Revista Mineira de Engenharia - 26ª Edição

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Ano 5 | Edição 26 | Novembro - Dezembro | 2014

edson durão Judice é o engenheiro do Ano 2014 TeLeCOmuNICAções sem projetos de engenharia, cai a qualidade dos serviços

CLImA NO BRAsIL Alterações climáticas, vão afetar diferentes áreas da engenharia

sede dA sme Lançamento da Campanha de Revitalização tem apoio do setor de engenharia



edITORIAL | PALAvRA dO PResIdeNTe

desafios para o futuro Vencidas as eleições governamentais, muitas incertezas pairam, ainda, sobre o futuro do País, sobretudo, nos dois próximos anos. Atualmente, convivemos com uma inflação em alta e com uma previsão de PIB cada dia menor. Muito embora a taxa de desemprego tenha experimentado leve redução, na indústria o desemprego é cada vez maior. E isto afeta, diretamente, o mercado de trabalho de engenharia, com demissões de profissionais se avolumando e com redução do rítmo das atividades econômicas para as empresas de engenharia. No nosso entendimento, o fraco desenvolvimento econômico ao lado da severa seca que assolou o País, são dois desafios que necessitam ser superados para que tenhamos uma conjuntura mais favorável daqui para a frente. A seca que ocorreu no Sul e no Sudeste brasileiro foi a pior das últimas quatro décadas, tendo afetado milhões de pessoas que sofreram com a falta d’água em suas casas. Uma estiagem prolongada, com possibilidade de acarretar uma crise energética, teria um efeito devastador para o setor produtivo. A lamentar, que não basta chover para que a seca seja revertida. Só chuvas abundantes e contínuas poderão preencher os leitos subterrâneos e garantir que os reservatórios alcançem, pelo menos, a mesma capacidade de acumulação registrada, ao final de março de 2014. A ajuda de São Pedro será decisiva para que não haja, em 2015, racionamento de água e energia! Neste número da Revista da SME tratamos da seca e, também, de uma questão muito abordada pelos candidatos à Presidência da República em seus progra-

vitalização da Sede da SME, lançada pela nossa entidade, no dia 14 de novembro último. Essa Campanha é uma resposta da atual Direção da Entidade, que entende que está fazendo a sua parte ao lutar para que a SME volte, o mais breve possível, à sua Sede; para resgatar o espírito que fez da SME uma das entidades de maior prestígio e tradição da engenharia de Minas Gerais.

Augusto Drummond Presidente da SME

mas: o tema da educação. Para a SME, a educação em todos os níveis, da pré-escola à pós-graduação, da educação formal à tecnológica, é fundamental para que haja cidadania e o Brasil se afirme como uma Nação moderna e soberana. Por isso, este ano, pela primeira vez em sua história, a SME fará a outorga da Medalha e o Título de Engenheiro do Ano de 2014 a um profissional da academia.Trata-se do eminente Professor Edson Durão Judice que, por 65 anos, exerceu o magistério tanto na UFMG quanto na PUC Minas, tendo lecionado para inúmeras gerações de profissionais da engenharia. Parabéns, Professor Edson! Que a vida continue sendo-lhe generosa! Por fim, ao aproximarmos do final do ano, queremos, em nome dos diretores e conselheiros da SME, nos confraternizar com os colegas engenheiros de Minas Gerais e suas famílias, pela passagem das festas natalinas e a proximidade do ano novo. Em especial, queremos agradecer a todos que já se manifestaram solidários com a Campanha de Re-

Estamos percorrendo todos os caminhos focados neste objetivo: entabulando negociações com entidades de classe parceiras, buscando alternativas na iniciativa privada, analisando as possibilidades da Lei Rouanet para projetos culturais, dentro da perspectiva de fazer da sede da SME, além da Casa do Engenheiro, um centro técnico-cultural que por sua localização privilegiada, um dia poderá se vincular ao Circuito Cultural da Praça da Liberdade, iniciativa exitosa do Governo de Estado de Minas Gerais. Queremos enfatizar que precisamos da ajuda de todos! Dos profissionais, das empresas e das entidades de classe da engenharia, para que possamos resgatar a SME para a Sociedade. Este é um compromisso da atual Gestão, mas acima de tudo, uma causa que vem, há anos, desafiando a engenharia mineira e que precisa, definitivamente, ser equacionada, como demonstração de nossa capacidade em superar as adversidades, começando em nossa própria Casa. Agradecemos as sugestões e a colaboração de cada um. É possível resgatar a alma da SME, trazendo de volta os bons tempos do passado! O futuro da SME depende de todos nós! Diga sim à Revitalização da Sede da SME!

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veNHA PARA sme COmPROmIssO COm vOCê! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados. Em seus 83 anos de existência, a SME trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico.

São descontos de até 20% em academias, empresas automotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades, floriculturas, gráficas, informática, laboratórios, óticas, planejamento financeiro, seguros, serviços fotográficos, hotéis, beleza e estética, entre outros. COmPROmIssO COm O FuTuRO

PROduTOs e seRvIçOs

Aprimoramento profissional e inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores produtos e serviços para você e sua família.

Em nosso site há uma série de produtos e serviços como cursos, palestras, seminários, eventos e uma extensa gama de convênios que você poderá desfrutar.

Por meio de nosso site, da revista, dos eventos e da participação nas redes sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse.

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

Augusto Celso Franco Drummond Presidente

Janaína Maria França dos Anjos Diretora

Alexandre Francisco Maia Bueno Vice-Presidente

José Andrade Neiva Diretor

José Ciro Mota Vice-Presidente

Krisdany Vinicius Santos de Magalhães Cavalcante Diretor

Luiz Henrique de Castro Carvalho Vice-Presidente Marita Arêas de Souza Tavares Vice-Presidente Virginia Campos de Oliveira Vice-Presidente Alexandre Rocha Resende Diretor Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Diretora Fabiano Soares Panissi Diretor Humberto Rodrigues Falcão Diretor

Publicação

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Marcelo Monachesi Gaio Diretor Túlio Marcus Machado Alves Diretor Túlio Tamietti Prado Galhano Diretor CONSELHO DELIBERATIVO 2014 Ailton Ricaldoni Lobo Presidente Conselheiros Alberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner Neto Flavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia Neto Jorge Pereira Raggi José Luiz Gattás Hallak José Raimundo Dias Fonseca Levindo Eduardo Coelho Neto Luiz Celso Oliveira Andrade Paulo Henrique Pinheiro de Vasconcelos Rodrigo Octávio Coutinho Filho Wilson Chaves Júnior CONSELHO FISCAL Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Presidente Conselheiros Alexandre Heringer Lisboa João José Figueiredo de Oliveira José Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos Coordenador Editorial José Ciro Mota Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Apoio

Revisão / Contato Editorial Jalmelice Luz - MG 3365 JP jornalismo@sme.org.br Projeto Gráfico / Desgin Blog Comunicação Marcelo Távora tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Depto. Comercial Blog Comunicação & Marketing tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 Tiragem: 10 mil | Bimestral Distribuição Regional (MG) Gratuita Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar Santo Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br

Compromisso, Inovação e Avanço


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EVENTO SME Campanha de Revitalização da Sede da SME

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CLIMA & ENGENHARIA Alterações climáticas vão afetar diferentes áreas da Engenharia

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TELECOMUNICAÇÕES A falta de qualidade dos serviços se deve à falta de engenheiros

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ENGENHEIRO DO ANO Entrevista com Edson Durão Judice

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MESTRES DA ENGENHARIA Angélica Cássia Oliveira Carneiro

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JOVEM ENGENHEIRO Walter Gervásio Ladeira

ENGENHEIROS NA POLÍTICA Novos engenheiros no Legislativo de Minas Gerais e do Brasil ARTIGO | CLIMA E SECA Marcelo de Deus

ARTIGO | CURSOS Léu Soares de Oliveira

ARTIGO | PLATAFORMA BIM Ítalo Batista

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PRÊMIO DE CT&I SME terá parceria da FIEMG

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ARTIGO | BIOMASSA Uma Oportunidade Energética

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CAPITAL HUMANO Estudante de Engenharia Mecânica recebe prêmio em Paris

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ARTIGO | COMPETITIVIDADE Luiz Fernando Pires 5


NOTAS DO SETOR FUTUROS ENGENHEIROS

O presidente da SME, Augusto Drummond, participou da formatura de quatro turmas de engenheiros (civil, mecânica e elétrica), na sede da Fiemg. Trata-se do Programa Futuros Engenheiros, inédito no Brasil, criado pelo Sistema FIEMG e implantado pelo IEL, SESI e SENAI-MG, em parceria com empresas e instituições de ensino. Os 59 formandos de quatro turmas (duas de Engenharia Civil, uma de Mecânica e uma de Elétrica) realizaram o curso no primeiro semestre de 2014. A solenidade, conduzida pelo presidente da FIEMG, Olavo Machado Júnior, foi realizada no auditório da FIEMG.

CONCRETO ARMADO

Fonte Fiemg

O IMEC - Instituto Mineiro de Engenharia Civil realizou, no período de 5 a 6 de dezembro, o curso de “Dimensionamento e detalhamento (completo) de vigas de concreto armado”. O objetivo é definir o que é uma viga, o que é tensão, como se faz a verificação da estabilidade de um elemento estrutural e quais são as tensões em uma viga. O curso é dirigido aos Engenheiros, projetistas e estudantes de graduação, em etapas finais do seu curso, que desejam trabalhar na área de Projetos Estruturais. O curso foi realizado no CREA-MG - Av. Álvares Cabral, 1.600 - Sto. Agostinho - BH/MG.

REUNIÃO DIRETORIA

A diretoria da SME tem se reunido, regularmente, todas as segundas-feiras, às 18 horas, para discutir assuntos de interesse de seus associados e planejar os principais eventos para este fim de ano, a exemplo da Campanha de Revitalização da Sede da entidade lançada, no último dia 14 de novembro, e os preparativos para a realização da entrega da Medalha Sociedade Mineira de Engenheiros e o Título de Engenheiro do Ano de 2014 ao professor emérito Edson Durão Judice. MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A fim de contribuir com a posição que o Brasil levará à Conferência das Partes da ONU sobre mudanças climáticas, a COP-20, integrantes da indústria debateram com representante do Itamaraty compromissos e propostas do setor. O encontro foi realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. A COP-20 acontecerá nas duas primeiras sema-

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nas de dezembro, em Lima, no Peru. Além de preparar um documento para a conferência, a indústria busca auxiliar o Itamaraty quanto à posição que o país levará para a COP-21, prevista para o fim de 2015, em Paris, ocasião em que se espera um grande acordo internacional para redução de emissões de gases de efeito estufa. Mais informações no http://www.portaldaindustria.com.br.


PERDA

A SME relembra o engenheiro eletricista Fábio Celso de Castro Tito, ex-presidente da Comissão Técnica de Energia da entidade, que faleceu no último dia 31 de outubro. Fábio Tito formou-se, em 1966, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo dedicado sua vida à engenharia. Foi funcionário da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig, onde ocupou o cargo de superintendente, prestando serviços à empresa, durante 35 anos, até sua aposentadoria. Ele deixou esposa e quatro filhos. BIOMASSA

A Bolt Energias assina um contrato para desenvolvimento da UTE Campo Grande BioEletricidade, maior usina termelétrica a biomassa da América Latina, localizada em São Desidério (BA). A LEME Engenharia, do Grupo francês GDF SUEZ, prestará serviços de engenharia do proprietário, etapa que contempla a gestão das obras do projeto, logo após a fase de planejamento. Ao todo, 18 profissionais da LEME Engenharia atuarão, a partir deste mês, na revisão do projeto executivo (design review), que terá duração de 12 meses. Ainda farão a supervisão das obras de construção da usina, a partir do primeiro trimestre de 2015, estendendo-se por cerca de 30 meses. A obra vai gerar aproximadamente 700 postos de trabalho e tem previsão de ser inaugurada no segundo semestre de 2017. O investimento total da Bolt Energias na térmica é de R$ 650 milhões. Para o presidente da LEME Engenharia, Flavio Campos, o contrato celebrado com a Bolt Energias para o desenvolvimento da UTE Campo Grande BioEletricidade reforça o posicionamento estratégico da empresa de ampliar sua participação em novos setores de atuação.

ELEIÇÕES DO SISTEMA CONFEA/CREA E MÚTUA O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) homologou, no dia 27 de novembro/14, durante a Sessão Plenária ordinária nº 1.415, a maior parte das candidaturas vencedoras das eleições gerais do Sistema Confea/Crea e Mútua em 2014. Foram homologadas as eleições para presidente do Confea, cinco conselheiros federais e 21 dos 27 presidentes de Creas. O engenheiro civil José Tadeu da Silva foi eleito para o segundo mandato à frente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia com 49.3% dos 61.290 votos válidos. Os dois outros candidatos à presidência do Confea foram: José Eduardo de Paula Alonso e Henrique Leite Luduvice. Em Minas Gerais, o engenheiro civil Jobson Nogueira de Andrade foi eleito para o segundo mandato, na presidência do Crea-MG. Os eleitos tomarão posse no início de 2015.

RELATORIA DA ONU

O professor aposentado da UFMG, Leo Heller, é o novo relator especial da ONU sobre água e saneamento. Heller já foi comunicado da escolha, mas aguarda a oficialização da indicação. Sua primeira reunião em Genebra (Suíça), sede da entidade, deve ocorrer em dezembro, quando começa seu mandato de três anos (renováveis por mais três). Na ocasião será definido o plano de ações para 2015. Um dos focos do novo relator é o continente africano. A partir do próximo ano, Heller terá a missão de garantir que governos cumpram o dever de fornecer água e saneamento a população. Aos 59 anos, Heller foi indicado ao cargo pelo presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Baudelaire Ndong Ella, no fim de setembro/14. O processo para escolha foi longo entre mais de 20 candidatos de várias partes do mundo. Entre outras tarefas, o relator deve também elaborar recomendações para governos, para as Nações Unidas e para outras entidades interessadas sobre o tema. Fonte: Jornal Estado de Minas

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NOTAS DO SETOR CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

Estão abertas as inscrições de cursos à distância para engenheiros associados à SME. Os cursos têm o objetivo de contribuir para a atualização, qualificação e valorização dos profissionais de engenharia.

