Informativo 143

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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA JANEIRO-ABRIL DE 2017 ANO XXI Nº143

Conheça os processos químicos que garantem a excelência do alambique mais premiado do Brasil

15 ANOS DE OBQ RS

A CIÊNCIA PELA AMAZÔNIA

MERCADO

Quando a competição por conhecimento constrói laços para o futuro

Livro educativo com microcápsulas de repelente impacta estruturas da educação e saúde pública

Confira entrevista com Marcelo Leal, presidente da Associação RS Óleo, Gás & Energia


ÍNDICE EMPREENDEDORISMO.................................................. 3 Os processos químicos no mercado dos alambiques gaúchos

SUSTENTABILIDADE..................................................... 6 Livro repelente para crianças

EDUCAÇÃO....................................................................... 8 15 anos da Olimpíada de Química do Rio Grande do Sul

ENTREVISTA . . ............................................................... 10 Desafios de mercado

MURAL . . ........................................................................... 11

EXPEDIENTE Presidente Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente Estevão Segalla Secretário Renato Evangelista Tesoureiro Mauro Ibias Costa Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jornalista responsável e Redação Carolina Reck Editoração Gráfica Carolina Reck Tiragem 2.000 Impressão Gráfica Ideograf INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RS FONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR 2

EDITORIAL A edição 143 do Informativo CRQ-V se inspirou em uma das bebidas mais apreciadas pelos brasileiros. Conhecida como marvada, água que boi não bebe, ou sob as nomenclaturas mais tradicionais, como caninha e pinga, a cachaça não está apenas na cultura e história do país, mas também em sua economia. E foi com essa essa visão que visitamos o mais aclamado alambique do sul do país. Inovadora em diversos aspectos e preocupada com as questões da atualidade, como o meio ambiente, a Weber Haus começou com o nome de Primavera, e hoje expandiu seu mercado exportando para 16 países. Localizada em Ivoti, produz uma série de mercadorias a partir da bebida, e em 2016 teve a produção marcada em 480 mil litros de cachaça pura. A longevidade do empreendimento começou na união da família Weber, que iniciou a produção da cachaça em 1948, para consumo próprio. Na época o alambique consistia em um galpão com um engenho no meio, movimentado por quatro mulas. Com o tempo veio a modernização, a mudança de nome, o investimento, e com eles uma série de prêmios nacionais e internacionais. Certificações muito importantes, como o selo de produto orgânico e a rastreabilidade do Inmetro foram alcançadas. E hoje o alambique gaúcho é o mais premiado do Brasil. A Química se encontra em todas as etapas de fabricação da bebida, e é ela que torna grande parte do processo uma comparação às obras de arte. Graças a ela novas tecnologias, pesquisas e estudos podem ser realizados. E também é possível, por meio deles, aplicar novas práticas à fabricação da bebida. Tendo em vista a relevância da Weber Haus, assim como a da Química, em nossa matéria de capa explicamos os processos de fabricação da cachaça a partir deste alambique. Trazemos também o relato dos alunos que participaram da última Olimpíada Brasileira de Química do Rio Grande do Sul, expondo a importância do evento e impacto que este tem na formação acadêmica e profissional dos jovens. A visão da juventude quanto à Ciência e Química tem muito a nos inspirar! Ainda dentro de questões educacionais, apresentamos também um projeto revolucionário, que se preocupa com a saúde da população da Amazônia e com o empoderamento do folclore regional. O livro “Amazon, guerreiros da Amazônia” promete mexer em estruturas de educação, cultura, saúde pública e da Ciência. Desenvolvido com microcápsulas de repelente, ele previne a contaminação das comunidades locais, que sofrem drasticamente com doenças como a Febre Amarela. Pensando nos acontecimentos e previsões para o ano, também apresentamos a entrevista com o Marcelo Leal, presidente da Associação RS Óleo, Gás & Energia. Nesta são abordadas questões de mercado, meio ambiente, ética e feitas projeções quanto às necessidades e desafios do mercado.

Boa leitura a todos!

DICA DE LIVRO

PRIMAVERA SILENCIOSA

RACHEL CARSON

Quando a bióloga marinha Rachel Carson lançou A Primavera Silenciosa, em setembro de 1962, qualquer indústria química de inseticidas e outros derivados sintéticos podia lançar no meio ambiente o que bem entendesse, sem testes cientificamente projetados. No fundo, praticamente bastava que essas substâncias sintetizadas não matassem o químico responsável. Aliás, nem existia nos EUA a agência de proteção ambiental, a EPA. Hoje, a Primavera Silenciosa já é um clássico do movimento de defesa do meio ambiente, e influenciou decisivamente várias gerações de cientistas e militantes. Considerado um dos melhores livros não-ficcionais do século XX, inspirou ampla preocupação pública com pesticidas e poluição do ambiente. Documentando os efeitos deletérios dos pesticidas e aprofundando as consequências destes na sociedade, a obra literária consiste em divulgação científica e denúncia. Rachel traça um contraponto à produção exacerbada da Indústria Química, inspirando iniciativas que levem em consideração as condições do planeta e equilíbrio entre a indústria e natureza.

NÚMEROS DO CONSELHO JANEIRO A ABRIL Registro Profissional

224

PJ

53

Fiscalizações

801

Autuações

187


EMPREENDEDORISMO

CACHAÇAS GAÚCHAS DISPARAM NO CENÁRIO NACIONAL Um dos principais produtos brasileiros tem em suas raízes o palco da história do país, sendo fonte de renda para diversas famílias e ator no consumo diário em todo o globo terrestre. Representando a cultura, a diversidade e trazendo múltiplas narrativas, a cana-de-açúcar dá origem a produtos essenciais para a economia mundial, como o açúcar e o álcool, utilizado como combustível para carros (etanol) e na produção de bebidas. Dentre eles, um perpassa questões econômicas, marcando presença na literatura, na música e na calma dos ânimos. Reconhecida pelos apelidos caninha, pinga ou até mesmo carinhosa, a cachaça é uma bebida genuinamente nacional. A sua produção depende de diversas condições químicas, que aliadas a uma boa qualidade da cana e às preocupações em suprir as novas necessidades sociais, pode alavancar a economia. Para produzir uma cachaça de qualidade, é imprescindível estar atento às novas demandas, que envolvem o zelo pelo bem-estar e saúde do consumidor e as preocupações com o meio ambiente. Produtos frescos, livres de defensivos agrícolas e que recebem o cuidado de técnicos e profissionais que dominam desde as práticas com o solo até o produto final, vêm cada vez mais se tornando destaque no cenário nacional. Com a cachaça não é diferente, e dentre as variadas formas de produção, é possível perceber o potencial daquelas que cumprem as premissas acima. A sua história remonta ao tempo da escravidão, quando escravos trabalhavam na produção do açúcar da cana. O método já era conhecido e consistia em se moer a cana, ferver o caldo obtido e, em seguida, deixálo esfriar em formas, obtendo a “rapadura”, com a qual adoçavam as bebidas. Por vezes, o caldo desandava e fermentava, dando origem a um produto que se denominava cagaça e era jogado fora. Por muito tempo a cachaça viveu à margem da clandestinidade, tendo por esse motivo a imagem erroneamente comprometida. Atualmente ela ascendeu a níveis nunca antes sonhados, e é uma bebida respeitada e apreciada mundialmente. Weber Haus se destaca no mercado dos alambiques

