Espaço Farmacêutico - Edição 21

Page 1

Revista do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Santa Catarina Edição 21 – Ano 06 – Junho de 2016

Crise Epidêmica Os farmacêuticos, como profissionais de saúde, precisam atuar interligados aos sistemas e redes para, com sua ciência, ajudar a população brasileira a vencer as múltiplas epidemias que ameaçam a saúde pública. Até o momento, se propagam simultaneamente pelo território nacional crises epidêmicas de Dengue, Zika, Chikungunya, Sarampo, Tuberculose, H1N1 e Sífilis.


EXPEDIENTE

Espaço Farmacêutico Publicação do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina ISSN 2175 - 134X Travessa Olindina Alves Pereira, 35 - Centro Florianópolis - SC Cx Postal 472 CEP 88020-100 Telefone: 3298.5900 email: crfsc@crfsc.gov.br site: www.crfsc.gov.br

ÍNDICE

4 8 10

vai doer?

uso de carimbo na farmácia

um novo farmacêutico em formaçÃo

DIRETORIA Presidente: Hortência S. Müller Tierling Vice-presidente: Karen Denez Secretária-geral: Indianara Becker Tesoureiro: Paulo Sérgio Teixeira de Araújo.

CONSELHEIROS Laércio Batista Júnior, Arani Schoeder, Fernanda Manzini, Indianara Reynaud Toreti Becker, José Miguel no Nascimento Junior, Karen Denez, Marco Aurélio Thiesen Koerich, Otto Luiz Quintino Júnior, Robison Menin, Sara Rosangela Martins Rauen.

SUPLENTES Patricia Virgílio Perazzoli e Rafael Marin

CONSELHEIRO FEDERAL Paulo Roberto Boff

CONSELHEIRA FEDERAL SUPLENTE Silvana Nair Leite

ASSESSORIA TÉCNICA Ronald Ferreira dos Santos Elaine Cristina Huber

Assessoria de Comunicação Daniela Nakamura MtB5122/SC

12 18 22 30

alerta epidêmico

dura lex, sed lex o lado estético da saúde

SINDFAR

Jornalista Responsável Iuri Luconi Grechi Mtb 7491- RS

Tiragem 9.000 exemplares

DIAGRAMAÇÃO Ghana Branding Rua Marcelino Simas no 481 CEP: 88070-030, Estreito - Florianópolis, SC. (48) 3248-9003 ESPAÇO FARMACÊUTICO 2 junho 2016

32

a arte de curar


EDITORIAL

o essenCial é invisível O conceito de patrimônio imaterial foi elaborado pela Unesco e é relativamente recente: no Brasil, só surgiu no cenário jurídico no ano 2000. Mas é certo que sempre tivemos a percepção da existência de certos bens intangíveis, ou seja, que não podemos tocar, ver, cheirar – são patrimônios imateriais, mas são riquezas tão ou mais valiosas quanto ouro e petróleo. Os valores do trabalho, por exemplo: da habilidade, da técnica, do saber-fazer, da capacidade de planejar, vislumbrar soluções para a sociedade e de planejar, são imensuráveis. Só podemos ter uma imprecisa noção destas forças vivas por meio dos resultados visíveis que elas provocam, da mesma forma que cientistas descobrem planetas pela observação das oscilações no brilho das estrelas. Há cerca de 20 anos, mobilizações técnicas e políticas do CRF-SC, SINDFAR-SC, FENAFAR e demais entidades farmacêuticas resultaram na Lei Federal 13.021/2014, que alterou o conceito mais essencial de estabelecimentos farmacêuticos, preconizando a presença do farmacêutico durante todo o horário de funcionamento, também em farmácia hospitalar. Nossos dirigentes postularam e provocaram o CFF a aprovar o âmbito da Floralterapia para o exercício profissional. Também lideramos esforços para a atuação farmacêutica na Saúde Estética, ampliando

e multiplicando campos de trabalho. Em dezenas de debates e confrontos de ideias, em constante processo democrático de argumentação e convencimento, o CRF-SC tem orientado gestores públicos a aumentar a presença de farmacêuticos no SUS para a segurança da saúde pública. Na esfera da formação da identidade farmacêutica, as proposições estudadas e levantadas pelo CRF-SC foram contempladas quase que na totalidade pelo II Fórum Nacional de Educação Farmacêutica e agora constam na proposta de mudança das diretrizes curriculares que será analisada e, talvez, chancelada pelo MEC. Após sermos o primeiro estado da Federação a aprovar uma lei estadual para a aplicação de vacinas em farmácias, fomos também o primeiro a regulamentar. O CRF-SC está agora iniciando os processos de multiplicação do conhecimento para capacitar farmacêuticos para a vacinação com o menor custo possível. Diante da crise epidêmica que recrudesce no Brasil, temos apoiado diretamente propostas levadas ao Lacen, à Secretária de Estado da Saúde e ao MS para ampliar a vigilância epidemiológica em Santa Catarina, monitorando e avaliando o quadro epidêmico nas diversas regiões.

Simultaneamente, estamos adaptando para o trabalho uma nova sede para o CRF-SC, na capital, ampliando os processos de transparência, formulando e criando canais de comunicação que sejam ágeis, sim, mas principalmente sejam idôneos e respeitem as regras da administração pública. A ampliação dos campos de exercício do âmbito, as conquistas legislativas, a ocupação de importantes espaços de decisão por farmacêuticos são alguns dos bens tangíveis de uma atuação intangível do CRF-SC. Naturalmente, a Diretoria do CRF-SC não faz isto sozinha. Parafraseando Sir Isaac Newton, "se vimos mais longe foi por estarmos de pé sobre ombros de gigantes”. Nossas Comissões Assessoras, nossos Conselheiros Regionais e Federal, Associações, Federações e demais entidades aliadas, compartilham conosco tanto a luta quanto a alegria das conquistas. Temos um imenso patrimônio imaterial já alcançado e ainda por alcançar. São sementes que estamos plantando e crescem silenciosamente, em segredo, até brotarem. Os colegas farmacêuticos apaixonados pela profissão, como nós, logo perceberão as infinitas possibilidades decorrentes deste trabalho. Mas é preciso ver com o coração. Como já foi dito a um pequeno príncipe, o essencial é invisível aos olhos.

A DIRETORIA HORTÊNCIA MÜLLER TIERLING PRESIDENTE

KAREN DENEZ

INDIANARA BECKER

PAULO SÉRGIO TEIXEIRA DE ARAÚJO

VICE-PRESIDENTE

SECRETÁRIA-GERAL

TESOUREIRO ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 3


Vai doer?

"VOCÊ PODE SENTIR ALGUM DESCONFORTO AO FAZER OS INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA SE ADEQUAR À PORTARIA Nº 44/2016 E CONSEGUIR O CREDENCIAMENTO E O LICENCIAMENTO PARA APLICAR VACINAÇÃO EM FARMÁCIAS. MAS OS GANHOS PARA A SAÚDE PÚBLICA SÃO AMPLOS E CONSTANTES."

D

epois de meses de negociações intensas com o CRF-SC, a Diretoria de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, em comum acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica, decidiu que vai liberar o licenciamento de farmácias que desejem aplicar vacinação, desde que cumpram os critérios estabelecidos

ESPAÇO FARMACÊUTICO 4 junho 2016

na Portaria nº44, de janeiro de 2016. A portaria descreve o trâmite burocrático e a normatização para todas as salas de vacinação públicas ou privadas. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica já havia se pronunciado favorável ao credenciamento das Farmácias, mas a Vigilância Sanitária alegava que ainda seria necessário um decreto do Governa-

dor do Estado para regulamentar a Lei Estadual 16.473/2014, que precedeu a Lei Federal 13.021/2014. Ambas autorizam farmacêuticos e farmácias a aplicar as vacinações. Santa Catarina foi o primeiro estado a regulamentar a aplicação de vacinas no Brasil, em razão da atuação política, legislativa e preocupação sanitária do CRF-SC.


O CRF-SC tem defendido incessantemente a vacinação em Farmácias com base em um pensamento estratégico de Saúde Pública: as farmácias estão capilarizadas em todo o território catarinense, abertas e em pleno funcionamento em todos os dias da semana – algumas inclusive aos domingos e feriados, ao contrário de postos de saúde e clínicas privadas. Isso promove uma vantagem logística às campanhas de vacinação, e um monitoramento do perfil epidemiológico muito mais eficaz. Assim que a população encontrar salas de vacinação nas farmácias, a acessibilidade se amplia, o que resulta em maior cobertura vacinal. Conforme reporta esta edição de Espaço Farmacêutico, pelo menos sete epidemias assolam regiões brasileiras, e alguns dos surtos recrudesceram por falta de vacinação maciça. A Portaria da Secretaria Estadual de Saúde, que regulamenta unidades dispensadoras de vacinação, atende ao disposto da Lei Federal. O manejo que tem que ser feito dentro do estabelecimento farmacêutico e exige uma complexidade ligada à cadeia da rede de frios do produto biológico que é a vacina. “Se houver alteração de temperatura em algum ponto da cadeia entre o produtor até o usuário, a vacina pode dar reações adversas ou não trazer a imunidade, deixando o usuário com uma falsa sensação de segurança”, explica Eduardo Macário, O credenciamento das salas de vacinação diretor de Vigilândeverá ser requerido à Gerência Regional cia Epidemiológide Saúde (GERSA) da área de abrangência ca da Secretária de por meio do formulário “Requerimento para Credenciamento de Sala de Vacinação” (anexo Estado da Saúde. Ia e Ib). A mesma deverá ser solicitada pelos “Então, é faseguintes responsáveis: cultado ao farmacêutico o credenA. Secretário Municipal de Saúde, no caso de salas públicas; ciamento destas unidades, desde B. Médico, no caso de salas privadas em que cumpra toda clínicas médicas; a legislação. Tem C. Farmacêutico, no caso de salas privadas em que ter espaço farmácias e drogarias. físico adequado, antessala, os equi-

pamentos, o registro dos processos e procedimentos para garantir a qualidade da dispensação e aplicação da vacina, e tem que pedir o alvará para a vigilância sanitária, pedir o credenciamento junto a vigilância epidemiológica”, explica Macário.

"

Os que cumprirem os requisitos podem fazer o comércio e a aplicação. Não é apenas vender. Não é permitido apenas comercializar a vacina sem aplicá-la. Tem que funcionar como uma 'clínica de vacinação', com todo o local adequado, preparado para uma eventual reação, que pode ter.

"

EDUARDO MACÁRIO, diretor de Vigilância Epidemiológica/ SES.

O diretor da DIVE lembra que, em 2012, quando houve o surto de H1N1, Santa Catarina registrou uma série de problemas com o comércio indiscriminado de vacinas. “Flagramos vacinas que eram comercializadas e aplicadas em locais inadequados, armazenadas em caixas de isopor, sem nenhum tipo de controle de qualidade, sem processo sendo exercido, e isso gerou muito problema para a saúde da população, porque a cobertura vacinal não se realizou. Houve fraudes, com gente recebendo aplicação de água destilada. Então a Vigilância Sanitária exige o profissional habilitado, capacitado, e exige o registro protocolar. Seguir a Portaria é uma salvaguarda para a correta cobertura vacinal e combate à falsificação”, sintetiza Eduardo Macário. ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 5


Uma vez tendomÜller sido resolvidas as quesfarmáCia tões políticas, protocolares, legislativas e técnicas – com as normas regulamentadoras publicadas na Portaria – a única imposição que resta é instalar as salas de vacinação nas Farmácias. “O problema é o custo operacional do investimento”, diz o proprietário de farmácia Laércio Batista Júnior. “A portaria estabelece critérios mais rígidos que aqueles que vigoravam antes. Mesmo clínicas de vacinação em operação atual não dispõe desta estrutura”. Os itens III e VI da Portaria definem Capacidade Instalada e Assessoria e Apoio Técnico, que exigem investimentos de porte: CAPACIDADE INSTALADA A área física a ser utilizada deverá estar de acordo com os seguintes padrões: - Sala com no mínimo 9 m2; - Sala de uso exclusivo para vacinação; - Sala com identificação e de fácil acesso a população; - Sala preferencialmente com espaço para ante-sala; - Iluminação artificial adequada para a metragem da sala; - Vidros das janelas com proteção adequada contra a luz solar direta, providos de película conforme especificações: • Cor: prata • Tipo: reflexiva • Linha: arquitetura • Qualidade: antirrisco • Visibilidade luminosa transmitida: até 15% • Visibilidade luminosa refletida: mínimo 60% • Total de Energia solar rejeitada: mínimo de 79% • Rejeição de raios ultra violeta: mínimo 95% - Temperatura mantida entre 18°C a 22°C; - Parede de material, liso, lavável, impermeável, de fácil higienização; - Piso lavável, impermeável (com baixo grau de absorção de água), com acabamento liso, não escorregadio, com alto grau de resistência e ESPAÇO FARMACÊUTICO 6 junho 2016

durabilidade (PI alto) e com rejunte de igual característica; - Parede com provisão na parte superior destinada a instalação de climatizador; - Tomadas elétricas individuais para geladeira/ câmaras de conservação, equipamento de ar refrigerado e computador, instaladas a altura de pelo menos a um metro do piso; - Disjuntor elétrico da sala de vacina devidamente identificado com a orientação: NÃO DESLIGUE/VACINAS. Preferencialmente manter o acesso restrito.

ASSESSORIA E APOIO TÉCNICO A sala de vacinação deverá ser anualmente supervisionada/inspecionada pelos técnicos responsáveis do Serviço de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde e/ou pelo técnico responsáveis pelo Programa de Imunização da Gerência Regional de Saúde e técnicos da Vigilância Sanitária. Art. 4º As salas de vacinação que realizam a atividade de vacina- ção extramuro são responsáveis pela qualidade e segurança das vacinas aplicadas e devem prestar atendimento às intercorrências. §1° Toda e qualquer irregularidade notificada ou constatada nos locais de vacinação extramuro poderá incorrer em processo administrativo junto ao órgão competente e ser passível de interdição da sala credenciada e demais penalidades previstas na Lei Estadual n° 6320/83, ou outra que vier substituí-la. §2° A notificação, avaliação e controle dos eventos adversos pós vacinais ocorridos na aplicação em sala de vacina privada, são de responsabilidade do responsável técnico da instituição. A notificação deverá ser feita no NOTIVISA.

“Lamentavelmente, parece que este ano a população catarinense ainda não poderá contar com a logística das Farmácias para a vacinação, por exemplo, contra a gripe Influenza H1N1, cujo ciclo de vírus chegou mais cedo ao território brasileiro. Como a DIVS não estava licenciando, mesmo as farmácias que começem a fazer obras agora não estarão prontas para auxiliar nesta campanha”, diz Otto Quintino Júnior, conselheiro do CRF-SC e proprietário de farmácia. “Percebo que os colegas ainda estão fazendo os cálculos do investimento necessário, e as decisões devem ser postergadas para o próximo ano”.

otto Quintino, conselheiro do Crf-sC: os investimentos devem ser feitos a partir do segundo semestre para aderir às campanhas de vacinação de 2017.

“ó-nós-aQuitraveiZ”: vírus da H1N1 chega dois meses mais cedo este ano, assustando as autoridades sanitárias, provocando mortes no Sudeste do país, e com cepa semelhante à de 2009. Em SC, não deu tempo das farmácias participarem da campanha de vacinação.


Não só as farmácias independentes estão adiando investimentos. Grandes redes também estão interessadas em ter salas de vacinação, mas os projetos são de longo prazo. “Nas farmácias Sesi, o planejamento previsto é ter pelo menos uma farmácia com sala de vacinação em cada cidade-polo do estado, mas o orçamento de despesas recém está sendo levantado”, diz o farmacêutico Maurício Bassan.

“permitir que os farmacêuticos apliquem vacinas nas farmácias, representa um poderoso reforço nas políticas de imunização”, aponta a presidente do CRF-SC Hortência Tierling.

“O CRF-SC orienta os farmacêuticos a procurarem a Vigilância Sanitária e Epidemiológica de seu município caso necessitem de mais informações sobre o credenciamento e licenciamento dos estabelecimentos interessados na aplicação de vacinas. Também é pertinente lembrar que os farmacêuticos devem zelar pela qualidade das vacinas, equipamentos e materiais, bem como pelo armazenamento, técnicas de aplicação, e também pela notificação de reações adversas”.

HOJE, SÓ AMANHÃ Os estoques públicos de vacinas estão baixos em Santa Catarina, e não há previsão de reposição. Mais um fator que torna urgente a adesão de farmácias e farmacêuticos às campanhas. As vacinas recebidas pelo Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde em Santa Catarina vieram contadas. A vacina contra hepatite B estava em falta desde outubro do ano passado. “Recebemos 58.400 doses desta vacina. No entanto, a média de consumo mensal é de 60 mil doses. Em função da demanda reprimida, acreditamos que a quantidade não será suficiente neste primeiro momento”, alerta a enfermeira Vanessa Vieira da Silva, responsável pela Gerência de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e Imunização da Dive/SC. Em relação à vacina Dupla Adulto, contra difteria e tétano, a situação é semelhante: foram enviadas 57.800 doses, enquanto a média de consumo mensal é de 80.000 doses. “Porém, desde setembro do ano passado não recebíamos essa vacina. Então, a quantidade também não deverá ser suficiente”, reforça Vanessa. O Estado recebeu, ainda, 9.100 doses da vacina contra hepatite A rotina pediátrica, quantidade suficiente para atender a média mensal de consumo. Contudo, como o último envio de doses aos municípios ocorreu em agosto de 2015, essa remessa

deverá ser insuficiente para a demanda do mês de março. Foram também enviadas para Santa Catarina 20 mil doses da vacina DTP, contra difteria, tétano e coqueluche para crianças. Apesar de a cota mensal ser de 30 mil doses, a quantidade deverá atender a necessidade, pois não havia demanda reprimida no Estado, já que essa vacina estava sendo substituída pela pentavalente. Em relação à vacina Tetraviral, que protege as crianças contra Sarampo, Rubéola, Caxumba e Varicela (catapora), foram recebidas 9.000 doses, conforme a cota mensal. “Como houve distribuição dessa vacina no mês de fevereiro, esperamos redução da demanda reprimida”, comenta Vanessa. Da vacina contra a Raiva (VERO), foram enviadas ao Estado 2.500 doses, enquanto o consumo médio é de 2.000 doses/mês. De acordo com Vanessa, o Instituto Butantan ainda não informou se haverá regularização da entrega a partir deste mês. Permanece em falta em Santa Catarina, devido à indisponibilidade de estoque em nível nacional, a vacina DTPa Crie. As vacinas dTpa reforço adulto (contra difteria, tétano e coqueluche para gestantes), e a vacina contra hepatite A CRIE, chegaram à CENADI (Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos) e devem ser encaminhadas ao estado durante o mês de março.

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 7


ARTIGO TÉCNICO ANFARMAG

USO DE CARIMBOS NA FARMÁCIA

A

utilização de carimbos na farmácia deve obedecer as normas vigentes quanto ao uso correto de carimbos apostos na frente e ou no verso das prescrições e prestam-se a indicar que o aviamento ou a dispensação foram efetuados. A farmácia deve ter Procedimento Operacional Padrão no qual constam os carimbos de uso atuais, para que servem, quando devem ser utilizados e por quem devem ser utilizados. Funcionários bem treinados seguirão o que consta no POP. ESPAÇO FARMACÊUTICO 8 junho 2016

No ato da dispensação, utilizar preferencialmente o verso da receita para carimbar a identificação do estabelecimento contendo o C.N.P.J, nome e endereço completo, data da dispensação, nome legível do colaborador, o nome do medicamento e a quantidade dispensada. Assim terá tantos quantos carimbos forem importantes e de acordo com a norma vigente. Os tipos de carimbos podem ser de escolha da farmácia. Observar que os dados fiquem legíveis.


Modelos de carimbos 1. Carimbo exigido pela Portaria SVS/MS nº 344/98* (alínea C deste art. 82 e art. 81, alíneas “b” e “c” da Portaria 6/99) - ANEXO IX (http://www.anvisa.gov.br/servicos/form/med/gemec/ port6_anexo9.pdf)

3. Carimbo exigido pela Resolução RDC nº 20, de 2011 (Antimicrobianos): quando o paciente retirar parcialmente a medicação, nas seguintes condições: uso contínuo e quando poderá adquirir em outra farmácia a quantidade restante (art. 8º, §§ 1º e 2º):

Nome da Farmácia

DECLARAÇÃO

Razão Social

Declaro que levei somente

CNPJ

do medicamento prescrito na Receita

Endereço Completo

Data: Receita/Notificação Nº Registro Nº Quantidade dispensada

Data

Assinatura Paciente/Comprador Identidade:

Órg. Exp:

Nome e assinatura de quem dispensou Assinatura Farmacêutico Visto do Farmacêutico

2. Carimbo exigido pela Resolução RDC nº 20, de 2011 (Antimicrobianos) (art. 9 § 3º): Aplicar no verso das duas vias da receita, sendo que a 1ª via pertence ao paciente e a 2ª via fica na farmácia: MEDICAMENTO(DCB): DISPENSADO: QUANTIDADE: LOTE: REGISTO: DISPENSA EM:

Rubrica do Farmacêutico

Para maior segurança da farmácia, caso o prescritor não coloque na receita, poderá acrescentar no carimbo: *obrigatórios e outros opcionais *MEDICAMENTO DISPENSADO (DCB): *QUANTIDADE: *LOTE: PACIENTE: SEXO:

IDADE: M F ENDEREÇO COMPLETO: REGISTRO: MS: DISPENSADO EM:

Rubrica do Farmacêutico

CRF-UF

LEMBRETE: • As Receitas/Notificações são válidas por 30 dias a partir da data da sua emissão; receita de antibiótico é válida por 10 dias a partir da data de emissão; • Medicamentos de uso contínuo: serão dispensados em quantidades suficientes até o próximo agendamento; • Medicamentos prescritos como uso contínuo, poderão ser entregues para no máximo 4 meses (120 dias a partir da data de emissão da receita) de tratamento, divididos em 4 entregas, uma por mês, com a receita original e cópia.

No caso de não ter carimbo a farmácia poderá escrever de próprio punho todos os dados exigidos . OBSERVAÇÕES: 1. Entende-se por "uso contínuo" a "prescrição dos medicamentos dos Programas de Saúde": diabetes, anti-hipertensivo e anticoncepcional.

2. As prescrições de anabolizantes (pepitídicos), além de conter o número de registro do profissional (CRM, CRMV ou CRO), deveram conter o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID). ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 9


Um novo farmacêutico em formação O DNA da Educação Farmacêutica passa por uma importante mutação com a redefinição das Diretrizes Curriculares. O tempo do Curso de Farmácia passa para 5 mil horas, com foco no cuidado e na relação do farmacêutico com o paciente, segundo proposições do fórum nacional de educação farmacêutica - que ainda dependem de chancela do ministério da educação.

O

II Fórum Nacional para Discussão das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia, realizado dias 22 e 23 de março, em Brasília, aprovou uma proposta que será enviada ao MEC para redefinir o currículo e a formação de alunos nos cursos de graduação em Farmácia. “Nos encontramos em uma situação insustentável, na qual cada faculdade escolhia qualquer ênfase – ou ênfase nenhuma – no seu curso de graduação. Desta forma, o farmacêutico graduado, digamos, no Pará, poderia ser um profissional completamente diferente daquele formado em Brasília ou Rio Grande do Sul”, explica o Conselheiro Federal por Santa Catarina, Paulo Roberto Boff. “Quatorze anos depois de implantadas as atuais diretrizes em vigor, a realidade da profissão farmacêutica mudou tanto e com tanta rapidez que é preciso também avançar no conceito da formação profissional”, argumenta Boff. No Fórum Nacional, todos os estados da Federação estiveram representados pelos delegados de entidades, sociedades e associações profissionais, professores, estudantes e farmacêuticos.

ESPAÇO FARMACÊUTICO 10 junho 2016

A proposta foi elaborada pela Comissão de Educação (Comensino/CFF), pela Comissão Assessora de Educação Farmacêutica (CAEF/CFF) e pela Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF). "Esta proposta deverá ser utilizada pelo Conselho Nacional de Educação, contemplando atividades recentemente regulamentadas", explicou o presidente do CFF, Walter Jorge João. Um exemplo é a capacitação dos acadêmicos de Farmácia para a atividade clínica do farmacêutico, regulamentada em agosto de 2013, por meio da Resolução/CFF nº 585. Com ela, os farmacêuticos passaram a atuar no cuidado direto ao paciente. A proposta define, em seu Artigo

1º, o perfil do egresso dos cursos de Farmácia como “o profissional da saúde preparado para atuar no cuidado com o indivíduo, da família e da comunidade, com formação centrada na assistência farmacêutica, no conhecimento dos fármacos, dos medicamentos, de outros produtos para a saúde, de forma integrada às análises clínicas e toxicológicas, aos alimentos e aos cosméticos. A formação deve ser pautada em princípios éticos e científicos,


capacitado para o trabalho nos diferentes níveis de complexidade do sistema de saúde, por meio de ações de prevenção de doenças, de promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como na pesquisa e desenvolvimento de serviços e de produtos para a saúde”.

luiz Henrique Costa, coordenador geral de assistência farmacêutica do ministério da saúde: cuidado em saúde foi incorporado à proposta como principal eixo estruturante da formação dos futuros farmacêuticos. A atividade clínica pode ser desenvolvida em hospitais, ambulatórios, unidades de atenção primária à saúde, farmácias comunitárias, instituições de longa permanência e domicílios de pacientes, ou estabelecimentos análogos.

“De maneira geral, esta proposta responde de forma efetiva a questões que eram urgentes, como a redefinição do eixo central da graduação em torno do cuidado, tecnologia, inovação e gestão”, comenta o professor Luciano

presidente do CrfsC, Hortência tierling: conselheiro Federal Paulo Boff e demais delegados representantes dos farmacêuticos catarinenses no Fórum Nacional: a favor de aulas presenciais e de eixo central de formação no cuidado, na tecnologia, na inovação e na gestão.

Soares, da Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico (ABEF). O grupo de trabalho de Santa Catarina conseguiu incluir no texto final alguns temas considerados estratégicos, como maior ênfase nas análises clínicas, um estudo mais meticuloso das funções farmacêuticas na vigilância sanitária, a abertura curricular para os mercados estético e de tecnologia de alimentos. “O desenho do curso de graduação em Farmácia muda bastante com a ampliação da carga horária para 5 mil horas”, comenta Indianara Becker, secretária-geral do CRF-SC. É uma diretriz que centra a formação na Assistência Farmacêutica e nas relações do farmacêutico com o paciente e do paciente com o medicamento. Mas também reforça a habilidade e competência nas Análises Clínicas, e muda os estágios, exigindo com mais firmeza a prática nas farmácias-escola”, analisa Indianara. “De uma certa forma bastante ousada, a proposta consensuada no Fórum acaba por elevar o estudante a protagonista do processo de aprendizagem, estimulando trabalhos interdisciplinares, e o trabalho de formaçao continuada mais aprofundado”, conclui Indianada Becker, secretária-geral do CRF-SC. “O professor é um mediador do aprendizado que deve apresentar resultados efetivos não só na transmissão, mas também na produção de conhecimento”. Os farmacêuticos catarinenses representados pelo CRF-SC também têm se posicionado de forma desfavorável às propostas de formação em nível de graduação pelos processos de educação a distância. “Como profissional de saúde, o farmacêutico tem um trabalho que prevê vínculos com o paciente, e as habilidades necessárias para o correto exercício desta função social só podem ser aprendidas de forma presencial”, discorre o professor Paulo Boff. “Também somos defensores de uma carga horária muito intensa de atividade prática – o que exige das instituições de ensino superior um investimento

vultoso em estrutura e equipamentos para aulas práticas. Não consideramos possível fornecer esta formação de qualidade pelos métodos hoje disponíveis de Educação a Distância”, defende o Conselheiro Federal por SC. "Ficamos satisfeitos com os resultados do Fórum Nacional de Educação Farmacêutica porque nossos representantes conseguiram que nossas propostas fossem contempladas quase que na totalidade, na redação final das ponderações a serem enviadas ao MEC", avalia Hortência Tierling. "Estamos certos de que estas alterações propostas para o Curso de Farmácia elevam o padrão de qualidade da graduação em Farmácia, e melhoram o processo de aprendizado, porque direcionam e padronizam a formação", afirma Karen Denez, vice-presidente do CRF-SC. "O que está em construção aqui não é apenas uma bibliografia a se estudar ou um método pedagógico mas sim, em última análise, a própria redefinição da identidade profissional do farmacêutico e seu papel na sociedade em mutação", considera Indianara Becker. "Precisamos agora acompanhar a tramitação deste documento no MEC, intervindo para esclarecer eventuais dúvidas e fortalecer nossos pontos de vista de consenso da categoria. Claro que a aplicação integral de tudo isto vai depender, mais tarde, do trabalho das Instituições de Ensino Superior e seu comprometimento com as Diretrizes", pondera Paulo Boff.

5 mil horas: capacitação mais complexa e continuada, não só para atender aos interesses do mercado, mas para contribuir com o desenvolvimento do País.

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 11


ALERTA EPIDÊMICO Os farmacêuticos estão eticamente obrigados a conhecer as respostas tecnológicas disponíveis contra as transmissões de doenças virais. para fazer isto precisam dominar as informações científicas da evolução do quadro epidemiológico. A crise epidêmica no território nacional é a hora da verdade para a classe farmacêutica fortalecer a necessidade de que a classe farmacêutica assuma plenamente seu papel de profissional de saúde.

ESPAÇO FARMACÊUTICO 12 junho 2016


A atuação farmacêutica em todos os âmbitos deve se orientar pela técnica que está preconizada na legislação e em artigos científicos”, pondera Ronald Ferreira dos Santos, o farmacêutico que preside o Conselho Nacional de Saúde. “Como profissionais de saúde, o agir profissional da classe não deveria se limitar à superficialidade leiga da mídia, e sim, amparado pela ciência, atuar ativamente em seu território no controle e combate epidêmico”.

Área de risco: o farmacêutico age no território, distribuindo informação segura e confiável, notificando e monitorando. Não é uma ação isolada, mas integrada ao sistema. “É preciso que cada farmacêutico se reconheça como um profissional de saúde e atue em conformidade”, postula Ronald Ferreira dos Santos.

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 13


A presidente do CRF-SC vai além: “deter a informação de fonte segura, conhecer a evolução do quadro epidemiológico para fazer a gestão da demanda de saúde pública, acompanhar e monitorar os usuários de medicamentos, fazendo as notificações compulsórias é um dever profissional e ético do farmacêutico – e é assim que poderemos conquistar a valorização social de nosso trabalho”, argumenta Hortência Tierling. O conceito que transpassa ambos raciocínios pode ser assim sintetizado: desde o advento da Lei Federal 13.021/2014, o farmacêutico é, de direito – pois já o era de fato – um profissional de saúde. Mas, de alguma forma, ainda não se investiu plenamente deste poder e desta responsabilidade.

A Lei Federal alterou o arcabouço legal das Farmácias – transformando estabelecimentos comerciais em Estabelecimentos de Saúde, o que exige uma enorme mudança cultural dos profissionais farmacêuticos em sua prática em saúde. Mas este momento de crise sanitária no país exige de todos um olhar mais atento, na realidade, um despertar para a conduta profissional que agora é demandada pela sociedade em relação à Ciência Farmacêutica. As epidemias que agora se espalham entre os brasileiros são sete – como as míticas pragas do Egito. Algumas, recentíssimas, com surtos conhecidos apenas há poucos meses. Outras, são o recrudescimento de vírus que já tinham sido erradicados e ressurgiram por falhas na cobertura vacinal. Falhas não apenas de política sanitária, mas também e até principalmente por comportamentos de risco do conjunto da população.

“Até mesmo a vacinação privada é algo a ser considerado como risco sanitário”, postula Ronald Aqui se faz saúde: a diferença entre a vida e a morte, a epidemia e a crise sanitária, só é vencida nas ruas com a retaguarda segura de diagnósticos precisos e rápidos. Os farmacêuticos nos laboratórios públicos são agentes sociais que merecem o reconhecimento do valor do seu trabalho.

ESPAÇO FARMACÊUTICO 14 junho 2016

Ferreira dos Santos. “Pois ao atender interesses privados, uma parte da população acredita estar se protegendo, mas acaba anulando ou diluindo a força das intervenções organizadas pelo Estado”, acredita o presidente da CNS. O que os farmacêuticos precisam saber, em qualquer âmbito que estejam atuando, é que as epidemias têm um comportamento descrito pela forma de transmissão e de contágio. E que a literatura científica – disponível em grande parte no portal do Ministério da Saúde – preconiza um conjunto de ações de contingenciamento para intervenção dos profissionais de saúde. “Mas não se trata de ação individual”, alerta Hortência Tierling, que também

participa do Grupo Técnico de Vigilância Sanitária do Conselho Federal de Farmácia.

“Os farmacêuticos devem ter sua atuação em consonância com os protocolos do Ministério da Saúde, e os casos suspeitos devem ser notificados à Vigilância Epidemiológica, que irá adotar as medidas cabíveis ao caso. Para isso, precisamos estar sempre bem informados, e se houver dúvidas, deve-se entrar em contato com a Vigilância Epidemiológica da Regional de Saúde ou do município”, reporta a presidente do CRF-SC. A seguir, uma brevíssima resenha da evolução epidemiológica de cada epidemia.

SETE PRAGAS

ZIKA Um estudo publicado pelo Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos concluiu que 71% dos casos de microcefalia causada pelo vírus Zika são graves - o que significa que o perímetro cefálico (a circunferência do crânio) desses bebês é muito reduzido.


A pesquisa analisou 35 recém-nascidos microcéfalos, que chegaram ao mundo entre agosto e outubro de 2015 em oito estados brasileiros. Os casos confirmados de microcefalia relacionados com o vírus pelo Ministério da Saúde se aproximam de 600. Uma pesquisa em andamento procura confirmar a suspeita de que o vírus também provoca danos neurológicos em adultos. DENGUE Em relação à Dengue, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), vinculada à OMS, alertou para o risco de circulação interna desse vírus em todos os países do continente americano, com exceção do Chile e do Canadá, onde o Aedes aegypti não chegou. Os casos de Dengue no início de 2016 foram 48% maiores que no período igual de 2015, com cerca de 74 mil notificações confirmadas. CHIKUNGUNYA A doença-irmã da dengue — menos mortal, mas causadora de terríveis dores nas articulações – é a Chikungunya. O nome Chikungunya significa “aquele que se curva” na língua Makonde, falada em várias regiões da África Oriental. A febre Chikungunya tem afetado mais intensamente o sudeste e nordeste do país. No Rio de Janeiro, mais de 150 casos foram confirmados. A “epidemia tríplice” que avança no País - dengue-zika-chikungunya ataca com força inclemente em regiões nas quais falta saneamento básico, há resíduos sólidos próximos a residências, fornecimento intermitente de água, ou esgoto a céu aberto. A gravidade e intensidade da epidemia tem sido relacionada por alguns estudiosos com os cortes no Plano Nacional de Saneamento imposto pelo ajuste fiscal da política econômica. Conforme cartilha técnica produzida pelo Ministério da Saúde, os farmacêuticos que participam das Vigilâncias Sanitárias têm um papel essencial no combate às três doenças: “a fiscaliza-

ção sanitária em estabelecimentos que comercializem produtos cosméticos e inseticidas deve ser intensificada a fim de identificar possíveis irregularidades nos produtos que estão no mercado e aplicadas às medidas sanitárias adequadas a cada situação. As medidas sanitárias representam as ações fiscais e administrativas que são tomadas para proteger a população de um risco sanitário. Podem ser divididas em dois tipos: medidas preventivas e medidas decorrentes do Processo Administrativo Sanitário”, diz a cartilha do MS. Marco Koerich, conselheiro do CRF-SC e membro da Comissão de Análises Clínicas, avalia que os laboratórios são uma trincheira de combate às epidemias. “Os farmacêuticos têm apresentado uma formidável capacidade de

nas análises clínicas movimentam um complexo circuito social, que envolve as vigilâncias, hospitais, sistemas de rastreamento e isolamento de pessoas infectadas. Nossa ciência é a informação, é a inteligência, neste combate para salvar vidas”, explica o conselheiro do CRF-SC. SARAMPO O sarampo também voltou a circular em surtos no Brasil, com ênfase no Ceará. Mais de mil casos foram notificados. Entre os doentes, 89% deles foram contaminados por falta de vacinação. O movimento antivacina, em que pais deixam de vacinar seus filhos por temerem efeitos colaterais das aplicações, tem sido apontado como uma das causas da volta do sarampo. O vírus pode ser transmitido cerca de cinco dias antes e cinco dias após a erupção cutânea.

"A aplicação de vacinas em farmácias no estado de SC foi resultante da união dos dirigentes do CRF-SC com diversas entidades representativas da categoria, para que pudéssemos aprovar uma Lei Estadual ainda em 2014 (Lei 16.473). Realizamos diversas reuniões na ALESC com o deputado Gelson Merísio e demais parlamentares para atualizar uma lei de sua autoria em vigor desde 2008; incluindo no texto a aplicação de vacinas, dentre outros avanços para a categoria farmacêutica em SC. Após a promulgação da Lei, nos reunimos diversas vezes com as Diretorias de Vigilância Sanitária e Epidemiológica para que se chegasse a uma regulamentação que contemplasse critérios sanitários e técnicos necessários para que os estabelecimentos tivessem autorização para aplicação das vacinas. Em janeiro deste ano, a DIVE-SC publicou a portaria nº 44 que determina quais são as exigências que devem ser seguidas para quem for aplicar vacinas.", enfatiza Hortência Tierling.

resposta às demandas da sociedade, fazendo diagnósticos precisos e com a urgência que o momento exige”, diz MarcoKoerich. “A partir da confirmação de cada caso, os farmacêuticos que operam

SÍFILIS Para 2016, o governo trabalha com a projeção de que as notificações de sífilis em gestantes cheguem a quase 42 mil casos no país, enquanto as infecções por sífilis congênita devem superar 22 ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 15


mil casos entre menores de 1 ano. O cálculo foi feito com base no aumento percentual registrado entre 2012 e 2013, de 25% e 18%, respectivamente. Em 2014, apenas nos primeiros seis meses, dados preliminares apontam um total de 28.226 infecções, o que resultaria em uma taxa de detecção de cerca de 9,7 casos em gestantes para cada mil nascidos vivos. Dados relacionados especificamente à sífilis congênita (transmitida pela mãe ao bebê) revelam que, entre 1998 e junho de 2014, mais de 104 mil crianças menores de 1 ano foram infectadas pela doença.

5) cobertura de tratamento com ARV em gestantes HIV+ ≥ 95%; 6) cobertura de tratamento com penicilina em gestantes com sífilis ≥ 95%.

TUBERCULOSE Nas Américas, 800 o Brasil é o país que mais notifica 700 casos - em torno 600 de 80 a 90 mil ca500 sos novos anuais e cerca de 15 mil 400 casos de recidiva 300 ou reingresso após abandono de tra200 tamento. Brasil e 100 Peru contribuem 0 com 50% de todos 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 39 anos 40 a 59 anos os casos da região. Faixa etária Conforme os autores Miguel A. Conforme o Boletim Epidemiológico Hijjar e Maria José Procópio, ambos do Ministério da Saúde sobre Sífilis, do Centro de Referência Prof. Hélio em 2014, a Opas criou o Comitê Re- Fraga , da Secretaria de Vigilância em gional para Validação da Eliminação Saúde do Ministério da Saúde, além da da Transmissão Materno-Infantil de associação com o HIV, outra ameaça HIV e Sífilis, certificando os países para o controle da tuberculose é a que alcançarem: resistência aos fármacos habitualmente 1) taxa de transmissão vertical do HIV usados nos esquemas terapêuticos. ≤ 2%, ou incidência de até 0,3 caso Existe grande preocupação com a mulpor 1.000 nascidos vivos; tirresistência - resistência conjunta a 2) taxa de incidência de sífilis congênita isoniazida e rifampicina. de 0,5 caso por 1.000 nascidos vivos; No Brasil, as principais metas do 3) cobertura de pré-natal (pelo menos Programa Nacional de Controle da 1 consulta) ≥ 95%; Tuberculose são: 4) cobertura de testagem para HIV 1) descobrir, pelo menos, 70% dos e sífilis em gestantes ≥ 95%; casos estimados;

Número de casos notificados

distribuição dos casos de sífilis gestacional por faixa etária

ESPAÇO FARMACÊUTICO 16 junho 2016

2)curar, pelo menos, 85% dos casos notificados; 3) reduzir o abandono de tratamento; 4) expandir a cobertura do tratamento supervisionado para os 315 municípios prioritários com maior carga de tuberculose; 5) ter informação do resultado do tratamento em 100% dos casos diagnosticados; 6) disponibilizar teste anti-HIV para 100% dos adultos com TB. Os farmacêuticos têm papel crucial na execução do Plano, com ênfase nos seguintes itens: • Vigilância epidemiológica intensiva para os casos suspeitos na comunidade; • Diagnóstico laboratorial etiológico de todo caso suspeito notificado; • Capacitação de pessoal para o desenvolvimento das atividades do Plano (vigilância epidemiológica, imunizações e diagnóstico laboratorial) e; • Campanhas de divulgação, com o objetivo de sensibilizar a população em geral, a classe política e os profissionais de saúde.


H1N1 O Ministério da Saúde estimava que o pico da gripe influenza H1N1 fosse ocorrer em meados de julho, na semana 28. Começou de fato com quase três meses de antecedência, provocando 46 mortes no primeiro surto, com 30 vítimas só no Estado de São Paulo. Ainda não se sabe qual cepa do vírus vai ser prepoderante. O H1N1 é uma espécie maligna de X-Men: um vírus com alta capacidade de mutação e múltiplas intensidades de morbidade. Por enquanto, tem se verificado a reemergência da cepa de 2009, uma das mais letais. A OMS atualiza duas vezes por ano as recomendações sobre qual deve ser a composição das vacinas. Por isso, uma pessoa que se imunizou com cepas da campanha passada não necessariamente estará imune neste ano. Algo que deve chamar a atenção dos farmacêuticos é que os chamados adultos jovens – entre 40 e 50 anos – com doenças crônicas vêm sendo os mais atingidos pelas doenças. Pacientes portadores de HIV, diabetes, lúpus, cardiopatias, obesidade mórbida e problemas pulmonares acabam não recebendo a informação que devem se vacinar e ficam expostos. Neste sentido, a Diretoria do CRF-SC solicitou ao diretor da DIVE/ SC o fornecimento das vacinas aos profissionais farmacêuticos, como uma das formas de proteção contra o vírus H1N1. Os farmacêuticos são vacinados na categoria de profissionais de saúde, bastando para isto apresentar a carteira profissional concedida pelo CRF-SC.

Conheça as diretrizes, normas e cartilhas técnicas da OPAS/ MINISTÉRIO DA SAÚDE/ DIVE-SC E OMS nos links disponíveis no site do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina: www.crfsc.gov.br

As doses que vão proteger a população contra os vírus do inverno de 2016 serão A/California (H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane.

Reunião com o diretor da DIVE/SC, Eduardo Macário: fiscais do CRF-SC vão participar de cursos de capacitação na aplicação de vacina e depois vão atuar como multiplicadores do conhecimento no território catarinense, proferindo palestras. "Ao fiscalizar, teremos profissionais bem informados, que serão capazes de orientar e auxiliar neste processo", diz Hortência.

Os farmacêuticos devem ficar atentos com a própria proteção, procurando sempre lavar as mãos, fazer assepsia com álcool 70% e procurar pela vacina contra a gripe. Recentemente é que conseguimos incluir o farmacêutico como profissional de saúde nos grupos prioritários de vacinação, bastando levar a carteira profissional até a unidade de saúde para receber a vacina.

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 17


DURA LEX, SED LEX A lei é dura, mas é lei, diz o adágio jurídico em latim. A exigência legal de presença do farmacêutico em Farmácias Hospitalares durante todo o horário de funcionamento deve ser respeitada, embora hospitais públicos e privados reclamem que a lei é muito dura.

A

Plenária do CRF-SC de Abril debateu o cumprimento da lei que obriga todos os hospitais a manterem farmacêutico nas

Farmácias Hospitalares, durante todo o horário de funcionamento, independentemente do número de leitos.

Plenária CRF-SC: visa/SC, Fehoesc, CRF, farmacêuticos de farmácia hospitalar pública e privada reunidos para compor o cronograma de execução da lei em vigor.

ESPAÇO FARMACÊUTICO 18 junho 2016

O presidente da Confederação Nacional de Saúde e da Fehoesc, Tércio Egon Paulo Kasten, participou representando os hospitais privados e filantrópicos de Santa Catarina. “Em um primeiro momento, nós oferecemos um prazo para os hospitais se adequarem à lei. Houve uma reação positiva em cerca de 20% dos estabelecimentos hospitalares, que passaram a cumprir integralmente a legislação em vigor. Mas há muito o que avançar. Por isto, estamos elaborando um documento que sirva como Termo de


Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público, que contemple a lei, o interesse público da sociedade em ter a salvaguarda farmacêutica na em ambientes hospitalares, e possa ser aplicado pelos hospitais”, informou a presidente do CRF-SC, na coordenação dos trabalhos. O farmacêutico Júnior André da Rosa, presidente da Comissão de Farmácia Hospitalar fez uma apresentação da lei consolidada e das diversas atividades em Farmácia Hospitalar que exigem a presença do profissional farmacêutico.

Júnior André da Rosa: pesquisa feita em hospitais catarinenses demonstra o perfil do farmacêutico hospitalar e os danos à saúde pública pela falta de assistência farmacêutica.

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 19


"

Nós compreendemos que há um processo em vigor para a aplicação da lei, mas não podemos permitir que se mantenha uma situação em que a legislação é ignorada e o direito dos pacientes à Assistência Farmacêutica comprometido disse Júnior.

também fizeram uma reunião para estudar ponto a ponto a proposta de TAC elaborada pelo CRF-SC. “Queremos atender à legislação, mas precisamos negociar os prazos para a contratação dos farmacêuticos e o acordo sobre a jornada”. A Plenária do CRF-SC decidiu que, em cumprimento à legislação, não irá conceder Certificado de Regularidade Técnica a hospitais que não observam a Lei Federal 13.021/2014.

A assessoria jurídica do CRF-SC têm explicado, aos hospitais que buscam a CRT para renovação dos Alvarás de Funcionamento, os termos para a emissão do documento:

O PARECER DA ASSESSORIA JURÍDICA DO CRF-SC SOBRE A NECESSIDADE DE FARMACÊUTICOS NA FARMÁCIA HOSPITALAR DURANTE O HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO.

"

A diretora da VISA/SC (Diretoria de Vigilãncia Sanitária), Raquel Ribeiro Bittencourt, informou que há no estado 129 hospitais cadastrados na VISA/SC com até 50 leitos. Outros 69 hospitais são de média complexidade, e 22 de alta complexidade. “O curioso é que 80% do atendimento que exige internação hospitalar estão concentrados nestes 22 hospitais de alta complexidade – os hospitais de pequeno porte apenas recebem e encaminham para os hospitais de referência. Os de média complexidade são os de transição, que chamamos de alta vigilância”, explica a diretora da VISA. “A segurança do paciente depende da presença do farmacêutico, e a Fehoesc reconhece isto”, afirmou Tércio Egon Paulo Kasten. “A questão é assegurar a acessibilidade que, no papel, é de primeiro mundo, e na prática não existe, por causa do subfinanciamento do SUS”. Após a Plenária, as entidades hospitalares AHESC-FEHOESC-FEHOSC ESPAÇO FARMACÊUTICO 20 junho 2016

Tércio Kasten, presidente da Fehoesc e da CNS: queremos os farmacêuticos, mas... Hospitais querem mais prazo e menos horas para presença farmacêutica. Só o MP pode decidir sobre um termo de ajuste de conduta.

“A proposta foi encaminhada para conhecimento e análise da associação e enquanto não formalizado o TAC, a liberação da Certidão de Regularidade (CR) pelo CRF/SC fica condicionada à declaração de assistência farmacêutica em horário integral, com quantos responsáveis técnicos forem necessários para as 24 horas de funcionamento do hospital”. HORTÊNCIA TIERLING, presidente do CRF-SC.

A exigência de farmacêutico como responsável técnico pelas farmácias de qualquer natureza (públicas, privadas, hospitalares, entre outras) está prevista na legislação pátria. Especialmente após a Lei Federal nº 13.021/14, foi reforçada a importância da atuação do profissional farmacêutico na segurança do usuário de medicamentos, em especial na atenção farmacêutica e na promoção do uso racional de medicamentos, senão vejamos: Art. 5o - No âmbito da assistência farmacêutica, as farmácias de qualquer natureza requerem, obrigato-


riamente, para seu funcionamento, a responsabilidade e a assistência técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei. Art. 6o -Para o funcionamento das farmácias de qualquer natureza, exigem-se a autorização e o licenciamento da autoridade competente, além das seguintes condições: I - ter a presença de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento; Art. 8o-A farmácia privativa de unidade hospitalar ou similar destina-se exclusivamente ao atendimento de seus usuários. Parágrafo único. Aplicam-se às farmácias a que se refere o caput as mesmas exigências legais previstas para as farmácias não privativas no que concerne a instalações, equipamentos, direção e desempenho técnico de farmacêuticos, assim como ao registro em Conselho Regional de Farmácia. A partir da entrada em vigor da norma supracitada, não restam dúvidas que as farmácias hospitalares devem contar com direção e desempenho técnico de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento. ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 21


O LADO ESTÉTICO DA SAÚDE A recente abertura para atuação de farmacêuticos na área estética permite explorar um valioso campo de estudo, e aplicar ciência farmacêutica em um setor de negócios que resiste às crises conjunturais. Mas é preciso capacitação e disposição para a luta em um cenário competitivo.

