TEXTO II
TEXTO IV João diz: oi Pedro diz: blz? João diz: na paz e vc? Pedro diz: tudo trank João diz: oq vc ta fazendo? (...) Pedro diz: tenho q sair agora... João diz: flw Pedro diz: vlw, abc
02. O texto acima é um trecho de uma conversa por meio de um programa de computador que permite comunicação direta pela internet em tempo real, como o MSN Messenger. Esse tipo de conversa, embora escrita, apresenta muitas características da linguagem falada, segundo alguns linguistas. Uma delas é a interação ao vivo e imediata, que permite ao interlocutor conhecer, quase instantaneamente, a reação do outro, por meio de suas respostas e dos famosos emoticons (que podem ser definidos como “ícones que demonstram emoção”). Para que a comunicação, como no MSN Messenger, se dê em tempo real, é necessário que a escrita das informações seja rápida, o que é feito por meio de a) frases completas, escritas cuidadosamente com acentos e letras maiúsculas (como “oq vc ta fazendo?”). b) frases curtas e simples (como “tudo trank”) com abreviaturas padronizadas pelo uso (como “vc” – você – “vlw – valeu!). c) uso de reticências no final da frase, para que não se tenha que escrever o resto da informação. d) estruturas coordenadas, como “na paz e vc”. e) flexão verbal rica e substituição de dígrafos consonantais por consoantes simples (“qu” por “k”). TEXTO III O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras regiões é conhecêla, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007.
03. As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira a) O Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social, morte e ressurreição. b) A Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira. c) O Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança. d) O Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma de espetáculo. e) O Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfiles.
04. O texto acima faz parte da capa de uma revista publicada semanalmente no Brasil. Uma das características deste tipo de edição é trazer um tema principal que chame a atenção do leitor. Sendo assim, o que está na capa objetiva chamar a atenção do público e, consequentemente, aumentar o consumo. Nessa edição, o principal tema é: a) A relação heterossexual e os conflitos dos casais que mantém relações sexuais antes do casamento. b) O desrespeito dos homossexuais ao agredirem fisicamente os segmentos sociais que se mostram arredios à liberalização da união civil homossexual. c) A realidade das pessoas que, ao se declararem homossexuais, enfrentam diversos conflitos e ultrapassam barreiras. d) Os desentendimentos entre Governo e homossexuais sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. e) Os conflitos existenciais por que passam os homossexuais de classes sociais desfavorecidas. TEXTO V
05. O gênero charge é caracterizado pela ocorrência de linguagem verbal e não verbal e, em geral, de ironia. A charge acima enfoca: a) O desmatamento na Amazônia e faz uma súplica para que o homem pare de cortar árvores ilegalmente. b) O desmatamento descontrolado da flora silvestre, atividade de grande impacto, que é uma ameaça para a biodiversidade nacional. c) O aumento da biodiversidade em outros países que dependem do comércio ilegal da fauna silvestre brasileira. d) O tráfico de animais silvestres, que é benéfico para a preservação das espécies, pois lhes garante a sobrevivência. e) O desmatamento das áreas de várzea.
