8 minute read

SEGUIR O DINHEIRO! FOLLOW THE MONEY! António Bilrero, PRÉMIO

ANTÓNIO BILRERO,

PRÉMIO

SEGUIR O DINHEIRO!

FOLLOW THE MONEY!

Sheldon Adelson, fundador do grupo norte-americano de jogo morreu em meados de Janeiro. Um mês e meio depois, o grupo anunciava o fecho da operação na cidade natal e a venda de propriedades, num negócio avaliado em cerca de 6,2 mil milhões de dólares norte-americanos. O objectivo é claro e segue o que estava já a ser preparado ainda com o fundador da companhia vivo: reforçar as operações na Ásia, incluindo Macau, a capital mundial do jogo, e Singapura. Para António Ramirez, advogado e consultor especializado na área do jogo, esta operação estava prevista e segue um princípio bem simples: “O jogo segue o dinheiro. Onde interessa estar? Nas maiores economias e nas que apresentam maior desenvolvimento”. O especialista lembra que entre os anos 50/60, o final dos anos 90 e meados da primeira década do séc. XXI, Las Vegas era a capital mundial do jogo e os EUA eram, destacados, a maior economia do mundo. “Actualmente, assinala, o crescimento económico dos EUA não é o que já foi e há um conjunto de países asiáticos cujas economias [pré-pandemia] apresentam as taxas mais elevadas de crescimento”. Por isso é “absolutamente normal” este virar da agulha para o continente mais populoso do planeta. “Ao olharem para essas economias asiáticas, as empresas que se dedicam ao negócio do jogo, assim como àqueles que lhe estão associados, como o turismo e a hotelaria (com os seus luxuosos e gigantescos ‘resorts’ integrados), observam ali um enorme aumento do número de consumidores com dinheiro disponível para gastar. A escolha parece e é óbvia”, diz. António Ramirez reforça ainda que nessas economias asiáticas em franco processo de expansão, “ao contrário do que acontece na Europa e nos Estados Unidos, onde o consumidor tem um comportamento mais conservador, mais virado para a Sheldon Adelson, the founder of this US gambling group, died in mid-January. A month and a half later, the group announced the closure of operations in its hometown and the sale of properties, a deal involving around 6.2 billion US dollars. The objective is clear and follows what was already being planned when the founder of the company was still alive: to strengthen operations in Asia, including Macao, the world capital of gambling, and Singapore. For António Ramirez, lawyer and consultant specialized in the gambling sector, this operation was planned and sticks to a very simple principle: “Gambling follows the money. Where’s the best place to be? In the largest economies and those witnessing greatest development”. This expert recalls that between the 1950s and 1960s, the end of the 1990s and middle of the 21st century Las Vegas was the world capital of gambling and the USA was, clearly, the largest economy in the world. “Currently, he points out, the US economic growth is not what it once was and there is a group of Asian countries whose economies [pre-pandemic] witness the highest growth rates.” Hence refocusing on the most populated continent on the planet is “absolutely natural”. “When looking at these Asian economies, companies engaging in the gambling business, and related companies, such as tourism and hotels (with their luxurious and gigantic integrated resorts), are witnessing a huge increase in the number of consumers with money to spend. The option seems and is obvious”, he says. António Ramirez also reinforces the fact that in these currently booming Asian economies, “contrary to what happens in Europe and the United States, where the consumer has a more conservative behaviour, rather focused on savings, in these economies the focus is on consumption and money spending”.

