FECHAMENTO AUTORIZADO, PODE SER ABERTO PELA ECT
Revista do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Santa Catarina Edição 06 – Ano 02 – abril de 2012
AS INTERFACES DO SER
No turbilhão das manifestações múltiplas da personalidade, os Florais prometem um portal para a essência serena de cada um. Reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde desde a década de 1950, convalidados nas Práticas Integrativas Complementares, os florais permanecem, no entanto, sendo uma terapia misteriosa para a maioria dos farmacêuticos. Entenda com as flores sobre como ir além das aparências. Nessa edição de Espaço Farmacêutico. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 1
SUMÁRIO
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A BUSCA DO REALINHAMENTO ENTRE CFF E CRF-SC
O descredenciamento de laboratórios imposto pela Unimed em Chapecó, após a construção de seu próprio laboratório na cidade, emite um sinal de alerta a respeito de como a verticalização pode redundar em um monopólio da prestação de serviços de saúde. O que não é permitido por lei.
A visita do recém-empossado presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter da Silva Jorge João, marca um novo momento nas relações com o órgão mais representativo dos farmacêuticos.
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AVANÇO NO SETOR MAGISTRAL A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, através de seu Núcleo Setorial de Farmácias Magistrais, acaba de lançar uma revista voltada para o público consumidor e para os farmacêuticos prescritores. cartaz.pdf
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Realização:
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ILHA DA MAGIA FARMACÊUTICA
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OS PRÓXIMOS PASSOS DA AF
Federação Nacional dos Farmacêuticos
9, 10 e 11
de agosto de 2012 Hotel Sesc Cacupé - SC
Rua Haroldo Soares Glavan, 1670 - Florianópolis - SC Apoio:
SEDE DA FENAFAR Rua: Barão de Itapetininga,255, 11º andar - Conjunto 1105 - CEP 01042-001 Centro - São Paulo - SP - Fones/Fax: (11) 3259-1191 - 3257-9126
www.fenafar.org.br
CONGRESSO DA FENAFAR
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Florianópolis vai sediar, em agosto, o Congresso da Fenafar, que reúne delegados de todo Brasil e na edição 2012 adota uma linha de argumento centrada no Fazer Farmacêutico.
A Assistência Farmacêutica no novo marco regulatório foi o tema do VI Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica, onde foram debatidas as ações da Assistência Farmacêutica em um contexto das novas regulamentações do Sistema Único de Saúde (SUS).
ESPAÇO FARMACÊUTICO 2 ABRIL 2012
E SE O MEDICAMENTO FOR PIRATA? CRF-SC promove série de palestras sobre a responsabilidade dos farmacêuticos no combate à pirataria de medicamentos, considerada o crime do século XXI.
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VALORIZAR O TRABALHO DO FARMACÊUTICO CONTRIBUI PARA A SAÚDE E O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
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ESTAMOS DE OLHO NA VERTICALIZAÇÃO
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AS FLORES DA RESTAURAÇÃO INTERIOR A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, através de seu Núcleo Setorial de Farmácias Magistrais, acaba de lançar uma revista voltada para o público consumidor e para os farmacêuticos prescritores.
AUMENTO DO PISO Os farmacêuticos de Itajaí e região vão receber no mínimo R$2.330,00.
O SÍMBOLO PERDIDO “Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria”, pontificou Joseph Campbell, estudioso americano de mitologia e religião comparada. Mas conciliar pontos de vista divergentes não é tarefa para amadores. “Ideias não são metais que se fundem”, declarou Leonel Brizola, político gaúcho exilado pelo regime militar. É por isso que essa edição da revista do CRF-SC reserva um espaço para compreender a importância histórica da reunião de trabalho em Florianópolis que reaproximou o Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina e o Conselho Federal de Farmácia. Durante 14 anos, essas duas instituições mantiveram um distanciamento crítico. Valores, teses e posições políticas arduamente conquistadas e defendidas pelos farmacêuticos catarinenses pareciam não encontrar ressonância e apoio no CFF, a maior estrutura institucional do Brasil de representação dos profissionais farmacêuticos. “O CFF está sem oxigênio, ele praticamente parou de respirar e precisa ser reanimado”, reconhece o atual presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João, que assumiu a cadeira em janeiro deste ano. Walter João foi eleito com o apoio e a articulação política de Paulo Boff, Conselheiro Federal por Santa Catarina e um dos 27 eleitores no pleito que define a diretoria do CFF. A posse do novo presidente marcou a retomada do diálogo entre o CFF e o CRF-SC. Winston Churchill, estadista inglês que levou o Reino Unido à vitória na Segunda Guerra, definiu que “fanático é alguém que não muda de ideia e não muda de assunto”. Ao reconsiderar suas posições, aceitar críticas e buscar consenso com o pensamento que emana dos farmacêuticos catarinenses, o novo presidente do CFF relegou ao passado uma postura fundamentalista que impedia o diálogo. Mudou de ideia e de assunto. Não basta, porém, dirigir-se ao rio com a
EDITORIAL
intenção de pescar peixes; é preciso levar também a rede, reza um provérbio chinês – e os farmacêuticos de Santa Catarina esperam que essa alteração no panorama político do CFF permaneça e produza resultados mais eficazes que nos últimos anos. Pois o CRF-SC entende que esse é um momento decisivo para a categoria, que precisa de toda a união possível para redesenhar sua posição na sociedade brasileira, e realizar o serviço que lhe foi delegado. Os farmacêuticos catarinenses têm demonstrado de inúmeras formas qual a identidade profissional que pretendem expressar e qual o espaço que almejam usufruir na estrutura de saúde pública do país. O privilégio de toda uma vida é ser aquele que nascemos para ser. Os farmacêuticos sustentam que são profissionais de saúde, a Farmácia é um Estabelecimento de Saúde, e a presença de farmacêuticos em todas as esferas do SUS representa economia para a sociedade e valorização da saúde pública. Os farmacêuticos já foram detentores de um símbolo social que os distinguia: eram uma referência de saúde para o cidadão, primeira e mais acessível fonte de informações fidedignas sobre terapias medicamentosas, consultados antes e após a visita ao médico. Essa distinção social perdeu-se no tempo e na distância, esmagada por pressões comerciais e financeiras. O CRF-SC luta pela recuperação desse símbolo inerente aos farmacêuticos, não por vaidade ou busca fútil de status social, mas porque todo símbolo é, de alguma forma, uma linguagem cifrada das aspirações e dos ideais humanos. Manifesta e alimenta o respeito – e, ao elevar o farmacêutico à sua verdadeira condição de profissional de saúde, se traduz em bem-estar e segurança sanitária para o povo brasileiro.
A DIRETORIA DA ESQUERDA PARA A DIREITA:
LAÉRCIO BATISTA JÚNIOR SECRETÁRIO-GERAL DO CRF-SC
HORTÊNCIA SALETT MÜLLER TIERLING PRESIDENTE DO CRF-SC
SILVANA NAIR LEITE VICE-PRESIDENTE DO CRF-SC
PAULO SÉRGIO TEIXEIRA DE ARAÚJO TESOUREIRO DO CRF-SC ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 3
A BUSCA DO REALINHAMEN ENTRE CFF E CRF-SC A visita do recém-empossado presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter da Silva Jorge João, marca um novo momento nas relações com o órgão mais representativo dos farmacêuticos. Mais aberto ao pensamento vanguardista que emana das ações científicas, técnicas, políticas e educacionais dos farmacêuticos catarinenses, o novo presidente do CFF afirma que sua gestão será sustentada pela transparência e união com todas as entidades que representam a categoria. Essa é uma postura que o CRF-SC defende. E aplaudirá – se for posta em prática.
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o mês de novembro, a reunião plenária do Conselho Federal de Farmácia será realizada em Florianópolis, e discussões importantes sobre os rumos da profissão farmacêutica ocorrerão próximas dos colegas catarinenses, que poderão participar e opinar. Essa plenária do CFF é emblemática porque representa uma aproximação histórica, ao menos nesse século, entre o pensamento dos farmacêuticos catarinenses e a entidade que possui a maior esESPAÇO FARMACÊUTICO 4 ABRIL 2012
trutura institucional de representação da categoria. A retomada da sintonia nos âmbitos técnicos, científicos, educacionais e políticos começou a ser alcançada com a eleição, no plano federal, do farmacêutico Walter da Silva Jorge João para a presidência do CFF. Recém-empossado, ele visitou a Diretoria do CRF-SC em fevereiro, apresentando sua plataforma de atuação à frente do Conselho Federal. “Nossa intenção é reaproximar o CFF
dos Conselhos Regionais que estão na linha de frente, no contato direto com a categoria em todo o Brasil”, expressou Walter João. Em sua análise, o CFF precisa urgentemente voltar os seus olhos para as demandas urgentes, de condições de trabalho e valorização salarial dos farmacêuticos. “Temos uma série de desafios, porque o Conselho Federal de Farmácia quase parou de respirar, precisamos reoxigenar nossa atuação. Temos 145 mil farmacêuticos brasileiros e já encontramos gente jo-
ENTO
vem e desestimulada com a profissão, gente desencantada, o que é lamentável não só para a categoria, mas para a saúde pública do Brasil”, pontuou o presidente do CFF. Na reunião com a diretoria do CRF-SC, Walter João sinalizou que pretende elaborar linhas de ação que ajudem a fortalecer os sindicatos. “Percebemos que há uma grande dificuldade de homologar acordos salariais vantajosos, e entendo que há necessidade de aprimorar a defesa jurídica de nossos interesses. O CFF precisa investir nisso, para ter uma força jurídica grande nas negociações”. A presidente do CRF-SC, Hortência Tierling, avalia que essa foi “uma reunião de trabalho importante, e histórica, com o presidente do CFF e sua assessoria, para ouvir o resultado de nosso trabalho frente ao CRF-SC e junto às demais entidades representativas da nossa categoria. Estamos solicitando formalmente o apoio do CFF nas lutas que travamos pela valorização social e salarial do profissional farmacêutico. Pois a valorização tem que se manifestar em melhor remuneração e condições de trabalho em todas as áreas de atuação”. Para o CFF compreender a dimensão do trabalho desenvolvido pelo CRF-SC, foram apresentadas estatísticas reveladoras: Nos últimos 9 anos, o
145 mil farmacêuticos representados pelo CFF: os colegas catarinenses estabeleceram como prioridades a Farmácia Estabelecimento de Saúde e a jornada de 30 horas, e agora querem o apoio do Conselho Federal. índice de Assistência Farmacêutica em Santa Catarina subiu de 40% para 85% durante todo o horário de funcionamento. Essa marca inédita só foi alcançada como consequência do trabalho de fiscalização perpetrado pelo Conselho nos sábados, domingos, feriados e madrugadas. “Essa é uma postura distintiva de Santa Catarina: o CRF-SC visita os estabelecimentos farmacêuticos em todos os horários de funcionamento, inclusive os não-comerciais, como madrugadas e feriados, para fazer cumprir a lei que determina a presença do profissional farmacêutico”, esclareceu Hortência Tierling, que também presidente a Comissão de Fiscalização do CRF-SC. Em 2011, foram realizadas 22.347 visitas, com 200 autos de in-
“Temos um projeto de piso salarial no Congresso Nacional, mas será que o Congresso vai querer legislar sobre o piso específico de uma categoria? Tenho minhas dúvidas, pois a atribuição legislativa é com o piso nacional de salário mínimo”. Walter João, presidente do CFF.