FUTURISMO Fundado em 1909, na Itália por Marinetti, o Futurismo pregava o verso livre, a imaginação sem fio e a palavra em liberdade, como visão dinâmica da realidade. O autor do movimento propunha a negação total dos valores estéticos vigentes na época, destruindo a sintaxe da gramática (não usando adjetivos, conjunções e pontuação). A grande novidade do movimento foi a escrita automática, o artista de coloca no estado mais passível e receptivo que conseguir, escreve depressa, sem assunto pré-estabelecido. Coragem, audácia e revolta deveriam ser os elementos essenciais da poesia futurista e seus seguidores devotariam o amor à velocidade, ao perigo, à pátria e à guerra. O futurismo identificou-se nas décadas seguintes com o fascismo. No aeroplano, sentado sobre o cilindro da gasolina, queimado o ventre da cabeça do aviador, senti a inanidade ridícula da velha sintaxe herdada de Homero. Desejo furioso de libertar as palavras, tirando-as para fora da prisão do período Dinamismo de um cão na latino! Este tem coleira, de Giacomo Balla naturalmente, como cada Manifesto técnico da imbecil, uma cabeça previdente, um ventre, duas literatura futurista pernas e dois pés chatos, mas não possuirá nunca duas asas. Apenas o necessário para caminhar, para correr um momento e fechar-se quase repentinamente bufando!... Eis o que me disse a hélice em movimento, enquanto eu corria a duzentos metros sobre as possantes chaminés de Milão. E a hélice acrescentou: 1. É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem. 2. Deve-se usar o verbo no infinito, para que se adapte elasticamente ao substantivo e não o submeta ao eu do escritor que observa ou imagina. O verbo no infinito . 3. Deve-se abolir o adjetivo para que o substantivo desnudo conserve a sua cor essencial. O adjetivo, tendo em si um caráter de esbatimento, é incompatível com a nossa visão dinâmica, uma vez que supõe uma parada, uma meditação. 4. Deve-se abolir o advérbio, velha fivela que une as palavras umas às outras. O advérbio conserva a frase numa fastidiosa unidade de tom. 5. Cada substantivo deve ter o seu duplo ; homem-torpedeiro, mulher-golfo, multidão-ressaca, praça-funil, porta-torneira. Assim como a velocidade aérea multiplicou o nosso conhecimento do mundo, a percepção por analogia torna-se sempre mais natural para o homem. É preciso, por conseguinte, suprimir o como, o qual, o assim, o semelhante a. 6. Abolir também a pontuação. Estando supressos os adjetivos, os advérbios e as conjunções, a pontuação está naturalmente anulada na continuidade vária de um estilo vivo, que se cria por si, sem as paradas absurdas das vírgulas e dos pontos. Para acentuar certos movimentos e indicar as suas direções, se empregarão os sinais da matemática: + - X: = >< e os sinais musicais.
VANGUARDAS E MODERNISMO
AS VANGUARDAS EUROPEIAS (Intelectuais, burgueses frequentavam os cafés parisienses).
BELLE ÉPOQUE
artistas
Baile em Moulin de laGalette (1876) - Pierre-Auguste Renoir
O ALMOÇO dos remadores - AUguste Renoir
Nesse período, a Europa estava em clima propício para o surgimento das novas concepções artísticas sobre a realidade, diante dos progressos industriais, dos avanços tecnológicos, das descobertas científicas e médicas, como a eletricidade, o telefone, o rádio, a vacina antirrábica, os tipos sanguíneos, o cinema, etc..
Vôo experimental do 14-Bis
Gramofone
RADICAL, INOVADOR, PROVACADOR Os
artistas,
acompanhando
as
mudanças
sociais,
econômicas, políticas e filosóficas do mundo, passaram a desejar novas expressões artísticas, o que levou ao surgimento de diversos movimentos que buscavam expressar sua revolta contra as regras e imposições e mostrar uma nova maneira de ver o mundo. Estes movimentos, pioneiros da arte e da cultura, foram denominados vanguardas europeias, que começaram na Europa no início do século XX e iniciaram um tempo de ruptura com as estéticas precedentes, como o Simbolismo. Dentre eles, os mais destacados, responsáveis por uma série de manifestos, foram: Futurismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo e Expressionismo.
e
CUBISMO O Cubismo (fundado em 1907) é decorrente da pintura. O artista fraciona a realidade e depois a remonta em planos sobrepostos e simultâneos (como em recortes de revistas espalhados e colados aleatoriamente). Usa de uma escritura nominal, subjetivismo, invenção de
A CULTURA COMO CAMPO DE LUTA SOCIAL E INTERPRETAÇÃO SOCIAL ENTRE OS ANOS 30 E 40: O SAMBA, A BOSSA NOVA E JOVEM GUARDA.
