Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco - 2022

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ANUAL
REGISTRO DO 2022 Dona Prazeres |
CATÁLOGO
DE
Foto: Jan Ribeiro

GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Governador | Paulo Câmara Vice-Governador | Luciana Santos

SECRETARIA DE CULTURA

Secretário de Cultura | Oscar Barreto Secretária Executiva | Suely Oliveira Gerente de Planejamento | Eduarda Lippo Gerente-Geral de Apoio Técnico e Jurídico ao Gabinete | Alexandre de Medeiros Gerente de Territorialidade e Equipamentos Culturais | Sérgio Cruz Gerente de Controle Interno e Compliance | José Severino de Oliveira

Superintendente de Gestão | Yasmim Dynara Gerente de Políticas Culturais | Renato de Carvalho Assessora de Comunicação | Michelle Assumpção

FUNDAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE PERNAMBUCO - FUNDARPE

Diretor-Presidente | Severino Pessoa Vice-Presidente | Lindivaldo Oliveira Leite Júnior Superintendente de Gestão do Funcultura | Aline Oliveira Superintendente de Planejamento e Gestão | Valter Duarte Gerente-Geral de Preservação do Patrimônio Cultural | Celia Campos Gerente de Ação Cultural | Ada Siqueira Gerente de Produção | Júlio Maia Gerente de Administração e Finanças | Jacilene Oliveira Coordenadora Jurídica | Simone Vasconcelos

Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco

GERÊNCIA GERAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

UNIDADE GERENCIAL DO REGISTRO DO PATRIMÔNIO VIVO DE PERNAMBUCO

Celia Campos

Marcelo Renan Oliveira de Souza Luciana Barros Gama Júlia de Araújo Bernardes

COORDENAÇÃO DE EDIÇÃO

Marcelo Renan Oliveira de Souza Michelle de Assumpção Silva

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Íkaro Santhiago Câmara

REVISÃO TEXTUAL

Amanda Carla Gomes Paraíso PESQUISA E TEXTOS

Janine Ribeiro de Mendonça Júlia de Araújo Bernardes

F981c

Fundarpe. Catálogo anual de registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco - 2022. Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe. Coordenação de edição Marcelo Renan Oliveira de Souza; Michelle de Assunpção Silva - 1.ed Recife [PE]: FUNDARPE, 2022. 80p.

ISBN - 978-85-7240-098-5

Vol. único, com informações sobre a política e sobre o concurso de Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco no ano de 2022.

1. Patrimônio Cultural Imaterial. 2. Patrimônio Vivo de Pernambuco. 3. Cultura Popular. I. Souza, Marcelo Renan Oliveira de. II. Silva, Michelle de Assunpção III. FUNDARPE. IV. Título.

CDD 363.690981 CDU 351.853

CONSELHO ESTADUAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CUTURAL - CEPPC (Biênio 2020/2021)

Representantes da Sociedade Civil

Ana de Fátima Braga Barbosa | Edmilson Cordeiro dos Santos | Augusto Ferrer de Castro Melo | Claudia Pereira Pinto | Cássio Ranieri Ribeiro | Antônio Henrique da Silva Araújo | Cecília Canuto de Santana | Marcos Paulo Aurélio dos Santos | Diomedes de Oliveira Neto | Jocimar Gonçalves da Silva | Mônica Siqueira da Silva | Claudio Brandão de Oliveira | Joana D’arc Ribeiro de Souza Arruada | Harlan de Albuquerque Gadêlha Filho

Representantes do Poder Público

Oscar Paes Barreto Neto | Suely de Oliveira | Severino Pessoa dos Santos | Lindivaldo Oliveira Leite Júnior | Marcelo Casseb Continentino | Antiógenes Viana de Sena Júnior | Margarida de Oliveira Cantarelli | Gerson Víctor da Silva | Reinaldo José Carneiro Leão | Albertina Otávio Lacerda Malta | Roberto José Marques Pereira Celia Maria Médicis Maranhão de Queiroz Campos George Félix Cabral de Souza | Maurício Barreto Pedrosa Filho

Recife Fundarpe 2022 CATÁLOGO ANUAL DE REGISTRO DO Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - FUNDARPE Gerência Geral de Preservação do Patrimônio Cultural- GGPPC Coordenadoria de Patrimônio Imaterial Unidade Gerencial do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco

A Secult-PE

Secretaria de Cultura de Pernambuco

A Secretaria de Cultura, órgão integrante da administração direta do Poder Executivo, tem por finalidade e competência promover e executar a política cultural do Estado; promover ações para mobilizar o apoio técnico necessário à produção cultural; fomentar e promover a arte brasileira fundamentada nas raízes da nossa cultura; e executar a política de preservação e conservação da memória do patrimônio histórico, arqueológico, paisagístico, artístico, documental e a salvaguarda do patrimônio imaterial do Estado.

Desde sua criação em 2011, quando adquiriu status e autonomia de secretaria estadual, a Secult-PE tem empenhado esforços para garantir o acesso de toda a população ao vasto repertório cultural pernambucano e nacional, sempre considerando a diversidade da nossa gente, seja ela estética, territorial ou social.

Atuando junto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), a Secult-PE trabalha com o objetivo de ampliar e consolidar a política cultural do estado com ações de fomento, difusão, formação, regionalização, reconhecimento, valorização e diversidade cultural, tendo ainda como horizonte o patrimônio e a memória.

SECULT
Sede da Secult e da Fundarpe na rua da Aurora Foto: Acervo Fundarpe

A Fundarpe

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco

É o órgão executor da Política de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado, em todas as suas dimensões e expressões. A Fundarpe tem como missão a promoção, o apoio, o incentivo, a preservação e a difusão das identidades e produções culturais de Pernambuco e do Patrimônio Cultural do Estado de Pernambuco de forma estruturadora e sistêmica, focada na inclusão social, na universalização do acesso, na diversidade cultural, na interiorização das ações e no desenvolvimento regional integrado.

Criada em 17 de julho de 1973, a Fundação visa, além do incentivo à cultura, a preservação dos monumentos históricos e artísticos do Estado. Faz parte da Administração Indireta do Estado e está vinculada à Secretaria de Cultura.

O CEPPC

Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural

O CEPPC-PE, criado em 2014, tem caráter propositivo, consultivo, técnico e deliberativo. Vinculado à Secult-PE, tem por finalidade proporcionar a participação democrática da sociedade no desenvolvimento de políticas, projetos e ações no campo da cultura e do patrimônio cultural. Integra, como órgão deliberativo, o Sistema Estadual do Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco.

FUNDARPE | CEPPC
Casa de Oliveira Lima sede do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural Foto: PH Reinaux

Sumário

APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO

Patrimônios Vivos de Pernambuco - Para Saber Mais Cartograma dos Patrimônios Vivos de Pernambuco [2005-2022]

Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo

Banda de Pífano Folclore Verde

Cambinda Velha

Cavalo Marinho Boi Pintado

Leonardo Dantas Silva Mãe Dôra Mágico Alakazam Mestre Calú

Samba de Véio da Ilha do Massangano Tata Raminho de Oxóssi

Legislação de Referência sobre o Registro de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco

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13

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30

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54

60

-

66

72

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Distribuição regional dos Patrimônios Vivos registrados em 2022

10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9
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Apresentação

O Governo de Pernambuco, desde 2005, reconhece anualmente Mestres, Mestras e Grupos ligados às culturas populares e tradicionais como Patrimônio Vivo de Pernambuco, promovendo a valorização dos saberes e fazeres tradicionais e das pessoas como patrimônio, contribuindo cada vez mais para a consolidação das políticas de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial em nosso estado.

O concurso do Registro do Patrimônio Vivo, instituído pela Lei Estadual nº 12.196, de 02 de maio de 2002, já reconheceu 54 pessoas físicas e 31 grupos, totalizando 85 Patrimônios Vivos, nas quatro grandes regiões de Pernambuco (Metropolitana, Matas, Agreste e Sertão), que representam diferentes segmentos culturais como mamulengo, caboclinhos, cavalo marinho, frevo, reisado, pastoril, literatura de cordel e xilogravura, saberes das parteiras e benzedeiras e também práticas culturais e religiosas de referência para povos e comunidades tradicionais, comunidades quilombolas e religiosas de matriz afro-indígena brasileira.

O reconhecimento desses diferentes mestres, mestras e grupos culturais detentores de saberes tão distintos reflete a diversidade da cultura pernambucana e a resistência das comunidades que mantêm tradições seculares que fazem parte da formação histórica, social e cultural do Estado.

Assim, a escolha anual desses Patrimônios Vivos, feita pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC), após etapas de inscrição e habilitação dos candidatos nos critérios previstos na lei, garante para essas pessoas e grupos o apoio e o suporte do Estado na promoção de seus trabalhos, com divulgação, promoção e fomento, além de uma bolsa vitalícia que contribui para a preservação e continuidade de suas atividades.

Neste catálogo, apresentamos o panorama atual da política de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco, destacando as regiões e localidades onde residem e trabalham pessoas, grupos e comunidades dedicadas à produção da arte e especialmente à manutenção da memória cultural e da salvaguarda de nossos patrimônios culturais.

Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco

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Apresentação
Oscar Paes Barreto Neto Secretário de Cultura

Apresentação

Reconhecer, registrar, valorizar, promover e fomentar são princípios da Política de Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco seguidos pela Secretaria de Cultura, Fundarpe e pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC) na aplicação anual do concurso.

O Governo de Pernambuco, além da bolsa vitalícia mensal que passa a pagar ao Patrimônio Vivo, adota outras medidas que possibilitam a ampla participação desses em eventos culturais e educacionais, garantindo condições materiais para que Mestres, Mestras e Grupos possam transmitir seus conhecimentos às novas gerações. Desde a criação da Lei do RPV, Patrimônios Vivos participam ativamente em eventos nos ciclos carnavalesco, junino e natalino, garantindo maior visibilidade às festas tradicionais em suas localidades de origem, além do intercâmbio em programações artísticas em diferentes municípios.

Os Patrimônios Vivos também marcam forte presença em outras importantes ações do calendário da Cultura, como o Festival de Inverno de Garanhuns, O Ciclo das Paixões e A Feira Internacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), onde têm recebido homenagens dentro das temáticas anuais da Feira.

Além das apresentações artísticas, busca-se ainda ampliar a relação dos(as) Registrados(as) com a educação, por meio da participação deles/as em fóruns, cursos, seminários, projetos de pesquisa e nas aulas espetáculos e projetos especiais como o Outras Palavras (atual Viva Cultura), em parceria com a rede estadual de ensino, ou em projetos realizados com recursos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

Tendo a Cultura Popular como um dos eixos estratégicos do Governo de Pernambuco, entendemos portanto que o compromisso com os Patrimônios Vivos é um dos maiores exemplos de que, cuidando da pessoa, a gente cuida da permanência e do fortalecimento da nossa cultura.

Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco

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Apresentação
Severino

Introdu ção Introdu ção

Oficina Artesanato em Palha Foto: Val Lima

Introdução

O Governo do Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Cultura - Secult PE e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe, realizam anualmente o Concurso do Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, instituído pela Lei Estadual nº 12.196, de 02 de maio de 2002. O Registro do Patrimônio Vivo, ou RPV como é popularmente conhecido, tem como premissas a valorização da pessoa e dos grupos e comunidades como promotores da transmissão dos saberes tradicionais e como representantes de diferentes segmentos culturais e artísticos ligados às culturas populares.

