INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5a REGIÃO JANEIRO A MARÇO DE 2019 ANO XXIIi- Nº149
CAFÉ
Do grão ao expresso, entenda mais sobre esta bebida muito apreciada ao redor do mundo PLANTAS E ANSIEDADE Como a natureza pode colaborar no combate ao transtorno de ansiedade.
NELSON CALAFATE Entrevista a este profissional respeitado e de grande colaboração científica.
Índice SAÚDE
Editorial pg. 3
Plantas auxiliam no combate ao transtorno de ansiedade.
CAFÉ
pg. 4
Uma das bebidas mais consumidas ao redor do mundo leva ciência em sua composição e preparo.
ENTREVISTA
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Entrevista a Nelson Gonçalves Calafate, profissional da Química de grande influência e importância.
TABELA PERIÓDICA
pg. 10
2019 é o Ano Internacional da Tabela Periódica dos Elementos Químicos.
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
pg. 11
MURAL
pg. 11
Expediente Presidente Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente Estevão Segalla Secretário Renato Evangelista Tesoureiro Mauro Ibias Costa Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Redação Louise Gigante Editoração Gráfica Louise Gigante Tiragem 2.000 Impressão Gráfica Ideograf INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RS FONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR
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Dica de Livro
A primeira edição do informativo CRQ-V deste ano abordará assuntos importantes para a comunidade Química e sociedade em geral. Na primeira matéria, tratamos de um assunto que vem recebendo grande atenção ao redor do mundo: a ansiedade. Sendo considerada uma das doenças mais incapacitantes do mundo, ela possui diversos causadores, efeitos e formas de tratamento. Buscamos compreender como a natureza pode colaborar no combate contra este transtorno, sem o uso de medicamentos artificiais ou outros mecanismos A matéria de capa recebeu o querido café. Bebida quente, preparada e consumida há muito tempo ao redor do mundo inteiro é pura química. O estudo acerca dessa bebida surge ainda no plantio de seu grão. Podendo ser consumido de diversas maneiras, o café tem uma longa trajetória na história mundial. Nelson Gonçalves Calafate é um profissional de grande influência e importância no campo da Química e da Literatura. Membro da Academia Riograndense de Química, Calafate carrega consigo uma vasta e comprometida história com a ciência brasileira. Conversamos com ele acerca de suas histórias, conquistas, família e trajetória pessoal e profissional. Na última matéria deste informativo, salientamos a Tabela Periódica. Ferramenta indispensável para todos da área da Química, ela é lembrada ao longo de 2019 por seus 150 anos de história. A ONU definiu este ano como o “Ano Internacional da Tabela Periódica dos Elementos Químicos”. Desejamos a todos uma ótima leitura!
50 ideias de Química que você precisa conhecer Quais os combustíveis do futuro? Como aproveitar produtos naturais para combater doenças? É possível criar músculos artificiais? O que é “química verde”? Em 50 ideias de química que você precisa conhecer, a autora Hayley Birch responde a essas e outras importantes perguntas relacionadas ao estudo dessa ciência. Este livro aborda os conhecimentos centrais da química, introduzindo desde os seus conceitos mais antigos até as pesquisas mais modernas. Átomos, reações químicas, DNA, o processo Haber, enzimas na indústria, espectros, cristalografia, astroquímica, entre outros, são alguns dos temas discutidos. Um guia completo para o mundo da química – ciência fundamental para a compreensão da natureza e que nos fornece insights fascinantes sobre nossas origens, além de continuar revolucionando a vida como a conhecemos.
Números do Conselho JAN - MAR Vistorias
434
Autuações
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Registro de Pessoa Física
76
Registro de Pessoa Jurídica
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SAÚDE
Plantas auxiliam no combate ao transtorno de ansiedade A ansiedade manifesta-se de diversas maneiras dependendo de cada organismo. Os principais sintomas são insônia, falta de ar, confusão, boca seca, fadiga, dificuldade de engolir, vertigem, tensão muscular, entre outros. De certa maneira, a ansiedade é relacionada ao medo, principalmente o medo de falhar. Sofrer com esse mal pode fazer com que a pessoa perca a sua autoestima e seja incapaz de realizar tarefas antes rotineiras, inviabilizando a sua vida profissional e social. Antes subestimada por parte da sociedade, hoje a doença afeta grande parcela da população mundial. Ganhando espaço, juntamente com a depressão (considerada a doença psicológica mais incapacitante existente), o transtorno faz parte da vida de cerca de 264 milhões de pessoas em todo o planeta. Fatores socioeconômicos como problemas ambientais, desemprego e estilo de vida são os grandes desencadeadores do problema. De acordo com a Previdência Social, hoje os transtornos psicológicos são a terceira causa de afastamentos profissionais no país e os gastos do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) estão em torno de R$200 milhões em benefícios destinados aos afastados. O transtorno ansioso não é capaz de resultar em alterações físicas no cérebro, mas a química do órgão sofre consequências como a superprodução de adrenalina e noradrenalina (hormônios responsáveis pela comunicação entre neurônios). Esta produção de hormônios neurotransmissores ocorre geralmente em situações de medo e estresse. Já em pessoas ansiosas, a imaginação faz com que o organismo esteja em estado de alerta e preparado para o perigo, mesmo em situações não ameaçadoras de fato. O tratamento para a ansiedade