“Com meu chapéu de lado Tamanco arrastando Lenço no Pescoço Navalha no Bolso Eu passo gingando Provoco e desafio Eu tenho orgulho De ser tão vadio.”
A Moldura Operária “Quem trabalha é que tem razão Eu digo isso e não tenho medo de errar O bonde São Januário Leva mais um operário Sou eu que vou trabalhar” Durante a República Oligárquica (1889-1930), a política era exercida e definida, principalmente, nos gabinetes e câmaras legislativas, estaduais e federais, e nos currais eleitorais pelo Brasil afora. A chamada Revolução de 1930 ampliou o espaço e o ambiente do exercício do jogo político. Aos gabinetes e currais somaram-se as praças e ruas das grandes cidades brasileiras. As manifestações de apoio popular a Vargas, iniciadas durante a campanha eleitoral e intensificadas desde os primeiros dias de seu governo, tornaram-se um ingrediente constante do seu modo de fazer política. Os gabinetes, no entanto, eram pequenos para acomodar as massas populares. Vargas consolidaria um novo estilo de atuação, no qual a figura do Presidente estaria mais próxima da população de seu país. Alguns, mais afortunados, conseguiram até um aperto de mãos ou um autógrafo. Outros iriam espichar-se em meio à multidão para enxergar aquele presidente de pequena estatura. Por quinze anos seguidos, de 1930 a 1945, a maioria conseguiria ouvir sua voz aguda e penetrante, que assim iniciava seus discursos: “Trabalhadores do Brasil”. Num país onde as questões sociais eram tratadas como caso de polícia, em que as reivindicações dos trabalhadores eram concebidas como desordem e baderna, as atitudes de Vargas indicavam uma nítida mudança de rumos. A classe operária passava a figurar nos discursos de parte da pomposa elite brasileira. Texto e Contexto O samba-exaltação de Ary Barroso “Aquarela do Brasil” exalta claramente o louvor das grandezas e belezas brasileiras, indo ao encontro do nacionalismo do Estado Novo.
Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro vou cantar-te nos meus versos o Brasil samba que dá bamboleio que faz gingar o Brasil do meu amor, terra de nosso senhor Brasil pra mim, Brasil pra mim ah! abre a cortina do passado, tira a mãe preta do serrado, bota o rei congo no congado Brasil pra mim, Brasil pra mim deixa cantar de novo o trovador, América olha a luz da lua quando é canção do meu amor quero ver essa dona caminhando pelos salões arrastando o seu vestido rendado Brasil pra mim, Brasil pra mim. Sofriam grande vigilância por parte da censura imposta pela DIP os sambas cujos temas estavam relacionados à vida boêmia, à malandragem e à cultura de bar, muito comum nos sambas das décadas de 20 e 30, como no samba intitulado de “Lenço no Pescoço” (1933), de Wilson Batista.
Texto e Contexto
(Wilson Batista, 1933.)
O Estado Novo, através do DIP, censurava qualquer culto da malandragem, relacionado à vadiagem e ao não trabalho. Sambistas eram desestimulados a escrever sambas deste gênero, muitas músicas tiveram suas letras negadas pela censura e até modificadas, como no caso do “Bonde de São Januário”, de Wilson Batista e Ataulfo Alves, gravado em 1940, onde o samba passa a exaltar o trabalho e o trabalhador.
Texto e Contexto “Quem trabalha é quem tem razão Eu digo e não tenho medo de errar O bonde de São Januário Leva mais um operário Sou eu que vou trabalhar Antigamente eu não tinha juízo Mas resolvi garantir meu futuro Vejam vocês Sou feliz vivo muito bem A boemia não dá camisa a ninguém É, digo bem.”
(Wilson Batista e Ataulfo Alves, 1940.)