N

o começo desta década, ainda em princípios de 2012, o CRF-SC alinhou-se com os Conselhos Regionais do Paraná e Santa Catarina para, juntos, negociar com o Conselho Federal de Farmácia sobre a necessidade de regulamentação da

ESPAÇO FARMACÊUTICO 22 junho 2016

atuação do profissional farmacêutico na área de Estética. Um argumento elementar sustentou a tese proposta pelos Conselhos do Sul: o farmacêutico trabalha com a pesquisa para produzir cosméticos e responde tecnicamente pela manipulação e fabri-

cação de cosméticos. Portanto, domina as indicações, as contra-indicações, e as formas de aplicação. A decorrência lógica do domínio deste conhecimento seria estender o âmbito de atuação da profissão farmacêutica para o campo da saúde estética.


Em maio de 2013, atendendo ao pleito, RESOLUÇÃO Nº 573 DE 22 DE MAIO DE 2013, do CFF determinou as atribuições do farmacêutico na área da saúde estética. Em novembro de 2015, o Conselho Federal de Farmácia revisou a Resolução, e ampliou o âmbito com outros procedimentos, definindo os requisitos técnicos. "Este histórico demonstra que os avanços na valorização dos farmacêuticos e na ampliação do âmbito do exercício profissional não são alcançados sem articulação, sem posicionamento estratégico e sem luta", comenta a presidente do CRF-SC, Hortência Tierling. Karen Denez completa: "As iniciativas estratégicas emanadas do CRF-SC e seus aliados técnicos, políticos e institucionais têm resultado em profundas mudanças no escopo do exercício do âmbito, fortalecendo a educação farmacêutica, enriquecendo a normatização e consolidando as legislações federal e estadual no que tange à importância da atuação farmacêutica em inúmeras esferas públicas e privadas".

Mediante a publicação da Resolução CFF n. 616 de 22 de novembro de 2015, definiram-se os requisitos técnicos para o exercício do farmacêutico no âmbito da saúde estética, ampliando as técnicas de natureza estética e os recursos terapêuticos utilizados pelo farmacêutico em estabelecimentos desta área.

No texto a seguir, elaborado tecnicamente pelas farmacêuticas Ana Guedes Martins e Márcia Réus, e editado pelo Jornalismo do CRF-SC, conheça o campo científico e profissional que se abre para os farmacêuticos. A partir da Resolução CFF n. 573 de 22 de maio de 2013, o Conselho Federal de Farmácia determinou as atribuições do farmacêutico no exercício da saúde estética e da responsabilidade técnica por estabelecimentos que executam atividades afins, concedendo ao profissional farmacêutico o direito de atuar como farmacêutico esteta com procedimentos, inclusive, antes somente permitidos para a classe médica. Para tanto, o CFF reconhece oficialmente a coerência da participação dos farmacêuticos na área estética, a partir da atuação e desenvolvimento destes profissionais de maneira interdisciplinar e participativa em ações e serviços de saúde, até mesmo as que tratam das disfunções metabólicas, dermatológicas e fisiológicas e que são soluções alternativas aos interesses da população. Conforme o Art. 1º da Resolução 616/2015, é atribuição do farmacêutico a atuação, nos estabelecimentos de saúde estética, nas técnicas de natureza estética e recursos terapêuticos, especificados nos anexos desta resolução, desde que para fins estritamente estéticos, vedando-se qualquer outro ato, separado ou em conjunto, que seja considerado pela legislação ou literatura especializada como invasivo cirúrgico. Reconhecida a expansão das atividades do farmacêutico na área de Saúde Estética, considera-se a ampliação tanto do mercado de atuação para o profissional, quanto das possibilidades de tratamentos estéticos, impactando fortemente no crescimento do setor.

Técnicas em Saúde Estética de âmbito farmacêutico

De acordo com o Art. 2º da Resolução 573/2013 e a Resolução 616/2015, além

Importante salientar que, conforme o Art. 1º da Resolução 616/2015, é atribuição do farmacêutico a atuação, nos estabelecimentos de saúde estética, nas técnicas de natureza estética e recursos terapêuticos, especificados nos anexos desta resolução, desde que para fins estritamente estéticos, vedando-se qualquer outro ato, separado ou em conjunto, que seja considerado pela legislação ou literatura especializada como invasivo cirúrgico.

da avaliação, definição dos procedimentos e estratégias, acompanhamento e evolução estética, são consideradas técnicas de natureza estética e recursos terapêuticos utilizados pelos farmacêuticos: 1) procedimentos não invasivos não cirúrgicos: cosmetoterapia, eletroterapia, iontoforese, laserterapia, luz intensa pulsada, peelings químicos e mecânicos, radiofrequência estética e sonoforese (ultrassom estético) e técESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 23


nicas crioterápicas estéticas, como a criolipólise; 2) procedimentos invasivos não cirúrgicos: fio lifting de auto-sustentação, a aplicação de toxina botulínica, o preenchimento dérmico, a carboxiterapia, a intradermoterapia/mesoterapia, agulhamento e microagulhamento estético. A partir de uma adequada avaliação clínica da pele e reconhecimento das alterações estéticas presentes, o farmacêutico poderá utilizar uma ou mais técnicas de tratamento estético, aplicando-se em condições de discromias, para fins de rejuvenescimento, tratamento de acne e processos cicatriciais, por exemplo, considerando o período e a intensidade do tratamento de acordo com as características da situação do paciente.

Mecanismo da técnica de Iontoforese.

Procedimentos não invasivos não cirúrgicos Cosmetoterapia

Consiste na aplicação externa e superficial de produtos denominados genericamente de cosméticos com finalidade terapêutica e de embelezamento. Diversas classes de cosméticos são utilizadas nos tratamentos estéticos destacando entre outros as vitaminas, antioxidantes, sebo-reguladores, tensores, clareadores da pele, hidratantes, ESPAÇO FARMACÊUTICO 24 junho 2016

ácidos queratolíticos e fatores de crescimento. Cabe salientar que para uma melhor aplicabilidade destes ativos cosméticos, bases biocompatíveis tem sido desenvolvidas de modo a aumentar a performance de permeação dos ativos e diminuir os riscos de reações alérgicas. Além disso, a utilização da nanotecnologia como vetores para aumentar a permeação e a estabilidade dos ativos cosméticos tem proporcionado um grande avanço na área de tratamentos estéticos e dermatológicos (BIANCO et al., 2006). Iontoforese

A iontoforese é uma técnica não invasiva que utiliza correntes galvânicas com potencial (< 5V) ou corrente elétrica (0,1 a 1 mA/cm2 ) para prover uma maneira controlada de aumentar a transferência transdermal de uma variedade de ativos, podendo-se aplicar o uso de corrente contínua e corrente alternada (BARRY, 2001; Costello e Jeske, 1995). Na iontoforese, além da difusão passiva, a penetração da droga é aumentada pelos mecanismos de Eletrorrepulsão e Eletroosmose, promovendo o aumento da permeabilidade cutânea (BARRY, 2002). Aplica-se em peles alipídicas e seborreicas e em casos de flacidez tecidual a patologias, como a lipodistrofia ginóide (CHAVES, 2013). Laserterapia

A energia obtida a partir do laser é utilizada em larga escala no tratamento de tecidos moles, sendo a pele a região tecidual de maior atuação na terapia a laser, pois tal energia luminosa atinge todas as camadas do tecido, tratando patologias e disfunções dermatológicas diversas, que vão desde as características de produção de analgesia, passando por procedimentos estéticos, como o tratamento de sequelas de acne e/ou o rejuvenescimento (resurfacing), até a remoção de tatuagens. O laser sobre a pele exerce um aumento da atividade mitótica e do número de fibroblastos, influenciando positi-

vamente na síntese de colágeno e na neovascularização dos tecidos lesados (CHAVES, 2013; ROCHA JÚNIOR, 2006; GARCIA; LINS, 2010). A terapia a laser de baixa intensidade é método aceito pela Food and Drug Administration (FDA) como tratamento clínico eficaz para cicatrização de tecidos, por ser amplamente estudado (ROCHA JÚNIOR, 2006). O uso da terapia a laser segue dentre as opções de tratamentos de rejuvenescimento e processos cicatriciais que vem ganhando amplo espaço nos consultórios de estética. Terapia com Luz Intensa Pulsada

A luz intensa pulsada (LIP) vem sendo utilizada de forma crescente e com resultados fundamentados em estudos de caráter cientifico. A LIP consiste em uma fonte de emissão de radiação eletromagnética que emite um amplo espectro de comprimento de onda, do ínicio do UV (< 100 nm) até o fim do IV (> 20000 nm) e age em nível superficial e profundo sobre a pele. A LIP é uma energia luminosa policromática, não coerente e não colimada e pode atuar em diferentes cromóforos (GONZÁLEZ-RODRIGUES e LORENTE-GUAL, 2105). Aplica-se para fins de depilação, tratamento de hiperpigmentação da pele (melasmas, por exemplo), em envelhecimento e fotoenvelhecimento tecidual, bem como alterações de crescimento do pelo e atrofia tecidual, tal como as estrias, acnes e melanoses. A luz intensa pulsada representa um grande avanço tecnológico no tratamento coadjuvante de algumas alterações dermatológicas como cicatrizes hipertróficas e queilodianas. A aplicação superficial da LIP permite redução significativa de melanoses solares (PIROLA e GIUSTINI, 2010). Peelings químicos

Os peelings químicos, também conhecido como quimioesfoliação ou


dermopeeling, consistem na aplicação de um ou mais agentes esfoliantes na pele, resultando na destruição de partes da epiderme e/ou derme, seguida de regeneração dos tecidos epidérmicos e dérmicos (BORGES, 2006). Existem diversas indicações para o uso dos peelings como melanoses, rugas, queratoses actínicas, melasma, hiperpigmentação pós-inflamatória, acnes e suas sequelas, cicatrizes atróficas, estrias e queratose pilar. A escolha do agente ou da técnica específica a serem usados depende do conhecimento da profundidade da lesão para que se possa escolher um agente compatível com a lesão a ser tratada. Fatores fundamentais que insidem sobre a escolha do agente químico são o quadro clínico apresentado e o fototipo cutâneo.

Peeling mecânicos

O peeling mecânico consiste na utilização de ponteiras diamantadas ou cristais de óxido de alumínio para promover uma microdermoabrasão na pele. O Peeling de Cristais é realizado através de um equipamento mecânico gerador de pressão negativa e positiva simultâneas, em que são utilizados microgrânulos de óxido de alumínio de 100 a 140 micras. Outro equipamento utilizado na prática de microdermoabrasão é composto por uma manopla com diferentes ponteiras diamantadas de granulometrias diferentes, denominado Peeling de Diamante. Neste último utiliza-se somente a pressão negativa, sendo a pele levemente sugada pela manopla e o lixamento da pele ocorre a partir dos movimentos da manopla sobre a pele (BORGES, 2006; GRERRA, KAMEI, BURKLE, 2013). As indicações da microdermoabrasão, realizada através ds peelings mecânicos tem por base o incremento da mitose celular fisiológica, atenuando rugas superficiais, afinamento São agentes químicos utilizados nos peelings: ácido do tecido epitelial retinóico, ácido glicólico, ácido salicílico, ácido tricloroacético, ácido pirúvico, ácido mandélico, solução como preparo para de Jessner e fenol. Fatores como concentração e pH tratamentos postedeterminam a profundidade dos peelings. riores de revitalização, incremento de proteínas de coOs mecanismso de ação dos peelings lágeno, elastina e ereticulina, sequelas químicos consistem em: estimulação da acne, clareamento das camadas mais do crescimento epidérmico mediante a superficiais da epiderme, foliculite e remoção do estrato córneo; destruição prevenção de estrias (BORGES, 2006). de camadas específicas da pele lesada e indução de uma reação inflamatória Radiofrequência mais profunda no tecido. A ativação estética de mediadores da inflamação pode Utiliza corrente de alta frequência induzir a produção de colágeno novo que gera calor por conversão quando e de substância fundamental na derme em contato com os tecidos. A ener(GUERRA, et al, 2013). gia eletromagnética emitida gera o

aquecimento volumétrico de modo controlado, transformando a energia eletromagnética em energia térmica. O aumento da temperatura no interior do tecido cutâneo desencadeia uma sequência de reações fisiológicas que promove contração das fibras existentes de colágeno, elastina e estimula a formação de novas fibras. Aplica-se no tratamento das disfunções estéticas como rugas e flacidez. Tais efeitos ocorrem a partir da modulação da frequência e caracteriza-se por ser um método estético não invasivo e indolor (NERY et al., 2013; MACEDO e TENÓRIO, 2015). Sonoforese ou fonoforese