pode se apresentar de diversas maneiras, dentre elas estão os medicamentos, mudança na rotina, reeducação alimentar, meditação, prática de exercícios físicos e psicoterapia. Cada caso tem um tratamento e auxílio específico, o recomendado é sempre procurar auxílio de profissionais da área. Hoje, diversos estudos apontam para resultados positivos e eficazes por meio da utilização de plantas naturais consideradas medicinais. Alguns exemplos de vegetais com ação medicamentosa são a Valeriana, Gilseng Brasileiro, Passiflora, Camomila e Mulungu. Valeriana (Valeriana officinalis): Esta planta é ansiolítica e tem poder sedativo. Também pode aliviar as cólicas menstruais e intestinais, além de aliviar dores de cabeça causada por tensões piscológicas. É uma planta perene, que apresenta flores brancas e rosadas e possui aroma adocicado. Sua raiz é utilizada em forma de chá há muitos anos pela medicina popular em casos de hiperatividade e tensão nervosa. Doses elevadas não são indicadas a longo prazo, pois podem gerar agitação, cefaleia e vertigem. Ginseng Brasileiro (Pfaffia): É uma planta nativa de nome popular Paratudo. No Brasil existem 20 espécies que se diferem pela região existente, porém, todas são indicadas na medicina popular. A mais conhecida e estudada é a Pfaffia aniculta, nativa da Amazônia. Seu uso é aconselhado para problemas estomacais, fadiga, estresse, cansaço físico e psíquico, imunidade e problemas circulatórios. Utiliza-se sua raiz na forma de tônicos engarrafados para obter os resultados esperados. Passiflora/Maracujá (Passiflora edulis): Esta planta possui uma grande quantidade de flavonoides e suas folhas são usadas como sedativo e calmante, tratando da insônia e nervo-
sismo. Alivia a dor de cabeça causada por estresse e tem poder sobre cólicas menstruais e taquicardia. Além das folhas, suas flores e caule também são utilizados na produção de chás, tinturas e cápsulas. Sua utilização deve ser observada, quando consumida em excesso pode aumentar o efeito sedativo, deixando o consumidor sonolento. Camomila (Matricaria recutita): Além de suas propriedades calmantes, é indicada para pessoas com problemas estomacais (gastrite nervosa, síndrome do intestino irritável e azia). Também é considerada antialérgica, antiinflamatória e pode ajudar em queimaduras do sol. É uma planta originária da Europa, muito comum em jardins públicos e é uma das ervas mais antigas já utilizada pela humanidade. Os egípcios utilizavam-na no tratamento contra a Malária e hoje seu chá é usado para combater a ansiedade, cólicas, conjuntivite, diarreia e dores musculares. Mulungu ( Erythrina mulungu): É uma planta medicinal com diversos nomes populares que ajuda no tratamento da ansiedade e insônia. É muito encontrada na floresta amazônica e seu chá, além de ser um calmante natural para o sistema nervoso, possui efeito que equilibra e fortalece o fígado. Seu efeito calmante é aliado de pessoas que sofrem com abstinência de cigarro ou outras drogas. Também diminui o inchaço nas pernas e dores articulares. Seu uso não é indicado para quem possui pressão baixa pois ele age diminuindo a pressão arterial. É importante ressaltar que o tratamento acompanhado de profissionais é indispensável em casos sérios de transtorno de ansiedade. A utilização de métodos naturais também deve ser feita com cuidado e atenção à saúde. 3
CAFÉ
CAFÉ
do grão ao expresso 4
Presente na rotina de grande parte da população mundial, o café é consumido em sua forma tradicional, misturado com leite, chantilly, açúcar e outras especiarias. Seu sabor e aroma são marcantes e muitas pessoas consideram-se até viciadas na bebida. Popularmente, ela é a bebida mais consumida por quem quer se manter atento ou acordado por mais tempo, além de ser comumente ingerida em épocas frias, em que o consumo de bebidas quentes aumenta. COMPOSIÇÃO No café, encontram-se diversas substâncias químicas além da cafeína, que são pouco faladas. A bebida é considerada saudável ao organismo e pode trazer benefícios. Tudo começa no grão – fruto do cafeeiro – que é torrado para se chegar à forma final. O grão, que pode ser chamado de “café verde” possui muitos minerais como o potássio, ferro, magnésio, sódio, cálcio, cobre, zinco, entre outros. Também encontram-se aminoácidos como arginina, asparagina, alanina, isoleucina, serina, etc. Além de lipídeos e açúcares. Os ácidos clorogênicos, presentes na planta, são os responsáveis pela maior parte da ação antioxidante do café e possuem ação antiviral e antibacteriana. Após o grão ser torrado, muitos destes compostos se transformam ou são destruídos. É esta transformação que garante ao café o aroma e sabor marcantes. A cafeína é uma substância termo-estável e não se degrada na torrefação. A cafeína é um alcalóide que faz parte do grupo das xantinas trimetiladas e pode ser encontrada em diversas plantas (no grão do café, no cacau, no guaraná, noz de cola, e chás). É a substância natural psicoativa mais utilizada pela humanidade e pode ser consumida em cafés, chás, energéticos, refrigerantes, etc. Quando ingerimos a cafeína, nosso sangue a absorve no período de 40 minutos até 2 horas após. Ela então é distribuída através dos tecidos do organismo e consegue atravessar as membranas das células. Sua principal reação no corpo é o fato de o cérebro entrar em estado de alerta e maior foco nas atividades em que está desempenhando. A atenção mais aguçada faz com que o sono diminua e a sensação de produtividade e bem-estar