o acesso a informações e diretrizes de valor agregado para os municípios. Trata-se de metodologia utilizada no Projeto do Master Plan, desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e voltado para os municípios que estão na Região e Colar Metropolitano. TRANSPORTES

Ao Secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Murilo Valadares, foi entregue e discutido um documento elaborado pela Comissão de Transportes que tomou por base trabalho anterior da SME intitulado “Proposta Integrada do Estado de Minas Gerais contendo as Demandas Prioritárias de Logística e Transportes em seus Diferentes


23º Prêmio sME de ciência, tecnologia e inovação incrições abertas Uma parceria com a FIEMG

PúBLico aLvo

tEMas

Estudantes regularmente matriculados nos cursos de graduação das áreas de Engenharia, arquitetura e agronomia de instituições de Ensino superior do Estado de Minas gerais.

os temas abordados são livres, preferencialmente no segmento industrial. as soluções devem assegurar a sustentabilidade do projeto, bem como a comprovar a relação custo/benefício e a melhoria de resultados e produtividade.

PrêMio

inscriçõEs

Premiação em dinheiro do 1º ao 5º colocado.

as inscrições já estão abertas. Prazo final de inscrições será em agosto de 2015.

inforMaçõEs sME | sociedade Mineira de Engenheiros tel.: (31)3292 3810 E-mail: fabiola@sme.org.br

rEaLização

www.sme.org.br

aPoio


sME | rEPrEsEntativiDaDE Modos”.As ações sugeridas foram detalhadas ao secretário pelos coordenadores da Comissão engenheiros Geraldo Dirceu de Oliveira e José Antônio Silva Coutinho, em torno das prioridades: trazer para Minas o Centro de Referencia e Excelência em Engenharia Ferroviária (CENGEFER), desenvolver ações visando reativar a chamada Linha Mineira (ligação ferroviária) e requalificar o transporte rodoviário e ferroviário na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

No primeiro caso, propõese a atuação da SETOP junto ao Ministério dos Transportes, no interesse imediato de Minas Gerais, visando à implantação no Estado do CENGEFER. A implantação do Centro permitiria a constituição de uma rede inovadora de instituições especializadas em estudos, pesquisas e projetos de desenvolvimento tecnológico para a indústria ferroviária em sua cadeia de produção, além

de incentivar a formação de novas gerações de técnicos e engenheiros para o setor.

Para a Linha Mineira propõem-se a atuação da SETOP junto ao Ministério dos Transportes no intuito de serem revistos os critérios da Resolução Nº 4131 DE 03/Julho/2013, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), quanto à devolução de trechos ferroviários concedidos em Minas Gerais à Ferrovia Centro Atlantica S.A. (FCA). O objetivo central é o de promover a recuperação e a reativação da chamada Linha Mineira, mantendo-a sob a concessão da FCA, visando o transporte de cargas e de passageiro. A SME apontou alternativas de transporte ferroviário e rodoviário, com a necessária captação de recursos junto ao Governo Federal, que seriam imprescindíveis para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

LICENCIAMENTO AMBIENTAL ÁGIL E EFICAZ Integrantes do Comitê de Desenvolvimento Sustentável da entidade (SME/CDS) e o presidente da SME, Augusto Drummond, reuniram-se, no dia 28 de maio/15, com o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sávio de Souza Cruz, para a entrega do documento “Considerações para Diagnóstico e Modernização do Licenciamento Ambiental em Minas Gerais”. Diversos aspectos do licenciamento foram abordados com sugestões para aprimorar e tornar esse instrumento legal mais ágil e eficaz.

O CDS é composto pelos (as) engenheiros (as) Virgínia Campos, Otávio Werneck, Adalberto Rezende, Paulo Ângelo de Souza, Cristiane Lacerda, Felipe Borges Peixoto, José Augusto Tropia Reis, Silviano Azevedo, Eduardo Leopoldino de Andrade, Cláudio Marins, Mauro Santos Ferreira e Aloísio Sebastião de Aguiar

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Um dos estímulos para a produção das propostas foi a publicação, em março deste ano, do Decreto Nº 46.733 que cria uma Força-Tarefa aberta à participa-

ção de associações representantes da sociedade civil, com a finalidade de alterar o funcionamento do Sis-

tema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema).

No documento da SME/CDS são destacadas algumas dificuldades nos procedimentos de análise das licenças ambientais, como o complexo arcabouço legal vigente

com diversas normas editadas nos âmbitos municipal, estadual e federal. Como resultado desse conflito, res-

salta-se a sobreposição de atos e, portanto, aumento de recursos nas ações ambientais, nem sempre com-

patíveis e, mesmo sendo, não resultando em valor agregado aos esforços empenhados.


O CDS indica que, nos últimos anos, o licenciamento ambiental, por envolver um conjunto de variáveis complexas e alto nível de subjetividade, tem funcionado, em muitos casos, como uma barreira para a implantação de novos empreendimentos, sobretudo de infraestrutura, em Minas.

Durante muito tempo, para iniciar a construção de uma rodovia, uma usina elétrica, linha de transmissão, eram suficientes os estudos técnicos e econômicos e, em consequência disso empreendimentos foram implantados com mínimos ou quase nenhum cuidado com o meio ambiente, em alguns casos com impactos sociais relevantes, desalojando parcela significativa de comunidades. Entretanto, desde meados da década de 1980, a implantação de um empreendimento de infraestrutura, mesmo viável técnica e economicamente, só pode ser autorizada, depois de comprovada sua viabilidade ambiental, através de Licenciamento Ambiental.

O licenciamento é composto por três etapas autorizativas distintas, que acompanham o desenrolar do projeto, sua implantação e operação. São elas: Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes; Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para operação.

No documento são destacados, entre outros pontos, os aspectos relacionados aos recursos humanos.A elevada rotatividade nas equipes de licenciamento do órgão Estadual, seja pela não permanência desses profissionais nesse mercado de trabalho, seja pelo deslocamento dos mesmos dentro dos próprios órgãos Estaduais, que dificulta e empobrece sobremaneira as discussões técnicas. Outra questão é a ausência de padronização e clareza quanto ao conteúdo dos estudos ambientais. O órgão ambiental não dispõe de Termo de Referência (TR) específico a cada tipo de empreendimento, sendo adotado TR genérico utilizado para qualquer atividade econômica, desconsiderando assim as tipologias e particularidades de cada uma. A estrutura descentralizada adotada pelo Estado, através da Lei Delegada 178/2007 que instituiu as Superintendências Regionais, embora louvável, pois a ação aumenta a capacidade de número de processos em análise, observa-se nos projetos mais complexos um efeito colateral: a adoção de procedimentos e “regras” diferentes sobre o mesmo tema, quando deveriam ser iguais por se tratar da mesma tipologia de atividade econômica. Essa falta de padronização técnica e jurídica limita e retarda o avanço de melhorias contínuas decorrentes do aprendizado objetivo. Como pontos de convergência entre o atual Governo e a SME pode-se destacar a necessidade de estudar a melhor forma para compor a participação de outras entidades (IPHAN, ICMbio, CEAS, entre outros) no processo, visando garantir a participação de forma integrada e sistêmica, respeitando-se a competência de cada uma.Um tratamento diferenciado para a aprovação de projetos especiais e a valorização dos fundamentos técnicos para o embasamento das decisões quanto à viabilidade ambiental das atividades econômicas, importantes e necessários ao desenvolvimento sustentável do Estado de Minas Gerais.

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EntrEvista | tEoDoMiro Diniz caMargos

Teodomiro Diniz Camargos, vice-presidente da Fiemg e presidente da Câmara da Indústria da Construção 18


Luiciana sampaio

A indústria da construção brasileira experimenta o segundo ano consecutivo de retração. Em 2014, o índice ficou em 2,6% negativo e a expectativa para este ano é ainda menos promissora, com 5,5% de queda. Minas Gerais tem seguido a curva nacional. Os últimos dados do PIB para o Estado, divulgados pela Fundação João Pinheiro (FJP), demonstram que a retração foi de 4,9% em 2014.Anteriormente, o último resultado negativo do setor foi registrado em 2009.

Essencial para o processo de desenvolvimento socioeconômico do Brasil, o setor tem sido frontalmente afetado pelos efeitos da instabilidade macroeconômica nacional. Mas, somado a esse problema conjuntural, a atividade também convive com um ambiente adverso de negócios, com direito ao menor índice de confiança de empresários e investidores, insegurança jurídica, recuo de 4,4% dos aportes nacionais, mercado de trabalho enfraquecido e burocracia que corresponde a 12% do valor final do empreendimento.

“Depois das obras para a Copa do Mundo de 2014 não teve mais nada”,

lamenta o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e presidente da Câmara da Indústria da Construção da entidade,Teodomiro Diniz Camargos. Nesta entrevista, o dirigente que se destaca como forte liderança do setor no Brasil, fala sobre as expectativas do setor e sobre possibilidades de recuperação a partir de 2016. Qual é a conclusão do estudo “O Cenário da Construção Civil em 2015 e perspectivas”, iniciativa da Câmara da Indústria da Construção?

Diante de um cenário onde a economia caminha para trás, a Construção Civil apresenta redução em suas atividades. Os indicadores de emprego formal, produção de materiais de construção, mercado imobiliário e PIB demonstram as dificuldades vivenciadas. Em 2015, o setor deverá apresentar retração em seu desempenho, pelo segundo ano consecutivo. Uma situação difícil de compreender para um País carente de infraestrutura e que possui um déficit habitacional muito elevado.

O ritmo atual das atividades da Construção Civil reflete o ambiente de desajuste da economia nacional, que sufocou os investimentos públicos e privados. Sempre é bom lembrar que o setor é essencial para o desenvolvimento do País. É ele que constrói as bases de um crescimento sustentado em qualquer economia, especialmente as emergentes, como o Brasil. O que explica os dois anos consecutivos de retração do setor?

O ano 2014 foi caracterizado pelo fim das obras para a Copa do Mundo, pelas eleições, pelo incremento da inflação e da taxa de juros, pela instabilidade macroeconômica e também pela redução da confiança de empresários e consumidores. Neste ambiente, o investimento nacional recuou 4,4%, depois de crescer 6,1% em 2013. A queda dos investimentos certamente promoveu o arrefecimento das atividades do setor. O menor ritmo de atividades na Construção Civil está refletindo diretamente em seu mercado de trabalho. 19


EntrEvista | tEoDoMiro Diniz caMargos

foto:sebastião Jacinto

“ o País precisa urgentemente criar condições favoráveis aos negócios. ainda há muito que fazer. reduzir a burocracia existente já seria um avanço. É necessário fazer as reformas estruturais, como a tributária e a trabalhista. a redução da taxa de juros, o câmbio mais equilibrado também são medidas esperadas pelo setor”

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no primeiro trimestre de 2015, observa-se que o saldo (diferença entre admitidos e desligados – série sem ajuste) está negativo para o Brasil (53.757 vagas), para Minas Gerais (2.131 vagas) e também para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) (996 vagas). Os resultados demonstram que, neste período, o setor demitiu mais que contratou. Há 12 meses consecutivos, a produção física industrial dos insumos típicos da Construção Civil no Brasil apresenta queda, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), o faturamento real da indústria de materiais de construção re-

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gistrou retração de 13,9% no primeiro bimestre de 2015 em relação a igual período do ano anterior.

Como reverter essa situação de crise?

As necessidades habitacionais elevadas e o expressivo déficit em infraestrutura do País sinalizam que a retomada do crescimento necessariamente deverá passar pela Construção Civil. De acordo com estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), estima-se que até 2024 o País terá 16,8 milhões de novas famílias, sendo 10 milhões com renda entre um e três salários mínimos. Considerando o déficit habitacional de mais de cinco milhões de moradias, o País terá o desafio de proporcionar habitações adequadas para mais de 20 milhões de famílias até 2024.