Na sonoforese, técnica também conhecida como ultrassom estético, são utilizadas substâncias com propriedades terapêuticas na forma de gel como meio de acoplamento das manoplas do aparelho de ultrassom, promovendo o aumento da permeação cutânea dos ativos no tratamento, o que constitui na soma dos efeitos fisiológicos promovidos pelo ultrassom com as propriedades terapêuticas da substância ativa. São efeitos fisiológicos do ultrassom o efeito mecânico, microcorrente acústica, aumento da permeabilidade da membrana, efeito térmico, vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, aumento do metabolismo, ação tixotrópica, liberação de substâncias farmacológicas, efeitos sobre nervos periféricos, estimulação da angiogenese, aumento das propriedades viscoelasticas dos tecidos conjuntivos e aumento da síntese de colágeno e outras proteínas pelo aumento das atividades do fibroblasto (BORGES, 2006). Criolipólise

A criolipólise é um procedimento não invasivo de redução de gordura localizada, que consiste no resfriamento, controlado e localizado do adipócito, por um período de 40 a ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 25


60 minutos, com temperaturas acima do congelamento, porém, abaixo da temperatura corporal normal. Este congelamento leva à cristalização dos lipídios encontrados dentro do citoplasma dos adipócitos, causando a inviabilidade dessas células, resultando em uma paniculite localizada, ou seja, uma inflamação no tecido adiposo, e a apoptose das células, ocasionado por um processo de digestão controlada, onde os macrófagos serão responsáveis pela digestão e remoção de células lesadas, sem provocar alteração do microambiente celular (URZEDO et al., 2013 ; MANSTEIN et al, 2008; GUIDI, 2013). A exposição ao frio aumenta a necessidade de produção de calor pelo corpo a fim de promover a homeotermia através da liberação de hormônios pelo hipotálamo, que induzem a utilização dos ácidos graxos livres como substratos energéticos nas mitocôndrias, promovendo o aumento do metabolismo energético. Quando ocorre a paniculite o organismo reage causando uma resposta anti-inflamatória, ocasionando a eliminação das células lesadas. Devido a estas respostas fisiológicas ocorre a redução do panículo adiposo e a conseqüente diminuição de medidas (URZEDO et al., 2013). As complicações pós procedimentos incluem: alterações transitórias na função sensorial, porém, sem lesões a longo prazo nas fibras nervosas sensoriais, eritema, o qual ocorre imediatamente após a aplicação e pode desaparecer em até 30 minutos após o término da sessão, bem como pequenas alterações nos níveis de lipídeos ao longo do tempo, entretanto, dentro dos limites considerados normais (MANSTEIN et al, 2008).

Procedimentos invasivos não cirúrgicos Toxina Botuliníca

A toxina botulínica no âmbito da ESPAÇO FARMACÊUTICO 26 junho 2016

estética destina-se ao tratamento de rugas e linhas de expressão. A toxina botulínica, neurotoxina produzida por bactéria anaeróbia denominada Clostridium botulinum, basicamente inibe a liberação exocitótica da acetilcolina nos terminais nervosos motores levando a uma diminuição da contração muscular. Esta propriedade a torna útil, clínica e terapeuticamente, em uma série de condições onde existe excesso de contração muscular (SHILPA et al., 2014; SPOSITO, 2009). A aplicação da toxina botulínica é considerada um método simples, não cirúrgico, seguro e eficaz no tratamento das rugas faciais, principalmente em seu terço superior. Apresenta poucas complicações, é reversível, pode ser reaplicada várias vezes, sendo de fácil obtenção (GOLDMAN, 1999). Ao longo dos anos tem-se explorado seu potencial clínico (MAHAJAM e BRUBAKER, 2007), ganhando destaque no tratamento de rugas e linhas de expressão, sendo utilizada principalmente com finalidade estética (ANTONIO et al., 2014). Apresenta alta margem de segurança, os efeitos adversos da técnica se apresentam de forma moderada, transitória e com baixa frequência, segundo a maioria dos trabalhos publicados (COTE, 2005). A injeção muscular de toxina botulínica, em dose e localização apropriadas, provoca desenervação química parcial e diminuição da contratura, sem ocasionar paralisia completa. Comercialmente, as toxinas botulínicas são agentes biológicos obtidos laboratorialmente, sendo substâncias cristalinas e estáveis, liofilizadas, associadas à albumina humana e utilizadas, após diluição, em solução de NaCl a 0,9% (UNNO et al, 2005). A ação da toxina botulínica no músculo tem seu início em 2 a 5 dias se estendendo, em alguns casos, em até duas semanas. Uma vez instalado, o efeito perdura em até seis meses. Após dois a três meses, gradualmente começa a diminuir sua ação marginalmente.

(DRESSLER et al., 2002). A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) considera a aplicação da toxina botulínica como sendo um procedimento minimamente invasivo e que a forma cosmética é uma injeção não cirúrgica (SBCP, 2015). Preenchedores dérmicos

Os preenchedores dérmicos são utilizados no aprofundamento de sulcos faciais, com o objetivo de tratar sinais clínicos de envelhecimento. Existem diversos tipos de preenchedores, destacando-se colágeno, preenchedores sintéticos e o mais utilizado atualmente é o ácido hialurônico. Atualmente existem diversas apresentações com ácido hialurônico com diferentes viscosidades aplicados em rugas que variam desde superficiais a profundas. As apresentações de baixa viscosidade são destinadas à aplicações intradérmicas e corrigem linhas superficiais, rugas e sulcos moderados, médios e profundos. As apresentações com alta viscosidade são para implante profundo para corrigir perdas de volume de estruturas como osso, músculo e gordura (MONTEIRO, 2010). Existem diversos preenchedores dérmicos disponíveis no mercado, tais como hidroxiapatita, ácido poli-L-láctico (PLLA), ácido hialurônico, entre outros (PALERMO e MATEUS, 2012). A aplicação injetável de ácido hialurônico tem sido um dos procedimentos mais realizados e em crescente demanda para fins estéticos nos últimos anos. O produto tem se tornado cada vez mais seguro, e suas complicações na atualidade são relacionadas principalmente à técnica de aplicação e inadequada higienização da pele (CROCCO et al., 2012). O ácido hialurônico é um componente natural presente no tecido humano, que pode ser obtido por biossíntese, cujo teor diminui com a idade, contribuindo para a formação de rugas assim como o rompimento de fibras colagenas e a diminuição da elasticidade da pele. Os preenchedores


de ácido hialurônico (AH) têm sido os mais utilizados nos últimos anos no tratamento de sulcos e rugas, devido a sua praticidade de aplicação e boa margem de segurança, além dos efeitos visíveis imediatamente após aplicação e longa duração. Sua biocompatibilidade e técnica de aprendizado relativamente simples o tornaram escolha frequente na abordagem das rugas e outras alterações do relevo cutâneo, sobretudo na face, mas também em outras áreas, como o dorso das mãos (BOWMAN et al., 2005). O AH injetável é conhecido por ser não permanente, com duração média de seis meses. (NAST et al., 2011; REQUENA et al., 2011), enquanto que a hidroxiapatita e o PLLA podem durar até 2 anos (PALERMO e MATEUS, 2012). Para a condução do preenchimento dérmico se faz necessário o uso de técnicas de anestesia tópica, infiltrativa local ou de procedimentos de bloqueios anestésicos estéticos referentes à região tratada (MATEUS e PALERMO, 2012). Carboxiterapia

A Carboxiterapia constitui-se de uma técnica onde se utiliza o gás carbônico medicinal (Dióxido de Carbono ou CO2) injetado no tecido subcutâneo, estimulando assim efeitos fisiológicos como melhora da circulação e oxigenação tecidual. O CO2 é um gás inodoro, incolor, e atóxico. É o produto endógeno natural do metabolismo das reações oxidativas celulares, produzido no organismo diariamente em grandes quantidades e eliminado pelos pulmões durante a respiração (SCORZA e BORGES, 2008). A utilização se estende da celulite (lipodistrofia ginoide) à flacidez e estrias, às cicatrizes inestéticas e ao tratamento complementar nas lipoaspirações para reduzir as irregularidades e diminuir o aspecto “enrugado” da pele, pela melhora da elasticidade cutânea. Esses benefícios decorrem da promoção de vasodilatação arteriovenosa local, do

aumento do fluxo sanguíneo regional, do aumento das drenagens sanguínea e linfática e da lipólise, resultando, por conta dessas ações, maior disponibilidade de oxigênio para o tecido, aumento no turnover de colágeno e redução da quantidade de tecido adiposo (FERREIRA et al, 2012). O CO2 é um gás inodoro, incolor e atóxico. É o produto endógeno natural do metabolismo das reações oxidativas celulares, produzido no organismo diariamente em grandes quantidades e eliminado pelos pulmões durante a respiração (GUYTON et al., 2006, GANONG 2006). O mecanismo de ação do gás carbônico é, sobretudo, na microcirculação vascular do tecido conectivo, promovendo uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática. Com a vasodilatação, melhora-se o fluxo de nutrientes, entre eles, as proteinases necessárias para remodelar os componentes da matriz extracelular e para acomodar a migração e reparação tecidual (PARASSONI e VARLARO, 1997). Segundo PASCHOAL e CUNHA (2012) o gás tem rápida difusão através dos tecidos, chega aos músculos e é eliminado em grande parte pelos pulmões e pouco pela via renal. Pode-se dizer que os efeitos secundários apresentados pela carboxiterapia se limitam em dor no local da aplicação, pequenos hematomas ou equimoses devido às várias punturas que desaparecem rapidamente (LOPEZ, 2005). Especialistas da área afirmam que não existem muitas contraindicações e que também não existem importantes reações adversas sistêmicas descritas sendo, portanto, um método seguro, de fácil execução e amplamente utilizado na Europa, México e EUA (GÓES, 2005; BRANDI et. al., 2001; BRANDI et. al., 2004). Intradermoterapia

A intradermoterapia, ou mesoterapia, utiliza injeções intradérmicas ou subcutâneas de um fármaco ou de uma mistura de ativos diluídos

diretamente na região a ser tratada (PISTOR, 1976, TENNSTEDT e LACHAPELLE 1997), propiciando um reservatório na derme a partir do qual os produtos ativam receptores dérmicos e se difundem lentamente, utilizando a unidade microcirculatória (MAYA 2007). Este procedimento foi introduzido na França por Pistor, em 1958, como uma forma de administração de substâncias com mecanismos de ação bem estabelecidos e em baixas doses, diretamente na área a ser tratada, sem efeitos colaterais importantes. É utilizada na Europa há mais de 30 anos, com segurança e bons resultados. Nesse caso em particular, consiste na aplicação de substâncias biocompatíveis e absorvíveis, com ações já estabelecidas e necessárias para a varredura de radicais livres, hidratação dérmica e para a elaboração dos constituintes da matriz extracelular pelo fibroblasto (OLIVEIRA et al, 2013). Há trabalhos com aplicação desta técnica em disfunções estéticas, com a injeção de substância lipolítica no tecido subcutâneo, para diminuir a camada de gordura em localizações como abdômen, pálpebra inferior, pescoço, glúteo ou coxas (RITTES 2001; DOERR, 2007), em caso de flacidez estrias, rugas, telangiectasias, alopecia manchas (CAMARGO et. al., 2011), e também no tratamento de lipodistrofia ginóide, (ROTUNDA, 2005) e gordura localizada (ROTUNDA, 2005; MATARASSO, 2005). Microagulhamento e o agulhamento estético

O microagulhamento e o agulhamento estético, ou indução percutânea de colágeno, é baseado no uso de agulhas que perfuram a pele sutilmente estimulando assim sua regeneração, promovendo a liberação do colágeno e a formação de uma nova camada de pele, mais espessa, que preencherá rugas, estrias e outras imperfeições. (Orentreich e Orentreith, 1995). Utiliza-se ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 27


um sistema de agulhas com até 2,0 mm de profundidade, conforme o tipo de tratamento a ser realizado, com o objetivo de gerar múltiplas micropunturas na pele, longas o suficiente para atingir a derme e desencadear um estímulo inflamatório, o que resultaria na ruptura e remoção do colágeno subepidérmico danificado, seguido da substituição por novas fibras de colágeno e elastina (Andrade-Lima et al., 2013). A técnica pode ser realizada por diferentes recursos, tais como o rolo de polietileno encravado por agulhas de aço inoxidável e estéreis, dermógrafos, eletrolifting e agulhas livres (Fabroccini e Fardella, 2009). Aplica-se no tratamento de cicatrizes deprimidas e rugas, técnica difundida com o nome de subincisão (Orentreich e Orentreith, 1995) e pode ser utilizada como veiculador de diversos ativos cosméticos para rejuvenescimento; para estímulo isolado no rejuvenescimento, melhorando a coloração, textura e brilho da pele (Andrade-Lima et al., 2013).

Requisitos para atuação do profissional farmacêutico na área de Saúde Estética

A Resolução do Conselho Federal de Farmácia n° 573/2013 determina que, quando no exercício da responsabilidade técnica em estabelecimentos de saúde estética o farmacêutico deverá apresentar conhecimento atualizado das normas sanitárias vigentes que regem o funcionamento dos estabelecimentos de saúde estética, estar capacitado técnica, científica e profissionalmente para utilizar-se das técnicas de natureza estética e dos recursos terapêuticos especificados na Resolução 573/2013 e garantir a qualidade dos recursos e processos no estabelecimento. Portanto, segundo o Art. 2º da Resolução 616/2015, para que o farmacêutico esteja capacitado para atuação

ESPAÇO FARMACÊUTICO 28 junho 2016

em Saúde Estética, o profissional deve preencher um dos seguintes requisitos: I - ser egresso de programa de pós-graduação Lato Sensu reconhecido pelo Ministério da Educação, na área de saúde estética; II - ser egresso de curso livre na área de estética, reconhecido pelo Conselho Federal de Farmácia; III - que comprove experiência por, pelo menos, 2 (dois) anos, contínuos ou intermitentes, sobre a qual deverá apresentar os documentos a seguir identificados, comprovando a experiência profissional na área de saúde estética.

Assistência Farmacêutica em Saúde Estética

A RDC n° 138/2003 isenta de prescrição médica vários medicamentos, como os seguintes que podem ser utilizados na terapêutica estética: antiacneicos tópicos, adstringentes, antimicrobianos tópicos, antisseborreicos, antissépticos, aminoácidos, vitaminas, minerais, antifúngicos, ceratolíticos, cicatrizantes, emolientes, lubrificantes cutâneos e de mucosas e rubefacientes (ANVISA, 2003). O farmacêutico esteta devidamente qualificado, mediante a anamnese do paciente e avaliação clínica das disfunções estéticas e o biotipo cutâneo, estaria apto para atuar na atenção farmacêutica com o foco na estética do paciente, orientando o paciente quanto a utilização de produtos cosméticos e de medicamentos isentos de prescrição médica (conhecidos como OTC's) utilizados na terapêutica de patologias da pele, assim como de suplementos alimentares e nutracêuticos para otimizar a condição do tratamento, assim como aplicar os devidos tratamentos químicos e/ou físicos para fins estéticos sobre a pele. Neste contexto, cabe ao farmacêutico esteta, atentar também para os eventos adversos que podem decorrer da utilização de cosméticos. A partir das observações de efeitos indesejados, o mesmo deverá registrar a ocorrência

ou queixas técnicas, que devem ser comunicados à vigilância sanitária, órgão responsável pela adoção de medidas de proteção e/ou prevenção de problemas associados ao uso de produtos cosméticos, de higiene pessoal e perfume. No entanto, torna-se relevante destacar que a realização de todos os procedimentos sujeitos às Resoluções 573/2103 e 616/2105, está subordinada à plena capacitação técnica do farmacêutico conforme especificado na Resolução 616/2105, no Art. 2º.

Garantia da Qualidade em Saúde Estética

A proteção da saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de serviços é um direito do usuário de procedimentos estéticos. Contudo, para a realização de técnicas de estética de forma segura, considera-se a necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde aos quais ficam expostas as pessoas que freqüentam os serviços de estética e embelezamento sob responsabilidade do farmacêutico, tornando-se fundamental a existência de um Sistema de Garantia da Qualidade no estabelecimento, de forma a assegurar a qualidade dos serviços prestados e permitir a realização dos procedimentos dentro de uma margem de segurança e com riscos mínimos ao usuário. Mediante os critérios estabelecidos pela Resolução 573/2013, as práticas de Garantia da Qualidade em estabelecimentos de saúde estética compreendem: (1) a implementação, gerenciamento e treinamento de Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s) relativos às técnicas de natureza estética e recursos terapêuticos realizados, assim como para manutenção das condições de higiene e assepsia dos materiais, equipamentos e local onde são realizadas as técnicas; (2) a elaboração e execução de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) atendendo aos requisitos ambientais e de saúde


coletiva, conforme as recomendações da RDC 316/2004; (3) a manutenção da condição de calibração e qualificação dos equipamentos e utensílios utilizados para a realização das técnicas estéticas; (4) o a implementação e seguimento de Normas de Biossegurança, de acordo com o nível de risco dos produtos e procedimentos utilizados no estabelecimento; e (5) a utilização correta de equipamentos de proteção individual, tanto pelo profissional, quanto pelo paciente.

O Art. 3º da Resolução 616/2015 determina que o farmacêutico, no exercício da saúde estética, é o responsável pela aquisição das substâncias e dos equipamentos necessários ao desenvolvimento das técnicas de natureza estética e recursos terapêuticos. Portanto, a qualificação dos fornecedores de produtos e serviços, além do acompanhamento do recebimento dos materiais e o fato de assegurar que os equipamentos estão em condições adequadas para uso, são atividades importantes a serem exercidas no estabelecimento, sob responsabilidade do farmacêutico esteta.

De acordo com as Recomendações técnicas sobre normas de funcionamento para os serviços de estética e embelezamento sem responsabilidade médica, disponíveis no site da ANVISA (2009), todos os equipamentos deverão possuir registro no órgão competente, sendo observadas suas restrições de uso. Os proprietários deverão instituir manutenção preventiva e corretiva de equipamentos, mantendo os registros atualizados.

A calibração e a qualificação dos equipamentos utilizados para a realização das técnicas de estética mantém em situação adequada os equipamentos e utensílios, de forma a assegurar os resultados do tratamento, assim como a confiança de trabalhar com os mesmos dentro de níveis seguros e aceitáveis. Ao longo do tempo de uso, os equipamentos utilizados na estética (como os que são usados em eletroterapia e sonoforese, por exemplo) perdem sua eficiência, sendo muitas vezes, por utilização e transporte inadequados. Para mantê-los em condições adequadas de uso, produzindo efeitos esperados no tratamento e com maior tempo de vida útil, realiza-se a calibração periódica dentro de um prazo de 3 a 6 meses, dependendo do equipamento e do volume de uso, seguindo as recomendações de manutenção e calibração do fornecedor do equipamento. Cabe lembrar que, segundo o Decreto Federal nº 77.052/76, a verificação das condições de exercício de profissões e ocupações técnicas e auxiliares relacionadas diretamente com a saúde, pelas autoridades sanitárias no desempenho da ação fiscalizadora, observará a capacidade legal do agente, por meio do exame dos documentos de habilitação inerentes ao seu âmbito profissional ou ocupacional, compreendendo as formalidades intrínsecas e extrínsecas do diploma ou certificado respectivo, tais como o registro da expedição por estabelecimentos de ensino que funcionem oficialmente de acordo com as normas legais e regulamentares vigentes no País e inscrição dos seus titulares, quando for o caso, nos Conselhos Regionais pertinentes, ou em outros órgãos competentes previstos na legislação federal básica de ensino. Portanto, a adequação do estabelecimento de estética às normas sanitárias vigentes é de fundamental importância para a manutenção do funcionamento do estabelecimento para promoção da Saúde Estética.

Ana Guedes Martins Farmacêutica Industrial, MSc.

Diretora da Unna Qualidade e Projetos Consultora em Qualidade desde 1998. Docente em Tecnologia Farmacêutica e Qualidade desde 1997 em Instituições de Ensino Superior em SC e RS

Márcia Reus Farmacêutica, MSc.

Diretora da Vitta Cosméticos Docente no curso de Estética e Coordenadora da Pós Graduação em Estética Clínica da Univali Docente no curso de Estética e Cosmética Senac ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 29


“avançar reQuer Compromisso e partiCipaçÃo; nÃo existe máGiCa”, diz presidente do SindFar/SC

Nanda Mazzini

os farmaCêutiCos das farmáCias e droGarias do estado iniCiaram o mês de maio Com reajuste salarial. o proCesso de neGoCiaçÃo foi mais Curto para estes ColeGas, resultado da aGilidade, mas também da reduZida marGem de manobra nas neGoCiaçÕes provoCada pela Crise eConômiCa. nesta entrevista, a presidente do sindfar/sC, fernanda maZZini (nanda), fala sobre a neGoCiaçÃo das ConvençÕes 2016/2017, as perspeCtivas para a eQuiparaçÃo salarial e a neCessidade de partiCipaçÃo da CateGoria para Que a valoriZaçÃo aConteça. Como você avalia as negociações deste ano? nanda mazzini - Já sabíamos que as

negociações seriam mais complicadas devido aos acontecimentos políticos e econômicos do país. O nosso objetivo, como a cada negociação, era a equiparação ao piso do comércio de Itajaí, que é o mais alto do Estado. Os patronais do comércio, hospitais e laboratórios propuseram parcelamento do INPC em duas vezes. Nós fizemos todos os cálculos e concluímos que desta forma os farmacêuticos teriam perdas salariais. Insistimos e conseguimos o INPC integral para o comércio, o que é um ganho bastante razoável considerando a atual situação. Então, a conquista foi evitar perdas salariais. Muitas categorias não conseguiram nem a reposição do INPC ou, se conseguiram, foi parcelado. O sindicato entende que também tem que preservar o emprego e aumentar a empregabilidade, nunca reduzir. Insistir em uma proposta muito ousada num ano de negociações difíceis é arriscado; temos que ter este peso na balança. Então, procuramos buscar o equilíbrio em um acordo que não gerasse perdas salariais para os farmacêuticos e nem desemprego. ESPAÇO FARMACÊUTICO 30 junho 2016

Outro ponto positivo da negociação deste ano foi a agilidade no acordo com o comércio, que representa a maioria dos colegas. Geralmente, demoramos muito para finalizar a negociação. A base patronal (Sincofarma) tem cerca de 8 sindicatos pelo Estado. Antes mesmo da negociação, há o processo de assembleias da base patronal e a espera pela divulgação do INPC. Depois, vem a negociação e, após o acordo, tem ainda os processos de assinatura do acordo e homologação do termo pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Percebemos que os patronais também tiveram vontade de agilizar negociação. e nas demais áreas de atuação? nanda mazzini - Com alguns dos pa-

tronais, como as distribuidoras, nem conseguimos a primeira negociação (até o fechamento desta edição). Já fizemos reuniões com os patronais dos hospitais e laboratórios. Também temos dificuldade em fechar um bom acordo com a indústria. Há poucos profissionais com RT nesta área. Nos últimos anos, após levantamento realizado junto ao CRF/ SC, reduzimos o número de setores industriais com as quais negociamos. Porém, há previsão de cláusulas da categoria preponderante na CCT desta

área, que assegura os direitos dos farmacêuticos como os demais funcionários das indústrias. porque é tão difícil conseguir ganho real para o farmacêutico? nanda mazzini - Além da situação

econômica de que falamos, há uma dificuldade histórica. No caso do comércio, os patronais com quem o SindFar negocia representam os pequenos estabelecimentos. As redes não participam das negociações e vêm tomando conta do mercado, o que dificulta a inclusão de mais benefícios na convenção. O argumento dos pequenos estabelecimentos é de que estão sendo sufocados. Fica difícil incluir o vale-alimentação, por exemplo, pois os proprietários das pequenas farmácias e drogarias não se enquadram na classificação empresarial que permite subsídios do governo como o PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). Procurando considerar situações diferenciadas, viemos negociando à parte com algumas redes que demonstram abertura. Além disso tudo, os patrões resistem em incluir novos benefícios na convenção por que sabem que cada cláusula incluída é um direito adquirido no qual não se mexe. Quais são as perspectivas de um ni-


velamento salarial pelo piso de Itajaí? Nanda Mazzini - Fazemos a tentativa

de equiparar o salário da região de Itajaí desde que a diferenciação aconteceu em 2010. Este ano, propusemos o escalonamento de um percentual de reajuste que alcançasse o piso da região. Essa foi uma proposta geral para todas as áreas de atuação na segunda fase das negociações. Propusemos um percentual de reajuste para cada área de atuação (a depender da diferença salarial em relação ao piso de Itajaí) que fosse concedido em parcelas de 4 até 7 vezes durante o ano, permitindo que todos os farmacêuticos tivessem o mesmo piso ao final deste período. Considerando o contexto econômico, a proposta não foi aprovada pelo patronal do comércio das demais regiões, porem ainda estamos tentando negociar o escalonamento em outras áreas de atuação. De qualquer forma, esta experiência nos ajudará a construir caminhos para as próximas negociações. E como tem sido a participação dos farmacêuticos nas questões da categoria? Nanda Mazzini - Neste ano, tivemos