aumente. Ao ingerir a cafeína a substância bloqueia a adenosina – substância química expelida pelo sistema nervoso e que possui efeito tranquilizante inibindo sua ação. Além disso, a adrenalina (hormônio simpaticomimético e neurotransmissor) é liberada no organismo e coloca o corpo em estado de alerta. Com isso, os batimentos cardíacos se elevam e a musculatura se contrai, preparando o organismo para a situação que poderá a vir. Por ser metabolizada no fígado (que possui variações de organismo para organismo), a ação em cada um será diferente, podendo ser mais rápida ou mais lenta, mais forte ou branda, mais duradoura ou curta. Além disso, o sexo, peso, idade e outros fatores genéticos são distintos e possuem influência. Portanto, cada pessoa sente o efeito do composto de maneira individual, sentindo necessidade de doses maiores, em períodos diferentes, etc. O tempo que a cafeína fica em nossa corrente sanguínea pode variar de 6 a 10 horas. Após seu efeito no organismo, a cafeína é excretada através dos rins (ou pela saliva, sêmen
e leite materno). Esta duração pode sofrer alterações dependendo das atividades físicas praticadas, do consumo de água, consumo de outros estimulantes, transpiração, uso de medicamentos paralelamente, etc. Em pessoas que possuem o hábito do tabagismo, a concentração do composto dura cerca de 2x mais do que os não fumantes. HISTÓRIA Com origem no continente africano (nas regiões altas da Etiópia) ainda na Antiguidade, o café é uma planta conhecida e muito utilizada no mundo inteiro desde seu “descobrimento”. Os povos africanos utilizavam inicialmente uma pasta feita dos grãos do café para alimentar seus animais e dar maior força aos guerreiros locais. O cultivo do grão, porém, se propagou primeiramente na Arábia, onde o cultivo teve sua maior importância na região do Iêmen, se expandindo, depois por todo o Mundo Árabe. Saindo da Arábia, o café foi levado para o Egito (Século XVI), posteriormente para a Turquia e no século seguinte para o continente europeu. Após se espalhou pelos países da América (hoje os Estados Unidos é o país que mais consome café no mundo). No Brasil, em 1727, foram trazidas clandestinamente mudas de café-árabico da Guiana Francesa, neste período, o produto já havia alcançado valor comercial alto e atraía aqueles que visavam o lucro. Os primeiros locais a receberem as plantações foram os estados da Região Norte e Nordeste do país. Naquele primeiro momento, as condições climáticas não colaboraram tanto com o desenvolvimento da planta. Entre os anos 1800 e 1850, foram levadas mudas para a Região Sudeste (nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais) onde o desenvolvimento foi pleno. A partir daí, o café passou a se tornar produto de grande valor no Brasil e a mais importante fonte de arrecadação naquela época. Neste período o Brasil era um grande exportador e produzia cerca de 45% de todo o café mundial. Este sucesso nestes locais de plantio tornou o estado de São Paulo um dos melhores financeiramente falando, no século XX. Surge então a conhecida política café-com-leite, que consistia em alternação de presidentes do país entre paulistas e mineiros, mantendo sempre os dois estados em destaque com relação a finanças e governo. Esta política perdurou até a década de 1930. O café passou, nos anos seguintes, a ser plantado em outros estados do Brasil e até hoje é um dos grãos mais consumidos pelos brasileiros. TIPOS DE CAFÉ Arábica (Coffea Arabica) – é o grão mais conhecido e que faz parte de mais de 60% da produção mundial de café. Estes grãos se desenvolvem em áreas de chuva e sombra e tem estatura relativamente baixa, facilitando sua colheita. O ambiente em que está plantado é essencial para seu desenvolvimento e seu cultivo deve ser feito com cuidado para que se tenha a produção correta. A qualidade do grão é reduzida quando o café desta espécie é servido frio ou acompanhado de creme. Robusta (Coffea Caniphora) – é o segundo mais pro5
CAFÉ duzido ao redor do mundo e seu nome remete a sua grande tolerância ao ambiente em que está plantado. Os seus grãos possuem quase o dobro de cafeína que o arábica. Seu gosto mais amargo é aparente, assim como o fato de ser mais encorpado. Sua qualidade se mantém a mesma quando consumido com açúcar e creme. Liberica (Coffea Liberica) – é a especialidade mais difícil de ser encontrada. Seus grãos são maiores que os demais, geralmente assimétricos e de aroma único e marcante, considerado “amadeirado” por alguns consumidores. Excelsea (Coffea Excelsa) – seu crescimento de destaque ocorre na Ásia e sua produção representa 7% da população mundial. É muito utilizado em misturas, com o intuito de dar mais sabor ao Café. Seu gosto lembra notas azedas e frutadas Com relação à forma de consumir, podemos destacar os seguintes, preparados ao redor do mundo: Café com leite – é o café filtrado com leite fervido ou aquecido. O leite de certa forma ameniza o forte sabor do café, fazendo que este seja um dos preferidos por pessoas de paladar sensível. Capuccino – também leva leite em seu preparo. Em sua receita original, são colocados 1/3 de café expresso, 1/3 de leite vaporizado e 1/3 de espuma de leite que não pode estar muito quente. Mocha – também chamado de mocaccino, é um dos preferidos pelos apreciadores do chocolate e leva em sua composição calda de chocolate, leite vaporizado e espuma. Machiatto – é preparado com uma mancha de creme feito com leite sob o expresso. Café com chantilly – é muito comum entre os brasileiros e consiste em uma camada generosa de chantilly por cima do café expresso.