Efetivamente aguarda-se que 2015 seja um ano de transição do cenário econômico do Brasil. Mas o País precisa urgentemente criar condições favoráveis aos negócios. Ainda há muito que fazer. Reduzir a burocracia existente já seria um avanço. É necessário fazer as reformas estruturais, como a tributária e a trabalhista. A redução da taxa de juros, o câmbio mais equilibrado também são medidas esperadas pelo setor. É preciso retomar os investimentos em infraestrutura e resolver os problemas de abastecimento de água e de energia. Mas, antes de mais nada, é preciso ter regras claras para emitir sinais positivos para os investimentos, sob o risco da economia continuar fora dos trilhos, comprometendo o desenvolvimento futuro.


Em termos operacionais, como isso pode ser feito? Diversos eventos têm discutido alternativas para a indústria da construção civil nacional. As Parcerias Público-Privadas (PPP), para projetos de âmbito municipal e estadual são uma alternativa a ser considerada. Há diversas iniciativas do gênero em curso no Brasil.

Em Belo Horizonte, o sistema de construção das Unidades Municipais de Educação Infantil (Umei) é um exemplo. O Paraná já abriu licitação para que a iniciativa privada administre os 540 pátios de veículos apreendidos do Estado. Em Vitória, a PPP em curso é para que uma empresa cuide do projeto de iluminação do município, com instalação de um sistema inteligente que reduza os custos com energia elétrica. Esses projetos oxigenam as pequenas e médias empresas que, hoje, estão experimentando uma situação de paralisia, em função de contratos interrompidos com grandes construtoras. No âmbito federal, as concessões são a alternativa mais viável. Há incertezas sobre o projeto Minha Casa, Minha Vida porque houve atraso nos pagamentos e as margens são bem apertadas.

Acredito que é possível usar a iniciativa privada para cooperar com a melhoria do serviço público e garantir a geração de emprego e renda. Por todos esses fatores, a cadeia produtiva da construção tem essas duas oportunidades muito boas. E no setor privado, onde o nível de confiança dos empresários chegou ao menor índice depois de 13 meses consecutivos de queda?

No setor privado, a crise é de confiança.Além dos juros altos e da redução das linhas de financiamento, a burocracia é um fator que desestimula e dificulta os investimentos. Esse gasto corres-

ponde a 12% do valor final do empreendimento e equivale a R$ 18 bilhões anuais, segundo o estudo “O Custo da Burocracia no Imóvel”, divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

A mudança da legislação uso e ocupação do solo das cidades é outro problema para os investidores. No caso específico de Belo Horizonte, a proposta de alteração é feita a cada quatro anos e o empresário corre o risco de iniciar o empreendimento de acordo com uma regra e terminar com outra, bem diferente. O custo da mão de obra continua elevado?

Sim. Segundo estudo realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), os encargos previdenciários e trabalhistas no setor, acrescidos dos benefícios da Convenção Coletiva chegam a 185,78% para obras, sem a desoneração da folha de pagamentos. Considerando a desoneração, o percentual continua alto, de 152,08%. A regulamentação da terceirização é fundamental para o setor porque essa é uma prática que já existe. Se o projeto de lei nº 4.330 for aprovado, dará viés de confiança para o investidor. A Operação Lava Jato tem, na lista de investigados, grandes empresas do setor. Como o Sr. analisa a condução desse caso?

Investigações muito longas criam dificuldades para o setor, já que as grandes empresas deixam de gerar demanda para pequenas e médias empresas. Com isso, a cadeia produtiva fica paralisada. É preciso preservar as empresas como máquinas de produção que são. As investigações devem ter como foco as pessoas que são as grandes responsáveis pelos contratos e negociações feitos.

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cErtificação LEED

selo LEED é diferencial competitivo para o mercado brasileiro O Brasil oscila entre a quarta e a sétima posições da lista de países com o maior número de edifícios que buscam a certificação para o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pelo Green Building Council (GBC). Entre os empecilhos para o avanço desse sistema que baseiase na sustentabilidade sócioambiental, mas tem forte viés econômico, estão a cultura das empresas do setor de construção nacional e a falta de mão de obra qualificada para projetar e construir empreendimentos com esse novo enfoque.

Nas primeiras posições estão Estados Unidos da América (onde a certificação foi criada), Canadá, China e Emirados Árabes. Na Amé22

rica Latina, a liderança nacional é inquestionável.

Mas isso é pouco. Embora anunciada há mais de cinco anos, essa tendência que ganha força no mer-

cado mundial ainda não foi assimilada pelo mercado brasileiro, onde

já despontam grupos de consumidores e investidores que consideram a sustentabilidade um grande

diferencial, onde apenas 245 empreendimentos foram certificados

em um universo de 976 imóveis re-

gistrados. A maior concentração

está em São Paulo, com 542 regis-

tros, seguido pelo Rio de Janeiro, com 181. Minas Gerais vem a seguir com 30 e o Espírito Santo com apenas três.

O mercado mineiro ainda está inexplorado. Dos 30 edifícios registrados, apenas 3 já possuem a certificação LEED, sendo que o Mineirão é o único localizado em Belo Horizonte. Apesar desse nicho de mercado em Minas ainda ser incipiente, os edifícios sustentáveis estão aos poucos chegando na capital. Há três empreendimentos que estão finalizando o processo de certificação.

Na prática, o selo significa que o imóvel pode apresentar uma valorização na revenda de 10% a 20%, reduções de até 30% no uso de energia elétrica, até 80% na emissão de resíduos sólidos, até 50% no uso de água potável e de 33% a 39% na emissão de CO2.


sustentáveis pode ser usado para certificar edifícios novos e já existentes. Na fase de projeto ou obra, o processo começa desde a concepção do empreendimento e se encerra com a entrega do imóvel aos clientes. Para imóveis já consolidados, a avaliação passa pelo monitoramento do consumo e operação por, no mínimo, 12 meses.

Um dos pontos centrais da certificação é o custo de um projeto sustentável. Segundo Petinelli, é importante que os investidores saibam que o valor presente líquido de um empreendimento mais eficiente é maior que outro, que segue o padrão tradicional de construção. “Infelizmente, ainda não vemos esse valor refletir no preços desses imóveis. Como sempre, há exceções, mas são raras”, argumenta.

Guido Petinelli, sócio-diretor da empresa de Engenharia e Consultoria em Construção Sustentável e Certificação LEED

Segundo o sócio-diretor da empresa de Engenharia e Consultoria em Construção Sustentável e Certificação LEED, Guido Petinelli,com

escritórios em Curitiba e Rio Grande do Sul, a certificação foi

concebida como ferramenta para

incentivar o mercado da constru-

ção a adotar as melhores práticas. Ele foi o primeiro profissional brasileiro a adquirir a licença de certi-

ficador no País. “A certificação fornece um mecanismo de medição e recompensa e estabelece critérios técnicos para avaliar o desempenho das edificações, reconhece o esforço daqueles que buscam inovar e melhorar os processos construtivos”, define.

Presente em mais de 130 países, esse movimento que incentiva a construção de empreendimentos

No entanto, a certificação é um diferencial forte, desde que seja trabalhado dessa forma. Para esses projetos, o investidor em potencial é aquele que enxerga no selo um atributo positivo do produto e que se baseia nesse aspecto para a tomada de decisão.

De acordo com o consultor, as empresas brasileiras que atuam no setor ainda não avaliam um imóvel do ponto de vista do seu valor presente líquido, considerando os custos operacionais no fluxo de caixa gerado pelo aporte realizado ao longo de sua vida. Mas essa realidade está mudando porque muitos investidores têm percebido que essa distorção gera oportunidades para a aquisição de ativos, que têm preço de mercado inferior à sua capacidade de gerar receita líquida. 23


cErtificação LEED

HÁ VAGAS

“A mudança do mercado está começando a acontecer no Brasil. Por ser uma questão cultural, não será imediata. Mas

por menor que seja, há uma parcela da população que toma as decisões de compra considerando também a sus-

tentabilidade do produto. Ainda mais quando se considera que o imóvel é uma compra para a vida toda”, enfatiza Pe-

tinelli. Em suma, vai sair na frente a empresa/profissional que apostar em inovação para atender a essa nova demanda do público.

No Brasil, apenas 236 profissionais acreditados para a certificação LEED no Brasil. Deles apenas sete atuam no mer-

cado mineiro, contra 146 em São Paulo e 25 no Rio de Janeiro. No Espírito Santo, são dois. para projetar, executar

e acreditar empreendimentos ambientalmente corretos. Nos Estados Unidos, são 175 mil profissionais com o título.

Além de arquitetos, essa área também está aberta para

engenheiros e demais profissionais da construção civil. O

pré-requisito básico é a habilidade para liderar a equipe e acompanhar todo o processo de compatibilização, visto

que o sucesso da certificação depende de uma atuação integrada e multidisciplinar, desde a concepção do projeto.

Profissionais diferenciados recebem salários mais compe-

titivos. Como o projeto corresponde, em média, a 1% do

valor da obra e como os empreendimentos certificados são geralmente grandes, isso pode indicar uma remuneração milionária.

Na esteira desse movimento, crescem a demanda e os salários pagos aos profissionais capacitados a executar construções ambientalmente responsáveis. Como o preço dos

projetos corresponde em média a 1% do valor da obra, e como os empreendimentos certificados são geralmente

grandes, isso pode representar uma remuneração milionária. 24

Ter acesso à certificação não é um processo burocrático. Ao contrário, o curso preparatório dura dois dias, ministrado pelo GBC. Logo após, são realizadas avaliações para testar os conhecimentos dos profissionais. O valor do exame varia entre US$250 e US$ 350, conforme a certificação desejada. Para facilitar o acesso, desde o segundo semestre de 2014, as provas têm sido aplicadas, no Brasil, em português. INCENTIVO PARA A MUDANÇA

A arquiteta e urbanista mineira Paula Rocha Leite tem especialização em Sistemas Tecnológicos e Sustentabilidade Aplicados ao Ambiente Construído e mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora do Uni-BH, ela é sócia fundadora da empresa ARES Arquitetura Ltda, especializada em eficiência energética, conforto ambiental e sustentabilidade em edificações, com ênfase nas certificações LEED.

“O intuito de uma certificação ambiental é fomentar o desenvolvimento da indústria da construção sustentável no País, através das forças de mercado, para conduzir a adoção de um processo integrado de concepção, implantação, construção e operação de edificações, o que proporciona consequentemente benefícios ambientais e socioeconômicos para toda a população. O investimento em sustentabilidade é uma tendência que deveria ser vista como obrigação, afinal, a demanda por edificações mais eficientes é cada vez mais urgente diante do contexto da crise hídrica e energética”, analisa a arquiteta. A curto e médio prazos, empreendimentos que não agregarem em seu escopo diretrizes de economia e sustentabilidade, tendem a perder seu valor de mercado e tornarem-se obsoletos. A mudança do setor afeta toda a cadeia produtiva. Os fornecedores, por exemplo, têm que apresentar laudos técnicos que demonstram a composição dos materiais, certificação de madeiras, etc. Para as construtoras, o desafio é a mão de obra qualificada em


Arquiteta e urbanista mineira, Paula Rocha Leite

gestão e controle de qualidade para conduzir projetos baseados na eficiência energética.

“É perceptível em Minas um mercado interessado no novo cenário, mas ainda não tão envolvido ou engajado. Isso se dá não só pela desaceleração da economia que o país vem vivenciando, mas principalmente pela visão imediatista do empreendedor mineiro, quando se trata de investimentos em novas tecnologias. Ele se preocupa principalmente com o custo inicial, não levando em consideração o tempo de retorno do investimento e nem a economia gerada, durante a operação do edifício, muitas vezes, pelo investidor não ser o usuário final e principal beneficiário”, explica. Segundo a professora, a certificação LEED avalia sete dimensões nas edificações: Espaço Sustentável, Eficiência do Uso da Água, Energia e Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna, Inova-

ção e Processos e Créditos de Prioridade Regional. Cada uma delas engloba medidas que proporcionam menor impacto no ecossistema, uma vez que incentivam de forma responsável e eficiente o aproveitamento dos recursos naturais, promovendo consciência ambiental, aumento da qualidade de vida e economia nos custos de operação dos edifícios.

A adoção da Certificação LEED impacta minimamente no valor do empreendimento, em termos de acréscimo no custo final da construção, de acordo com Paula Leite. O GBC estima que, para a obtenção do Nível Certificado (nível mais baixo), o acréscimo varia entre 0,5 a 1% no custo da construção em relação a um empreendimento convencional, enquanto para obtenção do Nível Platina (nível mais alto) esse índice varia de 4 a 7%. Esses índices englobam custos relativos à certificação junto ao órgão certificador (registro, análise de pro-

jeto e análise da obra), consultoria de profissional especializado para trâmites de toda a documentação junto ao Conselho e investimentos em novas tecnologias e processos que venham a auxiliar na obtenção da certificação.

Paula Leite reconhece que o processo de certificação muitas vezes é moroso para o empreendedor e passa a ser visto com um entrave durante as fases de projeto e obra. No entanto, desde o processo de implantação, o GBC Brasil, por meio de comitês de avaliação dos créditos, desenvolveu um processo de “tropizalização” da certificação e adaptação às condições climáticas do País, através da adequação dos créditos às normas nacionais e incentivos à melhoria da cadeia produtiva.

A mais recente conquista foi em um dos pré-requisitos (EAp2) relativo à dimensão “Energia e Atmosfera”. A partir de agora, esse pré-requisito poderá ser comprovado mediante apresentação do Selo Procel Edifica da Eletrobrás, em detrimento da simulação termoenergética exigida até então.Válidos para todo o território nacional, os novos critérios de equivalência têm como objetivo baratear e facilitar o acesso às certificações, tornando-as mais permissivas e adaptadas à realidade brasileira. 25


cErtificação LEED

Benefícios de um empreendimento certificado LEED

EconôMicos

• redução dos custos operacionais; • valorização do imóvel para revenda ou arrendamento; • Maior competitividade da empresa no mercado; • aumento na velocidade de ocupação; • Modernização e menor obsolescência da edificação; • redução de custos e riscos regulatórios com a sistematização processual (processo integrado de concepção, implantação, construção e operação das edificações).

sociais

• Melhora na segurança e priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes; • inclusão social; • capacitação profissional; • conscientização de trabalhadores e usuários; • aumento da produtividade do funcionário; melhora na recuperação de pacientes (em hospitais); melhora no desempenho de alunos (em Escolas); aumento no ímpeto de compra de consumidores (em comércios); • incentivo aos fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais;

aMBiEntais • uso racional e redução da extração dos recursos naturais; • redução do consumo de água e energia; • implantação consciente; • Mitigação dos efeitos das mudanças climáticas; • uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental; • redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação; • redução na emissão de dióxido de carbono.

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inovar é preciso Em fase final de certificação LEED, o prédio da Fundação Forluminas de Seguridade Social (Forluz), na região Centro Sul de Belo Horizonte, promete revolucionar a paisagem da capital. A Ecom Engenharia é a responsável pelo projeto de instalações. Já a Agência Energia fez o projeto do sistema de aquecimento solar do edifício.

O edifício de 58 mil m2, 30 andares, tem a capacidade para abrigar 2.850 pessoas é totalmente automatizado e possui características únicas de sustentabilidade e inovação. Segundo o engenheiro responsável e sócio da Ecom Engenharia, Magno Souza Costa, foram adotadas técnicas e produtos que reduzem o consumo de energia e o volume de água potável utilizada. Além disso, o prédio será gerido por um sistema de automação que controlará desde o tráfego de elevadores até os sistemas de irrigação.

Para o sistema de aquecimento de água, foram adotadas as técnicas mais modernas disponíveis no mercado. De acordo com o engenheiro Rodrigo Cunha Trindade, da Agência Energia, o sistema solar vai promover uma economia de mais de 63%. “Tivemos o cuidado de avaliar os

o empreendimento atende aos critérios ambientais e de sustentabilidade requeridos pela norma americana de certificação de edifícios verdes LEED® for new construction v2.2, categoria ouro

itens pertinentes à água quente exigidos na norma Ashare 90.1.2004, afim de que o projeto estivesse atendendo aos requisitos internacionais de desempenho solicitados para certificação LEED”, disse.

A tarefa de elaborar os projetos de sistemas prediais de uma das mais arrojadas obras arquitetônicas do País constituía um enorme desafio. Uma das maiores dificuldades, segundo Magno Costa, foi atender a todos os critérios estabelecidos pela certificação LEED. Foram investidos na obra cerca de R$ 300 milhões e estima-se uma significativa economia de recursos naturais, em razão das técnicas inovadoras utilizadas na construção. Entre elas, podemos destacar a

usina de coletores solares fotovoltaicos com uma área de 250 m², capaz de gerar até 30% da energia elétrica consumida pelo edifício. Ainda no quesito energia, segundo Rodrigo Cunha Trindade, foi instalado sistema de aquecimento solar para fornecimento de água quente, uma usina fotovoltaica e grupos de geradores movidos a gás natural (em detrimento ao óleo diesel), com sistema totalmente importado.

Um sistema de medidores de energia individuais, por pavimento, permitirá um monitoramento efetivo do consumo. Para a climatização, também foi preciso recorrer a equipamentos de fora do Brasil, que dispõem da melhor e mais eficiente tecnologia disponível no mundo.

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cErtificação LEED

Rodrigo Cunha Trindade,

engenheiro da Agência Energia

O custo de um projeto é até 30% superior aos projetos convencionais e a contrapartida ao aumento dos custos de construção é uma redução significativa das despesas de operação e manutenção, durante o período de uso e ocupação do empreendimento, em torno de 6,4% e 8%

a certificação LEED existe no Brasil para edifícios residenciais, comerciais, core and shell, hospitais, armazéns e escolas

Para aumentar a eficiência energética dos aparelhos de ar-condicionado, foram instaladas vidraças duplamente laminadas, que protegem o interior do edifício do excesso de 28

calor e, ao mesmo tempo, possibilitam iluminação natural em 75% em suas áreas internas. A meta de economia de energia será ainda complementada com a adoção de equipamentos

O sistema hidráulico reutilizará a água dos lavatórios e chuveiros – as águas “cinzas” - para abastecer a descarga dos vasos sanitários. Reservatórios receberão as águas pluviais, água proveniente dos drenos do sistema de ar-condicionado para abastecer o sistema de irrigação e também a própria torre de ar, responsável pela climatização do edifício. Outro cuidado na hora da concepção do projeto foi na especificação de materiais, que foram escolhidos

anaLisE E critÉrios DE cErtificação

elétricos eficientes e lâmpadas de baixo consumo, que garantirão também o selo Procel Edifica para Eficiência Energética em Edificações.

levando em conta a possibilidade de reciclagem e baixo índice de rejeitos como, por exemplo, a utilização de moldes pré-fabricados reutilizáveis de polipropileno em vez de formas de madeira.

De acordo com Magno Costa, o custo de um projeto como este é até 30% superior aos projetos convencionais. “A contrapartida ao aumento dos custos de construção é uma redução significativa das despesas de operação e manutenção, durante o período de uso e ocupação do empreendimento, em torno de 6,4% e 8%. Isto significa que, em até 15 anos, essa economia reverterá o capital total aplicado”.


a Lumens criou uma solução para arena olímpica para armazenamento de mais de 9 milhões de litros de água, em um sistema de vasos comunicantes, que compartilha água em qualquer unidade, assim garante água em todo o Parque da Barra.

SUSTENTABILIDADE OLÍMPICA

A empresa mineira Lumens Engenharia desenvolveu o pacote de soluções para os sistemas elétrico, eletrônico e hidrossanitário das instalações das Arenas Cariocas 1, 2 e 3, onde serão disputados os jogos olímpicos e paralímpicos das modalidades de basquete, judô e lutas. A empresa também é a responsável pela elaboração dos projetos relativos aos sistemas eletrônicos de segurança para todas as entradas do Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

Sócio da Lumens, o engenheiro Carlos Alexandre de Freitas Jorge explica que foi preciso estudar e implementar tecnologias de ponta, com soluções de extrema qualidade e confiabilidade, que garantam total assertividade no funcionamento. “Por se tratar de um evento assistido presencialmente por milhares de pessoas, transmitido para

o mundo inteiro e visto por bilhões de telespectadores simultaneamente, tudo foi pensado para não haver riscos de falhas”, afirma. Para se ter uma ideia da complexidade do projeto, o sistema elétrico é reforçado por geradores e no breaks e monitorado por centros de controle através de links óticos, com armazenamento em servidores físicos e virtuais, remotamente instalados, o que aumenta ainda mais a segurança das instalações e das operações dos jogos. Para os projetos hidrossanitários, a Lumens criou uma solução para armazenamento de mais de 9 milhões de litros de água em um sistema de vasos comunicantes, onde cada arena olímpica compartilha seus reservatórios com as demais, para minimizar os riscos de falta de água em qualquer unidade e otimizar o espaço necessário para a preservação de água no Parque da Barra. “Talvez

seja o maior sistema vaso comuni-

cante já visto em instalações prediais”, enfatiza o engenheiro.

A alimentação dos diversos pontos de uso de água é realizada por meio

de pressurizadores com frequências variáveis em função do consumo

instantâneo, minimizando assim o

consumo de energia e de água para estas operações.

Outro desafio, de acordo com o engenheiro foi alinhar todas as demandas e necessidades de resiliência aos requisitos estabelecidos pelas nor-

mas de certificação Leadership in

Energy and Environmental (LEED). “Todas as arenas projetadas pela Lu-

mens seguem premissas de sustentabilidade e possuiem sistemas para

otimização do consumo de energia, de água e dos demais recursos naturais necessários para construção e operação dos jogos.”, enfatiza.

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Sou Arquiteta. Sou Engecred.

Sou Agrônomo. Sou Engecred.

A cco cooperativa oop o oper op erativa de cr crédit crédito édito édit o que é aasua sua


Sou Engenheiro. Sou Engecred.

Sou Engenheiro e Empresário. Minha empresa também é Engecred.

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cDs | sME COMITê DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Virgínia Campos, Vice-Presidente da SME e Coordenadora do CDS/SME

UM FUTURO SEGURO PARA A UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA

Para que o mundo, no futuro, desfrute com segurança

tribuição de água enquanto em abundância, mas não

rios muitos esforços, sobretudo visando assegurar a

plos de usuários.

de uma utilização sustentável da água, serão necessáda vida na terra, em todos os níveis.

De acordo com o Painel de Alto Nível sobre a Água

para a Segurança Alimentar realizado no Sétimo

Fórum de Água no Mundo em Daegu, Coréia do Sul, em abril de 2015 (apoiado pela Organização para a

Alimentação e Agricultura das Nações Unidas-FAO e

pelo Conselho Mundial da Água-WWC), os recursos hídricos serão suficientes para produzir os alimentos necessários em 2050, mas muitas regiões terão de en-

frentar substancial escassez de água, restringindo a

produção agrícola, impactando os rendimentos e

oportunidades de subsistência de muitos residentes em áreas rurais e urbanas.

A crescente competição pela água exige que sejam

revistas, imediatamente, as regras de sua utilização e a criação de sistemas inovadores sobre os direitos

sobre ela, sua distribuição e gestão. Os formatos ori-

ginais de governança foram eficazes na gestão e dis-

se mostram capazes de gerir e servir grupos mais am-

Há que se criar novos mecanismos de governança que invistam em tecnologias direcionadas a mitigar os

impactos da crescente escassez de água, otimizando sua utilização.As políticas públicas deverão engajar-se em uma gestão global, capaz de calcular um ciclo vir-

tuoso de equilíbrio dos níveis das bacias hidrográficas regionais. As estruturas de consumo, como a utiliza-

ção conjunta das águas subterrâneas e superficiais, o armazenamento, captação e a reutilização de águas

residuais deverão garantir aos cidadãos do futuro, a

preços justos, o acesso à água limpa, ao saneamento, à saúde. E que estes cidadãos, motivados pela educação, usem a água com sabedoria.