Os cursos são: Gerenciamento de Projetos; Gestão de Pessoas em Equipes de Projetos; Gestão de Pleitos em Projetos; Preparatório para o Exame PMP; Liderança e CONGRESSO ONLINE

Será realizado o I Congresso Mentor Industrial - 1º Congresso Online para a Indústria Metal Mecânica no Brasil, no período de 8 a 14 de dezembro de 2014. O congresso será online. Mais informações: http://www.mentorindustrial.com.br/teaser/ CURSOS GRATUITOS PARA ENGENHEIROS

Convênio com IETEC permite o estudo de aperfeiçoamento aos filiados de associações de classe vinculadas ao CREA-MG.

Com o objetivo de contribuir para a atualização, qualificação e valorização dos profissionais de engenharia, o CREA-MG e o IETEC firma convênio. Estabelecido desde agosto de 2014, a parceria possui também o apoio de associações de classe, para oferecer 12 cursos que viabilizam o alcance destes objetivos.

Os cursos das categorias rápidos e de média duração gratuitos ofertados no

PREVENÇÃO DE INCÊNDIO

PRESIDENTE DA CEMIG É UM DOS 30 MELHORES EXECUTIVOS DO MUNDO

O presidente da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig, Djalma Bastos de Morais, é um dos 30 melhores presidentes e CEOs (chief executive officers) de empresas de todo o mundo, em ranking realizado pela revista Harvard Business Review e a escola de negócios Insead.

O ranking de dirigentes empresariais de melhor desempenho teve início em 2010, este ano, foram analisados 3.143 presidentes de empresas. Nove executivos de corporações brasileiras fazem parte do ranking completo com os cem CEOs de melhor desempenho do mundo, sendo que o presidente da Cemig ficou na 30ª colocação. convênio são ministrados na modalidade de Educação a Distância (EAD), que permite o acesso a qualificação profissional, levando em consideração a dispersão geográfica dos associados/afiliados. A conexão entre a área acadêmica e a indústria é fundamental para o mercado de trabalho, principalmente para a Engenharia, que procura evidenciar, através de uma nova cultura no país de educação continuada, facilitar a qualificação de profissionais. Para Guilherme Henrique Bomfim Gomes, engenheiro eletricista do Grupo Camargo Corrêa, a realização do curso

No período de 15 a 17 de dezembro, o IMEC realizará o curso de Elaboração de Projeto e Prevenção de Incêndio. O curso é direcionado para engenheiros, arquitetos, estudantes, do setor de construção civil, e profissionais da área que de8

Gestão de Pessoas; Administração de Contratos; Gerenciando Projetos com o MS Project; Custos e Orçamentos de Empreendimento; Planejamento da Engenharia de Empreendimentos Industriais; Gerenciamento de Projetos Industriais de Construção e Montagem; Elaboração e Análise de Proposta Técnica Comercial; Gestão da Inovação. Inscreva-se pelo site www.ietec.com.br/crea.

à distância de Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) colaborou para a escolha de mais dois novos cursos. “Tenho interesse em realizar um novo estudo e já fiz minha inscrição para o curso de Custos e Orçamentos de Empreendimentos, que irá contribuir com minhas atividades profissionais, além também o curso Preparatório para o Exame PMP, para obter uma certificação”.

O aperfeiçoamento técnico, científico, inovador e cultural aos profissionais, por meio do convênio, garante aos profissionais do CREA-MG e a sociedade, um exercício profissional digno e sustentável.

sejam ampliar seus conhecimentos acerca do tema. O local de realização será no CREA-MG - Av. Álvares Cabral, 1.600. Bairro Santo Agostinho - BH/MG. Mais informações: www.imecmg.org.br.




AJude ABRIR esTAs PORTAs

CAmPANHA de RevITALIzAçãO dA sede dA sme


sme | sede

Campanha de Revitalização da sede da sme

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epois de anos de fechamento, as portas do salão principal da sede da SME, na Rua Timbiras, 1514, Bairro Lourdes, foram reabertas, temporariamente, para o Lançamento da Campanha de Revitalização do Prédio Sede da entidade. Lá compareceram dezenas de engenheiros, associados, ex-presidentes, autoridades, representantes de entidades classistas e sindical, que apoiam a iniciativa. A entidade passa por momentos difíceis tanto financeiros quanto administrativos.

Auditório e instalações da sede em estado de deterioração 12


FOTOs ReNATO PORTO

Presidente da sme, Augusto drummond, fala da necessidade de apoio para revitalizar a sede da entidade

Durante o happy hour, houve visitação a quatro andares do prédio, o que causou surpresa, espanto e decepção em vários participantes pelo estado de deterioração das instalações do edifício. Infiltrações no teto e paredes, auditório com o teto parcialmente destruído, paredes com rachaduras, piso e acabamento quebrados, fachada pichada. Foi necessário cobrir a entrada do prédio com tapume para evitar mais estragos. Com instalações sem condições de uso, a SME foi pouco a pouco reduzindo suas atividades, como se estivesse perdendo, ao mesmo tempo, a sua alma. Apesar da comoção provocada naqueles que viram, de perto, os estragos na edificação, o lançamento da Campanha de Revitalização renovou o entusiasmo e o compromisso com a recuperação do prédio, símbolo da Engenharia em Minas Gerais, e espaço de encontro dos profissionais para debates, formulação de pro-

jeto e, também, para o lazer com os bailes que marcaram época. Formou-se fila de doação para que o projeto de reforma saia do papel. Vários engenheiros também perfilaram para a filiação à entidade.

O prédio cujo valor comercial é estimado em R$ 25 milhões, para ser reformado em um nível de qualidade adequado, face ao atual grau de deterioração, exigiria investimentos de cerca de R$ 3 milhões. A área útil do prédio é de cerca de 3.800 m2, distribuídos em seis andares e o estacionamento. O projeto de reforma já foi elaborado, estando a SME empenhada na busca de recursos para a obra. O presidente da entidade, Augusto Drummond, durante discurso de agradecimento aos presentes, disse que a SME esta viva e que precisa e vai se fortalecer. “A engenharia mineira não pode prescindir de

entidades como o SICEPOT, SINDUSCON, CREA-MG, SENGE-MG, entre outras entidades, e de uma SME forte”. Drummond explicou que “em primeiro lugar, o que nos motiva é ter aqui pessoas que acreditam que a SME é capaz de se reescrever e estar na vida dos engenheiros em Minas”. Augusto Drummond anunciou que tem mantido conversações com entidades de classe, na área da construção civil, por exemplo, para ter o prédio sede reerguido. “Se dependesse de mim, em agosto de 2015, já estaríamos na nossa Casa.Todos são parte importante para termos uma SME forte. Nós queremos muito de cada um de vocês. Seremos nós todos que vamos colocar a SME na posição que ela merece e que será gravada na sua história”. Durante o evento, ficou exposto o projeto de reforma do prédio apresentado pelo escritório Dávila Arquitetura.

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O presidente da sme, Augusto drummond, diz que todos os profissionais e empresas são importantes no projeto de reabertura da sede da entidade

Augusto drummond e Frederico Correia

Clemenceau saliba, Alberto dávila, marita Arêas

Augusto drumond, suzanne Beaudette, mônica Cordeiro, José Ciro e Luiz Henrique

Augusto drummond, Antônia sônia, Alexandre Heringer, Ailton Ricaldoni.

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mônica Cordeiro, Antônio Humberto e Antônia sônia

Rodrigo Coutinho, Augusto drummond, José da Costa, Heleni Fonseca e márcio damazio

Fabiano Panissi, Heleni Fonseca e Ronaldo Gusmão

márcio damazio, José Coutinho, Geraldo dirceu, marita Arêas, Luiz Otávio, Werner Rohlfs


Projeto de revitalização anima as conversas

José da Costa, João Bosco, marcelo Aguiar, marita Arêas e Clemenceau saliba

José da Costa, Augusto drummond e João Bosco

equipe do sicoob-engecred

José da Costa e Luiz Henrique

marcos Túlio, Augusto drummond, suzanne Beaudette, Teodomiro diniz, José da Costa e Tarcísio Caixeta

empresas e engenheiros fizeram doações e vários profissionais filiaram-se à sme

exposição do Projeto de Reforma da sede

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sme | RevITALIzAçãO DIFICULDADES

Embora seja uma das entidades da Engenharia de maior prestígio e tradição em Minas Gerais, a SME enfrenta grandes dificuldades que precisam ser superadas na área financeira e administrativa. Com o passar dos anos, as dívidas foram se acumulando em R$ 400 mil com o CREA-MG e R$ 60 mil de IPTU. A Prefeitura de Belo Horizonte está exigindo ainda correções na fachada do edifício sede, sob pena de pagamento de multa.

No campo administrativo, a SME tem, ainda, muitas necessidades a exemplo do aperfeiçoamento de seu banco de dados, a substituição de equipamentos obsoletos de informática e multimídia, a modernização do site, a manutenção da periodicidade da revista e a implantação de recursos de comunicação ágeis e modernos, com os associados. Para tanto, necessita de contribuições financeiras e materiais para se reorganizar.

Quem acredita e apoia a sme JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO - PRESIDENTE DA ELETROBRAS

A revitalização do prédio é de grande importância para a engenharia brasileira e mineira. A SME tem uma história de mais de 80 anos, e sempre foi um fórum de debates. Daqui surgiram grandes ideias para a engenharia mineira e nacional e diversas sugestões a programas de desenvolvimento de Minas e do País. A SME sempre procurou fortalecer a carreira do engenheiro. Então essa retomada da sede é muito importante. É um momento histórico que merece o apoio de todos os associados não só os individuais, mas também os corporativos. Isso vem ao encontro de uma SME mais forte, mais representativa, podendo, cada vez mais, prestar seus relevantes serviços à causa da engenharia e, porque não dizer, para o desenvolvimento de Minas e do país. RAUL OTÁVIO DA SILVA PEREIRA - PRESIDENTE DO SENGE-MG

A revitalização da sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) é uma iniciativa importante da nova gestão, que tem à sua frente o ex-presidente do Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG), Augusto Drummond. Acreditamos que a SME é uma entidade superimportante no contexto político da Engenharia de Minas Gerais e que precisa realmente contar com o apoio de todos os segmentos da Engenharia no sentido de se promover esta revitalização do prédio, que certamente se transformará em um ponto de encontro dos vários setores da Engenharia em Minas Gerais.

JOÃO BOSCO FARIA DA FONSECA - ENGECRED

Nós apoiamos este evento histórico de retomada do prédio da SME que, ao longo de tantos anos, mantém uma ligação muito forte com o passado da engenharia, agregando outras entidades da área. Somos parceiros, há bastante tempo, e acreditamos nessa volta da SME que vai ser triunfal.

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CONTRIBuINdO vOCê FORTALeCe e RevITALIzA A sme As contribuições de empresas e de profissionais serão muito bem-vindas e serão tratadas com a máxima transparência. FAçA suA PARTe, CONTRIBuA!

Banco: 756 sicoob - engecred Agência: 4156 Conta: 72001-1 CNPJ: 17.227.745/0001-90 Favorecido: sociedade mineira de engenheiros

CLEMENCEAU CHIABI SALIBA - PRESIDENTE DA CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DO CREA-MG Essa é uma sede histórica, a SME nasceu aqui, bem como outras entidades. O próprio CREA-MG nasceu aqui. A revitalização do prédio, a retomada dos trabalhos da SME aqui dentro vão produzir uma engenharia mais forte. O primeiro evento de engenharia que vi como aluno foi aqui, onde aprendi o que era ser engenheiro. Não há dúvida de que trazendo eventos para a Sede, abrindo debates, teremos novos caminhos para a engenharia, principalmente, porque temos governos nas mãos de políticos profissionais, e nós engenheiros como autoridade técnica precisamos passar por cima disso, indicando os rumos e não esperar decisões de cima.

ALBERTO DÁVILA - ENGENHEIRO E ARQUITETO

O projeto de revitalização é importante para que o associado tenha um lugar que seja característico para ele, e que signifique uma retomada da engenharia e de todos os assuntos que defendemos. Os engenheiros precisam ter seu lugar, e ele já existe, mas é preciso ser revitalizado. Temos que retomar a Sede porque estamos perdendo nossa identidade. A reabertura seria uma retomada dessa identidade da SME como um local, um espaço necessário para as discussões da engenharia. HELENI DE MELLO FONSECA - EX-PRESIDENTE DA SME Acho de extrema importância e de uma felicidade muito grande esta atividade, porque a sede é um patrimônio da SME, um símbolo, o espírito da SME. Estamos vendo com a presença de ex-presidente da entidade a intenção, a vontade de valorizar o engenheiro. É a partir da atividade de engenheiro que o Brasil irá crescer e ter desenvolvimento. Na SME a revitalização revigorará as comissões técnicas para um trabalho mais afetivo, e com uma sede que possa abrigar as comissões para que elas interajam e tenham uma atividade mais concentrada. 17


sme | RevITALIzAçãO MÔNICA NEVES CORDEIRO - PRESIDENTE DO INDI Acho fantástico que estejamos reativando este DNA forte da SME. É uma grande oportunidade convocar engenheiros para essa proposta.Temos chance de resgatar um patrimônio que tem um valor muito grande para nós. A engenharia é a grande resposta que temos para desenvolver cada vez mais Minas Gerais.Temos muito orgulho do capital humano desse estado, temos trabalhado muito para promover a riqueza aqui, atraindo novos projetos, crescendo os que já existem, contamos com uma engenharia forte, com todas as instituições. É uma alegria ver uma instituição com essa proposta tão renovadora. LUIZ HENRIQUE DE CASTRO CARVALHO - DIRETOR DA CEMIG

A revitalização é fundamental porque temos que ter um espaço para sentar e discutir a engenharia de Minas e nacional.Acho que vamos viver momentos futuros de muita necessidade de diálogo. Estamos vivendo uma crise na indústria brasileira, falando em um PIB de 0,3%. Isso significa que quanto menos desenvolvimento, menor é a oportunidade para os engenheiros. Nesse ambiente temos muita oportunidade para discutir a engenharia, nos inserindo como solução para as atividades que virão. E esse espaço que estamos falando é aqui na SME. Nesse momento que o País está vivendo de necessidade de infraestrutura, carência de recursos e inteligência, os engenheiros precisam se mobilizar. Eles são os primeiros a serem afetados quando uma crise se instalada e são os engenheiros que constroem e reconstroem. Então, agora, é sentar e rediscutir o País, e é aqui nesse espaço.