Créditos: Carolina Reck

A diversidade dos barris proporciona diferentes aromas e sabores às cachaças da Weber Haus

Este reconhecimento provém do aperfeiçoamento da bebida, que passou a ser filtrada e destilada. Foi um longo caminho até ser definido o que realmente poderia ser chamado de cachaça. No final de 2016, o governo brasileiro aprovou as regras de indicação geográfica da bebida. A medida foi estabelecida para preservar a integridade da cachaça nacional e para evitar que outras aguardentes produzidas pelo mundo afora sejam reconhecidas desta forma. Foi decretado que apenas a aguardente de cana, produzida no Brasil, dentro das regras fixadas no novo regulamento, pode ser rotulada como cachaça. Mauricio Schmitt, engenheiro químico, e Paulo Ramos, técnico em química, ambos entusiastas e especialistas em alambiques, revelam que atualmente o Brasil conta com uma capacidade instalada de 1,2 bilhões de litros. “De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Cachaça (IBRAC), há 40 mil produtores brasileiros e quatro mil marcas no país, sendo que 99% são produtores micro e de pequeno porte. Sozinho, o setor reúne mais de 600 mil empregos diretos e indiretos”, informam. Ainda é importante a produção informal, não contabilizada neste cálculo. Conforme o parecer do Centro Brasileiro de Referência da Cachaça, a formalização desses produtores elevaria a produção nacional de cachaça a um volume que gira em torno de 2 bilhões de litros ao ano. Schmitt associa o crescimento do RS no setor as empresas que investem em inovação, concursos, ações de marketing, associativismo, exportacão e cursos de formação. “Esse ano tivemos em Bento Gonçalves a 15ª edição do Concours Mondial de Bruxelles, um concurso internacional que não avalia apenas a bebida, mas a forma como é produzida, com visitas a empresas, entre outros parâmetros. Nesta edição tivemos três cachaçarias gaúchas que se destacaram. A Weber Haus, em Ivoti, a Casa Bucco, em Bento Gonçalves, e a Enzweiler e Buchman, em Presidente Lucena”, aponta. A catalogação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) registra 4,124 marcas de cachaça em circulação no Brasil, com destaque para os estados de Minas Gerais (1587 marcas) São Paulo (676), Rio Grande do Sul (343), Rio de Janeiro (244), Santa Catarina (238), Espírito Santo (238), Ceará (169), Pernambuco (130), Paraná (105), Goias (90) e Paraíba (85). Schmitt ressalta que o Brasil é o maior consumidor da bebida, consumindo quase toda a produção de

cachaça, sendo exportado em torno de 1% a 2%, o que representa 2,5 milhões de litros. O preço médio da bebida varia entre R$10,00 a R$400,00, e os principais países compradores sao Alemanha, Paraguai, Itália, Uruguai e Portugal.

A BUSCA GAÚCHA PELA EXCELÊNCIA A exemplo de vinhos, espumantes e sucos gaúchos, as cachaças produzidas no Rio Grande do Sul têm se destacado dentro e fora do Brasil. Desde a criação do Alambiques Gaúchos, em 2005, vinculado à Associação dos Produtores de Cana de Açúcar e Derivados do RS (Aprodecana), o número de medalhas em diversos concursos mundo afora só aumenta. A região tem tradição na produção de cachaça artesanal, cujos registros históricos remontam ao século 18. E hoje, marcas de altíssima qualidade resgatam a história de cada família produtora, apresentando em sabores e aromas o clima da região, suas paisagens e narrativas. O processo de produção da cachaça artesanal envolve paixão, sabedoria, tempo e Ciência. A magnitude dos detalhes iguala a prática a criação de uma obra de arte. Cada cachaça carrega características de seu produtor, o alambiqueiro, e muitas vezes a receita é transmitida ao longo de gerações. As minudências estão espalhados por todo o processo, desde a escolha do tipo de cana, passando pela época certa da colheita, o tempo de moagem, os ingredientes e o tempo de fermentação, a forma de destilação e os tonéis para o envelhecimento, até o engarrafamento. De acordo com Marcelo Pelisson, gerente comercial da Weber Haus, cachaçaria mais premiada do estado e destaque em termos de internacionalização, as condições ideais para produção consistem na boa matéria-prima, fermentação com levedura selecionada e controle da temperatura, além da padronização nos processos. O engenheiro químico e especialista na área, Mauricio Schmitt, explica que a aguardente de cana como uma bebida de graduação alcoólica entre 38% vol e 54% vol a 20ºC, obtida do destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar ou pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana de açúcar, com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares de até 6g/lm expressos em sacarose.

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EMPREENDEDORISMO

DA TERRA AO COPO COM A CACHAÇARIA MAIS RECONHECIDA DO RS NA WEBER HAUS UMA SÉRIE DE ETAPAS TORNA POSSÍVEL QUE A CACHAÇA CHEGUE A MESA DO CONSUMIDOR Conheça o processo que transforma a cana em cachaça, e como a Weber Haus, cachaçaria gaúcha de maior alcance em território nacional e no exterior, alcança a excelência Crédito: Carolina Reck

CANA

A produção da Weber Haus ocorre a partir da cana caiana, que é mais resistente a geada. A qualidade da matéria-prima influencia diretamente no produto final. “É necessária grande quantidade de açúcar na cana e tendo um brix em torno de vinte. Quanto mais açúcar mais água vai dar, mais produção, mais qualidade e volume. Uma tonelada de cana resulta em 180l de cachaça”, expõe Pelisson. A média diária de produção da Weber Haus gira em torno de quatro carroções de cana, cada um com mais de 1000 kg. A área total da Weber são 24 hectares, sendo 22 em plantação de cana por meio de métodos orgânicos.