uma participação bastante expressiva dos profissionais que atuam nos hospitais, o que foi uma alegria para nós. Eles participaram de todo o processo: na montagem da pauta, trazendo informações precisas e suas experiências para a formulação das cláusulas e procurando representar a realidade do farmacêutico dentro dos hospitais com a maior clareza possível; compareceram em peso nas assembleias; estiveram presentes nas reuniões de negociação com o patronal e ainda se envolveram concretamente na formulação da proposta de escalonamento salarial para equiparação ao piso de Itajaí. Acredito que, em parte, isso é uma consequência da Lei 13.021/14, que passou a exigir a presença do farmacêutico nos hospitais durante 24h. Além de valorizar o profissional farmacêutico, que passou a ser classificado definitivamente como profissional de saúde dentro dos hospitais, a lei resultou em maior organização da categoria. Por outro lado, também compreendemos que a mesma lei também obrigou à contratação de um grande número de profissionais de

uma hora para a outra, o que impactou nas contas dos hospitais. Então, talvez a gente não tenha uma mudança grande do piso salarial imediatamente. Mas eu acredito em grandes avanços nos próximos anos a partir do que vem sendo construído agora. O processo de concentração de forças é cumulativo e tem consequências, mais cedo ou mais tarde. Nas negociações anteriores, já havíamos conquistado a diferenciação salarial para os colegas dos hospitais que tem especialização na área, o que também foi uma grande conquista. Penso que a participação dos colegas em cada área, seja através do SindFar ou através do patronal para os que são proprietários dos estabelecimentos, faz a diferença. Ter colegas farmacêuticos à frente dos patronais muitas vezes facilita a negociação e ajuda na valorização do profissional. Mas nos últimos tempos tem sido muito distante a negociação com o Sindilab, por exemplo. Além disso, não temos participação dos farmacêuticos bioquímicos e, assim, não temos informações pra saber dos seus anseios e problemas. Apenas sabemos que os laboratórios estão com dificuldades por conta da falta do reajuste da tabela do SUS e perdendo os exames feitos através de convênio. Isso tudo fez com que estes colegas perdessem força, e consequentemente, seus pisos, que costumavam ser os mais altos do estado, caíram. Como é possível fazer uma negociação mais exitosa no próximo ano? Nanda Mazzini - Construindo uma

pauta bem elaborada e com antesegmento

cedência, algo que só conseguimos fazer com a participação dos colegas que atuam nas mais diferentes áreas. Quando há consenso na pauta, há consenso nas negociações. Depois, fortalecendo a participação nas assembleias, em que discutimos a pré-pauta. E o sindicato precisa de informações da categoria para saber o que acontece nos locais de trabalho. A pré- pauta leva em consideração o feedback que recebemos dos colegas: as críticas e dúvidas de quem vem até o sindicato ou se comunica conosco através dos telefonemas e e-mails. Sabemos que é difícil incluir atividades na agenda. Nós, diretores, também precisamos deixar de lado muitas tarefas particulares e nos dispormos a participar de reuniões, assembleias, negociações e atividades em que o sindicato precisa estar representado para defender os direitos dos trabalhadores farmacêuticos. Temos uma cláusula na convenção que prevê até quatro faltas justificadas para que o farmacêutico participe de atividades relacionadas aos assuntos da categoria. Basta que ele avise ao CRF. Então, a participação está respaldada na convenção. Se sofre qualquer tipo de intimidação por parte do empregador pela participação, deve denunciar ao sindicato. Muitas vezes o sindicato não tem condições de fazer em todas as regiões, mas mesmo assim é possível enviar colaborações através de outro colega. Então, não existe mágica. Mudar a situação salarial do farmacêutico requer compromisso e participação da categoria. PISO 2016/2017

COMÉRCIO - REGIÃO DE ITAJAÍ (Itajaí, Ilhota, Itapema, Penha, Bal.Piçarras, Luis Alves, Navegantes, Balnerário Camboriú, Camboriú, Porto Belo, Canelinha, Tijucas, Nova Trento, Brusque, Guabiruba, São João Batista e Major Gercino)

R$ 3.400,00 INPC (11.08%) + 0,58% de ganho real (arredondamento) para todos os profissionais

COMÉRCIO - RESTANTE DO ESTADO

R$ 2.832,54 INPC (11.08%) para todos os profissionais

DISTRIBUIDORAS, HOSPITAIS, LABORATÓRIOS, INDÚSTRIAS E TRANSPORTADORAS

Aguardando acordo com os sindicatos patronais

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 31


A arte de curar O Encontro MULTIDISCIPLINAR de Homeopatia realizado em Florianópolis revela a magnitude do poder de intervenção na saúde que se manifesta quando profissionais de saúde de áreas distintas trabalham em consonância com a ciência homeopática. Da contenção de epidemias ao controle de doenças crônicas, a homeopatia multidisciplinar oferece um repertório de cura.

ESPAÇO FARMACÊUTICO 32 junho 2016


Q

uando o farmacêutico Eduardo Macário, gestor público responsável pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica, recebeu o convite do CRF-SC para participar de uma mesa de debates sobre Homeopatia e Epidemias, aceitou, mas fez a ressalva: “É que não existem comprovações científicas sobre a eficácia, e não podemos expor a população em uma situação aguda a um tratamento que pode levar muito tempo para causar efeito”, comentou, um dia antes do evento.

Karen Denez: o mais difícil e desafiador é explicar o óbvio: a homeopatia tem razões que a própria razão desconhece. ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 33


prevenção e manutenção da saúde, mas igualmente na reversão de casos clínicos agudos”, argumenta a médica Marisa Fantin, que trabalha com o repertório homeopático há 30 anos.

Dra. Marisa Fantin Ribeiro, médica-homeopata: atuação em campo durante crise epidêmica de Dengue no RJ. Alívio dos sintomas ainda na fila do Posto de Saúde.

Na manhã seguinte, ao ouvir a Dra. Marisa Fantin Ribeiro, médicahomeopata que atuou na linha de frente do combate à Dengue no Rio de Janeiro, usando o repertório homeopático, com resultados celebrados pelo público e pelas autoridades sanitárias, O diretor da DIVE já mostrava mais permeável à linha homeopática Marisa discorreu sobre todos os aspectos de evidências clínicas da eficácia do uso do medicamento homeopático e pontuou: a ciência euclidiana, cartesiana, com base nas leis físicas registradas por Newton, ainda não consegue observar e mensurar a linha de atuação homeopática. Nem por isto a homeopatia deixa de ser ciência; pois, da mesma forma, as descobertas da física subatômica não se explicam pelas leis naturais da física; antes, a desvirtuam, e nem por isso são inexistentes. “É isso. O gestor público, como regra geral, desconhece a eficácia do repertório homeopático, não só na ESPAÇO FARMACÊUTICO 34 junho 2016

“Eu estava largando a medicina, frustrada por não conseguir curar as pessoas, quando conheci a ciência homeopática. As possibilidades de intervir com profunda eficácia na saúde das pessoas mantiveram meu entusiasmo, para atuar na área médica com propósito e significado”, explica Dra. Marisa. O Encontro Multidisciplinar de Homeopatia foi promovido pelo CRF-SC, e coordenado por Karen Denez, vice-presidente do CRF-SC e representante do Grupo de Trabalho de Homeopatia do Conselho Federal de Farmácia. Nos dias 05 e 06 de maio foi realizado em Florianópolis o VI Encontro das Comissões Assessoras sobre Homeopatia , que contou com

a participação de Conselhos de 12 estados do Brasil. O Encontro das Comissões Assessoras de Homeopatia acontece desde 2013, o primeiro foi em São Paulo, quando se estabeleceu a frequência anual periódica como um método sistemático de integração. O CRF-SC compreendeu que seria importante aproveitar a riqueza deste encontro para promover uma atividade multidisciplinar em Homeopatia, coordenado por Karen Denez, vicepresidente do CRF SC e representante do GT de Homeopatia do CFF. “Os médicos homeopatas têm uma relação de simbiose com os farmacêuticos homeopatas. São exercícios da arte de curar que se comungam, e qualquer prescrição médica na homeopatia depende do nível do conhecimento do farmacêutico que manipula”, explicou a médica pediatra homeopata Renata Tomazzoni, que participou da mesa sobre Homeopatia Multidisciplinar. “Tivemos um evento com os lugares lotados, e é estimulante ver o número de acadêmicos e profissionais que foram procurar mais conhecimentos sobre a homeopatia. Eles foram apresentados a diversos cases médicos, veterinários, odontológicos, nos quais o uso da ciência homeopática foi decisiva para a recuperação da saúde”, celebra a presidente do CRF-SC, Hortência Tierling. “Nossos colegas farmacêuticos têm um amplo campo de pesquisa e atuação nesta área, e o CRF-SC está permanentemente estimulando a prática da farmácia homeopática, que é valorizada e reconhecida pelos profissionais da medicina, odontologia, veterinária e farmacêuticos "diz Hortência.


“A saúde tem várias ferramentas – a homeopatia é uma delas”, defende Dra. Marisa. “Mas mesmo na área médica, são poucos que se interessam pela homeopatia, embora seja uma especialidade reconhecida”. Marisa Fantin atuou no Rio de Janeiro em 2008, no auge da epidemia da Dengue. Aos pacientes acometidos por febres e dores de cabeça padecendo em longas filas de acesso aos postos de saúde ministrou gotas homeopáticas a cada um, ainda na fila.

de um campo de trabalho que deve ser apresentado com muita seriedade às autoridades sanitárias, com muito embasamento, e por isso é louvável a iniciativa do CRF-SC em discorrer sobre a multidisciplinaridade - pois não é somente uma categoria de profissionais da saúde que trabalha e alcança eficácia com a homeopatia", disse Dra. Tomazoni. “Vários tiveram uma melhora do quadro clínico tão evidente e rápida que nem quiseram mais o atendimento alopático. Sairam da fila e foram apenas solicitar a homeopatia para levarem para casa", testemunha a médica. Eduardo Macário: audiência agendada para aprofundar estudos sobre uso do repertório homeopático em quadro sociais epidêmicos.

Dra. Renata Tomazoni, presidente da AMHSC: um trabalho de simbiose entre médicos e farmacêuticos. Homeopatia depende de equipe afinada.

O Encontro recebeu a presidente da ABFH, farmacêutica Amarilys Toledo Cesar, que discorreu, junto com a presidente da AMHSC , Dra. Renata Tomazoni sobre trabalhos publicados a respeito do uso da Homeopatia nas Epidemias, apresentando possíveis caminhos para se integrar aos trabalhos da Epidemiologia. "Trata-se

Multidisciplinaridade: médicos, veterinários, dentistas e farmacêuticos formam a frente avançada de atuação clínica e estudos da homeopatia, seja em âmbito restrito dos consultórios, seja no território onde há crise epidêmica.

“O edifício do conhecimento homeopático está permanentemente em construção, e o nosso desafio é expandir esta ciência para as novas gerações, por isto a felicidade em ver tantos acadêmicos no evento”, expõe Karen Denez, vice-presidente do CRFSC. “As informações obtidas neste encontro, com palestras de dentistas e médicos que usam a homeopatia, devem ser usadas pelo Grupo Técnico de Homeopatia do CFF para que possamos, de forma multidisciplinar, elaborarmos protocolos de aplicação do repertório homeopático em, por exemplo, quadros sociais epidêmicos”. O diretor da DIVE/SC, Eduardo Macário, ao final da mesa de Homeopatia e Epideomologia do evento, se dispôs a receber uma delegação multidisciplinar de profissionais de saúde homeopáticos para articular uma política de ampliação

da intervenção da ciência homeopática na prevenção de epidemias e contenção de crises epidêmicas. A dentista Monique Cunha, que trabalha com homeopatia em seu consultório, reportou casos de cura de inflamações e dores agudas com o uso do repertório homeopático. "Pessoas leigas espantam-se ao prescrevermos homeopatia para dor de dente, mas havendo um correto diagnóstico e avaliação do paciente, o resultado desejado, que é o alívio da dor, ocorre em segundos", discorreu Monique Cunha. Para Amarilys de Toledo Cesar , presidente da ABFH a discussão aqui em Santa Catarina sobre o contexto da multidisciplinariedade “ é uma iniciativa que pode servir como semente para ampliar esta discussão entre os profissionais homeopatas dos outros estados.” Como encaminhamento desta mesa ficou estabelecido o apoio e comprometimento de todos os profissionais, representantes de instituições atuantes na sociedade, com uma integração sistemática e constante envolvendo as entidades nacionais de Farmácia, Medicina, Medicina veterinária e Odontologia no sentido de promover o crescimento desta multidiscplinariedade entre estas instituições.

Gotinhas para dor de dente: relatos clínicos de alívio instantâneo de dores agudas nos consultórios de dentistas.

ESPAÇO FARMACÊUTICO junho 2016 35



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.