AILTON RICALDONI LOBO - EX-PRESIDENTE DA SME

A SME é uma das poucas entidades que tem autonomia, independência e imparcialidade. É uma entidade representativa e a Sede é o seu símbolo. Ela está operando no CREA -MG, mas é muito importante que retome seu prédio, para que os associados possam com mais tranquilidade participar dos eventos. É fundamental a revitalização da Sede e a volta dos associados para que a SME possa cumprir seu papel na sociedade mineira e no Brasil. MÁRCIO DAMAZIO TRINDADE – EX-PRESIDENTE DA SME

É essencial recuperar a Sede da SME que foi construída com tanto esforço. Isso trará novo Recuperada que foi a sede alugada pelas dificuldades do dia a dia, a temos de volta necessitando o esforço coletivo de quantos, desde tempos de escola, de horas-dançantes, de participação, já profissionais, em comissões e nos eventos técnicos. E assim , nesta esperamos última arrancada, restaurar sua dignidade de legítima casa da Engenharia mineira e ponto de encontro da intelectualidade mineira que sempre deu sua contribuição ao nosso desenvolvimento. Desta Casa surgiram grandes ideias e projetos transformados em obras efetivas que aí estão a contribuir para o crescimento pátrio . Nesta Casa pontificaram luminares da engenharia nacional e, ao longo dos anos, continua ela palco de realizações, sempre atenta à aliança entre a técnica e ao benefício econômico e social. Assim, quando se pretende, e mais que necessário, se faz restaurá-la, impende nos aliemos engenheiros de várias Escolas a reconstituir neste ambiente a união de nossa classe em torno dos mais harmônicos e eficientes objetivos. Que esta campanha ora iniciada, o mais rapidamente, propicie nossa volta a nosso ambiente inicial.

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NA ORdem dO dIA

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ivulgado no final de outubro em Copenhague, capital da Dinamarca, o relatório nº5 de avaliação sobre mudanças climáticas elaborado pelo Painel Internacional da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) será o texto base para os trabalhos da 20ª Conferência do Clima, que acontece em Lima, no Peru, entre os dias 1º de 12 de dezembro. Este será o penúltimo de 21 encontros de lideranças mundiais para a construção de um tratado climático global, com metas mais rigorosas para os países para controlar a emissão de gases de efeito estufa, que explicam a elevação de temperatura e outros fenômenos que têm afetado a vida no planeta. A expectativa é de que o documento seja concluído em 2015, em Paris, no

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Alterações diferentes

último evento do setor. Entre as sugestões já encaminhadas estão a criação de um imposto sobre a emissão de gases de efeito estufa e o aumento do pagamento de impostos sobre combustíveis de origem fóssil.

Em outras palavras, a variação climática deverá ser tratada do ponto de vista econômico com a liderança dos EUA. O engenheiro metalurgista Milton Nogueira trabalhou no escritório da agência da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), durante 20 anos, e foi um dos revisores responsáveis pela versão final do relatório que compilou 30 mil estudos realizados por 900 cientistas de todos os países que analisam o clima e os fenômenos que afetam as florestas, neve, águas e cidades. “A conclusão central do documento é que há uma aceleração no processo de aquecimento global”, afirma.

O relatório é dividido em três partes. A primeira aborda a Ciência do Clima. A segunda estuda medidas de mitigação, ou seja, esforços para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e, na última, ações de adaptação recomendadas quando não for possível reduzir a dimensão do problema que afeta, de forma diferente, todos os países do mundo.

“O planeta terra está passando por aceleração em ondas de calor, secas, enchentes, degelo das neves e geleiras, desaparecimento de espécies, acidificação dos oceanos, queda da produtividade agrícola, aumento de migrações por causa de mudanças do clima e potenciais conflitos por causa da água”, exemplifica. Apesar de todos os esforços que já foram feitos até agora para controlar a emissão dos gases de efeito estufa, a situação está pior que há 20 ou


climáticas vão afetar áreas da engenharia

30 anos e, em um futuro próximo, poderá ter conseqüências políticas, econômicas e sociais.

O calor por um período maior que o habitual também interfere na produção dos alimentos. Entre novembro e fevereiro, é nessa fase que o milho grana. Depois, com a chuva, as espigas crescem. “O agronegócio tem que se adaptar a uma qualidade de milho que seja mais resistente, mas essa recomendação vale para todos os grãos, gramíneas e frutas cultivados no planeta para não comprometer a produção de alimentos, que pode ser reduzida”, enfatiza.

Milton Nogueira, engenheiro metalurgista

Carlos Rhienck

Na prática, o que se pode esperar são ondas de calor, ou as conhecidas semanas de “veranico” mais longas que o habitual, o que pode causar mortes de pessoas, com prevalência de crianças, idosos e doentes crônicos como diabéticos ou obesos mórbidos.

Vendavais podem ser mais fortes e com duração superior às médias tradicionais e furacões, tornados e tufões devem ocorrer em locais que não fazem parte de sua “rota original”. Segundo o engenheiro, os prejuízos podem ser gigantescos, tanto em relação à perda de vidas como para os empreendimentos de Engenharia. “A Engenharia não está preparada para essas mudanças porque ainda usa a experiência teórica tradicional para fazer

os cálculos dos novos edifícios. Mudar isso é um desafio para a Engenharia Civil, já que as edificações podem ser bastante danificadas com trincas e quebras provocadas porcom fenômenos climáticos mais fortes que as médias até então estipuladas”, alerta. A seca é outro problema climático apontado pelo relatório. Segundo o engenheiro, enquanto rios e lagos secam em algumas regiões, em outras há excesso de água na atmosfera. Para regu-

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A Engenharia não está preparada para essas mudanças porque ainda usa a experiência teórica tradicional para fazer os cálculos dos novos edifícios. Mudar isso é um desafio para a Engenharia Civil já que as edificações podem ser bastante danificadas com trincas e quebras com fenômenos climáticos mais fortes que as médias até então estipuladas

lar o problema, é preciso que chova. No entanto, se esse fenômeno for mais intenso e curto, pode causar problemas como enchentes e deslizamentos de terras.“O que fazer nos meses que não chove?”, argumenta. A resposta, mais uma vez, vem da Engenharia, a partir de novos cálculos e canais e barragens.

Não há como negar que a indústria tem trabalhado para controlar e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Mas é possível fazer mais. Para Nogueira, a Engenharia de Processos deve trabalhar não apenas pelas razões econômicas, mas para proteger o clima. Ao substituir, combustível de origem fóssil por gás natural ou carvão vegetal cultivado dentro de parâmetros de sustentabilidade, a empresa consegue reduzir custos e, ao mesmo tempo, auxiliar o planeta.

“O documento não sugere soluções para os problemas existentes, mas aborda o conceito de adaptação”, enfatiza o engenheiro. Entre as medidas a serem abordadas está o controle do desperdício de materiais. “A construção de edifícios residenciais e comerciais ainda tem uma carga muito grande desperdício de materiais. Os revestimentos externos 22

com mármore e granito são um bom exemplo de como isso acontece”, alerta. Afinal, é sabido que, de cada placa assentada na fachada, foram perdidas nove na mina. Há casos de materiais em que essa proporção sobe de 1 para 20. “A Engenharia Civil tem que fazer projetos bonitos e eficientes que reduzam o uso de materiais”, recomenda. Grandes vidraças que usam aço e alumínio são outro tipo de “vício” que deve ser evitado, já que esses insumos despendem grande energia para serem produzidos. Mudar a conduta dos países não é algo fácil. Basta usar o exemplo mais próximo, do Brasil. “Lamentavelmente, o mundo está atrasado e o relaxamento do sistema político e de previsão não acompanha o tamanho do desperdício de matéria-prima, na compra e também no uso, das obras”, destaca o engenheiro. Pior que isso, ainda, é que a vida útil dos materiais tem ficado cada vez mais curta. O fenômeno conhecido como obsolescência programada, criado após a 2ª Grande Guerra pelos norte-ame-

Milton Nogueira

ricanos, limitava, já no ato da compra, qual a validade dos produtos. Segundo Nogueira, esse é mais um exemplo de ideia ruim, pois não ajuda em nada a aumentar o conforto da humanidade. Ao contrário, incentiva que os consumidores tenham a “vontade inconsciente” de trocar pisos, revestimentos a cada mudança de estilo de decoração, enquanto esquecem que o consumismo, nos níveis atuais já é uma prática insustentável para o planeta. “Essa substituição de pisos de madeira por granito é um bom exemplo”, aponta.

Nesse cenário, o Brasil ainda está “bem na foto”.Tem potencial da exuberância de recursos naturais variados, porém todos os biomas brasileiros estão caminhando para uma situação de grande risco, como adverte o engenheiro. “Continua o desmatamento e as Engenharias agrônoma e florestal sabem que essa prática degrada o solo e o lençol freático em poucos anos”, considera. No plano político, a liderança do Brasil nas discussões mundiais sobre clima é grande, por razões históricas e pelas energias renováveis da sua matriz. Mas as medidas internas já adotadas para o controle do desmatamento da Amazô-


Antônio Donato Nobre, engenheiro e pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do INPE

nia, economia de energia, lâmpadas, ainda, não são suficientes para gerar os ganhos necessários. “O consumo de combustíveis fósseis tem aumentado no País rapidamente”, lembra. O desafio está lançado. Segundo o engenheiro, quem foi capaz de construir Brasília em quatro anos, consegue fazer qualquer trabalho de adaptação, que passa diretamente pela Engenharia. MAIS ABRANGENTE

Engana-se quem pensa que o desmatamento da Amazônia não interfere nos outros biomas brasileiros. Divulgado no dia 30 de outubro, o relatório “O Futuro Climático da Amazônia” concluiu que apenas a redução do desmatamento não basta para garantir as funções climáticas do bioma.

O pesquisador responsável é o engenheiro e pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Antônio Donato Nobre, para quem a contribuição do trabalho é revelar os segredos que fazem da Amazônia um sistema único no planeta, com funções que começam a ser compreendidas pelos cientistas.

“A floresta mantém úmido o ar em movimento, o que leva chuvas para as regiões interiores do continente, distantes milhares de quilômetros do oceano, como Sudeste, CentroOeste e sul do Brasil e áreas como o Pantanal e o Chaco, além da Bolívia, Paraguai e Argentina. Sem os serviços da floresta, essas áreas poderiam ter um clima inóspito, podendo chegar a desértico”, explica. A meta é desafiadora. Além de manter a floresta amazônica a qualquer custo é preciso confrontar o passivo do desmatamento acumulado e começar um amplo processo de recuperação do que foi destruído. No Brasil, essa área corresponde a 184 milhões de campos de futebol.

Segundo Nobre, essa competência de regular o clima se dá principalmente pela capacidade inata das árvores de transferir grandes volumes de água do solo para a atmosfera através da transpiração. São 20 bilhões de toneladas de água transpiradas ao dia, o equivalente a 20 trilhões de litros. Diariamente, o volume despejado no oceano Atlântico pelo Rio Amazonas é pouco maior que 17 bilhões de toneladas.

dANOs e mITIGAçãO

Uma nova teoria física descrita no relatório sustenta que a transpiração abundante das árvores, “casada” com uma condensação fortíssima na formação das nuvens e chuvas – leva a um rebaixamento da pressão atmosférica sobre a floresta, que suga o ar úmido sobre o oceano para dentro do continente, mantendo as chuvas em quaisquer circunstâncias.

Para Nobre, todos esses efeitos favorecedores, em conjunto, fazem da floresta a melhor e mais valiosa parceira de todas as atividades humanas que requerem chuva na medida certa, um clima ameno e proteção de eventos extremos. “Mas o desmatamento pode colocar todos esses atributos da floresta em risco. Reconhecidos modelos climáticos anteciparam variados efeitos danosos do desmatamento sobre o clima, previsões que vêm sendo confirmadas por observações. Entre elas estão redução drástica da transpiração, modificação na dinâmica de nuvens e chuvas e prolongamento da estação seca nas zonas desmatadas. Outros efeitos não previstos, como o dano por fumaça e fuligem à dinâ23


mica de chuvas, mesmo sobre áreas de floresta pristina, também estão sendo observados”, revela o engenheiro. O engenheiro ressalta, ainda, que estudos sugerem que a floresta, na sua condição original, resistiu por dezenas de milhões de anos e tem grande resistência a cataclismos climáticos. “Mas quando é abatida ou debilitada por motosserras, tratores e fogo sua imunidade é quebrada”. Em seus cálculos, Nobre afirma que a ocupação da Amazônia

já destruiu no mínimo 42 bilhões de arvores nos últimos 40 anos. “O dano da devastação já se faz sentir no clima próximo e distante da Amazônia e os prognósticos indicam agravamento do quadro se o desmatamento continuar e a floresta não for restaurada”, sentencia. Entre as medidas mitigadoras, o relatório propõe “universalizar o acesso às descobertas científicas que podem reduzir a pressão da principal causa do desmatamento: a ignorância”.