Vargas também se utilizou da Educação, isto é, da Escola como instrumento de doutrinação do povo brasileiro a fim de exaltar os valores nacionais e cívicos para fortalecer assim a identidade nacional e legitimar o regime de governo. A cultura como campo de luta social e interpretação social entre os anos 30 e 40: o samba, a bossa nova e jovem guarda. Brasília, 50 anos: um sonho no centro do Brasil A “interiorização” da capital federal é um projeto do século XIX que o presidente Juscelino Kubitschek executou a partir de idéias que remetem ao período da Independência do nosso país por Alberto Luiz Schneider. Arquivo Público do Distrito Federal
O esqueleto da futura Esplanada dos Ministérios
HISTORIA VIVA; edição 78 - Abril 2010
A história normalmente começa antes do que parece. Brasília como ideia, projeto e sonho, nasceu antes de o presidente Juscelino Kubitschek tomar a decisão política de erguer a nova capital no meio do nada. Muitíssimo antes de os traços modernistas de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer serem esboçados, a cidade foi desejada e imaginada, desde os primórdios da Independência. Ao contrário do que convencionalmente se imagina, JK não inventou Brasília – a cidade que em 2010 comemorou 50 anos ,
TEXTOS DE LÚCIO FLÁVIO PINTO
As revoltas no front amazônico Foi sob o tacão do general gaúcho Emílio Garrastazu Médici o pior período do regime militar, os anos verdadeiramente de chumbo, entre 1969 e 1974. Sempre de óculos escuros, cara fechada e um cigarro pendente dos lábios, o ex-chefe do temido Serviço Nacional de Informações era a expressão da estampa do típico ditador latinoamericano. Não chegava a ser pessoalmente mau. Só que tinha um defeito terrível: o da omissão. Durante o tempo em que o general Médici foi o presidente da república, os porões da ditadura ecoaram os gritos provocados pelas torturas impostas aos inimigos do regime. Indiferente a essa selvageria, Médici ia ao campo de futebol. Sempre com um radinho de pilha colado ao ouvido, torcia, dava opiniões e até interferiu na escalação da seleção brasileira. Impôs ao treinador esquerdista do time, o jornalista João Saldanha, o nome do atacante Dario, impetuoso e um tanto desastrado. Dadá Maravilha ficou no time, Saldanha foi mandado embora. Outro contraste da personalidade do terceiro presidentegeneral no poder a partir de 1964 estava na retórica. Na sede da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), em Recife, Médici leu um discurso poético e pungente. Declarava-se solidário com os retirantes nordestinos, massacrados por mais uma seca inclemente, daquelas que, segundo a lenda, a cada século devastava a região, como a de 1877. O texto é uma das mais bonitas orações ditas por um governante no Brasil. Seu autor, o então coronel Octávio Costa (depois promovido a general, já em comando de tropa), chefiava a AERP. Era uma assessoria direta do presidente com semelhança ao DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) do Estado Novo de Getúlio Vargas, e algumas tintas da propaganda nazista criada por Joseph Goebbels (autor da famosa frase: uma mentira, repetida mil vezes, vira verdade). Era preciso atender as levas de sertanejos tocados do interior pela fome e a miséria, e que se projetavam ameaçadoramente como vagas incontroláveis sobre as cidades do litoral e as ricas propriedades rurais da Zona da Mata. Guardado o papel do discurso, Médici ofereceu uma solução, em 1970: a Transamazônica. Os nordestinos seriam recrutados para construí-la como peões e também seriam assentados às suas margens como colonos. Teriam trabalho, terra e renda. O governo de direita no Brasil lhes atenderia com aquilo que seria a bandeira das massas russas revoltadas contra o czarismo milenar, que, seis décadas antes, provocaram o surgimento do primeiro governo socialista do mundo. O nordestino abandonado e maltratado, finalmente, se transformaria em dono