poupança, aqui o foco vai para o consumo e o gasto de dinheiro”. E claro. A venda das propriedades em Las Vegas - The Venetian Resort Las Vegas, Sands Expo e o Centro de Convenções - tem bem presente a origem dos lucros (superiores 13,7 mil milhões de dólares norte-americanos em 2019). “Em 2019, 63% destes vieram da operação em Macau, seguido de Singapura, com 22%, e só depois o negócio nos Estados Unidos. Por tudo isto, “a opção de vender um activo que representa 10 ou 15% dos lucros, mas com uma valorização muito superior a esse valor, na ordem dos 6,4 mil milhões de dólares norte-americanos, permite preparar o grupo para eventuais fortes investimentos na Ásia”, atira. E acrescenta: “Ou seja, ao reinvestir esses 6,4 mil milhões noutras geografias (Ásia) há a real expectativa de isso gerar lucros muito superiores aos que a operação de Las Vegas geraria se esta solução não se realizasse”. Esta “deslocalização” constitui, por isso, “uma oportunidade para assegurar mais lucros, isto partindo do princípio de que quem a executou acredita que a Ásia vai continuar a ter um crescimento económico superior àquele que se vai verificar no futuro nos EUA. É uma jogada normal, partindo deste princípio”, diz. António Ramirez considera que, relativamente a Macau, com a recém-anunciada operação do grupo no Estado do Nevada, “a Sands China tem agora uma acionista, a Las Vegas Sands Corporation, com muito mais poder económico e com dinheiro disponível para investir”. “Quando chegar o concurso público para os contratos de concessão de jogo em Macau, adiado devido à pandemia, isso quer dizer que a Sands vai ter menos dívida e mais dinheiro disponível, ou seja, vai surgir numa posição aparentemente mais favorável para poder cumprir os requisitos que o Governo local venha a impor. Tudo indica que ficará assim em melhores condições para ir a jogo com boas perspectivas de sucesso”, conclui. Recorde-se que em plena pandemia, a Sands Macau investiu forte na capital mundial do jogo. O grupo arrancou com um projecto “The Londoner Macao” [cuja primeira fase foi inaugurada no passado mês de Fevereiro], um investimento de 1,9 mil milhões de dólares. Ainda durante este ano, o “The Londoner” vai assistir à inauguração de novos serviços no respetivo ‘resort’ integrado, com destaque para as aguardadas ‘suites’ criadas por David Beckham, o “Londoner Court”, um hotel de luxo com ‘suites’ residenciais, o centro comercial “Shoppes at Londoner” e a “Londoner Arena”. Aquando do anúncio da venda das propriedades no Estado do Nevada, o responsável pelas operações da Las Vegas Sands Corp., Patrick Dumont, assinalou que a venda do património pelos tais pouco mais de seis mil milhões dólares norte-americanos vai permitir continuar com a “estratégia de longa data do grupo de reinvestir” na Ásia e, simultaneamente, trazer mais liquidez à empresa para remunerar o “capital investido pelos acionistas”. Também nessa ocasião, Robert Goldstein, presidente e director-executivo (CEO) da Las Vegas Sands, prestou homenagem a Sheldon Adelson e lembrou que a Ásia “continua a ser a espinha dorsal desta empresa e os nossos desenvolvimentos em Macau e Singapura são o centro das nossas atenções”. “O jogo segue o dinheiro”! l And there is also, obviously, the issue of the sale of properties in Las Vegas - The Venetian Resort Las Vegas, Sands Expo and the Convention Centre – which was a major source of profits (above $ 13.7 billion in 2019). “In 2019, 63% were generated by the Macao operations, followed by Singapore, with 22% with business operations in the United States securing only third place. Hence, “the option to sell an asset that represents 10 or 15% of the profits, but with a much higher potential, of around $ 6.4 billion, reinforces the group intention of investing strongly in Asia”, he points out. And he adds: “In other words, when reinvesting these 6.4 billion in other geographies (Asia), there is a real expectation that this may generate higher profits than those generated by the Las Vegas operation”. This “relocation” therefore is “a good opportunity to secure more profits, assuming that those who engaged in this relocation believe that Asia will keep posting an economic growth greater than that which will be witnessed in the future in the USA. It is a normal move, assuming this”, he says. António Ramirez considers that, regarding Macao, in light of the group’s recently announced operation in the State of Nevada, “Sands China now has a shareholder, Las Vegas Sands Corporation, with much more economic power and more money available to invest”. “When the public tender for gambling concession contracts is launched in Macao, postponed due to the pandemic, Sands will have less debt and more money available, that is, it will be in a seemingly more favourable position to meet the requirements the local government may impose. All points to the fact that it will be able to call the game with good winning prospects”, he concludes. It is worth mentioning that at the height of the pandemic, Sands Macau invested heavily in the gambling capital of the world. The group started with a project “The Londoner Macao” [whose first phase was inaugurated last February], an investment of $ 1.9 billion. During this year still, “The Londoner” shall open new services in the respective integrated ‘resort’, with particular emphasis on longawaited ‘suites’ created by David Beckham, the “Londoner Court”, a luxury hotel with residential suites, the shopping mall “Shoppes at Londoner” and the “Londoner Arena”. When announcing the sale of properties in the State of Nevada, the person in charge of Las Vegas Sands Corp. operations, Patrick Dumont, stated that the sale of the property for little more than six billion US dollars will allow the pursuit of the “long-standing group’s strategy of reinvesting” in Asia and, simultaneously, bringing more liquidity to the company to remunerate the “capital invested by the shareholders”. Also on that occasion, Robert Goldstein, president and chief executive officer (CEO) of Las Vegas Sands, paid tribute to Sheldon Adelson and recalled that Asia “remains the backbone of this company and our developments in Macao and Singapore are our main focus”. “The game follows the money”! l

This article is from: