Revista Mineira de Engenharia - 29ª Edição

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Ano 6 | Edição 29 | Ago - oUt - 2015

EngEnhEiro do Ano olavo Machado Junior será o homenageado

MEio AMbiEntE onU vai discutir o desenvolvimento sustentável EntrEvistA Carlos Alberto teixeira de oliveira

tEndênCiA Certificação LEEd promove mudanças no setor

pLAtAforMA biM

EvoLUção EM gEstão dE proJEtos



EditoriAL | pALAvrA do prEsidEntE

Augusto Drummond Presidente da SME

A Lava Jato e a Engenharia: um debate recorrente Uma das discussões mais recorrentes,

fecharmos as portas a elas estaremos, ao

No afã de defender a Engenharia, perce-

tem sido a do impacto da chamada

que empresas estrangeiras venham a

categoria que podem ser interpretadas

de Engenharia. De fato, constata-se ser

Engenharia.

nos últimos tempos, no seio da categoria, “Operação Lava Jato” sobre as atividades

este impacto devastador, pelo fato de as

grandes empresas de engenharia estarem

envolvidas, como se diz,“até o pescoço”, com os escândalos de corrupção eviden-

ciados pela Operação Lava Jato. E, como já tivemos a oportunidade de falar neste

espaço de editorial e em artigo publicado

na Imprensa, o efeito final é paralisante,

afetando as médias e pequenas empresas

do setor, causando desemprego em escala, não só de engenheiros, mas de diversos outros tipos de profissionais.

Esta é uma situação desfavorável, sobre-

tudo, para aqueles, que com a responsa-

bilidade de comandar as entidades de

classe, têm o dever e a obrigação de de-

fenderem a Engenharia. Se não o fize-

rem, quem irá fazê-lo? Ao final deste processo, as grandes empresas de enge-

nharia, dotadas de extraordinária capa-

cidade técnica e operacional, necessitam ser preservadas para o bem do País.

mesmo tempo, abrindo as portas para ocupar o nosso mercado interno de

Porém, não basta o que temos assistido:

ver os dirigentes das empresas, com

envolvimento devidamente comprovado pela Justiça, sendo apenados pela Lava

Jato. É preciso que estas grandes empre-

sas, por iniciativa própria, ou uma vez for-

çadas a isso, façam os chamados acordos de leniência, como recentemente fez a

Camargo Corrêa, de forma a devolverem

Operação Lava Jato do que de Defesa da

Engenharia. A Operação Lava Jato está ajudando a passar este País a limpo e

como tal precisa cumprir sua missão com sucesso. É sempre bom lembrar que a Engenharia não é uma ilha. É impossível a Engenharia ir bem, quando o País vai

mal, como ocorre agora nos campos da

política e da economia.

Queremos deixar claro a nossa posição

neste contexto atual: a política precisa

corrupção. E claro, é preciso também que

livre do jogo de cena e da corrupção sis-

larmente ao participarem dos atos de

os políticos envolvidos venham a ser

exemplarmente responsabilizados.

No caso da Petrobras, assim como o de

ser conduzida em novos padrões éticos, têmica. É mister que a economia trilhe o caminho de um desenvolvimento eco-

nômico sustentável, fundamento sobre

outras empresas ou órgãos do Governo

o qual se assenta uma engenharia forte

Jato, como envolvidos nos esquemas de

presas. Acreditamos, também, que me-

aos desmandos, como se nada tivesse

trabalho que vem sendo feito pela Ope-

bras, por certo faria “corar de vergonha”

dos envolvidos, de forma a serem coi-

aquela empresa em diversos momentos,

de Engenharia, ajudando, ao mesmo

que venham a ser identificados pela Lava

corrupção, não podemos fechar os olhos ocorrido. O crime cometido na Petro-

a tantos brasileiros que defenderam

o espaço das grandes. Isso não irá acon-

de que é exemplo o memorável episódio

empresas nacionais demanda anos, e se

aceitar a impunidade.

tecer. Chegar onde chegaram as grandes

mais como um posicionamento contra a

à sociedade os recursos aferidos irregu-

Ledo engano acreditar que no curto

prazo, médias empresas poderão ocupar

bemos posições contraditórias em nossa

do “Petróleo é Nosso”. Não podemos

e atuante por seus profissionais e em-

rece todo o nosso apoio e respeito o

ração Lava Jato na responsabilização

bidas as práticas nefastas no mercado

tempo, a baixar os níveis de corrupção

existentes no Brasil, no âmbito federal, estadual e municipal.

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vEnhA pArA A sME CoMproMisso CoM voCê! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenharia e da produção de eventos, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse no setor.

Em seus 84 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico. CoMproMisso CoM o fUtUro Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores serviços para você.

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

Augusto Celso Franco Drummond Presidente

Janaína Maria França dos Anjos Diretora

Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente

José Andrade Neiva Diretor

José Ciro Mota Vice-Presidente

Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor

Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente Virginia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora Fabiano Soares Panissi Diretor Humberto Rodrigues Falcão Diretor

Publicação

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Marcelo Monachesi Gaio Diretor Túlio Marcus Machado Alves Diretor Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor CONSELHO DELIBERATIVO Ailton Ricaldoni Lobo Presidente Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Apoio

Fernando Henrique Schuffner Neto Flavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi José Luiz Gattás Hallak José Raimundo Dias Fonseca Levindo Eduardo Coelho Neto Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior CONSELHO FISCAL Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos Coordenador Editorial José Ciro Mota Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Revisão Editorial Jalmelice Luz - MG 3365 JP jornalismo@sme.org.br Projeto Gráfico / Desgin Blog Comunicação Marcelo Távora tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Depto. Comercial Blog Comunicação & Marketing tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Tiragem: 10 mil | Bimestral Distribuição Regional (MG) Gratuita Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br

Compromisso, Inovação e Avanço


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MinAsCon 2015 sME promove palestras durante o evento

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EdUçAção Mudanças curriculares na Engenharia da UfMg

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EntrEvistA Carlos Alberto teixeira de oliveira

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pLAtAforMA biM tendência para o mercado da Engenharia

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rEprEsEntAtividAdE Compur elege novos conselheiros

Artigo | Cds/sME Comitê de desenvolvimento sustentável da sME

dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL onU propõe novos objetivos globais para o planeta

hoMEnAgEM dirigentes da sME serão homenageados pelo colégio de entidades

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tELECoMUniCAçõEs CEMigtelecom tem foco no mercado corporativo

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CrisE brAsiLEirA política está no centro dos impasses do brasil

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JovEM EngEnhEirA Juliana Costa Morais dos santos

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CErtifiCAção LEEd Construção ecossustentável

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CrisE hÍdriCA E EnErgétiCA Como mudar o cenário?

EngEnhEiro do Ano olavo Machado Junior receberá a comenda


NOTAS DO SETOR CEMIGTelecom

XVIII COBREAP

O presidente da CEMIG Telecom, Aloísio Vasconcelos, esteve na SME para apresentar os projetos da empresa Cemig Telecom para a diretoria da entidade. Criada em 1999, pertencente ao Grupo CEMIG, a antiga Infovias, hoje CEMIGTelecom, oferece a maior rede óptica para transporte de serviços de telecomunicações em Minas Gerais, segundo informações fornecidas pela ANATEL.

ENGENHARIA CIVIL

A Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC) realizará o 2º Congresso Técnico-Científico de Engenharia Civil, em Florianópolis, no período de 7 a 9 de outubro de 2015. O objetivo é reunir em torno de 300 profissionais e estudantes de todo o Brasil. Os temas a serem discutidos irão focar, de forma ampla, no debate da engenharia civil como fator predominante do desenvolvimento do País, nas mais diferentes áreas do ambiente cons-

ADMINISTRAÇÃO CONTRATUAL E CLAIM

truído. Serão debatidas questões relativas à profissão e ao mercado de trabalho, estratégias de defesa e valorização profissional, difusão de conhecimentos técnicos, a atualização profissional pela conexão do conhecimento técnico-científico e intercâmbio. Haverá uma mostra de produtos, materiais e processos que atendam os demais objetivos em paralelo ao evento. Mais informações pelo site: www.abenc.org.br.

Lançado pela editora PINI, este livro é referência na conceituação de dois importantes temas na sobrevivência e na valorização da engenharia: a Administração Contratual e a solução de possível Desequilíbrio Econômico- Financeiro que venha ocorrer em obra, através de um pleito (CLAIM). Os temas são campos importantes dentro da Engenharia e do Direito. A Administração Contratual visa à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro contratual, de forma preventiva, em contratos administrativos ou privados. Nessa obra, renomados especialistas abordam experiências em casos de reequilíbrio, como em PPPs (Parcerias Público Privadas), além de tratar da importância da Perícia e da Arbitragem, da atuação e função do gestor público nesses processos, de discus-

Fernanda Wardil/UFMG

MINERAÇÃO

paulo iscold com o protótipo Anequim, cuja estrutura primária é feita em fibra de carbono

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O XVIII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias será realizado em Belo Horizonte, de 28 de setembro a 02 de outubro de 2015, no Centro de Convenções do Hotel Mercure, no Bairro de Lourdes. A programação aborda os principais aspectos das áreas de avaliações, perícias, arbitragens, claims, inspeção predial, vistoria cautelar e meio ambiente. A programação, inscrições e demais informações do XVIII COBREAP podem ser acessadas pelo site www.cobreap.com.br. Mais informações: (31) 3275-101/ (31)8425-7693, e pelo e-mail: ecobreap2015@ibapemg.com.br.

sões sobre esses fatores imprevisíveis, de formas contratuais mais modernas e de valores como boa fé e o bom senso.

Material indispensável para aqueles que querem entender mais e atuar nessas áreas. O IBAPE-MG (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) e a CMA (Câmara de Mediação e Arbitragem do CREAMinas) são incentivadores de obras como esta, que buscam mostrar caminhos para a pacificação de conflitos.

Autor(es): André Suarez Tondato, Bernardo Ramos Trindade, Cleménceau Chiabi, Edson Garcia Bernardes, Felipe Gutierrez, Frederico Estrella, Jerônimo Amaral, Marcelo Vilela, Márcio Brant, Raphael Bernardes, Ricardo Gil, Roberto Farrer, Rodrigo Reis e Rodrigo Ruggio.

O Anequim, avião projetado pelo Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA), quebrou cinco recordes mundiais de velocidade na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. A aeronave foi projetada e construída por equipe coordenada pelo professor Paulo Iscold, do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG. Desenvolvida desde 2011, a aeronave, a mais rápida projetada até hoje pelo CEA, apresenta um peso inferior a 500 quilos, já incluindo piloto e

combustível. Entre as principais inovações do Anequim, cujo nome é inspirado em uma espécie de tubarão agressiva e veloz, o professor Iscold destaca a peculiaridade de ter sido integralmente projetado no computador – do desenho às análises estrutural, aerodinâmica e de vibração – e construído por máquinas de comando numérico. Mais informação no link: https://www.ufmg.br/online/arquivos/03 9791.


CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

ABRECON Acontece este mês, no Centro de Exposições Milenium (SECOVI), em São Paulo (SP), a 1ª edição do Seminário Nacional da Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição, promovido pela Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição – ABRECON – e organizado pela multinacional Acqua MCI. O evento é um marco por abordar os temas mais relevantes do momento e apresentar dados inéditos sobre o segmento da reciclagem de RCD no Brasil. Estima-se que de 2010

72ª SOEA a 2014, o segmento de reciclagem de RCD – Resíduos de Construção e Demolição – tenha crescido aproximadamente 400% no Brasil. De acordo com as informações da ABRECON, há mais de 350 usinas instaladas no País, que geram milhares de emprego, contribuindo para amenizar o impacto ambiental gerado pela construção civil e a preservação de recursos naturais. O evento será realizado para um público de 200 participantes. Mais informações no site www.acquacon.com.br/seminariorcd.

FÓRUM PERMANENTE

A 72ª SOEA - Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia, maior evento das engenharias do País, neste ano foi realizada, em Fortaleza (CE), na segunda quinzena de setembro/15. O tema central foi "Sustentabilidade: água, energia e inovação tecnológica". As engenheiras Virgínia Campos e Janaína França participaram do evento representando a SME.

O 1º Painel contou com a presença do presidente da Associação dos Economistas de Minas Gerais, Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, que falou sobre “A Atual Situação das Economias de Minas e do Brasil”. O 2º Painel do Fórum Permanente de Desenvolvimento, no dia 1º de setembro, foi sobre o tema "Estresse Hídrico e Energético", com palestra do engenheiro Adalberto Carvalho de Rezende, professor da UFMG e diretor da ESCO - Energy Saving Company. silviano Cançado Azevedo é

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), por meio do Fórum Permanente de Desenvolvimento Sustentável, está organizando o 3º Painel programado para o dia 8 de Outubro/15, na sede da Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas). Um dos coordenadores do evento, o engenheiro Silviano Cançado Azevedo informa que Fórum tem adesão de outras importantes entidades do setor financeiro, que deverão participar do próximo painel.

SEMANA MUNDIAL DA ÁGUA

Com o tema “Água para o Desenvolvimento”, a cidade de Estocolmo (Suécia) sediou, de 23 a 28 de agosto, a Semana Mundial da Água 2015. O encontro é o ponto de referência anual para as questões da água em todo o planeta. É organizado pelo SIWI Stockholm International Water Institute. Este é o ano do jubileu tanto da Semana Mundial da Água quanto do Prêmio da Água de Esto-

O propósito do Fórum Permanente é aglutinar pessoas, empresários e empresas, técnicos dos diversos setores, universidades e entidades.

Uma das propostas do Fórum é a criação da AGÊNCIA DE DESENdo evento VOLVIMENTO AVANÇA MINASque será responsável por refletir e direcionar as ações a serem desenvolvidas e definir uma política de atração e viabilidade de novos empreendimentos. Uma agência de desenvolvimento ágil, capaz e preparada para responder com eficiência e rapidez às diversas demandas de apoio e fundamento de um novo ciclo virtuoso. um dos

coordenadores

colmo. Especialistas, profissionais, tomadores de decisão, inovadores de negócios e jovens profissionais de uma gama variada de setores e países fizeram network, trocaram ideias, com o propósito de fomentar e desenvolver soluções para os desafios mais prementes com a água na atualidade. Em 2014, mais de 3.000 pessoas e 270 organizações de 143 países participaram da Semana. 7


sEMinário sME | MinAsCon/ConstrUir

A necessidade do consumo consciente de água e energia foi pauta do seminário da sME no Minascon

O

consumo de energia elétrica no Brasil caiu 1,1% no primeiro semestre de 2015, totalizando 235.939 Gigawatts-hora (GWh). O principal motivo para a queda foi o forte recuo do consumo de energia pela indústria (-4,2%), já que o consumo residencial fechou em leve alta de 0,3% e o comercial subiu 1,7%. Em junho, o consumo total de energia elétrica no país teve retração de 1,5% (37.170 GWh), com o consumo da indústria caindo 3,7%; o residencial, 1,1% e o comercial em alta de 1,7%. Estes dados são da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia. 8

fabiano panissi, membro da Comissão de Consumo Consciente de água e Energia da sME

Foi pensando nesse cenário atual e no futuro que a SME se propôs a ampliar o debate sobre a crise hídrica e energética, que bate a porta da população brasileira, no ‘Seminário Consumo Consciente de Água e Energia’, durante o Minascon 2015, no Expominas. Embora os dados sejam preocupantes e a população tenha respondido, em parte, ao apelo do poder público de

reduzir gastos e consumo de água e energia, ainda há muito que ser feito para mudar hábitos e comportamentos.

