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BOGOTÁ, CAPITAL OF THE REACTIVATION IN COLOMBIA Daniel Feged, Grupo Albión Colombia JAPÃO | JAPAN O MUNDO EM QUESTÃO

DAVID AZEVEDO LOPES, PRESIDENTE AEON JAPÃO PRESIDENT AEON JAPAN

O MUNDO EM QUESTÃO

THE WORLD IN QUESTION

Nunca como hoje as perguntas foram tão importantes. E também, nunca como hoje, precisámos tanto de respostas exactas, verdadeiras e científicas, às perguntas que se vão acumulando. Não sabemos nesta pandemia quando é que teremos a maioria da população do mundo vacinada, mas muito antes disso, ainda não sabemos, definitivamente o verdadeiro alcance das actuais vacinas. E se continuarmos nesta lógica poderíamos também perguntar se a próxima variante deste COVID, ou mesmo uma nova pandemia, poderá ser enfrentada com a vantagem do que (não) aprendemos com esta. Vamos conhecendo e sentindo as consequências dramáticas desta crise, em vidas perdidas, e na destruição de milhões de empresas e postos de trabalho, que os organismos que tratam das estatísticas, vão debitando junto com a redução da criação da riqueza das nações e a redução de rendimento dos trabalhadores e das famílias. Sabemos isso, mas não sabemos o custo para as novas gerações do acentuar das desigualdades, expressa em muitos países pelo mais difícil (ou mesmo impossível) acesso à saúde e à justiça ao mesmo tempo que o elevador social, que a educação deveria significar, parou avariado entre o andar da pobreza e o andar da esperança e do sonho. Ironicamente numa parede em São Paulo um ‘graffiti’ sintetiza o sentimento: “Na minha juventude fui muito pobre. Mas depois de anos de luta e trabalho, deixei de ser jovem.” O insucesso das respostas, às perguntas que não fazemos, continuam a permitir que enormes avanços civilizacionais e científicos não sejam colocados plenamente ao serviço do bem-estar da humanidade e da liberdade individual. Há uns anos atrás a autora Naomi Klein (com quem discordo em muitas das suas teorias) escreveu no seu ‘best-seller’ “No Logo” que a “democracia é um assunto local”. Às vezes pergunto-me se não será esse nosso pequeno mundo, que não nos permite assumir mais responsabilidade como cidadãos do país e do planeta. Somos capazes de nos mobilizar por uma causa local, seguramente por algo grave que tenha a ver com a nossa rua, mas ficamos Asking questions has never so important. Also, now more than ever, we need exact, true and scientific answers to the mounting questions. We don’t know in this pandemic when the majority of the world’s population will be vaccinated and the true reach of current vaccines. And we could always ask whether the next strains of this COVID or even a new pandemic, can be tackled with the added advantage of what we have (not) learned with the current pandemic. We are getting to know and feel the dramatic consequences of this crisis as regards the number of lives lost and destruction of millions of companies and jobs, based on the figures disclosed every day by organisations dealing with statistics, the reduction in the creation of the wealth of nations and reduction of income of workers and households. We know this, but we don’t know what will be the cost for the new generations of the growing inequalities in many countries resulting in more difficult (or even impossible) access to healthcare and justice at a time when the social lift, which education should enable, stopped and is now mid-floor between the poverty floor and the hope and dream floor. Ironically on a wall in São Paulo, a graffiti sums up this feeling: “In my youth, I was very poor. But after years of struggle and hard work, I stopped being young. ” The failure to come up with answers to the questions we don’t ask keeps hindering the huge civilizational and scientific advances from being placed fully at the service of the well-being of humanity and individual freedom. A few years ago, the author Naomi Klein (and I must say I don’t agree with most of her theories) wrote in her bestseller “No Logo” that “democracy is a local issue”. Sometimes I think that this little world of ours probably does not allow us to become more accountable as citizens in our countries and the planet. We can mobilise for a local cause, certainly for something serious that has to do with the street we live in,

indiferentes perante atropelos a questões que a nossa consciência e solidariedade humana nunca deixaria de nos convocar. Da ilusão de que as redes sociais nos davam mais poder, passámos para a consciência que são cada vez mais espaços de difamação, egocentrismo e mentira ou de “neorrealismo” como alguns preferem chamar. Pensámos que a digitalização de conteúdos, da informação e do conhecimento nos iria conduzir a um mundo mais partilhado, cooperativo e de acesso a novas oportunidades. Ao invés, assistimos à crescente balcanização, fragmentação e controle (quando não censura), desses mesmos conteúdos, tal como previsto no livro “The New Digital Age” publicado em 2013 por Eric Schmidt e Jared Cohen. É talvez por isso que a democracia, que damos muitas vezes como um valor absoluto e adquirido se apresenta cada vez mais questionada. Tudo está, aparentemente, à vista de todos, mas paradoxalmente novas linhas do “politicamente correcto” no jogo do deve e haver da política internacional nos afasta do sofrimento que, por exemplo, o povo de Myanmar está a viver perante um golpe de estado militar que remove um governo democraticamente eleito, e impõe um estado marcial que ignora e esmaga os constantes pedidos de ajuda da população a nações como os Estados Unidos, Japão e à União Europeia. Quantas vezes nas últimas semanas nos lembramos de ter visto, tratado com profundidade, e intensidade nos media, a crise humanitária no Yemen, que é somente a mais grave, existente hoje no mundo. Neste país 80% da população, das quais 12 milhões de crianças enfrentam diariamente a fome a pobreza extrema, sendo que actualmente 400 mil crianças correm o risco de morrer de subnutrição. A primavera árabe é um bom exemplo disso. Foi na Internet que começou, mas a “algoritimização” dos conteúdos e da nossa atenção desviou-nos para conteúdos “livres e não pagos”, que é o mesmo que dizer, para as notícias das “galinhas das duas cabeças”, “listas e rankings de belezas e outros feitos” e alguns títulos sobre futebol. Mais do que respostas instintivas e superficiais, em que a ciência, não está simplesmente presente, precisamos de colocar as questões certas, seja na sociedade, seja nas nossas empresas e organizações. Contrariamente à percepção de muitos a Internet e o acesso às ferramentas de partilha não oferecem mais voz aos cidadãos. No futuro que já é presente, mais pessoas terão menos poder. É por isso que a exigência que temos que colocar nos lugares de liderança é tao importante. Ao fazê-lo estamos a criar condições para que as perguntas recebam as respostas adequadas, rigorosas, científicas e verdadeiras. Um comandante da Marinha, meu amigo, define a exigência que temos que ter com os líderes com uma imagem ligada a navios, como não podia deixar de ser. Pergunta ele: “Estamos a bordo de um grande paquete. Quem queremos que vá ao comando do navio? Um amigo do armador, simpático, bem relacionado e com boa impressão? Ou o melhor de nós nas técnicas de comando e navegação? Termina respondendo: “Se o bom senso nos leva a escolher a segunda opção, porque é que em relação à politica e à gestão do bem comum e da nossa predestinação, agimos de forma diferente?” l but we are indifferent to the breaches that our awareness and human solidarity should mobilise us against. Social media gave us more power and we became more aware of the fact that there is now more room for defamation, egocentrism and lies, or “neorealism” as some prefer to call it. We thought that digitisation of content, information and knowledge would lead us to a more shared, cooperative world based on access to new opportunities. Instead, we are witnessing the increasing balkanization, fragmentation and control (and sometimes censorship) of these same contents, as predicted in the book “The New Digital Age” published in 2013 by Eric Schmidt and Jared Cohen. This is perhaps why democracy, which we often take as absolute and for granted, is increasingly being put into question. Everything is apparently in plain sight, but paradoxically, new lines of “politically correctness” in the international dealings are moving us away from the suffering that, for example, the people of Myanmar are experiencing in the face of a military coup which removed a democratically elected government and imposed a martial state that ignores and crushes the population’s constant cries for help addressed to nations like the United States, Japan and the European Union. How often in the past few weeks have we seen in-depth media coverage of the humanitarian crisis in Yemen, the most serious in the world today. In this country, 80% of the population, including 12 million children, face hunger and extreme poverty daily, with 400,000 children currently at risk of dying from malnutrition. The Arab spring is a good example of this. It began on the Internet, but the “algorithmisation” of content and our attention diverted us to “free and unpaid” content, that is, refocused out attention rather to news about “two-headed chickens”, “beauty lists and rankings and other achievements ”and some football stories. More than instinctive and superficial answers, that don’t involve science alone, we need to ask the right questions in society, in our companies and in organisations. Contrary to the perception of many, the Internet and access to sharing tools no longer offer citizens a voice. In the future that is already here, more people will have less power. Hence our need to be more demanding as regards those taking up leadership positions. In doing so, we are creating conditions for questions to receive appropriate, rigorous, scientific and truthful answers. A Navy captain, a friend of mine, defines the accountability we should require from leaders with an image linked to ships, obviously. He asks: “We are on board a large luxury liner. Who do we want to take the helm of the ship? A friend of the shipowner, a friendly person, with good connections and someone who causes a good impression? Or the best among us as regards captaining a ship and navigation techniques? He concludes by answering: “Common sense leads us to choose the second option. Hence so why is it that when it comes to politics and the management of the common good and our predestination, we choose differently?” l

