Informativo 135

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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA OUTUBRO-DEZEMBRO DE 2014 ANO XVIII Nº 135

PAPEL ECOLÓGICO

DE BANANA

Celulose da casca de banana é utilizada na fabricação de papel

REVOLUÇÃO NA CIÊNCIA Conheça os profissionais que mudaram os rumos da ciência e conquistaram o Prêmio Nobel da Química e Física

BIORREFINARIA O artigo de Ayrton Figueiredo Martins aborda o surgimento das biorrefinarias e o rumo destas no Brasil

CERTIFICADO DE DESTRUIÇÃO TÉRMICA Renato Chagas ressalva a importância do documento para a comprovação de que os resíduos gerados por indústrias foram destruídos


Índice

Editorial pg . 3

Prêmio Nobel 2014

pg . 4 Artigo Biorrefinaria pg . 6 Capa: Papel de Banana

UTILIDADES

pg . 9

Certificado de Destruição Térmica

POESIA

pg . 10

Poesia de Marcos Costa Filho

MURAL E AGENDA

pg . 11

Fotos e Agenda

Expediente Presidente Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente Estevão Segalla Secretário Renato Evangelista Tesoureiro Ricardo Noll Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jornalista responsável e Redação Carolina Reck Editoração Gráfica Giuliana Lopes Galvão Tiragem 2.000 Impressão Gráfica Ideograf INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RS FONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR 2

Chegamos ao final do ano e nesta edição trazemos como matéria principal o projeto de três jovens, que preocupadas com o meio ambiente e analisando aspectos do cotidiano utilizaram o reaproveitamento, na proposta de mudar a lógica que comumente percebemos no mercado. Pâmela Della Maria Pinto (20 anos), Andreza do Amaral Trespach Menna (19 anos) e Dimitria Ávila (18 anos) são as responsáveis por um projeto inovador, que se encarrega de produzir papel ecológico a partir da celulose da casca de banana. Ainda abordando as novas descobertas e ideias que mudaram os rumos da Ciência, apresentamos os vencedores do Prêmio Nobel de Química e Física de 2014. Eric Betzig, Stefan Hell e William Moerner tornaram possível ver mais além, enquanto os japoneses Isamu Akasaki, Hiroshi Amano, Shuji Nakamura foram os responsáveis por uma transformação fundamental na forma como iluminamos o mundo. Pensando no futuro e questionando o papel do país em relação a este, apresentamos o artigo “Biorrefinaria – uma nova ideia?”, do Acadêmico Ayrton Figueiredo Martins. Neste exemplar também contamos com a contribuição da FEPAM, com matéria que ressalta a necessidade do Certificado de Destruição Térmica, o único documento que comprova a eliminação de resíduos. Tendo em vista o começo do ano e vestibular, “Um Quadro Perió-difácil”, do professor e biólogo formado em letras, Marcos Costa Filho, é publicado para auxiliar os alunos. Encerramos desejando a todos que o próximo ano possibilite ainda mais realizações e conquistas.

Números do Conselho OUT/NOV/DEZ* Registro Profissional

247

PJ

64

Fiscalizações

739

Autuações

128

*informamos que os números constam do começo de outubro até o dia 11 de dezembro de 2014

Dica de Livro

TIO TUNGSTÊNIO, Memórias de uma infância química Na obra o autor Oliver Sacks relembra a sua infância, impregnada de recordações sobre o comportamento misterioso dos materiais. Desconfiando de que existiam leis e fenômenos escondidos por trás do mundo visível, indagava a respeito do universo cotidiano a sua volta. Cada etapa de suas descobertas sobre a luz, o calor, a eletricidade, a fotografia, o átomo, os raios X e a radioatividade é relembrada para conduzir o leitor pela história da uímica, apresentando as pesquisas e inovações de nomes como Lavoisier, Mendeleiev, Marie Curie, Robert Boyle e Niels Bohr, entre outros. A ciência é retratada unindo as investigações intelectuais e episódios de amadurecimento afetivo do autor, aproximando a ciência da poesia. A tentativa de provar a existência de Deus por meio de experimentos com um rabanete, as invenções da infância e os anos no colégio interno contribuíram para que ele buscasse refúgio na prática científica. O conforto da família cientista fez com que Sacks encontrasse incentivo para a sua vocação. A imagem do tio Dave, que fabricava lâmpadas de tungstênio, foi essencial para o jovem. Na cabeça fantasiosa do menino Oliver, Dave tinha as mãos, os pulmões e os ossos encharcados do metal escuro e pesado. Para as crianças da família, era o tio Tungstênio.


TECNOLOGIA

Prêmio Nobel 2014

Prêmio laureou cientistas por suas contribuições no desenvolvimento da nanoscopia e na concepção do LED azul.

Prêmio Nobel de Química da Academia Real Sueca de Ciências

Eric Betzig, do Instituto Médico Howard Hughes, EUA Stefan Hell, do Instituto Max Planck, Alemanha William Moerner, da Universidade de Stanford, EUA Tecnologia desenvolvida: Nanoscopia; Conquistas: Permite estudar com mais precisão o que acontece no universo molecular dentro de células vivas. Com ela se tornou possível observar as células nervosas do cérebro transmitindo impulsos elétricos, investigar quais proteínas estão relacionadas ao desenvolvimento das doenças de Parkinson, Alzheimer e Huntington e acompanhar proteínas individuais em óvulos fertilizados enquanto eles se dividem para gerar embriões. História:

ano 1873 Teoria do microscopista alemão, Ernst Abbe: limite máximo de resolução de um microscópio óptico tradicional de no máximo 0,2 micrômetros

2000 Método de Hell: Microscopia de Depleção por Emissão Estimulada. Imagem com dois feixes e melhor resolução.

2006 Betzig e Moerner: Microscopia de Molécula Única. Possibilidade de diversas imagens de uma mesma área, que ao serem sobrepostas resultam em uma imagem de alta resolução nanométrica.

Prêmio Nobel de Física

da Academia Real Sueca de Ciências Isamu Akasaki, Universidade de Nagoya, Japão Hiroshi Amano, Universidade de Nagoya, Japão Shuji Nakamura, Universidade da Califórnia, EUA Tecnologia desenvolvida: LED Azul; Conquistas: Considerada a terceira revolução da óptica. Transformação fundamental na forma como iluminamos o mundo, com mais economia de energia e durabilidade das lâmpadas. Contribuiu para a concepção das lâmpadas LED de luz branca, mais eficazes e duradoras que as convencionais. História:

ano 1960 Criação de diodos emissores de luz verde.

1970

1990

Criação de diodos emissores de luz vermelha

Os pesquisadores desenvolveram um diodo emissor de luz (LED) azul bastante eficiente e ambientalmente sustentável, que contribuiu para a concepção das lâmpadas LED de luz branca e uma real revolução na óptica, com maior preocupação ambiental e ampliação de possibilidades de aplicação da luz.

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CIÊNCIA

Biorrefinaria – uma nova ideia? Ayrton Figueiredo Martins Prof. Emérito Tit. Dr.rer.nat. ayrtonfm@gmail.com LATER – Lab. Pesq. Trat. de Efluentes e Resíduos Departamento de Química/CCNE/UFSM Universidade Federal de Santa Maria

Contextualizando

Biorrefinarias

Contrariando a visão antropocentrista dominante, os cientistas passaram, recentemente, a admitir a hipótese da existência de outra química da vida que não a do carbono e da água - logicamente, em outros mundos do universo conhecido. Uma bioquímica distinta da prevalente em nosso planeta.

A palavra biorrefinaria pode ser considerada mais um neologismo que vem aparecendo com frequência na literatura especializada e nos diversos meios de comunicação. Porém, do que exatamente está-se falando? De uma nova ideia ou conceito? De novos processos, inéditos e nunca aantes explorados? Não exatamente.