O artigo do Comitê de Desenvolvimento Sustentável dessa edição é de nossa colega, a engenheira civil e

urbanista, Cristiane Silveira Lacerda que apresenta aplicações práticas na utilização inteligente desse recurso cada dia mais escasso e distante.

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EFICIÊNCIA HÍDRICA NAS CONSTRUÇÕES UM PASSO IMPORTANTE AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Cristiane Silveira de Lacerda* Faz parte da disciplina dos grandes líderes e dos mestres visionários antever problemas futuros e preparar-se para eliminá-los antes mesmo que surjam. A crise de abastecimento hídrico surpreendeu várias lideranças na região sudeste do Brasil, pouco habituadas ao pensar estratégico para a questão ambiental, uma displicência que justificavam pela abundância de recursos que até então julgavam disponíveis e ilimitados.

Questões como: se eu pago, então eu posso gastar à vontade; ou, o poço artesiano supre as nossas demandas infinitas; passaram a ser repudiadas pela sociedade que hoje observa a carência da água para suprir necessidades básicas em várias regiões do país.A seca que fazia parte apenas da realidade do nordeste do país, um problema até então distante, chega ao sudeste de forma bem contundente e provoca o repensar e a necessidade de novos hábitos a todos os públicos de interesse. A abordagem visionária pauta também as novas certificações de sustentabilidade construtiva, que vai além do atendimento às legislações vigentes, e apresenta uma série de requisitos em várias áreas de interesse ao bem estar humano e aos cuidados ambientais. Independente da abundância ou escassez dos recursos, a certificação traça metodologias, e propõe metas para a redução do consumo hídrico dos empreendimentos que se proponham sustentáveis.

Este foi o caso da NOVA LOJA TETUM, construída em Belo Horizonte e inaugurada em agosto de 2014, a loja busca a primeira certificação americana LEED de construção sustentável para lojas no Estado de Minas Gerais. Com 1.700 metros quadrados de construção e diversas iniciativas de sustentabilidade, no crucial momento em que atravessa a região sudeste com a crise hídrica, destacam-se algumas iniciativas de gestão eficiente da água adotadas na loja que podem ser replicadas a qualquer outro empreendimento.

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Nos banheiros

As torneiras possuem sensores que funcionam apenas no exato tempo de demanda do usuário, o que agrega tanto em conforto, como em economia e eficiência. Seria impensável um banheiro destinado ao uso público ou a um grande número de usuários a aplicação de uma solução que não fosse inteligente, bonita e ao mesmo tempo econômica. Solução vastamente utilizada também em grandes shoppings centers pela economia que agrega. Torneira com sensor e arejador de vazão

além do sensor para acionamento, localizado na base da torneira. no bico da torneira também foi instalado um arejador de vazão, que permite regular a vazão em 1,8 litros por minuto.

Outro destaque nas instalações hidráulicas, já muito presente no cotidiano de todos, são as caixas acopladas com válvulas de descarga com duplo acionamento, ou seja, duplo fluxo para 3 e 6 litros. A demanda neste caso é que paralelamente seja disponibilizada uma informação precisa sobre o fluxo de acionamento, para que o uso seja adequado à necessidade.

O avanço na inovação fica a cargo do mictório seco, selecionado para o empreendimento e que não necessita de água. O usuário não aperta a descarga, ou seja, é mais higiênico e prático. O mictório possui um sistema interno de vedação por membrana e por isto não deixa odores. Limpo apenas


o equipamento foi o que mais contribuiu para que o empreendimento pudesse alcançar uma economia de mais de 40% no seu consumo de água.

uma vez ao dia com uma solução de água e detergente com PH neutro e um pano macio. Possui um anel superior com as seguintes funções: detergente, faz a limpeza da válvula e da tubulação; o dezodorizador mantém o ambiente livre de mau cheiro e perfumado, sem a necessidade de aplicação de outros produtos (ex.: Pastilhas, naftalina, limão e gelo); informa ainda a hora certa de trocar quando perde a cor, e dura até 7.500 ciclos. A construção da caixa de água para o armazenamento de 24.000 litros de água de chuva coletados nos telhados destinados a suprir 50% da demanda de água para a irrigação do paisagismo é outro ponto alto do projeto. No momento em que o recurso água torna-se escasso, o empreendimento garante a demanda de irrigação durante 6 meses do ano.

• caixa de água com 24.000 litros para o armazenamento de água de chuva. • filtro de alta performance para o armazenamento da água já limpa. • irrigação automatizada e paisagismo sustentável.

ciência e mais do que isso de ações contundentes em prol de um futuro que nos permita um acesso adequado às necessidades básicas humanas, a fontes de águas puras e potáveis. Fica então o convite desde já para que as construções abracem as possibilidades listadas acima e poupem o nosso recurso água para usos mais nobres. Parabéns à TETUM que de forma visionária antecipo-se às tendências anunciadas e hoje colhe os benefícios sociais, ambientais e econômicos da sustentabilidade.

A redução dos custos de operação e manutenção do empreendimento graças às estratégias de eficiência hídrica visou não somente o atendimento aos requisitos para a conquista da certificação, mas também a observância no dia a dia dos requisitos para o bom funcionamento do empreendimento e dos benefícios da sustentabilidade construtiva.

Acordamos com a notícia que o nível do Lago Baikal localizado no sul da Sibéria, na Rússia, a maior reserva de água doce do mundo, baixou para um nível considerado crítico. Contrastando esta notícia, com outra, Bill Gates tomando a água de esgoto tratado. É clara a necessidade de mudança de cons-

* Cristiane Silveira de Lacerda é engenheira civil e urbanista, diretora geral da Ecoconstruct Brazil e professora Coordenadora do Mba Edifícios Sustentáveis: projeto e performance da universidade fumec. www.ecoconstruct.com.br 35


EngEnharia | ManifEsto

Entidades que representam a Engenharia assinam manifesto de apoio à atividade e aos profissionais A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), o Instituto de Engenharia (IE), o Clube de Engenharia do Ceará (CE-CE), Clube de Engenharia do Pará (CE-PA), Clube de Engenharia do Brasil (CE-Brasil), Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (SERGS) assinam um manifesto em defesa da Engenharia nacional. O documento, divulgado no dia 24 de abril deste ano, é uma resposta das lideranças que representam os profissionais e da própria Engenharia à Operação Lava-Jato, investigação conduzida pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, desde 17 de março de 2014. Mesmo com desen-

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volvimento de ponta, tecnologia e competitividade excepcional, inclusive em âmbito internacional, a Engenharia “encontra-se sob o ataque de alguns setores, que buscam identificá-la como a responsável pelos recentes acontecimentos” e ainda os efeitos danosos da crise econômica nacional, com queda de investimentos e aumento de desemprego.

No entanto, as lideranças identificam as causas que favoreceram os desvios cometidos – e agora investigados - como a principal forma para erradicar tais práticas. Dessa forma, falta de planejamento no setor público, a não utilização da Engenharia e a contratação de obras sem estudo

de projetos são apontadas como facilitadores dos crimes que têm sido investigados em âmbito nacional.

“O projeto de Engenharia, contratado previamente, tendo como parâmetro

a melhor solução técnico-econômica, com prazo e preço adequados ao seu desenvolvimento, embasados em es-

tudos de todas as suas circunstâncias, é o instrumento básico para garantir uma obra de qualidade, construída no

prazo e no custo adequado”, define. Nesse sentido, a valorização dessa etapa fundamental do empreendi-

mento é o “antídoto de que o Brasil precisa para evitar desvios e obras mal acabadas”.


A lei de licitação (lei nº 8666/1993) também deve adequada e específica a contratação de obras e serviços de Engenharia. Segundo o documento, a contratação de projetos pelo menor preço e sem distinção de qualidade, com prazos exíguos para o seu desenvolvimento e preços inadequados ao seu detalhamento, sem a identificação de interdependências e de interferências, entre outras questões correlacionadas, geraram e continuarão a originar empreendimentos que não saem do estágio inicial ou são paralisados, “como consequências desse modelo equivocado e repetido à exaustão pela administração pública”. A eliminação da prática do “pregão” é outra medida urgente.

A interferência política nas contratações de obras de infraestrutura, pelo Estado, também é outro problema a ser enfrentado, já que, em função do calendário social, os cronogramas dos projetos são alterados sem qualquer referência às exigências técnicas necessárias. O resultado desse tipo de abordagem irreal tem colocado em risco os enormes esforços, a tecnologia e os conhecimentos acumulados para a realização das inúmeras obras de infraestrutura espalhadas por este País e que representam capital inestimável para o Brasil e fatores imprescindíveis ao desenvolvimento e à competitividade internacional. As entidades que assinam o manifesto afirmam que “os desvios e práticas nocivas ao interesse público devem ser corrigidos. Porém, em defesa dos interesses da sociedade, é

fundamental preservarmos a nossa capacidade tecnológica e empresarial, visando ao desenvolvimento de nossa infraestrutura, a manutenção de empregos e da renda de milhares de brasileiros”. Para tanto, são apresentadas propostas de mudanças para os procedimentos adotados até então pelos órgãos contratantes da administração pública. A primeira delas é que as contratações sejam precedidas de estudos e projetos adequados. Em outra frente, os estudos de planejamento, viabilidade técnica, anteprojetos e projetos básicos e executivos devem ser realizados até o nível satisfatório para cada tipo de obra.

As licenças ambientais e exigências legais devem ser atendidas e obtidas com antecedência. Para isso, é necessário que se façam previamente todos os estudos ambientais, sociais e geofísicos necessários. Outro fator importante é a liberação prévia das áreas atingidas pelas obras.

Os órgãos contratantes devem conhecer antes as condições comerciais e os preços a serem pagos pelos serviços que serão adquiridos. No entanto, os pagamentos previstos serão realizados em dia e, em caso de atrasos, os encargos financeiros sejam assumidos pelo Estado. Dessa forma, serão praticados preços justos para os serviços e as obras terão garantia de conclusão, o que beneficia contratados, contratantes e os futuros usuários. Da mesma forma, em caso de paralisação de obras, por problemas dos

contratantes, que os custos fixos sejam também indenizados às empresas responsáveis pela execução.

Outra prática que deve ser evitada é a contratação por “pacotes” de obras, porém quando realizados por uma única empresa, é possível subempreitar para outras construtoras menores, mas que sejam praticados preços justos. Para isso, é preciso que os órgãos contratantes mantenham equipes técnicas de elevado conhecimento e capacitação, como foi prática adotada no passado recente pelas estatais.

As entidades também ressaltam que é importante valorizar a história das empresas e sua solidez financeira, evitando-se o direcionamento de obras, evitando-se o direcionamento de contratos ou exigências descabidas para contratações de empreendimentos públicos. Embora existam muitas empresas investigadas, a paralisação dos projetos básicos ou executivos em curso tem se convertido em problema para toda a cadeia produtiva do setor, que também enfrenta os efeitos da crise econômica nacional.

“Essas são providências que poderão melhorar os processos de contratação, equalizar o custo das obras, evitar paralisações ou atrasos tão danosos à sociedade e imprimir transparência a todo o processo. E, ainda, que se faça um esforço em nível nacional para a solução das pendências e obras paralisadas para que a sociedade possa delas se beneficiar”, reivindicam as lideranças. 37


EngEnharia | ManifEsto

viaduto guararapes

Entidades apoiam e defendem corpo técnico da suDEcaP A Associação dos Profissionais Liberais de Engenharia, Arquitetura, Agrimensura e Agronomia da Prefeitura de Belo Horizonte (Aplena) presta sua solidariedade e apoio aos profissionais que atuam na Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) que foram indiciados em processo criminal para a apuração de responsabilidades pelo desabamento da Alça Sul do Viaduto Batalha dos Gurarapes, na Avenida Pedro I, região norte da capital mineira, no dia 3 de julho de 2014, com três mortos e 23 feridos. A alça norte foi implodida em 14 de setembro de 2014. 38

Por meio de uma Carta Aberta de Apoio, a entidade esclarece que se manifesta, antes de tudo, “pela valorização da vida, através da valorização da Engenharia e da Arquitetura e Urbanismo, cuja razão de existir é a melhoria da qualidade de vida de todos, não constituindo um panfleto de natureza corporativa”. Os autores do documento observam que em grandes tragédias ocorridas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), nas últimas décadas, o Poder Público tirou lições que mudaram a postura frente à realização de obras ou na autorização para a execução de empreendimentos particulares. Mais que “procurar imputar responsabilidades pelo fato já acontecido, buscou-se aprender como elas não voltassem a acontecer, com o estabelecimento de procedimentos mais rígidos e detalhados de natureza técnica, na prospecção de sítios para a implantação de empreendimentos e na aplicação de normas de prevenção de combate de incêndio e pânico, desde as atividades mais preliminares relacionadas ao licenciamento de edificações e de atividades”.


fotos: Marcello casal Jr/ agência Brasil

a alça sul do viaduto guararapes, na avenida Pedro i, região norte, desabou no dia 3 de julho de 2014. Duas pessoas morreram e 23 ficaram feridas. Já a alça norte foi implodida em 14 de setembro de 2014.

No caso do viaduto Batalha dos Guararapes, as falhas apontadas durante a execução das obras estão relacionadas à falta ou desencontro de informações e incapacidade de articulação dos agentes para a realização de determinada atividade.

Segundo o documento, para a falta de planejamento integrado da obra, o que se tornou muito comum nos âmbitos federal, estadual e municipal, “nos quais esta atividade deixou de ser técnica e se tornou uma atividade política. É o político quem está planejando nossa economia e o ambiente urbano, estabelecendo prioridades de realização de programas e projetos segundo agendas como as da Copa do Mundo e das Olimpíadas”.

Um efeito direto é a simplificação de procedimentos para as licitações como os de pregão, carta-convite, ou o de menor preço, com a dispensa de comprovações, seguindo critérios de notório saber, que acarretaria novos procedimentos, cálculos, elevação dos custos, gerando aditivos de tempo e valores.

A Lei Federal nº 8.666/1993 prevê uma série de procedimentos nas licitações, que devem ser empregados de acordo com as boas práticas de execução, segundo critérios técnicos. É necessário um projeto executivo pronto, antes de iniciar a obras, que este instrumento esteja elaborado e avaliado por todos os profissionais responsáveis.

Os integrantes da Aplena defendem que a cidade tenha uma agenda própria de planejamento contínuo. “A agenda política deveria ser uma janela de oportunidades para se executar a agenda da cidade. Só assim a agenda política pode alcançar seu potencial maior, deixando um legado para a cidade e se integrando a ela. Nem sempre os legados da agenda política são os legados que a cidade precisa ou, ao menos, não do modo como ela precisa que eles se concretizem”, salientam.

“Não é o nome dos políticos que fica gravado nos projetos, mesmo porque eles têm prazos de mandatos estabelecidos e logo não mais nem estarão à frente do Poder Público para responder por este poder. Servidores têm uma carreira no funcionalismo público e lá permanecerão, constituindo a memória e sendo os responsáveis pelas obras executadas em nome deste poder. No entanto, não se dá voz a esses profissionais, sendo eles tratados apenas como aqueles que possibilitarão o cumprimento de uma tarefa”, adverte. Em outro documento, a Associação dos Engenheiros da Sudecap (A.E.S) solicita esclarecimentos públicos das autoridades municipais sobre o corpo técnico da autarquia, “que está sendo desvalorizado, apresentado nos noticiários no papel de vilão”, sem qualquer manifestação da superintendência do órgão ou da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas à qual a autarquia está ligada.

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MEstrEs Da EngEnharia

a função social da universidade em primeiro lugar

“Sempre me preparei para ser engenheiro de “chão de fábrica”, na linha de produção industrial. Mas, em 1982, ano em que me formei, a recessão econômica estava grande e decidi aceitar o convite feito pelo professor Ulderico Mandolesi, então Diretor da Escola Federal de Engenharia de Itajubá (Efei), para atuar como docente do curso no qual acabava de me graduar, na primeira turma”, lembra o atual reitor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Dagoberto Alves de Almeida. A partir daí, a carreira mudou de rumo. Em 1986, ele concluiu o mestrado em Ciências da Engenharia de Produção, pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ). Em 1993, recebeu o

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título de PhD em Engenharia de Sistemas de Manufatura pelo então Cranfield Institute of Technology, aualmente Cranfield University, na Inglaterra. Hoje, o engenheiro avalia que essa foi a melhor decisão que tomou em relação à sua carreira. “Efetivamente, eu me realizei profissionalmente como docente”, afirma. Em relação à atividade, o respeito com que trata a docência e o empenho em manter um padrão de qualidade no que faço são aspectos fundamentais para a formação de novos profissionais e para pesquisas e projetos de expansão que realmente agreguem valor à sociedade. A candidatura ao cargo de reitor seguiu a mesma linha de pensamento. Durante o Programa de Restauração e Expansão das Universidades

Federais (Reuni), o professor se apresentou para garantir a consolidação e racionalização do projeto traçado para a Unifei.

Para o professor, a gestão de uma universidade deve ser profissional, para o fortalecimento das boas práticas e da administração dos recursos públicos da melhor forma. “Pode parecer algo óbvio, mas essa afirmação só se tornará uma realidade na medida em que for conduzida segundo os preceitos da ética e da competência”, enfatiza. Por isso, os desafios do cargo são inúmeros. Além de questões operacionais, a gestão de pessoas também é um imperativo para que os objetivos da instituição estejam sempre em destaque, para todos os atores envolvidos.


contribuir na formação de inúmeras gerações de estudantes são aqueles que conseguem aliar, simultaneamente, o ensino e a pesquisa como instrumentos na formação dos profissionais que o Brasil tanto precisa.

Sobre os métodos pedagógicos usados para formar novos engenheiros, o Dagoberto de Almeida é categórico. “Precisamos envidar mais esforços para abordagens pedagógicas que favoreçam o ensino prático. Neste contexto, estamos criando, reestruturando e reformando laboratórios, para que os alunos da Unifei possam ter o ensino onde a teoria está a serviço da prática e a prática corrobora a teoria”, adianta. Como exemplo, ele citou o Mapa Digital de Laboratórios, que ainda está em construção, mas já está disponível para acesso no site http://cglab.unifei.edu.br/ O processo de melhoria da instituição é contínuo. Entre os planos em curso está a continuidade ao REUNI, que ainda está em fase de

consolidação na Unifei. “Estaremos entregando mais de 50% da área construída nos próximos anos, quando comparado a 2012. Além disso, devo destacar a construção do campus de Itabira, segundo o projeto do Escritório Gustavo Penna Arquiteto e Associados, em comum com a Prefeitura Municipal de Itabira e a mineradora Vale”, afirma. Outra parte desse processo é a transformação do campus de Itajubá em laboratório de micro geração na área de energia e variadas iniciativas que compreendem o foco mais crescente do alunato, na academia, no ensino e na pesquisa.

“Diferente do passado, a atuação na área de docência também pressupõe elevado preparo em pesquisa. Todavia, os bons docentes que fazem a di-

Dagoberto alves de almeida, reitor da unifei

ferença por contribuir na formação de inúmeras gerações de estudantes são aqueles que conseguem aliar, simultaneamente, o ensino e a pesquisa como instrumentos na formação dos profissionais que o Brasil tanto precisa”, recomenda aos profissionais que pretendem ingressar na docência.

Entre os momentos especiais da carreira, Dagoberto de Almeida registrou a homenagem recebida pela Unifei, em sessão solene realizada pelo Senado Federal, pelo centenário de fundação, comemorado em 2013. O sentimento do dever cumprido, em relação a cada aluno que finaliza o curso e ingressa no mercado de trabalho com ética e competência, também são frutos do trabalho realizado pelo mestre, há 32 anos. 41


eletrobras.com

Tudo começou em 62. E a Eletrobras já nasceu impulsionando o país. Nas décadas seguintes, a gente continuou buscando chegar mais longe, construindo novas linhas de transmissão, novas usinas, investindo em tecnologia, investindo no futuro. Há mais de 50 anos, a história vem mostrando que superação é a marca da Eletrobras. Por isso, temos certeza: em 2030, vamos estar entre as três maiores empresas globais de energia limpa e entre as dez maiores em energia elétrica do mundo.


Há mais de 50 anos, a Eletrobras é a força que transforma um país inteiro. Década de 60 A Eletrobras nasce com a missão de aumentar a capacidade de energia do País. Década de 70 Início da construção das usinas nucleares de Angra I e Angra II. Criação do CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica. Década de 80 e 90 Inauguração das usinas Angra I, Xingó, Serra da Mesa, Itaipu e Tucuruí. Criação do Procel, programa que contribui para o uso eficiente da energia no país. 2000 até hoje Instituídos os programas Luz para Todos e Proinfa. Início da construção de Belo Monte, Jirau, Santo Antônio, Teles Pires e retomada de Angra III. Expansão das matrizes eólica e solar no País com a viabilização de vários empreendimentos: Geribatu, Mangue Seco, Rei dos Ventos, Miassaba e MegaWatt Solar. Até 2030 Objetivo de estar entre as dez maiores empresas de energia elétrica do mundo.

Somos a Eletrobras. Somos a energia do Brasil.


JovEM EngEnhEiro

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igor Braga Martins

Mercado oferece desafios para engenheiros motivados

Motivação é um sentimento comum entre os jovens profissionais que ingressam no mercado de trabalho após concluir curso universitário. E não poderia ser diferente, já que essa nova e definitiva experiência dá um significado especial à vida.

Embora o momento econômico atual não seja dos mais promissores, é possível fazer planos e investir na carreira visto que o mercado, mesmo em recessão, tem assegurado oportunidades para jovens engenheiros.“O Brasil é carente de infraestrutura e de projetos que melhorem a competitividade da indústria para atender as demandas internas com cultura de inovação e tecnologia consolidada”, afirma o engenheiro eletricista graduado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Igor Braga Martins, 27 anos. Para ele, a Engenharia é uma atividade de destaque para o desenvolvimento do País, principalmente para profissionais que apreciam desafios como a transformação de bens naturais em produtos manufaturados, projetos de infraestrutura nas cidades e áreas rurais ou mesmo no setor de energia que demanda a aplicação dos conhecimentos adquiridos na sala de aula e na etapa de estágios. 44

Segundo o engenheiro, o mercado nacional tem aumentado o nível de exigência em relação aos jovens profissionais.Além da formação técnica, as empresas têm requerido engenheiros que tenham expertise em outros idiomas, facilidade de aprendizado, resiliência, atitude empreendedora, habilidade em lidar com pessoas, etc. Para tanto, muitas universidades já têm incluído nos seus cursos, matérias sobre esses temas que já foram assimilados pelas organizações. A experiência de estágio é um diferencial para estudantes que pretendem ingressar no mercado de trabalho na sua área de formação.“É a partir do estágio que é possível fazer a interação com profissionais experientes, clientes, fornecedores e até mesmo concorrentes. Ter o contato prévio com o ambiente de trabalho e poder sentir, na prática, a influência da cultura de uma empresa, das relações interpessoais e das competências técnicas da equipe, é parte fundamental da formação do engenheiro”, enfatiza.

No caso de Igor Martins, foram três experiências de estágios. Uma na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), na equipe de planejamento de redes de distribuição. No Banco do Brasil (BB), ele trabalhou com o setor de Engenharia – Obras). O último foi na mineradora Vale, na Diretoria de Energia – Projetos Eólicos.