CARLOS ÁLVARES,

CEO DO BANCO NACIONAL ULTRAMARINO CEO OF BANCO NACIONAL ULTRAMARINO

MACAU: DESAFIOS E OPORTUNIDADES

MACAO: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES

Também para Macau, e na sequência da pandemia que eclodiu no princípio do ano passado, 2020 foi um ano com muitos desafios. E que continuarão a existir de certeza em 2021. A economia mundial continuará a enfrentar dificuldades. O sistema financeiro não será uma exceção. A Banca teve que se adaptar muito rapidamente a um cenário global sem precedentes. Neste momento, muitas das consequências da atual situação ainda não são totalmente identificáveis e a incerteza prevalece. Apesar da distribuição das vacinas e do início do processo de vacinação da população, temos que permanecer em alerta e prontos para ajustar as nossas práticas e políticas às novas circunstâncias e à realidade imposta por esta situação. No entanto, as crises também são oportunidades para se promover mudanças. Algumas das quais, tornar-se-ão, certamente permanentes. Nas últimas décadas, a tecnologia avançou muito rapidamente. Contudo o ritmo da sua aplicação, nem sempre tem acompanhado esse avanço. A pandemia constitui um factor de aceleração do aprofundamento da digitalização, com mudanças duradouras na organização dos Bancos e no comportamento dos consumidores. Com uma maior digitalização da economia, as instituições financeiras enfrentam um novo conjunto de desafios, nomeadamente: 1. Transformação dos negócios para se obter o máximo das soluções financeiras móveis e digitais; 2. Gestão da segurança digital; 3. Cumprimento das normas; 4. Alavancagem da tecnologia para se garantir vantagens competitivas; 5. Uso da tecnologia para melhorar o desempenho geral da rede bancária e dos serviços prestados. T he year 2020 was a challenging year also for Macao, following the pandemic that broke at the beginning of last year. And these challenges will certainly be there in 2021 too. The world economy will continue to face difficulties. And the financial system will not be an exception. Banking had to adapt very quickly to an unprecedented global scenario. Many of the consequences of the current situation have not been fully identified yet and uncertainty prevails. Despite the distribution of vaccines and the start of the population’s vaccination process, we have to keep a close watch and be ready to adjust our practices and policies to the new circumstances and the reality imposed by this situation. But crises are also opportunities to promote change. Some of which will certainly become permanent. In the past few decades, technology has advanced very rapidly. However, the pace of its implementation has not always kept up with these advances. The pandemic did accelerate digitalization, with lasting changes in the organization of Banks and the behaviour of consumers. With greater digitization of the economy, financial institutions face a new set of challenges, namely: 1. Transformation of the business to get the most from mobile and digital financial solutions; 2. Digital security management; 3. Compliance with regulations; 4. Leveraging technology to ensure competitive advantages; 5. Use of technology to improve the overall performance of the banks’ branches and the services provided. Macao faces an additional challenge. Given that a