Danilo Lima, engenheiro eletricista

FeNômeNO dA seCA deve ImPuLsIONAR eNeRGIAs ReNOváveIs Em 2014, o Brasil experimentou um ciclo de seca que requer ações claras para não ter impactos ainda piores que aqueles já registrados até o momento. Segundo o engenheiro eletricista com mestrado em Energias Renováveis, consultor e professor do curso de Engenharia de Energia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Danilo de Brito Lima, ao rever o modelo de usinas hidrelétricas com grandes reservatórios de água para os novos empreendimentos do setor como as usinas de Belo Monte e Madeira, o País optou por reduzir as reservas desse recurso para controlar os impactos ambientais. “Essa decisão também compromete a segurança energética elétrica do Brasil porque reduz o estoque de energia”, afirma. No cenário de seca, a diversificação da produção de energia é uma saída interessante. Mesmo com a intermitência que caracteriza as fontes eólica e solar, construir um sistema que contenha alternativas pode sinalizar para um sistema operacional mais complexo, já que cada sistema tem a sua funcionalidade, mas pode gerar economia de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, como explica o professor.

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Cabe ao governo avaliar o custo da oportunidade nesse momento de transição. Afinal, a tecnologia é bem consolidada. “Se não usarem as energias renováveis qual será a alternativa? A não instalação dessas fontes faz com que o País continue a ser refém das chuvas para encher os reservatórios”, aponta. Talvez esse seja o momento de impulsionar, também, a instalação de geradores de energia elétrica que usem fontes renováveis como a solar em residências e empresas. Em 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a resolução nº 482 que institui o sistema de compensação de energia. Qualquer consumidor que gerar energia pode jogar a produção excedente para a rede da concessionária, com prazo de três anos para receber esse recurso de volta. Segundo Danilo Lima, Minas Gerais é o Estado com o maior número de instalações no País, com 40 sistemas em operação. “Para o consumidor final isso é uma possibilidade interessante. As empresas do setor já estão se mobilizando para oferecer opções mais acessíveis, com linhas de financiamento especiais e pagamentos parcelados”, enfatiza.



TeLeCOmuNICAções

sem projetos de engenharia, não há como garantir a qualidade do serviço Enquanto a telefonia fixa entra em declínio no Brasil, seguindo uma tendência mundial, a tecnologia avança rapidamente para oferecer um número cada vez maior de serviços como o 4G (voz, dados e imagem com mobilidade). Essa rápida transformação do setor de Telecomunicações, iniciada há cerca de 20 anos, tem sido conduzida sem os projetos de Engenharia e infraestrutura necessários.

Essa é apenas uma das conclusões do estudo “Melhoria do Setor de Telecomunicações em Minas Gerais”, uma contribuição da Comissão Técnica que acompanha as tendências dessa área da Engenharia da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME). Quem assina o relatório, que será encaminhado para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), é o engenheiro de telecomunicações, funcionário de carreira da antiga Telemig, autor de 22 livros técnicos na área e, ainda, diretor da Top Digital, Vicente Soares Neto. 26

“Enquanto há países que desenvolvem tecnologia própria em telecomunicações, o Brasil perdeu a sua tradição na área e converteu-se a mero importador de equipamentos”, denuncia. Como se não bastasse, o número de engenheiros responsáveis pelas instalações e operação também parece estar aquém da demanda, o que coloca em risco a segurança dos procedimentos realizados e concentra o atendimento, tendo em vista o número de consumidores ávidos por novos serviços, e não a necessidade ou importância social dos serviços. O resultado promete ser desastroso para os clientes finais. “Com o 4G implantado, haverá um problema de mercado porque é necessário ter uma largura de banda maior para dar suporte a tantos conteúdos de informação”, destaca. Em setembro, a Anatel promoveu um leilão da frequência de 700 MHz, mas já existe tecnologia para níveis de frequências superiores como 800, 900, 1800 e 2100 MHz.

O BRAsIL Que Já Tev deseNvOLvImeNTO TeLeCOm, PAssOu A PORTAdOR. A FALTA seRvIçOs se deve à FA


ve O seu CeNTRO de de TeCNOLOGIA em A seR um meRO ImA de QuALIdAde dOs ALTA de eNGeNHeIROs.

Diretor da Top Digital, Vicente Soares Neto

As operadoras inscritas no pregão TIM, Claro, Telefônica (Vivo) e Algar Telecom - disputam quatro lotes nacionais de 10 MHz cada e dois regionais. O preço mínimo da outorga de cada lote nacional foi estipulado em R$ 1,92 bilhão. Os demais lotes terão preço mínimo de R$ 1,89 bilhão, R$ 29,5 milhões e R$ 5,28 milhões.

A Anatel é a responsável pela outorga, mediante aprovação do Congresso Nacional ou de permissão, para a exploração de 92 tipos de serviços de telecomunicações. Entre eles estão a telefonia fixa, a telefonia móvel, serviços de TV a cabo, distribuição de sinais de TV e de radiodifusão, TV por assinatura e rádiotaxi. No entanto, afirma o engenheiro, muitas dessas empresas têm investido mais em seus setores comerciais e em técnicos para instalação de equipamentos que em infraestrutura propriamente dita. “Toda a tecnologia é importada, bem como os equipamentos. Com isso, o Brasil que já teve o seu centro de desenvolvi-

mento de tecnologia em Telecom, passou a ser um mero importador. A falta de qualidade dos serviços se deve à falta de engenheiros”, afirma.

Com isso, o mercado de trabalho para engenheiros na área de telecomunicações não está entre os mais promissores. Os dados mostram, também, a disparidade no número de engenheiros responsáveis pelas 14.922 Estações Rádio Base (ERBs) em operação em todo o Estado. Por isso, o estudo recomenda o aumento da fiscalização das empresas de Telecom pelo CREA-MG, para aumentar a presença de engenheiros, o que tem reflexo direto sobre a qualidade dos serviços prestados.

Como as empresas que exploram os serviços de Telecom escolhem o seu público alvo, o grande mercado de trabalho para os engenheiros de telecomunicações é o Serviço Limitado Privado, que cobre essas lacunas deixadas pelas grandes operadoras, com foco no ambiente empresarial. Segundo o engenheiro, grandes empresas necessitam de um 27


TeLeCOmuNICAções

sistema próprio de comunicação e a Anatel permite que sejam usados equipamentos de radiação restritas que são os populares wifi de 2,4 e 5,8 GHz.

Nesse caso, a freqüência não é licenciada e pode ser usada por pessoa física ou jurídica. No entanto, o fracionamento da oferta do serviço provoca o congestionamento do espectro de freqüência e a performance dos pequenos equipamentos

que se multiplicam pelas residências e empresas têm seu funcionamento comprometido.

De acordo com o engenheiro, a Anatel dá outorga para empresas privadas terem seus sistemas de radiocomunicação. Mas não há essa opção para equipamentos que utilizem largura de banda apropriada para serviços de banda larga nesse tipo de serviço, embora exista tecnologia disponível.

utiliza dados defasados ou descolados da realidade brasileira para chegar a essa conclusão de que a telefonia brasileira é uma das mais caras do mundo.

seRvIçO de TeLeFONIA móveL BRAsILeIRO eNTRe Os mAIs CAROs dO muNdO

Documento divulgado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) aponta que o custo de uma ligação pelo telefone celular no Brasil é superior a todos os países europeus e consome uma proporção maior da renda que em países como Cuba, Paquistão, Argélia ou Guiné Equatorial. De 166 países avaliados pela entidade, apenas 47 têm um custo superior na ligação ao que o brasileiro paga no celular, entre eles Etiópia,Albânia, Ruanda e Madagáscar. Os locais onde a ligação tem o menor custo são Macau, Hong Kong e Dinamarca. Em resposta, a Agência Nacional de Telecomunicações divulgou nota informando que o valor de R$ 0,16 por minuto, para planos pré e pós-pagos, observa a quantidade de minutos tarifados e a receita total gerada por esse tráfego. Assim, além da cobrança 28

Em outras palavras, ainda faltam ações claras para o setor que continua evoluindo a passos rápidos e fomentando a curiosidade de milhares de consumidores que sonham em ter mais serviços “na palma das mãos” e em todos os lugares. “O 4G não é o final dessa história, o 5G já está batendo as portas. Acredito que, dentro de 15 anos, já estaremos vivendo a realidade holográfica”, conclui.

direta do assinante, há também outra, relativa aos minutos com preço zero. A agência argumentou, ainda, que por se tratar de um serviço prestado pelo setor privado, na telefonia móvel as empresas têm liberdade para a fixação de preços. O papel da Anatel, nesse caso, é homologar planos de serviço, mas os valores registrados não refletem as promoções praticadas de forma usual pelo setor. O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), que representa as empresas que prestam o serviço do País argumentou que a UIT

O sindicato das empresas já havia apresentado no começo de outubro um estudo da consultoria Teleco para tentar desconstruir os parâmetros utilizados pelo organismo internacional. Para as operadoras, o minuto do celular pré-pago no Brasil é o quarto mais barato do mundo, enquanto para a UIT o Brasil tem o 58º serviço mais caro do mundo, em uma comparação com 166 países.

Segundo o Sindicato, a UIT considera, em sua análise, o “preço-teto” homologado pela Anatel que não é praticado no país. Em nota, a entidade afirma que o preço médio do minuto do celular no Brasil é de cerca de US$ 0,07, o que representa 13% do preço apontado pelo levantamento apresentado pela União.



eNTRevIsTA | edsON duRãO JudICe

AO mesTRe COm CARINHO Como engenheiro civil, Edson Durão Judice é um dos mais renomados especialistas em formação de novos profissionais de Minas Gerais. Com 65 anos de experiência em docência nas áreas de Engenharia, Arquitetura e Ciências Econômicas, ele deu suas primeiras aulas quando estava na Escola de Engenharia da Universidade de Minas Gerais (UMG).

Embora tenha iniciado sua carreira na antiga Companhia Siderúrgica Belgo Mineiro, no Departamento de Mineração e Sinterização da usina de João Monlevade, não pensou duas vezes antes em retornar à capital, em 1950, quando a instituição foi federalizada para a criação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e abriu vagas para novos professores.

Em 2013, afastou-se definitivamente da sala de aula, onde tinha turmas no Instituto Politécnico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (IPUC). Pelos relevantes serviços prestados e seu incansável trabalho para aprimorar a qualidade da formação dos novos engenheiros, o mestre foi escolhido, por aclamação, para

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receber a comenda de Engenheiro do Ano, honraria criada pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), para homenagear profissionais da área que se destacam no exercício da profissão. A cerimônia que integra a comemoração do Dia do Engenheiro, foi realizada no dia 11 de dezembro, no auditório do Sicepot para uma seleta platéia que, sem dúvida, incluiu muitos e saudosos ex-alunos.

Qual é o seu sentimento ao ter sido eleito por aclamação para receber a Comenda de Engenheiro do Ano 2014, pela SME?

A gente não fica rico como professor, mas há uma riqueza diferente, que é o reconhecimento dos ex-alunos. Ao receber o título de Engenheiro do Ano 2014 vejo que os meus 65 anos de atividades não foram desperdiçados, porque os alunos que ajudei com a educação matemática reconhecem que essa é uma parte importante da vida profissional deles. Já ouvi, de ex-alunos, que os bons resultados alcançados por eles na carreira se devem a esses conhecimentos, e sempre digo que não há dinheiro que pague isso.


Edson Dur達o Judice

Engenheiro do ano 2014


eNTRevIsTA – edsON duRãO JudICe

Ao receber o título de Engenheiro do Ano 2014,vejo que os meus 65 anos de atividades não foram desperdiçados, porque os alunos que ajudei com a educação matemática reconhecem que essa é uma parte importante da vida profissional deles.

Tenho contato com muitas turmas de alunos. Sempre que recebo convites aceito. No domingo, 16 de novembro, compareci ao almoço de comemoração da turma de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de 1947. Revi e conversei com muitos de seus ex-alunos. No grupo há profissionais muito competentes e que foram excelentes alunos também. Eles disseram que a minha presença foi a melhor parte da festa e alguns me pediram para marcar aulas de matemática, para matar a saudade. Fiquei tão amigo da turma de Engenharia de 1961 que sou parte da lista de convidados para qualquer solenidade. Já participei até de viagens comemorativas de aniversários de formatura e foram passeios extremamente agradáveis. Como o Sr. avalia a qualidade da formação do engenheiro hoje?

A Engenharia evoluiu muito e há um número enorme de cursos, o que não existia quando estudei. Na minha época, as opções da UFMG eram Engenharia Civil e Química Industrial, mas a formação era mais completa e abrangia diversas áreas e tinha duração de sete anos. Os dois primeiros compunham o curso complementar, no qual os alunos se preparavam para o concurso vestibular, que era, na verdade, um exame de habilitação para o curso. 32

Há pouco mais de um ano, o Sr. deixou definitivamente a docência, depois de prolongar sua permanência na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas) por mais de 10 anos. O Sr. continua se relacionando com os ex-alunos e também engenheiros?

A queixa que ouço de muitos empresários é que há engenheiros que estão chegando ao mercado praticamente "analfabetos" em cálculo e trigonometria, matérias básicas do curso. Tudo o que sabem é usar o computador e .a calculadora, mas isso não é suficiente.

Em 2014, um erro de Engenharia acabou resultado na queda do viaduto “Batalha dos Guararapes”, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Como explicar um erro do gênero com tantas tecnologias disponíveis?

O engenheiro de hoje é mais técnico que cientista capaz de propor soluções para novos problemas. A matemática e a física são bases da Engenharia, que, na sua definição, é uma ciência. Da mesma forma, o cálculo estrutural bem feito é condição para um projeto bem feito. No caso do viaduto “Batalha dos Guararapes”, o erro foi de projeto, na fundação. Não sei como conseguiram cometer esse erro. O cálculo hoje é feito no computador, mas é preciso que o engenheiro tenha bom senso e noção, o que depende de uma base teórica sólida para desconfiar dos resultados e refazer todo o processo para reduzir qualquer hipótese de erro.