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fração por falta de RT, 61 autos por falta de inscrição no CRF-SC, 353 por ausência do Responsável Técnico, 321 por irregularidades no cumprimento da carga horária. Outras 36 empresas foram denunciadas ao MP ou Visa. A consolidação da política gestora pública que reconhece a necessidade social do farmacêutico continua a ser desenvolvida pelo CRF-SC, com ações de inclusão dos farmacêuticos no SUS. “O número de prefeituras registradas no CRF com farmacêuticos contratados
Para Paulo Boff, Conselheiro Federal por Santa Catarina, que contribuiu para articular politicamente a mudança de comando no CFF, o momento é auspicioso porque volta-se a abrir um espaço para a implementação de pensamentos de vanguarda no Conselho Federal. “Estamos apresentando as reivindicações do Estado, os anseios de nossos colegas catarinenses. Estes anseios passam, por exemplo, por um enfrentamento político corajoso para implantar a jornada de 30 horas de trabalho para os farmacêuticos”. Paulo Boff discorreu sobre os pontos relacionados às questões profissionais que precisam ser discutidos e enfrentados pelo CFF, como por exemplo nas questões relacionadas à educação, com duas entidades com a mesma função, duas federações de farmacêuticos, etc.“É pela convergência que a gente atua. Então, precisamos nos debruçar sobre os problemas, sobre as diferenças históricas e encontrar os pontos de consenso, para neles centrar o foco”, analisa o Conselheiro Federal por SC.
“Não posso iniciar meu mandato pensando em me perpetuar. Queremos piso salarial, prescrição farmacêutica, redução da jornada. Foi isso que nos levou a provocar essa mudança no CFF, são essas as nossas intenções”. Presidente do CFF. subiu de 36 para mais de 240 entre o final da década passada e o começo dessa. É um índice ímpar no país, fruto de um trabalho que gostaríamos de compartilhar com o CFF”, comentou a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina. ESPAÇO FARMACÊUTICO 6 ABRIL 2012
Paulo Boff, Conselheiro Federal por SC: articulação política em Brasília para promover alternância de poder no CFF e costurar uma nova aliança com os farmacêuticos catarinenses.
O protagonismo político na defesa dos interesses dos farmacêuticos catarinenses tem sido desempenhado por um grupo de profissionais que, desde a década de 1980, vem desenvolvendo teses e propondo rumos para a categoria. Este grupo, naturalmente, é ampliado e renovado ao longo dos anos. Novas gerações somam-se aos pioneiros, e os próprios fundadores são estimulados a revoluções em seus raciocínios e premissas, num virtuoso circuito de troca de ideias. Mas o fundamento da atuação técnica, científica, social e política desse grupo permanece inalterado ao longo das décadas. Em síntese, esse movimento dos farmacêuticos defende que a Farmácia é um Estabelecimento de Saúde, e os farmacêuticos são profissionais de saúde com a autoridade máxima no assunto medicamento. UM POUCO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA O movimento que dá origem e sustentação política a esse grupo nasceu nos anos 1980. Forjada nos vibrantes núcleos de Diretórios Acadêmicos, ganhou força ao chegar no movimento sindical. Na década de 80, o Sindicato dos Farmacêuticos de Santa Catarina estava, para todos os efeitos práticos, desaparecido. Não tinha representatividade nem força para agir em favor dos farmacêuticos. Ex-presidente do DCE no curso de Farmácia, Luiz Henrique Costa, junto com Norberto Rech, liderou o movimento Avanço na Luta, que propôs mudanças bem-sucedidas na luta sindical em favor de melhores condições de trabalho. No final da década, integrantes desse movimento começaram a sugerir novas políticas de gestão também para o Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina. José Miguel do Nasci-
mento Júnior, José Amazonas Gaspar e Norberto Rech lideravam o grupo de formuladores políticos e articuladores de teses e conceitos que poderiam significar avanços no Fazer Farmacêutico e valorização do profissional na sociedade. Esses conceitos têm expressão em melhores condições de trabalho, mas também se expressam em doutrinas de política pública sobre saúde. Para atuar nessa última área, a da política pública, era necessário que o grupo originalmente formado no Sindfar também encontrasse espaços de articulação dentro do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina.
José Miguel Nascimento Júnior: protagonismo político em âmbito estadual e federal, na valorização dos farmacêuticos catarinenses.
Em 1997, José Miguel vence as eleições para a presidência do CRF-SC, tendo Hortência Tierling como vice. A diretoria eleita, no entanto, não consegue assu-
mir a gestão do Conselho. Um grupo político adversário, alegando que um dos diretores não havia se elegido conselheiro, solicita a intervenção do Conselho Federal de Farmácia, que retira do comando os representantes democraticamente eleitos pela categoria e impõe interventores. Isso provoca um aprofundamento da crise de relações entre os farmacêuticos catarinenses e o CFF. Isolados do sistema de Conselhos, os colegas catarinenses demonstraram uma capacidade incomum para o enfrentamento de ideias, liderando a linha de frente de proposições que avançam, e até subvertem, o establishment imposto pelo CFF - um pensamento hegemônico que não admite críticas ou controvérsias. Desde as eleições de 2003, o grupo que havia sido solapado pela truculência do CFF em 1997 têm tido reconhecimento dos colegas na defesa de teses e posições técnicas e científicas referentes a formação do farmacêutico, atribuições da categoria, importância da fiscalização, inclusão de farmacêuticos no SUS e demais demandas – têm sido aprovadas com estratosféricos ín-
dices de 86% de votos favoráveis nos últimos pleitos. O movimento original de colegas se espalhou por outras entidades, e hoje também defende a categoria em espaços importantes como a Farma & Farma, o Sindilab, o Sindfar-SC, a Abenfar, Anfarmag, SBAC, Fenafar, Enafar, ACCAS, Associação de Farmacêuticos e Bioquímicos da Amures, Associação de Farmacêuticos e Bioquímicos de Chapecó, Associação Catarinense de Farmacêuticos Homeopatas e até mesmo no Sindicato do Comércio Varejista do Vale do Itajaí, onde o piso da categoria é o mais alto do estado. Ao longo da primeira década do século XXI, os colegas catarinenses que participam desse movimento passam a assumir o protagonismo científico e político em outras esferas que não a do CFF. Norberto Rech torna-se um dos assessores da presidência da Anvisa. Luiz Henrique Costa vai trabalhar na Organização Panamericana de Saúde (OPAS), José Miguel do Nascimento Júnior assume o Departamento de Assistência
Solidez e credibilidade: CRF-SC conquistou espaços políticos de diálogo e construção de políticas em entidades e órgãos que, ao longo da última década, foram ignorados pelo órgão máximo de representação da categoria. Agora, busca- se um realinhamento possível de juntar as experiências. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 7
Farmacêutica do Ministério da Saúde, Ronald Ferreira dos Santos passa a defender a categoria como diretor da Fenafar e Hortência Tierling comanda a gestão do CRF-SC. Dentro do Conselho Federal de Farmácia, o conselheiro federal por Santa Catarina lidera um movimento de oposição à gestão do CFF, ao defender doutrinas alternativas à plataforma de atuação do Conselho Federal.
fronto, e sim para derrubar o mito do pensamento hegemônico, de que só o que está aí é possível”, enfatiza Paulo Boff. “E nossa relação com o Conselho Federal, por mais distante que ficasse nos enfrentamentos, sempre foi com o intuito de voltar, de reaproximar, de torná-lo um espaço onde a pluralidade de ideias pudesse vigorar, o que passa a ser possível agora”. Paulo Boff liderou a articulação política que,
explica o vice-presidente do Sindfar e assessor técnico do CRF-SC, Ronald Ferreira dos Santos: “ a eleição para o CFF, nosso órgão máximo, é indireta, e ocorre apenas com 27 votos de conselheiros federais. Há 14 anos vinha se reelegendo um grupo de dirigentes com grande dificuldade de unificar a categoria farmacêutica. Entre os problemas na gestão, ressaltava-se uma grande centralização de poder e
Reunião de trabalho histórica: após 14 anos, CRF-SC e CFF reencontram bases para um diálogo convergente, com agendas políticas de consenso para a valorização dos farmacêuticos. Paulo Boff sustenta as posições de fortalecimento da presença dos farmacêuticos no SUS, da Farmácia Estabelecimento de Saúde, de alterações nas diretrizes curriculares, da consolidação da necessidade social do farmacêutico na farmácia, e da expansão de políticas farmacêuticas nos Conselhos estaduais e municipais de Saúde. “ Produzimos nesses anos todos um avivamento dos debates, mas não pelo prazer do conESPAÇO FARMACÊUTICO 8 ABRIL 2012
junto com colegas de outros estados, levou à vitória a chapa encabeçada por Water Jorge João, que se contrapôs à chapa do ex- presidente que buscava a reeleição. A visita do presidente do CFF à diretoria do CRF-SC, portanto, é revestida dessa importância histórica de reaproximação dos farmacêuticos catarinenses com a maior estrutura institucional de representação da categoria, como
um afastamento, ao longo da última década, dos espaços onde se define os rumos da saúde pública brasileira”. Conforme a análise de Ronald Ferreira dos Santos, essa situação gerou uma dificuldade de interlocução unitária no processo de formação profissional. “Quando os farmacêuticos de Santa Catarina perceberam que, pelo CFF, não conseguiam avançar na agenda central da categoria – aquela que re-
RECONEXÃO?: duas cabeças pensam melhor que uma, desde que pensem no mesmo sentido. sulta em emprego, visibilidade social, melhoria salarial e entendimento claro do seu papel na estrutura da saúde pública do país – foi necessário buscar outras alianças, no Ministério Público, Polícia Federal, Sindicatos, Federações, Anfarmag, Sbac, e principalmente o Sindicato dos Farmacêuticos de Santa Catarina, que assumiu um papel protagonista na condução dessas questões”.