Todavia, esta predição fundamenta-se em avaliações de probabilidades e somente o futuro poderá nos confirmar, ou não, a veracidade desta predição. De uma coisa temos certeza, contudo: a base de compostos orgânicos do carbono é a única plataforma conhecida para a química da vida - como a entendemos, aqui, em nossa nave azul! É lícito dizer, pois, que a biomassa, incluindo aí todos os seres vivos (animais e plantas), constitui, também,a única fonte renovável de compostos orgânicos do carbono, que dispomos. Ademais, é interessante destacar o entendimento que existe entre os entendidos, não obstante a grande biodiversidade que observamos no mundo, que todos os seres vivos de nosso planeta, demicrorganismos a grandes mamíferos, derivamos de um ancestral comum… Um organismo unicelular aquático, mais provavelmente. Com esta hipótese fundamentada em diversas evidências científicas, podemos entender e reafirmar, que a plataforma “biomassa” é de fato a única fonte de carbono renovável disponível no planeta Terra. Convém ressaltar, ainda, nesta curta introdução, que, para que a vida na Terra mantenha o grau de complexidade química que atinge, faz-se necessária uma fonte externa de energia – fator essencial para qualquer ser vivo. Salvo raras exceções (algumas bactérias), o sol provê nossas necessidades de energia, de maneira abundante – constituindo a condição sinequa non para a existência da biomassa terrestre. A biomassa, pois, nada mais é que energia solar concentrada sob a forma de energia química nas moléculas orgânicas biomássicas. 4

Até o final do século XVIII, a humanidade aprendeu a extrair da Natureza, em particular dos produtos naturais orgânicos, tudo que necessitava para as suas necessidades; além de alimentos, uma grande variedade de insumos e produtos, de remédios a artigos do toucador, solventes e produtos químicos, óleos e alcatrões, lenha e combustíveis, especiarias químicas, etc. Logicamente, raras eram as instalações que poderiam ser consideradas “fábricas de produtos naturais”, mas sim, toscas unidades de produção – pequenos moinhos, tecelagens, tinturarias, perfumarias, boticas, curtumes, saboarias, etc. Nada comparável às biofábricas e unidades de produção de hoje em dia, tanto no que se refere ao porte das instalações quanto à natureza dos processos e equipamentos usados. Pode-se dizer que eram nada mais do que protótipos rudimentares do que hoje entendemos por “biorrefinarias”. Logo, a ideia de biorrefinaria é coisa antiga - guardadas as devidas diferenças e proporções. Com a Revolução Industrial, iniciada em 1770 com o carvão mineral e continuada com o petróleo no fim do século XIX, houve a substituição da energia renovável por aquela baseada em combustíveis fósseis, situação que evoluiu para um modelo de desenvolvimento totalmente dependente do petróleo em nossos dias. Nesta caminhada, a ideia de biorrefinaria não desapareceu totalmente – imagine a grande produção de farinhas (amido), papel (celulose), couro (proteína animal), alimentos, medicamentos, solventes, especiarias e outros que continuaram sendo produzidos com


base em produtos orgânicos naturais. As biorrefinarias, na verdade, sempre estiveram entre nós, disfarçadas em “biofábricas”, plantas de celulose e papel, açúcar e álcool, destilarias, curtumes, cosméticos, alimentos, entre tantas outras.

“Anything that can be made from petroleum can be made from biomass.” Na verdade, foi durante os anos 90 do século passado que a expressão “biorrefinaria” foi cunhada e passou a ser usada para designar a refinação de milho e soja para a produção de combustíveis e alguns insumos para a indústria química. Evoluiu, posteriormente, para um conceito mais amplo, que abrange a refinação integral de um grande número de biomassas e a produção de múltiplos produtos. E agora, já se projeta para um futuro não muito distante,a integração das refinarias de biomassa – que estão sendo construídas hoje - aos processos de refinação do petróleo e demais fontes não renováveis de matérias-primas e combustíveis, como também às indústrias química, farmacêutica e petroquímica. Assim, similarmente às refinarias de petróleo, a biorrefinaria hodierna converte uma variedade de matérias-primas biomássicas em um leque de produtos, candidatos à substitutos de derivados do petróleo, incluindo, ademais, a geração de calor, eletricidade, insumos (petro)químicos, combustíveis e produtos de consumo. Se considerarmos que mais de 50.000 produtos químicos são preparados a partir do petróleo temos uma rápida ideia do potencial da biorrefinaria em termos de abastecimento dos setores farmacêutico-químico-petroquímico. Ainda mais, as biorrefinarias tem também o potencial de reduzir o desperdício (biorrefinaria de resíduos agroflorestais, industriais, rurais e urbanos), mitigar impactos ambientais e promover o crescimento econômico sustentável - enquanto transformam economias rurais e introduzem uma multitude de bioprodutos no mercado. Biorrefinarias, pois, podem maximizar o uso da biomassa, minimizar a geração de resíduos e mitigar problemas ambientais.