Antigamente, a gente calculava “na unha”. Os colegas que eram ricos tinham as máquinas Facit, que faziam barulho e incomodavam os outros estudantes. Tinha também a “régua de cálculo” que era muito usada. Tinha gente que calculava mais rápido com a régua que com a calculadora. É a prática que leva o profissional a ter bom senso e experiência, o famoso “sexto sentido”. Fracassos como esse, que aconteceu em BH, neste ano, eram raros.


fotos: Renato Porto

Nascido e criado em Belo Horizonte, Edson Durão Judice fez o curso primário no Grupo Escolar Cesário Alvim, o ginasial no Ginásio Afonso Arinos e, em 1942, ingressou na Escola de Engenharia da UMG, atualmente Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para fazer o curso complementar e submeteu-se, ao vestibular no início de 1944. Na formatura, recebeu o prêmio, Artur Guimarães, como o melhor aluno da sua turma. Em 1950, ingressou na UFMG pelas mãos do então diretor da Escola de Engenharia da UMG, Mário Werneck, para a vaga de professor assistente na cátedra de Geometria Analítica e Projetiva, regida pelo também mestre, Christovam Colombo dos Santos, a quem sucedeu anos depois.

Pela competência e interesse, ele ascendeu na carreira e chegou a professor catedrático de Geometria Analítica e Projetiva, em 1962. Foi, também, o primeiro chefe do Departamento de Matemática do Instituto de Ciências Exatas da UFMG (ICEX-UFMG). Judice ingressou na PUC Minas, em 1966, onde lecionou diversas disciplinas de Matemática nos cursos de Engenharia, Economia e Arquitetura. Na instituição, ele foi diretor do IPUC e também chefiou os departamentos de Ciências Básicas e de Engenharia Civil. Durante alguns anos, prestou serviço para a Fundação Dom Cabral (FDC), no curso de Engenharia Econômica. Nesse período, foi, por dois mandatos, membro do Conselho Curador da instituição. Foi também um dos fundadores da Univesridade Fumec.

Entre 1969 e 1975, ele foi conselheiro do CREAMG, como representante do IPUC-PUC Minas. Nesse período, presidiu, por dois anos, a Câmara de Engenharia Civil da entidade. 33


mesTRes dA eNGeNHARIA | ANGéLICA CássIA OLIveIRA CARNeIRO

O desafio de compatibilizar conhecimentos e tecnologias

A

qualificação dos estudantes de Engenharia tem motivado muitos profissionais da área a optarem pela docência. Esse é o caso da engenheira florestal, mestre e doutora em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Angélica Cássia Oliveira Carneiro. Aos 39 anos e com oito anos de atividades em sala de aula, na mesma instituição em que foi apresentada à ciência que recebe o nome de Engenharia, ela acredita que é possível modificar as pessoas para melhor com educação e formação de qualidade. Mais que isso, fazer parte de um projeto tão importante para o futuro do País é algo gratificante e, para o profissional, uma oportunidade ímpar de se manter próximo de áreas como

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pesquisa e desenvolvimento. Melhor ainda quando o trabalho é na instituição em que o professor se formou, onde ela leciona as disciplinas Energia da Madeira, Produtos Florestais e Acabamentos para Madeira na graduação de Engenharia Florestal. Já Física da Madeira, Energia da Biomassa e Adesivos para Madeira são as matérias do curso de pós-graduação na mesma área.

“Assim como qualquer profissão, é preciso amar o que faz. Eu amo lecionar e acredito que essa é a oportunidade que tenho para me manter atualizada, por meio da multidisciplinaridade entre as áreas, valorizando todas as formas de aprendizado para não ficar apenas com o ensino roteirizado. Meu objetivo é sempre ter a sustentação teórica e prática suficientes para fazer a diferença na sala de aula”, enfatiza.

Cada professor tem o seu desafio na sala de aula. Cássia Carneiro não é diferente. Com seu trabalho, ela pretende compatibilizar a transmissão de conhecimento com uso da tecnologia. “Hoje, a velocidade e o volume das informações que circulam é muito grande. É preciso tempo para selecionar esse material para despertar a atenção do aluno, fazendo com que ele desenvolva senso crítico e o interesse em adquirir e buscar novos conhecimentos”, alega.

Dessa forma, a jovem professora consegue responder a um dos desafios da Engenharia, uma ciência que tem foco no desenvolvimento de soluções de problemas, é uma área que está em constante desenvolvimento, com novos desafios para os profissionais que a escolhem como opção de carreira, dentro e fora da sala de aula.


Eu amo lecionar e acredito que essa é a oportunidade que tenho para me manter atualizada, por meio da multidisciplinaridade entre as áreas, valorizando todas as formas de aprendizado para não ficar apenas com o ensino roteirizado. Meu objetivo é sempre ter a sustentação teórica e prática suficientes para fazer a diferença na sala de aula.

“As empresas estão investindo cada vez mais em melhoria de fornos, controle de processos, periféricos

automação para minimizar os impactos da atividade siderúrgica e assegurar a competitividade do carvão vegetal perante o mineral, para fortalecer a indústria e contribuir para o meio ambiente e o desenvolvimento econômico e social”, destaca. Entre as conclusões do evento, a geração de energia elétrica a partir das bases de carbonização da madeira pode ser usada na própria unidade produtora de carvão ou até mesmo ser distribuída na rede elétrica. Outro ponto importante é que as diversas áreas da Engenharia dialogam

Nos dias 22 e 23 de outubro, a professora coordenou os trabalhos do III Fórum Nacional sobre Carvão Vegetal, evento realizado em Belo Horizonte. Com 40% da produção mundial desse produto que é usado como combustível para a produção de ferro gusa, aço, ferro ligas e silício metálico, é preciso incentivar os pequenos produtores a implementarem melhorias tecnológicas e de processos.

em algum momento, para uma ação multidisciplinar que promove melho-

rias na qualidade dos serviços presta-

dos à sociedade e, também, a

resolução de problemas de caráter econômico, ambiental e social, entre

outros. Por isso, os professores devem inserir esse conceito no seu trabalho

junto aos estudantes universitários. “Que atuemos de forma multidisciplinar e em equipe, pois a sociedade necessita de profissionais capacitados a realizar diversos trabalhos, em dife-

rentes áreas, mesmo que seja em apenas um projeto”, aponta.

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INOvAçãO e TeCNOLOGIA

Na palma das mãos

Aplicativo pretende incentivar as pessoas a reduzir o tempo do banho

Escassez de água requer uma mudança de comportamento das pessoas em relação ao uso desse recurso natural finito. Foi pensando nisso que o engenheiro eletricista, pós-graduado em Análise de sistemas com ênfase em Suporte Mainframe pela Universidade Federal de Minas Gerais e com MBA Executivo Internacional em Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Henrique de Castro Carvalho, desenvolveu o aplicativo SaveWater, que pretende auxiliar os usuários a otimizar o consumo a partir do tempo que passam debaixo do chuveiro. Disponível para Android e com download gratuito, o aplicativo deve ganhar uma versão para iOS em janeiro de 2015. “Atualmente, a média de tempo que as pessoas passam debaixo do chuveiro é de 15 minutos e a meta é atingir o mais próximo possível de cinco minutos”, explica.

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Para atingir essa meta, o usuário deve acionar o aplicativo ao entrar no banho e, passados os primeiros cinco minutos, será imitido um sinal sonoro que “avisa” que está na hora de acabar. Um segundo sinal, mais estridente que o anterior, acontece 10 minutos depois, caso o SaveWater não tenha sido finalizado.

A inovação do aplicativo é a produção de relatórios, que podem ser semanais ou mensais, que mostram quanto a pessoa economizou em água e energia ao tomar banhos de menos de 15 minutos.“Sempre vi aplicativos que apontavam o quanto o usuário gastou. Isso não adianta. Queria mostrar o quanto ele ganha, tanto economicamente quanto ambientalmente”, explica. Segundo Carvalho, se cada belo-horizontino diminuisse 25% seu consumo

de água, seria economizado um volume equivalente a cinco lagoas da Pampulha por ano. O dinheiro economizado também aparece nos relatórios, de acordo com a cidade, tarifas de água e energia locais.

O aplicativo também é ligado ao perfil de Faceboook do usuário, que permite convidar os amigos a economizar água também. “Tenho acompanhado as estiagens nos últimos anos em todo o País. O que percebemos é que as chuvas não conseguem mais repor a quantidade de água necessária para mantermos o atual consumo. Soma-se a isso uma cultura de gastar água demais.Temos que repensar o uso desse recurso”, disse.

Para melhorar ainda mais o aplicativo e provocar a adesão de mais usuários, o SaveWater já está em processo de aprimoramento, com versão em inglês e inclusão de músicas para serem ouvidas durante o banho.


BRASIF: HÁ MAIS DE 45 ANOS TRABALHANDO AO LADO DOS PROFISSIONAIS QUE CONSTROEM NOSSO PAÍS.

PARABÉNS PELO TÍTULO DE ENGENHEIRO DO ANO DE 2014,

EDSON DURÃO JUDICE.

0800 709 8000 WWW.BRASIFMAQUINAS.COM.BR


PARCeRIA

Prêmio de Ciência, Tecnologia e Inovação da sme terá parceria com a FIemG

P

rêmios entre R$ 10 mil e R$ 3 mil aguardam os cinco primeiros colocados na edição 2014/2015 do Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME). A solenidade de premiação está prevista para o próximo ano. Para participar, basta inscrever trabalhos técnico-científicos, com foco nas demandas reais da indústria mineira, que possam ser solucionados a partir de conhecimentos nas áreas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Para essa edição, a SME firmou parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). “Acredito que a parceria com a Fiemg é muito positiva, porque a indústria mineira tem diversos desafios que podem

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ser resolvidos com soluções das áreas afins do Prêmio. Nosso objetivo é movimentar a comunidade acadêmica para estudar e solucionar esses desafios”, ressalta o presidente da SME, Augusto Celso Franco Drummond.

O presidente da Fiemg, engenheiro Olavo Machado, destaca que o patrocínio ao Prêmio SME é parte da crença da instituição de que os engenheiros são personagens decisivos no processo de transformação do conhecimento em inovação e tecnologia. “Igualmente, são profissionais imprescindíveis na implementação dessas inovações nos sistemas produtivos. Neste sentido, ações que valorizem o papel desses profissionais são importantes”, enfatiza o dirigente.


Assim, o que se pretende é usar o Prêmio como instrumento eficaz de sensibilização dos estudantes recémformados para a importância da Engenharia na indústria e, também, que forneça a eles conhecimentos para a prática cotidiana da indústria. “Nossa convicção, fundamentada na experiência de países vitoriosos em sua economia e em sua indústria, é a de que a Engenharia é vital para sustentar um processo consistente de inovação e desenvolvimento de tecnologia e para implementar essas soluções nos sistemas produtivos”, avalia Machado. Os trabalhos devem partir da identificação de um problema real, preferencialmente no segmento industrial. A aplicação de conhecimentos das áreas de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia deve resultar no sucesso final do processo bem como a comprovação de uma relação custo/benefício adequada dos pontos de vista estratégico, econônico/financeiro, ético e ambiental ou que, ainda, resultem no aumento de produtividade.

Os trabalhos podem ser apresentados individualmente ou em grupos formados por estudantes de outras áreas, desde que o líder da equipe seja um estudante das graduações foco do Prêmio. A instituição de ensino que tiver o maior número de trabalhos classificados para a última fase de avaliação também será receberá uma premiação especial. A inscrição é gratuita e deve ser efetuada por meio de formulário oficial do Prêmio SME de Ciência,Tecnologia e Inovação e estará disponível no site www.sme.org.br. O documento também pode ser solicitado por email e entregue até a data limite a ser fixada no cronograma do evento.

Os processos de avaliação, classificação e premiação serão conduzidos pela Comissão Organizadora, em três fases distintas. A primeira é eliminatória. Na segunda, o trabalho será avaliado do ponto de vista técnico, por comissões julgadoras por habilitação ou especialização compostas por, no mínimo, três juízes.

Nessa fase, os trabalhos receberão nota de zero a 10 nos quesitos clareza na exposição do tema, criatividade e inovação, interesse técnico-científico e/ou alcance econômico, interesse técnico científico e/ou alcance social e, ainda, possibilidade de execução e aplicabilidade.

Projetos que contribuam para a inclusão social e que fortaleçam práticas de sustentabilidade receberão um bônus adicional de cinco pontos. Da mesma forma, trabalhos que sejam baseados em situações reais vivenciadas em segmento industrial e que resultem na solução do problema também terão um bônus de 10 pontos.

Serão classificados para a terceira fase, projetos cuja nota média for igual ou superior a 70% dos pontos distribuídos. Nessa etapa, a comissão organizadora, juntamente com as empresas parceiras do Prêmio, designarão a comissão julgadora final que escolherá os cinco melhores projetos bem como aqueles que receberão menção honrosa e certificados de participação.

mINAs GeRAIs NA FReNTe

Depois de conquistar o maior número de pontos e de medalhas na edição nacional da Olimpíada do Conhecimento 2014, realizada em Belo Horizonte, entre os dias três e seis de setembro, no Expominas, a delegação de Minas Gerais é presença garantida na etapa internacional WorldSkills, que acontecerá pela primeira vez em um país da América Latina, em agosto do próximo ano, em São Paulo.

gido em sua modalidade. No mundial, 1.200 competidores de 60 países disputarão medalhas em 49 ocupações do setor industrial e de serviços.

O Estado acumulou um total de 125 pontos, seguido por São Paulo (116 pontos) e Santa Catarina (59 pontos). Em medalhas, Minas Gerais ficou com 17 de ouro, 21 de prata e oito de bronze. A competição envolveu cerca de 800 jovens de todo o País, dos quais 74 de Minas Para garantir uma vaga, os primeiros colocados Gerais de 58 profissões técnicas. A área de proda Olimpíada do Conhecimento terão de passar, vas foi de 105 mil metros quadrados e foram ainda, por provas e atingir o índice técnico exi- usados, ainda, 900 toneladas em equipamentos.