MOAGEM

A cana chega na moagem em um carroção. Como o produto é muito delicado, é trabalhado fresco, evitando os possíveis riscos de contaminação. Em seguida vai para a esteira, onde começa o processo de moagem. Com o objetivo de extrair o máximo de cana, existem três moendas responsáveis por transformar a matéria prima em uma das bebidas mais aclamadas do Brasil. A cana passa várias vezes na esteira, e é adicionada água a 80° para conseguir tirar o gás e aproveitar todas as partes. Neste processo

da esteira, a cana também é amassada para não criar um volume muito grande.

FILTRAGEM

Após a moagem, o caldo da cana sai por uma tubulação e passa por diversos filtros, que retém os últimos pedaços do bagaço e garantem que o líquido não tenha resíduos da cana. Após filtrado, o caldo desce por gravidade e chega aos tanques de inox.

FERMENTAÇÃO

Como cada tipo de cana apresenta teor de açúcar variado, é preciso padronizar o caldo para depois adicionar substâncias nutritivas que mantenham a vida do fermento. Água potável, fubá de milho e o farelo de arroz são exemplos de ingredientes que se associam ao caldo da cana para transformá-lo em vinho com graduação alcoólica, através da ação das leveduras (agentes fermentadores naturais que estão no ar). A sala de fermentação precisa ser arejada e com a temperatura ambiente em 25°. As dornas, onde a mistura fica por cerca de 24 horas, podem ser de madeira, aço inox, plástico ou cimento. “Hoje a qualidade do produto não influencia se a cana é grande, pequena, magra. O que influencia uma boa cachaça é a quantidade de açúcar que ela tem e o fermento, como que

Barris precisam estar em ambiente com condições controladas de umidade e temperatura

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se faz a fermentação do produto e o que se usa para fermentar. Muitos alambiques usam o fubá de milho, mas a gente usa uma levedura selecionada, um fermento especial, orgânico. Isso que diferencia uma cachaça boa para uma cachaça de menos qualidade”, comenta Pelisson sobre os processos da Weber Haus.

PADRONIZAÇÃO

“A gente deixa um ano aqui, aí tira o produto e faz a padronização, para ele ficar 100%. A padronização de um produto é tomar a mesma cachaça hoje e daqui a cinco anos e ela estar com o mesmo gosto e aroma”, explica Marcelo. O processo tem relação com os tipos de madeira utilizados para armazenar a cachaça. Cada madeira usada na fabricação dos barris libera um aroma específico, proporcionando diferentes sabores. “A gente tira a cachaça dos barris, pega um pouco de cada barril para ter uma padronização melhor. Digamos que faremos mil litros, então se tira um pouco de cada barril e coloca no tanque. Ai se regula o teor alcoólico. Se controla também a cor e o aroma da cachaça. Aquilo que se vê no mercado é feito aqui, a qualidade do produto é aqui. E nesse processo usamos água por osmose inversa que garante um diferencial”, evidencia Marcelo.

DESTILAÇÃO

O mosto fermentado está pronto para ser destilado e dar origem à cachaça. O vinho de cana produzido pela levedura durante a fermentação é rico em componentes nocivos à saúde, como aldeídos, ácidos, bagaços e bactérias, mas possui baixa concentração alcoólica. Para alcançar a concentração fixada por lei é preciso destilar o vinho para elevar o teor de álcool. O processo é fazer ferver o vinho dentro de um alambique de cobre, produzindo vapores que são condensados por resfriamento e apresentam assim grande quantidade de álcool etílico. Schmitt informa que uma variável importante se encontra nessa etapa: “Na produção de cachaça não industrial, são empregados destiladores por batelada, também conhecidos como alambiques, onde se obtém o destilado de forma descontínua, separando três frações denominadas como cabeça (cerca de 1% do volume total do mosto


utilizado), coração (cerca de 8%) e cauda (cerca de 1%)”.

NO CORAÇÃO DA CACHAÇA

A cachaça de cabeça, obtida na fase inicial da destilação, é rica em substâncias mais voláteis do que o etanol. Elas nao sao recomendadas para o consumo, sendo descartadas. A cachaça do coração, a segunda fração destilada, é a cachaça propriamente dita, ou seja, aquela de qualidade elevada e que vai para a mesa do consumidor. A cachaça de cauda, ou “água fraca”, apresenta um maior teor de substâncias menos voláteis e indesejáveis, e também é descartada. Esse processo acontece na Weber Haus em alambiques de cobre. Após a destilação, para corrigir eventuais defeitos de qualidade e dar maior limpidez, transparência e brilho, a cachaça passa por uma etapa de filtração, sendo então enviada para o envelhecimento.

ENVELHECIMENTO

O processo de envelhecimento se dá em barris de madeira, possuindo controle rígido de umidade e temperatura. Esse é o processo que aprimora a qualidade de sabor e aroma das bebidas, sendo a etapa final da elaboração. A estocagem é feita, preferencialmente, em barris de madeira, onde ainda acontecem reações químicas. Existem madeiras neutras, como o jequitibá e o amendoim, que não alteram a cor da cachaça. Entre as que conferem ao destilado um tom amarelado e mudam seu aroma estão o carvalho, a umburana, o cedro e o bálsamo. Cada uma dá um toque especial, deixando

a cachaça mais ou menos suave, adocicada e/ou perfumada, dependendo do tempo de envelhecimento. Após o período determinado para o envelhecimento a cachaça está pronta para ser engarrafada. Na Weber a variedade de barris de madeira e tempo de envelhecimento garantem a diversidade das bebidas, as tornando palatáveis para os diversos tipos de consumidor. “O ambiente é inóspito, úmido, quietinho, para a cachaça ficar descansando mesmo. Os barris são colocados aqui, nas condições ideais de temperatura e umidade, até o chão deve ser batido para auxiliar nessas condições”, expõe Marcelo.

TANQUES

A Weber Haus conta com vários tanques de armazenamento, que variam de tamanho conforme as demandas da empresa para cada modalidade da bebida que produzem. De inox, facilitando a limpeza e higienização, eles estão sempre cheios.

TRANSPORTE

Canos de cobre estão espalhados por toda a empresa, e permitem o transporte da bebida, otimizando processos. Nada é manual, como era realizado em muitos alambiques antigamente, momento em que a cachaça era carregada aos baldes de uma parte do processo a outra. O tempo varia conforme a quantidade transportada.

SUSTENTABILIDADE

a preocupação com o meio ambiente e em tornar os processos sustentáveis. A cana-de-açúcar é totalmente orgânica, assim como o restante do processo de produção. O bagaço usado na compostagem e o vinhoto voltam para a lavoura. Como narra Marcelo, o processo todo é fechado, se complementa. Toda a sede da empresa tem certificação orgânica.