Prova disso é que o último Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), lançado em março de 2015, mostra que o consumo de água nas últimas décadas cresceu duas vezes mais do que a população.A estimativa é que a demanda cresça no mundo 55% até 2050. No Brasil a demanda maior é na região Sudeste que tem a maior concentração populacional (70%).


O Minascon/Construir Minas reuniu entre os dias 24 e 27 de julho, todos os segmentos da indústria da construção civil. O evento contou com uma ampla programação composta por grandes eventos técnicos e de capacitação voltados para profissionais de diversas áreas relacionadas ao setor, contabilizando quase 120 horas de palestras, workshops e debates. Com o objetivo de apresentar as novidades, principais tendências, produtos e as mais modernas soluções representadas por cerca de 200 marcas, o evento atraiu cerca de 29 mil pessoas gerando, em torno de R$ 95 milhões em negócios.

boAs prátiCAs Ruibran dos Reis, meteorologista e professor da PUC Minas

O meteorologista e professor da PUC Minas, Ruibran dos Reis, observa que, há alguns anos, falava-se da possibilidade de uma crise hídrica projetada para 2030, que está acontecendo agora. Ele explica que a variabilidade das condições do tempo, com seca na região Sudeste do Brasil e chuva em regiões onde havia seca, estão acontecendo em função do aquecimento global.

Segundo Ruibran dos Reis é muito importante o debate dessa situação para que a população se conscientize. “Estamos vendo que a própria sociedade está mais consciente da questão hídrica no Brasil, embora nunca imaginássemos que poderia faltar água em casa. Isso tem sido feito através de debates nas entidades, na academia, e por meio de campanhas de mobilização social. O que não há ainda é uma ação decisiva por parte dos governos”, conclui.

Manter essa discussão em pauta é mais do que necessário, assim como identificar medidas práticas e boas iniciativas que tragam novas contribuições, a exemplo da construtora EPO, representada por Juliana Costa de Morais dos Santos, engenheira de Qualidade e Meio Ambiente. Além do gerenciamento de resíduos, nos canteiros de obras a empresa faz um trabalho educativo ambiental com seus trabalhadores, que passam a reproduzir em casa, nas comunidades, entre amigos, a noção de sustentabilidade.“A ideia é economizar água no trabalho para não faltar em casa. Nós incentivamos isso nos canteiros de obras. Essa troca é fundamental para refletir na sociedade como um todo. Se isso não é fomentado o que poderemos oferecer à sociedade, nesse momento”, indaga.

Para o gerente de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da Construtora Norberto Odebrecht, engenheiro Wanderson Ferreira de Carvalho,“a construção civil tradicional sempre utilizou muita água, um recurso cada vez mais necessário para a população. Mas é possível adotar metodologias mais limpas que não exigem tanto água”. Foi o que a empresa desenvolveu em uma Parceria Público Privada (PPP) com a Prefeitura de Belo Horizonte para a construção de 51escolas (UMEIs), com a metodologia construtiva Light Steel Framing, sistema predominante em países desenvolvidos, como EUA, Japão, Canadá e Europa.

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sEMinário sME | MinAsCon/ConstrUir MinAs

A diferença entre o método construtivo e o tradicional, resume Wanderson Carvalho, é que o Light Steel Framing economiza água o suficiente para suprir o consumo de 45.000 pessoas (2 litros por dia), por um período de 64 dias. A fórmula é a eficiência na construção com a diminuição de resíduos, a utilização de energia renovável e um sistema hidráulico eficiente e econômico, além da ação educativa ambiental que é desenvolvida junto à comunidade, entre outros elementos.

Wanderson Ferreira de

Carvalho, engenheiro da

Construtora Norberto Odebrecht

Para Wanderson Carvalho esse é “o principal legado do projeto para a comunidade, com um custo/benefício enorme, tanto na construção quanto na operação, buscando desde a cadeia do produto, até a entrega final e a manutenção desse empreendimento para a comunidade”. O engenheiro reafirma que os recursos ambientais estão cada vez mais escassos. Isso faz com que a empresa busque soluções para desenvolver e criar novas tecnologias. 10

novAs tECnoLogiAs

Um dos exemplos de que a criatividade e tecnologia podem contribuir e muito nesse cenário de escassez foi apresentado pelo vice-presidente da SME, engenheiro Luiz Henrique de Castro Carvalho. Ele desenvolveu o aplicativo SaveWater com a proposta de estimular o consumidor residencial a reduzir o tempo de banho e economizar água em 50%.

Luiz Henrique de Castro Carvalho,

engenheiro eletricista e vice-presidente da SME

O aplicativo com download gratuito e versão para IOS está disponível também para Android. O engenheiro informa que a média de tempo que as pessoas passam debaixo do chuveiro é de 15 minutos. Com o aplicativo a meta é atingir o mais próximo possível de cinco minutos. Com essa mudança de comportamento haverá economia de água, de energia e redução no valor da conta de energia.


SEMINáRIO CONSuMO CONSCIENTE DE áGuA E ENERGIA PROMOVIDO PELA SME

MobiLizAção soCiAL

Aplicativo saveWater tem a proposta de estimular o consumidor residencial a reduzir o tempo de banho e economizar água em até 50%.

O objetivo do SaveWater “é proporcionar, de uma forma agradável, a busca pela sustentabilidade, preservação de nossos recursos naturais, garantia de sobrevivência da biodiversidade e a perenidade dos nossos recursos hídricos, através da redução do consumo de água e energia. Tal economia se dará através da redução do nosso tempo no banho. Considerando que mais de 70% da energia gerada no Brasil é proveniente de recursos hídricos, ao economizarmos energia, estamos preservando nossas bacias hidrográficas, que por sua vez trazem muitos benefícios para toda a biodiversidade. Assim sendo, temos um ciclo virtuoso que contribui para a sustentabilidade do nosso planeta”, assegura.

O coordenador de Ações de Mobilização Social da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Givanildo de Almeida Cruz, diz da necessidade de conscientização de que a falta de água no mundo está se agravando, e da urgência de medidas caseiras ou coletivas para a preservação desse bem. Na ocasião de sua palestra, em 26 de junho de 2015, ainda havia um cenário de possível racionamento de água em algumas regiões. Mas, esse fantasma foi espantado, em agosto, com o anúncio da presidente da Copasa, Sinara Meirelles, de que não haverá racionamento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMPBH), no período de seca que pode se estender até o mês de outubro.

Givanildo Cruz atribui esse novo quadro às ações da Copasa, a exemplo do Programa Caça Gotas que tem a finalidade de reduzir vazamentos e desperdício de água. Também, a mudança de comportamento da população que reduziu o consumo em 14%, e ao aumento de chuvas em 55% no período de janeiro a julho de 2015, comparado ao mesmo período do ano passado. Contudo, a Campanha de Mobilização Social permanece levando à população ideias práticas de como manter as torneiras fechadas, que podem desperdiçar com um filete de um milímetro de água, mais 62 mil litros por mês. O uso correto do vaso sanitário que representa cerca de 40% do consumo de água em uma residência, não usar água para limpar ruas e calçadas, entre outras medidas. 11


EdUCAção

Mudanças curriculares na Engenharia da UfMg Realizado no dia 8 de julho, na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (EEUFMG), o II Seminário “Engenheiro do Futuro” abordou a “Inovação no Ensino de Engenharia”, um tema que tem merecido a atenção de professores e instituições de todo o mundo.

O evento é uma das ações propostas pelo Programa de Inovação para Educação em Engenharia (ENG200), criado pela instituição em 2011, durante as comemorações do Centenário da EEUFMG, para incentivar a reflexão e o debate sobre a qualidade da formação que os futuros profissionais recebem e gerar melhorias capazes de tornar o aprendizado mais desafiador, excitante e criativo. Neste ano, participaram mais de 250 pessoas, entre alunos, professores e convidados nacionais e de outro países.

Segundo o professor e diretor da EEUFMG, Alessandro Fernandes Moreira, que tem participado, em outros países, de eventos que discutem o processo de educação usado pelas instituições de ensino superior de Engenharia e práticas alternativas ao modelo tradicional de aula até então usado em sala de aula, a realização do seminário é uma forma de manter essa discussão viva para a comunidade acadêmica da instituição que tem atuado para mudar as propostas dos seus cursos, incluindo temas como inovação, empreendedorismo e competências comportamentais. Para ele, o avanço das áreas de tecnologia e comunicação têm criado novos desafios para a formação dos profissionais do futuro. “Não podemos ficar para trás nesse processo. É tácito a necessidade de transformar a educação em Engenharia, sem perder seus princípios básicos, para alinhar os projetos pedagógicos às necessidades da sociedade, de forma geral. Queremos, ainda, criar no aluno um sentimento de comunidade que o mova a buscar soluções para questões cotidianas como as demandas sociais e am-

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Alessandro Fernandes Moreira, professor

e diretor da EEUFMG

bientais. Eles têm que estar mais preparados para buscar essas soluções”, defende.

No caso da UFMG, há diversos projetos em desenvolvimento. Entre eles, está o apoio irrestrito às iniciativas estudantis como empresas juniores, equipes de competição, projetos sociais e representações dos alunos, entre outros. A diretoria da EEUFMG também tem atuado para promover uma aproximação com entidades que representam os profissionais da área como é o caso da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), e com startups e empresas que estão ingressando no mercado.

Outra iniciativa da EEUFMG é o fortalecimento das atividades de intercâmbio e aproximação com universidades que são consideradas referência para o ensino de Engenharia, no mundo. A instituição também tem promovido o realinhamento interno das formações de graduação e pós-graduação, por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão que renderam projetos como o próprio ENG200 e o “Núcleo de Educação em Engenharia Solidária”.


Nada mais estratégico e transformador, portanto, que eleger como prioridade a criação de faculdades que

integrem culturalmente e curricularmente, módulos e práticas educacionais, na busca dos melhores

sistemas, soluções e aplicativos, para a indústria da

saúde e hospitais. Engenharia é também Saúde! E Medicina também é Engenharia!

Aécio Freitas Lira, ex-diretor da EEUFMG

“Além de incluir novos conteúdos ao processo de formação dos alunos, a instituição tem se colocado à serviço da sociedade para cumprir a sua missão primeira, que é formar engenheiros, e também para projetos de pesquisa e extensão que estão em desenvolvimento por meio de parcerias com o poder público e a iniciativa privada”, enfatiza Moreira.

CoMUnidAdE EM ALErtA

Se por um lado, a abertura de novos cursos de Engenharia, na última década, fez com que a carreira retornasse à posição de liderança na preferência dos estudantes, por outro, a exploração econômica dessa área que exige formação de alta qualidade, apenas em função das demandas do mercado, acendeu o sinal de alerta para os estudiosos dessa área. Em números, os programas de graduação passaram de 750 para 3 mil, no País.

Na capital mineira, são oferecidas, a cada ano, 15 mil novas vagas nos

vestibulares regulares. Já na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) há, atualmente, mais de 20 escolas, com mais de 55 mil estudantes matriculados em programas que, na maioria dos casos, foram criados recentemente. Muitos deles são noturnos, o que impacta a qualidade da formação, como já apontado pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), do governo federal. Na edição de 2012 da prova, 75% das escolas obtiveram notas 1,2 e 3, revelando o baixo desempenho.

Segundo Moreira, mais uma vez, a expectativa para o resultado final do ENADE 2014, que será divulgado ainda neste ano, não é das melhores. “As universidades públicas federais têm tido dificuldade em contratar docentes, o que pode comprometer a execução dos projetos propostos. Além do mais, a infraestrutura (biblioteca e laboratórios) não é barata e sem essa estrutura bem montada, o que podemos esperar?”, constata.

Uma solução para esse impasse pode ser a criação de uma rede de cooperação entre as várias escolas de Engenharia, públicas e privadas, para que a formação seja discutida de forma ampla, bem como os problemas que as instituições têm enfrentado, de acordo com o diretor.

inovAção nA prátiCA

Professor e ex-diretor da EEUFMG, entre os anos de 1994 a 1988, e palestrante do seminário realizado em julho, Aécio Freitas Lira considera que o futuro do ensino de Engenharia passa, de forma obrigatória, pela aproximação com a área de Medicina.

“O cenário atual é complexo e requer uma reflexão crítica urgente. Corremos dois riscos. O primeiro é a extinção de um grande número de cursos existentes, hipótese que considero bem real. O outro é que, se a imagem de profissional mal formado se firmar no mercado nacional, o posicionamento dos profissionais pode ser afetado, de alguma forma”, provoca.

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EdUCAção

Essa constatação é fruto da experiência de 43 anos na área. Foram 30 anos dedicados à EEUFMG como aluno, professor e diretor da faculdade, até a aposentadoria, que ocorreu em 2000. Depois, Aécio Lira atuou por 13 anos no setor privado de educação como executivo da área acadêmica, no período em que aconteceu a expansão do "ensino superior de massa", com apoio do Governo Federal e o incentivo do crédito educativo.

Existem saídas e algumas delas serão indicadas pelo vetor da inovação no modelo de aprendizado. E, talvez, o exemplo mais intrigante e promissor seria o da "fusão" da Engenharia com a Medicina. Esta é uma das mais recentes linhas de discussão da renovação das engenharias e vem sendo discutida em todo o mundo.

Em 2014, ele visitou a Escola de Engenharia da Universidade de IllinoisUrbana-Champaign/USA, onde participou de uma experiência educacional que segue essa linha transformadora e inovadora, por meio do desenvolvimento científico e tecnológico de elementos educacionais integradores, para uma melhor prática profissional e sinérgica (produtos, soluções e simuladores) de engenheiros e médicos.

A razão desse movimento é simples: cresce a demanda por melhor qualidade da saúde da comunidade, gerada por um atendimento médico mais eficaz, que atinja a um número cada vez maior de pessoas, e com um custo cada vez mais acessível. O envelhecimento da população (um

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fenômeno global) apenas aumenta a pressão sobre o sistema de saúde.

E essas mudanças só acontecerão com o apoio da Engenharia, afirma Lira. “É como diz um diretor da Universidade de Illinois: projetar o espaço cirúrgico de um hospital de alta complexidade é similar aos projetos mais avançados da área da indústria aeronáutica. Todos os sistemas fluidos, soluções e equipamentos, demandam engenharia de ponta e conhecimento de computação. Da mesma forma, dos médicos são exigidos o ensino e treinamento de qualidade, a prática com simuladores e o uso de equipamentos complexos".

Neste milênio a evolução não acontecerá por ações isoladas, mas integradas, colocando junto o conhecimento e a prática de profissionais de diversos campos do saber. “Esse é um momento de "rompimento", para o surgimento de uma política educacional inovadora, com a aproximação real dos programas de Medicina com os de Engenharia, Computação, Humanidades e Sociais Aplicadas, todos vocacionados para a indústria da saúde. Engenharia também é saúde e Medicina também é Engenharia”, enfatiza o professor.

Nada mais estratégico e transformador, portanto, que eleger como prioridade a criação de faculdades que integrem culturalmente e curricularmente módulos e práticas educacionais, na busca dos melhores sistemas, soluções e aplicativos, para a indústria da saúde e hospitais. Engenharia é também Saúde! E Medicina também é Engenharia!