Flexibilidade tecnológica Prevê-se que já para o ano de 2025 cerca de 30% dos insumos da indústria química virão da biorrefinaria e de forma muito mais sustentável. Sistemas integrados, então, irão se caracterizar por operar interrelacionando matérias-primas, tecnologias, processos, produtos e resíduos. Esta

é uma tendência irreversível, mas, para tanto, há necessidade de redução de custos dos processos de conversão e, principalmente, aperfeiçoamento da tecnologia existente e desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Fazer o que se chama de “curva de aprendizagem”. Naturalmente, diferentes regiões do mundo e diferentes países irão escolher e desenvolver biorrefinarias com diferentes tecnologias – termoquímicas ou bioquímicas, por exemplo – de acordo com a demanda de produtos e a disponibilidade de matérias-primas. No Brasil, as futuras biorrefinarias de açúcares, óleos vegetais e de lignocelulose são as mais prováveis, dada a experiência local na produção de açúcar e etanol, diesel e celulose; mas, o potencial para outros tipos de biorrefinarias é também bastante alto (biorrefinarias verde, de amido, resíduos animais, de algas, entre outras).

Uma bioeconomia? É indiscutível que vivemos uma revolução de abrangência global, por exemplo, no âmbito da biotecnologia, com potencial sem precedentes para a geração de prosperidade e empregos especializados, a tal ponto que já se fala em um novo segmento econômico: a bioeconomia. Com o conceito de biorrefinaria e os extraordinários progressos na biotecnologia será possível transformar velhos setores industriais e empresas em polos de inovação e de geração de conhecimento e knowhow. Infelizmente, nesta corrida mundial, o nosso país, que largou muito bem na década de 80 com sucesso na produção de etanol e biodiesel, já está bastante distante agora dos países desenvolvidos, que ocupam a dianteira e começam a afastar-se ainda mais. Entretanto, a razão disto não é mais falta de conhecimentos científicos ou de capacitação empresarial, nem mesmo de carência de recursos para investimentos. Tais argumentos não servem mais como desculpas. O problema é de falta de planejamento a longo prazo, de pertinácia na persecução dos objetivos e de foco nas questões cruciais para o futuro do país. No Brasil, pois, a biorrefinaria não é uma ideia nova e parece que sequer é uma ideia para o futuro.

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SUSTENTABILIDADE

CELULOSE DA CASCA DE BANANA É FONTE PARA FABRICAÇÃO DE PAPEL O projeto de três jovens pode se tornar alternativa e solução para o mercado e meio ambiente

N

o Brasil, nos últimos dez anos, a produção de lixo superou o crescimento populacional. Para uma população que aumentou em 9,65%, o aumento da produção de lixo foi mais que o dobro, alcançando 21%. Dados do estudo Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), evidenciam que a tarefa de acabar com os lixões até 2014, como prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos, está se revelando árdua para os municípios. As metas não foram alcançadas. O Brasil se tornou a quinta posição mundial quanto à produção de resíduos e quase metade do que os brasileiros jogam fora tem como destino os lixões, sem controle adequado e com altos índices de poluição. A situação é alarmante, e os mecanismos para reverter este quadro são limitados. Contestando a lógica de produção estabelecida, que atinge de forma direta o meio ambiente, o projeto de três alunas do Curso Técnico em Química do Colégio Dom Feliciano propõe uma alternativa sustentável. Pâmela Della Maria Pinto (20 anos), Andreza do Amaral Trespach Menna (19 anos) e Dimitria Ávila (18 anos) são as responsáveis por um projeto inovador, que se encarrega de produzir papel ecológico a partir da celulose da casca de banana. Reconhecidas com o troféu de Trabalho Destaque da Feira de Ciências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande de Sul (PUCRS), fazem jus a promessa de repensar a forma de produção, tendo como fator essencial para a execução de suas ideias a preservação do meio e a solução de 6

problemas existentes neste. Além de o projeto estar ligado à produção de lixo, sugerindo uma opção de consumo mais consciente e um sistema de reaproveitamento de materiais, ele tem outro viés ecológico, trazendo a tona a questão do desmatamento. A utilização de árvores na produção de papel ocasiona diversos malefícios ao ambiente, influenciando até mesmo nas mudanças climáticas do planeta. Um eucalipto, por exemplo, rende de 20 a 24 mil folhas de papel A4. Como são necessárias 11 árvores para produzir uma tonelada de papel, e o consumo do brasileiro é de 44 kg por ano, cada um de nós consome, em média, meia árvore por ano. Não apenas árvores são consumidas na fabricação de papel, mas também muita água (em torno de 10 litros por folha A4) e energia elétrica e, além disso, o processo gera emissão de poluentes. Uma árvore que pode levar muitos anos para crescer é derrubada em poucos segundos e além de representar a redução da área florestada, representa mais gás carbônico lançado na atmosfera. A derrubada de árvores na Floresta Amazônica, por exemplo, é responsável por algo entre 6,5 e 24,9 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por metro cúbico de madeira serrada. Além de não ocasionar todo o dano ambiental que o papel convencional desencadeia, ao ser utilizada a banana, matéria orgânica gerada em grande escala no Brasil, ocorre a diminuição da emissão de gás metano. Tendo em vista estes aspectos, as jovens tiveram a ideia de forma espontânea, quando estavam procurando por materiais ou produtos que são desperdiçados com frequência no

“O objetivo das jovens consiste em diminuir a utilização da polpa das árvores e o acúmulo de matéria orgânica depositada no meio ambiente.” cotidiano. O objetivo de Pâmela, Andreza e Dimitria consiste em diminuir a utilização da polpa das árvores e o acúmulo de matéria orgânica depositada no meio ambiente. Para tanto, as jovens adotaram em sua pesquisa um método de branqueamento com peróxido de hidrogênio, não prejudicial ao meio ambiente. Este permite que os resíduos gerados possam ser tratados de forma mais fácil, diferentemente do que ocorre no método convencional, que causa dioxinas (cancerígenas). A pesquisa foi executada no período de três meses, dentro do próprio laboratório da escola Dom Feliciano e para as experiências, cascas de banana foram doadas por uma multinacional de Gravataí. Seu inicio proveio de uma pesquisa de campo nesta empresa, em que foram criados dois gráficos determinando a quantidade obtida em certos períodos, e quanto em dinheiro estava sendo desperdiçado com a não utilização das cascas. A ideia é fruto de uma iniciativa do Colégio Dom Feliciano, que oferece o projeto Iniciação Científica desde o começo do ano letivo de 2013. São formados grupos de três alunos, em que cada um é responsável pela escolha de algum tema de relevância social ou que apresente melhorias nos processos das industriais e tam-


bém pelo desenvolvimento da pesquisa. Neste ano foram apresentados cinco projetos: Redução da Dureza da Água pela Adição de Pectina, Ação da Bromelina na Turvação da Cerveja, Produção de Plástico para Conservação de Alimentos a partir da Cera de Abelha, Reaproveitamento do Isopor pela Ação do D-limoneno e o projeto das meninas. “A iniciação no mundo das pesquisas permite ao aluno do curso Técnico em Química despertar o desejo por este tema, bem como desenvolver um espírito ético e profissional”, ressalta o professor orientador do projeto e responsável por ministrar o terceiro módulo deste, Christian Valério. O Projeto de Iniciação Científica, da forma que se constitui no momento, surgiu da iniciativa de Valério, e tem como fim permitir que os alunos desenvolvam as suas capacidades cognitivas produzindo os seus próprios trabalhos.