O CONSUMIDOR

Buscando alternativas aliadas ao turismo, a Weber Haus tem como preocupação o entendimento do consumidor a respeito dos processos e práticas da produção. A relação muda quando se sabe a procedência do que é consumido. “A gente recebe as pessoas e mostra como a cachaça é feita. Se cria confiabilidade com o cliente, se muda a relação com o consumo e com o produto. Quem não toma cachaça fica curioso pra experimentar”, salienta Pelisson.

ENVASE

Após descanso e muito aroma e sabor, as cachaças da Weber Haus vão para o processo de envase. Mas antes disso, a temperatura baixa em -7° e depois volta naturalmente para a ambiente, onde as impurezas decantam no fundo dos tanques. Em seguida, a bebida passa por sete filtros para finalmente ser envasada. O espaço físico promete crescer, e a grande quantidade de garrafas é distribuída na sede e também em São Paulo. Elas são separadas no que será vendido para o Brasil e em exportação, que alcança no momento 16 países.

Desde o começo do processo é possível perceber Alambiques de cobre usados na destilação

OS DESAFIOS PARA CONSAGRAR OS ALAMBIQUES NO MERCADO Sobre a fórmula de sucesso e como encarar dificuldades de mercado, Marcelo destaca: “Estamos sempre inovando para superar as dificuldades do mercado. Buscamos atrair novos clientes, com produtos diferenciados e diversificados, utilizando vários tipos de madeira para envelhecimento. Também investimos nas linhas de licores e de bebidas mistas. Buscamos ainda parcerias com profissionais habilitados no assunto”. O interesse pelo que produzem também os leva adiante, e no cronograma da empresa há forte participação em feiras, rodadas de negócios, eventos, treinamentos e degustações. O turismo é outro dos aspectos que influenciam no triunfo, e diariamente o alambique recebe grupos de todas partes do país e do mundo. A marca, que iniciou com o nome Caninha Primavera, busca crescer no mercado interno e externo, se tornando um produto desejado por todos que apreciam a boa cachaça. Marcelo destaca ainda que medidas e iniciativas do poder público podem acarretar no maior desenvolvimento do setor, assinalando que o apoio com projetos de fomento,

facilitações nas questões tributárias e o maior destaque da cachaça como um produto brasileiro influenciariam positivamente neste cenário. Schmitt acrescenta, ressaltando que existe a necessidade da consolidação da Indicação Geográfica (IG) e a operacionalização dessa ferramenta, promovendo maior valorização do setor no mercado interno. O engenheiro químico também cita os problemas provenientes do mercado informal, onde os produtores, alambiqueiros e especialistas na produção de cachaça não formalizam suas empresas e marcas, estando fora do mercado interno e externo. “A falta de gestão e visão de médio a longo prazo atrapalha os processos. E mesmo com registro os produtores não conseguem recursos para investir em marketing e vendas, ou não envolvem seu RT em programas que beneficiam a evidência da marca, ou em iniciativas associativas, privadas ou governamentais, como a IG ou selos, não agregando valor a seus produtos e, consequentemente, não conseguindo sustentar a carga tributária”, informa. 5


SUSTENTABILIDADE

LIVRO REPELENTE PARA CRIANÇAS U

m produto desenvolvido pela empresa química Ananse (empresa brasileira que desenvolve tecnologias para transportar ativos e fragrâncias para uso em cosméticos, embalagens, amostras e marketing olfativo) em parceria com a RJR (produtora de animação e editora) e a agência de criação Little George, foi lançado no início de 2017 com o objetivo de proteger crianças e adolescentes de doenças infecciosas comuns. O kit, que inclui um livro de história, um exemplar de colorir, giz de cera e capa de superherói, possui microcápsulas de repelente em sua fórmula e foi lançado de forma gratuita em uma escola na comunidade de Tapara Miri, no Pará. A obra “Amazon - Guerreiros da Amazônia” foi vencedora na categoria Educação Ambiental do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade e Amor à Natureza no ano de seu lançamento. Em 2017, recebeu dois Leões em Cannes Lions, o Festival de Criatividade de Cannes, mais importante prêmio da publicidade mundial. A obra existe desde 2013 e a novidade desta edição é a proteção contra os insetos causadores da Malária, Febre Amarela, Dengue, entre outras. O livro é uma história infanto-juvenil com a missão de divertir e educar por meio da emoção. Utilizando a temática de super-heróis, crianças e jovens são convocados para vestirem as armaduras sagradas que detêm os poderes dos animais e assim defenderem a Floresta Amazônica e os seus habitantes. O objetivo é resgatar o amor e a autoestima das crianças que vivem nas florestas e o

entendimento para as que nasceram e vivem em grandes centros urbanos. O autor da obra, Ronaldo Barcelos, explica que a obra surgiu da percepção de que a maioria da produção impressa com este cunho era para os adultos, e que existe um enorme desconhecimento da maioria dos brasileiros sobre a Amazônia. Causada pelo parasita protozoário Plasmodium através da fêmea do mosquito Anopheles infectada, a malária é uma doença infecciosa aguda que atinge grande parte do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em seu Relatório Mundial da Malária de 2016 que - mesmo com a queda de 41% nos casos ao redor do mundo entre 2000 e 2015 - a doença segue sendo um dos principais problemas globais de saúde. O local com maior concentração de casos e mortes no mundo é o continente africano e dentre as vítimas, as mais vulneráveis são crianças com menos de cinco anos. No Brasil, dentre a média de 150 mil casos por ano, a maior parte dos casos concentra-se na região Amazônica. A febre amarela é uma doença infecciosa grave, também transmitida através de um mosquito infectado, geralmente o Haemagogus, e em ambientes não centrais e no meio urbano, através do Aedes Aegypti (mesmo transmissor do vírus da dengue). Sua maior ocorrência é nas Américas do Sul e Central. A vacina é recomendada para quem vá circular em áreas endêmicas para a propagação do mosquito. A dengue, também transmitida pelo Aedes Egypti, é uma doença febril considerada