Mas assim como as instituições de ensino, os professores também têm um importante papel a cumprir. “é o calcanhar de Aquiles" do processo” do processo de mudança ou melhoria dos cursos de Engenharia. Hoje, exige-se do docente estar inserido numa “Nova Sala de Aula de Apredizado Ativo”, onde o aluno passa a ser, de fato, o centro das atenções e o professor atue como tutor orientador. Existe, também, a demanda de um intenso programa de treinamento nas novas metodologias de ensino, e o professor, para não sair da sua “zona de conforto” não participa do processo, e “quebra” a proposta de mudança em curso”, afirma Lira.

Nesse sentido, o investimento deve ser fortemente direcionado aos novos docentes, no momento da contratação, com a exigência das habilidades e competências que eles terão que apresentar para “pilotar” novas salas de aula de metodologias ativas, bem diferentes do “modelo antigo” da transferência de conhecimento por meio de aulas expositivas, que têm merecido questionamentos por parte dos estudantes.

Para dar sua contribuição a esse projeto, o professor que integra a equipe da Eduqualis está desenvolvendo um modelo de Sistema Integrado de Ensino de Engenharia, que aborda todo o processo de aprendizagem a partir dos melhores conteúdos editoriais disponíveis, treinamento de docentes nas metodologias ativas e foco em programas de certificação, para garantir a empregabilidade do futuro profissional da Engenharia.


23º prêmio sME de Ciência, tecnologia e inovação uMA PARCERIA COM A FIEMG

www.sme.org.br Mais de 100 estudantes estão inscritos com cerca de 50 trabalhos técnico-científicos para concorrer ao 23º prêmio sME de Ciência, tecnlogia e inovação.o prêmio é dirigido a estudantes de engenharia, arquitetura e agronomia regularmente matriculados em instituições de Ensino superior (iEs), em Minas gerais. A sociedade Mineira de Engenheiros (sME) está organizando a premiação deste ano em parceria com a federação das indústrias do Estado de Minas gerais (fiEMg). os trabalhos serão examinados e avaliados por uma Comissão Julgadora de acordo com o regulamento do prêmio sME. durante solenidade de entrega do prêmio sME, em data a ser divulgada, os cinco primeiros trabalhos selecionados receberão premiação em dinheiro. prEMiAção 1º colocado 2º colocado 3º colocado 4º colocado 5º colocado

rEALizAção

– – – – –

inforMAçõEs

r$ 10 mil r$ 6 mil r$ 5 mil r$ 4 mil r$ 3 mil

sME | sociedade Mineira de Engenheiros tel.: (31)3292 3810 E-mail: fabiola@sme.org.br

Apoio


EntrEvistA | CArLos ALbErto tEiXEirA dE oLivEirA

As oportunidades apontam para o Brasil. É só fazer os ajustes necessários e as reformas estruturais.

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“Não temos o direito de ser pessimistas” A sabedoria popular reza que não há nada

que dure para sempre. Sem dúvida, momen-

tos de crise e situações adversas também seguem essa linha. uma hora terão fim.

vilegiadas e análises que qualificam o debate sobre os dilemas enfrentados pelo País.

Nesta entrevista, ele fala do atual cenário

econômico nacional, da “síndrome do raqui-

Administrador, economista e líder empresa-

tismo econômico”, de Minas Gerais e de oti-

disso. Sua experiência profissional e contato

aparecer nos discursos do setor produtivo

rial, Carlos Alberto Teixeira de Oliveira sabe

direto com lideranças de diversos segmentos

econômicos sempre rende informações pri-

mismo, um sentimento que voltou a

nacional. Afinal, “terra arrasada” não tem ser-

ventia para ninguém.

Luciana sampaio

Como o sr. analisa a atual situação econômica nacional?

Então, onde está o problema do brasil?

Começo com a frase do Juscelino Kubitschek segundo a qual o otimista pode até errar, mas o pessimista já começa errando. É preciso considerar a crise como um fenômeno passageiro e momentâneo e não algo definitivo. É preciso, também, lembrar de um detalhe importante: ao longo de sua história, o País tem demonstrado uma enorme capacidade de recuperação de crises de forma rápida e eficiente. Houve, sim, situações mais graves que a atual e falar em “terra arrasada” não é justo.

A questão é mudar elementos estruturais. O primeiro deles é reestabelecer o nível de credibilidade e confiança da economia. Sem isso, não há prosperidade. Outra medida é se livrar da “síndrome do raquitismo econômico”, que tem impedido o Brasil de crescer e acompanhar o ritmo até dos países da América Latina, e menos que a média dos emergentes do BRICS, bloco do qual faz parte.

Há fatores interessantes como produção agroindustrial, mercado consumidor de primeira grandeza que já mostrou força, com injeção de renda e ampliação de mercado de trabalho com resposta positiva.

País que não cresce está condenado ao subdesenvolvimento. Esse tem sido, há alguns anos, o maior dos problemas nacionais, alcançar uma taxa de crescimento vigorosa e sustentável. O Brasil precisa se reconciliar com o desenvolvimento e voltar a crescer. Não precisamos nos inspirar no modelo chinês para isso. Na época do JK, durante 5 anos, a eco-

nomia brasileira cresceu 40%. Só a indústria registrou taxa de 60%, agropecuária 20%, e ele ainda foi rotulado de não dar importância ao setor.

O País considera como grande meta o combate à inflação. Mas combater a inflação com adoção de políticas monetárias não é o suficiente, senão o País pode virar Portugal. Na época de Antônio de Oliveira Salazar, aquele país era estável mas não crescia. No final do governo dele, transformou-se em uma das nações mais pobres da Europa, apesar da estabilidade econômica. o que impede o brasil de crescer?

Podemos falar em três fatores. O primeiro é a insegurança jurídica.A perda de credibilidade institucional no governo é outro empecilho e a necessidade de reformas que foram prometidas e não foram feitas, geram atrasos. 17


EntrEvistA | CArLos ALbErto tEiXEirA dE oLivEirA

Não podemos pagar taxas de juros como as praticadas no País. Isso pode destruir a economia. Em outra frente, o foco do Brasil precisa ser alterado. Se não tem crescimento econômico, a economia não expande, não gera impostos e não paga a conta do governo. Quando a receita é baixa, qualquer conta é alta. é possível ter otimismo frente a esse cenário?

Acho que essa história de apostar no pior para melhorar não é boa. Não temos direito de ser pessimistas, ainda mais diante das vantagens competitivas do Brasil. Temos matéria-prima em abundância, cultura consumista, o País é todo integrado, a fronteira marítima é enorme e ainda há muito o que fazer em obras de infraestrutura e energia, por exemplo. As oportunidades apontam para o Brasil. É só fazer os ajustes necessários e as reformas estruturais. É preciso modernizar, avançar e perceber para onde o mundo está caminhando. Minas gerais acompanha a situação nacional? Minas Gerais tem uma característica toda particular. Quando a economia nacional vai bem, a economia de Minas vai melhor. Quando a situação brasileira está ruim, a de Minas fica ainda pior. A economia é pouco diversificada e centrada em commodities. De acordo com dados da Fundação João Pinheiro (FJP), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Federação das Indústrias

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Se não tem crescimento econômico, a economia não expande, não gera impostos e não paga a conta do governo. Quando a receita é baixa, qualquer conta é alta. do Estado de Minas Gerais (FIEMG) apontam que a economia de MG terminou, em cinco anos seguidos, com crescimento inferior a média nacional, o que deve se repetir em 2016. Isso nunca tinha acontecido antes.

Minas era a segunda economia nacional, caiu para a terceira. Chegou a participar do PIB com 10,5% e no ano passado, essa participação foi ainda menor 9% e ainda haverá declínio daqui para frente. As condições mudaram. Péssimas estradas, não há aparato de desenvolvimento e fomento para atender as demandas da indústria mineira. Há 25 anos, havia energia abundante e barata, incentivo fiscal para atrair indústrias. Hoje, além de exportar minério e outras commodities, também exportamos empresas. Hoje temos apenas unidades produtoras. A “Guerra Fiscal” gerou perdas.

A carga tributária de Minas é uma das maiores do Brasil. Então, como concorrer nesse cenário? Só vamos perder. Isso tem que ser revisto. Há, ainda, outro fator a ser considerado. De 2002 a 2014, Minas foi oposição ao governo federal. O endividamento do Estado é um dos maiores e as finanças públicas não são uma maravilha.

Pelo cenário atual, se não houver um milagre em outubro e sem os depósitos judiciais, não haverá recursos para pagar a folha do governo estadual. Outra questão é o custo da máquina

pública. O Estado tem 853 municípios dos quais 57% têm menos que 10 mil habitantes e dependem do Estado e da União para se manter. Da mesma forma que criaram incentivos para a criação de novos municípios, é preciso agir na direção oposta para fomentar essas pequenas cidades a se fundirem. o ambiente político em Minas é adverso para o governo do Estado?

Não, o governador Fernando Pimentel está impondo o seu estilo de governar. Ele tem ouvido mais a sociedade para definir quais as demandas.A experiência dos fóruns regionais é extremamente positiva. Ele também está pensando em rever a legislação tributária. Os primeiros meses de governo foram positivos. A agenda está priorizando o dinamismo da economia local e conseguiu fazer um diagnóstico razoável das dificuldades do setor público. Mas isso não é suficiente para sair da crise. A crise é estrutural e Minas tem que reconhecer quais são os seus pontos vulneráveis para estar preparado para o próximo ciclo de desenvolvimento nacional. Qual a lição da atual crise nacional?

É nas quedas que os rios geram energia. As crises têm lado o positivo porque exigem que os administradores, sejam eles públicos ou da iniciativa privada,repensem seus modelos e busquem alternativas, inclusive para qualificar melhor o gasto.


Experiência comprovada

Bacharel em Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas pela Pontifícia universidade Católica de Minas Gerais (PuCMinas), Carlos Alberto Teixeira de Oliveira teve grande parte da sua carreira profissional em instituições financeiras como Mercantil do Brasil, Comind, Banco BMG e Safra, dentro e fora do Brasil. Fundou e foi o primeiro presidente do Instituto BDMG Cultural, presidiu o SEBRAEMinas e atuou como presidente do Conselho Deliberativo da Fundação João Pinheiro, do Indi. Ele também foi secretário de Estado das pastas de Planejamento e Coordenação, Minas e Energia e, ainda, Indústria, Comércio e Mineração. Foi diretor de Finanças Internacionais e de Project Finance da Tenenge S.A – Técnica Nacional de Engenharia, empresa do Grupo Odebrecht, foi professor universitário e, durante nove anos, foi reitor da Faculdade Estácio de Sá, em Belo Horizonte. Em 2010, foi o presidente do Conselho Superior de Economia e Finanças da Associação Comercial de Minas (ACMinas). Carlos Alberto Teixeira é membro da Academia Brasileira de Ciências Contábeis e da Academia Nacional de Economia. Escolhido “Executivo de Finanças de 1989” do IBEF-MG – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Minas Gerais; “Administrador do Ano de 2000” pelo Conselho Regional de Administração de Minas Gerais, tendo recebido em 2013 o Prêmio APIMEC-Minas – Mercado de Capitais. Recebeu, em abril de 2014, o “Prêmio Bom Exemplo”, concedido pela

Rede Globo, FIEMG, jornal O Tempo e Fundação Dom Cabral na Categoria Economia e Desenvolvimento. Foi juiz e presidente da Banca Avaliadora Especial dos Prêmios Mineiros da Qualidade de 2005 e 2007 e presidente da Missão Comercial e de Investimentos de Minas Gerais à Europa, ásia e Estados unidos – de 8 a 28/09/90. Atuou como Vice-Presidente e posteriormente como Presidente (2013/2015) do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF Nacional) e hoje é membro do Conselho Consultivo da entidade. Participante, por 16 anos consecutivos, como convidado e visitante, das reuniões anuais do FMI, Banco Mundial e BID, em diversos países. Atualmente, é presidente da Associação dos Economistas de Minas Gerais (ASSEMG) e do Conselho de Administração do IBEF-MG, vice-presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil/Minas Gerais e do WTC de Minas Gerais. Exerce as funções de presidente da MinasPart – Desenvolvimento Empresarial e Econômico Ltda. e Editor-Geral de Mercado Comum – Revista Nacional de Economia e Negócios. É autor de vários livros, cabendo destaque para “Além de Pero Vaz: Carta Brasileira ao Século XXI”; “A Economia com Todas as Letras e Números” e “JK-Cinquenta Anos de Progresso em Cinco Anos de Governo”. 19


pLAtAforMA biM

novos softwares para projetos Plataforma BIM é a nova tendência para o mercado nacional da Engenharia Empresas de Engenharia e profissionais são desafiados diariamente a aprimorar seus conhecimentos. Manter o currículo atualizado é essencial, principalmente quando se trata de ferramentas tecnológicas. A nova tendência do mercado atende pelo nome BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção), termo utilizado para uma nova proposta de trabalho que destaca-se em relação a outras ferramentas de desenho CAD, por obter modelos construídos a partir de softwares 3D com informações paramétricas, atributos dos objetos, atualizações instantâneas sobre o modelo da construção e sobre todos os desenhos 2D (plantas, cortes e vistas), possibilitando uma simulação do projeto edificado em tempo real. 20

Rafael Decina Arantes, diretor setorial de Engenharia Urbana do Sinaenco-MG

Segundo o diretor setorial de Engenharia Urbana do Sin-

dicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia

Consultiva de Minas Gerais (Sinaenco-MG), Rafael Decina Arantes, essa nova metodologia de trabalho baseia-se em

softwares de modelagem, análise e documentação que

abrangem todas as disciplinas A&EC e permite a integração

com softwares de gestão como ERP, MS Project e outros.


