Revista TÉCNICA #5 (setembro/outubro)

Page 8

I N O VA R : E S T R AT É G I A E F E R R A M E N TA S

HiSeedTech: do laboratório para o mercado (e vice-versa)

Inovação e conhecimento Nas últimas décadas assistiu-se, por via da globalização, em primeiro lugar, e da digitalização, em segundo lugar, a uma transformação significativa do ambiente económico em que as empresas operam. As organizações empresariais foram então obrigadas a procurar estratégias que lhes proporcionassem vantagens competitivas sustentáveis. Uma dessas estratégias assenta na criação de valor através da diferenciação contínua dos produtos e serviços oferecidos pela empresa, ou seja, através de processo de inovação permanente. Assim, a inovação, percebida como a recombinação de ideias existentes ou a geração de novas ideias para o desenvolvimento de novos processos ou produtos (bens ou serviços) (Gordon e McCann, 2005) é considerada, de forma generalizada, como o principal motor de crescimento económico de um país ou região (Rodríguez-Pose e Crescenzi, 2008). Em cada país (ou região), o maior ou menor grau de sucesso na criação de valor económico e social através da inovação depende da sua capacidade em adquirir, absorver e disseminar o conhecimento gerado através de investigação e desenvolvimento (I&D) (Metcalfe e Ramlogan, 2008), ou seja, na sua capacidade de valorizar o conhecimento. Em Portugal constata-se que, nas últimas décadas, um aumento significativo da produção de conhecimento não foi acompanhado por um esforço idêntico na mobilização e consequente valorização desse conhecimento. De facto, este não é um problema exclusivo do nosso país, mas da maioria dos países europeus. A constatação deste desfasamento entre a geração e mobilização do conhecimento gerado em instituições de I&D europeias remonta a 1995, quando a Comissão Europeia (European Commission, 1995) cunhou o termo “Paradoxo Europeu”, para identificar as limitações da generalidade dos países europeus em converter o investimento

Página 6 | TÉCNICA

significativo em I&D em benefícios económicos e criação de empregos (Audretsch and Aldridge, 2009). Em resultado desta constatação, o Conselho Europeu definiu, na Agenda de Lisboa (Council, 2000), uma estratégia para a União Europeia se tornar na economia, baseada no conhecimento, mais competitiva e dinâmica do mundo e capaz de sustentar crescimento económico com mais e melhor emprego e maior coesão social. De acordo com Andriessen (2005), o termo ‘valorização do conhecimento’ foi introduzido, pela primeira vez, na Agenda de Lisboa e pode ser definido como a transferência de conhecimento de instituições de I&D para organizações empresariais para gerar benefícios económicos e sociais. O valor do conhecimento é medido pelo grau de utilidade desse conhecimento (Andriessen, 2005) e, por isso, a valorização do conhecimento é um processo no qual se acrescenta valor a novo conhecimento por forma a transformá-lo num novo (ou melhorado) produto, processo ou serviço que satisfaça uma necessidade de mercado que não está satisfeita (ou está mal satisfeita) (Van Geenhuizen, 2010).

O contexto português A Figura 1 mostra, de forma clara, o aumento substancial do investimento em I&D em Portugal e o correspondente aumento da produção de conhecimento, ao longo das últimas duas décadas, através de um conjunto de indicadores relevantes.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.