Através do associativismo, as pessoas compartilham ideias comuns, podem se reunir e formar grupos fortes, criar relacionamentos virtuosos, realizar projetos em conjunto e trocar informações relevantes

Para ele, a formação de um profissional também passa pela participação em entidades de classe. “Através do associativismo, as pessoas compartilham ideias comuns, podem se reunir e formar grupos fortes, criar relacionamentos virtuosos, realizar projetos em conjunto e trocar informações relevantes”, destaca o engenheiro. Na bagagem, ele tem uma participação no Crea-Minas Júnior, grupo de trabalho da entidade que tem como objetivo a valorização profissional e a divulgação do Sistema Confea/Crea e a formação de jovens lideranças. Entre os re-

Após a formatura, ele foi contratado como engenheiro eletricista na Ótima Empreendimentos e Construções, empresa de construção civil que, juntamente com a Customiza Energia, ingressou no setor elétrico para atuar nas áreas de iluminação pública, eficiência energética e geração de energia renovável.

sultados obtidos, ele destaca a expansão dessa iniciativa para 27 novas cidades do Estado.

Essa experiência também rendeu ganhos pessoais e profissionais. “Pude desenvolver minhas habilidades interpessoais, obter mais lucidez acerca da minha profissão, conhecer profissionais experientes, visitar empresas, entre outros” exemplifica. Martins já planeja incluir, no currículo, diplomas de especialista. “Sem dúvida, esses conhecimentos que possibilitarão assumir novos desafios e responsabilidades, gerar mais resultados e melhorar a minha remuneração”, projeta.A área de pesquisa também está entre os seus planos bem como a sala de aula, como professor de cursos de Engenharia. Solteiro, ele gosta de viajar nos finais de semana, escutar música e nadar. Shows e festas estão entre os seus programas favoritos para os momentos de lazer.

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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Empresas investem em soluções para otimizar o uso de energia elétrica e água Depois de 16 anos, o conceito de tecnologia limpa passou a merecer a atenção de empresas dos mais diversos setores. A crise energética e hídrica que ameaça o abastecimento das unidades produtivas e, na prática, aumenta os custos tem motivado uma revolução que tem como foco a eficiência energética. Reduzir o gasto com energia elétrica e encontrar soluções que possibilitem o reuso da água estão entre as principais metas das companhias. A engenheira ambiental e de segurança e diretora técnica da empresa mineira de consultoria ambiental Verde Ghaia, Daniela Cavalcante Pedroza, explica que os projetos de adequação das plantas industriais, por menores que sejam, demandam investimentos consideráveis cujo retorno é garantido a curto prazo, sem falar em ganhos extras em imagem e reputação, por meio do marketing ambiental.

“Não há incentivos externos para que as empresas façam esse tipo de obra. No entanto, a adequação das unidades industriais é um diferencial que o mercado e, consequentemente, os consumidores valorizam muito”, completa. Se, na década passada, a qualidade era o atributo mais importante de um produto ou serviço, atualmente, os processos produtivos adotados devem garantir a sustentabilidade ambiental do negócio. Em relação aos resíduos gerados, a meta a ser atingida é o maior aproveitamento desse material, que pode ser transformado em coproduto para uso próprio, o que já reduz algum gasto.

Entre as empresas que já incorporaram a eficiência tecnológica ao seu negócio, está a Embaré Indústrias Alimentícias S.A. No ano de comemoração dos 80 anos de atividade, a empresa que tem sede em Lagoa da Prata, na região Cen-

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vinícius rezende de Melo, engenheiro de automação e gerente de Manutenção e tecnologia da empresa

tro-Oeste do Estado, está finalizando o projeto de ampliação da sua Estação de Tratamento de Resíduos Industriais (ETEI), inaugurada há 11 anos. Segundo o gerente de Manutenção e Tecnologia da empresa e engenheiro de Automação, Vinícius Rezende de Melo, foram investidos R$ 8 milhões nessa obra que, além de melhorar a qualidade da água que a unidade devolve ao meio ambiente, vai aumentar a produção de biogás em 300%, para a geração de energia para a unidade fabril. A meta é atingir 4170 Nm3/dia.

O rejeito gerado pelo tratamento do efluente será usado para a produção de biofertilizantes que terão uso interno. “Não é um projeto que tem retorno financeiro atrativo. O que pretendemos é aumentar a sustentabilidade da nossa planta e melhorar a qualidade de vida da comunidade do entorno”, explica. Para a atividade industrial em si, a necessidade de otimizar o uso dos recursos naturais é medida necessária para garantir a produção.“A Embaré está se antecipando mais uma vez. A empresa está na lista da Organização das Nações Unidas (ONU) que se comprometeu a reduzir a emissão de gases de efeito estufa desde 2008”, explica.


Estação de tratamento de resíduos industriais (EtEi)

Máquina da “a” geradora

REUSO

A redução do consumo de água demandou diversos investimentos, por parte da Embaré, para a diminuir o volume captado do meio ambiente e, também, o descarte para o sistema de tratamento de efluentes. No processo produtivo, a fábrica tem atingido níveis de excelência ao usar 1,38 litro de água para beneficiar cada litro de leite, bem abaixo da média nacional que gira em torno de 4 litros.

O sistema de iluminação convencional foi substituído por luminárias de led para reduzir os níveis de poluição, o calor e o consumo de energia em até 85%. Indiretamente, essa iniciativa contribui para diminuir o consumo de produtos que usam metais pesados como mercúrio e chumbo por outros, ecologicamente corretos. As caldeiras a óleo foram substituídas por outras cujo combustível é a biomassa. Para o engenheiro, os resultados têm sido positivos. Embora o Brasil esteja em período de recessão, a empresa projeta crescimento de 15% em 2015. Em nível de aprovação, a Embaré alcançou a marca de 98% em Lagoa da Prata na consulta popular realizada em 2014.

O setor de Serviços também tem assimilado a cultura da eficiência energética. A baiana A Geradora – líder nacional no segmento de locação de geradores de energia, torres de iluminação e compressores de ar - acaba de instalar uma central de tratamento que possibilita que a água usada na lavagem dos equipamentos seja reutilizada. Instalada na unidade de São Luiz, no Maranhão, a estrutura deve ser ampliada para outros Estados, nos próximos meses.

Segundo o coordenador da área de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança (QSMS), Ivo Rogério, a estação tem capacidade para tratar cerca de 2 mil litros/hora. O consumo diário na empresa é de 10 mil litros/dia. “A água que sai da área de lavagem dos equipamentos é contaminada por poluentes, o que inviabiliza o descarte no meio ambiente. Antes, separávamos o óleo da água e a descartávamos devido à baixa qualidade que ela tinha para qualquer tipo de reuso. Agora, realizamos um tratamento físico-químico mais minucioso e conseguimos reutilizá-la para lavar os equipamentos da empresa. É um ciclo em que, praticamente, não há desperdício. Reaproveitamos quase 100% da água que utilizamos na lavagem das máquinas para uma nova limpeza e, assim, sucessivamente", explica. Fundada em 1989, a A Geradora pretende faturar cerca de R$ 260 milhões neste ano. O montante é 7,4% superior ao registrado em 2014. A companhia deve investir cerca de R$ 50 milhões até o fim do ano.

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tEnDência

a internet das coisas deve movimentar bilhões de reais nos próximos cinco anos

N

a década de 1980, os inventores da internet pretendiam conectar pessoas por meio de uma rede global de computadores interligados. No segundo estágio, nos anos 1990, foi criada a web, que trouxe a comunicação entre pessoas e processos que ocorriam em servidores. No início do século XXI, a internet ganhou reforço extra ao se unir às telecomunicações. Para acompanhar esse capítulo, os telefones celulares foram transformados em smartphones, com recursos quase que ilimitados e adaptados para cada tipo de consumidor. Os tablets também são resultado desse

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movimento que pretendeu – e levou – a conexão para todos os lugares.

A internet continua em evolução. A onda tecnológica que está em curso atende pelo nome de “Internet das Coisas”, uma tradução da expressão Internet of Things (IoT), um ecossistema composto por hardwares, softwares, serviços, conectividade e segurança que visa ampliar ainda mais a interatividade das pessoas com objetivos e serviços que começam a ser desenvolvidos, a partir desse novo padrão de comunicação e do desenvolvimento e pesquisa de equipamentos.

Na prática, essa nova tecnologia permite que, ao alcance da mão e de algum lugar do planeta onde exista acesso

para as redes wireless, um usuário tenha acesso a informações estratégicas para a tomada de decisão, controle sistemas de diversos graus de complexidade remotamente.

“Cada vez mais, acentua-se a escassez de recursos naturais do planeta. Há cenários de escassez de matéria prima, água, energia, alimentos, mão de obra, espaços e a Internet das Coisas permite o uso eficiente destes recursos”, garante o analista de Sistemas e especialista em Tecnologia da Informação, Marco Cordoni. Com a experiência de quem já atuou em segmentos como Telecom, internet, sistemas móveis e novas tecnologias, ele afirma que, apenas em 2015, 1 bilhão de dispositivos


Marco Cordoni, analista de Sistemas e especialista em Tecnologia da Informação,

ratura climática, níveis de poluição e serviços personalizados”, prevê. Dotar inteligência processos cotidianos como o tráfego de veículos nas cidades através da instalação de sensores em ruas e estradas, semáforos, permitirá o acompanhamento preciso do fluxo do trânsito das cidades.

(sensores) estarão conectados a Cidades Inteligentes. Em 2020, esse número saltará para 10 bilhões.

As Cidades Inteligentes são áreas dotadas de múltiplos sensores que interagem entre si, formando uma base com informações de vários setores e em tempo real para alcançar resultados sustentáveis através da eficiência. O setor de maior crescimento de conexões da Internet das Coisas será o da iluminação de LED inteligente, que deve passar dos atuais 6 milhões de unidades em 2015 para 570 milhões em 2020.

“Os dispositivos de iluminação agregarão outras funções como, transmissão de informações de segurança, tempe-

Segundo Marco Cordoni, os dados podem ser enviados através de redes sem fio à um computador central para processamento e análise e permitem que as empresas responsáveis pelo tráfego de veículos adotem medidas para gerenciar ainda melhor o fluxo, em tempo real. Outra vantagem deste sistema é o estacionamento inteligente com sensores que permitem que veículos identifiquem espaços vagos em ruas e estacionamentos.

Nas cidades, informações sobre a qualidade do ar, níveis de contaminação de esgotos, gerenciamento de resíduos sólidos, gestão das águas com o controle de perda, segurança pública, atendimento à saúde e logística, são áreas que serão abrangidas pela Internet das Coisas no futuro.

A área de mobilidade urbana já está usando sistemas do gênero. A maioria dos ônibus que circulam em Belo Ho-

rizonte usam equipamento de rastreamento por satélite e estão conectados pela internet ao computador central da BHTrans. A todo instante, os GPS dos veículos informam a localização de cada unidade. Nos pontos de ônibus, os painéis luminosos também conectados ao computador central calculam o tempo de chegada de cada veículo ao ponto.

“Acredito que, em um futuro próximo, com o uso obrigatório do GPS em todos os veículos, os órgãos fiscalizadores de trânsito poderão controlar remotamente infrações como estacionar em local proibido e ultrapassagem dos limites de velocidade sem sair as ruas e estradas. Esta tecnologia já existe”, analisa. Cidades inteligentes acabam influenciando o processo construtivo das casas. Como todas as tecnologias, também a Internet das Coisas tem “efeito cascata”. “As casas se tornarão inteligentes, com um ambiente de serviços integrados que não apenas atribuirão valor ao imóvel, mas também criarão um ambiente individual e personalizado. A casa será um espaço pessoal que proporcionará assistência aos seus habitantes. A tecnologia da Internet das Coisas es-


tEnDência

soluções

sustentáveis,

eficientes e sob medida para tecnologia de automação, áudio, vídeo, sistema de segurança já é uma realidade

tabelece uma perspectiva totalmente inovadora em produtos e serviços que podem ser desenvolvidos. “Não há limite para a produção de sensores, dispositivos e serviços capazes de se integrarem a construção civil, desde a concepção do projeto”, explica o especialista. Assim, sistemas de coleta, filtragem e armazenamento de água da chuva, de filtragem e reuso de água do banho, da cozinha e da área de serviço podem ser incluídos no projeto.