Walter Jorge João está há cerca de três meses no comando do CFF, e tem uma gestão de 2 anos pela frente. “Confesso que fico aflito pensando em tudo o que tem que fazer. Vejo que o CFF ficou sem fôlego e precisa de oxigênio. Vamos dar nova vida para o Conselho Federal a partir do diálogo com toda a categoria, em todas as instâncias”, diz o novo presidente. Essas conversas já
começaram. Na visita à Santa Catarina, Walter João teve um dia intenso de trabalho com os representantes dos farmacêuticos catarinenses. Ouviu mais do que falou. Anotou as demandas, anseios e visões políticas e técnicas dos colegas. Agora é hora de alinhar os pensamentos convergentes e ver quais resultados são possíveis de obter com essa nova estrutura do CFF. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 9
AVANÇOS NO SETOR MAGISTRAL A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, através de seu Núcleo Setorial de Farmácias Magistrais, acaba de lançar uma revista voltada para o público consumidor e para os profissionais prescritores. A revista Magistral traz matérias e esclarecimentos nas diversas áreas: medicamentos alopáticos e homeopáticos, cosméticos, plantas medicinais, bem como os dados necessários que devem constar na prescrição e na rotulagem dos produtos manipulados. A iniciativa tem o apoio do CRF-SC “pois reafirma a importância do profissional farmacêutico enquanto profissional de saúde em uma área que é privativa do nosso âmbito profissional”, diz a presidente do CRF-SC, Hortência Tierling.
Ainda nessa área da atividade profissional, em maio a Anfarmag/SC, em parceria com a Anfarmag Nacional e o Conselho Regional de Farmácia do Estado de Santa Catarina (CRF-SC), promoverá o Fórum PROCESSO MAGISTRAL – MONITORAMENTO E CONTROLE, que tem como objetivo a exposição e debate sobre as especificidades do processo de manipulação magistral e os indicadores de qualidade para a obtenção de produtos seguros e eficazes. "Esse Fórum abordará a rotina da farmácia e do farmacêutico magistral, os pontos críticos da atividade, da profissão e dos fármacos, os procedimentos de segurança para obtenção de produtos eficientes e eficazes e a responsabilidade do profissional e da equipe que
atua em farmácia magistral", anuncia o presidente da Anfarmag/SC, Rodrigo Michels Rocha. Para as palestras que antecedem o debate, nomes importantes do setor magistral nacional trarão suas apresentações que refletem as conclusões de seus estudos, pesquisas e visões sobre a atividade magistral, valorizando a proposta de um debate amplo, claro, aberto e necessário para o desenvolvimento do segmento e conscientização dos profissionais envolvidos. O público alvo é de farmacêuticos magistrais, associados ou não da Anfarmag e demais farmacêuticos interessados no processo magistral. Um exemplo de informação relevante a ser tratado no Fórum é o processo de diluição descrito abaixo, em artigo técnico da Anfarmag.
Artigo técnico Anfarmag
PROCEDIMENTO DE DILUIÇÃO GEOMÉTRICA DE FÁRMACOS
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diluição geométrica é um méto- do oficial de manipulação de fárma- cos potentes com o objetivo de facili- tar e aumentar a segurança e a preci- são da operação farmacêutica de pe- sagem de pequenas quantidades de fármacos potentes para sua manipu- lação. Esse procedimento é emprega- do na manipulação e na manufatura de subsESPAÇO FARMACÊUTICO 10 ABRIL 2012
tâncias medicinais [Remington in The Science and Practice of Phar- macy, cap.11, pág.118, 20a edição, edi- tora Lippincott Williams & Wilkins, 2000 e Stoklosa Ansel in Pharmaceu- tical Calculations, cap. 8, páginas 144 e 145, 11a edição, editora Lippincott Williams & Wilkins,2001]. Em diluições de sólidos, o diluente freqüentemente utilizado é a lactose
[Stoklosa e Ansel, idem]. Faixas de diluições sugeridas de acordo com a dosagem posológica usual para fármacos de índice terapêu- tico estreito: Até 0,5 mg – diluição 1:1000 De 0,5 – 5,0 mg – diluição 1:100 De 5,0 mg – 50 mg – diluição 1:10
PROCESSO DE DILUIÇÃO GEOMÉTRICA: O farmacêutico, após receber a matéria-prima já analisada e aprovada pelo Laboratório de Controle de Qualidade, calcula (conforme os itens a, b, c abaixo), a quantidade do princípio ativo e do excipiente que serão utilizados e registra os dados na ficha de diluição. O processo de diluição deve ser realizado conforme descrição abaixo, de acordo com a diluição desejada: A. Diluição Geométrica (1:100 ou 1%) - 1g do fármaco + 99g de diluente (excipiente) Etapas
· Pesar 1g do fármaco, vertendo-o em um gral de porcelana; · Adicionar 1g do diluente no gral, homogeneizar e observar a homogeneização; · Adicionar 2g do diluente no gral, homogeneizar e observar a homo-geneização; Adicionar 4g do diluente no gral, homogeneizar e assim sucessivamen- te, 8g – 16g – 32g, até completar as 100g da diluição; · Efetuar a tamisação da mistura dos pós, preferencialmente em tamis de ma-lha compreendida entre 50 a 100 mesh; · Transferir a mistura tamisada para um novo gral limpo e sanitizado; · Misturar o pó no gral com pistilo, revolver o pó no fundo e laterais do gral, bem como o pó aderido no pistilo; · Embalar e armazenar a diluição em
frasco de vidro âmbar adequado para armazenamento de matérias-primas, protegido do calor, devidamente identificado com a especificação da diluição realizada, fator de correção da diluição e assinatura do responsável pela diluição (veja modelo de ficha de diluição). B. Diluição Geométrica (1:10 ou 10%): segue o mesmo procedimento anterior, com a diferença que neste caso considera-se 1g do fármaco + 9g do diluente. C. Diluição Geométrica (1:1000): mesmo procedimento anterior, com a diferença que neste caso, considera-se 1g do fármaco + 999g do diluente. EXEMPLO DE UMA FICHA DE DILUIÇÃO: Fármaco diluição 1:100 (1%) Fator de correção: 100 Lote no: Nome do fármaco:1g Lote/Fornecedor Diluente utilizado: 99 g Lote/Fornecedor Peso final após diluição: 100g Assinatura do técnico responsável pela diluição: Assinatura do farmacêutico responsável:
Nota: Para diluições líquidas devem ser utilizadas as mesmas proporções, utilizando como diluente um veículo compatível e totalmente solúvel.
Data da diluição: Nota: Escrever as etapas da diluição geométrica e assinalar a cada pesagem, registrando o que já foi pesado. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 11
ILHA DA MAGIA FARMACÊUTICA Florianópolis vai sediar, em agosto, o Congresso da Fenafar, que reúne delegados de todo Brasil e na edição 2012 adota uma linha de argumento centrada no Fazer Farmacêutico.
V
alorizar o trabalho do farmacêutico contribui para a saúde e o desenvolvimento do Brasil”. Dificilmente se poderia deixar mais clara ou sucinta a lógica que determina o centro das atenção no próximo Congresso da Fenafar. “Não é que das outras vezes não estivéssemos focados no nosso Fazer”, esclarece Célia Chaves, presidente da Fenafar. “Mas nesa edição decidimos externar explicitamente à sociedade que a qualidade da saúde pública brasileira não pode prescindir da valorização do trabalho do farmacêutico”. O Congresso ocorre em agosto, dias 9, 10 e 11, no hotel Sesc Cacupé, em Florianópolis, com a participação de mais de 200 delegados de todas as regiões do Brasil. A Fenafar, tradicionalmente, delineia três grandes ESPAÇO FARMACÊUTICO 12 ABRIL 2012
temas de debate. O primeiro sempre tem enfoque político. “Temos de fazer um esforço sistemático para levar à categoria a compreensão de que todas as questões políticas maiores, inclusive de caráter internacional, têm uma repercussão direta no nosso trabalho”, diz Célia Chaves. Um exemplo recente e bem-acabado disso são as consequências da crise econômica mundial no mercado de trabalho. “O que está acontecendo?”, pergunta a presidente da Fenafar. “Estamos vendo trabalhadores da Europa vindo para o Brasil em busca de oportunidades, pois o desemprego chega a alcançar 25% da população em países como a Espanha. Daqui a pouco isso certamente terá um impacto no nosso mercado de trabalho, e precisamos decidir como acolher nossos colegas de outros países sem gerar uma crise interna”.
O segundo tema do Congresso costuma ser de ordem sindical, referendado no mundo do trabalho. “Os delegados são responsáveis por formular soluções que respondam aos anseios da categoria por melhores relações de trabalho e condições de trabalho. Isso é próprio da organização sindical”, explica Célia Chaves. O último tema é focado nas questões de saúde, mais propriamente da Assistência Farmacêutica, já que esse é, propriamente, o Fazer Farmacêutico. “São temas que sempre estão presentes no Congresso, as questões políticas, trabalhistas e da saúde – tudo isso estará presente também no Seminário que ocorre paralelamente ao Congresso, promovido pela Enafar, presididida pela Silvana Nair Leite”, relata Célia Chaves.
Eleições no SindFar A escolha de rumos para a categoria Os farmacêuticos escolhem em abril a nova direção do SindFar para o período 2012/2015. A votação acontecerá pela via postal e acaba no dia 11 de abril, quando também é possível votar na sede do sindicato. Além de cumprir o papel burocrático de obedecer ao estatuto do sindicato com a substituição do mandato, a eleição também é momento do profissional filiado refletir sobre os rumos que deseja para a luta da categoria. Dentre os compromissos da nova diretoria, que tem à frente a atual diretora financeira Fernanda Mazzini, está a aproximação da base dos farmacêuticos para a construção coletiva do sindicato para lutar pela valorização do trabalho farmacêutico. “Desejamos que a valorização do trabalho Farmacêutico seja o centro dos nossos esforços políticos, seja no setor privado ou no público. O foco principal do cartaz.pdf
Congresso da Fenafar, em Florianópolis: Enfoques políticos, trabalhistas, e nas questões de saúde. Em paralelo, um seminário promovido pela Enafar.
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SindFar não pode ser a Farmácia ou o Laboratório, mas o farmacêutico”, afirma a candidata.
dência do fim do prazo para garantir que o voto chegue a tempo e seja considerado válido (até 04 de abril). Quanto votar: Pelo correio, postando o voto até 04 de abril ou na sede do sindicato em 11 de abril, entre as 12h e as 18h.