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CIêNCIA e TeCNOLOGIA

estudante mineiro de engenharia mecânica recebe prêmio em Paris

Os estudantes constituíram a equipe Sadec e apresentaram o projeto de um câmbio CVT, um modelo automático para carros, baseado em um novo modelo de transmissão continuamente variável (CVT, na sigla em inglês), que proporciona melhor performance do veículo, otimiza o consumo de combustível e reduz as emissões de CO2. O estudante descobriu o concurso em outubro de 2013, quando já estava desenvolvendo a parte técnica do projeto e buscava ajuda para conseguir patentear sua ideia. Com o prêmio nas mãos, ele já estuda uma forma de transformar o projeto em produto para o mercado.“A Valeo está interessada”, comemora.

Alexandre Benquerer acredita que a universidade abre possibilidades como essa, para estudantes que se dedicam a trabalhos de pesquisa e desenvolvi-

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Alexandre marques Bemquerer e Ana Carla de Divulgação: Valeo

O estudante de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),Alexandre Marques Bemquerer, 25 anos, e a aluna de pós-graduação em Perícia, Auditoria e Análise Ambiental pelo Centro Universitário UNA,Ana Carla de Sá Campos, 26 anos, receberam, em 17 de novembro, em Paris, o prêmio de 100 mil euros (cerca de R$ 320 mil). Eles superaram 960 equipes de diversas partes do mundo e foram os vencedores da primeira edição do Desafio de Inovação Valeo (VIC, em inglês). O evento, promovido pela fornecedora de autopeças francesa, foi realizado neste ano.

sá Campos

mento, seja em equipes já constituídas ou mesmo em laboratórios onde eles podem experimentar o lado prático da Engenharia.

Sobre o prêmio, ele demonstra cautela, como todo bom mineiro. Adiantou que investirá em algum projeto, mas ainda não há nada definido.Atualmente, ele trabalha na empresa da família, T&M Auditoria de Elevadores com pai e engenheiro mecânico, Eliseu Marques de Oliveira, que também é funcionário do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), há 19 anos. “Desde cedo, ensinei meus filhos a mexer com ferramentas e equipamentos e a “colocar a mão na massa” inclusive para resolver problemas domésticos. Hoje, as pessoas ficam muito na teoria e deixam a prática de lado”, afirma. Orgulhoso, Eliseu Marques acompanhou o filho na cerimônia de premia-

ção. “O importante não foi só o prêmio.Alexandre foi muito elogiado pelas habilidades técnicas que demonstrou. Vou continuar deixando os filhos a vontade para experimentar as coisas sem medo de errar ou acertar”, enfatiza. Em comunicado, o vice-presidente do Grupo de Inovação e Desenvolvimento Científico da Valeo, Guillaume Devauchelle, disse que a dupla de estudantes de Minas teve "coragem" e apresentou uma tecnologia convincente. "O que mais admiramos nessa ideia é o fato de ser tão inovadora, que força 'experts' a reconsiderar o que eles já sabem. Apreciamos a coragem do time de ir contra o senso comum e questionar nossas suposições básicas e nos desafiar a pensar se devemos mudá-las". A segunda edição do Valeo Innovation Challenge está com inscrições abertas até dois de fevereiro de 2015.


ART-0086

FAçA A esCOLHA CeRTA

Na hora de preencher a ART no campo (entidade de classe) escolha a SME através do código 0086. Assim, você apoia a Sociedade Mineira de Engenheiros a representar a engenharia e oferecer os melhores serviços para você!

Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem estar social.

www.sme.org.br


JOvem eNGeNHeIRO | WALTeR GeRvásIO LAdeIRA

Conhecimento e experiência para consolidar a carreira

E

m 1988,Walter Gervásio Ladeira, foi o único aluno do tradicional Colégio Loyola a prestar o vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para Engenharia de Minas. Na época, a instituição era uma das cinco a oferecer o curso no País. Como argumentos para justificar a sua escolha, ele tinha o exemplo do pai no setor e, ainda, a convicção de que o mundo precisava minerar para obter matérias-primas em escala para a vida.

Em 2014, com 20 anos de graduação e 44 de idade, o engenheiro é pósgraduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral (FDC), mestre em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas pela UFMG (2014), e empreendedor que aguarda 42

um novo ciclo de crescimento da mineração. “Para 2015, o cenário será de estagnação”, avalia.

O início da carreira de Walter Ladeira foi no mercado. Durante sete anos, ele trabalhou na Samarco Mineração e outros três na Mineração Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), tendo percorrido quase todas as áreas da atividade, da lavra ao beneficiamento do minério. Segundo o engenheiro, a Engenharia de Minas tem espaço para todos os perfis de candidatos. O que essa área precisa, de fato, é de profissionais que vão à mina, que perambulam pelas usinas de beneficiamento e que têm prazer em fazer o trabalho de campo. “É possível se tornar um excelente planejador de lavra e modelador de

jazidas no computador, ou ainda um grande “desenhador” de usinas de tratamento. Antes de tudo isso, é preciso conhecer pesquisa mineral em campo, a lavra de minas na prática e a operação real de uma usina. Sempre digo que os primeiros cinco anos não são para ganhar dinheiro, mas para aprender”, analisa.

Mas a carreira tomou rumo novo a partir do convite do pai, para que ele ingressasse na empresa de consultoria da família, a ERG Mineração e Comércio, em 2004. “Com 10 anos de experiência em excelentes empresas de grande porte essa tem sido uma experiência enriquecedora. Tenho podido ‘complementar o grande conhecimento acumulado por meu pai, nos mais de 40 anos de trabalho dele no setor mineral, com o que eu trouxe do mercado”, comenta.


diferente dos profissionais de outras áreas, o engenheiro de minas faz a ligação entre todas as engenharias, a partir de conhecimento razoável em disciplinas como geologia, química, física, matemática, mecânica e elétrica.

Para ele que saiu de empresas de grande porte, empreender é um grande desafio, a começar pela própria gestão e tomada de decisões. Muitas vezes, o horário de trabalho se estende até a madrugada e o patrão único se multiplica, de acordo com o número de clientes. Em suma, não há monotonia, assim como o próprio setor mineral. Desde o início dessa fase, houve alguns anos ruins, mas a maioria foi de exercícios positivos.A empresa de consultoria tem variado muito seu tamanho, de acordo com a demanda do mercado. O grupo já teve 35 funcionários, e atualmente está com seis. “O ano de 2014 tem sido ruim, mercado parado, quase ninguém investindo em Pesquisa Mineral, mas mesmo assim teremos lucro. Isso só é possível com gestão de custos e visão do todo da empresa”, enfatiza.

Diferente dos profissionais de outras áreas, o engenheiro de minas faz a liga-

ção entre todas as Engenharias, a partir de conhecimento razoável em disciplinas como geologia, química, física, ma-

temática, mecânica e elétrica. “A

gente conversa com geólogos, com o pessoal de meio ambiente, com a área financeira, com os operadores

de equipamentos, com a segurança

do trabalho para extrair todas as informações necessárias ao bom funcionamento da mina”, destaca.

É interessante, também, exercitar a arte da negociação e de comunicação. Dis-

ciplina e organização são outras com-

petências importantes no dia a dia de

trabalho do profissional que opta por empreender, para atender a todos os

prazos e rigores das legislações que regem o setor.

Embora milenar, a mineração é uma atividade que reflete a inovação da raça humana. Por isso, os profissionais da área não podem se esquecer de acompanhar as tendências, melhorias e processos que são constantemente aprimorados para aumentar a rentabilidade e produção do setor. Para resistir a uma rotina de trabalho tão pesada, o engenheiro começa o dia bem cedo, com atividade física – corrida, natação ou bicicleta – e frequenta a academia após o serviço alguns dias da semana. Ele também pratica Tiro Prático, desde 1992, e participa de torneios.

Mas na hora do lazer, a prioridade é mesmo a família. Com 15 anos de casado e duas filhas, ele gosta dos finais de semana com passeios especiais, daqueles que ficam na memória. 43


Cidadania

minas terá novos representantes engenheiros no Legislativo Entre os deputados estaduais e federais da bancada mineira que tomarão posse para um novo mandato, em 1º de janeiro de 2015, há engenheiros. A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) recomenda que os profissionais da área acompanhem e participem do trabalho de seus pares na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e, também, na Câmara dos Deputados para fortalecer a democracia e a cidadania. DEPUTADOS ESTADUAIS SÁVIO SOUZA CRUZ (PMDB)

Engenheiro metalurgista graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor licenciado da PUC Minas e Colégio Santo Agostinho, Sávio Souza Cruz vai iniciar o seu quinto mandato como deputado estadual na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). As principais regiões de atuação política são Central, Centro-Oeste,Vale do Jequitinhonha e Sul. Em sua atuação parlamentar, destaca-se a defesa ambiental, tendo apresentado projeto de lei que resultou na lei nº 13.766/2000 que prevê incentivos para municípios que investirem em coleta seletiva de lixo. Outros temas de interesse são aqueles ligados aos servidores públicos, além da educação, geração de emprego e renda e direitos dos aposentados.

PAULO LAMAC (PT)

Professor e engenheiro eletricista, o deputado estadual Paulo Lamac é graduado pela UFMG em Engenharia e pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas. Professor e um dos fundadores da Associação Pré-UFMG, instituição sem fins lucrativos que amplia o acesso de estudantes de baixa renda às universidades públicas, ele vai iniciar, em janeiro de 2015, o seu segundo mandato na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com forte atuação nas regiões Central e Zona da Mata mineira. Anteriormente, ele exerce dois mandatos como vereador na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

O deputado é o autor do projeto de lei nº3265/2012 desenvolvido em parceria com o CREA-MG que obriga inspeções periódicas em edificações para prevenir desabamentos em tragédias.

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FÁBIO CHEREM (PSD)

O deputado estadual Fábio Cherem vai iniciar o seu segundo mandato como deputado estadual na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais com ênfase em Estrutura de Concreto Armado, ele também é empresário de sucesso, (Construtora Cherem).

Natural de Lavras, foi o primeiro deputado a destinar a totalidade das emendas parlamentares para a educação, através das Escolas Estaduais no seu mandato. Foi autor, também, do projeto de lei que deu transparência em favor da população quanto a distribuição gratuita de medicamentos em unidades de saúde e tem atuado em favor de crianças cadeirantes e pela ampliação do cadastro de doadores de medula óssea.

Engenheiro civil, advogado e empresário, o deputado estadual vai iniciar, em janeiro de 2015, o seu sexto mandato consecutivo na ALMG com foco em ações e projetos que propiciem mudanças significativas nas atividades públicas e encaminhamento ao processo de reforma política nacional. Natural de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde foi vice-prefeito (1989-1990) e prefeito (1991-1992), ele tem forte atuação nas regiões Central e Sul de Minas Gerais.

WILLIAN DIAS

IVAIR NOGUEIRA (PMDB)

DEPUTADOS FEDERAIS LUIZ FERNANDO FARIA (PP-MG) Engenheiro mecânico, agropecuarista e empresário, o deputado Luiz Fernando Ramos Faria vai iniciar, em 1º de janeiro de 2015, o seu terceiro mandato consecutivo como deputado federal. Natural de Santos Dumont, foi reeleito presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados da legislatura (2011-2014). Ele também foi integrante da Subcomissão Permanente do Marco Regulatório da Mineração no Brasil e membro da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público. JAIME MARTINS (PSD-MG)

Engenheiro metalúrgico e mecânico, técnico industrial em Química, especialista em administração financeira e marketing e empresário, o deputado federal Jaime Martins vai assumir o seu sexto mandato como deputado federal por Minas Gerais. Como destaque, a sua atuação na Comissão de Viação e Transporte na legislatura. Entre as propostas para o próximo mandato, ele pretende apresentar projetos de lei que fortaleçam o modal ferroviário nacional. CARLOS DO CARMO ANDRADE MELLES (DEM-MG)

Engenheiro agrônomo e empresário, o deputado Carlos Melles vai iniciar o seu sexto mandato em janeiro de 2015. Natural de São Sebastião do Paraíso, tem forte atuação no setor do agronegócio. Durante o último mandato, licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais, tendo reassumido em abril de 2014. 45


ARTIGO

Que clima é esse? Marcelo de Deus Nunca se falou tanto na água como neste ano que corre para acabar, mas que teima para não começar a chover de verdade. Já ficou longe o tempo em que um grupo de engenheiros, associados ao braço regional da Associação Brasileira de Recursos Hídricos comemoravam no dia 30 de setembro o “reveillon hidrológico”, como boas vindas à chegada da chuva. O que está ocorrendo com o clima é a pergunta que todos se fazem. A chuva não chega mais em outubro, dizem uns. Chove até junho no sudeste, dizem outros. Se mudança climática ou mera variabilidade climática ainda vamos medir e estudar mais para dar as respostas científicas. Enquanto o Painel Intergovernamental Para Mudanças Climáticas-IPCC, da ONU, aponta como grave consequência do aquecimento global as mudanças climáticas, e destas a má distribuição das chuvas, uma coisa é certa caso nada seja feito: viveremos de extremos hidrológicos. Grandes cheias e grandes secas. Nesta linha, uma outra corrente estuda a existência de grandes ciclos , décadas, onde o clima oscila a ponto de produzir anos alternados de seca e chuva. No Brasil este fenômeno recebeu o nome de “Oscilação Decadal do Pacífico” ou PDO da sigla em inglês. O fato é que o histórico de observação é pequeno, cerca de 100 anos, frente à idade da terra, para se tirar conclusões de fenômenos decadais.

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Marcelo de Deus, engenheiro Civil, e Gerente de Planejamento Energético da Cemig.

Mas o que sem dúvida despertou-nos tanto para a questão da água foi a crise no abastecimento da cidade de São Paulo. Ela acendeu uma luz amarela na nossa consciência, ou vermelha para aqueles que estão no olho do furacão. Independentemente de qual teoria explica melhor o que estamos vivendo no sudeste, uma coisa é certa: choveu abaixo da média nos últimos três ciclos hidrológicos, ou seja, nos anos 2011/2012, 2012/2013 e especialmente no ciclo 2013/2014, cujas últimas chuvas com boa distribuição espaço-temporal estão quase fazendo um ano, pois ocorreram em dezembro de 2013. Tanto tempo sem chover faz valer a lógica do ciclo hidrológico, onde as primeiras chuvas vão apenas infiltrar para as camadas profundas do solo seco, sem formar escoamento superficial, sem saturar o solo e assim atrasar ainda mais a elevação das vazões nos cursos d’água. E nunca estas vazões estiveram tão baixas no período seco, pois o lençol freático quase não


foi carregado na estação das chuvas. Corroborando a tese da má distribuição das chuvas e dos extremos torna-se interessante registrar que neste último ano hidrológico 2013/2014 tivemos as maiores cheias do estado do Espírito Santo. E a cidade de Aimorés registrou mais de 800 mm de chuva em poucos dias trazendo enormes transtornos no início de um período do chuvoso do sudeste identificado como o mais seco. Estes dados mostram a complexidade da ciência.

Vivemos sempre alheios à situação hídrica, pois, por mais que soubéssemos que a disponibilidade de água doce parecia tão mínima no “planeta água”, afinal só 0,4% é superficial e destes apenas 1,6% estão nos rios, vangloriávamo-nos de possuir 12% dessa água. Aprendemos na escola e nos orgulhamos. Mas ficou claro que se há mesmo uma enorme abundância, ela está, principalmente, no Norte, onde temos grandes vazios demográficos, e, portanto, menos susceptíveis às crises hídricas, pelo menos em termos de quantidade.Tantos anos convivendo com estas máximas acabaram criando uma cultura do desperdício. Afinal, depois de tratada, mais de 40% da água desaparece e 48% dos brasileiros admitem usar a água com pouco controle. Este sentimento de possuir muita água, capazes de sermos detentores mundiais de commodities, alimentou fantasias de imensos navios, como petroleiros, parando na foz do rio Amazonas para levar água doce para o mundo inteiro. Mas poucos sabem que isso já ocorre, faz muito tempo, na forma de grãos que são exportados, já que 63% da água no país é consu-

mida pela irrigação. Ou se dá também por meio da exportação de carne, pois são consumidos 17.000 litros de água para produzir 1 kg de carne bovina. Como também circulamos muita água na forma de leite ou de manteiga que chega a consumir 18.000 litros para um quilo. Enfim a água não está escoando só pela torneira, mas também por toda parte em nossas atividades cotidianas ou comerciais.

Com crise se aprende e começamos a tomar consciência da finitude desse precioso recurso. E quando é assim, próximo de nós, como o problema do abastecimento humano, cresce e muito o desejo em cada um, de dar sua contribuição individual. Escolas, empresas, cidadãos, todos querem e podem com um pouco de esforço mudar de atitude no cotidiano. Sim, é hora, de fazer sua pequena parte e ajudar a salvar a água. Para se ter ideia, considerando que nossos padrões de consumo são elevados e podem ser reduzidos, se cada cidadão de Belo Horizonte economizasse um quarto(25%) de sua cota diária de projeto (200 litros/habitante /dia), economizaríamos quase 5 lagoas da Pampulha em um ano. Esforço pequeno, resultado grande. Marcelo de Deus é engenheiro Civil, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduado em Hidrologia, Hidráu-

lica e Recursos Hídricos, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Gerente de Planejamento Energético da Cemig.

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RF123

ARTIGO

Coordenador de Curso: Cínico ou sincero

Léu Soares de Oliveira A história atual caracteriza-se como um período de aceleradas transformações em todas as esferas do convívio humano, evidenciadas pelos movimentos políticos, econômicos, sociais e culturais, o processo de globalização, as preocupações ambientais, o despertar de uma nova visão do ser humano, as atenções voltadas à qualidade de vida. No âmbito das organizações, as mudanças se originam de um questionamento da própria natureza das relações de trabalho, a partir de uma análise das teorias administrativas para as novas necessidades emergentes dessas relações.

Os pressupostos que sustentam essas teorias são, hoje, considerados sob uma nova concepção do que é o SER humano, sua subjetividade, sua capacidade, necessidade de auto-realização, interesse, potencialidade consciência crítica e principalmente o seu papel nas organizações e na sociedade. O rápido crescimento da indústria no século XIX arrastou um grande contingente de pessoas da área rural sem nenhuma qualificação técnica, que foram submetidos a condições de trabalho de48

sumanas, salários reduzidos, jornadas de trabalho extensas sem nenhuma proteção legal por parte do estado.

Os princípios tayloristas foram formulados a partir do trabalho individual e da ênfase nas tarefas que foram simplificadas e padronizadas, com o objetivo de permitir a especialização do trabalhador e o aumento dos índices de produtividade. Desta forma, a utilização de mão-de-obra não especializada tornou-se amplamente viável e produtiva para aumentar mais ainda o potencial do capitalismo. Foi a partir de Taylor que as organizações obtiveram esta configuração arquitetônica que persiste até hoje e foi também nesta época que apareceu a figura do “Gerente” ou capataz adestrador dos empregados.

Olhando para dentro deste contexto, podemos analisar o duplo papel exercido por estes cordenadores. Ao deixar de ser um mero empregado individual, ele continua sendo empregado, porém, com procuração do capitalista para representá-lo na busca de resultados e ganhos fi-

nanceiros. Então, ele é também um capitalista.

Neste palco de representações, presume-se que a vida apresenta coisas reais e, às vezes, bem ensaiadas, utilizando máscaras para disfarçar seus diversos papeis.

As máscaras são expressões controladas e ecos admiráveis do sentimento, ao mesmo tempo fiéis, discretas e supremas. As coisas vivas, em contato com o ar, adquirem uma cutícula, e não se pode argumentar que as cutículas não sejam corações; contudo alguns filósofos parecem aborrecidos com as imagens por não serem sentimentos. Palavras e imagens são como as conchas e como tal, partes integrantes da natureza das substâncias que cobrem, porém mais bem dirigidas ao olhar e mais abertas à observação. Não diria que a substância existe por causa da aparência, ou o rosto por causa da máscara, ou as paixões por causa da poesia e da virtude. Coisa alguma surge na natureza devido a outra coisa qualquer; todas essas faces e produtos estão igualmente envolvidos no ciclo da existência.



ARTIGO Neste palco, o mais importante talvez seja o fato de o coordenador se apresentar sob a máscara de personagem para personagens projetados por outros atores.A platéia constitui um terceiro elemento da correlação, elemento que é essencial e que, entretanto, se a apresentação fosse real, não estaria lá. Na vida real, os três elementos ficam reduzidos a dois: o papel que o coordenador representa talhado de acordo com os papéis desempenhados pelos outros presentes e ainda esses outros, que também constituem a platéia.

Um indivíduo pode estar convencido do seu ato ou ser cínico a respeito dele. Estes extremos são algo mais do que simplesmente as extremidades de um contínuo. Cada um dá ao indivíduo uma posição que tem suas próprias garantias e defesa, e, por isso, haverá a tendência, para quem viajou próximo a um desses pólos, de completar a viagem. Começando com a falta de crença interior no papel de outrem, o indivíduo pode seguir o movimento natural. (Goffman, 2007, p.27).

“Não quero dizer que com isso, que todos os atores cínicos estejam interessados em iludir sua platéia, tendo por finalidade o que se chama de interesse pessoal ou lucro privado”. Um indivíduo cínico pode enganar o público pelo que julgar ser o próprio bem deste, ou pelo bem da comunidade.Talvez o verdadeiro crime do vigarista não consista em tomar dinheiro de suas vítimas, mas em roubar-nos a todos a crença de que as maneiras e a aparência da classe média só podem ser mantidas por pessoas da classe média. Um profissional desabusado pode ser cinicamente hostil à relação de serviço que seus clientes esperam que ele lhes preste. O vigarista tem condições de manter o mundo “legal” inteiro em desonra.

Em certo sentido e na medida em que esta máscara representa a concepção que formamos de nós mesmos – o papel que nos esforçamos por chegar a viver –, esta máscara é o nosso mais verdadeiro eu, aquilo que gostaríamos de ser. Ao final, a concepção que temos de nosso papel torna-se uma segunda natureza e parte integral de nossa personalidade. Entramos no mundo como indivíduos, adquirimos um caráter e nos tornamos pessoas. (PARK, 1950. p. 250).

Quando o coordenador desempenha seu papel, implicitamente, solicita a seus observadores que levem a sério a representação sustentada perante eles. Pede-lhes para acreditarem que o personagem que vêem no momento possui atributos para representar o capitalismo, apesar, de que, em nenhum momento, deixará de ser empregado. Há o ponto de vista popular de que o indivíduo faz sua representação e dá seu espetáculo para benefício dos outros e de si mesmo.

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Conquanto possamos esperar encontrar uma oscilação natural entre cinismo e sinceridade, ainda assim não devemos excluir o tipo de ponto de transição que pode ser mantido à custa de um ponto de auto-ilusão.Verificamos que o indivíduo pode tentar induzir o auditório a julgá-lo e à situação de um modo particular, procurando este julgamento como um fim em si mesmo e, contudo, pode não acreditar completamente que mereça a avaliação que almeja de sua responsabilidade ou que a impressão de realidade por ele alimentada seja válida.

O mundo das organizações se torna uma indústria do espetáculo onde o palco são os departamentos, onde o gerente representa ora o papel de empregado, ora o papel do capitalista.

O sistema econômico fundado no isolamento é uma produção circular do isolamento. O isolamento funda a técnica, e, em troca, o processo técnico isola. Do automóvel à televisão, todos os bens selecionados pelo sistema espetacular são também as sua armas para o reforço constante das condições de isolamento das “multidões solitárias”. O espetáculo reencontra cada vez mais concretamente os seus próprios pressupostos.

O trabalhador não se produz a si próprio, ele produz um poder independente. O sucesso desta produção, a sua abundância regressa ao produtor como abundância da despossessão. Todo o tempo e o espaço do seu mundo se lhe tornam estranhos com a acumulação dos seus produtos alienados. O espetáculo é o mapa deste novo mundo, mapa que recobre exatamente o seu território. As próprias forças que nos escaparam se nos mostram em todo o seu poderio.

Léu Soares de Oliveira, engenheiro, professor e mestre em administração

REFERÊNCIAS:

1- GOFFMAN, Erving. A Representação do Eu na Vida Cotidiana. 14ª edição, Petrópolis:Vozes,

2- PARK, E. Robert . Race and Culture.



ARTIGO | PLATAFORmA BIm

Ganhos e impasses na implantação de plataformas BIm em empresas brasileiras de projetos de sistemas prediais *Autor: *Coautores:

Ítalo Batista Rudner Fabiano Lopes Renato Pereira Aboim Tavares

Não é de hoje que ouvimos falar que a modelação da informação da construção (Building Information Modeling – BIM) configura-se como um grande avanço para a indústria da construção. Embora apenas recentemente softwares BIM têm sido difundidos no setor da Construção Civil Brasileira, este conceito existe há mais de 20 anos, nas indústrias automobilística e aeronáutica. A experiência de implantação de uma plataforma BIM em uma empresa de projetos de engenharia de sistemas prediais em Belo Horizonte/MG nos é capaz de indicar, sobretudo na perspectiva brasileira, os diversos desafios trazidos pela nova tecnologia e os seus verdadeiros ganhos. EXPECTATIVA X REALIDADE

As plataformas BIM, ao contrário das ferramentas CAD tradicionais, demandam tempo e investimento relevantes para sua implantação.A carência de bibliotecas 3D de componentes nacionais para a indústria brasileira exige tempo e mão de obra especializada para a consolidação destes modelos que permita a empresa começar a projetar. A estruturação dos fluxos de trabalho da empresa, para garantir a eficiência da plataforma, se mostra ainda mais importante quando levantamos questões de colaboração e trabalho simultâneo. Os softwares BIM demandam computadores potentes, que repercutem em investimentos que devem ser equacionados pela empresa, antes mesmo da aquisição das licenças do software. Por ser uma tecnologia iniciante na Construção Civil, devese considerar a necessidade de treinamento da mão de obra e o período de amortização das alterações na cultura orga-

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nizacional trazidas pela introdução da nova ferramenta de trabalho. Com o BIM é necessário que o projetista tenha uma visão sistêmica das instalações que irá projetar para conseguir estabelecer as relações corretas entre os componentes da instalação. Isso caracteriza-se como uma grande mudança no raciocínio de projeto atual, pois o projeto passa a ser feito a partir do conhecimento real da construção, e não mais pelo domínio do desenho simbólico.

No Brasil a implantação do BIM tem sido desafiadora. Os desenvolvedores dos principais softwares ainda não realizaram as adaptações para as normas nacionais. O alto investimento numa nova plataforma de trabalho gera expectativas de não serem necessários acessórios para cumprir a função prometida, como plug-ins, ou mesmo softwares de outras áreas, como uma planilha eletrônica. Isso é agravado pelo fato de que os softwares BIM estão ainda limitados na representação 2D, o que exige tempo para o desenvolvimento de soluções e alternativas que adaptem a produção de desenhos nas representações técnicas nacionais. Outra promessa da plataforma é de realizar grandes automatismos sob o ponto de vista do dimensionamento da instalação, contudo, observamos que existe esta área dentro da plataforma, mas os resultados estão aquém das expectativas. Sabemos que a demanda das adaptações dos softwares gera um mercado todo particular, mas até quando isso será bom,


Ítalo Batista, engenheiro eletricista e especialista em Sistemas Prediais

uma vez que estaremos tratando de tecnologia de ponta?

Estes são os paradigmas a serem equacionados atualmente para a implantação da tecnologia BIM em uma empresa de engenharia de instalações prediais. Muitos destes fatores fazem parte do universo de expectativas geradas pelo marketing dos softwares. Os recursos ainda estão em desenvolvimento, e, expectativas à parte, é preciso enxergar os ganhos encontrados no uso do BIM. Estes são inúmeros. GANHOS DIRETOS NA ADOÇÃO DO BIM

Na prática desenvolvida pela PROERG Engenharia e Projetos Ltda., de Belo Horizonte, o primeiro grande ganho encontrado foi na compatibilização interdisciplinar de um projeto. A checagem de interferências nunca foi tão simples e concreta como agora - em BIM.A sobreposição dos modelos de todas as disciplinas e recursos de exibição direta de interferências pelos softwares permitem às engenharias um diálogo muito mais palpável. Sem dúvidas, a descoberta de incompatibilidades antes do canteiro de obras garante uma maior eficiência da construção. Ítalo Batista, Engenheiro

Eletricista Especialista em Sistemas Prediais Diretor Proprietário da Proerg Engenharia e Projetos Ltda.

Rudner Fabiano Lopes

Outra grande vantagem percebida vem com a extração automática de vistas e cortes dos modelos. Com isso, os projetistas perdem menos tempo com a geração do detalhamento, e ganham mais tempo para pensar efetivamente nas soluções de projeto. Neste campo, outro ganho é a redução de retrabalho e de erro no momento de alterações de informações dos desenhos. Diversas informações associadas ao modelo são automaticamente ajustadas quando alterado qualquer elemento ou dimensionamento do mesmo. A extração de planilhas de quantitativos demanda um investimento preliminar no cadastro de informação nas famílias de objetos, entretanto, permite a extração de múltiplas informações dos componentes aplicados no projeto e concretiza uma base real para orçamentos e outras quantificações realizadas pela gestão de obras. Outro recurso existente no BIM com grande potencial para a eficiência em projetos é a colaboração e o trabalho simultâneo de equipes. Em um único ficheiro é possível concentrar todas as informações de um projeto oriundas das diversas disciplinas envolvidas. Através do ambiente colaborativo, diversos projetistas trabalham no mesmo projeto e as atualizações geradas por um deles são apresentadas para os demais em tempo real.

Estes são ganhos técnicos rapidamente encontrados na prática do uso do BIM para projetos de instalações prediais. No dia-a-dia, os ganhos com a melhoria contínua de projetos, o amadurecimento das equipes de trabalho dentro da empresa e a automação dos diversos processos de trabalho trazida pelo BIM, evidenciam que esta tecnologia é um contributo original para a construção civil e que veio para ficar.

Arquiteto Urbanista, doutorando em BIM na Universidade do Porto (Portugal), atua como BIM Manager e pesquisador em BIM (Building Information Modeling).

Renato Pereira Aboim Tavares

Engenheiro de Produção Civil, pós-graduado em Gestão de Projetos e com MBA em Engenharia e Inovação, atua há 11 anos na área de sistemas prediais.

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ARTIGO | BIOmAssA

Cogeração usando Gases Residuais da Carbonização: uma Oportunidade energética Cláudio H. F. da Silva, Alexandre F. M. Bueno, da CEMIG

Wanderley L. P. Cunha, da ARCELORMITTAL BIOFLORESTAS

Angélica de C. O. Carneiro, UFV -Universidade Federal de Viçosa.

O uso da energia representa uma oportunidade de desenvolvimento social e econômico que contribuem para o aumento da qualidade de vida das pessoas. É por isso que o tema segurança energética é tão importante para os estados e as nações. O Brasil possui um grande desafio físico e econômico na implantação de empreendimento de energia para o suprimento energético futuro.A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) através do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), em sua versão para 2023, estima a necessidade de acréscimo de 71 GW na capacidade instalada do sistema elétrico nos próximos 10 anos. O crescimento apontado para o País mantém a origem renovável de grande parte da eletricidade produzida.As fontes hídrica e eólica já se constituem em negócios maduros. Por outro lado, as “novas” fronteiras de expansão encontram-se associadas a energia solar e a biomassa.

variados, mesmo que não aplicáveis, na medida em que o número de empreendimentos e a dimensão territorial utilizada por eles aumentem significativamente, como por exemplo: competição da terra para produção de alimentos e alocação de pessoas e disponibilidade de água e sementes. Neste sentido, uma forma de utilizar a energia da biomassa é a sua forma residual, cujas aplicações contornam estes questionamentos, se constituindo ainda em oportunidades de eficiência energética e em geração distribuída, característica inerente a esta fonte.

deira para produzir 6 milhões de toneladas de carvão vegetal. Os gases gerados no processo de carbonização desta madeira podem ser transformados em energia, pois são ricos em compostos orgânicos. O potencial deste processo é da ordem de 1,0 MW/24 mil toneladas de carvão produzidos anualmente. Com este rendimento, o potencial das empresas produtoras de carvão vegetal no Brasil seria da ordem de 250 MW. Nesse contexto, surgiu o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (P&D) no âmbito do Programa CEMIG/ANEEL nº GT 358.

Especialmente sobre a energia da biomassa pode-se perceber uma infinidade de tecnologias e usos. Entretanto, é interessante observar que essa fonte pode estar sujeita a questionamentos 54

Observando-se os fluxos de energia entre as fontes e usos finais, a fonte biomassa possui um grande potencial de eficiência energética no que diz respeito a cadeia da madeira. Neste sentido, nos anos de 2008-2010, as discussões em diversos eventos técnicos apontavam para o aproveitamento dos gases residuais da produção de carvão vegetal em sistemas de cogeração, inexistentes até aquele momento. O Brasil consome anualmente, para produção de ferro e aço, cerca de 35 milhões de metros cúbicos de ma-

Este projeto se propôs a resolver três importantes gargalos tecnológicos: desenvolver um sistema de transporte de gases que possibilitasse a condução da fumaça a um queimador central, a utilização de biomassa florestal residual de forma a manter as condições de combustão do sistema e demonstrar a cogeração, e nesse caso usando um sistema de trocador de calor acoplado a uma turbina de queima externa – EFGT (Externally Fired Gas Turbine) cujos desenvolvimentos se encontra-


O Brasil consome anualmente, para produção de ferro e aço, cerca de 35 milhões de metros cúbicos de madeira para produzir de 6 milhões de toneladas de carvão vegetal. Os gases gerados no processo de carbonização desta madeira podem ser transformados em energia, pois são ricos em compostos orgânicos

vam em escala de demonstração, aprofundando ainda mais o caráter inovador e de ineditismo do projeto.

O projeto então ocorreu da parceria entre as empresas Cemig GT e ArcelorMittal Bioflorestas e contando com o desenvolvimento científico realizado pelas Universidades Federais de Itajubá (UNIFEI) e de Viçosa (UFV). A duração do projeto foi de 48 meses, tendo envolvido investimentos da ordem de R$8,8 Milhões. A seguir são apresentados os resultados consolidados do projeto:

SISTEMA DE TRANSPORTE DE GASES: o comprimento total deste sistema foi de aproximadamente 416 metros em uma configuração em Y, tendo 6 fornos de cada lado. Foi adotada uma solução de gás de traço de forma a assegurar as condições de transporte que permitisse a queima residual sem condensação ao longo da tubulação, com temperaturas médias na entrada do queimado na ordem de 150ºC.

SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE BIOMASSA RESIDUAL:considerandose um consumo de florestas da ordem de 74 ha/mês haveria uma disponibilidade energética do resíduo (folhas, cascas e galhos) para uma capacidade instalada da ordem de 11 MW. Já, considerando-se finos e atiços, poderiam ser aproveitados 19 toneladas de resíduos por hectare. Para aproveitamento de biomassa residual, foi construído um sistema com picador, peneiramento, silos, sistema transportador e queimador auxiliar acoplado ao queimador principal, além da definição logística de coleta e transporte do resíduo florestal até o sistema de cogeração; SISTEMA DE COGERAÇÃO: apesar de que o sistema EFGT instalado possuir uma baixa capacidade (100 kW), o protótipo possui uma capacidade térmica na câmara de combustão da ordem de 50 MW. É importante ressaltar, que como uma pesquisa, os interesses estavam voltados para a demonstração de conceito e estudos

das questões envolvidas, do que propriamente com a escala. E desta forma, provando-se a operabilidade com o acionador primário constituído pela turbina EFGT pode-se então partir para a ampliação de escala e substituição por outro acionador. Uma questão importante é que a escolha da Turbina EFGT se deu por questões técnicas, mas também por questões tecnológicas, buscando-se agregar um caráter original ao projeto, que também poderia ser explorado no fomento de uma nova cadeia industrial de fornecedores deste tipo de tecnologia.

O arranjo construtivo adotado está indicado na Figura 1, que apresenta também o sistema de transporte de gases construído. Na Figura 2 é indicado um esquema de aproveitamento de biomassa residual. Na Figura 3 é apresentada a turbina de queima externa. Já a Figura 4 mostra o sistema de cogeração em escala piloto completamente montado. 55


ARTIGO | BIOmAssA

FIGuRA 1. esQuemáTICO de ReALIzAçãO dO P&d GT 358, COm desTAQue PARA A CONsTITuIçãO dA TuBuLAçãO de TRANsPORTe de GAses.

FIGuRA 2. sIsTemA de APROveITAmeNTO de BIOmAssA ResIduAL e esQuemáTICO. RESÍDUOS CAMPO

RESÍDUOS UPE

PICAGEM

LIMPEZA CLASSIFICAÇÃO

TRANSPORTE

PICAGEM

INHETOR DE BIOMASSA

FIGuRA 3. TuRBINA eFGT e seu dIAGRAmA de FuNCIONAmeNTO 6

GÁS DE EXAUSTÃO TROCADOR DE CALOR

2

3

COMPRESSOR

TURBINA

5

G 1

AR

QUEIMADOR

4

COMBUSTÍVEL

FIGuRA 4. sIsTemA de COGeRAçãO em esCALA PILOTO dO PROJeTO de P&d ANeeL CemIG Nº GT 358.

O projeto explicitou toda a complexidade envolvida no desenvolvimento deste tipo de cogeração, e se caracteriza em um grande sucesso pela sua implantação e conclusão, se constituindo também em um marco para os setores envolvidos nesta pesquisa. Entretanto, além de demostrar e resolver questões técnicas, o projeto também, naturalmente como uma pesquisa, levanta outras frentes de trabalho, como por exemplo: desenvolver um novo modelo de válvulas que isolam a passagem de ar quando o forno está em resfriamento e um novo dimensionamento das chapas das tubulações de transporte de gases e maior número de ancoragem; avaliar a substituição de tubulações aéreas por subterrâneas e estudar a viabilidade econômica deste novo modelo com conjunto de cogeração acima de 1 MW. 56


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ARTIGO

A competitividade está na gestão de processos e pessoas Com a competitividade cada vez mais acirrada no setor da Construção, as empresas precisam antecipar as demandas que os seus clientes em potencial venham a ter no futuro. Atender apenas às necessidades atuais não gera vantagem competitiva. Por isso, os investimentos em modelos de gestão e em pessoas são estratégicos.

Hoje, uma construtora com processos integrados e um sistema de controle e avaliação consegue reduzir custos na ordem de 30%, segundo os especialistas. Isso resulta em mais competitividade. Porém, para implantar, desenvolver e evoluir com os modelos de gestão dentro das construtoras é imperativo o engajamento das pessoas que compõem a empresa. Diante dessa necessidade, os jovens engenheiros e empreendedores do Sinduscon-MG Jovem promoveram, em setembro, o Fórum Sinduscon-MG

Luiz Fernando Pires, presidente do Sinduscon-MG

da Construção Civil, cujo tema focou nos desafios do setor para 2015.

leira e apontou perspectivas para o mercado no próximo.

A segunda palestra foi do sócio-diretor e cofundador da VBI Real Estate Imobiliário, Ken Wainer, que explicou quais são os critérios adotados pelos fundos de investimentos internacionais na hora de firmar parceria em um empreendimento imobiliário no Brasil. Por último, o economista Eduardo Giannetti fez uma análise do cenário atual da economia brasi-

Eventos como esses são importantes porque instrumentalizam os gestores com informações para as tomadas de decisão, além de ser um espaço para o debate acerca do setor da Construção em Minas Gerais e no País.

Cerca de 400 empresários e gestores acompanharam o ciclo de palestras. Em sua apresentação, o consultor e especialista em gestão Raimundo Godoy Castro Filho destacou que uma gestão moderna deve direcionar os esforços para o capital empregado, dando atenção a todas as interações estabelecidas com acionistas, fornecedores, colaboradores, concorrentes, clientes, órgãos reguladores e com o Estado.

Já em novembro, o Grupo de Intercâmbio da Construção Civil em Recursos Humanos (GICC-RH) do Sinduscon-MG realiza outra iniciativa aliada com o desenvolvimento das empresas. O Fórum Sinduscon-MG Gestão de Pessoas está em sua oitava edição e é direcionado a diretores, gerentes e profissionais ligados à área de recursos humanos das construtoras. No encontro, serão debatidos temas como remuneração estratégica, ações de retenção de talentos e cases de sucesso, com destaque para os de desenvolvimento de lideranças em canteiros de obras.

*Luiz Fernando Pires é engenheiro civil pela Universidade Federal Fluminense (1972), pós-graduado em marketing pela Escola Superior de Pro-

paganda e Marketing “ESPM”, gerente técnico da Superintendência da Cosipa-Cubatão/SP (1973/1977). Entre 1977 e 1994 foi Diretor da Inter-

nacional Engenharia SA (Iesa). Atualmente é presidente da Mascarenhas Barbosa Roscoe S.A (MBR), vice-presidente da Federação das Indústrias

do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon–MG).

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Toda a indústria é baseada na engenharia de um futuro melhor. Olavo Machado Junior Presidente do Sistema FIEMG

Uma homenagem do Sistema FIEMG ao Engenheiro do Ano 2014,

Prro ofessor Edson Edsson Dur Durã rão ão Judice. JJudice



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