Da mesma forma, paredes com isolamento acústico e térmico, placas de células fotovoltaicas capazes de gerar energia para a edificação e conexão à internet, sensores de presença que controlam a segurança, temperatura e os níveis de iluminação já são parte dessa tecnologia que já estão disponíveis. Há, ainda, os sistemas de aquecimento solar que monitoram a temperatura da água e o clima e outro que monitora o armazena50

mento, consumo e as condições da água. Instalados no piso, esses equi-

pamentos podem regular o equilíbrio térmico.

Os sensores de segurança em portas

e janelas, a leitura biométrica em

substituição às chaves e as câmeras de segurança são itens que já foram incorporados aos projeto residen-

ciais e corporativos, com sucesso. Porém, essa tecnologia permite ir além. Em países como o Canadá e

Estados Unidos, onde geração de energia, reciclagem e reuso de água e correta destinação de resíduos já

são práticas habituais nas residências, a comercialização do excedente pode ser canalizado para a rede da

companhia de energia. Se o gerenciamento for por meio da Internet das Coisas, os ganhos com a redução de

custos e eficiência serão ainda mais significativos.

Pesquisa realizada pela empresa de consultoria Gartner, as Casas Inteligentes representarão o segundo maior mercado de serviços em 2017. Em 2020, os segmentos de Fitness e Saúde Inteligentes deverão registrar crescimento de aproximadamente US$ 38 bilhões. Para oferecer ao mercado tantas soluções inteligentes, a indústria tem apostado em inovação. Uma pesquisa realizada pela PwC, divulgada em 2014, aponta que há diversos segmentos que já aderiram à Internet das Coisas. Entre eles estão energia e mineração, onde 33% das empresas já realizam aportes no uso de sensores. As verticais de utilities aparecem na segunda posição, com 32% das companhias apostando em novidades do gênero. A seguir, a indústria automotiva também demonstra forte interesse nessa onda tecnológica, com 31% das organizações e fabricantes.


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A indústria contribuiu com 25%, seguida por hospitality, com 22%. Saúde e varejo fecharam com 20%. Negócios nas áreas entretenimento, tecnologia e finanças ficaram com respectivamente 18%, 17% e 13% e completam a lista dos segmentos que mais possuem empresas com aportes em Internet das Coisas, uma tecnologia que permite otimizar o trabalho, aumentar a produtividade, reduzir custos e maximizar lucros.

No setor automotivo, as soluções são mais visíveis. Esse novo movimento tecnológico permite que veículos não se conectem apenas a si mesmos, mas ligam sensores ao sistema para auxiliar o motorista a dirigir. Dessa forma, o carro é capaz de se ligar a internet via Wi-Fi ou por redes 3G e 4G, graças a inclusão de chips no seu hardware. Muito embora não sejam exatamente uma novidade como os dispositivos

vestíveis e a casa conectada, os carros conectados são bons exemplos do que é possível fazer na Internet das Coisas. Neste novo momento da indústria automotiva, o carro não se conecta apenas com ele mesmo, ligando sensores ao sistema para ajudar o motorista a dirigir. Agora, o carro é capaz de se ligar a internet via Wi-Fi ou por redes 3G e 4G graças a inclusão de chips no seu hardware, de fazer melhor uso de seus sensores, e também de entregar entretenimento ao ocupantes, com ajuda da computação em nuvem.

Outra solução bastante interessante está nos espelhos. Câmeras instaladas ao redor do carro se comunicam com dois displays colocados no lugar de cada um dos espelhos retrovisor, entregando ao motorista uma visão muito mais ampla, sem pontos cegos. O sistema de Infotainment, como é chamado, também tem controle por

voz e se conecta a internet do próprio carro, sem precisar de um smartphone para tal, criando uma rede segura para o acesso de seus ocupantes.

As áreas de energia e mineração são exemplos de setores que deverão incorporar ainda mais essa tecnologia. Em seis anos, haverá oportunidade de US$ 309 milhões em receita incremental aos fornecedores de produtos de Internet das Coisas, sendo que 80% do total será derivada de serviços. Na prática, o que se almeja é que o controle de máquinas e ambientes seja auto suficiente e, por meio da comunicação, controlado à distância e com o menor índice de erro. “No mundo da mecânica, diversos setores industriais já são totalmente robotizados. Sensores fazem todo o controle da produção, de forma automática e autônoma”, pontua.

51


tEnDência

Em 2015,

130 milhões de dispositivos estarão ligados à

internet das coisas

A automatização de processos, através de sensores e a Internet das Coisas não facilitará apenas a vida das pessoas, mas terá forte impacto na economia e na gestão dos negócios. Entre os diversos exemplos de utilização, destaca-se o monitoramento das minas, o que torna essa operação mais segura. Nas montadoras, os sensores promovem o acompanhamento e controle de todos os estágios da produção, provendo informações sobre o status do produto. Entre os continentes, a Ásia tem saído na frente, com a adesão de 24% das empresas. A América Latina ocupa o segundo lugar, com 23%. A África entra com 22%, a Europa com 19% e a América do Norte com 18%.

52

96%

das empresas do setor estão prontas para ingressar na era da

varejista

internet das coisas

INVESTIMENTOS

“Casas inteligentes e prédios comerciais inteligentes representarão 45% do total de dispositivos conectados em 2015 e 81% em 2020. Esse crescimento se deve aos grandes adensamentos urbanos, que pressionam os gestores públicos a buscar o equilíbrio entre os desafios da limitação de recursos e as preocupações com a sustentabilidade”, analisa.

Para avançar nesse sistema, o Brasil deve investir mais em redes móveis de comunicação, não só pela questão do dimensionamento adequado dos espaços que darão suporte às transações, mas para aumentar a receita das empresas. No entanto, afirma Cor-

30 bilhões de dispositivos

irão formar uma internet das coisas,

em 2020

doni, no País, os aportes das operado-

ras de telefonia estão direcionados para o setor industrial, enquanto o go-

verno avança em áreas de mobilidade urbana, segurança pública e cidades digitais.

Há estudos que preveem que até o

final de 2015, 130 milhões de dispositivos estarão ligados à Internet das Coisas, o que corresponde a quase 50% das “coisas” conectadas na América Latina. E esse número deve au-

mentar quando a indústria colocar nas

lojas eletrodomésticos e eletrônicos

conectados à rede.“Isso não será luxo ou futilidade. A conexão à internet

pode trazer mais agilidade à vida das pessoas”, ressalta o especialista.


Leonardo Lima, diretor da empresa mineira de TI Cabtec GTI, engenheiro de Telecomunicações

Em ambientes internos como residências e empresas, as conexões de internet wireless (sem fio) provenientes de banda larga podem ser utilizadas para conectar as coisas, porém em ambiente externo serão necessários o desenvolvimento de novas infraestruturas de rede de telecomunicações dedicadas a Internet das Coisas. Enquanto as redes 3G e 4G das operadoras são dimensionadas para suportar um grande volume de dados de voz e imagem, as conexões para a Internet das Coisas são dimensionadas para suportar um fluxo muito pequeno de informações, como por exemplo o percentual de umidade do solo, a latitude e longitude do veículo e etc. Sensores conectados à rede 3G e 4G atendem perfeitamente a demanda da Internet das Coisas, porém, o custo de manutenção destas infraestruturas é muito alto. “São modelos de negócios diferentes e que podem retardar a massificação deste processo no Brasil. Por outro lado, surge uma nova oportunidade de investimentos que é a construção de redes especificas para conectar 130 milhões de dispositivos a curto prazo”, avalia Cordoni. O diretor da empresa mineira de TI Cabtec GTI, engenheiro de Telecomunicações e MBA em Gerência de Telecom, Leonardo Lima, enfatiza que a aplicação da Internet das Coisas é variada. “Internet das Coisas, ou IoT, é um ecossistema de tecnologias de monitoramento do estado de objetos físicos, capturando dados significativos, transmitindo estas informações através de redes IP para softwares e aplicações”, define. No Brasil, o movimento de ingresso nessa nova tecnologia é contínuo. Segundo o engenheiro, um estudo realizado

pela Forrester Consulting, a pedido da Zebra Technologies Corporation que aponta que 96% das empresas do setor varejista estão prontas para ingressar na era da Internet das Coisas. “Para os empresários e para os tomadores de decisão de TI de quase 600 companhias globais entrevistadas, Internet das Coisas será a iniciativa tecnológica mais importante da década. Um dado interessante que devemos nos atentar: a ABI Research, uma empresa de pesquisa de mercado, diz que mais de 30 bilhões de dispositivos irão formar uma Internet das coisas em 2020. Tendência no mundo, mas no Brasil e em MG já vem se tornando realidade”, comemora.

Há mercado a ser explorado. No caso da Cabtec, os setores contemplados com soluções de Internet das Coisas são mineração, logística, distribuição, transporte e siderurgia. Mas o dialogo com a Engenharia não termina aí. “Quando um determinado objeto pode representar-se de forma digital, ele pode ser controlado de qualquer lugar. Esta conectividade significa mais dados coletados a partir de mais lugares, proporcionando assim outras maneiras de aumentar a eficiência e melhorar a segurança”, destaca. Na prática, quando se liga um dispositivo que era previamente desconectado, pode-se alcançar uma mudança dramática no tipo e na quantidade de informações que podem ser coletadas, nas formas como acessar e integrar essas informações e também como e onde poderão ser tomadas decisões com base nessas informações. “Isso é Engenharia e o papel de engenheiro é fundamental. As vagas abertas nessa área comprovam que ainda há muito o que fazer para aumentar a conectividade com a Internet das Coisas”, conclui.

53


http://clever-agro.com/

tEnDência

Para transformar a ideia em negócio, ela contou com três sócios – também ex-alunos da Unifei - com habilidades técnicas em Engenharia e desenvolvimento de produtos. Os recursos foram provenientes de programas públicos de pesquisa. Dessa união nasceu o Agrosmart. “Essa é uma solução que integra hardware e software. Partimos da realidade/necessidade de cada propriedade para apresentar uma solução sob medida”, explica Mariana Vasconcelos.

Economia de recursos naturais no agronegócio

fotos: www.razoesparaacreditar.com

Uma equipe de profissionais graduados na Universidade Federal de Itajubá (Unifei) acaba de receber um prêmio da Universidade Singularity, que funciona no Centro de Pesquisa da Nasa, noVale do Silício, pelo desenvolvimento de um aplicativo capaz de reduzir em até 60% o consumo de água nas irrigações do agronegócio.

Mariana da silva vasconcelos, mineira cria alicativo que poupa água e ganha bolsa em universidade da nasa

Sensores espalhados pelo campo medem a umidade do solo, a presença de pragas, as condições climáticas e, uma vez conectados pela internet ao computador central, controlam o sistema de irrigação. Mariana da Silva Vasconcelos, 23 anos, graduada em Administração de Empresas, partiu da sua experiência com o cenário agrícola da região, que carecia de um sistema racional para a tomada de decisão, baseado em dados e análises, sem que o proprietário tivesse que estar na propriedade todo o tempo. 54

Pelo celular, tablet, computador de torre ou notebook, o proprietário recebe informações sobre clima/necessidade de irrigação, previsão de doenças na plantação e, também, acompanha o desenvolvimento da cultura. É possível saber, ainda, qual é o melhor momento para o plantio e a colheita. O engenheiro eletricista Thales Nicoleti, 25 anos, graduado pela Unifei, explica que a equipe multidisciplinar, com especialistas em diversas áreas, foi fundamental para o desenvolvimento do Agrosmart. “A Engenharia e a Internet das Coisas casam bem. A Engenharia soluciona qualquer tipo de problema e isso fica mais fácil com o novo sistema que permite interagir com os clientes em temo real por meio da conectividade de hardware com as “nuvens”, enfatiza.


inovação é essencial para a competitividade da construção civil O movimento em prol da inovação na economia brasileira vem se intensificando nos últimos 15 anos.Até então a inovação era vista como algo restrito a setores de alta tecnologia como as indústrias de software, farmacêutica e automobilística. Esse aumento do entendimento da necessidade de inovar em outros segmentos é fruto de mudanças estruturas e mercadológicas que tornam a busca contínua pela melhoria de processos, produtos e serviços como fator essencial para a sobrevivência das empresas. Segundo o estudo Inovação na Construção Civil – Tendências e Oportunidades para 2015, realizado pela Innoscience Consultoria em Gestão de Inovação, não basta apenas inovar. O que diferencia esse processo é a metodologia de gestão dos sistemas para dar respostas aos desafios internos como produtividade, qualidade e custos. Atrair a atenção dos consumidores também requer uma ou mais doses de inovação, já que há novos perfis de compradores e, com eles, exigências distintas para os imóveis. Fazer frente à concorrência e se posicionar em relação ao macro ambiente são fatores que beneficiam o negócio em si, pelo aumento da competitividade.