Quem pode votar: Podem votar todos os farmacêuticos inscritos no CRF/SC e filiados ao SindFar em dia com a anuidade do sindicato. Até 27 de março, conforme determina o Chapa “Superação e Trabalho” estatuto, o SindFar deverá publicar no site a Presidente: Fernanda Mazzini relação dos associados Vice Presidente: Cleidson Valgas Secretário Geral: Isabel Arena de Kami aptos a votar. Como votar: Os filiados receberão a cédula pelo correio e deverão remeter ao SindFar pela mesma via preferencialmente com uma semana de antece-
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1º secretário: Luciane Pereira Tesoureiro geral: Caroline Junkes da Silva 1º tesoureiro: Anna Paula de Borba Batschauer Diretor de Comunicação: Ronald Ferreira dos Santos Diretor de Assuntos Sociais: Karina Luiza Luckmann Diretor de Assuntos Jurídicos: Fernanda Manzini Diretor de Formação Sind. e Estudos Sócio-Econômicos: Luciano Soares Diretor de Saúde do Trabalhador: Hortência Salett Muller Tierling Diretor Administrativo: Deise Cristina da Silva Diretor de Relações Inter Sindicais: Silvana Nair Leite Conselho Fiscal: membro titular: Paulo Sergio Teixeira de Araujo Membro titular: Luiz Henrique Costa Membro titular: Paulo Roberto Boff Membro suplente: Norberto Rech
VALORIZAR O TRABALHO DO FARMACÊUTICO CONTRIBUI PARA A SAÚDE E O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
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Realização:
Federação Nacional dos Farmacêuticos
9, 10 e 11
de agosto de 2012 Hotel Sesc Cacupé - SC
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CONGRESSO DA FENAFAR ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 13
OS PRÓXIMOS PASSOS DA AF A Assistência Farmacêutica no novo marco regulatório foi o tema do VI Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica, onde foram debatidas as ações da Assistência Farmacêutica em um contexto das novas regulamentações do Sistema Único de Saúde (SUS).
R
ealizado pelo Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS), o VI fórum “é o momento que as três instâncias gestoras, União, estados e municípios, podem trocar informações para definir diretrizes de ação”, explica ESPAÇO FARMACÊUTICO 14 ABRIL 2012
Lore Lamb, farmacêutica responsável pelo núcleo de assistência farmacêutica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Dois temas estiveram em pauta: o primeiro foi a implementação do Decreto 7508/11 e as diretrizes da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME). “Projetamos a nova RENAME nas premissas do novo decreto. Participaram desta
discussão o CONASS, CONASEMS e diversas áreas da saúde. O elenco de medicamentos dela está em processo de pactuação e deve ser discutida e pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT)”, afirmou o coordenador do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (DAF/ SCTIE/MS), Rodrigo Fernandes Alexandre.
Complexo produtivo: fortalecer a inovação é estratégico para o país. O segundo tema tratou dos desafios da Assistência Farmacêutica no Complexo Econômico - Industrial da Saúde. “São objetivos fortalecer o Complexo Produtivo e de inovação em saúde como vetor estruturante da Agenda Nacional de Desenvolvimento; articular o uso do poder de compra do Estado para alcançar as metas prioritárias de acesso com qualidade; priorização da produção no país que gera renda, emprego e conhecimento; uso estratégico da regulação para o acesso, a inovação e a produção local e a implementação de uma estrutura de financiamento à inovação não fragmentada e que induza fortemente o sistema produtivo para as necessidades de saúde”, explicou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), Carlos Gadelha. As Redes de Atenção à Saúde (RAS) e a inserção da assistência farmacêutica e o Sistema Hórus como estratégia para a qualificação da assistência farmacêutica
no SUS também foram debatidos no Fórum, e apresentadas as diretrizes norteadoras para a organização do sistema de assistência farmacêutica nas redes de atenção à saúde e pontuadas observações sobre a saúde do brasileiro na atualidade. No segundo dia do evento, os temas tratados foram o Programa Farmácia Popular e o plano de ações de enfrentamentos às doenças crônicas não transmissíveis; os arranjos produtivos locais como tecnologia social para o desenvolvimento do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e as ações de educação permanente em assistência farmacêutica. “A Farmácia Popular é parte integrante da assistência farmacêutica e participa do Plano Brasil Sem Miséria, cujo objetivo é o de contribuir para erradicar a extrema pobreza no país. São 962 municípios que estão inseridos no Plano e que são atendidos pela Farmácia Popular. E a nossa meta é a inserção do Programa
nas Redes de Atenção à Saúde”, conceitua o Coordenador-Geral de Gestão (DAF/SCTIE/MS), responsável pelo Programa Farmácia Popular do Brasil, Marco Aurélio Pereira. A fragmentação da Farmácia nas últimas décadas, bem como o afastamento
Educação continuada: atenção farmacêutica depende de profissionais comprometidos. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 15
do farmacêutico do objeto principal de sua existência profissional – o ser humano – vêm expondo hoje, com maior intensidade, os seus reflexos negativos, os quais não mais podem ser negligenciados. Assim, a Assistência Farmacêutica insere-se em alguns eixos a serem aprimorados: Eixo 1 - A filosofia da prática: tendo em vista que a atenção farmacêutica é concebida como uma prática do farmacêutico, faz-se necessário discutir, de forma mais ampliada, como sua filosofia, encarada como base conceitual, deve nortear esta prática. Pretende-se discutir a adequação, clareza e aplicabilidade da proposta de Consenso à realidade brasileira, considerando, é claro, possível particularidade e diferença regional. Eixo 2 - Viabilização de estratégias de ação: a promoção da prática da atenção pressupõe a viabilização de estratégias nos âmbitos político, econômico, de organização, educação e pesquisa e legislação e regulamentação. Durante a realização da oficina de trabalho e reuniões complementares foram propostas várias estratégias (anexo 1), que podem ser revistas e acrescidas de outras estratégias, estabelecidas prioridades e propostas articulações e ações para sua viabilização. Eixo 3 – Educação permanente: considerando que a prática da atenção farmacêutica depende, sobretudo, de que haja profissionais comprometidos e capacitados para o desenvolvimento desta prática, é fundamental discutir que competências são necessárias para esta prática, como subsídio para delineamento de estratégias adequadas de ensino e processos de formação de multiplicadores, na perspectiva da educação permanente. Esta questão é fundamental no momento em que se discute a implementação das diretrizes curriculares de Farmácia nas escolas e também começam a surgir vários cursos de aperfeiçoamento e pós-graduação em atenção farmacêutica, com diferentes referenciais e enfoques. ESPAÇO FARMACÊUTICO 16 ABRIL 2012
Acesso e uso racional: a busca de estratégias
FÓRUM NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: por Karen Sarmento Costa*
UMA REFLEXÃO SOBRE AS PERSPECTIVAS NACIONAIS
O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF) do Ministério da Saúde (MS), responsável pela implantação, monitoramento e avaliação das Políticas Nacionais de Medicamentos e de Assistência Farmacêutica no Brasil, tem buscado desenvolver várias estratégias para ampliar o acesso e fortalecer a promoção do uso racional dos medicamentos no país, como exemplo: a) Organização e regulamentação do financiamento público para garantia da disponibilidade dos medicamentos nos serviços de saúde; b) Elaboração de documentos técnicos, como: a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME; o Formulário Terapêutico Nacional – FTN; Temas Selecionados para o Uso Racional de Medicamentos; as Diretrizes para a Estruturação de Farmácias no âmbito do SUS, dentre outros. c) Implantação de cursos de educação para qualificação dos farmacêuticos na gestão e no cuidado; d) Desenvolvimento de instrumentos tecnológicos, como o Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica – Hórus.
No entanto, apesar dos avanços observados desde 2003 na organização dessa Política e no seu financiamento, reconhece-se a necessidade de superar o entendimento da Assistência Farmacêutica, com foco no medicamento para o cuidado com as pessoas. Para isso, é imprescindível a discussão desse cenário com os diferentes atores da sociedade brasileira, com a perspectiva de analisar as práticas nos serviços e propor estratégias interfederativas para a qualificação da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde (SUS). Com esse propósito, o DAF tem realizado anualmente o Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica que reúne representantes da OPAS/OMS, das três esferas de gestão (CONASS, CONASEMS, COSEMS), as instituições de ensino superior, as entidades representantes dos farmacêuticos (FENAFAR, ABENFAR, CRF e Sindicatos), entre outros. No ano de 2011, com o tema Assistência Farmacêutica no novo marco regulatório, foram apresentadas e discutidas as mudanças no SUS a partir da publicação do Decreto no 7.508/2011 e as relações com o campo das Políticas Farmacêuticas, dentre as quais destaca-se a publicação das Diretrizes Nacionais da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 17
Contudo, a agenda central dos gestores de saúde no século XXI, está voltada para a discussão do enfrentamento das condições de saúde das populações, com predominância das condições crônicas, e a superação da fragmentação dos sistemas de saúde. É nesse contexto, que propõem como estratégias a organização dos sistemas por meio de Redes de Atenção a Saúde (RAS), que devem ser coordenadas e orientadas pela atenção básica, com o objetivo de integração sistêmica de ações e serviços de saúde, promovendo uma atenção contínua, integral, de qualidade e humanizada, além de aumentar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária e eficiência econômica. Nesse momento, torna-se fundamental a discussão do papel da Assistência Farmacêutica no atual estágio de desenvolvimento no SUS e como avançar conjuntamente na perspectiva das RAS que busca responder de forma organizada e integrada as necessidades de saúde da população brasileira. Avalia-se que o modelo vigente no campo da Assistência Farmacêutica que ainda valoriza a disponibilidade do medicamento não atende as necessidades propostas pelas RAS. Assim, durante o Fórum foi lançado nacionalmente as proposições das diretrizes norteadoras para a inserção da Assistência Farmacêutica nas RAS, iniciando a discussão na agenda nacional com o público do evento; (Disponível em:www.saude.gov.br). Reconhece-se como diretriz para inserção da Assistência Farmacêutica nas RAS, a atividade clínica do profissional farmacêutico, que deve envolver uma construção de vínculo entre o profissional e o usuário, objetivando atingir os objetivos terapêuticos desejados. Porém, as diversas mudanças necessárias para superar o modelo vigente, exigirá uma pactuação coletiva com a ESPAÇO FARMACÊUTICO 18 ABRIL 2012
Luís Henrique Costa: contribuição no Fórum para o desenvolvimento de Redes de Atenção sociedade brasileira. Os princípios e as diretrizes do SUS não poderão ser concretizados, na prática dos serviços, sem a inserção efetiva da Assistência Farmacêutica como uma ação e uma Política Pública de Saúde. Para isso, a sua estruturação torna-se um grande desafio para os gestores e profissionais de saúde.