Sem dúvida, ao contrário de outras inovações, esta visa a modernização e redução de custos em toda a cadeia da A&EC, para a confecção de projetos economicamente mais viáveis e sustentáveis. Na minha opinião, é um processo irreversível e de curto prazo, com reflexos consideráveis para toda a cadeia produtiva do setor”, avalia. Entre as vantagens que podem ser obtidas diretamente dos modelos 3D, destacam-se a antecipação dos cenários, identificação de erros de projetos e interferências construtivas, compatibilização mais efetiva das disciplinas, análise de viabilidade econômica e de sustentabilidade antecipada, extração automática de informações (como listas de materiais para orçamentação e custos), revisões dos projetos arquitetônicos e complementares, e geração de desenhos 2D imediatos e precisos. O sistema também permite a importação de informações e dados de cálculos dos projetos estruturais, planejamento da obra e outras. Mesmo com tantas promessas, o mercado tem manifestado grande resistência para aceitar a metodologia. Segundo o dirigente, esse fenômeno tem explicação: a baixa capacitação do mercado e mão de obra disponível. Há que se considerar, também, o custo associado para aquisição de licenças dos softwares e implantação da nova metodo-

logia. “Considero que as dificuldades e resistência de adoção do BIM são semelhantes a passagem do “projetar em pranchetas” para o CAD 2D como ocorreu naquele momento, o setor de A&EC se adaptará em médio prazo necessariamente”, adianta. Dominar a ferramenta é bom para os negócios, principalmente porque BIM permite que problemas que só seriam detectados na fase de execução da obra sejam identificados na fase de projeto e corrigidos. “Evita-se o retrabalho e perdas de material quando se prevê, por exemplo, interferências de traçados nos sistemas hidráulicos e elétricos de um empreendimento”, exemplifica. A sintonia da equipe responsável pela confecção de projetos também é um diferencial a ser considerado, já que todos os profissionais usarão apenas um modelo computacional, que permite propor, em tempo real, inúmeras soluções para as necessidades específicas de cada disciplina e/ou gargalos identificados. Segundo Arantes, as fases de supervisão e gerenciamento da construção terão maior controle de cronogramas e custos, devido à antecipação de cenários e identificação prévia de falhas ou interferências construtivas. “A adesão é viral, no bom sentido, o que aumenta a adoção dos parceiros a essa ferramenta”, aponta. 21


pLAtAforMA biM

Ítalo Batista, engenheiro eletricista

A metodologia BIM ainda não foi oficialmente adotada pelo governo do Estado, para a apresentação de projetos. No entanto, cabe aos profissionais e empresas se adiantarem para não perder oportunidades de trabalho no futuro próximo. Para o dirigente as construtoras e escritórios de arquitetura devem se adequar às demandas do mercado para alcançar melhores índices de redução de custos operacionais e ganho de produtividade. Dois aspectos essenciais para um bom projeto. Neste momento, é preciso investir para adquirir o software e as licenças e, ainda, para promover o treinamento dos profissionais, mas o fator custo aumenta a resistência das empresas em relação ao BIM. Para promover a divulgação e adoção da ferramenta BIM, o Sinaenco-MG formou um Grupo de Trabalho (GT) para ajudar na capacitação das empresas associadas no entendimento e estudo das melhores práticas de trabalho, além de permitir o compartilhamento de dificuldades e soluções enfrentadas no dia a dia do setor. “Acreditamos que as empresas que participarem do GT poderão se apoiar e concentrar esforços na articulação com órgãos públicos, onde o Sinaenco dará suporte aos associados, e demais contratantes”, considera. Quem gosta de ser o último da fila pode perder trabalho.As demandas por projetos em BIM já começam a surgir. Recentemente, a Proerg Projetos e Sistemas Prediais negociou dois trabalhos com a exigência da concepção em 3D. De acordo com o engenheiro eletricista e sócio da empresa, Ítalo Batista, os principais ganhos foram a compatibilização interdisciplinar e a checagem de interferências antes do início das obras, o que assegura maior eficiência na fase da construção. “Outra grande vantagem é a possibilidade de extração automática 22

de vistas e cortes dos modelos.Assim, os projetistas perdem menos tempo com a geração do detalhamento e ganham mais tempo para pensar nas soluções”, ressalta. Na contramão, a carência de softwares nacionais em 3D, com linguagens compatíveis e bibliotecas compatibilizadas, que atendam aos padrões e normas brasileiros, demonstra ser a maior lacuna entre a expectativa e a realidade do BIM no mercado nacional.“No Brasil, o principal desafio na adoção do BIM é que não existe uma forma eficiente de se calcular utilizando o nosso padrão, o que nos obriga a criar diversos artifícios e adaptações, principalmente para cálculo em MEP”, afirma Ítalo Batista. Carla Macedo, engenheira e sócia da JVP Projetos e Consultoria

A vice-presidente de Atividades Técnicas da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (ABRASIP-MG) e sócia da JVP Projetos e Consultoria, engenheira Carla Macedo, acredita no potencial da tecnologia e diz tratar-se de uma mudança de conceito, não apenas de interface. “Seu funcionamento efetivo só é possível quando todas as especialidades trabalham integradas e com softwares compatíveis, mas, para isso, é preciso que as empresas não somente invistam, mas estejam motivadas a pensar BIM”, pondera. Segundo ela, o processo em questão não deve ser visto somente como um identificador de conflitos de projetos, pois, trata-se de um organizador e fornecedor de dados confiáveis para a gestão e o controle das obras e manutenção dos ativos gerados. Carla Macedo enfatiza a necessidade da criação de um software que integre mais de uma disciplina envolvida. “A expectativa de quem investe em software e em treinamentos muitas vezes é frustrada, quando surge a necessidade de aquisição de acessórios para adaptar funções que o software não oferece à sua necessidade”, explica.


Esquema de utilização da plataforma biM na cadeia produtiva da construção civil

o biM atualiza automaticamente as plantas perante quaisquer modificações em elementos de projeto, reduzindo desperdícios, erros e omissões; proporciona a previsibilidade de custos e desempenho, consentindo maior liberdade e tempo para a experimentação de alternativas de projeto e aprimora os resultados finais.

Para dar sua contribuição, a ABRASIP-MG criou uma comissão técnica com o objetivo de estudar a aplicabilidade do BIM no setor de engenharia de sistemas prediais. O grupo é formado por profissionais que possuem experiência na implantação do sistema e que já trabalham com softwares de construção em 3D, compatíveis com a linguagem BIM. Segundo o presidente da associação, engenheiro Breno Assis, trata-se de tema que envolve toda a cadeia da construção civil. “A comissão tem apresentado dados importantes e mostra como as ferramentas que atendem à plataforma BIM podem ser implantadas em cada empresa, expondo critérios a favor e contra, tais como cus-

Breno Assis, Engenheiro e presidente da ABRASIP-MG

tos, treinamentos e atendimento às normas. Ficou claro para as empresas que desenvolvem a Engenharia dos sistemas prediais os ganhos em eficiência, produtividade e qualidade para todo o setor”, conclui.

biM no brAsiL o instituto brasileiro de informação em Ciência e tecnologia (ibiCt) subsidiou a finalização do sistema de Classificação da informação da Construção (nbr 15.965), e o Ministério do desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior (MdiC) firmou contrato com o Exército para a criação de bibliotecas de Componentes nacionais, que serão disponibilizadas por meio de um novo portal a ser criado. ressalta-se a contribuição da comissão de estudo de modelagem de informação da construção (Abnt/CEE-134), que, junto com o grupo de trabalho de Componentes biM, vem desenvolvendo as diretrizes para desenvolvimento de bibliotecas de componentes biM e para elaboração da norma brasileira sobre a tecnologia. 23


CRISE HÍDRICA E ENERGÉTICA

Estresse hídrico e Energético, como mudar este cenário? Jalmelice Luz A população brasileira foi surpreendida, neste ano de 2015, com a seca na região Sudeste e a possibilidade de racionamento de água. A escassez atingiu regiões metropolitanas adensadas, a exemplo de São Paulo.Até então, nós leigos, imaginávamos que o planeta terra era o ‘planeta água’ cantado em versos em uma canção popular. Para desmistificar o lirismo inocente, o engenheiro Adalberto Carvalho de Rezende, professor da UFMG e diretor da ESCO - Energy Saving Company, palestrante no 2º Painel do Fórum de Desenvolvimento Sustentável da SME/CDS sobre "Estresse Hídrico e Energético, mostra que do volume total de água na Terra de cerca de 1,4 bilhões de Km3, apenas 3% é de água doce, um bem finito, intensamente utilizado de forma não sustentável. Os efeitos disso são perturbadores e afetam a sociedade, o setor produtivo, exigindo respostas dos gestores públicos. 24

Adalberto Carvalho de

Rezende, engenheiro e

professor da UFMG e

diretor da ESCO,

Energy Saving Company

Para alguns especialistas no assunto a crise da água no século XXI, mais do que um estresse, é resultado de mal gerenciamento. Para outros, trata-se de um conjunto de problemas ambientais agravados com outras questões relacionadas a economia e ao desenvolvimento social. O professor Adalberto Carvalho recorreu ao Dicionário Aurélio para dirimir dúvidas. Conforme o Aurélio, estresse é o esgotamento pelo uso continuado e abusivo do insumo,

rompendo o equilíbrio harmônico. Crise é a manifestação violenta e repentina de ruptura de equilíbrio, que segundo ele, não é o caso. No caso brasileiro, “não tem conotação de crise, mas de ato não adotado, de projeto não implementado e planejamento mal feito”, afirma.

ContEXto gLobAL

O professor detalha que 97% da água no planeta são salinas e dos 3% de água doce 77 % estão nas geleiras, 22% são subterrâneas, sobrando 1% de água superficial nos rios, lagos, em ribeirões contaminados, a exemplo do Arrudas e o Rio Tietê, em São Paulo, dentre outros. Da água disponível no País, 77% são utilizados na agricultura, 20% na indústria e 8%


Carlos Barreira Martinez, professor da UFMG

demandas. Para que o profissionais de engenharia, gestores e planejadores, possam olhar Minas Gerais dentro dos próximos 10, 20, 30 anos. ContrAponto

para uso humano. O engenheiro Adalberto Carvalho complementa que é a partir dessa realidade que as ações devem ser orientadas para o futuro. Com uma preocupação maior porque o mundo está atento a essas questões, com destaque para 11 países, Kuwait, Malta, Catar, Gaza, Bahmas, Arábia Saudita, Líbia, Bhrain, Jordânia, Cingapura, Emirados Árabes, que não têm água e que são bastante belicosos, além da Espanha que é o País que mais dessaliniza água. "Ao invés do petróleo, o mundo pode um dia guerrear pelo controle da água", enfatiza. fAtorEs soCiAis

Para aprofundar a reflexão, Adalberto Carvalho relaciona o Estresse Hídrico e Energético a fatores que influenciam o desenvolvimento social tais como: crescimento populacional concentrado em centros urbanos, e a precariedade da educação no Bra-

sil, que lança no mercado, a cada ano, “analfabetos com diploma”, observa. Para ele, “o Brasil sem uma política de planejamento familiar deverá atingir, em 2080, uma população de 381,4 milhões de pessoas, com o planejamento chegaria, na mesma data, a 272,4 milhões de brasileiros”. Esses dois fatores: a falta de um planejamento familiar e educação deficiente estariam entre as causas do estresse hídrico e energético.

Com mais de 70% da população concentrada nos centros urbanos “já era previsível a falta e a escassez de praticamente tudo, infraestrutura urbana, água, energia, etc. E, não foi feito nada, não houve planejamento, embora todos soubessem o que estava acontecendo”, sentencia.

Adalberto Carvalho faz um apelo para que os engenheiros somem inteligência e saber para sensibilizar a sociedade mineira, no sentido de mudar o quadro que está posto. A ideia é a criação da Agência de Desenvolvimento Avança Minas. Uma agência de desenvolvimento ágil, capaz e preparada para responder com eficiência e rapidez às diversas

O engenheiro e professor da UFMG, Carlos Barreira Martinez, convidado pela SME para ser o debatedor, diz que para sensibilizar a sociedade depende de vontade. “O País, as pessoas, as instituições, se movem somente se tiverem vontade de fazer alguma coisa, de mudar. E a vontade só surge quando está ruim para as pessoas. E, aparentemente, para o Brasil está muito bom. Então nós não vamos mudar. Minas não cresce porque não quer crescer. Porque fez uma opção de investir em uma estrutura urbana e não industrial, e estamos pagando o preço. Carlos Martinez analisa que o Brasil é muito heterogêneo, reunindo “um setor superdesenvolvido, superculto” e outro setor subdesenvolvido. “Temos uma parcela da sociedade desenvolvida que não vai crescer em termos populacionais, e para ela está bom. A outra parcela subdesenvolvida vai crescer com as meninas de menos de 15 anos tendo filhos, com mulheres sem cultura tendo 5,6 filhos, mas a parcela que decide acredita que está bom, e isso só vai mudar se ficar ruim”, observa.

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CRISE HÍDRICA E ENERGÉTICA

zonA dE Conforto

Martinez acredita que algumas mudanças, como as dos últimos anos, são um alerta: “se quisermos ficar na zona de conforto teremos que pagar mais impostos, porque a parcela que vive na zona de subdesenvolvimento não ficará em casa quietinha. Eles virão para cima, sim. Ou nós distribuímos renda ou nós distribuímos renda, não tem alternativa”, prevê. O engenheiro criticou a acomodação da sociedade brasileira. Ele afirma que a “parcela subdesenvolvida” vai crescer, mas não existirá o bônus populacional sobre o qual o País foi construído, com trabalho escravo e mão de obra barata”.

Ele atribui como causa das dificuldades atuais a opção histórica do Brasil de investir em estrutura urbana. Isso resultou na grande concentração populacional nas metrópoles, o que leva à falta de tudo. Martinez é de opinião que o padrão tecnológico brasileiro, em termos de sociedade, não permite a existência de cidades superpopulosas sem sofrer a escassez de água, energia, entre outros bens e serviços. pEsQUisAs

A última pesquisa divulgada pelo IBGE aponta que no Brasil os 10% mais ricos concentram 40% da renda do País. Em outras pesquisas, a exemplo da OXfam divulgada pelo Jornal do Brasil online, a desigualdade está em pleno crescimento no mundo. Em 2016, as 37 milhões de pessoas que compõem o 1% mais rico da população mundial terão mais dinheiro do que os 99% juntos. Ao todo, a riqueza desse 1% da população subiu de 44% do total de recursos mundiais em 2009 para 48% no último ano. O cenário mundial apontado pelo estudo pode ser visto em escala próxima no Brasil. 26

CrÍtiCAs

Martinez fez criticas a gestão do presidente da EPE - Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, na venda de petróleo para queimar em usina térmica, apenas para manter o privilégio de uma exploração de petróleo como a que foi feita. E considerou “ridículo” o debate no Congresso Nacional, durante um ano, sobre a destinação dos royalties do pré-sal que ainda não existem, por ser uma produção muito cara. “Todos dentro da Petrobras sabiam e não fizeram nada, porque estão todos dentro da parcela desenvolvida da população. Isso faz parte do processo de acomodação daqueles que dirigem os destinos do País", afirma. CEnário positivo

Adalberto Carvalho diz, entretanto, que nem tudo está perdido. Existem dados positivos no cenário nacional. A emissão de CO2, em 2014, de 485,2 milhões de toneladas foi menor que os Estados Unidos, Europa e a China. A Tonelada de CO2 por habitante/ano é de 2,4t, sendo sete vezes menor que os EUA, e três vezes menor que a Europa e China. Na geração de energia elétrica a produção é de 137kg / MWh, em razão da diminuição na participação das hidrelétricas. Nove vezes menos que a China e seis vezes menos que os EUA. Esses são sinais, segundo ele, que devem ser considerados para que os engenheiros de forma integrada passem a olhar para o futuro do País. Em relação ao balanço energético, com base de dados de 2014, publicados pela EPE, a oferta interna de energia (total de energia demandada no país) atingiu 305,6 Mtep, registrando uma taxa de

crescimento de 3,1%, maior que o consumo interno de 2,1%, mas não houve crescimento do PIB e as perdas de energia da ordem de 10.1%. O consumo maior é puxado pelo setor de transporte, indústria e consumo residencial.

De acordo com dados da EPE, pelo terceiro ano consecutivo, devido às condições hidrológicas desfavoráveis, houve redução da oferta de energia hidráulica. Em 2014 o decréscimo foi de 5,6%. A menor oferta hídrica explica o recuo da participação de renováveis na matriz elétrica, de 84,5% em 2012 para 79,3% em 2013 e 65,2% neste ano.