Em 2013 o brasileiro produziu em torno de

77 MILHÕES DE TONELADAS DE LIXO

4,1

210 mil toneladas

por dia

a mais do que em 2012 Totalizando cerca de 210 mil toneladas por dia por habitante

O Brasil ocupa a posição mundial dos maiores produtores de resíduos

perdendo apenas para EUA, CHINA, UNIÃO EUROPÉIA E JAPÃO

em 2013

41,7

dos resíduos NÃO tinham

destino adequado

10

do lixo no país NÃO é coletado

nesse ritmo os lixões e aterros no brasil só terão fim em

2060

PALAVRA DAS PESQUISADORAS Representando o grupo, Pâmela explicou as etapas do projeto, seus benefícios e metas futuras deste. Segue abaixo o depoimento dela. PRODUZINDO UMA FOLHA A4 Sabíamos que a casca de banana era rica em fibras, consequentemente de celulose. Tínhamos apenas que descobrir como extraí-la. A partir daí, fomos nos baseando em algumas etapas do processo de papel convencional, fazendo algumas adaptações e melhorias de acordo com os resultados que íamos obtendo ao decorrer dos testes. Sabemos que a banana é constituída em média de 40% a 50% de casca. Como a cada quatro cascas de bananas conseguimos obter uma folha A4 do nosso papel ecológico, é recomendável que ele seja implantado na indústria com aditivos, assim como fizemos em alguns dos nossos testes. Ele mesmo também poder ser usado como um aditivo na produção de papel reciclado. VANTAGENS Na indústria, chama a atenção pelo seu lado ecológico e por não requerer praticamente nenhum gasto, 7


muito pelo contrário. Em pesquisa feita por nos a uma multinacional de Gravataí, o processo traria lucros financeiros. Assim como em escolas, com a vantagem que estaremos estimulando o aprendizado, na busca por buscar sempre recursos alternativos e não poluentes as pessoas que serão o futuro do planeta. ETAPAS DE PRODUÇÃO A principal etapa para o processo de produção do papel ecológico consiste na extração de celulose contida na casca de banana, onde é realizada a deslignificação em autoclave e utilizando solução de hidróxido de sódio, a fim de solubilizar e retirar a lignina, polímero natural que compõe as fibras, causando escurecimento e prejudicando a textura do papel. Em seguida, a massa celulósica é lavada, submetida ao clareamento químico feito com Peróxido de Hidrogênio e posteriormente secada. Também foram produzidos papéis mistos com a adição de celulose extraída da madeira. Obtivemos papéis maleáveis e de textura semi-lisa, com coloração parda à amarelada, através das análises anteriormente citadas constatamos que é possível produzir papel misto com alta qualidade utilizando celulose extraída da polpa das árvores. Algumas imagens das etapas, respectivamente: Deslignificação, Lavagem e filtração, Clareamento e a última o papel de celulose da casca de banana

Deslignificação

Lavagem de Filtração

Clareamento

Papel de celulose da casca de banana

PLANOS FUTUROS Como o processo é basicamente simples, temos ainda a intenção de poder não só implantá-lo na indústria, como também chegar a escolas agrícolas como forma de recreação e aprendizagem. Onde os próprios alunos pudessem produzir dentro da escola a partir da utilização das cascas de banana obtidas da merenda escolar. Trazendo então inúmeros benefícios, uma vez que estimula crianças desde pequenas a cuidarem do meio ambiente. CONCLUSÃO Constatamos que é possível produzir papel misto com alta qualidade, misturando a celulose extraída da casca de banana com a celulose extraída da polpa das árvores ou como complemento no processo de reciclagem do papel. Já os demais papéis obtidos são maleáveis e de textura semi-lisa, com coloração parda à amarelada. Mesmo havendo a necessidade de otimização do processo, concluímos que há viabilidade de implantação em média ou grande escala do processo de produção do papel ecológico a partir da celulose da casca de banana em escolas e indústrias, devido a sua não complexidade e aos benefícios que pode gerar ao meio ambiente e à sociedade. 8


UTILIDADES

Certificado assinado pela cimenteira é o único documento que comprova a eliminação do resíduo Fonte: FEPAM