do seu pedaço de chão, livrando-se do proprietário explorador. Não na sua terra natal. Na distante, desconhecida e misteriosa Amazônia. Dois anos depois de ter dado partida à grande estrada de penetração ao interior da fronteira amazônica, Garrastazu Médici voltou a região, em fevereiro de 1973. Foi visitar um grande empreendimento agroflorestal e industrial (arroz, gado, caulim e celulose), o Jari, implantado pelo milionário americano Daniel Ludwig, com todas as bênçãos do governo brasileiro, próximo à foz do rio Amazonas, entre o Pará e o Amapá. Deu-se o que parecia impossível: dezenas de peões fizeram uma ruidosa manifestação de protesto diante da comitiva presidencial, o que não acontecia nem nas cidades desde o AI-5, do final de 1968. Não houve tempo para as assessorias — privada e oficial — impedirem a exibição de faixas e cartazes diante do general carrancudo e de óculos pretos. A imprensa, mantida sob controle em cubículos previamente delimitados, viu a cena, a fotografou e registrou. A censura teve que se submeter ao fato consumado. Havia então 12 mil peões trabalhando nas obras do Projeto Jari, apenas um quarto deles vinculados à empresa de Ludwig. Os outros eram recrutados por agenciadores de mão de obra, os "gatos". Sem qualquer garantia social e, muitas vezes, sem receber, trabalhavam pesado durante muitos meses, derrubando floresta, plantando, construindo.
O governo teve que providenciar alguma coisa para reparar aquela situação, que alcançou repercussão internacional. Instalou um grupo volante para acompanhar as condições de trabalho, semelhantes às dos escravos da colônia (e do império). Até criou uma carteira de trabalho para atender o peão — mas só com parte das garantias sociais do homem urbano. A manifestação do Jari não foi a primeira nem a última a traduzir a insatisfação contida e reprimida do ser humano nas distantes e esquecidas frentes pioneiras. Quase meio século antes, outros trabalhadores haviam feito um quebra-quebra bem maior na empresa de outro americano, este ainda mais célebre: Henry Ford. De sua sede em Detroit, nos Estados Unidos, Ford impunha de tudo a quem trabalhava na sua plantação de borracha no vale do rio Tapajós, no Pará, de onde esperava extrair matéria prima para os pneus dos seus automóveis, que inundavam o mundo. Até a comida. No cardápio elaborado por nutricionistas não constava a farinha de mandioca. Este, porém, era o item que não podia faltar no prato do caboco. Como faltou, os nativos se insurgiram e saíram destruindo o que encontraram pela frente. A farinha voltou. Mas Fordlândia não foi longe. Em 1945 Ford jogou a toalha branca, desistindo de produzir borracha em larga escala na Amazônia, 18 anos depois de se instalar na região. Mais cinco décadas à frente, uma nova rebelião de milhares de trabalhadores ocorreria na maior obra que estava em andamento no Brasil na passagem dos anos 1970 para os 1980: a hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins. A comida servida nos refeitórios coletivos era ruim. Certo dia ficou insuportável. A carne foi amolecida à base de muito bicarbonato. Era colocá-la no prato e deixá-la de lado. Revoltados, os peões começaram a destruir o restaurante e a avançar sobre outros pontos do acampamento. Centenas de homens da Polícia Militar foram transferidas às pressas de Belém para conter a rebelião. A comida então melhorou. Tornou-se pelo menos suportável. Nada, contudo, que nem de longe pudesse ser comparada ao menu oferecido para o staff das obras.Lado a lado, padrões de vida sueco e biafrense Novas revoltas ocorrem agora nas grandes obras da Amazônia. Não mais apenas na forma de explosões súbitas e de curta duração, como antes. Essas modalidades, mais violentas, se combinam com greves, antes praticamente impossíveis. É a continuidade de uma história marginal. Mas é também uma novidade, que precisa ser mais bem registrada e adequadamente entendida.
O Turista da Enchente Fui testemunha das três maiores enchentes do rio Amazonas registradas antes da atual, já considerada superior a todas as anteriores: em 1953, 1976 e 2009. Ainda não fui ver com meus próprios olhos a retumbante cheia de 2012. Mas vi uma cena que nunca presenciara nos muitos acompanhamentos que fiz desse que é o maior fenômeno das águas doces do planeta: o turista da enchente. Um cinegrafista da TV Globo, que, finalmente, descobriu a pauta (depois do Marajó e do Pará, por razões mercadológicas), captou a cena: turistas num bote de alumínio indo ao local de medição da evolução das águas no porto de Manaus. Com seus coletes salva-vidas, em trajes de campanha e liderados por um guia, eles batiam fotos da centenária régua instalada no local, registravam nos seus celulares o cenário aquático e posavam eles próprios para fotografias, empolgados e emocionados. Pareciam participar de um safári. Não orientado para ver — e abater — grandes animais, como na África e na Ásia. A nova modalidade é para contemplar e sentir o colosso que é o maior rio do mundo, tufado como nunca antes. Deve ter sido o grande assunto da excursão. Vai se estender por muito tempo, provavelmente para sempre, em suas vidas. Lembro-me, muitos anos atrás, quando Manaus começava a trilhar pelo turismo ecológico, de um passeio de barco por igarapés nos arredores da cidade. O momento culminante da jornada era numa ilha, dentro de um labirinto, onde um grupo de índios executou uma dança ritual para embasbacados visitantes, a maioria vinda do exterior. À noite, firmei a vista e me certifiquei: um dos garçons, que atendia no recém-inaugurado Hotel Tropical, dançara poucas horas
4.
VOLUMES E UNIDADES DE MEDIDA 1.
VOLUME Volume é a medida do espaço ocupado pelos corpos sólidos – objetos tridimensionais que possuem comprimento, largura e altura.
CONVERSÃO DE UNIDADES Eis algumas unidades padronizadas: 1 cm302. 1 dm304. 1 m3 06. 1 km308.
01. 03. 05. 07.
1 mililitro 1 litro 1000 litros 1 000 000 000 000 litros
Escala de conversão: km3 xxx
altura
5. largura
hm3 xxx
5.1. Prisma
comprimento 1 m (um metro cúbico) é a medida correspondente ao espaço ocupado por um cubo de 1 metro de aresta.
1m 1m 1m CAPACIDADE Capacidade é o volume interno de um recipiente.
5.2. Paralelepípedo
MEDIDOR DE LITRO 1 litro é a unidade fundamental de capacidade e equivale ao conteúdo de um cubo de 1 decímetro de aresta. 5.3. Cubo
1 dm 1 dm 1 dm
PRINCÍPIO DE CAVALIERI No século XVII o matemático Italiano Bonaventura Cavalieri estabeleceu um princípio básico para o cálculo de volumes, que diz que dois sólidos que tiverem a mesma altura e, sempre que seccionados por um mesmo plano gerarem áreas iguais, terão o mesmo volume.
m3 xxx
dm3 xxx
VOLUMES DOS PRINCIPAIS SÓLIDOS
3
2.
dam3 xxx
3.
5.4. Cilindro
cm3 xxx
mm3 xxx
ESTEQUIOMETRIA 1. Conceito É a parte da Química que estuda a relação quantitativa existente entre as substâncias que fazem parte de uma reação Química. 2. Casos Gerais de Estequiometria É o tipo mais comum de questões de estequiometria, que consiste em dar “quantidades” de um dos participantes da reação e pedir “as quantidades” dos outros. As quantidades mencionadas devem ser expressas em quantidade de matéria (número de mol), massa, volume e número de moléculas ou átomos. 3. Mecanismo para o cálculo estequiométrico A resolução de exercícios envolvendo estequiometria deve seguir sempre o seguinte roteiro: 1º) Identificar na reação as substâncias envolvidas na questão. 2º) Escrever abaixo das fórmulas na equação da reação balanceada os respectivos coeficientes, que representam a proporção em mol dos participantes da reação envolvidos na questão (1ª linha da regra de três). 3º) Uma segunda leitura na questão fornecerá a quantidade da substância dada no problema, e a pergunta proposta (2ª linha da regra de três). 4º) A regra de três deverá ser adequada para que uma mesma coluna apresente as mesmas unidades (massa, volume, mol ou número de moléculas). 5º) Desenvolver a expressão numérica (equação do 1º grau) para encontrar a quantidade pedida. 4. Relações Estequiométricas:
Massa molar – 1 mol – 22,4 L (Gás CNTP) 5. Caso Geral de Estequiometria: E o caso clássico que a transformação química se processa com as seguintes características: 1ª) Os reagentes são substâncias totalmente puras. 2ª) A reação se processa até o fim. 3ª) Os reagentes são totalmente consumidos.