Em Macau ainda existe um desafio adicional. Atendendo a que uma parcela muito importante da economia ainda é assegurada pelo jogo, mais do que nunca, a diversificação económica é essencial. Para suportar as crises futuras, o território tem de aproveitar o impulso criado pela pandemia, para imprimir um maior dinamismo ao seu sector empresarial. Dando os passos necessários para criar as condições que permitirão tirar partido das oportunidades oferecidas pelo mercado mais vasto da Área da Grande Baía (GBA). Esta agrega 9 cidades da China aqui próximas, Hong Kong e Macau, com uma área de cerca de 50.000Km2 (metade de Portugal), mas com uma população de 70 milhões de habitantes (7X Portugal) e com um PIB de cerca de USD 1.4 triliões (7X Portugal), que se estima possa atingir USD 4.3 triliões no espaço de 10 anos! Para que essas oportunidades se materializem em projetos concretos, as atuais barreiras ao comércio e ao investimento deverão ser progressivamente removidas. Um dos principais obstáculos a superar são os três diferentes sistemas jurídicos, regulatórios, tributários e as três diferentes moedas, que limitam a mobilidade de bens, capitais, pessoas, tecnologia e informação. Adicionalmente, as apertadas regras e controlo cambiais, também dificultam os fluxos de capitais transfronteiriços dentro da Grande Baía. Para superar esses obstáculos e promover uma cooperação mais profunda e de longo alcance dentro da GBA, as autoridades deverão estreitar ainda mais a colaboração com as instituições financeiras, a fim de uniformizar a legislação e as estruturas regulatórias para aumentar a eficiência dos serviços, reduzir a burocracia e diminuir os custos de fazer negócios transfronteiriços. Além disso, também será importante incentivar ainda mais a digitalização do sector bancário e harmonizar os produtos e serviços na GBA. Também é vital facilitar o fluxo de recursos humanos qualificados e atrair e reter especialistas de diferentes áreas do sector financeiro. Neste contexto, Macau poderá retirar o máximo partido das suas características únicas. O território encontra-se numa posição privilegiada para ser um importante pólo de negócios transfronteiriços, atraindo empresas ocidentais a investirem na China e empresas chinesas a investirem no estrangeiro, nomeadamente nos Países de Língua Portuguesa (PLP), através da constituição de ‘joint ventures’ e parcerias com empresários locais. Os recentes Acordos de Investimento que a China assinou com a União Europeia e com os Países do Sudeste Asiático (a este último, também aderiram a Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul), irão reforçar ainda mais a posição de Macau como trampolim natural entre o Oriente e o Ocidente. Acresce à situação privilegiada de Macau, o facto de essa expansão poder ser alavancada por meio da Área de Livre Comércio de Hengqin, uma ilha adjacente com o triplo da área de Macau. A Região Administrativa Especial de Macau tem uma ligação direta com outras cidades da GBA através very important part of the economy still relies on gambling, diversification thus becomes essential, now more than ever. To withstand future crises, the territory has to take advantage of the impulse created by the pandemic thus granting more dynamism to its business sector. And take the necessary steps to create the right conditions that will allow it to take advantage of the major opportunities offered by a wider market in the Greater Bay Area (GBA). This area aggregates 9 cities in nearby China, Hong Kong and Macao, with an area of around 50,000Km2 (half of Portugal), but with a population of 70 million inhabitants (7X Portugal) and with a GDP of around USD 1.4 trillion (7X Portugal), estimated to reach USD 4.3 trillion in 10 years! For these opportunities to materialize in concrete projects, the current barriers to trade and investment must be progressively removed. One of the main obstacles to overcome pertains to the existence of three different legal, regulatory, tax systems and three different currencies, which limits the mobility of goods, capital, people, technology and information. Also, tight foreign exchange rules and controls hamper cross-border capital flows within the Greater Bay. To overcome these obstacles and promote deeper and far-reaching cooperation within the GBA, authorities should further strengthen collaboration with financial institutions to standardize legislation and regulatory structures to increase the efficiency of services, reduce bureaucracy and lower cross-border business costs. Furthermore, it will also be important to further encourage the digitization of the banking sector and harmonize products and services in the GBA. It is also vital to facilitate the flow of qualified human resources and to attract and retain experts from different areas in the financial sector. In this context, Macao will be able to take full advantage of its unique characteristics. The territory is in a privileged position to become an important crossborder business hub, attracting Western companies to invest in China and Chinese companies to invest abroad, namely in Portuguese-speaking Countries (PLP), through the establishment of joint ventures and partnerships with local entrepreneurs. The recent Investment Agreements signed by China with the European Union and the countries of Southeast Asia (also joined by Australia, New Zealand and South Korea), will further strengthen Macao’s position as a natural springboard between the East and the West. In addition to the privileged situation of Macao, there is the fact that this expansion can be leveraged through the Hengqin Free Trade Area, an adjacent island three times the size of the Macao area. The Macao Special Administrative Region has a direct link to other GBA cities through Hengqin, and several measures are

de Hengqin, e já existe um conjunto de medidas para facilitar o comércio e o investimento entre o Interior da China e Macau. Essas medidas incluem benefícios fiscais, para indivíduos e empresas, isenção de imposto sobre valor acrescentado e/ou imposto de consumo entre as empresas localizadas na Área de Comércio Livre de Hengqin, simplificação do registo de empresas, bem como, facilitação de procedimentos alfandegários e de deslocações fronteiriças. Espera-se que outras medidas possam ser implementadas a fim de atrair mais investimentos. Apesar das previsões de crescimento mais otimistas para 2021, ainda há um caminho a percorrer até voltarmos aos níveis de crescimento do passado pré-pandemia. Entretanto, continuaremos a ajudar a comunidade e apoiar as empresas e indivíduos a enfrentar estes tempos difíceis, criando as condições necessárias para uma recuperação rápida. l

PS. Destaco ainda e não menos importante o seguinte! already in place to facilitate trade and investment between Mainland China and Macao. These measures include tax benefits, for individuals and companies, exemption from value-added tax and/or consumption tax for deals in companies located in the Hengqin Free Trade Area, simplification of business registration, as well as, streamlining customs procedures and cross border movements. Further measures are due to be implemented to attract more investment. Despite the more optimistic growth forecasts for 2021, there is still a long way to go before we return to the growth levels of the pre-pandemic past. In the meantime, we will continue to help the community and support companies and individuals to face these difficult times, creating the necessary conditions for a quick recovery. l

PS. I would also like to highlight the following!

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