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CUIDADOS Na atualidade, além do uso comum, a cafeína é comumente utilizada em dietas de emagrecimento (no consumo do café ou cápsulas concentradas de cafeína com o objetivo de acelerar o metabolismo e melhorar o desempenho durante o treino) e também em medicamentos para dor. Em função disto, ao iniciar o tratamento com certos tipos de remédios, é necessário comunicar o médico responsável, para que se tenha controle de possíveis interações medicamentosas que podem ser de grande risco para a saúde. O consumo excessivo de cafeína, principalmente se associado à outras substâncias, pode levar à uma intoxicação que apresenta em seus efeitos taquicardia, irritação, ansiedade, tremores etc. Seu uso sem controle e moderação pode levar a quadros de insônia, sono leve e até à dependência. A dor de cabeça que pode ser sentida por aqueles que consomem além do que são acostumados, pode ocorrer também nos usuários com costumes contrários. Aqueles que são acostumados com doses diárias de café, em alto nível e desejam parar, não devem fazer isto bruscamente, a redução deve ser lenta e crescente para que não ocorra uma queda brusca de pressão arterial.
ENTREVISTA
Entrevista a Nelson Gonçalves Calafate Profissional da Química de grande importância e influência, Nelson é membro da Academia Riograndense de Química e da Academia Luso-Brasileira de Letras por seus feitos no campo literário. Aos 89 anos o acadêmico fala sobre sua trajetória pessoal e profissional. 1) Quando ingressou na área da Química para estudar o que você tinha de expectativas com relação à profissão? Exatamente o que se passou com o progresso de atividade da indústria química de nosso país, campo de minha atuação. Aos 15 anos, de “office-boy” de uma empresa norte-americana eu fui promovido a ‘Prático de Laboratório’, um mês depois - com a sugestão de vir a estudar Química, pelo Diretor Técnico, Dr. Juvenil Osório de Araújo Dória, que veio a ser o segundo Presidente do Conselho Federal de Química. Sempre em atividades industriais, passei por várias organizações, como químico industrial e engenheiro químico (mais tarde tornei-me engenheiro de Segurança do Trabalho), cargos gerenciais, até Diretor Industrial. Com orgulho, cito a indústria química brasileira, hoje com 150 empresas de grande porte, mais 650 de porte médio, além de 1.200 pequenas organizações; todas gerando dois milhões de empregos e movimentando cerca de US$ 157 bilhões por ano. Ela representa 10% do PIB industrial de nosso país, sendo o quarto maior setor industrial da economia brasileira. E, em escala global, ocupamos o 8º lugar entre as maiores do mundo. A Química está matricialmente relacionada às comunidades acadêmica, científica, tecnológica e de inovação. Uma outra parte importante: a conexão entre pesquisas na Universidade e a indústria desempenha um papel importante devendo ser a base da política de pioneira tecnologia e inovação dos próximos anos. Um dos campos emergentes é o da ‘Química Verde’, Química Ambiental ou Química para o Desenvolvimento Sustentável, que tem como alvo final conduzir pesquisas e processos industriais ecologicamente importantes; para viabilizar este campo é preciso a união entre a inovação científica, a sustentabilidade de ambiental e os objetivos econômicos. Nós apoiamos a iniciativa de chamar-se Curso de ‘Química Industrial e Ambiental’, em vista de termos iniciado a estudar “Aquecimento Global – Transformação Climática”, após encontro com o cientista britânico James Ephraim Lovelock nos anos 1970, na Tanzânia/África. Do sociólogo francês Alain Tourraine (novembro de 2010) ouvimos: “O movimento político realmente forte é a Ecologia. Pela primeira vez na História, abandonamos o pensamento do filósofo e matemático francês Descartes e do britânico Bacon (o ‘Doutor Admirável’), segundo o qual ‘A cultura domina a natureza: agora, estamos preocupados em salvar a natureza sem destruir a civilização e vice-versa’”.
2) Em sua trajetória profissional, você vivenciou muitos avanços, como a participação na criação da Lei 2.800. De que maneira você acha que ela colaborou para a sociedade como um todo? E como você colaborou para a criação dela? Inicio pela nossa participação para a criação da Lei Magna, nº 2.800/56. Eu e minha esposa (então estudantes do Curso de Química Industrial da então Escola Nacional de Química - ex. Universidade do Brasil) fomos convidados pelos Drs. Geraldo Mendes de Oliveira Castro e Juvenil Osório de Araújo Dória – posteriormente Presidentes (1º e 2º) do Conselho Federal de Química - a pedir ao General João Carlos Barreto, presidente por oito anos do Conselho Nacional do Petróleo (antes da criação da Organização Petrobras) – a possibilidade de uma ajuda no seguimento do chamado ‘Projeto dos Químicos’, junto ao então Presidente Getúlio Dornelles Vargas (seu filho, Getúlio Vargas Filho, era nosso colega); deste, chegamos ao futuro Senador Daniel Krieger/Rio Grande do Sul, que foi um notável colaborador conosco, fazendo-nos chegar ao Deputado Relator do Projeto, Nelson de Souza Carneiro; e, adiante, estivemos com o Presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que veio a sancionar a nossa Lei 2.800, em 18 de junho de 1956: “Criando os Conselhos Federais de Química e os Conselhos Regionais de Química e dando outras providências”. Em suma, nossos sinceros parabéns aos presidentes do CFQ e dos CRQ’s – extensivamente aos seus gestores e servidores, por todos os seus esforços, inclusivamente por pode7
ENTREVISTA rem gerir, com muita austeridade, os recursos financeiros de suas entidades. Já agora, o CFQ anuncia o Planejamento Estratégico 2018 – 2019 e o Orçamento-Programa 2019, feitos com transparência e austeridade da gestão de recursos públicos. Tais documentos servirão de base para os gestores dos CRQ’s, estes sempre empenhados na organização de suas unidades. Foram notáveis as pesquisas científicas brasileiras, bem como a posição de nossa indústria química: 4º lugar no ‘ranking’ do setor industrial na economia do país e, em escala global, tendo o 8º lugar entre as maiores do planeta, como já dito. Da Lei nº 2.800, surgiram mais de 50 modalidades quanto a profissões da Química, diversificação essa congregada por representantes de escolas e universidades que formam profissionais da Química e por estes que labutam nas instituições de pesquisa e nas indústrias; agregados a associações, entidades profissionais, sempre procurando estabelecer o equilíbrio de representações e assegurando melhor intercâmbio entre a escola, o profissional e a sociedade, para quem, em última análise, se destina todo o trabalho do Sistema CFQ/CRQ’s.
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3) Quais as principais dificuldades encontradas por você em toda a sua trajetória? Sinceramente, nunca havia encontrado grandes dificuldades com pessoas, entidades e grupos de trabalho. Curiosamente, justo agora vivo um tempo de incompreensão com o fato de minha classe profissional não ser citada para a solução de um grande problema nacional, com as recentes rupturas de rejeitos minerais em Mariana e Córrego do Feijão – no estado de Minas Gerais. Onde os acidentes? Nas minas de Santarém/do Fundão, rompimento de uma barragem, bem como transbordamento de outra unidade. O impacto: 19 pessoas falecidas e 12 desaparecidas; destruição do distrito de Bento Rodrigues, além de 30 km de área morta: em Mariana. De outra parte, 214 mortos e 91 desaparecimentos (dados de 25/03 p.p.) em Córrego do Feijão/Brumadinho (MG), com o risco adicional de os rejeitos descerem o rio Paraopeba e atingirem o reservatório da Hidrelétrica Retiro Baixo, só a 30 km do Rio São Francisco. Em 13 de fevereiro, constava haver no Brasil 24.082 barragens registradas na Agência Nacional de Águas/ANA: 3.543 são consideradas de risco e alto potencial de dano. Destas, 790 são de contenção de rejeitos de mineração e 285 de retenção de resíduos industriais, várias das quais têm provocado desastres ambientais. Todos os rejeitos industriais ou poluentes lançados nas barragens e bacias hidrográficas são produtos químicos, mesmo que contenham minerais estáveis; são perigosos porque a sua ingestão é tóxica; com minério de ferro, argila e sílica, chegando até longas distancias. E são acompanhados de metais pesados, como cádmio, chumbo, mercúrio e, às vezes, arsênico. São de alto perigo ao homem, aos demais animais, aos vegetais, às vias fluviais (matando peixes) atingidas pelos rejeitos de lamas. Os metais zinco e cobre atacaram os corais em Abrolhos/Bahia. Tudo, matricialmente ligado à ciência química e seus profissionais, seja pelos processamentos químicos empregados na mineração (lamas de flotação com polímeros orgânicos); havendo a produção de biogás, que, segundo especialistas, acumulado,
pode expandir e destruir uma barragem. Curiosamente, só se ouve falar sobre administradores, engenheiros de minas, hidrólogos – todos de alto nível, é bem verdade – contudo os profissionais da Química são omitidos. Por isso, dirigimo-nos, desde 18 de abril de 2018 e diretamente, ao Senhor Presidente do Conselho Federal de Química, Prof. Dr. José de Ribamar Oliveira Filho, que acaba de programar reunião em Manaus (comemoração de 30 anos de existência do CRQ-Amazonas) quando, também, será tratado o assunto. Nossa tese é de que o CFQ venha a emitir uma Resolução Normativa (ou outro documento legal) estabelecendo a existência de um químico industrial e/ou engenheiro químico, competente e experiente, obrigatoriamente, na direção técnica das barragens minerais de nosso país. Semelhante dificuldade sentia meu saudoso amigo da cadeira de Metalurgia (Escola Nacional de Química ex. LIB), Professor Mário Abrantes da Silva Pinto, quando destacava a incompreensão dos engenheiros de minas para com os químicos e a Química, como que desconhecendo os fenômenos físico-químicos em jazidas e barragens de rejeitos de mineração; 4) Com relação à evolução da área da Química em todos estes anos, desde a Lei 2.800, qual você considera mais pertinente? Julgo interessante lembrarmo-nos da conceituação de nosso Código de Ética: “A Química é a ciência que tende a favorecer o progresso da humanidade, desvendando as leis naturais que regem a transformação da matéria; a tecnologia química, que dela decorre; e a soma de conhecimentos que permite a promoção e o domínio dos fenômenos que obedecem a essas leis, para sistemático usufruto e benefício do homem”. A área química - em todas as áreas - está constituída por representantes de escolas e Universidades, que diplomam, naturalmente, profissionais da Química e por aqueles que trabalham nas instituições de pesquisa e nas indústrias, sempre visando o equilíbrio de representações e assegurando o melhor intercambio entre a escola, o profissional e a sociedade, para quem, em última análise, se destina todo o trabalho científico. A Química está, igual e intrinsecamente, associada ao nosso quotidiano: na qualidade dos alimentos, da água, do ar, dos medicamentos, da roupa que vestimos, dos automóveis e dos combustíveis, dos eletrônicos, em casas e apartamentos, em cosméticos, artigos de limpeza e higiene pessoal, além de muitos outros produtos essenciais para o dia a dia da população. O profissional da Química desafia teorias e proporciona a transformação quer na pesquisa quer na indústria, na síntese ou na aplicação de novas matérias, na Química Ambiental ou dos produtos naturais. Sem o químico, a civilização não teria alcançado o atual estágio científico que permite ao homem e à mulher sondar as fronteiras do Universo, desenvolver medicamentos para males antes incuráveis e multiplicar bens e artigos cujo acesso era muito restrito. Atualmente, 216.680 profissionais de nível superior (com menor presença dos formados em nível médio) labutam no Brasil, em 55.293 empresas ligadas aos Sistema CFQ/CRQ’s, em uma fatia bem importante da economia industrial do Brasil. Compõem a in-
ENTREVISTA teligência e o esforço daquele grupo: engenheiros químicos, químicos industriais, químicos com atribuições tecnológicas, bacharéis e licenciados, além de técnicos químicos. 5) Qual sua relação com o Conselho Regional de Química da 5ª Região? Há alguns anos atrás, eu fui convidado a presenciar uma reunião de Presidentes dos diversos Conselhos Regionais, realizada no Rio de Janeiro. Lá, tive o grande prazer de conhecer os Drs. Paulo Roberto Bello Fallavena (Presidente) e Dario da Silva Oliveira Jr. (Diretor do Departamento Jurídico). Mais adiante, em 2009, fui contemplado ao assumir a honrosa missão de Membro da Academia Riograndense de Química, com sede em Porto Alegre/RS e presidida pelo Dr. Paulo Roberto Bello Fallavena. Ainda, no mesmo ano, ao ser o Presidente de Honra do XLIX Congresso Brasileiro de Química, da Associação Brasileira de Química, à qual pertenço desde meu tempo de estudante universitário e, no ano de 1981, elevado à condição de Sócio Benemérto. O Dr. Ricardo Noll era o presidente regional no estado do Rio Grande do Sul, relativamente à Associação Brasileira de Química. De lá para cá, resultou uma verdadeira amizade: mais me comunico com a 5ª Região do que com a 3ª Região, a esta filiado desde 1957. E assim continuará, mesmo considerando a minha idade: 89 anos. 6) Qual a importância de uma entidade como o Conselho Regional de Química e a Associação Brasileira de Química? Devemos comentar as extraordinárias ações do Sistema CFQ/CRQ’s na organização e cumprimento de Normas, desde 1957: na