um grande problema de saúde pública mundial. A estimativa da OMS é que entre 50 e 100 milhões de pessoas se infectem por ano com esta doença. Os casos ocorrem em mais de 100 países e em todos os continentes (exceto Europa). Destes, aproximadamente 550 mil precisam de tratamento hospitalar e 20 mil morrem com o desenvolver da doença. No Brasil, a transmissão da doença se viu mais acentuada a partir de 1986 e o maior surto ocorreu em 2013, com cerca de dois milhões de casos. A melhor maneira de prevenção é o uso de repelente e a vacina específica da doença. A comunidade agraciada com o primeiro lote de livros fica no município de Santarém, localizado a mais de 805km da capital do Pará, Belém (região norte do Brasil). A cidade é a terceira mais populosa do estado. Para escolher o melhor local para implantar a tecnologia, o projeto teve apoio do IPAM (Instituto de Pesquisas da Amazônia), uma organização científica não governamental que existe desde 1995 e trabalha pelo desenvolvimento sustentável da região. O IPAM testou a efetividade do repelente, auxiliou na escolha de comunidades necessitadas e deu suporte logístico para a equipe. A peça surgiu como alternativa para pais e cuidadores que buscam soluções para repelir mosquitos em locais de grande concentração destes insetos. Ronaldo Barcelos conta que a sua intenção ao criar o livro era emocionar, divertir e educar: “Com o projeto social, chegamos a escolas distantes e os resultados foram espetaculares porque a troca de experiências

Além de sanar questões de saúde pública, obra de Ronaldo Barcelos incentiva crianças a compreenderem contextos históricos e sociais da região

“A criação de um livro infantil aliado ao meio ambiente é importante para a conscientização das crianças” Ronaldo Barcelos

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e aprendizado foram enormes”. De acordo com Cláudia Galvão, diretora executiva da Ananse Química, o intuito é fazer com que as crianças sintam-se como heróis e protegidos. “Além dos livros e giz de cera, a capa de super-herói foi criada para que cada criança pudesse se tornar o seu próprio Guerreiro da Amazônia, além de se proteger contra o surto de doenças como febre amarela e malária, intensificadas na região Norte do Brasil”, salienta. Em diversas comunidades em que as doenças provenientes dos mosquitos são a principal causa de morte, comprar repelentes em farmácias não é uma opção financeiramente viável. As regiões norte e nordeste concentram hoje a maior parte da população em situação de miséria no país, incluindo crianças expostas a essa realidade. O Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil lançou pela Fundação Abrinq (organização que defende os direitos e exercício da cidadania de crianças e adolescentes), em março deste ano, dados que destacaram que 17,3 milhões de crianças e adolescentes de até 14 anos vivem em domicílios de baixa renda. Destas, 5,8 milhões (cerca de 13%) estão em situação de extrema pobreza. Na região nordeste 60 % e na região norte 54% das crianças e adolescentes vivem em casas com renda familiar inferior à metade

Fotos: Ronaldo Barcelos/Divulgação

Projeto incentiva crianças a compreenderem o folclore e cultura da Amazônia

do salário mínimo atual por pessoa. As consequências são diretas e incluem aumento da violência, trabalho infantil, falta de saneamento básico e péssimas condições de saúde. A receptividade da inovação pelas crianças e famílias moradoras da comunidade foi ótima. De acordo com Cláudia, foi necessário explicar inicialmente o propósito dos kits e o que continha exatamente neles. Após esse entendimento, as crianças ficaram felizes e começaram a brincar

imediatamente. “Foi uma experiência única”, cita. Para Ronaldo Santana, ilustrador dos livros e diretor de arte da RJR Editora, a maneira como as crianças recebem e adotam a história é incrível. “Elas sacam a proposta na hora e gostam. As reações delas diante do livro todo colorido e ilustrado é fascinante. Elas já visualizam essas imagens tomando vida, é muito natural para elas”, comenta orgulhoso.

O PROCESSO QUÍMICO As fibras dos produtos foram cobertas com um verniz que contém microcápsulas de óleo extraído da Citronela, planta originária do continente asiático. Hoje seu cultivo é popular no Brasil e seu óleo possui propriedades antissépticas, inseticidas, antidepressivas e pode ser um bom tônico para o corpo. Contém também óleo extraído da planta Neem, também de origem asiática, que é composta por diversos aminoácidos. O óleo extraído tem alto teor de enxofre e está frequentemente presente na composição de loções e pastas de dente, além de ter ação fungicida, pesticida, antibacteriana, anti envelhecimento e anti acne. O óleo de cravo, extraído dos botões de flores da árvore chamada Syzygium aromaticum são utilizados na alimentação e possuem ação contra bactérias e fungos, inflamações, doenças respiratórias, dor de ouvido, insetos, entre outros. Esta formulação compõe ação repelente com duração de até três meses, dependendo da frequência do uso. As micropartículas se quebram ao abrir os livros e folheá-los, utilizar o giz de cera ou utilizar a capa, formando uma camada protetora de até 1,5m em volta de quem está manuseando o kit. Os elementos utilizados foram quimicamente testados pela empresa e não agridem o meio ambiente por serem naturais. Cláudia explica que a composição tem pequenas chances de ser prejudicial às crianças e adultos. “Os componentes utilizados são naturais para não causar nenhum tipo de alergia. No entanto, pessoas com sensibilidade a qualquer uma das substâncias envolvidas não devem manusear o kit”, expõe. Para o desenvolvimento dos kits, a empresa levou quatro meses, incluindo manuseio

das micropartículas, aplicação e testes. Para os próximos lançamentos, a empresa quer adicionar óleo de andiroba, fonte de ácidos graxos essenciais, incluindo os ácidos oleico, palmítico, esteárico e linoleico. A andiroba é um componente encontrado no Norte do Brasil e que tem grande ação repelente, além de propriedades que diminuem a dor, acalmam a pele e reduzem febre e inflamações. Para o ilustrador Ronaldo Santana, o principal desafio em produzir este conteúdo lúdico foi a coerência entre a realidade da floresta e as ilustrações. “A floresta é muito diversa, as árvores amazônicas são imensas e de folhagens diversas. Os rios não são cristalinos, mas seria muito estranho pintá-los de marrom, então algumas liberdades poéticas foram tomadas”, explica. Os desenhos que, para muitos, lembram heróis norte americanos ou animes, recebem algumas críticas por parte dos adultos que cobram uma maior brasilidade nos desenhos. “Percebo que muitos sentem falta disso, mas ao mesmo tempo eu que desenho há décadas e conheço o mercado nacional de quadrinhos e ilustrações, nunca encontrei um estilo autoral para ‘heróis brasileiros’. Sempre são influenciados por produções estrangeiras, então tomei a liberdade de adotar meu próprio estilo”, menciona Ronaldo. Até junho deste ano, dois mil kits foram distribuídos pelos idealizadores, o objetivo, até o final do ano é entregar 20 mil unidades. “Como próximos passos, a editora RJR em parceria com a Ananse irão mapear outras regiões com foco de casos das doenças transmitidas pelos mosquitos para ampliar a ação”, cita Cláudia.

Livro é produzido com microcápsulas de efeito repelente

Os resultados do projeto ainda estão sendo coletados, e o retorno das famílias agraciadas é de grande satisfação com os praodutos. Além disso, a empresa vem recebendo contato de diversas empresas e instituições interessadas no projeto. Para Cláudia Galvão, o ponto mais importante e inovador é unir proteção à diversão. “Acreditamos que o kit Guerreiros da Amazônia seja uma oportunidade de outras pessoas perceberem que há chances de fazer algo bom para que as crianças sejam protegidas e que, mesmo assim, se divirtam. Se parar para pensar, quando alguém acreditaria que livros com micropartículas repelentes pudessem proteger essas crianças de algo que está tão em alta, não é mesmo?”, conclui. O autor do livro conta emocionado que considera o livro um presente que a vida lhe deu: “Eu ganho muito mais do que dou, na realidade gostaria de poder ajudar muito mais, ter contato com milhares de crianças, poder olhar para elas com atenção, suavidade e carinho”. Para ele, o projeto que ainda está no início, tem muito trabalho pela frente, e seu objetivo agora é buscar apoio do governo e empresas. “Quero que as crianças criem novos produtos dos Guerreiros, produzam livros, teatro e tudo que desejarem”, finaliza Ronaldo. 7


EDUCAÇÃO

15 ANOS DA OLIMPÍADA DE QUÍMICA DO RIO GRANDE DO SUL COMPETIÇÃO POR CONHECIMENTO CONSTRÓI LAÇOS PARA O FUTURO

A EXPERIÊNCIA DA OLIMPÍADA ENTREVISTAMOS ALGUNS DOS ALUNOS VENCEDORES DA OBQRS PARA SABER DE QUE FORMA A PARTICIPAÇÃO INFLUENCIOU SUA VISÃO A RESPEITO DA CIÊNCIA E DO FUTURO. NÍCOLAS POLLY (Fund. Esc. Téc. Liberato Salzano Vieira da Cunha - 3º Lugar Modalidade EM-2)

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om o intuito de estimular o estudo da Ciência em escolas de Ensino Médio e Tecnológico, integrando professores e alunos de diferentes localidades do estado, a Olimpíada de Química do Rio Grande do Sul completa 15 anos. A busca por ampliar a participação de escolas federais, estaduais, municipais e particulares, segue como um dos objetivos centrais da ABQ-RS, nova responsável por promover o evento e berço da Olimpíada no estado. Sob nova administração, a Olimpíada seguirá com a mesma proposta central, intensificando cada vez mais os vínculos para inserir os alunos no ambiente acadêmico e de mercado. O norte será o futuro e as formas de descentralizar o conhecimento, capazes de movimentar a inclusão e também manter a excelência da Olimpíada. “Nós estamos assumindo com a vontade de aproveitar os oitenta anos da ABQ-RS para reformular e dar cada vez mais visão para a Olimpíada. Porque na verdade ela é uma porta, uma janela para o futuro do estudante. Não é uma competição por competição, é uma competição por conhecimento”, expõe o presidente da Associação, Leandro Camacho. Além de um desafio para os participantes e uma expressão da busca pelo saber, a Olimpíada também é um local de amor à Ciência, onde os alunos podem demonstrar as suas aptidões, interesses, trocar conhecimentos e, principalmente, manifestarem o gostar pela Química. De acordo com Camacho, é este tipo de espaço que possibilita aos jovens o interesse por cursos na área, pela graduação, pós-graduação, mestrados e até mesmo doutorados. “Existem vários ex-participantes da Olimpíada que hoje são professores universitários”, assinala. Atualmente, a parceria da OBQ é com as cidades pólos, com as instituições de ensino que são parceiras, que estão no Rio Grande do Sul inteiro, e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), responsável pela administração acadêmica. Dentro de seu processo de funcionamento, a Olimpíada busca nas trocas de saber o alicerce para atingir os seus objetivos, se propondo, também administrativamente, a representar a diversidade de pessoas e ideias. “Na verdade a Olimpíada de Química do RS é descentralizada, ela não tem um diretor ou chefe. Tem a ABQ, que é a patrocinadora do evento, a gestora administrativa. E temos coordenadores nas cidades pólo, não temos um coordenador geral. E isso é muito interessante porque as reuniões são uma troca, tudo é trabalhado com horizontalidade, e isso é muito importante”, ressalta Camacho. Fora das salas de decisão entre coordenadores, a Olimpíada prima por atender a diversidade com as portas abertas para receber qualquer escola do RS que tenha professores de Química, e alunos do primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio dispostos a participar. Mirando no futuro, a Olimpíada também se propõe a intensificar laços do aluno com o ambiente de estudos e mercado de trabalho. “Nós temos um projeto de pesquisa na parte de extensão junto ao Instituto de Química da UFRGS. É uma proposta fundamental, de demonstrar para o teu aluno que ele pode ter uma ideia de o que é uma Academia, do que ele vai encontrar e vivenciar numa Universidade”, explica Camacho. Este é um dos fortes elos da Olimpíada, capaz de resgatar o interesse pelo conhecimento e inserir alunos de diferentes contextos e realidades dentro do ambiente Acadêmico. “Parece que trabalhar, estudar em prol da Olimpíada é uma sementinha, uma sementinha que vai florescendo”, resume Camacho.

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“Nos dois anos em que eu participei, a Olimpíada de Química foi pra mim um desafio, onde pude testar meu conhecimento nessa área da ciência que eu tanto adoro. Acredito que, de certa forma, ela me incentivou, e ainda incentiva, a estudar cada vez mais. Pois mostrou que eu ainda tenho muito que aprender e que é isso que eu quero para o futuro.Eu pretendo fazer Engenharia Química, pois é onde mais me identifico. Eu gostaria muito de ir para área da pesquisa, onde eu poderia fazer alguma diferença, porém, esta tornou-se um ramo para poucos. A Ciência é a base do mundo moderno. Ela pode melhorar o estilo de vida, a saúde, o aprendizado, o entretenimento, a comunicação, enfim, tudo! Não tem como pensar em algo que, hoje em dia, não esteja conectado a Ciência. Da para dizer que a Ciência é o que nos leva para o Futuro.” JULIA EDUARDA BONZANINI (Colégio La Salle de Caxias do Sul - 2º Lugar Modalidade EM-3)

“A Olimpíada me deu muitas oportunidades de adquirir mais conhecimento, conhecer pessoas que também se interessam pela química e me aproximar de professores e outros profissionais. Eu irei cursas o ensino superior nos EUA e acredito que a minha participação nas OQRS e OBQ foi um grande diferencial e me ajudou a ser aceita pela Universidade. Eu pretendo cursar engenharia biomédica, que envolve bastante a área da Química, e acredito que minha experiência nas olimpíadas vai me ajudar. Meu sonho é aliar a ciência à criatividade para criar novas tecnologias. Eu acho que a ciência deve se aproximar do cotidiano para poder melhorar o mundo.”


JOCELITO PESSOTTO JUNIOR (EEEM José Zanatta de Taquaruáu do Sul -2º Lugar Modalidade EM-1)

LIDIA MARIA DUTRA DE ALBUQUERQUE (Colégio Tiradentes de Santa Maria - 3º lugar medalha de bronze)

“Nos últimos anos, as olimpíadas científicas estiveram muito presentes no meu cotidiano. Por ter obtido uma premiação na Olimpíada Brasileira de Química Júnior de 2015, já conhecia a coordenação da Olimpíada de Química do RS, bem como o seu funcionamento. Tinha a certeza de que minha participação seria muito vantajosa, bem como, uma excelente oportunidade de me destacar a nível estadual. Assim, em 2016, ano em que passei a cursar o ensino médio, fiz a prova da OBQRS e fiquei muito feliz, e ao mesmo tempo surpreso, ao conquistar a medalha de prata na modalidade EM-1. Minhas participações me fizeram despertar o gosto por esta matéria fascinante e são uma motivação para que eu me aprofunde cada vez mais, a fim de tornar-me um destaque nesta área. Por mais que eu ainda não tenha definido meu futuro profissional, já tenho algumas ideias de que caminho seguir. Seja trabalhando em um laboratório, em um consultório, ou em uma sala de aula, quero que a Ciência esteja presente, para que cada vez mais a mesma continue avançando e que possa alcançar cada vez mais pessoas.” MAITÊ PERLA MARTINS (Fund. Esc. Téc. Liberato Salzano Vieira da Cunha - Novo Hamburgo- 1º Lugar EM-3)

“Participar foi ótimo. Eu era boa aluna, porém sabia que não poderia ir para a OBQ só com o conteúdo que aprendia em sala de aula se quisesse ganhar. A professora avisou das Olimpíadas 22 dias antes da realização. Lembro bem, pois contei que tinha 22 dias para estudar, e assim fiz. Estudei Química todos os dias, fiz resumos e imprimi várias edições anteriores. Isso influencia muito no meu futuro, pois obtive resultado por meu esforço. A partir de então descobri que eu era capaz, poderia conquistar feitos excelentes se me dedicasse. Ir para o ramo da Química é uma opção, porém não é a principal. Ainda não decidi o que eu quero ser. Talvez medicina. Já mudei de ideia várias vezes e sinto que vou continuar mudando. Na verdade amo estudar, não só exatas mas também humanas, e me sentiria bem seguindo muitas carreiras. Acho a Ciência importante e vejo que ela vem mudando o mundo há muito tempo. Se olharmos ao nosso redor, se o que vemos é diferente do que era há 100 anos, é graças a Ciência. Ela continuará a mudar o jeito como vivemos e melhorar nossa qualidade de vida.” ALEXANDRE BERGONSI BERNAT (Colégio Mauá - Santa Cruz do Sul - 3º Lugar Modalidade EM-3)

“Foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora, porque tive que me esforçar bastante me aprofundar em diversos conteúdos. Além disso, ao conquistar a premiação, fiquei muito contente, pois senti que toda dedicação tinha válido a pena. Eu acho que a OQRS poderá agregar valor ao meu currículo e facilitar a minha entrada no mercado. Me apaixonei pela Química quando comecei a fazer curso técnico. Já tenho a certeza que quero seguir na área, mas ainda não sei exatamente em qual faculdade. Acredito que a Ciência transforma constantemente a nossa sociedade.Ela está sempre buscando aperfeiçoamento e inovação, tentando responder todas as questões. É o conhecimento que permite o avanço, não só tecnológico, mas também o social.”

“Minha participação foi unitária, apenas na OBQRS 2016. Se pudesse voltar atrás para ter iniciado previamente minha participação, com certeza o faria. As provas desafiam o aluno a ir além do que está acostumado em sua escola, de maneira geral. Acredito que esta seria, então, a principal lição da olimpíada estudantil. Acredito que o hábito de buscar sempre mais nos faz pessoas melhores e mais competentes. Quanto a segunda pergunta, não pretendo atuar na área da química diretamente, mas sim através da engenharia. A ciência é o ramo do conhecimento humano que proporciona a humanidade os avanços tecnológicos e, consequentemente, uma maior qualidade de vida. É a Ciência que move o mundo, e assim permanecerá.”

CARTA DO CRQ-V AS OLIMPIADAS DE QUIMICA Como profissionais da Química, sabemos de seu impacto determinante na melhoria das condições de vida da sociedade. As pesquisas na área possibilitam que esses avanços sejam realmente efetivos, uma vez que o conhecimento viabiliza a criação de produtos mais seguros para o meio ambiente e para as pessoas. Diante disso, as Olimpíadas de Química do RS vêm há 15 anos fortalecendo os laços entre o ensino da Química e os estudantes que são o futuro do nosso país. Ao abordar a Química de uma maneira mais próxima da realidade dos(as) alunos(as), as Olimpíadas permitem que o conteúdo aprendido no colégio

possa ser verificado e aplicado. O número cada vez maior de inscritos e o envolvimento das escolas e professores(as) demonstram a importância que a competição tem ganhado como atividade extracurricular de incentivo à formação científica. As provas das Olimpíadas têm o mérito de despertar o interesse pela disciplina, contribuindo para o desenvolvimento do estudo deste campo da Ciência no estado. Desde as primeiras edições do evento, o CRQ-V é parceiro das Olimpíadas por acreditar que o exercício legal da atividade Química no RS passa obrigatoriamente pela valorização do

ensino básico ao superior. Em nenhum momento a educação deve ser deixada de lado. O ensino da Química de qualidade é imprescindível para que possamos expandir e fortalecer a área científica no estado e no Brasil, buscando nos equiparar ao potencial de países mais desenvolvidos. Com os desafios que se colocam à frente, os jovens estudantes e futuros profissionais têm a necessidade de elaborar estratégias sustentáveis para a utilização dos recursos disponíveis. Nesse sentido, as Olimpíadas auxiliam na preparação de uma juventude econômica, política e socialmente consciente. 9


ENTREVISTA

DESAFIOS E PROJEÇÕES 2017 CONFIRA A ENTREVISTA COM MARCELO LEAL, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO RS ÓLEO, GÁS & ENERGIA CRQ-V: A Associação traz assuntos referentes

ao gás e óleo, assim como energias renováveis. Sempre houve uma disparidade histórica, em que o gás e o óleo ocupam uma ponta e as energias renováveis outra. Como a Associação entende esses conceitos e que essas tecnologias podem caminhar juntas?

CRQ-V: A RS Óleo, Gás e Energia é uma

Associação com intuito de manter e ampliar a atuação de grupos do setor industrial metal, mecânico e energético do estado. Quais são as ações e medidas adotadas, como Asssociação, para alcançar este objetivo?

Marcelo: Nosso intuito é manter e ampliar esta rede de empresas, oferecendo representatividade em cadeias produtivas que sejam do interesse de todos os associados. Já atuamos no Polo Naval e, atualmente, estamos direcionando nossas atenções para o Polo Metal-Mecânico – claro, sem nunca perder o foco. CRQ-V: Com apenas 10 anos de existência a

Associação conta com 42 empresas. Como é o laço com estas e que ações são realizadas junto a elas para fomentar a indústria como um todo no RS? Marcelo: A Associação atua no sentido de agregar e apoiar as empresas, gerando integração e contribuindo com muito conteúdo, através de cursos, workshops e oficinas realizadas em parceria com o Sebrae e outras entidades. Sempre acreditamos que a capacitação impulsiona de forma muito eficaz, e isso fica facilmente constatado pela motivação e participação dos associados. Criamos, por exemplo, um Grupo de Trabalho (GT) de Inovação e outro de Sustentabilidade. Temos um conselho ativo e constantemente preocupado com a entidade, levando os associados em missões a Feiras e Exposições direcionadas ao setor, nas quais possam haver rodadas de negócios. 10

Marcelo: A Associação nasceu com foco Energético. Iniciamos pelo “Óleo e Gás” porque, na época, as empresas participantes estavam mais vinculadas a trabalhos nessa área. Com o tempo e as mudanças econômicas, veio a necessidade de expandir para atender a demanda de empresas na área de energias renováveis, que enxergaram boas oportunidades de negócios dentro da RS OGE. E o resultado foi excelente, pois captamos novos e importantes associados. Isso deixa claro que a Associação não tem preocupação com as disparidades históricas; existimos para integrar, incentivar negócios e motivar o crescimento. Sendo da área energética, oferecemos espaço para a troca de ideias e a possibilidade de caminharmos juntos. CRQ-V: Quanto a responsabilidade social e

ambiental, quais são ações trabalhadas junto aos associados que intensificam estes aspectos? Existe algum caso específico de empresa que representa inovação e fomenta iniciativas deste cunho? Marcelo: A Associação incentiva o pilar da sustentabilidade entre os seus associados com as seguinte ações: Promovendo parcerias, a RS OGE realiza Workshops, missões, feiras e rodadas de negócios, incentivando a sustentabilidade econômica das empresas. No campo da Responsabilidade Social, mantém parceria com a Casa do Lar Menino Jesus de Praga, para a qual realiza coleta de alimentos e doações, além de publicar as ações da Casa, incentivando os associados a se engajarem nessa causa. Ainda em 2016, a RS OGE participou do Comitê de Qualidade para a recertificação da Casa na ISO 9001. Na área de Responsabilidade Ambiental, a RS OGE realiza a compra de fornecedores locais e com sustentabilidade em suas ações; utiliza a comunicação eletrônica, com redução no uso de insumos; realiza a separação do lixo e a doação de recicláveis para a o TECNOPUC – onde o material é recolhido por uma cooperativa; entre demais ações. Entre seus associados, a RS OGE incentiva e divulga a sustentabilidade e cria ações como o “selo rumo à sustentabilidade”. Há alguns anos, criamos também o GT

de Sustentabilidade, que atua nesta área. As empresas associadas que optam por participar e concorrer ao Prêmio de Sustentabilidade são auditadas e precisam atender a critérios específicos nas avaliações. Ainda dentro da ótica ambiental, quais os projetos para 2017 que buscam resultados satisfatórios para empresas e meio ambiente? Será dado continuidade ao selo “Rumo à Sustentabilidade”, um programa de reconhecimento desenvolvido pela Associação RS Óleo, Gás & Energia através do seu GT de Sustentabilidade, com o objetivo de fornecer mecanismos para que a sustentabilidade e a qualidade sejam estratégias de negócio para as empresas associadas. O selo foi construído com base no modelo de diagnóstico utilizado pelos técnicos do GT e nos indicadores de sustentabilidade da Bovespa. Programas de reconhecimentos são poderosos instrumentos para o desenvolvimento empresarial e um diferencial no mercado. CRQ-V: Como a Associação concilia avanços tecnológicos e possíveis impactos negativos? Marcelo: A Associação está sempre participando de reuniões, palestras e fóruns relacionados se manter atualizada e compartilhar e discutir com seus associados todos os impactos, sejam eles positivos ou negativos. Para isso, temos as reuniões mensais e definições de pauta. CRQ-V: Em nível local, quais são as maiores

urgências e avanços do ano?

Marcelo: A maior urgência é saber lidar com a crise, suas consequencias e atender às demandas constantes, tanto as da área de energia quanto as de cunho administrativo e de gestão. Por isso, focamos os primeiros workshops deste ano nas áreas de Marketing Digital, Panorama Atual/Perspectivas e Gerenciamento de Crise, proporcionando aos associados informações básicas a serem utilizadas em 2017/2018. CRQ-V: Dentro do recorte político-econômico

atual, qual a tua recomendação para os profissionais do ramo?

Marcelo: R e c o m e n d o q u e s e a t u a l i z e m , participem de associações – pois trazem muita informação e integração –, invistam tempo na participação de eventos em suas respectivas áreas e que nunca desistam de seus sonhos. As dificuldades estão aí também para que possamos aprender e enxergar alternativas inovadoras para as nossas empresas.


MURAL

FORMATURA DA UNISC DO DIA 18 DE FEVEREIRO DE 2017

FORMATURA DA UNISC DO DIA 18 DE FEVEREIRO CERTIFICAÇÃO DE MELHOR ALUNA

FORMATURA DO CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA DA UNIVATES, REALIZADA NO DIA 18 FEVEREIRO

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Desde 1937 integrando os setores da CiĂŞncia e construindo bases para o futuro.

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