Sendo assim, conclui-se como positiva as perspectivas de avanços na Assistência Farmacêutica no SUS nos próximos anos, com o reconhecimento do profissional farmacêutico nesse cenário, e a importância dos espaços de discussão e construção coletiva, como o Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica.
*KAREN SARMENTO COSTA é Farmacêutica graduada pela Pontifíca Universidade Católica de Campinas. Especialista em Saúde Pública -UNESP/Araraquara. Mestre e Doutoranda em Saúde Coletiva/Epidemiologia - FCM/DMPS/UNICAMP- trabalhando com Inquérito de Saúde, com ênfase na utilização de medicamentos e os fatores determinantes do uso nas populações. Experiência na gestão da Assistência Farmacêutica na Secretaria de Municipal de Saúde de Campinas. Atualmente Coordenadora Geral de Assistência Farmacêutica Básica, no Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
ESTAMOS DE OLHO NA VERTICALIZAÇÃO
O descredenciamento de laboratórios imposto pela Unimed em Chapecó, após a construção de seu próprio laboratório na cidade, emite um sinal de alerta a respeito de como a verticalização pode redundar em um monopólio da prestação de serviços de saúde. O que não é permitido por lei.
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ecentemente, a cooperativa Unimed, que detém mais de 80% do mercado de saúde suplementar em Santa Catarina, descredenciou três laboratórios de análises clínicas em Chapecó. O rompimento entre a contratante e os prestadores de serviço ocorreu depois que a Unimed inaugurou um laboratório próprio na cidade para atender o oeste catarinense. Não houve qualquer irregularidade no descredenciamento – ele estava previsto nas cláusulas contratuais. Mas há irregularidades, e até ilegalidades, que resultam da concentração do mercado nas mãos de só um agente privado ou público. A isso se chama monopólio, e é passível de punição pelo CADE, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Desde 1995 o processo de verticalização vem se acentuando em todo o território nacional, com operadoras de planos de saúde construindo clínicas e hospitais próprios – e agora também laboratórios. Para o acadêmico e autor do livro Repensando a Saúde, Michael Porter, a verticalização leva ao controle absoluto do mercado. “Há um princípio legal e ético segundo o qual o médico não pode gerar demanda para o seu próprio serviço, e algumas interpretações sugerem que isso vem ocorrendo quando a Unimed – uma cooperativa de médicos – exige que
exames sejam feitos nos seus laboratórios próprios”, pontua Marcos Koerich, conselheiro do CRF-SC. Em Joaçaba, onde a Unimed também descredenciou um laboratório, o Sindlab foi chamado por proprietários de outros estabelecimentos prestadores de saúde. Segundo a narrativa deles, representantes da Unimed teriam convocado a todos para uma reunião, e informado que dali por diante todos os exames terceirizados teriam de ser enviados para o laboratório da Unimed. Como sabe todo farmacêutico que já trabalhou em laboratório, é uma rotina enviar certos exames para outros laboratórios, por questões de custo ou de tecnologia. “Nós orientamos nossos associados a não se submeterem a essa imposição da Unimed, pois os laboratórios têm a liberdade de terceirizar seus exames da forma que melhor lhes convier”, informa o diretor do Sindlab, Tércio Egon Paulo Kasten. “Caso a Unimed insista nesse assunto, o melhor a fazer é solicitar que o plano de saúde envie por escrito essa determinação, pois assim teremos um documento que pode ser contestado judicialmente”, explica Tércio. Marcos Koerich ainda pondera que o convênio não pode forçar o prestador a fazer algo que não é permitido por lei. “Vamos manter em mente o princípio de que o farmacêutico-bioquímico tem
Exames da discórdia: farmacêutico-bioquímico é responsável pela segurança do paciente e não deve aceitar imposições verbais da contratante.
relação direta com o paciente e é o responsável pela sua segurança, portanto é quem tem o poder decisório em todas essas questões”, avalia Marcos Koerich. Entre os estabelecimentos de saúde é dado como inexorável o fato de que a sociedade brasileira precisa definir a abrangência e os limites da verticalização na saúde privada, bem como quais órgãos farão a regulação, pois está se chegando a um ponto em que esta onda começa a comprometer a sobrevivência das instituições de saúde independentes. Nesse momento em que os laboratórios se sentem ameaçados, Tércio Egon Paulo Kasten dá dois conselhos: 1) não aceite normas por imposição verbal, exija tudo por escrito, para haver documentação que possa servir de base para autos processuais. 2) O convênio não pode estabelecer normas que não existam em contrato. O Sindlab e o CRF-SC podem ser consultados em casos de conflito, com pareceres dos departamentos jurídicos. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 19
E SE O MEDICA
ESPAÇO FARMACÊUTICO 20 ABRIL 2012
AMENTO FOR
PIRATA?
CRF-SC promove série de palestras sobre a responsabilidade dos farmacêuticos no combate à pirataria de medicamentos, considerada o crime do século XXI. O problema é mais pronunciado em países onde a fabricação, importação, distribuição, fornecimento e venda de medicamentos são menos regulados e a fiscalização é deficiente.
D
esde fevereiro, o CRF-SC vem promovendo palestras gratuitas para os farmacêuticos catarinenses a respeito do drama da falsificação de medicamentos, e a responsabilidade profissional da categoria no combate à pirataria. Para tratar do assunto, o CRF-SC convidou o renomado delegado de Polícia Federal e ex-assessor-chefe de segurança institucional da
ANVISA, Adílson Batista Bezerra, que tem viajado pelas diversas regiões catarinenses proferindo palestras sobre o tema. “São palestras gratuitas de orientação, que o CRF-SC oferece aos farmacêuticos catarinenses com o objetivo de alertar sobre suas responsabilidades civis, éticas e criminais, para que eles não venham a ter produtos irregulares nas prateleiras, pois a Responsabilidade Técnica abrange
seus próprios atos, e daqueles que são por eles supervisionados, inclusive do proprietário da farmácia”, explica a presidente do CRF-SC, Hortência Tierling. Entre 2009 e 2010, a apreensão de medicamentos falsificados no país aumentou 500%. Só no ano passado,foram descobertos 18 milhões de medicamentos irregulares no Brasil. Até agora, os medicamentos falsificaESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 21
dos que foram descobertos raramente fazem efeito e, em muitos casos, têm sido perigosos e prejudiciais à saúde pública. “Nos últimos 4 anos, apreendemos 400 toneladas de medicamentos falsos e efetuamos 700 prisões em flagrante”, afirma o delegado Adílson Batista Bezerra.
princípios ativos, com princípios ativos insuficientes ou com embalagem falsa. Nos países ricos, a falsificação envolve "hormônios caros, esteroides, medicamentos anticâncer e produtos farmacêuticos relacionados ao estilo de vida", conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
antibióticos e vacinas contra a gripe. O índice de utilização de medicamentos falsos está entre um dos maiores do mundo. A falsificação de medicamentos é considerada crime hediondo e o farmacêutico envolvido pode ser preso e enquadrado por tráfico de drogas. Cada vez mais, esse tipo de pirataria
Contrabando: medicamentos piratas entram pelas fronteiras e são comercializados sem qualquer garantia de procedência ou qualidade. Um crime contra a saúde pública que ocorre principalmente em farmácias sem farmacêuticos. Medicamentos falsificados são aqueles deliberada e fraudulentamente rotulados de forma incorreta com relação à identificação e/ou fonte. A falsificação pode se aplicar tanto a produtos de marca quanto a genéricos, sendo que os mesmos podem incluir produtos com os princípio corretos ou incorretos, sem ESPAÇO FARMACÊUTICO 22 ABRIL 2012
Já nos países em desenvolvimento, especialmente na África, medicamentos falsificados costumam estar disponíveis para o tratamento de doenças graves como malária, tuberculose e Aids. No Brasil, sobressai-se a pirataria de produtos para disfunção erétil (como Viagra) , para tratamento de câncer,
conta com a estrutura do crime organizado, principalmente a do tráfico de drogas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a maioria desses medicamentos é fabricada em países do Sudeste Asiático. “Verificamos na mídia nacional que colegas foram presos e enquadrados
por tráfico de drogas porque possuiam medicamentos falsificados em farmácias nas quais exerciam a RT. Então, começamos o trabalho de orientação da categoria, para que possa auxiliar as autoridades sanitárias e policiais no combate à pirataria de medicamentos”, diz Hortência Tierling, presidente do
Segundo as estimativas, isso representa um prejuízo de US$ 75 bilhões no faturamento da cadeia farmacêutica mundial. Dados do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) revelam que a informalidade corresponde hoje a pelo menos 30% do setor. Apenas com a sonegação fiscal de medicamenPor um punhado de dólares: A Anvisa prendeu, no RJ, uma quadrilha que falsificava medicamentos de combate à neoplasia. Cada ampola custava R$ 4 mil. O medicamento era tóxico e inócuo no combate à doença. Crianças com esperança de cura morriam durante o tratamento.
Traficante?: sim, a legislação equipara a venda de medicamento falso ao tráfico de droga, e pune com o mesmo rigor, de 10 a 15 anos de detenção. CRF-SC. A OMS prevê que cerca de 25% dos medicamentos utilizados em países em desenvolvimento, como Brasil, Índia, Rússia e Turquia, são contrafeitos ou de qualidade ruim. Apenas em 2010, mais de 16% das comercializações teriam sido de produtos ilícitos.
tos, o Brasil acumula um prejuízo de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões, por ano. O interesse pela qualidade dos medicamentos é tão antigo quanto os medicamentos propriamente ditos. Escritos datados do século IV a.C. advertem sobre os perigos de medicamentos adulterados e, no século I, o
médico grego Dioscorides identificou tais produtos e forneceu orientações sobre a sua detecção. Apesar de todos os avanços ocorridos ao longo dos anos, essa preocupação não desapareceu. No passado mais recente, a proliferação não regularizada de indústrias e produtos farmacêuticos trouxe consigo muitos ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 23
e diversificados problemas de variada magnitude. A falsificação é apenas um exemplo. A penalidade aos estabelecimentos que possuirem medicamentos piratas varia desde o pagamento de multa até a cassação definitiva da ordem para funcionar. A fiscalização das farmácias e drogarias pelo sistema de Vigilância Sanitária e Conselhos Regionais de Farmácia é a ferramenta principal para autuar e penalizar as empresas que comercializem medicamentos alterados, falsificados, adulterados ou fraudados, previsto na legislação. Na esfera criminal, é preciso avaliar cada caso. O Código Penal estabelece que a venda, comercialização, exposição, manutenção e estoque de medicamentos falsificados é um crime classificado como hediondo, um crime contra a saúde pública, que tem uma pena mínima estabelecida de 10 anos.
ENTREVISTA: ADILSON BATISTA BEZERRA
O Brasil produz, distribui e comercializa anualmente, mais de 1 bilhão de medicamentos e o segmento nacional ocupa a nona colocação no mercado mundial. Mas, devido à falta de uma legislação vigente, o número de apreensões de medicamentos adulterados, somente nos anos de 2008 e 2009, aumentou 730%.
Medicamentos apreendidos: incidência de crime em farmácias nas quais não há farmacêuticos presentes criação da Anvisa. Havia uma grande operação criminosa de falsificação dos medicamentos mais rentáveis, como os destinados ao combate da neoplasia. O poder público respondeu a essa Delegado da Polícia Federal demanda com a criação da Agência Espaço Farmacêutico: quando foi o Nacional de Vigilância Sanitária, e o auge da falsificação de medicamentos crime migrou para a falsificação de drogas de estilo de vida, como nós no Brasil? costumamos chamar. Hoje os mediADILSON: foi em 1999, antes da camentos mais falsificados no Brasil ESPAÇO FARMACÊUTICO 24 ABRIL 2012
são o Viagra e o Ciallis, facilitadores de ereção; a Durateston, Deca Durabolin e Hemogenin, hormônios chamados de “ampliadores de performance” e usados por atletas e fisioculturistas. Espaço Farmacêutico: quais as modalidades de pirataria de medicamentos? ADILSON: existem os medicamentos falsificados, adulterados ou altera-
dos. Esses geralmente têm o princípio ativo, porém misturado em proporções erradas, e contaminado por outras substâncias. Podem ser um sério perigo para a saúde pública. Um antibiótico com menos princípio ativo acaba por não eliminar a bactéria que se propõe a combater; ao contrário, promove a resistência bacteriana. Existem aqueles medicamentos que não têm registro na Anvisa, como é o caso das anfetaminas para emagrecer. Outra forma de pirataria é o contrabando ou descaminho. E ainda outra são os medicamentos de procedência ignorada, geralmente fruto de desvios do SUS ou de roubos de cargas.
ainda deve conferir, diariamente, o site da Anvisa sobre a retirada de produtos piratas do mercado. Espaço Farmacêutico: qual a responsabilidade criminal do farmacêutico que dispensa produtos piratas, mesmo inadvertidamente?
que dispensar um comprimido ou um lote inteiro do medicamento falsificado redunda na mesma pena. De acordo com o artigo 273 do Código Penal Brasileiro, a pena de reclusão é de 10 a 15 anos sobre o Responsável Técnico onde o medicamento falso for encon-
Espaço Farmacêutico: como o farmacêutico pode se precaver para não ter medicamentos pirateados nas prateleiras? ADILSON: é muito difícil um farmacêutico reconhecer um medicamento pirateado. Os criminosos sofisticaram a produção de embalagens, quase igualando às originais, inclusive nos detalhes, e existem mais de 200 mil embalagens diferentes no Brasil, seria desumano exigir o conhecimento de todas. A única forma de evitar o crime é qualificando os fornecedores. O farmacêutico tem que conhecer a distribuidora, que precisa ter a Autorização de Funcionamento de Empresa expedida pela Anvisa. Na nota fiscal de compra deve estar escrito o lote do medicamento, e o profissional de saúde tem a obrigação de conferir isso no momento de entrega do material na farmácia ou drogaria. Não pode delegar a outro profissional, porque isso é dever do farmacêutico. A pirataria pode ocorrer não durante a fabricação, mas durante o transporte. O farmacêutico
Hediondo: piratear medicamentos é considerado um crime inafiançável, com pena de até 15 anos de reclusão, porque é um crime contra a vida – rouba a esperança de cura do usuário. ADILSON: é enorme e grave. O profissional farmacêutico é o único responsável perante a lei pela distribuição, transporte ou dispensação do medicamento. Sobre a venda do medicamento pirata não incide o princípio legal da insignificância, de tal forma
trado, e o crime considerado hediondo. De acordo com a portaria 344/98 do Ministério da Saúde, a venda clandestina de produtos sob controle especial é equiparada ao tráfico de drogas. Então, a pena é igual ao do sujeito que vende cocaína.
ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 25
AS FLORES D RESTAURAÇ INTERIOR
Ferimentos internos e invisíveis na psique e na alma são a causa de doenças manifestadas no físico. Este é o conceito cristalino que Dr. Edward Bach sustentou ao propagar seus Florais c terapias complementares na busca da saúde. Não são alopatia. Não são homeopatia. Não são fitoterapia.
ESPAÇO FARMACÊUTICO 26 ABRIL 2012
DA ÇÃO
o corpo como
P
ara tentar ter um vislumbre da complexidade dos conceitos inerentes aos Florais, vamos começar dando um um rápido passeio intelectual pelas bordas da Física Quântica e do Universo Sub-atômico. Em 1983, um dos mais respeitados físicos do século XX publicou um livro chamado “O Ponto de Mutação”. O nome do livro foi extraído de um hexagrama do I-Ching. No livro, Fritjof Capra compara o pensamento cartesiano ao paradigma emergente no século XX. Diz o físico em seu prefácio: “Meu principal interesse profissional durante a década de 70 concentrou-se na drástica mudança de conceitos e ideias que ocorreu na física durante os primeiros trinta anos do século e que ainda está sendo elaborada nas atuais teorias da matéria. Os novos conceitos em física provocaram uma profunda mudança em nossa visão do mundo, passou-se da concepção mecanicista de Descartes e Newton para uma visão holística e ecológica, que reputo semelhante às visões dos místicos de todas as épocas e tradições”.
Hexagrama do I-Ching: “ao término de um período de decadência sobre vêm o ponto de mutação. A luz poderosa que fora banida ressurge. Há movimento, mas este não é gerado pela força... O movimento é natural, surge espontaneamente. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo é introduzido”.
O termo "holístico", do grego "holos", "totalidade": refere-se a uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores. Capra lembra que a nova concepção do universo físico não foi facilmente aceita, em absoluto, pelos cientistas do começo do século: “a exploração do mundo atômico e subatômico colocou-os em contato com uma estranha e inesperada realidade que parecia desafiar qualquer descrição coerente. Em seu esforço de apreensão dessa nova realidade, os cientistas tornaram-se irremediavelmente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e todo o seu modo de pensar eram inadequados para descrever fenômenos atômicos. Seus problemas não eram meramente intelectuais; remontavam ao significado de uma intensa crise emocional e, poderíamos dizer, até mesmo existencial. Foi preciso muito tempo para que superassem essa crise, mas, no final, foram recompensados por profundos insights sobre a natureza da matéria e sua relação com a mente humana”. Um desses insights contemplou o médico inglês Edward Bach. Em 1926, ele desenvolveu um método que proESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 27
curava retirar a energia do ambiente e colocá-la nas flores. Para Bach "os remédios elevam nossas vibrações e abrem nossos canais para a recuperação do Eu espiritual". A cura se dá não pelo combate à doença, mas pelas sublimes vibrações captadas pelo remédio de floral na natureza. Bach acreditava "que não há cura autêntica, sem que exista uma mudança de perspectiva, uma serenidade mental e uma felicidade interna".
BACH, 1926: inconformado com com os tratamentos paliativos que seus colegas trabalhadores recebiam, acreditava haver um meio de curar realmente, inclusive as doenças tidas como incuráveis. Isso representa exatamente o tipo de quebra de paradigma de pensamento provocado pela realidade da Física Quântica que Fritjof Capra iria estudar e explicar quase 60 anos depois. E, ainda hoje, provoca o mesmo tipo de polêmica nos meios científicos que as descobertas recentes do universo sub-atômico provocaram nos pesquisadores cartesianos. Os Florais de Bach são ESPAÇO FARMACÊUTICO 28 ABRIL 2012
reputados como eficientes em diversos estudos, porém nenhum método tradicional de validação científica conseguiu provar seu mecanismo de ação. Mas esse conflito na Ciência não é novo. O trecho de texto que será reproduzido a seguir vai conduzir você à essência desse debate intelectual, conforme defendido pelo físico Fritoj Capra. E, ao mesmo tempo, vai introduzir as bases conceituais que, de certa maneira, fazem parte da filosofia dos Florais: “Perdoem-me, mas vocês, políticos, dificultam as coisas. As ideias da maioria de vocês, de direita ou de esquerda, parecem-me antiquadas e mecânicas como um relógio. Para me explicar, eu preciso retroceder até Descartes, que foi o primeiro arquiteto da visão do mundo como relógio. Uma visão mecanicista que ainda domina especialmente vocês. É como se a natureza funcionasse feito um relógio. Vocês a desmontam, a reduzem a um monte de peças simples e fáceis de entender, analisam-nas e, aí, pensam que passam a entender o todo. Mas não foi sempre assim. Não antes de Descartes. Quando ele introduziu isso, provocou uma ruptura revolucionária com a Igreja. Descartes queria saber como o mundo funcionava sem a ajuda do Papa, pois para ele, o mundo era só uma máquina. Aí Descartes ficou fascinado pela máquina do relógio e fez dele a sua principal metáfora: ‘vejo o corpo como nada mais que uma máquina’. Um homem saudável é um relógio bem-feito, e um doente, um relógio malfeito. E a analogia funciona tão bem que os cientistas passaram a acreditar que todos os seres vivos, plantas, animais, nós, não passamos de máquinas, e isto é falso. Isto tomou conta de tudo: arte, política, economia, etc.