Na primeira edição do concurso, no ano de 2005, foram reconhecidos doze mestres, mestras e grupos referente aos anos de 2002 a 2005, sendo três para cada ano. A partir daquele ano, Pernambuco passou a contar com um importante instrumento de salvaguarda da cultura popular e tradicional que envolve a participação direta da sociedade civil na proposição das candidaturas e na deliberação do resultado do concurso, realizado inicialmente por meio do Conselho Estadual de Cultura e a partir de 2014, pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural - CEPPC.

A partir de 2022, após atualizações da Lei do Registro do Patrimônio Vivo, cada edição anual do concurso passou a reconhecer e registrar dez novos Patrimônios Vivos, ampliando ainda mais o alcance e atendimento dessa política no Estado.

A cada edição do concurso, novas inscrições revelam artistas, artífices, lideranças, mestres e mestras da cultura popular em todo território do Estado. Candidaturas únicas e singulares de representantes de diversos segmentos culturais, alguns dos quais em risco de desaparecimento, que fortalecem as tradições vivas da cultura pernambucana.

Por meio do registro e da titulação desses agentes culturais, o Governo de Pernambuco promove o reconhecimento público desses homens e mulheres que, individualmente ou junto aos seus coletivos, mantêm tradições centradas na oralidade, tecem redes de compartilhamento e aprendizado pautados na valorização dos conhecimentos técnicos e das vivências, intercâmbios e histórias que são passados para novas gerações de acordo com os contextos específicos de suas comunidades e localidades, contribuindo com a preservação da grande diversidade de bens culturais aos quais se vinculam.

Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco

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Introdução

Nesse panorama temos, por exemplo, a presença de parteira tradicional, artista circense, mestres e mestras da poesia popular, do repente e da literatura de cordel. Temos também coquistas, maestros de frevo, artesãos modeladores de barro e de brinquedos populares. Cada qual, com seu conjunto de saberes, relaciona-se com uma variedade muito grande de aprendizes, formando discípulos(as) diretamente e indiretamente além de apreciadores de suas artes.

Como efeitos do Registro de Patrimônio Vivo, é dever do Estado desenvolver ações de promoção e difusão desses mestres e mestras e de suas manifestações populares, valorizando o saber e área de atuação individual de cada registrado; articular meios para preservação e transmissão dos seus conhecimentos tradicionais por meio de ações formativas e educativas em diferentes ambientes, no fortalecimento dos vínculos comunitários entre mestres, mestras e aprendizes, e ainda, a manutenção da bolsa vitalícia paga mensalmente, cuja finalidade é viabilizar os meios materiais para subsistência e manutenção dos trabalhos e ações culturais de cada registrado.

Entre as medidas adotadas, o Governo de Pernambuco, especialmente a Secretaria de Cultura e a Fundarpe, ampliou a promoção, o apoio, o incentivo, a preservação, a publicização e a difusão desses Patrimônios Vivos que regularmente são convidados a participar de ações, tais como: o Festival de Inverno de Garanhuns - FIG (palcos, oficinas Alameda dos Mestres, etc.); Convocatórias do Ciclo Carnavalesco, Junino e Natalino; Projeto Outras Palavras; Semana Estadual do Patrimônio Cultural; Feira Nacional de Negócios e Artesanato - Fenearte, e atividades pontuais em parcerias com outras instituições estaduais e municipais, o que também engloba instituições de ensino da educação infantil à educação técnica e superior (3º grau). Esse compromisso assumido considera as dimensões culturais, históricas, sociais e econômicas do patrimônio cultural, bem como o potencial que a valorização das atividades, saberes e produtos desses mestres e mestras gera para o desenvolvimento cultural em suas localidades.

Por esses entendimentos, a Lei do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco é traduzida como um importante instrumento para a preservação do patrimônio

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Introdução

cultural imaterial, tendo em seus registrados, pessoas e grupos, os principais agentes potencializadores desta preservação cultural. Devido à diversidade de origens, saberes, localidades, distâncias e aproximações percebidas com a convivência com esses mestres, mestras e grupos, a Fundarpe e a Secult PE aprimoram anualmente os recursos dedicados à promoção e à aplicação do concurso, a exemplo da informatização do sistema de inscrição de candidaturas. Tal iniciativa ajuda a garantir a interiorização e o aumento das participações, bem como na construção de projetos e de ações que atendam demandas específicas de cada Patrimônio Vivo, firmando parcerias internas e com outras instituições, considerando para isso diagnósticos produzidos pela Unidade Gerencial do RPV e relatos que mapeiam essas realidades tão diversas no bojo das políticas públicas de patrimônio cultural.

Em agosto desse ano, realizou-se a 17ª Edição do Concurso do Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, com a eleição pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural - CEPPC, de mais dez candidaturas tituladas pelo Governo de Pernambuco em cerimônia pública, no Teatro de Santa Isabel, no Recife. Atualmente, há um total de 85 (oitenta e cinco) Patrimônios Vivos, dentre os quais mestres, mestras e grupos, reconhecidos entre os anos de 2005 e 2022, distribuídos nas quatro regiões do Estado (ver mapa nas páginas 16-17) sendo um total de 31 (trinta e um) grupos e 54 (cinquenta e quatro) pessoas entre personalidades vivas e falecidas, que tendo sido registrados pelo Governo do Estado como Patrimônio Vivo, permanecem identificados com esse título mesmo após a sua morte. Neste catálogo anual, é possível conhecer um pouco mais sobre cada um e cada uma que, reconhecidos como Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco no ano de 2022, juntam-se ao conjunto de mestres, mestras e grupos que, com o apoio e o reconhecimento do Governo de Pernambuco, contribuem para salvaguardar saberes tradicionais e da cultura popular para as novas gerações.

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Introdução
Unidade Gerencial do RPV

Patrimônios Vivos de Pernambuco - Para Saber Mais

Patrimônios Vivos de Pernambuco - Para Saber Mais

AMORIM, Maria Alice. Patrimônios Vivos de Pernambuco; 1. Ed. 2010 Recife: FUNDARPE

ISSUU: <https://issuu.com/echeverriama/docs/patrimoniosvivos_>

AMORIM, Maria Alice. Patrimônios Vivos de Pernambuco; 2. Ed. rev. e amp. 2014. Recife: FUNDARPE

Na obra Patrimônios Vivos de Pernambuco, 2ª Edição Revisada e Ampliada, a autora, Maria Alice Amorim, contempla as histórias dos trina e seis Patrimônios Vivos eleitos até 2013. Dentre estes, a publicação conta com os vinte e quatro textos da primeira edição e mais doze textos inéditos. Às fotografias originais, foram acrescentadas imagens de autoria do fotógrafo Costa Neto e do acervo de documentação da Fundarpe.

ISSUU: <https://issuu.com/cultura.pe/docs/livro_patrim_nios_vivos_2_edi__o>

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Exposição Patrimônios Vivos de Pernambuco - a pessoa como patrimônio

A exposição, idealizada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe, montada durante a Fenearte, no período de 10 a 18 de dezembro de 2021, apresentou o panorama do Registro dos Patrimônios Vivos de Pernambuco até 2021, destacando as regiões e localidades onde residem e trabalham pessoas, grupos e comunidades dedicadas à produção da arte e especialmente à manutenção da memória cultural e da salvaguarda de nossos patrimônios culturais.

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Fundarpe na 22ª Fenearte - Exposição Patrimônios Vivos de Pernambuco Fotos: Andrey Lucas Patrimônios Vivos de Pernambuco - Para Saber Mais

Patrimônios Vivos de Pernambuco - Para Saber Mais

Jogo do Patrimônio Vivo de Pernambuco (2022)

Apresenta de forma lúdica e criativa o universo dos mestres, mestras e grupos reconhecidos como Patrimônios Vivos de Pernambuco sob os auspícios da Lei nº. 12.196, de 02 de maio de 2002 (e alterações) registrados entre 2005 e 2021 por meio do Concurso de Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco - RPV-PE.

Desenvolvida pelos setores de Educação Patrimonial e Coordenadoria de Patrimônio Imaterial da GGPPC/Fundarpe, foi publicada em 2022. Surgiu da necessidade de atender ao Plano Estadual de Cultura de 2018, especialmente no que diz respeito ao objetivo estratégico 6.1 de integração com a arte e a cultura. O material também acolhe uma demanda de professores que, durante as edições do Seminário de Educação Patrimonial de Pernambuco, apontaram a necessidade de materiais didáticos na área de patrimônio cultural e sobre os Patrimônios Vivos.

Jogo do Patrimônio Vivo de Pernambuco

Fotos: Jan Ribeiro

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Cartograma dos Patrimônios Vivos de Pernambuco [2005-2022]

Hoje temos registrados oitenta e cinco Patrimônios Vivos em Pernambuco que se encontram em vários municípios e em dez regiões de desenvolvimento do nosso estado, como mostra o mapa a seguir:

ITAPARICA

Patrimônios Vivos - pessoas

Patrimônios Vivos - grupos

Dedé Monteiro |

Tabira

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RD05
RD04
Patrimônios Vivos falecidos até 2022 Mestre Aprigio - IN MEMORIAM | Ouricuri
SERTÃO DO PAJÉU
SERTÃO CENTRAL Confraria do Rosário | Floresta Guardiões(ãs) de São Gonçalo de Itacuruba | Itacuruba Mãe Dôra | Tacaratu
RD01 SERTÃO DE
RD03 SERTÃO DO ARARIPE RD02 SERTÃO DO
1 1 2 1 2 1 1
Ana das Carrancas - IN MEMORIAM | Petrolina Mestra Maria Jacinta | Santa Maria da Boa Vista Reisado do Inhanhum | Santa Maria da Boa Vista Samba de Véio da Ilha do Massangano | Petrolina
SÃO FRANCISCO
Cartograma dos Patrimônios Vivos de Pernambuco [ 2005 - 2022 ]

Cambinda Velha | Pesqueira

Dona Menininha do Alfenin | Agrestina

J. Borges | Bezerros

João Elias Espindola | Poção

Lula Vassoureiro | Bezerros

Manuel Eudócio - IN MEMORIAM | Caruaru

Marliete Rodrigues | Caruaru

Mestre Dila - IN MEMORIAM | Caruaru

Mestre Luiz Antônio | Caruaru

Sociedade Musical XV de Novembro | Gravatá Teatro Experimental de Arte - TEA | Caruaru

André Madureira- IN MEMORIAM | Recife

Arlindo dos Oito Baixos - IN MEMORIAM | Recife

Bacamarteiros do Cabo - SOBAC | Cabo de Santo Agostinho

Caboclinhos Canindé do Recife | Recife

Caboclinhos 7 Flexas | Recife

Casa Xambá | Olinda

Canhoto da Paraíba - IN MEMORIAM | Recife

Claudionor Germano | Recife

Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda | Olinda Clube de Bonecos Seu Malaquias | Recife

Cristina Andrade | Recife

Didi do Pagode | Recife

Dona Prazeres | Jaboatão dos Guararapes Fernando Spencer - IN MEMORIAM | Recife Galo Preto | Paulista

Índia Morena | Jaboatão dos Guararapes João Silva - IN MEMORIAM | Recife

Jota Michiles | Olinda

José Pimentel - IN MEMORIAM | Recife

Leonardo Dantas Silva | Recife

Lia de Itamaracá | Ilha de Itamaracá Lula Gonzaga | Olinda Mãe Beth de Oxum | Olinda Maestro Duda | Recife Maestro Formiga | Recife Maestro Nunes - IN MEMORIAM | Paulista

Maracatu Leão Coroado | Olinda Maracatu Estrela Brilhante | Igarassu Mestra Ana Lúcia | Olinda

Mestre Camarão - IN MEMORIAM | Recife

Mestre Chocho - IN MEMORIAM | Jaboatão dos Guararapes Mestre Nado | Olinda

Mestre Saúba | Jaboatão dos Guararapes Mestre Salustiano - IN MEMORIAM | Olinda O Homem da Meia-Noite | Olinda Selma do Coco - IN MEMORIAM | Olinda Tata Raminho de Oxóssi | Recife Troça Carnavalesca Mista Cariri Olindense | Olinda Tribo Carijós do Recife | Recife Velho Xaveco | Recife

As Pretinhas do Congo | Goiana Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo | Goiana Associação M. E. de Timbaúba | Timbaúba Banda Musical Curica | Goiana Banda Musical Saboeira | Goiana Banda Revoltosa | Nazaré da Mata

Cavalo Marinho Boi Pintado | Aliança

Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado | Condado

Costa Leite - IN MEMORIAM | Condado

Maracatu Estrela de Ouro de Aliança | Aliança

Maracatu Cambinda Brasileira | Nazaré da Mata

Maria Amélia - IN MEMORIAM | Tracunhaém

Mestre Calú | Vicência

Mestre Zé de Bibi | Glória do Goitá

Mestre Zé Lopes - IN MEMORIAM | Glória do Goitá

Mestre Nuca - IN MEMORIAM | Tracunhaém

Sociedade Musical E. J. Nazarena | Nazaré da Mata

União 7 Flexas de Goiana | Goiana

Zé do Carmo - IN MEMORIAM | Goiana Zezinho de Tracunhaém - IN MEMORIAM | Tracunhaém

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RD11 MATA NORTE RD08 AGRESTE CENTRAL Mocinha de Passira | Feira Nova RD09 AGRESTE SETENTRIONAL Gonzaga de Garanhuns | Garanhuns Banda de Pífano Folclore Verde | Garanhuns RD07 AGRESTE MERIDIONAL RD10 MATA SUL Mestre Assis Calixto | Arcoverde RD06 SERTÃO DO MOXOTÓ 18 11 11 6 3 1 2 1 2 12 6 1 FERNANDO DE NORONHA 1 Mágico Alakazam | Palmares 1 RD12 REGIÃO METROPOLITANA Cartograma dos Patrimônios Vivos de Pernambuco [ 2005 - 2022 ]
A ssociação G rupo C ultural H eroínas de T ejucupapo A ssociação G rupo C ultural H eroínas de T ejucupapo
Foto: Glauber Antonio

Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo

Nome Artístico: Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Fundação: 12 de outubro de 1993

Atividade Cultural: Artes Cênicas

Macrorregião: Zona da Mata

Região de Desenvolvimento: 11 Mata Norte Município: Goiana

Panelas, água fervente, paus e pimenta. Com esses elementos e muita garra, um grupo de mulheres protagonizou e venceu aquele que veio a ser o primeiro registro histórico de participação feminina em um conflito armado de resistência à ocupação de povos e nações não-portugueses no Brasil. Os derrotados foram os invasores soldados holandeses em 1646. O local, Fazenda Megaó, em Tejucupapo, no município de Goiana, Zona da Mata de Pernambuco. O comando foi liderado por quatro mulheres guerreiras: Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Maria Joaquina. Como forma de relembrar esse importante ato de resistência e coragem, em 1993 foi fundado o Teatro das Heroínas de Tejucupapo, em que a emblemática batalha é reencenada anualmente, no último domingo de abril, no segundo maior teatro ao ar livre de Pernambuco, no mesmo local em que ocorreu o histórico confronto.

O roteiro da encenação segue aos registros históricos. Primeiramente mostram o modo de vida daquela população local de Tejucupapo à época, e o momento em que os aproximados 600 holandeses, famintos e sem muitas perspectivas de voltar ao seu país, saem do Forte Orange, na Ilha de Itamaracá, em direção à comunidade. Estrategicamente, os invasores escolheram o dia de domingo, dia em que muitos moradores de Tejucupapo iam ao Recife vender suas mercadorias nas feiras. Ao saberem que haveria o ataque, as heroínas,

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo

em sua maioria agricultoras de origem indígena, organizaram uma mistura feita de água fervente e pimenta e a lançaram contra o inimigo. O conflito ficou marcado na história do Brasil, embora não seja suficientemente lembrado e os registros oficiais sejam escassos.

Fica Atento!

na comunidade de Tejucupapo Foto: Divulgação

Como forma de manter a memória viva, a Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo, através da cultura popular, revive a batalha, que é motivo de orgulho para as moradoras e moradores da região. Além disso, por se tratar de um ato de valentia e sabedoria das mulheres, o grupo acaba também por mobilizar essas pessoas na luta contra retrocessos e preconceitos de gênero. Fundado por Dona Luzia Maria da Silva, enfermeira aposentada, a Associação surgiu de uma promessa: quando estava muito adoentada, Dona Luzia ouviu o relato sobre a história da Batalha, e, ao curar-se, estudou e pesquisou sobre o acontecimento. Logo escreveu o roteiro e fez a primeira apresentação acontecer, mesmo com poucos recursos.

O espetáculo conta com mais de 300 atores e chega a receber a presença de 10 mil espectadores. O Teatro envolve a participação popular de toda região, recrutando-se as próprias mulheres do vilarejo, dentre as quais, pescadoras, marisqueiras, aposentadas e donas de casa, para encenar junto ao elenco. Esse movimento de interação faz com que as mulheres se envolvam e se emocionem a cada apresentação, o que reverbera para ambientes além do contexto do espetáculo, como por exemplo, no engajamento no combate à violência contra a mulher.

Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco

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Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo Encenação A Encenação teatral iniciou em 12 de outubro de 1993. Nos últimos anos vem ocorrendo sempre no último domingo de abril, na comunidade de Tejucupapo.

Mantendo a memória da batalha viva até os dias atuais e levantando outras bandeiras de batalhas que as mulheres enfrentam na conteporaneidade, em 2022 , a Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo foi titulada Patrimônio Vivo de Pernambuco, dada a sua contribuição para a cultura popular não apenas de Goiana, mas de Pernambuco e do Brasil como um todo. Unindo passado, presente e futuro e toda uma comunidade, as heroínas de ontem e de hoje seguem vivas e ativas a fazer história.

Encenação na comunidade de Tejucupapo Foto: Divulgação

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco
“As mulheres de Tejucupapo sabiam que eram heroínas, mas não sabiam os direitos que tinham. A partir do trabalho da associação, passei a incentivar as mulheres sobre os seus direitos”. Maria Luzia, fundadora do grupo
Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo
Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco 22 Brasil de Fato PE. As vésperas do 8 de março relembramos o protagonismo das Heroínas de Tejucupapo
vesperas-do-8-de-marco-relembramos-o-protagonismodas-heroinas-de-tejucupapo > BBC Brasil. Dia Internacional da Mulher: as mulheres que derrotaram soldados holandeses em Pernambuco com água fervente e pimenta <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51761283> TEJUCUPAPO - Um Filme Sobre as Heroínas de Hoje <https://www.youtube.com/watch?v=gI1oAzERUpg> Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo Referências | Onde Encontrar?
<https://www.brasildefatope.com.br/2020/03/05/as-

Prefeitura de Goiana. Teatro das Heroínas de Tejucupapo retoma apresentação com apoio da Prefeitura de Goiana <https://goiana.pe.gov.br/2022/04/26/teatro-dasheroinas-de-tejucupapo-retoma-apresentacao-com-apoioda-prefeitura-de-goiana/> Podcast Nossa História, Nossa Memória. Espetáculo e Teatro Heroínas de Tejucupapo

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Foto: Roberta Guimarães
<https://www.nossahistorianossamemoria.com.br/ biografias-leonilton-carneiro/espet%C3%A1culo-e-teatrohero%C3%ADnas-de-tejucupapo-goianape> Encenação Batalha das Heroínas de Tejucupapo 2019 <https://www.youtube.com/watch?v=w8VoOiISwBU> Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo Heroínas de Tejucupapo (O Teatro) @teatrodasheroinasdetejucupapo

B anda de Pífano F olclore V erde B anda de Pífano F

olclore V erde

Banda de Pífano Folclore Verde

Nome Artístico: Banda de Pífano Folclore Verde

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Fundação: 1816

Atividade Cultural: Banda Musical

Macrorregião: Agreste

Região de Desenvolvimento: 07 Agreste Meridional

Município: Garanhuns

Consideradas Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco, as bandas de pífanos, também denominadas “terno de pife”, “cabaçal” e “esquenta muié” são aqueles grupos formados por um par de pífanos, uma caixa e uma zabumba, (composição que pode variar de acordo com a região). Os primeiros registros de sua existência remontam à chegada dos primeiros cristãos ao Brasil, na época da colonização, em que eram recorrentes as missões voltadas a catequizar indígenas através da música. O pífano, como um instrumento de sopro também já utilizado pelos nativos, adequou-se aos propósitos dos missionários. Aos poucos, as bandas de pífanos foram sendo incorporadas e adaptadas à cultura dos escravizados, quilombolas e indígenas. A Banda de Pífano Folclore Verde, fundada em 1816 na comunidade de Castainho, na cidade de Garanhuns, Agreste pernambucano, é um relevante exemplo de resistência e tradição quilombola.

Castainho formou-se a partir da destruição do Quilombo dos Palmares, região que atualmente pertence ao estado de Alagoas. Na fuga, os quilombolas usaram o curso do Rio Mundaú como rota para chegar às matas próximas de onde mais tarde seria o município de Garanhuns. O grupo musical Folclore Verde perpetua-se no tempo com a força da oralidade passada de geração em geração, através dos saberes e das práticas ancestrais. Exemplo disso é que a história da banda converge com a árvore genealógica de João Faustino, conhecido

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Banda de Pífano Folclore Verde

como Mestre Faustino, membro mais antigo do grupo: tataravós, avós, pais e tios são alguns dos antepassados que formaram o grupo. A formação dos componentes variou sempre entre membros da família, que seguem carregando a memória e a tradição de um grupo secular. O irmão foi o primeiro a tocar pífano na família e incentivou Faustino, então com 12 anos de idade, a tocar o secular instrumento. O interesse veio instantaneamente. Lembra com carinho da melodia que o introduziu no universo musical quando aprendeu a tocar: “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga.