orientação e fiscalização a profissionais e suas entidades de trabalho, quanto à profissão de químico e nas suas diversas modalidades. Os Conselhos profissionais exercem até uma função social. Como resultado de um extraordinário trabalho em grupo no campo empresarial: A indústria química vem agregando valor aos recursos nacionais, gerando empregos, riqueza e bem estar social; Colaborando para o desenvolvimento sustentável, reduzindo os consumos de água e energia, por exemplo; Nossos produtos são fundamentais para a indústria e a atividade agrícola; Há a preservação de talentos para o desenvolvimento tecnológico; Quase 30% dos empregados na indústria química têm nível superior, o dobro da média geral da indústria de transformação; O Brasil é hoje um dos países mais bem posicionados para fomentar o crescimento da indústria química, geradora de divisas e de empresas; Empenhamo-nos em resgatar a competitividade entre as nossas firmas e atrair investimentos. E mais, o extraordinário desenvolvimento científico-técnico, em inúmeras escolas e universidades, diplomando profissionais da Química; além de instituições de ensino, sempre visando o equilíbrio de representações e assegurando o melhor intercâmbio entre a escola, o profissional, através do Sistema CFQ/CRQ’s e a sociedade, como já dito para quem, em última análise, se destina todo o trabalho científico. Insere-se aí a atribuição dos órgãos de fiscalização, observando o exato cumprimento das disposições de empresas comerciais e industriais, em cujos serviços
tomem parte um ou mais profissionais que desempenhem função para a qual se deva exigir a qualidade do químico. Quanto à Associação Brasileira da Química, fundada em 1941, trata-se de uma entidade civil, não governamental e sem fins lucrativos; é detentora de credibilidade na área prevencionista do Brasil, do exterior e com destaque no MERCOSUL e na América Latina. Como também sou engenheiro de Segurança do trabalho, fui seu Superintendente nos anos 1990, época áurea quando o Governo brasileiro havia-se preocupado com a área de prevenção de acidentes do trabalho. Importante por promover educação e informação, aglutinando pessoas e empresas com senso de responsabilidade social, através de cursos de formação e requalificação, congressos, seminários, estudos estatísticos, levantamentos ambientais, legislações e normas de trabalho visando ao bem humano, sua inserção no meio produtivo de forma segura, com produtividade e qualidade de vida – abrangendo a totalidade das atividades econômicas. Criou-se o setor de perícias técnicas (com emissão dos respectivos laudos), num grande leque de atividades: insalubridade, periculosidade, explosivos, inflamáveis, energia elétrica, radiações, agentes físicos: calor, ruído, vibração, frio, umidade, iluminação, radiações ionizantes e não ionizantes, agentes químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores, agentes biológicos, mapas de risco, perfil profissiográfico previdenciário (PPP), diagnóstico em consultorias técnicas, assessoramento na elaboração de prontuários e consultorias técnicas. Espero que a importante organização continue a mesma cooperando para reduzir os acidentes pessoais e coletivos, enfim, implementando a Segurança do Trabalho. 7) Você se considera um profissional feliz? Sinto-me feliz pessoal, profissionalmente e como brasileiro. Neste momento, eu reparo que há em nosso país um olhar especial para a educação. A OCDE (Organização para a cooperação e Desenvolvimento Econômico) mantém um ‘ranking’ da educação de 36 países, na qual o Brasil atualmente amarga a penúltima posição, à frente somente do México. Como critérios avaliados pela Organização estão o desempenho dos alunos no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), a média de anos que os alunos passam na escola e a percentagem da população que está cursando ensino superior. Vale a pena saber as colocações das nações: 1º) Finlândia; 2º) Japão; 3º) Suécia; 4º) Coréia do Sul; 5º) Polônia; 6º) Alemanha; 7º) Austrália; 8º) Estônia; 9º) Eslovênia; 10º) Canadá; 11º) Nova Zelândia; 12º) Islândia; 13º) República Checa; 14º) Dinamarca; 15º) Bélgica; 16º) Suíça; 17º) Noruega; 18º) Holanda; 19º) Estados Unidos; 20º) Hungria; 21º) Irlanda; 22º) Eslováquia; 23º) Áustria; 24º) Grécia; 25º) Rússia; 26º) Reino Unido; 27º) França; 28º) Espanha; 29º) Itália; 30º) Israel; 31º) Luxemburgo; 32º) Portugal; 33º) Chile; 34º) Turquia; 35º) Brasil; 36º) México. O Brasil volta a se debruçar sobre a situação de seu ensino, em comparação à de outros países. Em 2012, pela OCDE, nosso país era classificado nas posições 55º em Leitura, 58º em Matemática e 59º em Ciências, entre os países avaliados pela pesquisa – lembro-me bem. Escolas melhores aquecem a economia.