Segundo levantamento do banco Credit Suisse, o custo de terrenos e outorgas deverá subir 40%, em média, em 80% na cidade de São Paulo em função do novo Plano Diretor. O relatório calcula que isso represente perda de 8 a 10 pontos porcentuais na margem bruta dos projetos das incorporadoras, havendo pouco espaço para repassar esses aumentos para os consumidores finais em função da alta relação já existente entre o preço dos imóveis e a renda disponível. A NR 12 voltada para segurança do trabalho também trouxe desafios de produtividade na utilização de equipamentos nas obras e indústrias. Um levantamento realizado pela CNI

aponta que seria necessário investir mais de R$100 bilhões para que todas as indústrias do Brasil se adaptem às novas regras. O setor da construção civil também está sendo impactado por essas demandas.

A nova Norma de Desempenho (NBR-15.575) estabelece padrões de qualidade em 5 diferentes áreas em uma residência: estrutura, sistemas hidros sanitários, pisos, vedações e coberturas. Ela gera uma série de desafios do ponto de vista de horizonte dos negócios, garantias, custos e controles que também precisam ser equacionados pelas empresas. Não há dúvidas que todos os setores estão mais dinâmicos, ter um bom produto, serviço ou processos já não é suficiente se esses não forem constantemente questionados e melhorados. Um estudo realizado pela empresa Innosight demostrou em números como os mercados atualmente estão mudando com uma velocidade maior que no passado. Utilizou-se o índice S&P500 das maiores empresas negociadas na bolsa de valores americana e comparou-se o tempo médio que uma empresa permanecia no índice. Na década de 60, em média, as empresas estavam praticamente há 60 anos no índice. Já nos anos recentes, uma empresa permanece em média menos de 20 anos. Na prática o que se observou foi que no passado era muito mais fácil se manter no topo e na liderança em função de uma menor concorrência e dos ciclos de vida dos produtos serem maiores.

Um dos maiores mitos relacionados à inovação é pensar apenas na dimensão produto. Naturalmente os produtos ou serviços são a parte mais visível dos negócios porém muitas outras oportunidades existem em outras dimensões do negócio. Uma das ferramentas existentes mais interessantes para avaliarmos oportunidades é o Radar da Inovação. Ele apresenta doze projetos para inovar. Entre eles estão: certificações, design arquitetônico, diferenciação dos produtos,industrialização da indústria, oferta de soluções completas, uso de tecnologias como a das impressoras 3D, gestão do conhecimento, novos canais de venda e relacionamento com o cliente.

55


forMação ProfissionaL

Equipe de robótica da unifei é oportunidade de aprimoramento para futuros engenheiros

E

ntre os dias quatro e sete de junho, os 33 integrantes da Uai!rrior, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) participaram de mais um campeonato de robótica. As provas da 11ª edição do Winter Challenge aconteceram no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (IMT-SP). Como nos anos anteriores, os estudantes voltaram para casa com prêmios na bagagem: 3 ouros, um pentacampeonato e um heptacampeonato entre eles, além de um terceiro lugar.

Desde 2001, quando foi criada, a equipe Uai!rrior tem reunido alunos dos cursos de Engenharia de Controle e Automação, Mecânica, Elétrica, Computação e Produção, e, também de Administração de Empresas para um desafio: desenvolver máquinas para combates entre robôs. A 56

coordenação dos trabalhos é do professor Dr. Tales Cleber Pimenta.

Quem participa desse projeto que, além de prêmios em competições, rende muito conhecimento para os futuros engenheiros, não economiza elogios. “Nós costumamos dizer que aqui é a melhor sala de aula possível. Embora os alunos da Unifei tenham acesso a inúmeros laboratórios, na Uai!rrior podemos aplicar os conhecimentos tanto práticos como teóricos em um nível acima do que o correspondente à ementa de alguns cursos”, explica o aluno do 5º período do curso de Engenharia de Produção e capitão de gestão da equipe, Ricardo Otto Pracuch. Com organização hierárquica e sistema de gestão semelhante ao de uma empresa, a Uai!rrior auxilia os estudantes a se organizarem para

os prazos para entrega de atividades e a desenvolver a comunicação para facilitar o trabalho em equipe. “Como os alunos não recebem bolsas, o trabalho é remunerado com os resultados em competições, quando você vê seu projeto dando resultado passa aquele filme na cabeça de tudo que você teve que fazer para naqueles três minutos de round para dar certo. Essa é a melhor recompensa de todas”, enfatiza. Em abril, a equipe conquistou o tricampeonato mundial na categoria Hokey e dois vice-campeonatos nas categorias de combate MiddleWeight e Lightweight, no Campeonato Mundial Robogames 2015, realizado na Califórnia (EUA), com equipes de mais de 30 países. Na bagagem, eles levaram os robôs General e Federal M.T. “Para 2016,


Equipe conquistou o tricampeonato mundial na categoria hokey e dois vicecampeonatos nas categorias de combate MiddleWeight e Lightweight, no campeonato Mundial robogames 2015, realizado na califórnia (Eua), com equipes de mais de 30 países.

nosso projeto será a construção de um robô para competir na categoria HeavyWeight (110 Kg) que ainda não existe no Brasil”, adianta.

A oportunidade de se dedicar à pesquisa aplicada é outro ganho para os estudantes que participam da equipe. Em especial, os futuros engenheiros. “Com certeza, esses profissionais possuem conhecimento para desenvolver trabalhos nas mais diversas áreas. Um exemplo é o nosso robô Trekking T.B, que já serviu como robô protótipo para uma empresa desenvolver, em parceria conosco, uma pesquisa na área de sensoriamento de trincas e desníveis no asfalto de rodovias”, comenta.

Como outros membros da equipe, o estudante queria uma experiência diferente quando ingressou na Unifei. Logo na primeira semana, a universidade promoveu um evento de divulga-

ção dos projetos internos. Quando ele viu os vídeos da Uai!rrior não teve dúvidas que ali seria o seu laboratório, nos próximos anos. PROCESSO SELETIVO

Os candidatos passam por um processo seletivo onde é analisados o perfil do estudante para quatro áreas: Mecânica, Eletrônica, Gestão e Visual. Cada uma delas tem o seu cronograma e respectivos capitães, que respondem ao capitão geral. Atualmente, o cargo é ocupado por Vinícius Su Pei Cheni, carinhosamente chamado de China. Geralmente, a experiência na equipe dura entre três e cinco anos. No primeiro, os estudantes aprendem a fazer as atividades. No segundo, começam a aplicar esses

conhecimentos em projetos com

maior grau de dificuldade. O processo de substituição dos gestores acontece no ano seguinte.

“Como membro e Capitão da divisão da Gestão, meu trabalho é

garantir que a equipe consiga

verba e material para conseguir executar os projetos mecânicos e eletrônicos, além de manter o bom

funcionamento da área. Trabalhamos em conjunto com a divisão do

Visual, que é a responsável por

editar os vídeos para divulgar o

nosso trabalho. Quanto mais pessoas tomarem conhecimento de nós, maiores serão as chances de

conseguirmos apoio financeiro ou fornecimento de material”, define

Ricardo Pracuch. Nesse ciclo de aprendizado, os estudantes se tornam colaboradores do projeto.

57


forMação

Para conhecer a uai!rrior facebook https://www.facebook.com/uairrior Youtube https://www.youtube.com/user/uairrior site http://www.uairrior.com.br/site/

conquistas nacionais E MunDiais DEsDE 2001, a EquiPE uai!rrior DE roBótica coLEciona PrêMios. confira a Lista CAMPEONATO MuNDIAL ROBOGAMES 2015 - 1º Lugar categoria Hockeybot - 2º Lugar categoria Middleweight - 2º Lugar categoria Lightweight CAMPEONATO NACIONAL SuBMARINO u.R.C. - CAMPuS PARTy 2015 - 1º Lugar categoria Lightweight - 3º Lugar categoria Featherweight CAMPEONATO NACIONAL WINTER - CHALLENGE 10 2014 - 1º Lugar categoria Lightweight - 1º Lugar categoria Hockeybot - 2°Lugar categoria Featherweight - 3º Lugar categoria Beetleweight CAMPEONATO MuNDIAL uSATL STEM TECH OLyMPIAD 2014 - Best in Show Categoria Middleweight

58

- 3º Lugar categoria Hobbyweight

CHALLENGE 8 - 2012

ROBOGAMES 2010

CAMPEONATO NACIONAL SuBMARINO u.R.C. - CAMPuS PARTy 2014

- 2°Lugar categoria Beetleweight

- 2º Lugar categoria Hockeybot

- 1º Lugar categoria Hockeybot

- 1º Lugar categoria Middleweight

- 2º Lugar categoria Middleweight

CAMPEONATO NACIONAL ENECA 9 - 2009 - 3°Lugar categoria Featherweight

CAMPEONATO NACIONAL WINTER CHALLENGE 9 - 2013

CAMPEONATO MuNDIAL ROBOGAMES 2012

- 1º Lugar categoria Lightweight

- 1º Lugar categoria Hockeybot

- 1º Lugar categoria Trekking

- 1º Lugar categoria combate autônomo

- 2°Lugar categoria Hobbyweight

CAMPEONATO NACIONAL SuMMER CHALLENGE 1 - 2011

CAMPEONATO NACIONAL WINTER CHALLENGE 4 - 2008

- 2º Lugar categoria Middleweight

- 3°Lugar categoria Featherweight

- 2°Lugar categoria Hobbyweight

- 3º Lugar categoria Middleweight

- 2º Lugar categoria Hockeybot

CAMPEONATO NACIONAL ENECA 7 2007

- 1º Lugar categoria Hockeybot - 3º Lugar categoria Middleweight CAMPEONATO MuNDIAL ROBOGAMES 2013 - 1º Lugar categoria Lightweight - 2º Lugar categoria Middleweight - 2º Lugar categoria Hockeybot CAMPEONATO NACIONAL SuMMER CHALLENGE 2 - 2012 - 1°Lugar categoria Beetleweight - 1º Lugar categoria Lightweight

CAMPEONATO NACIONAL WINTER CHALLENGE 7 2011 - 1º Lugar categoria Hockeybot CAMPEONATO MuNDIAL ROBOGAMES 2011 - 1º Lugar categoria Hockeybot

CAMPEONATO NACIONAL WINTER CHALLENGE 5 2009

- 3º Lugar categoria Middleweight

- 2°Lugar categoria Hobbyweight CAMPEONATO NACIONAL WINTER CHALLENGE 1 2005 - 2º Lugar categoria Middleweight CAMPEONATO NACIONAL ENECA 4 2004

- Best in Show Categoria Hobbyweight

- 1º Lugar categoria Hockeybot - 2º Lugar categoria Middleweight

CAMPEONATO NACIONAL WINTER CHALLENGE 6 - 2010

- 1º Lugar categoria Middleweight

- 3°Lugar categoria Featherweight

- 1º Lugar categoria Hockeybot

- 1º Lugar categoria Antweight

- 4°Lugar categoria Hobbyweight

- 3º Lugar categoria Middleweight

CAMPEONATO NACIONAL ENECA 3 2003

- 3º Lugar categoria Beetleweight

CAMPEONATO NACIONAL WINTER

CAMPEONATO MuNDIAL

- 1º Lugar categoria Middleweight

- 3º Lugar categoria Middleweight


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Sociedade Mineira de Engenheiros

www.sme.org.br



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