O

coprocessamento é hoje uma alternativa eficaz para a destruição total de resíduos industriais perigosos gerados pelas empresas. Como depois da blendagem - processo de identificação, triagem, mistura e trituração - os resíduos podem ser reaproveitados como combustíveis em fornos de fabricação de cimento, eles serão completamente destruídos. Cessa então a obrigação determinada por lei de se monitorar o resíduo para sempre. “O coprocessamento não gera passivos. Além disso, permite o aproveitamento do poder energético de determinados resíduos de forma a poupar combustíveis não renováveis e ainda insere os resíduos na cadeia produtiva como substitutivo de matéria-prima”, destaca o engenheiro Renato Chagas, Chefe do Departamento de Controle da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM). Neste caso, o engenheiro descreve o processo em que as cinzas obtidas na queima dos resíduos dentro dos fornos são aproveitadas na formação do clínquer, o calcário calcinado que compõe o cimento. Chagas frisa também que tanto a unidade que processa os resíduos -blendagem quanto o forno da fábrica de cimentos devem estar devidamente Renato Chagas - Chefe do Departamento de Controle da Fepam

Crédito Cristiane Parizzi

licenciados pela FEPAM. No caso do forno, sua operação deverá atender ao que foi estabelecido nas resoluções do CONAMA e do CONSEMA que tratam do assunto e exigem o EIA-RIMA. Para que a empresa geradora comprove legalmente que o resíduo foi eliminado, é necessária a emissão do Certificado de Destruição Térmica. Como alerta Chagas “o certificado de destruição final do resíduo deve ser emitido pela unidade cimenteira que realiza o coprocessamento em nome do gerador do resíduo”. A resolução CONAMA 316 de 2002 atesta o que o engenheiro afirma: “Art. 28. Todo sistema de tratamento térmico de resíduos (cimenteira) deverá possuir um responsável técnico para o seu funcionamento, devidamente habilitado para este fim, com registro de responsabilidade técnica no órgão profissional competente. Parágrafo IV - Caberá ao responsável técnico legalmente habilitado emitir certificado de tratamento térmico atestando ter cumprido as condicionantes da licença ambiental cujos dados constarão do referido certificado, cabendo a guarda deste documento também ao gerador do resíduo, contratante da operação”. Conclui-se que o CDT (Certificado de Destruição Térmica) é documento essencial e imprescindível para a comprovação legal de que os resíduos gerados passaram por coprocessamento e foram totalmente destruídos. Para ter valor legal, esse documento só poderá ser emitido ao gerador do resíduo pelo técnico responsável da fábrica de cimentos que disponibilizou o forno para a queima. 9


Prof. Marcos Costa Filho*

Existem outras duas famílias

Be, MG, Ca, Sr. Ba e Ra, Também são dos que se prezam, São positivos e bivalentes Família dos Alcalinos Terrosos. Mas, de terror eles nada têm E por mais íons que produzam Jamais ligam covalentes.

Estude! Vá! E boa nota descole!

Li, Na, K, Rb, Cs e Fr, Saiba destes manos o nome, Pois você precisará deles, P’ra tal de nomenclatura E não faça corpo mole, Muito menos se impressione, Todos eles são coisa fina, É a Família Alcalina. Todos positivos, monovalentes.

Lembre-se: é estudo, não guerrilha. Não se anteponha barreiras. Faça seu estudo virar delícia, Poderá ser até seu entretenimento, Não trate a Química com malícia.

UM QUADRO PERIÓ-DIFÁCIL Para Química se saber Muito é preciso estudar E não se tem como fazer, Sem um quadro p’ra ajudar. Não é um quadro comum, Mas sim, um muito lógico. Ordena por números atômicos, De uma maneira crescente, Colocando os elementos afins Em espaços arrumados, um a um. Por isso, se chama periódico. Tem períodos, tem colunas, Não devemos esquecer: Eles na horizontal E elas, famílias, na vertical. É fácil de se entender, Tem seu número cada uma E o número da família indica Seu posicionamento normal Em sequência no quadro... é só ler. Os nomes de algumas famílias, Ao iniciar a Química Inorgânica É base p’ra seu conhecimento No futuro saber sua irmã Orgânica.