René Descartes ( 31 de março de 1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650 ): “vejo o corpo como uma máquina”. E a metáfora se espalhou para todas as áreas da ciência como se fosse a única verdade. Mas não era, como se descobriu mais tarde, com a Física Quântica. Foi Isaac Newton, na verdade, que concretizou esse conceito, que o transformou em teoria científica, em poder. Veneravam Newton quase como a um Deus, reduzindo todo fenômeno físico ao movimento de partículas causado pela força da gravidade. Ele conseguia descrever o efeito exato da gravidade em qualquer objeto, com equações precisas. Chamadas de Leis do Movimento, elas são o maior feito da ciência no século XVII. Bem, nas mãos certas, ou melhor, nas mentes certas tais equações funcionavam lindamente. Poderia-se usar as leis de Newton para explicar cada movimento. Era um feito tão incrível
para a época, que essas leis logo foram adoradas como a teoria correta da realidade, as leis finais da natureza! O sonho cartesiano do mundo como uma máquina perfeita tornara-se um fato consumado. Isto trouxe inúmeros benefícios às pessoas. Elas podiam fazer coisas com as quais nem sonhavam antes. Era irresistível e, claro, a velha noção do mundo como um ser vivo, sumiu do mapa.
não podiam mais ser visualizados. Ao se depararem com os absurdos fenômenos da física atômica, os cientistas tiveram de admitir que não tinham uma linguagem, nem mesmo uma forma adequada de pensar nas novas descobertas. Foram obrigados a pensar em conceitos radicalmente novos. Para entender porque a matéria é tão sólida precisavam desafiar até as ideias convencionais sobre a
festam essa estranha existência entre potencialidade e realidade. Então, no nível subatômico não há objetos sólidos. Portanto o que toma a rocha sólida, vai além do poder da nossa imaginação. Não posso explicar isto visualmente a vocês, e sim usar equações. Não há metáforas possíveis. ‘Se as portas da percepção se abrissem , tudo pareceria como é’, disse William Blake.”
FÍSICA QUÂNTICA: a matéria não existe com certeza e em lugares definidos, mas sim, mostra tendência a existir. No nível subatômico não há objetos sólidos. Portanto o que toma a rocha sólida vai além do poder da nossa imaginação. Lembrem-se de que todos os conceitos newtonianos baseavam-se em coisas que podiam ser vistas ou ao menos visualizadas. Mas então começaram as pesquisas atômicas, e sub-atômicas, o universo dos prótons, dos neutrôns e dos quantus - e o que estavam descobrindo neste mundo estranho e novo eram conceitos que
existência da matéria, e após muitos anos de frustrações tiveram de admitir que a matéria não existe com certeza e em lugares definidos, mas sim, mostra tendência a existir. Em linguagem científica, não falamos em tendências, falamos em probabilidades. Todas as partículas subatômicas, elétrons, prótons e nêutrons, mani-
Essa mudança de pensamento induzida pelas descobertas do Universo Sub-Atômico exigiu uma nova maneira de entender a vida. A ciência, sem querer, ultrapassou o pensamento mecanicista. Mas toda a sociedade, em todas as suas áreas, da política à educação, ainda tem essa máquina dentro de suas cabeças.Todas essas novas tecnologias, ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 29
comunicações e banco de dados causam mais problemas do que os resolvem. A medicina, por exemplo, avançou espantosamente em tecnologia, mas o seu custo subiu igualmente. Tornou-se medicina para ricos”, escreve Fritjof Capra. Ainda em 1926, o médico Edward Bach realizava estudos paralelos aos da Física Quântica, porém na área da saúde. Bach, trabalhando inicialmente como médico alopata, depois homeopata especializado na pesquisa em bacteriologia no Hospital Homeopático de Londres, concluiu que a origem de qualquer doença deve ser investigada no âmbito das manifestações emocionais prévias. Para o Dr. Edward Bach, deveria ser tratada a personalidade da pessoa e não a doença. A doença seria o resultado do conflito da alma (Eu Superior - a parte mais perfeita do Ser) e da personalidade (Eu Inferior - o que nós somos, no nosso dia a dia). Ele dizia: "O sofrimento é mensageiro de uma lição, a alma envia a doença para nos corrigir e nos colocar no nosso caminho novamente. O mal nada mais é do que o bem fora do lugar". É um conceito que nada tem de mecanicista, e por isso mesmo confrontou a percepção de realidade que havia entronizado na época. Mantidas as devidas proporções, a proposição do Dr. Bach equivalia a Galileu afirmando ao Papa que o mundo gira em torno do sol, e não o contrário. Em uma comunidade científica dominada pelo pensamento cartesiano, as ideias de Bach seguiram um caminho já conhecido de tudo o que está além do seu tempo: primeiro é ignorado, depois ridicularizado, ESPAÇO FARMACÊUTICO 30 ABRIL 2012
e finalmente aceito. O crescimento da demanda por florais é acentuadamente marcado por usuários bem informados. “São aquelas pessoas que costumam ter mais cuidado em usar medicamentos de forma racional, e muitas vezes são precavidas em relação aos medicamentos alopáticos, como antibióticos. São usuários que preferem manter a saúde e preservar o bem estar do que combater doenças”, descreve Karen Denez, farmacêutica homeopática e conselheira do CRF-SC.
A comercialização dos florais tem sua regulamentação na legislação de Boas Práticas em Farmácia, e é definida nessa norma como floralterapia. "O Manual de Boas Práticas em Essências Florais, elaborado pela ABFH (Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas), recomenda a qualificação e certificação dos fornecedores como uma importante garantia de que as essências teham sido prepardas seguindo os preceitos idealizados pelo DR. Edward Bach", lembra Karen Denez.
A doença como um conflito da alma: a personalidade em guerra com o Eu Superior produz o sofrimento.
A SINTONIA DOS FLORAIS Os Remédios Florais de Bach (RFB), constituem um método alternativo de tratamento usado hoje largamente na terapêutica de várias patologias em muitos países do mundo. Os RFB são reconhecidos como tratamento natural pela Organização Mundial da Saúde desde 1956. Embora o mecanismo de ação dos Florais ainda não tenha sido elucidado pela ciência newtoniana, eles vêm sendo indicados para o tratamento de várias doenças neuropsiquiátricas. Os estudos científicos sobre o assunto são escassos na literatura. Os poucos que existem e, que foram publicados em revistas indexadas, recebem críticas ferrenhas enfatizando um possível efeito placebo. Como os remédios homeopáticos, os Florais sofrem intenso processo de diluição. Eles são usualmente produzidos por gotejamento de essência de flores frescas em água, formando uma solução a qual é subsequentemente adicionado o brandy, originando a "tintura mãe". O brandy tem função preservativa do floral, para ser usado posteriormente. Não foram encontrados ainda na literatura quaisquer indícios de que os Florais possuam substâncias químicas provenientes das plantas que os originam, que explicassem seus efeitos terapêuticos. Os proponentes para este tratamento afirmam que seu modo de ação não depende de mecanismos moleculares comparáveis a terapêutica convencional. Assim como os remédios ho-
meopáticos, eles exercem sua ação através da "energia" que é transmitida das flores para o remédio. Como essa "energia" é de difícil quantificação, muitos críticos ao tratamento argumentam que os Florais de Bach (e
os florais são utilizados com êxito (os animais na clínica veterinária), o efeito placebo é descartado uma vez que os mesmos são desprovidos de elementos neurofisiológicos responsáveis pela auto-sugestão (Chan-
Quem sou?: usados na clínica neuropsiquiátrica, os florais têm demonstrado eficácia no tratamento de depressões, causadas por conflitos interiores.
todos os outros atualmente utilizados terapeuticamente) são na realidade simplesmente placebos. Além disso, trabalhos utilizando a metodologia científica com o intuito de estudar mais profundamente a eficácia dos RFB são bastante escassos. Por outro lado, em espécies onde
cellor, 2000). Desta forma, o efeito terapêutico dos Florais ainda não foi esclarecido, mas é passível de comprovação científica através de conceitos e métodos transversais, como os utilizados, por exemplo, para detectar buracos negros na galáxia. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 31
Buraco Negro é uma região do espaço onde o campo gravitacional é tão forte que nada sai dessa região, nem a luz; daí vermos negro naquela região. Matéria (massa) é que "produz" campo gravitacional a sua volta. Um campo gravitacional forte o suficiente para impedir que a luz escape pode ser produzido, teoricamente, por grandes quantidades de matéria ou matéria em altíssimas densidades. Uma vez que nada sai de um buraco negro, nada de um buraco negro chega até nós. Resta-nos então observá-lo indiretamente, através de sua ação sobre sua vizinhança. "Vemos" um buraco negro observando "coisas" que o rodeiam sob a ação do seu campo gravitacional ou então que "caem" em sua direção, também sob a ação desse mesmo campo gravitacional. Essa observação indireta também é usada como método científico para ESPAÇO FARMACÊUTICO 32 ABRIL 2012
estudar os Florais. Os resultados obtidos mostram que, após o tratamento agudo com os Florais de Bach, os efeitos centrais podem ser detectados através de diversos modelos farmacológicos. Pesquisadoras do Núcleo de Investigações Químico Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Itajaí, Márcia M. De-SouzaI, Milene GarbelotoI; Karen Denez; e Iriane Eger-MangrichI fizeram um trabalho intitulado “Avaliação dos efeitos centrais dos florais de Bach em camundongos através de modelos farmacológicos específicos”. Segundo as pesquisadoras, “entre as anomalias do sono, a insônia é uma das que mais acomete a população, atualmente. A insônia prejudica o desempenho do indivíduo, principalmente por interferir nos processos de atenção, humor, cognição e
memória (Benca et al., 1997; Roth; Costa e Silva; Chase, 2001; Jessup et al., 2004; Mazza et al., 2004). Para o tratamento da insônia utilizam-se agentes hipnóticos (Maher, 2004). Uma substância com propriedades hipnóticas é aquela que diminui a latência para o sono e aumenta seu tempo total (Norup, 2002). Desta forma, em modelos farmacológicos de sono, o composto que interfere nesses dois parâmetros de forma significativa, possui efeito hipnótico. Com relação a esse efeito, o conjunto de florais utilizado neste trabalho (White chestnut, Agrymony e Vervain), produziu de forma significativa [(F = 10,30) p < 0,05] a redução da latência (Figura 2A) e, simultaneamente aumentou o tempo total de sono (Figura 2B) [(F = 10,40) p < 0,05], sugerindo, portanto, o efeito hipnótico dos florais avaliados.”
alopatia, nem homeopatia, nem fitoterapia. São compostos energéticos cujos princípios ativos não são químicos, mas eletromagnéticos. Sua proposta é predominantemente preventiva e atuam através das questões emocionais. “Os florais atuam precisamente naquelas barreiras arraigadas, que a pessoa não consegue transpor sozinha até porque não tem uma consciência latente delas”, assegura Karen Denez, também uma das autoras do estudo que comprovou a eficácia dos florais em casos de depressão.
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Efeito do conjunto de florais White chestnut Agrymony, Vervain e brand sobre a latência (painel A) e o tempo total de sono (painel B) induzido por pentobarbital sódico em camundongos. Cada coluna representa a média dos experimentos e, as barras verticais indicam os E.P.M. Asterísticos denotam diferenças sig/ nificantes (***p 0,001) quando comparados com o veículos.
flores que não são colhidas ao sol. As flores são fervidas, filtradas e também conservadas em álcool. O floral é administrado por via oral, em gotas.A essência é usada em gotas colocadas em água pura. A dose varia em cada situação, sendo utilizada em geral quatro gotas quatro vezes ao dia. Os estados emocionais mais importantes são o medo, a incerteza, a insegurança, desinteresse, solidão, hipersensibilidade a influências externas, desespero, cuidado excessivo com outras pessoas. As essências florais não são nem
A produção dos florais de Bach é feita de duas maneiras: O método do sol As flores são colhidas no verão, em dia de sol e no período de sol a pino. As flores são colocadas em frasco com água colhida na primavera, no mesmo local. O frasco permanece ao sol por 2 a 4 horas. Bach acreditava que desta maneira, o sol transfere as suas vibrações às flores, tornando-as energeticamente impregnadas. As flores são então removidas dessa solução e misturadas ao álcool em porções iguais para a sua preservação. Bach utilizava "brandy" ou "whisky". O líquido é guardado em garrafas.No tratamento a medicação é diluída em água. Cozimento ou fervura O outro método é o do cozimento ou fervura, sendo utilizado para as
Existem 38 Essências Florais de Bach: preparadas a partir dos florais, cada uma para um estado emocional específico. Existe uma combinação de cinco florais de Bach designados para situações difíceis denominada "Rescue Remedy". ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 33
AS FLORES COMO ESPADA Cada essência trabalha um arquétipo da pessoa, ou seja, as impressões que se tem sobre algo. Carl Jung usava o termo com o significado de estruturas inatas que servem de matriz para desenvolvimento da expressão da psique. São tendências estruturantes que caracterizam um ser. O arquétipo simboliza uma imagem que representa as atitudes conscientes de um sujeito. Desta forma, por exemplo, dr. Edward Bach sintonizou o floral Gorse para os desesperançados: 13-GORSE ( Ulex europaeus /Ttojo ) Gorse é utilizado quando a pessoa já perdeu todas as esperanças e desistiu de lutar. Quando se acredita que não há mais nada o que se fazer, por isso é melhor desistir mesmo. Para os resignados, entregues, pessoas em que a ESPAÇO FARMACÊUTICO 34 ABRIL 2012
falta de expectativa de vida dá lugar à desesperança. Para pessoas apáticas e incrédulas. Quando se fica estagnado num processo de cura. Ou, considerando o arquétipo, Dr. Bach sintonizou a essência Hornbeam para os desanimados: 17-HORNBEAM ( Carpinus betulus / Carpino ) É o floral para a sensação de “Segunda-feira de manhã”. A pessoa sente-se farta de levantar-se todas as manhãs para dar início à rotina. É um cansaço por esgotamento devido ao excesso de desgaste mental. Para pessoas que vivem adiando, que acham difícil começar. Sensação de peso na cabeça. Pessoas estressadas, que ficam irritadas por estarem cansadas. Para pessoas que, por acumular estímulos mentais demais, não conseguem
digeri-los, e que se sentem tão confusas que não conseguem se levantar pela manhã. Sentem falta de energia física e mental, sentem que não tem força para agüentar o dia-a-dia devido ao cansaço. Além dos Florais sintonizados inicialmente por Edward Bach, existem hoje sistemas florais desenvolvidos de acordo com as potencialidades naturais das regiões do planeta, que atendem a outras demandas específicas emocionais e de cura das pessoas. Os sistemas mais conhecidos, conceituados e utilizados são: Alaska, Austrália, Califórnia, Dancing Light Orchid, Filhas de Gaia, Havaí, Mata Atlântica, Minas, Pacífico, Saint Germain, RAFF. Pesquisadores do Institut fur Umweltmendizin und Krankenhushygiene Universitatsklinikum (Freiburg,
Alemanha, 2001) estudaram a eficácia de uma combinação de essências florais de Bach no tratamento de pessoas portadoras de ansiedade mediante uma investigação randomizada, controlada por placebo, usando-se duplo cego, cruzamento de dados e grupos paralelos. A ansiedade foi monitorada empregando-se um questionário padronizado e validado para testes de ansiedade (uma versão germânica do TAI: Test Anxiety Inventory). Cinquenta e cinco pessoas completaram o período de estudo e seus dados foram analisados e considerados válidos. Não houve diferenças significativas entre os grupos, porém observou-se um decréscimo marcante nos escores dos testes de ansiedade em todos os grupos. Os autores concluíram que embora diferenças estatisticamente
Recentemente, a indicação de Florais tem sido estudada sob novas perspectivas de anamnese. Uma das mais conhecidas é a de Rajan Sankaran, que introduziu uma nova abordagem ao estudo do sintoma psicológico do delírio, um sintoma que consta no repertório de todos os homeopatas. Ele acreditava que os delírios não são exclusivos dos esquizofrênicos, mas sim que cada um de nós tem uma ilusão pessoal da realidade: cada um de nós apreende a realidade a partir do seu próprio ponto de vista. Segundo esta abordagem, o terapeuta procura descobrir a forma particular como cada doente apreende a realidade.
" A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original" Albert Einstein
O GRITO, DE EDVARD MUNCH: cada um de nós tem uma ilusão pessoal da realidade, pois cada um de nós apreende a realidade a partir do seu próprio ponto de vista.
significativas não tenham sido relatadas em comparação com o placebo, a mistura de essências florais mostrou-se marcadamente eficaz na redução da ansiedade, mesmo sem apresentar efeitos específicos (Walach et al., Journal of Anxiety Disorders, 2001).
mais adequado. Os florais têm sido usados por psicólogos, por exemplo, como uma prática integrativa complementar. “Costumamos receber na farmácia os pedidos de psicólogos que, em conversa com o farmacêuticos, dizem que precisam catalisar no paciente um determinado processo, para acessar nichos da consciência de forma mais rápida. É aí que entra a ciência farmacêutica, atuando em conjunto com outros profissionais de saúde, para elaborar o composto Floral”, explica Karen Denez.
Ao recolher o histórico do doente, o terapeuta não se limita a registar os sintomas do doente, procura a forma distinta e subjacente como este ou esta vive a realidade. O método de ensino da matéria médica de Sankaran é coerente com estes princípios. Descreve os medicamentos em termos de formas diferentes de apreender a realidade. O principal objetivo dessa abordagem é compreender cada doente individual em vez de simplesmente os classificar segundo os medicamentos polivalentes existentes. Há muitos casos de doentes que não podem ser categorizados numa classe conhecida de medicamentos, e para os quais é óbvio que um medicamento que tenha em consideração o seu sistema de crenças específico se revela muito
Muito mais que uma máquina: a concepção holística sustenta que a vida só pode ser compreendida em sua totalidade. Estudos indicam que os Florais teriam a capacidade de integrar a soma das partes a esse Todo, produzindo saúde, bem-estar e consciência.
Não há uma regulamentação no Brasil sobre quem pode prescrever. “Creio, no entanto, que os farmacêuticos têm uma grande oportunidade de aprimoramento profissional no conhecimento e manipulação dos sistemas florais, ao serem introduzidos nesses conceitos que quebram paradigmas”, diz a conselheira do CRF-SC. “Percebemos que a indicação dos sistemas florais podem se constituir num serviço auxiliar da Assistência Farmacêutica”. ESPAÇO FARMACÊUTICO ABRIL 2012 35
Piso do farmacêutico da região de Itajaí sobe para R$ 2.330,00
EXPEDIENTE
Espaço Farmacêutico
Publicação do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina ISSN 2175 - 134X Travessa Olindina Alves Pereira, 35 - Centro Florianópolis - SC Cx Postal 472 CEP 88020-100 Fone: (48) 3222.4702 Website: www.crfsc.org.br E-mail: crfsc@crfsc.org.br
Mais uma vez, o sindicato patronal da região de Itajaí sai na frente com a proposta salarial dos farmacêuticos. O piso dos profissionais dos municípios abrangidos pela região (veja relação abaixo) aumentará para R$ 2.330,00. Desde o início da negociação, a direção do sindicato patronal declarou que as empresas não poderiam cumprir o piso proposto pelo sindicato (R$ 2.600,00), mas que se esforçaria para buscar o maior reajuste possível. O novo salário totaliza 10,47% de aumento (5% de ganho real além do índice do INPC - 5,47%). A presidente do SindFar Caroline
Junckes avalia esse índice com uma conquista para os profissionais da região. "Sabemos que o valor do salário ainda está aquém do que o nosso trabalho vale, mas é preciso reconhecer que 5% de ganho real é algo que poucas categorias conseguiram nos últimos anos. Outras categorias do serviço público sequer conseguiram a reposição de inflação (INPC)", observa. Para Caroline, o histórico das últimas negociações com o patronal de Itajaí estão contribuindo para a elevação gradativa do salário do farmacêutico. O auxílio-creche também aumentou de R$ 85,00 para R$ 94,00.
MUNICÍPIOS ABRANGIDOS PELA REGIÃO DE ITAJAÍ
Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Brusque, Camboriú, Canelinha, Guabiruba, Ilhota, Itajaí, Itapema, Luiz Alves, Major Gercino, Navegantes, Nova Trento, Penha, Porto Belo, São João Batista e Tijucas. Acompanhe todas as informações no Blog da Negociação no site do SindFar (www. sindfar.org.br)
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DIRETORIA Presidente: Hortência S. Müller Tierling Vice-presidente: Silvana Nair Leite Secretário Geral: Laércio Batista Júnior. Tesoureiro: Paulo Sérgio Teixeira de Araújo. CONSELHEIROS Ana Cláudia Scherer Monteiro, Indianara Toretti, Marco Aurélio Thiesen Koerich, José Miguel do Nascimento Júnior, Luiz Henrique da Costa, Laércio Batista Júnior, Silvana Nair Leite, Maria Elisabeth Menezes, Karen Berenice Denez, Hortência Tierling, Tércio Egon Paulo Kasten e Paulo Sérgio Teixeira de Araújo. Suplentes: Álvaro Luiz Parente, Carlos Roberto Merlin, Sara Rauen. Conselheiro Federal: Paulo Roberto Boff, Anna Paula de Borba Batschauer. ASSESSORIA TÉCNICA Ronald Ferreira dos Santos Jornalista Responsável Iuri Luconi Grechi Mtb 7491- RS Tiragem 8.000 exemplares Ghana Branding Av. Engenheiro Max de Souza n94 - sl. 702 (48) 3248 9003