Adalberto Carvalho destaca, contudo, que a produção de energia elétrica, através das hidrelétricas com seus reservatórios são o grande diferencial do Brasil. Este era o princípio do projeto da Usina de Belo Monte que, hoje, perdeu o trilho, sem que houvesse a defesa necessária por parte dos engenheiros. Ele lamenta que os projetos dessa natureza tenham a reprovação do presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, que é contrário à construção de usina com reservatórios. “Além de estarmos fazendo pouco, estamos fazendo errado”. Ele destaca alguns pontos de grande potencial no Brasil que devem ser aproveitados: existência de energia renovável, a produtividade de mão de obra em quarto lugar no mundo, entre outros”.Adalberto acredita que “se for disponibilizado tecnologia no Brasil a resposta será de largo espectro. O que possibilitaria fazer planos decenais de melhoria e desenvolvimento com a participação ativa dos engenheiros nos espaços de decisão”, conclui.


EVENTO

tema central da Exposibram é inovação Evento chega a sua 16ª edição e recebeu mais de 60 mil pessoas

Em setembro, Belo Horizonte foi mais uma vez, a capital nacional da mineração. Realizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração de Mineração (IBRAM) no Expominas, a 16ª edição da Exposição Internacional de Mineração e Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram) é considerada o maior evento do setor na América Latina. O tema central foi Inovação.

Participaram do evento executivos gestores e profissionais da área, consultores e visitantes do Brasil e de outros 24 países.

O diretor-presidente do IBRAM, engenheiro de minas Fernando Coura, está otimista em relação ao processo de retomada de crescimento do País, o que deve refletir positivamente na mineração, com aportes da ordem de US$ 53,6 bilhões.

“Embora a crise internacional arrefeça momentaneamente as expectativas empresariais, nosso setor planeja os negócios com antecedência de dezenas de anos e há sinais de que o ciclo mineral retomará, em breve,

bons momentos de crescimento, de modo a atender à necessidade de minérios para o desenvolvimento dos países mundo afora”, explica.

A Exposibram reuniu cerca de 400 expositores que apresentaram produtos e serviços os mais variados para a indústria mineral. Entre eles, 41 vieram da Alemanha, 31 dos Estados Unidos da América (EUA), 22 do Canadá e 17 da China, que ocuparam os sete pavilhões internacionais do evento.

A programação do Congresso Brasileiro de Mineração também merece destaque. Políticos, consultores, pesquisadores e empresários fizeram palestras sobre diversos temas como como sustentabilidade, desenvolvimento da indústria mineral, regulação, legislação e outros que analisaram os rumos da atividade no Brasil e no mundo.

O evento também foi palco para o lançamento de relevantes estudos para o setor, como o “Guia de Boas Práticas Ambientais da Mineração em Áreas Cársticas”, organizado por Heros Augusto Santos Lobo, Professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Ana Cláudia Neri, Geóloga, PhD em Ciências (POLI/USP) e Consultora; e o “Panorama da Mineração em Minas Gerais”, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por iniciativa do Sinferbase, Sindiextra e

Ibram. A publicação apresenta a importância da Indústria Extrativa Mineral em Minas Gerais nos aspectos históricos, demográficos, socioeconômicos e geográfico/ambientais, tendo como base dados oficiais relativos aos principais municípios mineiros onde há produção mineral. Entre os patrocinadores do evento estão a mineradora Vale, a Votorantim Metais, a Anglo American, a AngloGold Ashanti, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, da Samarco Mineração, a Kinross, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Geosol e a Gerdau.

Os apoiadores foram a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG), a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), a Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), a Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas - Departamento de Minas Gerais (ABEE-MG), a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (ANEPAC), o Sistema FIEMG, o Instituto Aço Brasil, o Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), o Governo de Minas Gerais e a BeloTur/Prefeitura de Belo Horizonte (MG). 27


CrisE

de frente para o problema

D

iferente de outras categorias profissionais, analistas políticos e econômicos têm trabalho garantido em momentos de crise. Além do descompasso econômico, com direito a alta da inflação e dos juros e, ainda, previsão de índice negativo de crescimento para 2015, após anos de performance bastante tímida, o País experimenta o “vale tudo” político entre os poderes Executivo e Legislativo no âmbito federal.

Como se não bastasse, sucessivas investigações de corrupção constatam que esse tipo de esquema - bastante antigo na história nacional - institucionalizou-se, nos últimos anos em setores chaves do desenvolvimento nacional. O resultado é o que muitos analistas têm chamado de crise ética, o que compromete a confiança de investidores e a reputação das empresas envolvidas. Com tantos e tão graves impasses, a sociedade questiona qual das crises deve ser solucionada primeiro. O

28

cientista político, professor do Mestrado Profissional da Fundação Pedro Leopoldo (MPA/FPL) e apresentador do programa Interconexão Brasilm na BH News TV, Domingos Giroletti, afirma que esses três problemas estão interligados. “O centro da crise é política. O regime político do Brasil é presidencialista e focado na figura do presidente, que deve funcionar como o grande articulador da política nacional. Hoje assistimos ao isolamento da presidente Dilma Roussef, o que não é bom, principalmente com o “bate cabeça” com a liderança da Câmara dos Deputados. Com isso, as coisas não funcionam”, pontua.

Um alento foi a reaproximação com o Senado mas, segundo o professor, as medidas adotadas até o momento ainda são tímidas para reestabelecer um ambiente de confiança na política nacional. “As declarações otimistas das lideranças empresariais brasileiras demonstram apoio às propostas do Senado, mas ainda há muito o que fazer”, afirma.

ANALISTAS

ACREDITAM QuE A POLíTICA ESTá NO CENTRO DOS

IMPASSES DO BRASIL

domingos giroletti, cientista político, professor do Mestrado profissional da fundação pedro Leopoldo (MpA/fpL)

Para Giroletti, a solução da crise política nacional requer agilidade e bom senso, para que os impactos decorrentes não sejam ainda maiores que os problemas atuais. Para acertar basta que os governantes se lembrem que, em 2016, haverá eleições municipais.

Embora o cenário seja de radicalismo, com prós e contras ao go-


todos os portes. Só ao longo do governo FHC, o país quebrou três vezes, tendo que recorrer a empréstimos junto ao FMI”, elenca.

A performance do Brasil diante da crise financeira mundial (2007/2008) foi exitosa, devido às políticas macroeconômicas implantadas. Entre elas está a elevação do crédito e aumento da participação dos bancos públicos na sua concessão; políticas de investimento público em infraestrutura (PAC) e em habitações populares (Minha casa, Minha vida); manutenção das políticas que sustentaram a elevação real do salário mínimo, que permitiram que, após uma pequena desaceleração do PIB em 2009, o país retomasse fortemente o crescimento em 2010 atingindo uma taxa de 7,5%.

Dilma Roossef tomou posse para o seu primeiro mandato em 2011, no auge de um ciclo econômico de expansão que havia se iniciado em 2004. “Naquele momento, o sistema econômico estava operando no limite da sua capacidade física, por isso a taxa de crescimento da renda foi reduzida, embora o desemprego tenha se mantido baixo”, explica. Os preços aumentaram e com eles, a inflação.

verno se revezando em debates acalourados, há que se atuar para que a crise ética não se transforme em crise social e institucional. “A inquietação das ruas não pode ser desconsiderada”, recomenda.

O objetivo do governo, neste momento, deve ser a recuperação da confiança nas instituições, e a retomada do crescimento econômico. Segundo o cientista político, apenas o pacote fiscal não é suficiente para que o País dê uma guinada e reencontre o caminho do desenvolvimento. Economista e mestre em Economia pelo CEDEPLAR da Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLARUFMG) e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas) nas disciplinas “Macroeconomia” e “Economia Brasileira”, Flavius

flavius Marcus Lana de vasconcelos, economista professor e mestre em Economia

Marcus Lana de Vasconcelos também

analisa o atual cenário de crise nacional

como um fenômeno multifacetado que não pode ser apontado como o pior

de todos os tempos.

“O Brasil já passou por crises econô-

micas muito piores. Em 1982, a crise da dívida externa culminou com a cha-

mada “década perdida”. Os anos 1990

tiveram uma sucessão de crises de

No início de 2015, ao comparar dados do Brasil com países de grau de desenvolvimento similar, chegou-se à conclusão que a situação econômica brasileira era melhor do que a de todos eles. Porém, à medida que o ano se desenrola percebe-se que estes indicadores se deterioram. A primeira justificativa está na presidência e pauta de votações da Câmara dos Deputados. Há que se considerar, ainda, a insistência da mídia conservadora em criar uma situação artificial de crise e, ainda, os arroubos golpistas de uma oposição que se alimenta do radicalismo. 29




CErtifiCAção LEEd

Empresas já dispõem de certificação de energia renovável brasileira As empresas brasileiras interessadas em ter a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) já dispõem de certificados de energia renovável brasileira para obter pontos nesse requisito, sem precisar mais recorrer à energia certificada dos EUA. O reconhecimento da certificação brasileira de energia foi dado pelo U.S. Green Building Council (USGBC). O acordo de reconhecimento estabelecido pelo Green Building Council Brasil (GBCB) permite a compra de certificados de energia renovável de empresas brasileiras, através do Programa de Certificação em Energia Renovável, uma iniciativa da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica ) e da Associação Brasileira de Energia Limpa (ABRAGEL), em parceria com o Instituto Totum. Elbia Silva Gannoum, presidente executiva da ABEEólica.

De acordo com Elbia Gannoum, a utilização o Programa de Certificação de Energia Renovável, como um dos critérios de elegibilidade de um edifício a ser certificado pelo LEED, “é uma conquista importantíssima para este programa brasileiro e tem como objetivo promover a geração de fontes não convencionais de energia”. AGREGAR VALOR

O presidente da ABRAGEL, Charles Lenzi, detalha que o Certificado de Energia Renovável consiste na certificação de empreendimentos de geração de energia renovável que cumpram requisitos pré-estabelecidos, levando-se em consideração aspectos ambientais e socioeconômicos. Já o Selo de Energia Renovável é adquirido pelos consumidores que fazem uso dessa energia certificada, como forma de diferenciar seu consumo, produtos e serviços.

Charles Lenzi,

presidente da ABRAGEL

Com a crise energética, a expectativa é de aumento contínuo na utilização de fontes renováveis não convencionais como eólica, solar, biomassa e PCHs.“Este cenário favorece negócios para certificações em energias renováveis, já que mais empreendimentos serão instalados, ampliando o universo de potenciais clientes para o nosso programa”, afirma Elbia Silva Gannoum, presidente executiva da ABEEólica. 32

“Trata-se de uma iniciativa, que tem o objetivo principal de agregar valor aos empreendimentos de geração e de consumo de energia renovável que, além de cumprir as exigên-


o Certificado e o selo de Energia renovável fomentarão o mercado de energia elétrica gerada a partir de empreendimentos que utilizam fontes renováveis, com alto desempenho técnico, social, econômico e ambiental

cias legais as quais estão sujeitos, desenvolvem programas socioambientais voluntários, que ratificam seus compromissos com a sustentabilidade”, destaca Lenzi.

“Com essas novas soluções, vislumbramos um nicho de mercado que possui um grande potencial no Brasil e certamente evoluirá muito em um futuro próximo. O Certificado e o Selo de Energia Renovável fomentarão o mercado de energia elétrica gerada a partir de empreendimentos que utilizam fontes renováveis, com alto desempenho técnico, social, econômico e ambiental”, salienta.

Segundo Charles Lenzi, as partes envolvidas no processo são beneficiadas diretamente. O gerador pode promover e inserir o certificado obtido nas negociações dos contratos de venda de energia. A empresa que utiliza essa energia certificada agrega valor em seus produtos e serviços a partir do selo de energia renovável, gerando exposição como consumidora e apoiadora de energias renováveis de baixo impacto socioambiental, propiciando ao consumidor final a aquisição de produtos e serviços sustentáveis.

iMpACto soCioAMbiEntAL Os empreendimentos que têm a certificação LEED comprovam que foram projetados e construídos levando em conta aspectos de alto desempenho ambiental (uso racio-

nal de materiais, descarte correto de resíduos, eficiência energética, dentre outros requisitos). Um dos requisitos que contribui para que o empreendimento possa obter sua certificação é o uso de energia renovável - daí que há o encontro das iniciativas do LEED e da Certificação de Energia Renovável da ABEEólica / ABRAGEL. Empreendimentos certificados LEED adquirem energia certificada de empreendimentos de geração com baixo impacto socioambiental.

Fernando Lopes,

diretor do Instituto Totum

O diretor do Instituto Totum, Fernando G. Lopes, afirma que “o Programa do Selo de Energia Renovável da Abeeólica e Abragel é a única iniciativa do mercado de energia que faz a ligação entre produtores de energia renovável de baixo impacto socioambiental e consumidores de energia interessados na promoção dessas fontes diferenciadas, sendo que o Certificado de Energia Renovável é a forma pela qual essa certificação se materializa”. 33


CErtifiCAção LEEd

CitibAnk A primeira empresa no Brasil a buscar a certificação LEED,

utilizando o Programa de Certificação em Energia Reno-

vável foi o Citibank, que comprou 244 certificados, equi-

valentes ao uso de 244 MWh de energia renovável

certificada, de um empreendimento da CPFL Renováveis,

sistEMA

O LEED é um sistema de certificação internacional e orientação ambiental para edificações, que tem como finalidade incentivar a transformação dos empreendimentos e projetos com foco na sustentabilidade. O LEED é utilizado em 143 países e possui sete dimensões que são avaliadas nas edificações. Quando as recomendações são atendidas, a edificação ganha pontos, que podem variar de 40 a 110, concedendo os certificados ouro, prata ou platina. Quanto maior a pontuação da edificação, melhor será o nível do selo conquistado:

• selo LEEd – para empreendimentos que tiveram mais de 40 pontos; • selo LEEd silver - edificações com mais de 50 pontos; • selo LEEd gold - edificações com pontuação superior a 60 pontos; • selo LEEd platinum - edificações com mais de 80 pontos;

34

a SPE Ninho da Águia Energia S.A. A compra de certificados de energia renovável (Renewable Energy Certificate – REC) é um incentivo à produção de energia verde, na medida em que se transformam em créditos nos processos de certificação LEED, explica a arquiteta Márcia Picarelli Davis, diretora da Novva Solutions, empresa responsável pelo processo de certificação LEED para o Citibank.

Essa certificação chegou ao Brasil há oito anos. O País ocupa hoje o 4 º lugar no ranking mundial dos países mais preocupados com a construção sustentável, a edificação ou espaço construído que teve na sua concepção, construção e operação, o uso de conceitos e procedimentos reconhecidos na sustentabilidade ambiental, proporcionando benefícios econômicos, na saúde e bem-estar das pessoas.

O Certificado e o Selo de Energia Renovável foram desenvolvidos por um grupo técnico cuidadosamente escolhido pela ABEEólica e pela ABRAGEL, composto por diversos especialistas nas áreas de energia, sustentabilidade, mercado e certificação. A gestão do Programa fica sob a responsabilidade do Instituto Totum, uma certificadora especializada em programas de autorregulamentação e selos setoriais, acreditada pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro para Gestão da Qualidade NBR ISO 9001. As produtoras de energia que já receberam esse selo verde no Brasil estão listadas no site http:www.seloenergiarenovavel.com.br.


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rEprEsEntAtividAdE

Compur elege novos conselheiros Sociedade civil deve se organizar para atuar nos conselhos A criação dos Conselhos foi uma das recomendações da Constituição Cidadã de 1988, para incentivar e legitimar a participação popular nas decisões do poder público, nas três esferas da administração. Criado em 1996, pela lei nº 7165, o Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) implementa e monitora as normas e leis do Plano Diretor e da Lei de Parcelamento e Ocupação e Uso do Solo.

Segundo o secretário municipal adjunto de Planejamento Urbano, Leonardo Castro, a participação da sociedade civil, por suas entidades e segmentos é um instrumento capaz de produzir aderência entre a atividade do poder público e as aspirações da população para a qualidade de vida na cidade.

Júlio De Marco, vice-presidente do CAU-MG

No entanto, o maior questionamento em relação à composição do Compur está justamente na representatividade dos moradores da capital mineira, conforme a previsão regimentar. Segundo o vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo – Seção Minas Gerais (CAUMG), Júlio De Marco, incluir, no setor popular, a Câmara Municipal de Belo Horizonte, é uma questão regimentar que já deveria ter sido equalizada.

36

“O CAU-MG não tem cadeira no Conselho, mas entendemos que a Câmara Municipal é parte da administração pública”, afirma.Atualmente, a entidade participa indiretamente do Compur, por meio de colegas de outras entidades que representam a Arquitetura e Urbanismo e os profissionais da área.

Para ampliar o canal de diálogo, o CAU-MG criou uma comissão de Política Ambiental e Urbana, que pretende abrir um canal de comunicação direto com o poder público para fazer sugestões de melhorias em bases técnicas, para o município.

Outra crítica do dirigente é quanto à representatividade do setor técnico. “Entidades profissionais, organizações não governamentais (ONGs) e universidades são colocadas no mesmo grupo quando suas atribuições são distintas”, avalia. O presidente da Comissão de Cidadania e dos Interesses da Sociedade da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG), advogado Wilson Campos também entende que o Compur não é paritário, ou seja, a representatividade das forças não é igualitária nos processos decisórios.

“Com 16 membros, oito são da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e os outros oito são da sociedade civil entre técnicos, representantes de entidades patronais e apenas dois do setor popular propriamente dito. Com isso, na maioria das vezes, ganha o poder público e a iniciativa privada”, aponta.


Por isso, o setor popular deve ficar atento e acompanhar o projeto de lei que está em tramitação na Câmara Municipal de Belo Horizonte.“O debate está parado e as propostas apresentadas pela sociedade foram retiradas do documento”, afirma.

Segundo o advogado, a comissão da OAB trabalha na defesa dos interesses da coletividade e da cidadania, encaminhando reivindicações de associações de moradores para o Ministério Público, para apuração de fatos e instauração de inquéritos.

“A Prefeitura quer substituir o viaduto Batalha dos Guararapes, que caiu na Avenida Pedro I por uma trincheira, mas a população não quer. A democracia ainda é muito tênue e as associações de moradores não estão organizadas para defender os direito da cidade como um todo”, destaca. Outra atividade da comissão é o acompanhamento de processos de desapropriação e pagamento de indenizações para as famílias.

Wilson Campos, presidente da Comissão de Cidadania e dos Interesses da Sociedade da OAB-MG

Wilson Campos reconhece que o encaminhamento das demandas, pela sociedade, requer energia e persistência e que os resultados são lentos. “Mas vale a pena porque é a população que usa as ruas, matricula filhos nas escolas, se interna nos hospitais e usa o serviço de saúde, convive com a falta de saneamento básico e com obras de viadutos e trincheiras, perto de suas casas e, no final, paga as contas. O poder público não pode só bater martelo e impor mudanças”, conclui.

ConhEçA A novA CoMposição do CoMpUr SETOR TÉCNICO

SETOR POPULAR

sEtor EMprEsAriAL

Titular 1: Sindicato dos Arquitetos de MG –

Titular 1: Associação de Desenvolvimento do

Titular 1: Federação dos Industriais do Estado

SINARQ-MG

Bairro São Gabriel e Adjacências

de Minas Gerais - FIEMG

Suplente 1: Cáritas Brasileira Regional MG

Suplente 1: Núcleo Habitacional Central de

Suplente 1: Sindicato das Empresas Adminis-

Minas Gerais - NUHAC

tradoras de Imóveis, Corretoras de Imóveis,

Agronomia de MG – CREA-MG

Titular 2: Associação dos Proprietários e dos

Incorporadoras de Imóveis e Urbanizadoras

Suplente 2: Sociedade Mineira de Engenhei-

- "Canto da Mata"

Titular 2: Conselho Regional de Engenharia e

ros – SME Excedente 1: Instituto Mineiro de Educação e Cultura - UNI-BH S.A Excedente 2: Instituto Mineiro de Engenharia – IMEC

Moradores de Parte do Bairro Estoril - 3ª Etapa Suplente 2: Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Santo Agostinho - AMAGOST Excedente 1: Associação de Moradores Sem

da Região Metropolitana de Belo Horizonte SECOVI-MG Titular 2: Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - ABRASEL-MG Suplente 2: Grupo de Empresas Mineiras de

Casa do Bairro Cardoso e Adjacências de Belo

Arquitetura e Urbanismo - GEMARQ

Horizonte

Excedente 1: Sindicato Nacional das Empre-

Excedente 2: Associação Pró-Civitas dos Bair-

sas de Arquitetura e Engenharia Consultiva -

ros São Luiz e São José

SINAENCO-MG

37


Cds | sME COMITê DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Virgínia Campos, Vice-Presidente da SME e Coordenadora do CDS/SME

V

isando abrir o assunto para as reflexões

Nos grandes centros urbanos, principalmente, o im-

e discussões, continuaremos a aborda-

pacto ambiental decorrente da ausência da destina-

CDS/SME, em edições futuras de nossa

urgente necessidade de solução para o problema, a

gem desse tema na Coluna do

revista, com o objetivo de encontrar soluções criati-

vas para o problema.

Nosso colega José Augusto Tropia (1) trouxe, para as discussões do CDS/SME, a questão da reciclagem de

lixo e uma reflexão sobre a distância nos dias de

hoje entre o que é desejável e o que tem sido pos-

sível. Segundo ele, como tudo na vida, também na disposição e reciclagem do lixo há um muito dese-

jável (e mesmo obrigatório) e o pouco possível. A

lista das necessidades nesse campo é enorme, quase

tudo ainda está por fazer. E é no campo das ações concretas que encontramos o caminho para as soluções dos problemas.

ção do lixo é muito significativo. Não obstante a maioria das prefeituras solicita prazos para se ade-

quar à legislação que proíbe os chamados “lixões”. Então, onde está o possível? Frente a real dificuldade

na correta disposição do lixo, estaria o contraponto na adoção firme e incondicional da redução obrigatória do volume a ser disposto através da coleta se-

letiva?

A resposta passa pelo entendimento do que é pos-

sível reciclar, e para isso é necessário o entendi-

mento do que são os Resíduos Sólidos, tema da matéria de nossa coluna, escrita com base em artigo do engenheiro e professor José Cláudio Ribeiro Junqueira, disponível na íntegra no site da SME.

(1) José Augusto Tropia Reis é Engenheiro, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto e Engenharia Econômica pela PUC.Trabalhou no BDMG por 50 anos onde ocupou diversos cargos como Diretor,Vice Presidente, Presidente e Presidente do Conselho de Administração. Foi Secretário de Estado da Fazenda, Diretor do Banco de Crédito Real, Diretor da Seguradora Bemge, Corretora de Valores do Credireal e da Diminas.

38



O que são resíduos sólidos? José Cláudio Junqueira Ribeiro* Os resíduos sólidos são considerados materiais descartados que sobram de um processo de produção ou de consumo, sem utilidade, sem valor, indesejáveis, genericamente denominados de lixo. Segundo o Dicionário Aurélio lixo é tudo o que não presta e se joga fora.

Assim, denominamos resíduos sólidos o lixo de nossas casas, os entulhos da construção civil, as embalagens em geral, os resíduos que sobram das atividades comerciais, industriais, de mineração, da agropecuária, dos serviços de saúde, enfim, todos esses materiais que se encontram no estado sólido da matéria e restaram de um processo de produção ou consumo.

São também considerados resíduos sólidos os líquidos não passíveis de tratamento, a exemplo de substâncias químicas (ácidos, alcoóis, tintas, etc.) e gases com data de validade vencida, ou sem utilidade.

A Norma NBR 10004 indica que resíduos sólidos e semisólidos resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição, o lodo proveniente do tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, entre outros .

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010 , estabelece os resíduos sólidos como todo material e substância, gases contidos

40

Este artigo está disponível na íntegra no site da sME, basta acessar o link: www.sme.org.br/artigoresiduosolido

em recipientes e líquidos que não pode ser lançados na

rede pública de esgoto ou em corpos d’ água. Dessa

forma, a denominação Resíduos Sólidos abrange substâncias nos três estados da matéria: sólido, líquido e gasoso.

De acordo com a Lei Nacional, esses resíduos podem

ser classificados quanto à origem ou periculosidade. Se

de origem doméstica, industriais, de limpeza de vias pú-

blicas, de atividades agropecuárias, mineração, entre

outros, ou pela característica de risco que carregam:

inflamáveis, corrosivos, tóxicos, reativos, patogênicos,

ou que colocam em risco a saúde da população e a

qualidade do meio ambiente.

rEsÍdUos sóLidos UrbAnos (rsU) Os resíduos gerados em domicílios, além daqueles prove-

nientes dos serviços públicos de limpeza urbana, são de-

nominados Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Os

habitantes de áreas urbanas estão obrigados a acondicio-

narem seus resíduos, de acordo com as normas sanitárias gerais e as especificações existentes em cada município.

O crescimento da população urbana somado ao desen-

volvimento econômico e tecnológico, que muito poten-

cializam a sociedade de consumo, vem proporcionando

aumento e diversificação significativos na geração dos

RSU, um dos grandes problemas ambientais no mundo.


rEsÍdUos dA ConstrUção CiviL (rCC) Os resíduos da construção civil resultantes de obras, reformas, reparos, escavações, etc., compostos por tijolos, concretos, argamassas, cerâmicas, tintas, madeiras, vidros, plásticos, tubulações, sacos de cimento, entre outros, comumente denominados de entulho, são agrupados em quatro classes: A, B, C e D, conforme disposto na Resolução Conama n. 307 de 2002, alterada pelas Resoluções Conama 348 de 2004, 431 de 2011 e 448 de 2012.

A classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, que se subdivide em três categorias: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.

A Classe B são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.A Classe C são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. A Classe D são resíduos perigosos, oriundos do processo de construção (tintas, solventes, óleos), ou aqueles prejudiciais à saúde originários de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais, bem como telhas e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde . Os RCC devem ter o gerenciamento adequado, pois apesar de serem considerados de baixa periculosidade, causam impacto pelo grande volume de geração, apresentando graves problemas na maioria das cidades brasileiras, principal-

mente pela disposição irregular em áreas periféricas, terrenos baldios, margens de cursos de água. Estima-se que os resíduos da construção civil (RCC) representam cerca de 50% a 70% da massa de resíduos sólidos gerados em nossas cidades. rEsÍdUos sóLidos indUstriAis E dE MinErAção Os resíduos gerados nos processos industriais e de mineração, como os RCC, são de inteira responsabilidade das empresas geradoras, que devem proceder conforme o previsto na PNRS. Esses resíduos devem ser objeto de análise segundo a norma brasileira da ABNT – NBR 1004 para verificar sua classificação como perigosos (classe I) ou não perigosos (classe II); e se não perigosos, como não inertes (classe II-A) ou inertes (classe II-B). Os resíduos classe I devem ser tratados ou com disposição final em aterros especiais, denominados aterros classe I licenciados para esse tipo de resíduos. Os resíduos industriais classe II devem ser enviados para disposição em aterros industriais. Entretanto, a codisposição desses resíduos industriais com os resíduos sólidos urbanos pode ser admitida nos casos em que as características e os volumes sejam compatíveis com o projeto e a vida útil do aterro sanitário.

No caso da mineração há geração de enormes volumes de resíduos, sendo principalmente os estéreis e os rejeitos. Além disso, gera resíduos resultantes da utilização de veículos e maquinários, como pneus, baterias, embalagens de óleos, etc.

Os estéreis são os materiais resultantes das primeiras camadas da escavação para decapeamento das minas, que não contêm concentração de mineral com valor econômico, sendo dispostos em pilhas. Os rejeitos são gerados nos processos físicos e/ou químicos de beneficiamento do minério. 41


Na atividade de mineração, a destinação final adequada mais utilizada ainda é a barragem de rejeitos, construídas com solo natural ou com os próprios rejeitos. Essas infraestruturas têm se constituído em grande preocupação para o setor de mineração e para os administradores públicos pelos riscos que representam. O Estado de Minas Gerais, pela experiência com os desastres ocorridos nos anos de 2003, 2005 e 2007, desenvolveu sistema de avaliação para prevenção e redução de riscos por rompimento de barragens, considerado exemplar nos níveis nacional e internacional. Os resíduos sólidos devem ser segregados na fonte de geração, priorizando ações para a redução, reutilização e reciclagem, enviando para o tratamento ou disposição final adequada os que não puderam ser reutilizados ou reciclados.

Em Minas Gerais, o principal destino dos resíduos perigosos e não perigosos é a própria indústria, sendo que para os perigosos o coprocessamento em fornos de cimento apresenta-se como a alternativa mais utilizada. rEsÍdUos EspECiAis Os Resíduos Especiais como embalagens de agrotóxicos e de óleos lubrificantes, pneus, pilhas e baterias, lâmpadas e de equipamentos eletroeletrônicos estão sujeitos à logística reversa, de responsabilidade dos fabricantes, transportadores e rede varejista, que devem estabelecer sistema de coleta e destinação final por meio de acordos setoriais.

42

ConsidErAçõEs finAis Como se pode observar, os resíduos, independentemente da origem, podem ser classificados como perigosos ou não. Esta classificação é que determina os cuidados necessários para seu gerenciamento, largamente especificados nas normas técnicas e legais. A segregação na fonte de geração é fundamental para simplificar procedimentos e reduzir custos no gerenciamento dos resíduos sólidos.

A PNRS conceituou rejeito como o resíduo que não apresenta viabilidade técnica ou econômica para reutilização ou reciclagem. Observa-se então que rejeito é um conceito dinâmico, pois um material que hoje não dispõe de tecnologia para reciclagem, ou viabilidade econômica para tal, pode dispor no futuro.

O dito popular “o melhor resíduo é aquele que não é gerado” traduz bem a necessidade da reflexão para o esforço individual e coletivo em direção à não geração de resíduos ou redução, segregação, reutilização, reaproveitamento, reciclagem, tratamento e disposição final. José Cláudio Junqueira ribeiro, é doutor em saneamento, Meio Ambiente e recursos hídricos pela UfMg e professor do Mestrado em direito Ambiental e desenvolvimento sustentável da Escola superior dom helder Câmara (EsdhC).


43


dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL

novAs MEtAs pArA 2030 AS NAçõES VOLTAM A SE REUNIR PARA ERRADICAR O DESPERDíCIO DE RECURSOS NATURAIS Luciana sampaio

Para marcar o início do novo século, em setembro de 2000, 189 nações firmaram acordo para combater a extrema pobreza e males que afetam o desenvolvimento social dos países de uma forma geral. Essa proposta foi resumida nos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), metas definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) que devem ser cumpridas até o final de 2015.

Neste ano, na próxima edição da Reunião Plenária de Alto Nível da Assembléia Geral da ONU, também chamada Cimeira das Nações Unidas, que acontece tradicionalmente em setembro, em Nova York, chefes de Estado, organizações da sociedade civil, fundações e setor privado vão se reunir novamente para avançar em relação às metas iniciais dos ODM, com a aprovação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), para os próximos 15 anos.

Segundo o engenheiro metalurgista e ex-funcionário do escritório da agência da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), Milton Nogueira da Silva, o que se pretende, com os ODS é fortalecer uma proposta de desenvolvimento igualitário para as nações, independente do regime político, religião ou tradições culturais.

44

Milton Nogueira da Silva,

engenheiro metalurgista e

ex-funcionário da agência

da ONU para o Desenvol-

vimento Industrial (Unido)

No total, são 17 objetivos e 169 metas sobre questões de desenvolvimento sustentável, que pautarão a nova agenda de desenvolvimento da ONU. Um dos objetivos aborda especificamente os meios de implementação e financiamento da sustentabilidade. Já os outros 16 são temáticos, e procuram aumentar o alcance dos ODM (pobreza, saúde, educação, gênero) e promover a sustentabilidade econômica (crescimento inclusivo, empregos e infraestrutura) e ambiental (mudança do clima, oceanos e ecossistemas, consumo e produção sustentável). Esses aspectos estarão aliados às sociedades pacíficas e inclusivas (agenda de governança, Estado de direito, violência).


A nova pauta da onU para desenvolvimento sustentável tem 17 objetivos e 169 metas

sEtor prodUtivo A proposta dos ODS recomenda mudanças. Por isso, a

implementação das metas depende de uma parceria glo-

bal com a participação de governos, sociedade civil,

setor privado e da ONU. O que se espera, segundo Nogueira, é que setores econômicos revejam suas práticas para que a sustentabilidade se traduza em práticas e

processos e não apenas em estratégia de marketing.

A meta central é garantir que as próximas gerações encontrem, no planeta, os mesmos recursos disponíveis

Nesse contrato entram a quantidade e qualidade da

água. Florestas e solo agricultável também devem ser

usados com sustentabilidade. A regra também vale para

insetos, aves, minerais (de uso econômico ou não), ge-

leiras e outros recursos naturais. Já aspectos como pro-

dução cultural, religião, regimes políticos e demais

produtos da sociedade não são considerados.

Para assegurar que essas regras sejam acatadas e regulamentadas, os ODS vão propor que o mercado deixe

de ser o centro das discussões para que a esfera polí-

tica dos países assuma a responsabilidade pelas deci-

atualmente, conforme o conceito original da palavra

sões que afetam a coletividade. “Ao invés do mercado,

dos ODS é preservar o recurso natural sem limitar o

se alcançar objetivos comuns”, adianta. Para tanto, os

sustentabilidade, desenvolvido há 25 anos. “O objetivo

crescimento das famílias e da população. A ONU de-

fende o direito ao progresso, vida mais longa com educação, conforto e saúde”, ressalta.

a política é o meio mais poderoso e democrático para

representantes eleitos devem estar melhor qualificados

para compreender as reais demandas das comunidades e dos países e atuar nessa direção.

45


dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL

OS OBJETIVOS GLOBAIS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

MUdAnçAs A vistA

A Engenharia está no centro das mudanças necessárias

para que os países consigam cumprir as metas do ODS. O desenvolvimento de soluções que permitam

otimizar o uso de recursos naturais e minerais e a revisão de processos produtivos são parte desse processo que visa reduzir e/ou eliminar o desperdício.

A prática da irrigação, no agronegócio, e o uso da água para a lavagem dos minérios merecem maior atenção das empresas desses setores.

Na área ambiental, projetos sérios de despoluição de

rios podem gerar melhorias para a sociedade. O Rio

Tâmisa, em Londres, passou por um processo do gê-

nero e voltou a ser sustentável. Quantos rios, no Brasil,

poderiam ressurgir?

Na indústria automobilística, a construção dos carros também deve ser repensada. “Hoje, a dona de casa tem

um veículo similar ao que foi usado pelos Estados Unidos para invadir o Iraque só para levar o filho pequeno na escola”, exemplifica.

Na área ambiental, projetos sérios de despoluição de

rios podem gerar melhorias para a sociedade. O Rio

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Tâmisa, em Londres, passou por um processo do gênero e voltou a ser sustentável. Quantos rios, no Brasil, poderiam ressurgir?

Na indústria automobilística, a construção dos carros também deve ser repensada. “Hoje, a dona de casa tem um veículo similar ao que foi usado pelos Estados Unidos para invadir o Iraque só para levar o filho pequeno na escola”, exemplifica. O desperdício também pode ser combatido na indústria moveleira e nas fábricas de tecidos. Um exemplo é o jeans, que chega ao consumidor final com efeito de usado. “São centenas de litros de água potável para a peça ficar como aquele aspecto. Basta os grandes estilistas do mundo promoverem o modelo tradicional que tudo isso muda e serão economizados trilhões de litros de água”, sugere.

Na área da Engenharia de Alimentos, a produção de itens tem sido maior que o crescimento da população. Mesmo assim, o agronegócio atua para aumentar a sua área de cultivo. Segundo o engenheiro, a desnutrição que ainda afeta o planeta acontece porque os gêneros estão no lugar errado. Mais uma vez, o que é desperdiçado por uma comunidade, falta para outra, do outro lado do planeta.


ERRADICAR A POBREZA

ENERGIA SUSTENTÁVEL

MUDANÇA DO CLIMATICA

ERRADICAR A FOME

CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL

USO SUSTENTÁVEL DE RIOS E OCEANOS

GARANTIR EDUCAÇÃO INCLUSIVA

ASEGURAR A VIDA

REDUZIR AS DESIGUADADES SOCIAIS

INOVAÇÃO E INFRAESTRUTURA

SOCIEDADES PACÍFICAS E INCLUSIVAS

USO SUSTENTÁVEL DE ECOSSISTEMAS TERRESTRES

1) Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos 11) os lugares;

POMOVER A IGUALDADE DE SEXOS

ACESSO A ÁGUA E SANEAMENTO

CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

CONSUMO E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS

PARCERIAS PARA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclu-

sivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

2) Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, me- 12) Assegurar padrões de consumo e produção sustentálhorar a nutrição, e promover a agricultura sustentável;

veis;

3) Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar 13) Tomar medidas urgentes para combater a mudança do para todos, em todas as idades;

clima e seus impactos;*

4) Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade,

*Reconhecendo que a Convenção-Quadro das Nações Unidas

e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida

sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal fórum in-

para todos;

ternacional e intergovernamental para negociar a resposta

5) Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;

6) Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e

global à mudança do clima.

14) Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

saneamento para todos;

7) Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos;

15)

Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos

ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater à desertificação, bem como deter e rever-

8) Promover o crescimento econômico sustentado, inclu-

ter a degradação do solo e a perda de biodiversidade;

sivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho

16) Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o de-

decente para todos;

9)

Construir infraestrutura resiliente, promover a indus-

trialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;

senvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;

10) Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles; 17)

Fortalecer os mecanismos de implementação e revi-

talizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. fonte: onU - odM - ban ki-moon - Agenda pós-2015 - ods


hoMEnAgEM | EngEnhAriA

dirigentes da sME serão homenageados pelo Colégio de Entidades, vinculados ao CrEA-Mg A engenheira civil e vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) foi indicada pelo Colégio de Entidades, para receber a homenagem no próximo dia quatro de dezembro. A cerimônia será realizada no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), a partir das 19 horas.

Graduada pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), ela é pós-graduada em Saneamento, Meio Ambiente e Recurso Hídricos pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A engenheira foi gerente de projetos no setor de saneamento e meio ambiente na Leme Engenharia entre 1985 e 1991, quando fundou a Limiar Engenharia Ltda, especializada no desenvolvimento de relatórios e aplicação de tecnologias relacionadas ao processo produtivo do setor industrial, estudos e licenciamentos ambientais para empresas de diversos setores econômicos. No setor de energia, a experiência acumulada se dá através do desenvolvimento de estudos e licenciamento ambiental de Usinas Hidrelétricas, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), Usinas Termelétricas, Usinas Eólicas e Usinas Fotovoltaicas, que juntas somam mais de 3.000 MW de capacidade em vários estados do Brasil. Entre 2008 e 2011,Virgínia Campos foi presidente da SPE Cristina Energia S.A.

A iniciativa visa valorizar os profissionais, promover a interação entre as Engenharias e, ainda, assegurar à sociedade a qualidade dos serviços prestados. O presidente do Sindicato dos Geólogos no Estado de Minas Gerais, Singeo-MG,

48

Antônio Geraldo da Silva, disse que o Colégio de Entidades fez a indicação dos homenageados, totalizando 20 entidades. “Dessa maneira, não apenas os profissionais, mas as empresas que se destacaram durante o ano serão agraciadas”, afirma o dirigente.

A engenheira agradece a homenagem. “Surpresa, dada à minha participação na SME ser tão recente, com a gestão iniciada em 2014, agradeço por, não obstante o curto tempo de convívio na instituição, ter tido meu nome lembrado pelos colegas”, destaca.

A experiência na SME tem sido valorosa. “Temos discussões criativas de altíssimo nível, tratamos de assuntos importantes para a valorização da Engenharia, dos engenheiros do Estado de Minas Gerais e do Brasil. Neste ambiente descontraído, porém comprometido seriamente na busca de soluções e entendimentos, busco praticar um conselho que ouvi há tempos de um amigo, de que o bom profissional descansa exercendo outra atividade”, disse. O engenheiro eletricista Fabiano Soares Panissi, graduado pela Pontifícia Universidade Católica no ano 2000, também receberá a homenagem pela sua atuação e engajamento nas causas defendidas pela SME desde os tempos da universidade. “A convite de um colega, assisti a uma palestra muito interessante na SME. Era uma sexta-feira a noite. Eu gostei, me associei e não parei mais de participar da entidade e das comissões. Passei pelas áreas de Energia,Telecomunicações e Desenvolvimento Gerencial e posso dizer que essas oportunidades têm sido importantes para o meu crescimento profissional”, destaca.


49


dEsEnvoLviMEnto sUstEntávEL

sEtor dE CiMEnto AdotA prátiCAs sUstEntávEis Setores econômicos que percebem o grau de exaustão da natureza têm se adiantado para criar soluções sustentáveis. A alarmante situação dos reservatórios brasileiros e as tarifas de energia cada vez mais altas forçaram o setor de cimento a encontrar alternativas para baratear a produção e gerar menos impactos para o meio ambiente.

Lúcio Silva,

presidente do Siprocimg

de conscientização direcionado para os funcionários. O resultado foi reconhecido pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC). Em abril deste ano, a empresa obteve 100% de aproveitamento na auditoria realizada pela Associação. O investimento começou há cinco anos, com a troca de equipamentos e adequação dos processos como a instalação e monitoramento da ETE (Estação de Tratamento de Efluente Industrial). Nesse período, foram investidos R$ 1,6 milhão para reduzir o consumo de água em 20%. A conta de energia ficou 25% menor. A campanha de conscientização e a implantação de coleta

Wilson Mozer, diretor

Antes considerado “vilão”, em função do grau de poluição devido aos processos produtivos que adotava, o segmento deu a volta por cima e, hoje, dá o exemplo quando o assunto é sustentabilidade. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento de Minas Gerais (Siprocimg), Lúcio Silva, as empresas do setor estão fazendo a sua parte. “Temos exemplos de todos os tipos: tanto as mais elaboradas quanto as soluções mais simples que resultam, efetivamente, na economia de água. É papel de cada indústria incorporar à sua realidade os processos aos quais melhor se adapta, gerando, assim, um ciclo sustentável para toda a sociedade”, afirma.

A boa notícia para os empresários é que há investimentos para todos os bolsos. A Premo Soluções Construtivas, além de incorporar práticas de economia de água em sua linha de produção, adotou um programa

50

da empresa Uni-Stein

seletiva diminuiu em 10% as perdas de matérias-primas, além da minimizar os resíduos volumosos de concreto gerados na limpeza das centrais e caçambas.

Na Uni-Stein, o sistema produtivo 100% automatizado, composto por máquinas com tecnologia de ponta, é um dos grandes responsáveis pela economia de água observada. O diretor da empresa, Wilson Mozer, conta que, em meados de 2011, todo o processo de modernização da fábrica foi finalizado. O investimento para a adaptação, que inclui todo o maquinário voltado também para a economia de água e sustentabilidade, ficou em cerca de R$ 6 milhões.


Lúcio Araujo,

diretor da Vigafort

EConoMiA nA prátiCA Confira algumas ações desenvolvidas para diminuir o consumo de água dentro de uma empresa de produtos de cimento:

Investimentos mais modestos não deixam de

trazer resultados significativos. Segundo o di-

1) readequação

do processo de lava-

gens de veículos e máquinas internas;

2) Uso de produtos biodegradáveis com

retor da Vigafort, Lúcio Araujo, o sistema que

maior diluição;

custo total de cerca de R$ 2 mil, e em 10 dias

3)

lonas utilizadas no processo de cura do ci-

mento medem aproximadamente 300 m², cus-

4) substituição de torneiras e descargas

dois anos.

cas e caixas acopladas;

integra a caixa d’água de 20 mil litros teve um

todo o sistema estava em funcionamento. As tam cerca de R$ 3 mil e têm uma vida útil de

instalação de bancos capacitores

para reduzir o consumo de energia;

convencionais para torneiras automáti-

5) reaproveitamento da água do pro-

O próximo investimento da Vigafort para será

cesso de resfriamento de “solda-topo”;

Esmeraldas, onde haverá uma caixa d'água

6) Campanhas internas com os funcio-

na nova unidade de produção, localizada em

com capacidade de 198 mil litros de água, que

coletará água de chuva do terreno, que tem

2.900 m² em galpões. A previsão é que o sistema fique pronto em quatro meses, mediante aporte de R$ 40 mil.

nários, conscientizando-os do uso responsável de água nas áreas comuns da empresa. (fonte: premo soluções Construtivas)


tELECoMUniCAçõEs

de Minas para o brasil

N

CEMIGTelecom moderniza e amplia sua rede, para atender o mercado corporativo

a contramão da crise nacional e com expectativa de crescimento, a CEMIGTelecom, empresa da holding Cemig que atua no segmento de tecomunicações, tem investido para ampliar a capacidade da sua rede com foco nas necessidades do mercado corporativo.

Em agosto deste ano, a companhia que foi criada em 1999 com o nome de Infovias, concluiu aporte de R$ 40 milhões para modernizar a sua rede de fibra óptica com a implantação da tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing ou, no português, Multiplexação por divisão de Comprimento da Onda). Com isso, o serviço

52

da CEMIGTelecom ganhou mais velocidade e segurança, já que não há risco de quedas do sistema, que é todo interligado.

Na prática, o novo sistema funciona a partir da combinação de canais ópticos que multiplicam a capacidade da fibra e permite o tráfego de dezenas de canais de alta velocidade, de até 100 Gbps. Dessa forma, a oferta de serviços como trânsito de dados, sinais, telefonia celular e fixa, TV a cabo e transmissão de redes bancárias opera a partir de uma rede de qualidade inquestionável e com menor custo.