Que vale a pena saber de cor: O, S, Se, Te, Po, Calcogênios são. F, Cl, Br. I, At, Halogênios lá estão, Uma ao lado da outra. Com rigor, São extremistas, muito negativos. Não esqueça: ... Metais, não são! Com estas quatro famílias, Muito se pode aprender. No início da Química conhecer, Pode-se usá-los com garantia, Em uma gama de exercícios, Pois, todos são regulares. Na reação metal + não metal, É fácil o acerto da equação. Da fórmula à estruturação Você usará pouca força mental. Sem muita pressa, lembre mais alguns: Boro, Carbono e Nitrogênio são chefões, Comandam as famílias menos convincentes. Ora positivos, ora negativos... dependentes Que são, nas mais variadas equações. E não nos dão certeza de nenhum Fenômeno em que não se façam variar. Então, tenha cuidado, não vá errar: Estes elementos são aproveitadores, Fazem ligações das mais diversas,

Iônicas ou covalentes... sem pudores. Não deixam passar as oportunidades, Nem mesmo nas reações inversas. Olho neles... p’ra sua tranqüilidade!

A principal, de cada um a valência, É muito fácil de se determinar, Na órbita externa, o número de elétrons, Conte e se for até três, memorize: Trivalente positivo. E em sequência, Bivalente positivo se forem apenas dois; Monovalente positivo, só um a se lamentar. Então, você saberá a família identificar: Alcalinos, um; dois, Alcalinos Terrosos, depois Vem lá seu Alumínio sendo a número três. Viu? É fácil e você sabe alguns porquês.

Bem, você já sabe por enquanto, Algumas dicas do tal quadro periódico, Que de fato, muito útil, garanto: será. Aprendeu?... Sorria! Mas, entretanto, É muito importante: não descuide de estudar, Pois é a arma secreta do aprender e passar.

*Marcos Costa Filho é Professor e Biólogo com especialização na área de Química dos Complexos e formado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), onde foi Patrono da 38ª Feira do Livro. Com nove livros publicados, faz parte da Academia Rio-Grandina de Letras. Foi premiado em concursos literários, recebeu a medalha Mario Quintana em Porto Alegre, promoveu eventos na área e participou de diversas antologias que circulam pelo Brasil.

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MURAL E AGENDA

Formatura do Curso Técnico de Química da Fundação Liberato.

Agenda 14 e 15 de janeiro 2015 Curso de APPCC - Gestão de Riscos na Produção de Alimentos e Bebidas Informações e inscrições: treinamento.simpli@gmail.com Telefone: (54) 2621-5027

21 e 22 de janeiro de 2014 Capacitação de Resíduos Sólidos Industriais: Gestão e Classificação Informações e inscrições: Telefone: (54) 3055.4339 www.proamb.com.br.

Até 20 de fevereiro de 2015

Dimitria Ávila, Pâmela Della Maria Pinto e Andreza do Amaral Trespach Menna receberam o troféu de Trabalho Destaque na Feira de Ciências da PUCRS

Inscrições para o Mestrado Acadêmico em Avaliação de Impactos Ambientais Informações e inscrições: ppgambiental@unilasalle.edu.br Telefone: (51) 3476.8708 www.unilasalle.edu.br/canoas

26 de fevereiro de 2015 Capacitação sobre Responsabilidades Legais Ambientais das Empresas Telefone: (54) 3055.4339 www.proamb.com.br

24 de março de 2015 Capacitação de Gestão de Resíduos e a Legislação Aplicada Telefone: (54) 3055.4339 www.proamb.com.br Retratação Informamos que no último Informativo CRQ-V, na matéria de capa “Vinho: As adulterações e alternativas legais para este mercado”, não constou uma informação relevante quanto à Química Industrial e Mestre em Microbiologia, Fernanda Fabero Guedes, referente ao seu atual trabalho. Corrigimos ressaltando que a profissional também é professora do Curso de Química da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).

24 de março de 2015 Capacitação sobre Conformidade das Políticas Estadual e Nacional de Resíduos Sólidos Telefone: (54) 3055.4339 www.proamb.com.br 11


O CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5ª REGIÃO

Deseja a Todos um

FELIZ

N ATA L E UM

PRÓSPERO ANO NOVO


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