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TABELA PERIÓDICA 13
Ano Internacion Al da Tabela Periódica dos Elementos Químicos 26.982
A Tabela Periódica é uma maneira de se apresentar de forma organizada todos os elementos químicos existentes. Nela, é possível encontrar algumas informações sobre estes elementos e sua organização é baseada na ordem crescente do número atômico (número de prótons) e no aspecto eletrônico dos átomos. O termo “periódica” é utilizado porque a tabela apresenta a recorrência de algumas características semelhantes que os elementos possuem. A padronização da tabela acontece pela indispensabilidade de tornar mais fácil a comunicação dos profissionais da área que a utilizam. Padronização esta definida pela IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada). Sua história tem início em 1817 com a “lei das tríades” (Johann Wolfgang Döbereiner) e se conclui com a disposi-
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ção e organização atual da tabela (Dmitri Mendeleev e Lothar Meyer). A primeira tabela a ser aceita entre a comunidade química foi a do cientista russo Mendeleev em 1869 que mostrava, por exemplo, as propriedades de elementos ainda não descobertos. Meyer havia publicado uma tabela semelhante no mesmo período, que também foi reconhecida cientificamente posteriormente. A tabela de Mendeleev foi refinada ao longo dos anos para abranger os elementos que foram descobertos até a finalização da tabela atual. Hoje, a tabela possui 118 elementos catalogados e fornece informações sobre o comportamento de cada elemento. Em 1955, o elemento nº 101 recebeu o nome de “Mendelévio” (Md), em tributo ao cientista. 2019 foi proclamado como o Ano Internacional da Tabela Periódica dos
Elementos Químicos (International Year of the Periodic Table of Chemical Elements – IYPT 2019). A decisão foi tomada em Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 20 de dezembro de 2017. O IYPT comemora os 150 anos da descoberta do Sistema Periódico de Mendeleev e do estabelecimento da Tabela Periódica. A comemoração da data tem o intuito de reconhecer a importância da tabela como uma das mais influentes e importantes conquistas da ciência. De acordo com a UNESCO, o Ano Internacional é um ensejo para que se reflita sobre a história da tabela e outros temas como a inserção e papel de mulheres no meio científico e tendências globais sobre ciência voltada ao desenvolvimento sustentável e seus impactos. O site oficial do ano pode ser acessado (em inglês) no seguinte link: www.iypt2019.org/
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
ENGENHEIROS QUÍMICOS DEVEM ESTAR REGISTRADOS NO CRQ-V PARA ATUAÇÃO PROFISSIONAL A engenharia existe desde a antiguidade, onde o ser humano iniciou o desenvolvimento de itens fundamentais como a roda, a alavanca, a polia e outros utilitários. O termo, que deriva da palavra “engenheiro” (que se referia a quem construía ou operava um engenho) surgiu no século XVI e desde então tem grande notoriedade. Hoje, existem mais de 30 tipos de engenharia e diversos profissionais qualificados em cada uma delas. Dentre estas divisões da engenharia, encontra-se a Engenharia Química. Os profissionais engenheiros químicos trabalham com processos industriais onde acontecem transformações físico-químicas. São eles que participam das técnicas de extração/obtenção de matéria prima para produção de produtos químicos e petroquímicos (plásticos, têxteis, tintas, etc). Além disso, são responsáveis por pesquisar processos e técnicas menos agressivos ao meio ambiente e que sejam mais eficientes. Atuam, ainda, no projeto e direção da construção e montagem de fábricas, usinas e estações de
tratamento de efluentes industriais. Universidades e institutos de pesquisa também podem contar com o trabalho dos engenheiros químicos que se dedicam à pesquisa em empresas e órgãos de regulação ambiental. O mercado de trabalho para estes profissionais é amplo, tendo maior demanda na indústria de polímeros, de alimentos, de combustíveis, de tintas e cosméticos. Na agroindústria – em demanda menor –, o engenheiro trabalha com produção de defensivos agrícolas e fertilizantes, já na área ambiental, existem oportunidades no tratamento de resíduos, no reaproveitamento de matérias primas e na geração de energia. O engenheiro químico, assim como os demais profissionais da área da Química, quando estiver exercendo sua função como químico, deve – de acordo com a lei nº 2.800 de 18 de junho de 1956 – estar registrado no Conselho Regional de Química, independente de seu registro ativo ou não no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, antes denominado Conselho Regional de Engenha-
ria e Arquitetura (CREA) de sua região. Nos Artigos 22 e 23 do Capítulo II da Lei fica clara a necessidade do registro: “Art. 22 – Os engenheiros químicos registrados no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, nos termos do Decreto-lei nº 8.620, de 10 de janeiro de 1946, deverão ser registrados no Conselho Regional de Química, quando suas funções, como químico, assim o exigirem.” “Art. 23 – Independente de seu registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, os engenheiros industriais, modalidade química deverão registrar-se no Conselho Regional de Química, para o exercício de suas atividades como químico. O conflito existente entre as duas entidades pode trazer certa insegurança para os estudantes da área e profissionais atuantes, por isso, o CRQ-V coloca-se à disposição pra quaisquer esclarecimentos com relação a isto e deixa clara sua preocupação em manter o mercado de trabalho correto e dentro das leis.
MURAL conselheiro ricardo noll em palestra formatura do curso técnico em química do instituto senai de tecnologia couro e meio ambiente
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CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5ª REGIÃO
A VIDA É NOSSO PRINCIPAL ELEMENTO
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