Todo final de semana, ocorrem em Castainho as sambadas de coco, que acompanham as perfomances do Folclore Verde, uma associada a outra. As celebrações costumam ser animadas, com muita música, bebida e alegria. O Mestre Faustino conta que, sempre que uma casa, mesmo de taipa, é construída, a família tem o hábito de se reunir e a banda se encontra para celebrar e inaugurar a construção. Essas apresentações domésticas dentro da comunidade não são os únicos momentos da Folclore Verde com o público. O grupo, que possui um álbum gravado, já se apresentou em comunidades no entorno de Castainho, no Recife e em Garanhuns, integrando a programação do Festival de Inverno da cidade. Participaram também de encontros e festivais nos estados de Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul; fora do Brasil chegaram a se apresentar em alguns países da Europa.

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de Pernambuco Banda de Pífano Folclore Verde
FIG 2001
Foto: Roberta Guimarães

São mais de 200 anos em atividade, marcados por resistências e gosto pela própria cultura. Mestre João Faustino alimenta a necessidade de estimular, manter, valorizar, difundir o que sabe com os mais jovens, ampliando os horizontes e as possibilidades que a secular banda pode alcançar. Ele entende que o grupo é um grande marco para Garanhuns, e para Pernambuco. Essa iniciativa é um importante registro da trajetória dos próprios protagonistas do mestre João Faustino e da banda de pífano, mas também da história do pífano e do samba de coco dos povos pretos e quilombolas do Estado de Pernambuco. Em 2022, “como música para os ouvidos” da cultura popular, a Banda de Pífanos Folclore Verde foi titulada Patrimônio Vivo de Pernambuco. A valorização da arte e da cultura através do reconhecimento desta manifestação, que é o pífano, tem importância crucial no grande processo de inclusão econômico e social, na preservação das memórias de um lugar, de um tempo, de um povo.

Trecho da música “É Cultura pra Valer”, Mestre João Faustino

FIG 2001

Foto: Roberta Guimarães

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de Pífano Folclore Verde
Banda
“Eu nasci no Castainho e sou filho de cultural. E cultura, é cultura, é cultura pra valer. E a banda Folcore Verde, toca e canta pra você”.

Referências | Onde Encontrar?

ALMEIDA, Magdalena. Samba de Coco é Brincadeira e Arte. Revista Acervo, Rio de Janeiro, v. 22, no 2, p. 165-180, jul/dez 2009 - pág. 165 <https://brapci.inf.br/index.php/res/download/205322>

Folha PE. Na trilha dos pífanos: live esboça o cenário da tradição que pode ser reconhecida como "Patrimônio Cultural do Brasil" <https://www.folhape.com.br/cultura/na-trilha-dospifanos-live-esboca-o-cenario-da-tradicao-que-e/183869/>

V&C Garanhuns. Homenageada no 30º FIG, Banda de pífanos de Garanhuns ganha título de Patrimônio Vivo de Pernambuco <http://www.vecgaranhuns.com/2022/08/homenageadano-30-fig-banda-de-pifanos.html>

Catálogo

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Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Banda de Pífano Folclore Verde

JC NE 10. Banda de pífanos seculares tem primeiro registro em livro

<https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/ noticia/2016/06/11/banda-de-pifanos-seculares-temprimeiro-registro-em-livro-239700.php>

Mestre Zé Romão, Mestre João Faustino & Banda de Pífano Folclore Verde <https://www.youtube.com/watch?v=Quc4pzDvknY>

Canal Sesc em Pernambuco. Vídeo documentário: Mestre João Faustino e o Samba de Coco no Castainho <https://www.youtube.com/watch?v=qe5l3k47aeA>

Canal TVU Recife. Opinião Pernambuco - 21/06/2022 - Bandas de Pífanos

<https://www.youtube.com/watch?v=RrDC-MEefvk&t=730s>

Canal Um Pé de Conversa com Gláucio Costa. A Banda de Pífano Folclore Verde do Castainho, Patrimônio Vivo de Pernambuco <https://www.youtube.com/watch?v=NCKLE5zU4Vg>

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Banda de Pífano Folclore Verde
ambinda V elha C
V elha
Foto: Chico Ludermir C
ambinda

Cambinda Velha

Nome Artístico: Cambinda Velha

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Fundação: 03 de fevereiro de 1909

Atividade Cultural: Cultura popular, Cambinda

Macrorregião: Agreste

Região de Desenvolvimento: 08 Agreste Central

Município: Pesqueira

O renomado historiador, antropólogo e folclorista Câmara Cascudo apontou, em seus estudos, o registro das Cambindas como uma denominação adotada por diversos grupos de maracatus de Pernambuco. Cambinda Velha, Cambinda Nova, Cambinda Estrela, Cambindinha, Cambinda de Água Preta, entre outras. Ainda segundo este autor, a palavra, variante de “Cabinda”, região da África acima da foz do rio Congo, seria um sinônimo brasileiro para se referir aqueles vindos de África. Os grupos dançantes de negros que folgavam pela capital pernambucana, convergindo posteriormente para o carnaval, no ritmo dos desfiles de maracatus e se distinguiam pelo nome evocador, figurando Cambinda Velha entre os mais populares (embora possua características que se diferenciam bastante dos maracatus).

Cambinda Velha de Pesqueira traz aspectos e manifestações da vida cultural de seu povo, transmitidos às gerações presentes e futuras pela tradição enraizada no cotidiano da comunidade, sendo assim, símbolo de resistência e preservação de um patrimônio no estado de Pernambuco. Nos desfiles, seus membros atravessam a cidade cantando e dançando, em apresentações que duram cerca de uma hora e meia. Na ocasião, homens e meninos enfeitados com fitas e trajados com vestidos vermelho e branco, tocam instrumentos musicais de influência afroindígena, como: surdo, caixa, ganzá, reco-reco

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Cambinda Velha

e geralmente se apresentam nas festas municipais como Carnaval e São João e outros eventos do município e do estado. O grupo possui também cunho socioeducativo ao exercer uma pedagogia artístico-comunitária de preservação da memória e da identidade de matriz africana e indígena.

O bloco foi fundado em 1909, pelo Sr. Pedro Lopes da Costa, na cidade de Pesqueira, Agreste de Pernambuco. A brincadeira tradicional é parte importante da memória cultural do povo pesqueirense. Não há um morador da cidade que não conheça pelo menos um trecho dos versos entoados pelos brincantes a cada desfile. Conta-se que, em 1907, chegou em Pesqueira o trem da Rede Ferroviária do Nordeste. Nessa época, Pedro Lopes da Costa comprava gados dos fazendeiros dessa região e vendia os animais na capital pernambucana. A carga chegava em caminhões, mas com a chegada da linha férrea, o trânsito para o Recife foi facilitado através dos trens de carga. Numa dessas viagens para o Recife, Pedro Lopes foi até o Cais do Porto e se deparou com dois navios, em um dos quais saia um grupo de negros africanos, que desembarcavam as cargas trazidas nas embarcações. Findado o trabalho, aqueles homens puseram-se a cantar e dançar. O fato de que todos homens usavam roupas brancas e femininas, chamou-lhe bastante a atenção. Pedro acompanhou o grupo até a Rua Imperial, no bairro de São José e voltou para sua cidade natal, Pesqueira. Encantado com o que havia visto, decidiu reunir amigos e familiares e recriar a brincadeira que conheceu na capital. Comprou o material para os trajes dos brincantes no centro do Recife.

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Cambinda Velha Apresentações do Cambinda Velha Fotos: Chico Ludermir e Clara Gouvêa

O primeiro desfile, que aconteceu em 1909, contou com a participação de homens e mulheres. Foram 19 baianas, incluindo o próprio Pedro. Os trajes possuíam muitas fitas e diz-se que a renda era de renascença, tradição secular em Pesqueira. Em 1964, Pedro Lopes adoeceu e, por dois anos, seu genro, Manoel Bolachão, assumiu o grupo. Em 1966, o fundador do bloco faleceu e a direção foi assumida por seu genro, Aprígio Amaral - barbeiro muito popular na cidade. Nos últimos carnavais da sua vida, Aprígio Amaral, por impossibilidade física, fazia o percurso do desfile em carro juntamente com seu filho José Amaral. Em 2001, o velho dirigente faleceu durante os festejos de Momo, logo após chegar com o grupo à Praça da Matriz, descer do carro e acenar para o povo. Rosânio Lopes, um dos bisnetos, dirige o folguedo desde então, mantendo a tradição da família, bem como a memória e a conservação desse brinquedo tão peculiar.

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chegou

Dona Gordulina, princesa real. Entrou o ano novo dando viva ao carnaval. Andei o Recife todo atrás de fita amarela;

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Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Cambinda Velha
"Já
no Porto dois navios de guerra; Cambinda Velha que saltou em terra. Cambinda Velha onde é teu natural; na casa nº 5 na Rua Imperial.
fui achar em Cinco Pontas na casa de Dona Bela".
Trecho da Música Cambinda Velha Apresentações do Cambinda Velha Foto: Renato Spencer | Santo Lima

Referências | Onde Encontrar?

LACERDA, Jeanine Calixto. Folkcomunicação e turismo: as cambindas velhas de Pesqueira-PE e a atividade turística de base local. 2010. 106 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural e Desenvolvimento Local) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife <http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede/bitstream/ tede2/6084/2/Jeanine%20Calixto%20Lacerda.pdf>

Flavio Jardim. Cambinda Velha, de Pesqueira, é Patrimônio Vivo de Pernambuco <https://flaviojjardim.com.br/ patrimonio-cultural-nacaocambinda-velha-de-pesqueira-epatrimonio-vivo-de-pernambuco/>

Carnaval dos Caiporas de Pesqueira- PE. Cambindas Velhas <https://m.facebook.com/CarnavaldosCaiporas/photos/ bloco-cambindas-velhaso-cambinda-velha-blocotradicional-de-pesqueira-completa-1/219922988082808/ >

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Cambinda Velha

Cambinda Velha

Pesqueira Cultural

<https://pesqueira-controladoria.webnode.com.br/ pesqueira/pesqueira-cultural/>

Conheça o Bloco Cambinda Velha - Especial Carnaval de Pesqueira

<https://www.youtube.com/watch?v=7Ez2PcXR6Do>

Cambinda Velha de Pesqueira

<https://www.youtube.com/watch?v=WA5Js3iDpNs>

Cambinda Velha 1909

< https://www.youtube.com/watch?v=_2XPhd_2EEU>

Cambinda Velha

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Neto C avalo M arinho B oi P intado C avalo M arinho B oi P intado
Foto: Costa

Cavalo Marinho Boi Pintado

Nome Artístico: Cavalo Marinho Boi Pintado

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Fundação: 18 de novembro de 1993

Atividade Cultural: Cavalo Marinho

Macrorregião: Zona da Mata

Região de Desenvolvimento: 11 Mata Norte

Município: Aliança

Em 1993, na comunidade de Chã do Esconso no município de Aliança, Mata Norte de Pernambuco, José Grimário da Silva, o Mestre Grimário, era agraciado com uma herança de Mestre Salustiano, um dos maiores mestres em cultura popular local e do Brasil. Um boi, um cavalo, uma ema e uma onça, alguns dos personagens que compõem a manifestação popular do Cavalo Marinho, chegaram às mãos de Grimário, à época um dos mais novos Mestres da região, embora sua trajetória nas tradições culturais da Zona da Mata Norte de Pernambuco já fosse de mais de 20 anos (ele iniciou-se como brincante aos oito anos de idade e foi criado pelo Mestre Batista, à frente do Cavalo Marinho que leva seu nome, e do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, grupo reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco). A herança rendeu frutos: Mestre Grimário criou seu próprio brinquedo de Cavalo Marinho, o qual nomeou Boi Pintado. O nome por si só já significou uma inovação na tradição da brincadeira, já que era comum batizá-la pelo nome de seu mestre. Grimário trouxe outros elementos inovadores através do Boi Pintado: padronizou a roupa dos músicos, adicionou a viola aos instrumentos e trouxe uma desacelaração na fala dos personagens, para que a dramaturgia oral do brinquedo pudesse ser ouvida claramente por seus expectadores.

Registrado como Patrimônio Cultural do Brasil em 2014, o Cavalo Marinho, brincadeira popular bastante encontrada na Zona da Mata pernambucana, que envolve performances

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Cavalo Marinho Boi Pintado

musicais, coreográficas e dramáticas, é realizado sobretudo no ciclo natalino, assim como outras manifestações populares pernambucanas, como o bumba meu boi, o pastoril e o reisado. Foi justamente neste período que Mestre Grimário iniciou as atividades do Boi Pintado e logo foi conquistando notoriedade, ganhando espaço e reconhecimento no meio cultural. Desde sua fundação, o grupo vem realizando diversas atividades e apresentações em vários festivais e festejos de grande relevância em diferentes localidades e estados brasileiros, bem como no exterior, em países como Cuba e Venezuela.

Fica Atento!

No Boi Pintado, as loas e toadas (músicas e versos tradicionais dessa manifestação) saúdam aos santos reis do Oriente, entre versos de duplo sentido, as conhecidas puías, que provocam risos e animam os espectadores. As indumentárias são coloridas e brilhosas. O ritmo acelerado é executado pelo banco, ou seja, o grupo de músicos que cantam e tocam instrumentos como a rabeca, as bajes, o pandeiro e o mineiro. A apresentação é finalizada com o coco que traz a figura do boi e representa a ressurreição de Jesus. Muitas das máscaras são confeccionadas pelo próprio Mestre Grimário, o que reforça sua capacidade como um artista múltiplo e criativo.

A transmissão de saberes para as novas gerações é uma das grandes dedicações de Mestre Grimário. O Boi Pintado já submeteu e ganhou diversos editais públicos de cultura que têm como foco a transmissão da tradição do Cavalo Marinho, formando crianças e jovens brincantes através de oficinas, aulas e da literatura infantil, movimento fundamental

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Cavalo Marinho Boi Pintado Página do IPHAN sobre o Cavalo Marinho Foto: Divulgação Para saber mais Sobre o inventário do Cavalo Marinho, produzido pela Secult/Pe e Fundarpe, e seu registro como Patrimônio Cultural do Brasil, consulte: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/501/

para manter a cultura viva e ativa, estimulando-lhes a criatividade, o brincar e o lúdico. Importante lembrar que isso só é possível devido ao diálogo dessas manifestações com as instituições governamentais que produzem políticas públicas culturais, como o Edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, o Funcultura, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Um exemplo foi a aprovação da Escola das Tradições do Cavalo Marinho e o Museu das Tradições do Cavalo Marinho, ambas iniciativas do Boi Pintado, sediadas em Aliança. Diversas são as atividades promovidas pelo Boi Pintado, que tanto acrescenta à cultura popular do estado do Brasil. Inovando mas também mantendo tradições, em 2022 o Cavalo Marinho de Mestre Grimário foi reconhecido Patrimônio Vivo de Pernambuco, assegurando que, onde há brincadeira, há brincantes.

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Cavalo Marinho Boi Pintado Apresentações do Cavalo Marinho Boi Pintado Fotos: Jorge Farias, Jan Ribeiro e Costa Neto
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Catálogo
Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco
<https://revistacontinente.com.br/secoes/reportagem/-
Culturais
<https://www.youtube.com/watch?v=S1d7VsGv2bw>
<https://www.youtube.com/watch?v=VMZheC5ufPw>
| Onde Encontrar?
Cavalo Marinho Boi Pintado Revista Continente. Uma festa aos Santos Reis do Oriente
uma-festa-aos-santos-reis-do-oriente> Curta Mestre Grimário. Varzéa do Capibaribe Filmes e Produções
pela Lab/PE <https://www.youtube.com/watch?v=_knIAsO8jHg> Canal Rabeca e Cantoria. Cavalo Marinho Boi Pintado - Mestre Grimário
Mateu e Bastião do Cavalo Marinho Boi Pintado
Referências

Canal Casa da Rabeca. 26º Encontro de Cavalo Marinho em edição virtual <https://www.youtube.com/watch?v=-aEvt3aTZ3k>

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco.

Organizadores: Jacira França, Marcelo Renan de Souza Recife: FUNDARPE, 2018. Cavalo Marinho Boi Pintado | Mestre Grimário- PE

FERREIRA, Francisco. Cavalo Marinho: Espacialidades, espiral e coragem de um corposígnico. Revista Estética e Semiótica. Brasília, vol 4, nº 2, p 129-138. Jul/Dez 2014

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Cavalo Marinho Boi Pintado
Cavalo
@cavalomarinhoboipintado
Marinho Boi Pintado
L eonardo D antas S ilva L eonardo D antas S ilva
Foto: Rodrigo Ramos

Leonardo

Antônio

Dantas da Silva

Nome Artístico: Leonardo Dantas Silva

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Nascimento: 10 de dezembro de 1945

Atividade Cultural: Jornalismo

Macrorregião: Metropolitana

Região de Desenvolvimento: 12 Metropolitana

Município: Recife

O que seriam das políticas públicas e reconhecimentos voltados para a cultura popular sem os pesquisadores interessados em desbravar as riquezas das manifestações populares de nosso estado e suas significações para a sociedade? Leonardo Antônio Dantas da Silva, escritor, administrador cultural e jornalista, tem uma carreira marcada por mais de 50 anos voltada para atividades culturais e para a promoção e divulgação da cultura popular pernambucana de diversas localidades do Brasil e do mundo através de suas pesquisas, iniciativas e escritos. Nascido na cidade do Recife, em 10 de dezembro de 1945, filho de Antônio Machado Gomes da Silva Netto, técnico em máquinas e motores do Porto do Recife e de Ilídia Barbosa Dantas da Silva, professora primária, formou-se como Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco em 1969. No entanto, foi como jornalista que desde jovem trilhou sua carreira.

Em 1965, estreou como repórter especial do Jornal do Commercio, assumindo a “Página Carnavalesca”, por meio da qual ressaltava a presença das agremiações carnavalescas das cidades vizinhas do Recife e de Olinda, famosas pelos festejos de Momos realizados. De suas pesquisas sobre o Carnaval e a cultura popular pernambucana, originaram-se alguns importantes trabalhos, como: Folclore (1975), Cancioneiro Pernambucano (1978), Ritmos e

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Leonardo Dantas Silva

Danças: Frevo (1978); Marchas de Procissão (1998), Carnaval do Recife (2000), dentre outros. Nesta época, na década de 1970, iniciou a coluna na secção “Cidade” no mencionado jornal, defendendo a preservação de alguns bens materiais da cidade do Recife então ameaçados, como a Ponte da Boa Vista e o Parque Amorim. No dia 6 de março de 1972, lançou seu primeiro livro intitulado “Bandeira de Pernambuco”. Leonardo Dantas foi também um dos responsáveis pela criação da Data de Existência Histórica do Recife, que considera o 12 de Março de 1537 como marco do surgimento histórico da Cidade do Recife. Em 1974 migrou para outro jornal de grande circulação no estado, o Diário de Pernambuco.

Em 1975, convidado pelo então Governador de Pernambuco José Francisco Cavalcanti, assumiu o Departamento Estadual de Cultura, da Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco, e cinco anos depois, em 1979, foi convidado pelo prefeito Gustavo Krause para criar um plano cultural para a cidade do Recife, o que deu lugar ao surgimento da Fundação de Cultura Cidade do Recife. Enquanto diretor-presidente da Fundação (entre 1979 e 1983), Dantas idealizou, em 1979, O Festival Frevança, responsável por lançar grandes sucessos carnavalescos do Recife, e em 1980, o projeto da Frevioca, que consistia,

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Leonardo Dantas Silva Fala de Leonardo Dantas durante a inauguração da placa Mártires de Pernambuco na Praça da República na 15ª Semana do Patrimônio Foto: Jan Ribeiro

Leonardo Dantas Silva primeiramente, em um caminhão decorado, com amplificadores de som e uma orquestra regida pelo maestro Ademir Araújo, animada pelo cantor Claudionor Germano, ambos Patrimônios Vivos de Pernambuco.

O jornalista também teve passagem pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Fundarpe, entre 1983 e 1987, e assumiu a direção geral da Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco, entre 1987 e 2002. Leonardo foi autor de mais de 50 livros de sua autoria, na qualidade de autor e/ou organizador de mais de 64 obras de estudos sociais e históricos, em sua maioria sobre Pernambuco. Sócio efetivo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, contribuiu enormemente para a formação de gerações de pesquisadores e de brincantes, e se tornou conhecido por ser um defensor dos valores históricos e culturais pernambucanos. Além disso, foi um dos fundadores do Teatro Apolo, foi pesquisador no Brasil e em Portugal, tendo realizado palestras no país e no exterior, colaborando com diversos jornais e revistas acadêmicos. Nos últimos anos, exerce a função de consultor do Instituto Ricardo Brennand, no Recife, sendo responsável pela coordenação do setor de Pesquisa. Em reconhecimento à valiosa contribuição de Leonardo Dantas para a cultura popular de Pernambuco, em 2022, ele recebeu o título de Patrimônio Vivo do estado, concedido pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Fundarpe.

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“O carnaval sempre foi pra mim uma religião. Desde cedo eu ia nas costas do meu pai ver o carnaval, acompanhar as troças e tantas outras...”.
Leonardo Dantas Livro "Carnaval do Recife" de Leonardo Dantas, excelente dica de
leitura
para os amantes dos festejos carnavalescos Foto: Divulgação

Referências | Onde Encontrar?

CEPE editora. Leonardo Dantas Silva <http://editora.cepe.com.br/autor/leonardo-dantas-silva>

CEPE editora. Arruando pelo Recife <http://editora.cepe.com.br/ livro/arruando-pelo-recife>

João Alberto entrevista o escritor Leonardo Dantas <https://www.youtube.com/ watch?v=dPjhsO1KoI8>

Catálogo Bandas de Música PE. Leonardo Dantas <https://catalogobandasdemusicape.wordpress.com/ leonardo-dantas/>

Opinião Pernambuco - "Carnaval do Recife" (27/02/2019) <https://www.youtube.com/watch?v=nexfHI--H_A>

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Leonardo Dantas Silva

Leonardo Dantas

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco
Leonardo Dantas Silva
editora. Lançamento do “Arruando pelo Recife”
a
- Leonardo Dantas - Parte 1 (defesa de
de doutorado)
Fundação Joaquim Nabuco- Fundaj. Pesquisa Escolar <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar%20/index. php?option=com_content&view=article&id=423%3Afrevio ca&catid=41%3Aletra-f&Itemid=1> Canal CEPE
<https://www.youtube.com/watch?v=gDIGe1H1Sd8> Por amor
Pernambuco
tese
<https://www.youtube.com/watch?v=_BwOVsC_HIg>

M ãe Dôra M ãe Dôra

Foto: Eduardo Queiroga | Museu da Parteira

Maria das Dores Silva Nascimento

Nome Artístico: Mãe Dôra

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Nascimento: 12 de agosto de1964

Atividade Cultural: Parteira

Macrorregião: Sertão

Região de Desenvolvimento: 01 Sertão de Itaparica

Município: Tacaratu

Maria das Dores Silva Nascimento, conhecida como Mãe Dôra, é tida como uma das “portas para vida do Povo Pankararu". Nascida em 12 de agosto de 1964, no Território Indígena Pankararu, no sertão do estado de Pernambuco, Mãe Dôra é uma importante liderança e parteira dessa comunidade indígena. Ela já perdeu as contas de quantas crianças foram amparadas por suas mãos. Os “filhos de umbigo”, como são chamados os bebês que vêm ao mundo com sua ajuda, multiplicam-se e são provas vivas de um saber tradicional que quase desapareceu. Dôra, que iniciou auxiliando partos na adolescência, trabalha desde 1992 (formalmente desde 1995), no Posto de Saúde Indígena Pankararu, na Aldeia Brejo dos Padres, como técnica de enfermagem. Guarda com clareza a lembrança do primeiro parto que realizou aos 18 anos de idade. A criança que viria ao mundo era seu sobrinho, Ricardo. Massageou a barriga da cunhada e pediu em orações ajuda das parteiras que já se foram, suas guias. O menino nascera roxinho e não respirou de imediato. Em meio a cânticos tradicionais Pankararus, um sopro de vida encheu o pulmão do bebê que gritou, para alívio de todas.

Mãe Dôra sempre aliou seus conhecimentos tradicionais indígenas sobre saúde ao saber biomédico para curar e cuidar de seu povo, fazendo uma “simbiose” como diz Dona

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Mãe Dôra
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Prazeres, parteira de Jaboatão dos Guararapes (também Patrimônio Vivo de Pernambuco). Além do saber técnico, soma-se à assistência prestada por Dôra a espiritualidade de seu povo. No quintal da parteira, há ervas para todo tipo de uso. Ela sabe que o domínio sobre essas plantas é precioso, e não compartilha o conhecimento sobre eles para qualquer um. Tamanho cuidado é justamente uma forma de preservar os ritos da tradição de seu povo, assegurando que os tratamentos fitoterápicos não acabem sendo usados de forma indiscriminada sem o conhecimento necessário.

Mãe Dôra assume múltiplos papéis na comunidade. Assemelha-se muitas vezes ao ofício desempenhado por assistentes sociais e psicólogas. “Faço de tudo um pouco”, diz. O ofício de parteira não se fecha na atuação durante a gestação parto e pós-parto, mas se estende ao cuidado com toda a família fazendo uso de práticas específicas bem como de conhecimentos acerca de plantas e ervas aprendidos com os mais velhos e repassados aos mais jovens. Mantendo e transmitindo as tradições da etnia, Dôra é responsável pela inserção e formação de novas mulheres no ofício às quais chama de aprendizes. Sua atuação vem ajudando as mulheres Pankararu a voltarem a ter filhos em seus lares, reforçando a identidade indígena e promovendo a valorização dos saberes. A importância do reconhecimento e do fomento da atividade em vida de mestras como Dôra é aspecto crucial para o fortalecimento de sua atuação. Salvaguardar

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Mãe Dôra
“As mulheres aqui da minha aldeia, elas gostam de parir na casa delas, tendo os cuidados da família, o carinho da parteira”.
Mãe Dôra Foto: Eduardo Queiroga | Museu da Parteira

esse saber empírico, construído por mulheres, o conhecimento sobre seus corpos e seus processos, conhecimento amadurecido a partir de observação de outras mulheres e a gama de situações que podem ocorrer durante o parto.

Uma ciência tradicional que recepciona e salva vidas há séculos. A parteira é detentora de um conhecimento de dimensão holística e profunda. Está associado ao afeto, ao cuidado, possui conexão com o tempo, com a natureza, com a memória. O corpo feminino foi muito mais alvo de investigação científica do que o masculino. Partejar não era como um procedimento médico, era de foro íntimo, de domínio das parteiras e das mulheres da família. O homem não fazia parte desse processo, nem eram bem vindos. A partir do século XVII, as parteiras passam a ser marginalizadas, o corpo feminino começa a ser medicalizado, e com a profissionalização da ciência e da medicina, a coisa muda de figura, colocando os homens da ciência formal sob o domínio do procedimento, excluindo a própria mãe do circuito. Mulheres como Mãe Dôra devolvem às suas pares o protagonismo sobre o próprio parto, restabelecendo o afeto, o cuidado e a atenção que dificilmente se encontram em hospitais e maternidades, públicas ou privadas.

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Mãe Dôra
Mãe Dôra em sua comunidade Pankararu Fotos: Eduardo Queiroga | Museu da Parteira

Referências | Onde Encontrar?

Museu da Parteira. Dôra Pankararu

<https://museudaparteira.org.br/troca-de-saberes/dorapankararu/>

Museu da Parteira. Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco

<https://museudaparteira.org.br/acoes/inventariodos-saberes-e-praticas-das-parteiras-indigenas-depernambuco/>

Revista Continente. Um saber passado de mão em mão <https://revistacontinente.com.br/edicoes/197/um-saberpassado-de-mao-em-mao>

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Mãe Dôra
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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco
Sorte
Mãe Dôra
Assembleia Legislativa de Pernambuco - Alepe. Requerimento de voto de Aplauso à Senhora Maria das Dores Silva Nascimento - Mãe Dôra <https://www.alepe.pe.gov.br/proposicao-texto-completo/? docid=8166&tipoprop=r> Canal Povo Pankararu. Curta-metragem documental “Deus Te Dê Boa
- Parteiras Pankararu” <https://www.youtube.com/watch?v=zSIqUT5GsYw> Zamburana Audiovisual. Curta documental “Do nascente ao poente - como nasce uma parteira Pankararu” <https://www.youtube.com/watch?v=wSn8ZRIWNoA> Ciclo Mulheres, plantas e cura - cuidar. Mãe Dôra Pankararu e Jula Pankararu <https://www.youtube.com/watch?v=bwTYNDgjGDM>

Mágico A lakazam Mágico A lakazam

Foto: Renata Pires

Wilson Ribeiro da Silva

Nome Artístico: Mágico Alakazam

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Nascimento: 03 de maio de 1948

Atividade Cultural: Circo

Macrorregião: Zona da Mata

Região de Desenvolvimento: 10 Mata Sul

Município: Palmares

Onde está o Mágico Alakazam tem espetáculo? Tem, sim senhor! Memória viva do circo pernambucano e brasileiro, Wilson Ribeiro da Silva, conhecido por Mágico Alakazam, nasceu em três de maio de 1948, no município de Surubim, estado de Pernambuco. Embora tenha toda uma vida dedicada ao circo, seu reconhecimento não veio como um passe de mágica. Wilson não concluiu o primário, mas fez do circo sua escola: passava o maior tempo possível com o circo Spano Mágico que se instalou em sua cidade. Aos seis anos de idade, o menino Wilson, enfeitiçado pelo mundo circense, com seu colorido e irreverência, fugiu sem documento algum com o referido Circo. Alakazam lembra bem o momento em que pôde apreciar pela primeira vez o espetáculo: “Era um circo fraquinho, mas quando entrei, fui logo pensando: vou ser dono de um desses”. Foi apenas aos 17 anos de idade, quando residia no munícipio baiano de Entre Rios, que obteve seu registro civil, o que reforça a infância e juventude difícil que teve.

No ano de 1960, ano de inauguração da televisão na cidade do Recife, integrou como contorcionista o elenco dos programas Cirquinho Fratelli Vita, na TV Rádio Clube de Pernambuco e Vamos ao Circo, na TV Jornal do Commercio. Esta oportunidade colocou-lhe em contato direto com figuras famosas da arte e dramaturgia circenses. Ficou conhecido como

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o Menino Elástico. Como um artista completo, Alakazam também revelou-se trapezista. Em 1964, no entanto, Wilson levou uma queda durante a apresentação na cidade de Paulo Afonso, na Bahia. As consequências físicas foram severas e o médico que o atendeu lhe disse que a condição para ele continuar atuando no circo seria a de tornar-se apresentador ou mágico. E assim o fez. Sua estreia como mágico foi na cidade baiana de Chorrochó.

Em 1967, veio o nome artístico que o consolidou no cenário circense: Mágico Alakazam. A inspiração veio de uma revista em quadrinhos. Com características físicas que se assemelham às de um árabe, Alakazam investiu em um turbante, um visual misterioso e em apresentações consideradas exóticas e sinistras, como a de enterrar-se vivo dentro de um caixão junto às cobras. Todos esses atrativos, juntamente com seu talento, garantiram-

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Mágico Alakazam Espetáculo circense " O mundo encantado do circo Alakazam" - Circo Mágico Alakazam Fotos: Costa Neto, Jan Ribeiro e Renata Pires

lhe destaque ao público. Assim, o feitiço estava lançado. Em 1974, fundou seu próprio circo, o Circo Alakazam, satisfazendo aos anseios do pequeno Wilson de seis anos que levou consigo por toda a vida. Durante as décadas de 1960 e 1970, marcou presença em diversos programas de TV locais, levando irreverência para o público, tornando-se precursor na participação de artistas circenses na televisão

Desde então, lançou livros e discos, foi homenageado pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais do Recife com o Troféu Construtores da Cultura, bem como na Mostra de Circo da Cidade do Recife; recebeu prêmios de editais do então Ministério da Cultura e da Fundação Nacional de Artes, a Funarte, e o Prêmio Palhaço Cascudo de Incentivo às Artes Circenses, instituído pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Fundarpe; entre várias outras homenagens e reconhecimentos. Foi ainda protagonista do vídeodocumentário Circo Alakazam, de Gilberto Trindade, lançado em 2015.

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“Tanto que costumo dizer que, no meu enterro, quero que o caixão saia do circo, já que abracei essa arte com a alma e o coração". Mágico Alakazam
Mágico Alakazam
e sua equipe
Mágico Alakazam
Fotos: Jan Ribeiro e Renata Pires

Alakazam contribuiu e contribui significantemente para o desenvolvimento e a divulgação da arte circense, não apenas em suas apresentações, mas também através de oficinas e palestras em escolas; e repassa seus saberes aos elencos que ele organiza e forma. Trapezista, domador, contorcionista, cantor, apresentador e mágico, Alakazam foi reconhecido, em 2022, como Patrimônio Vivo de Pernambuco, incentivo que apoia as políticas de salvaguarda desse bem que é a arte milenar do circo, uma das mais populares e acessíveis do país. O menino Wilson, que foi cativado pelo mundo mágico do circo, agora cativa várias gerações por onde passa, levando um show de alegria a todos e todas.

Referências | Onde Encontrar?

Revista Continente. Circenses: sinônimo de pura vocação <https://revistacontinente.com. br/edicoes/130/circenses-sinonimos-de--pura-vocacao>

Revista Continente. A memória da arte circense no Brasil <https://revistacontinente.com. br/edicoes/137/a-memoria-daarte-circense-no-brasil>

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Prefeitura do Recife. Mágico Alakazam é convidado do Centro Apolo-Hermilo para bate-papo virtual <https://www2.recife.pe.gov.br/node/291585>

Tais Paranhos. Alakazam 50 anos de circo <https://www.taisparanhos.com.br/2019/10/alakazam-50anos-de-circo.html>

Circo Alakazam DVD 2021 <https://www.youtube.com/watch?v=42x7ke6dtf0>

Canal Hoje é Dia de Circo. Circo Mágico Alakazam, 50 anos de sucesso <https://www.youtube.com/watch?v=2YvPAuxwYXI>

CD 2021 Alakazam o mágico lambadeiro <https://www.youtube.com/watch?v=_S6QajpbnkY>

MELO NETO, M. M. . Mágico Alakazam: 50 anos de alegria e sucesso. 1. ed. Recife: Moisés Monteiro de, 2019

Alakazam Circo

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Mestre C alú Mestre C alú

Foto: Edson Ramos

Antonio Joaquim de Santana

Nome Artístico: Mestre Calú

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Nascimento: 12 de agosto de 1945

Atividade Cultural: Mamulengo

Macrorregião: Zona da Mata

Região de Desenvolvimento: 11 Mata Norte

Município: Vicência

Antônio Joaquim de Santana é o nome do Mestre Calú, mamulengueiro. Os mamulengos consistem em uma forma de teatro de bonecos, feitos dos mais diversos materiais, que interagem com o público partindo de um roteiro mínimo que se desenrola através de criativas improvisações. Por ser uma manifestação da cultura popular brasileira repleta de originalidades, destacando-se a região Nordeste e, mais ainda, Pernambuco, o mamulengo tornou-se, em 2015, Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, o que garante a salvaguarda desse bem cultural. Natural de Vicência, Zona da Mata de Pernambuco, Mestre Calú nasceu em 12 de agosto de 1945, no Engenho Independência e em muito contribui com a salvaguarda desse bem. O contato próximo com o brinquedo através de seu pai, o mamulengueiro José Joaquim Santana, o Zé Calú fez com que Antônio despertasse, desde a infância, o gosto e o encanto pelo mundo lúdico e alegre dos bonecos de mamulengos.

Em 1964, aos 19 anos de idade, Mestre Calú comprou seu primeiro brinquedo, um presépio do mamulengueiro Tio Pueira, de quem também herdou a primeira freguesia. Ele logo produziu seu próprio teatro de bonecos, dando início a uma trajetória que contribui fortemente para a cultura popular nordestina. Mestre Calú aproveitou ao máximo os

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Mestre Calú

ensinamentos de seu pai, que faleceu seis anos depois dessa aquisição. Num primeiro momento, nomeou seu presépio de bonecos de “Presépio Mamulengo desde o Princípio do Mundo", o qual posteriormente passou a ser chamado “Presépio Mamulengo Flor de Jasmim”. Durante as décadas de 1960 a 1990, Calú se apresentava em diversos engenhos e fazendas da Mata Norte de Pernambuco, onde era contratado e promovia divertimento e provocava risos de trabalhadores rurais. Nessa época, já levava sua irreverência, improviso e criatividade para cidades vizinhas, como Timbaúba, Macaparana, entre outras.

Atualmente, é um dos mestres em mamulengos de maior idade e experiência no país e repassa seus conhecimentos para seu filho, conhecido como Duda. Possui mais de 200 bonecos em seu acervo, os quais ele mesmo criou e deu vida. Em seu município, Vicência, recebeu diversas homenagens de relevância; ao redor do Brasil, o mamulengueiro também recebeu prêmios importantes, como o do Teatro de Bonecos Popular o Nordeste, em 2016; e o prêmio de culturas populares do Ministério da Cultura, em 2017. Além disso, Mestre Calú, que esteve presente em Brasília na reunião que elegeu o mamulengo como Patrimônio Cultural do Brasil, é considerado, desde 2019, um

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Mestre Calú
Acima: Apresentação do Presépio Mamulengo Flor de Jasmim no FIG 2022; Abaixo: Festival Viva Calú em Vicência Fotos: Edson Ramos

guardião da memória viva do mamulengo, e também participou de dezenas de projetos e oficinas pelo país, contribuindo para a preservação e salvaguarda da tradição desse brinquedo lúdico, dinâmico e que exalta cultura popular desde a criação dos bonecos, até as representações (encenações) para o público.

Mestre Calú e seus mamulengos Foto: Divulgação

Dotada de significações lúdicas, esse folguedo de expressão cênica, permite que outros folguedos e manifestações sejam representadas através das narrativas e histórias contadas, reforçando a cultura local de cada região e transmitindo tanto de geração em geração, como para o público em geral. Assim o faz grandiosamente Mestre Calú, que produz

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Mestre Calú
“Sai tudo da minha cabeça, não tenho leitura, não tenho nada, não estudei. Mas me liguei nisso e pronto. O conhecimento de Mestre eu tenho”.
Mestre Calú

Calú

seus próprios bonecos, com garrafas PET, bolas de gude, entre tantos outros materiais que lhes dão singularidade. Nascido e criado na Zona da Mata, várias de suas histórias estão contextualizadas em expressões culturais rurais como o coco, o maracatu, o pastoril e o cavalo marinho. Também é o próprio Mestre que reproduz e faz as cantigas e loas desses brinquedos. O mamulengueiro não se esgota por aí, recria passagens bíblicas, unindo o profano e o religioso, entre tantas outras histórias. A arte de Mestre Calú é um deleite para a plateia que, em 2022, foi contemplado com o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, fazendo com que as cortinas do teatro de bonecos nunca se fechem.

Referências

Defesa do Mestre Calú - Patrimônio Vivo de Pernambuco 2022 <https://www.youtube.com/watch?v=1JqxCSdXGWo>

Bonecos em performance – Mestre Calú Vicência - PE <https://www.youtube.com/watch?v=mSp6mpD2qWo>

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64 Mestre
| Onde Encontrar?

Live 01 - Mamulengo Flor de Jasmim - MESTRE CALÚ - LEI ALDIR BLANC

<https://www.youtube.com/watch?v=HINe4M5FDXI>

Mestre Calu de Vicência-PE, se apresenta no 3º ANIMANECO –Festival de Teatro de Bonecos de Joinville-SC

<https://blog.djalmalopes.com/2020/08/mestre-calu-devicencia-pe-se-apresenta.html>

Voz do Planalto. Documentário registra vida e obra do Mestre Calú <https://www.vozdoplanalto.com.br/documentarioregistra-vida-e-obra-do-mestre-calu/>

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco. Organizadores: Jacira França, Marcelo Renan de Souza Recife: FUNDARPE, 2018.

Pernambuco. Secretaria de Cultura. Espetáculos Populares de Pernambuco. Karina de Melo Soares, Sandra de Deus Ishigami, Alba Cristina de Albuquerque Moreira. Recife: CEPE, 1996.

Antônio Calú

@mestrecalu

Mamulengo Flor de Jasmin http://mamulengoflordejasmim.blogspot.com/

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Mestre Calú

Samba de Veío da Ilha do Massamgano Samba de Veío da Ilha do Massamgano

Foto: Lizandra Martins

Samba

de

Véio da Ilha do Massangano

Nome Artístico: Samba de Véio da Ilha do Massangano

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022

Data de Fundação: 1937

Atividade Cultural: Coco de Roda

Macrorregião: Sertão

Região de Desenvolvimento: 02 Sertão do São Francisco

Município: Petrolina

“É daqui mesmo, não vem de lugar nenhum, não”, disse Amélia Oliveira da Silva, a Dona Amélia, sobre a originalidade da manifestação cultural Samba de Véio da Ilha do Massangano, localizado na zona rural da cidade de Petrolina, no Sertão do São Francisco. De tradição oral e de influência indígena, africana e portuguesa, o Samba de Véio possui algumas semelhanças com o Reisado, o Samba de Roda e Coco da Bahia e com a Dança do Coco de Pernambuco, mas suas especificidades fazem dele um brinquedo único. O grupo, atualmente formado por homens e mulheres em sua maioria agricultores e pescadores, negros descendentes de gerações vindas de quilombos e aldeias das margens do rio São Francisco, nascidos, criados e residentes da Ilha do Massangano, teve origem há mais de 100 anos. O pai de Dona Amélia, Manoel de Oliveira, foi um dos precursores do folguedo. Como barqueiro, empenhava-se em transportar mercadorias nas cidades ribeirinhas da região, até que um dia, ao aportar na Ilha do Massangano, resolveu fazer do lugar sua morada. Do novo lar veio também a inovadora brincadeira que se tornou símbolo da comunidade.

Desde então, o Samba de Véio marca as festividades do Dia de Reis, que ocorrem no mês de janeiro. Sempre à noite, os brincantes vão de casa em casa realizando o ritual que marca a entrada no ano que se inicia. Primeiramente, antes do samba começar, acende-se

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Samba de Véio da Ilha do Massangano

uma fogueira para aquecer os tamboretes feitos com couro de bode ou de boi. O batuque, formado por timbal, triângulo, pandeiro, atabaque, ganzá e caracaxá (chocalho de origem indígena) e cavaquinho, é acompanhado das palmas, danças e canções do grupo, que formam uma harmoniosa roda. Quem ousar ir para o meio do círculo, dança uma espécie de sapateado e convida outras pessoas para unirem-se ao centro. Os momentos que mais chamam a atenção são as chamadas “imbigadas”, com referência ao momento em que o par de dançantes lançam as respectivas barrigas uma contra a outra; e a dança trupé, que significa as passadas dos pés descalços na areia, seguindo o toque dos instrumentos; e quando uma das mulheres do grupo dança equilibrando uma garrafa de vidro na cabeça. Quanto à vestimenta, o colorido toma conta das saias rodadas e lenços usados pelas mulheres e das calças e camisas de botão dos homens.

O nome “Samba de Véio” é dos anos 2000. Como forma de dar um nome próprio ao folguedo, acrescentouse o “Véio” em referência ao fato que antigamente as crianças não podiam acompanhar, mas muitos avôs e pais repassavam aos mais novos. Até os dias atuais, essa é uma

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Samba de Véio da Ilha do Massangano Equilibrio da garrafa durante apresentação do Samba Foto: Marcelo Lyra | Olhonu Maria de Fátima
"Equilibrar a garrafa na cabeça é como o equilíbrio da vida. Tem horas que é mais fácil, tem horas que é mais difícil, mas a gente aprende!”.
Voz do Samba e equilibrista da garrafa

grande preocupação dos que mantêm o folguedo vivo, que em sua maioria são pessoas idosas: inserir a presença dos novos, garantindo a renovação e a preservação do grupo. Em 2002, foi criado o grupo Samba de Véio "Mirim" composto por crianças e jovens de 4 a 14 anos que têm acesso a atividades e oficinas socioculturais. O ensaista, dramaturgo e professor Ariano Suassuna, ao conhecer o grupo em 2004, passou a defender, promover e apoiar o Samba de Véio, tornando-se o padrinho do mesmo. Dessa maneira, o grupo ganhou uma maior visibilidade, principalmente na mídia, chegando a gravar seu primeiro CD, em 2005, através do SESC e com apoio de Ariano Suassuna que prefaciou o encarte do álbum. Outra forma de dar vida à manifestação é através de apresentações do grupo em outras cidades de Pernambuco e do Nordeste ao longo do ano.

O Samba de Véio acumula reconhecimentos também na área acadêmica, na qual já foram produzidas diversas teses, dissertações e artigos sobre o grupo e sobre a Ilha. Além disso, já recebeu muitos prêmios, medalhas, protagonizou documentários e participou de gravações de discos. Em 2022, veio a grande titulação que o reconheceu como Patrimônio Vivo de Pernambuco, contribuindo para que a fogueira, que inicia o ritual da manifestação, mantenha-se acesa por muito tempo e para futuras gerações.

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Catálogo Anual de Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco Samba de Véio da Ilha do Massangano Apresentações do Samba Véio Fotos: Ricardo Moura, Costa Neto, Lizandra Martins

Referências | Onde Encontrar?

Cultura PE. Não deixe o samba morrer: Como o Samba de Véio ainda sobrevive na pequena Ilha de Massangano <http://www.cultura.pe.gov.br/canal/culturapopular/naodeixe-o-samba-morrer/>

SÁ, Natalia Coimbra de; SOUZA, Regina Celeste de Almeida. Culturas Regionais no Rio São Francisco: Perspectivas De Análise do Samba de Véio. Revista de Desenvolvimento Econômico (RDE). Ano XII Ed. Esp. Salvador, BA, Dez. de 2010 <https://revistas.unifacs.br/index.php/rde/article/view/1243> Revista Continente. Cultura Popular <https://revistacontinente.com.br/edicoes/201/cultura-popular>

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Samba de Véio da Ilha do Massangano

Samba de Véio da Ilha do Massangano

Documentário O Samba de Véio e Seus Saberes - Da Oralidade a Era Digital

<https://www.youtube.com/watch?v=xFq8LiXASo4>

Canal Futura - Conheça o samba de véio e suas tradições <https://www.youtube.com/watch?v=MdRedkBM62w>

RTV Caatinga Univasf. O Samba de Véio da Ilha do Massangano <https://www.youtube.com/watch?v=Hn6InqeKn_Y >

Samba de Véio da Ilha do Massangano

@sambadeveioilhadomassangano

Samba de Véio da Ilha do Massangano

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AQUINO, Antonise Coelho de. Ilha do Massangano: Uma terceira margem no Velho Chico. Appris Editora, 2021

Tata Raminho de Oxóssi Tata Raminho de Oxóssi

Foto: Laila Santana

Severino Martiniano da Silva

Nome Artístico: Tata Raminho de Oxóssi

Ano de Registro de Patrimônio Vivo: 2022 Data de Nascimento: 09 de janeiro de 1936

Atividade Cultural: Religiões de Matrizes

Afro-Brasileiras

Macrorregião: Metropolitana

Região de Desenvolvimento: 12 Metropolitana

Município: Olinda

Nascido na cidade do Recife em 1936, Severino Martiniano da Silva, o Raminho de Oxossi, é Mestre Griô das tradições Jêge Nagô em Pernambuco. Residente em Olinda, é mestre das tradições culturais de matriz africana em Pernambuco, herdeiro continuador das tradições trazidas pelas Tias do Terço (Sinhá, Yayá, Tia Bernardina), nigerianas, que junto com Maria de Lourdes Silva, conhecida por Badia, carnavalesca e grande referência na religiosidade afrobrasileira no Recife no século XX, organizaram a comunidade negra do Pátio do Terço, no bairro de São José. O lugar é um marco da memória e da cultura negra do Recife, é lá que Raminho celebra a tradicional Noite dos Tambores Silenciosos.

O evento acontece sempre nas segundas feiras de Carnaval, marcado pelo encontro de batuqueiros de vários grupos de Maracatu Nação (este que é Patrimônio Imaterial reconhecido pelo Iphan) que se reúnem para, com o rufar dos tambores, celebrar os ancestrais, pedir a bênção aos orixás, e, à meia noite, no apagar das luzes, os tambores silenciam. A reverência dos “tambores silenciosos” é um dos marcos do carnaval do Recife, no qual o público, admirado, chega a disputar por espaço nos arredores do Pátio do Terço para acompanhar a cerimônia, uma das mais importantes conduzidas por Raminho de Oxossi.

O Babalorixá1 também é responsável pela fundação da Roça Oxossi Ibualama e Oxum

1 Segundo a religião do candomblé/xangô, e em alguns centros de umbanda, babalorixá é o chefe espiritual e administrador da casa, responsável pelo culto aos orixás

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Tata Raminho de Oxóssi

Opará, localizadas em Olinda. A Roça é um dos terreiros de candomblé mais antigos de Pernambuco, onde estão salvaguardados os objetos sagrados e a memória da comunidade de africanos que frequentavam o Pátio do Terço, sendo sede e nascedouro de grupos culturais e comunidades tradicionais. Tata Raminho de Oxóssi representa uma das maiores lideranças afro-pernambucanas vivas, e um dos mais antigos Babalorixás do estado. Carnavalesco, Raminho mantém forte relação com as festas negras e populares, tendo sido responsável pela formação e orientação de diversos grupos e casas tradicionais.

O mestre foi o responsável por fundar o primeiro afoxé de Pernambuco, o Afoxé Ilê de África.Tal iniciativa significou, sobretudo, uma forma de resistência política, já que sua criação ocorreu em 1970, quando o Brasil estava em plena Ditadura Militar. Seus integrantes ocuparam as ruas para combater o racismo e a intolerância religiosa, já que era comum os terreiros serem invadidos por oficiais da lei em noites de toque, e os elementos sagrados serem apreendidos, impedindo assim a continuidade das celebrações nas casas, além do ato de repressão representar violências simbólicas e práticas por parte das autoridades da época. A palavra afoxé vem do iorubá e significa “Fala que faz”.

Fica Atento!

A Noite dos Tambores Silenciosos é uma celebração que ocorre toda segundafeira de carnaval, no Pátio do Terço. Para saber mais, acesse o Inventário Nacional de Referências Culturais do Maracatu Nação produzido pela Secult-PE e Fundarpe, disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/504/>

Às iniciativas de Raminho somam-se a fundação do Afoxé Ara Odé, grupo do qual é presidente de honra e a criação e coordenação da festa das Águas de Oxalá, que acontece no Sítio Histórico de Olinda desde 1982.Também conhecida como "A lavagem das escadarias do Bonfim" com água de cheiro.

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Tata Raminho de Oxóssi Noite dos Tambores Silenciosos Foto: Jorge Luiz | Prefeitura do Recife

A celebração, que marca a abertura do ciclo carnavalesco, manifesta um pedido de paz no novo ciclo festivo, purifica e renova o espírito daqueles que participam. O cortejo começa com a lavagem da fachada da igreja do Bonfim, no sítio histórico de Olinda e segue arrastando a multidão pelo arruado da cidade patrimônio.

Além da transmissão de saberes e práticas afrobrasileiras, Raminho preocupa-se com a preservação e disseminação de uma das línguas que faz parte da história da população negra brasileira, a Iorubá. A língua iorubá também dá nome a um dos maiores grupos étnicos da Nigéria e chegou ao Brasil com a população africana escravizada durante o período colonial. Preservar o uso dessa língua significa a preservação de uma memória ancestral e histórica de um povo em diáspora, a qual é vivenciada e disseminada a partir de palavras usadas no cotidiano da Roça e em outros âmbitos sagrados.

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Tata Raminho de Oxóssi
Tata Raminho de Oxóssi no seu terreiro e durante a cerimônia das Águas de Oxalá Fotos: Thiago Queiroz e Sandro Barros | Prefeitura de Olinda

Referências | Onde Encontrar?

Cultura PE. Caminhada inicia celebrações da consciência negra em Pernambuco

<http://www.cultura.pe.gov.br/canal/culturapopular/ caminhada-inicia-celebracoes-da-consciencia-negra-empernambuco/>

NUNES, Edson de Araújo; dos SANTOS Victor Ricardo Bispo. Identidades afro-indígenas e a trajetória do Tata Raminho de Oxossi no culto da Jurema Sagrada. Recife, 2016. <http://www.unicap.br/ocs/index.php/cncrt/cncrt/paper/ download/241/26>

Pátio do Terço

<https://memoriaescravidaope.wordpress. com/2017/09/18/patio-do-terco/>

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Tata Raminho de Oxóssi

Águas de Oxalá - Olinda, PE <https://www.youtube.com/ watch?v=Gd77FiNmMvI>

Toque de Xangô na casa de Raminho de Oxóssi 2017 <https://www.youtube.com/ watch?v=UAZ5lB_ZJkA>

Raminho de Oxossi saída de Iemanjá <https://www.youtube.com/watch?v=u5Uo02xFWb4> Noite dos Tambores Silenciosos <https://www.youtube.com/watch?v=SbcWasUcJ0s>

Diário de Pernambuco. Conheça a história dos afoxés em Pernambuco <https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/ viver/2019/03/conheca-a-historia-dos-afoxes-empernambuco.html>

Afoxé Ará Odé

oxumoparaoxossiibuolamo

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Tata Raminho de Oxóssi

Legislação de Referência sobre o Registro de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco

Legislação de Referência sobre o Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco

LEI Nº. 12.196, DE 02 DE MAIO DE 2002. Institui, no âmbito da Administração Pública Estadual, o Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco - RPV-PE, e dá outras providências.

<https://legis.alepe.pe.gov.br/textoaspx?tiponorma=1&numero=12196&complemento=0 &ano=2002&tipo=&url=>

DECRETO Nº. 27.503, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2004. Regulamenta a Lei nº. 12.196, de 02 de maio de 2002, estabelece a sistemática de execução do Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco - RPV-PE, e dá outras providências.

<https://legis.alepe.pe.gov.br/texto.aspx?tiponorma=6&numero=27503&complemento=0 &ano=2004&tipo=&url=>

LEI Nº 15.944, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2016. Altera a Lei nº 12.196, de 2 de maio de 2002, que institui, no âmbito da Administração Pública Estadual, o Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco - RPV-PE.

<https://legis.alepe.pe.gov.br/texto.aspx?id=25611&tipo=>

LEI Nº 17.489, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2021. Altera a Lei nº 12.196, de 2 de maio de 2002, que institui, no âmbito da Administração Pública Estadual, o Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco - RPV-PE para estabelecer em dez o quantitativo máximo de candidatos contemplados no RPV-PE por ano.

<https://legis.alepe.pe.gov.br/texto.aspx?id=60735&tipo=>

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Maracatu Piaba de Ouro no Palco Cultura Popular. Foto: Jan Ribeiro

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