Com experiência comprovada na área de Energia, o presidente da CEMIGTelecom, engenheiro mecânico e eletricista

AloísioVasconcelos, assumiu a gestão da empresa no início deste ano.“Este investimento representa um avanço muito grande porque aumentamos muito a nossa capacidade. Recolocamos a CEMIGTelecom na ponta, para serviços de telecomunicações em geral”, afirma.

Atualmente, a rede da CEMIGTelecom tem 5.500 km de infraestrutura própria e mais 2.700 km de cabos ópticos em 76 cidades de Minas Gerais e outras 18 nos Estados de Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará.“Agora já ingressamos no Rio Grande do Norte e Paraíba. Fora a região Sul do País, que tem uma empresa do setor, nossa meta é expandir nossa rede para todas as outras regiões”, adianta Vasconcelos.


Aloísio vasconcelos, presidente da CEMigtelecom

Para dar o suporte necessário, a empresa está contratando no Nordeste e também no Centro-Oeste.

Na mira da empresa, que já fornece serviços variados as grandes operadoras de telefonia, Caixa Econômica Federal (CEF) e outros bancos, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Patrus Logística e Lojas Rede, está o mercado corporativo. “Nessas empresas, a demanda por comunicação de qualidade é essencial. O que oferecemos é uma rede que cobre 100% da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) que já tem fibra ótica redundante e, agora, DWDM. Ninguém tem isso”, destaca.

A área de telecomunicações requer decisões rápidas e precisas. “Diferente da área de Energia, onde tudo acontece lentamente até chegar ao ponto máximo, em Telecom tudo requer agilidade. Os fenômenos acontecem rapidamente o que exige que estejamos sempre um passo a frente”, analisa Vasconcelos.

No caso da CEMIGTelecom , o tal “passo a frente” é o projeto Small Cells, que são pequenas antenas que melhoram a cobertura dos sinais de 3G e 4G com maior velocidade, o que é melhor, substituem as similares que foram incorporadas à paisagem das cidades. Desenvolvido em Sete Lagoas, esse programa tem eficiência garantida. Outro projeto em fase de estudo é uma parceria com grupo privado para

a criação de uma nova empresa privada especializada em infraestrutura de rede.“Nesse projeto, teremos 49% das ações, mas a sede da empresa, o recolhimento dos impostos será em Minas Gerais, embora o plano seja para atuação nacional. A expectativa de dar certo é muito grande”, adianta. Com essa iniciativa, haverá grande demanda por engenheiros e técnicos para a nova empresa, também em Minas Gerais.

Para manter a visibilidade, a empresa também está reestruturando o seu setor comercial para ingressar em outros segmentos, como o de condomínios. Em Belo Horizonte, há mais de 100 grandes empreendimentos do gênero e que a CEMIGTelecom está em pouco mais de 20 deles com a Rede GPON, que inclui todos os serviços disponíveis.

rEsULtAdos

Com abordagem social e econômica, o projeto de inclusão social acoplado á rede Cemig, visa reduzir as instalações de energia clandestinas (gatos) que representam grande perda para a empresa. A CEMIGTelecom fornece o serviço de wifi gratuito para que o cidadão possa acessar a internet, mas a contrapartida é que o morador esteja integrado ao sistema e com a conta paga.

Na década passada, a CEMIGTelecom registrou faturamento positivo, com resultados razoáveis, segundo Vasconcelos. “O mérito é de quem estava aqui”, destaca. No entanto, os anos de 2013 e 2014 não seguiram a mesma regra e a empresa registrou prejuízo de R$ 15 milhões no último balanço.

“Neste ano, com as providências que tomamos para modernizar a gestão e eliminar focos de desperdício, temos expectativa de retomar a trajetória de crescimento.“Se conseguimos entregar dividendos para nossos acionistas, também garantimos a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para nossos empregados em 2016”, justifica.

O principal, segundo o executivo, é manter o otimismo. No caso do setor de Telecom, as perspectivas são muito positivas. “Não há cenário de retrocesso porque nenhuma empresa de grande porte pode trabalhar sem esse tipo de serviço”, disse.

soCiAL

“Esse é um projeto onde todos ganham. A empresa ganha porque vai reduzir as perdas e garantir a segurança da população. O usuário também ganha porque terá um serviço de qualidade e uma conta no seu nome. Já a CEMIGTelecom vai ter uma parcela do ganho da Cemig”, explica o engenheiro.

A instalação do sistema já está em estudo para dois bairros, um na divisa de Belo Horizonte com Ribeirão das Neves e outro nas proximidades de Santa Luzia. O sinal será garantido por antenas repetidoras que serão instaladas em pontos estratégicos. 53


JovEM EngEnhEirA

|

JULiAnA CostA MorAis dos sAntos

Escolha responsável

Projetos ambientais se efetivam na prática das organizações

A

expertise de uma organização, qualquer que seja, depende da qualidade dos profissionais que lá trabalham. A área de Engenharia não foge à regra. A engenheira de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente da construtora mineira EPO, Juliana Costa Morais dos Santos, 30 anos, vive às voltas com algum projeto novo para otimizar essa que é uma das mais importantes áreas do negócio e – mais que isso – um forte diferencial competitivo para fidelizar clientes e incrementar os resultados. Graduada em Engenharia Ambiental pela Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec) em 2008, ela foi uma das participantes do evento paralelo promovido pela Sociedade Mineira dos Engenheiros (SME) em junho, durante a Construir Minas, no Expominas, para relatar a experiência da EPO na área ambiental. A Engenharia entrou na vida de Juliana Santos de forma planejada. “Fiz uma pesquisa bem ampla sobre as profissões e optei pela Engenharia Ambiental no ano da formatura. Um pouco de ideologia e a afinidade com a área pesaram na minha escolha”, comenta. Ela sabia que

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essa é uma área que estava – e ainda está – em trajetória de crescimento, com demanda crescente por empresas de todos os setores que pretendem investir em sustentabilidade ou que precisam acompanhar, mais de perto, processos de licenciamento em curso e as mudanças da legislação.

O estágio foi o passo inicial para ingressar no mercado de trabalho, no 5º período do curso. Logo após a formatura, Juliana Santos foi contratada pela Azurit Engenharia, empresa de consultoria especializada em licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas e recursos hídricos. Nessa empresa, ela começou como estagiária e chegou a coordenadora técnica, trabalhando com elaboração de diagnósticos ambientais, avaliações de impacto, propostas de medidas mitigadoras, outorgas de direito de uso de recursos hídricos, estudos de modelagem da qualidade da água (Autodepuração), gerencialmente de processos de licenciamento ambiental, negociações com prefeituras, comitês de bacias hidrográficas (CBH), conselhos, empreendedores e participação em audiências públicas. “Foi um aprendizado muito grande”, constata.


Juliana Souza ingressou na EPO em 2014, após concluir a especialização em Segurança do Trabalho, pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais (FEAMIG) e cursos de Gestão da Qualidade. Ela também tem um título de especialista em Engenharia Sanitária, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O universo da construção civil, até então desconhecido, tornou-se o seu mais novo desafio, já que a Engenharia Ambiental cabe em todos os processos, desde os projetos até a gestão dos canteiros de obras. “Já tivemos grandes avanços que vão da mobilização por meio da educação ambiental até a qualidade final dos produtos, que afetam positivamente os resultados da companhia”, destaca.

Para ela, a Engenharia Ambiental é uma carreira estratégica, principalmente para empresas que realmente

O profissional colabora com uma visão sistêmica do negócio e atua em todas as etapas, do desenvolvimento dos produtos à gestão de pessoas. A sustentabilidade, bem empregada, torna-se uma ferramenta eficiente para a redução de custos, sem comprometer a qualidade final do produto.

desejam implementar uma cultura de negócios sustentáveis a partir de processos e produtos, independente

da área de atuação. “O profissional colabora com uma

visão sistêmica do negócio e atua em todas as etapas, do desenvolvimento dos produtos à gestão de pessoas.

A sustentabilidade, bem empregada, torna-se uma ferramenta eficiente para a redução de custos, sem comprometer a qualidade final do produto”.

Ela tem planos para a carreira, principalmente na área

de gestão, que tem uma grande proximidade com a sua

área de atuação. “Minha meta é aprimorar a visão sistêmica e integrada dos negócios”, adianta.

Nas horas de lazer, a engenheira pratica corrida de rua para manter a saúde em dia e já participou de alguns circuitos na Lagoa da Pampulha.

55


EngEnhEiro do Ano 2015

Olavo Machado Junior receberá a comenda

O

engenheiro eletricista, industrial do setor de equipamentos elétricos e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Junior, foi o profissional eleito pela diretoria da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) para receber, em 2015, a Medalha de Engenheiro do Ano. A cerimônia será realizada em dezembro, para marcar as comemorações do Dia do Engenheiro e finalizar a programação de eventos da entidade. Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Augusto Drumond, a indicação de Olavo Machado Junior é fruto da sua atuação à frente da Fiemg, na defesa da Engenharia e da formação de engenheiros para a atividade industrial do Estado. O projeto “En-

56

genheiro do Futuro” e a parceria para a realização do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação são exemplos bem sucedidos de ações já desenvolvidas. “A indicação de Olavo Machado Jr. é fruto de uma manifestação constante dos nossos associados e, mais que isso, seus pares, pela contribuição que ele tem dado à causa da Engenharia”, enfatiza. Eleito por duas vezes para a presidência da Fiemg, sendo que na segunda, para o período de 2014 a 2018, por unanimidade, o engenheiro recebeu o convite com orgulho. “Esse é uma condecoração que valoriza a Federação. Receber essa indicação dos meus pares, associados à SME, é motivo de muita alegria porque representa o reconhecimento do trabalho que temos feito em benefício da indústria e da economia mineira”, afirma.

Machado defende, ainda, a Engenharia Nacional, pela sua força, técnica e capacidade de inovação.“É uma das tradições nacionais e precisa ser mais valorizada”, comenta ele, que se define como um eterno admirador da Engenharia. pErfiL A defesa dos interesses da indústria está no DNA do engenheiro e líder empresarial, Olavo Machado Jr. desde as atividades com o pai na Bell Brasil Eletrônica, em 1965, à atual sociedade, ele tem grande envolvimento e influência no processo de fortalecimento do setor produtivo mineiro. O espírito empreendedor, herança familiar, fez com que criasse sua primeira empresa aos 25 anos, em 1973. O trabalho na Machado Corrêa Engenharia ensinou a ele o que aplica até hoje como líder industrial: a busca por resultados


À frente da fiEMg, o dirigente olavo Machado Junior tem desenvolvido projetos para valorizar a Engenharia e os profissionais que nela atuam.

deve aliar geração de negócios com responsabilidade socioambiental.

A indústria, na qual ingressou aos 17 anos, surgiu como uma forma de

trabalho sério e de aproximação fa-

miliar. Nascido em Belo Horizonte,

Olavo Machado Junior. optou por

uma das principais cidades industriais do Estado, Contagem, para

instalar seu primeiro empreendimento.

A escolha coincide com a que seu

pai teve para montar um sítio. Uma

indústria e algumas mudas de árvores eram a realização de um desejo de crescimento familiar. O sonho

de possuir o próprio negócio pas-

sou a andar lado a lado com a vontade de ver o desenvolvimento sustentável do município.

Em sua trajetória profissional, Olavo tem se dedicado a mais de uma dezena de diferentes empreendimentos, indústrias preocupadas com inovação e sustentabilidade. O posicionamento como empreendedor e líder foi o que transformou o engenheiro eletricista em porta-voz do empresariado em diversas frentes.

Desde 1978 participa do corpo dirigente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Centro das Indústrias das Cidades Industriais de Minas Gerais (CICI-MG), instituição que uniu forças com o Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (CIEMG), entidade do Sistema Fiemg. Passando por entidades representativas do setor produtivo, principalmente do eletroeletrônico, trabalha há mais de três décadas com a convic-

ção de que o associativismo e a representatividade são as bases de um empresariado forte.

Como presidente do Sistema FIEMG, está certo do caminho que os empresários devem trilhar. O incentivo à geração de novos e lucrativos negócios, à inovação, à agregação de valor aos produtos industriais e ao respeito ao meio ambiente fazem parte dos compromissos que assume com o empresariado mineiro. Em linha com a atuação do Serviço Social da Indústria (SESI), do Serviço Nacional de Aprendizagem Social (SENAI), do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e da base sindical da indústria, Olavo Machado Jr. enxerga o atendimento às demandas do empresariado como um conjunto coordenado de ações, que envolvem patrões e empregados. 57


sME elege novos Conselheiros no CrEA/Mg Em razão da chamada “renovação do terço”

(dois) engenheiros civis e respectivos suplen-

levada a efeito anualmente pelo CrEA/Mg, a

tes, 02 (dois) engenheiros mecânicos e res-

sociedade Mineira de Engenheiros (sME) ele-

pectivos suplentes e 01(um) engenheiro

gerá ainda neste ano, cinco conselheiros efetivos e seus respectivos suplentes para

eletricista e respectivo suplente.

representarem a sME no Conselho.

de acordo com os critérios estabelecidos pelo

A “renovação do terço” é um processo anual

(Confea), operacionalizados regionalmente pela

de substituição compulsória de um terço (1/3) de seus Conselheiros regionais, escolhidos entre representantes das instituições de ensino superior de engenharia e agronomia e das entidades de classe no Estado. os conselheiros, pelas suas formações, compõem as Câmaras Especializadas, que são a primeira instância de julgamento dos processos da regulação profissional e, em conjunto, constituem o plenário do CrEA-Mg, a sua segunda e maior instância de julgamento regional. A sME possui uma das maiores “bancadas” de representação de entidade de classe no CrEA-

Conselho federal de Engenharia e Agronomia Comissão permanente de renovação do terço (Cprt) do CrEA-Mg, dos atuais conselheiros em exercício da representação pela sME, um engenheiro mecânico e respectivo suplente e um engenheiro eletricista e respectivo suplente poderão ser reconduzidos para um segundo mandato de 03 anos. na escolha dos profissionais a serem indicados, serão seguidos os seguintes critérios: a) ser associado da sME, sem a exigência de prazo de carência,

Mg e, por isso, ocupa um espaço privilegiado

b) o interessado deverá encaminhar, até 30

na discussão e tomada de decisão, referentes

de outubro de 2015, uma correspondência ao

as ações do Conselho. As questões de pauta

presidente da sME manifestando o desejo de

são sempre ligadas à atividade profissional e,

representar a Entidade, com exposição de

portanto, de alto grau de importância para a

motivos,

Engenharia de Minas gerais. Atualmente, a sME conta com 06 (seis) conselheiros efetivos e 06 (seis) conselheiros suplentes, no exercício de mandatos de 03 (três anos). nesse ano, 05 (cinco) conselheiros efetivos e seus respec-

c) a decisão será dada em novembro pelo Conselho deliberativo da sME, ouvida a diretoria, podendo o interessado se apresentar perante o Conselho deliberativo, se for o

tivos suplentes serão escolhidos.

caso.

portanto, a sME encaminhará ao CrEA-Mg a

A conclusão do processo se dará com a posse

indicação de profissionais de seu quadro de

dos eleitos, prevista para o início de 2016,

associados, nas seguintes modalidades: 02

para exercer mandato no triênio 2016/2018.




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