01. A síntese da amônia (NH3) pode ser representada pela reação química abaixo: N2(g) + 3H2(g)
2NH3(g)
Qual o número de mol de amônia formado a partir de 1,5 mol de gás hidrogênio? 02. O carbonato de cálcio (CaCO3) é uma substância que se decompões em função do calor, produzindo óxido de cálcio e gás carbônico segundo a reação. CaCO3
CaO + CO2
Qual o número de mol de gás carbônico produzido a partir da decomposição de 150 gramas de carbonato de cálcio? Dados massa molar em g/mol: Ca = 40; C = 12; O = 16. 03. A equação abaixo representa a reação entre o carbonato de cálcio (CaCO3) com ácido clorídrico (HCl). CaCO3 + 2HCl CaCl2 + H2O + CO2 Se em determinadas condições 25 gramas de carbonato de cálcio reagir completamente com ácido em excesso. Qual a massa de gás carbônico: Dados massa molar em g/mol: Ca = 40; C = 12; O = 16; H = 1; Cl = 35,5.
04. O hipoclorito tem propriedade bactericida e alvejante, sendo utilizado para a cloração de piscinas e é vendido no mercado consumidor em solução como água sanitária, “Cândida”, “Qboa” etc., para fabricá-lo, reage-se gás cloro com soda cáustica: Cl2 + 2NaOH NaCl + NaClO + H2O a) Determine a massa de soda cáustica necessária para obter 149 kg de hipoclorito de sódio (NaClO). b) Qual o volume de gás nas CNTP, necessário para reagir completamente com 20 gramas de soda cáustica? Dados massa molar em g/mol: Cl = 35,5; Na = 23; O = 16; H = 1. 05. O bicarbonato de sódio (NaHCO3), quando aquecido (), sofre decomposição conforme a equação: NaHCO3 Na2CO3 + H2O + CO2 Determine o número de mol de bicarbonato de sódio para produzir 11,2 de gás carbônico nas CNTP. Admita volume molar igual a 22,4 L. 06. Quantos gramas de ácido clorídrico são necessários para reagir com carbonato de cálcio na obtenção de 11,2 litros de gás carbônico nas CNTP, segundo a equação: 2 HCl + CaCO3 CaCl2 + H2O + CO2 Dados massa molar em g/mol: Ca = 40; C = 12; O = 16; Cl = 35,5; H = 1 e volume molar igual a 22,4L. 07. Fazem reagir 25 g de carbonato de cálcio (CaCO3) com ácido clorídrico (HCl) conforme a equação: CaCO3 + HCl CaCl2 + H2O + CO2 Calcule o volume de gás carbônico (CO2) que se forma nas condições ambientes. Dados massa molar em g/mol: Ca = 40; C = 12; O = 16 e Admita volume molar nas condições ambientes 24 L. 08. A aspirina (C9H8O4) é preparada através de ácido salicílico (C7H6O3), conforme a equação: C7H6O3 + C4H6O3 C9H8O4 + C2H4O2 Sabendo que um envelope de aspirina contém quatro comprimidos e que cada um deles tem 1,5 g, responda: a) Quantos envelopes são obtidos a partir de 46 g de ácido salicílico? b) Quantos gramas de ácido salicílico são necessários para se obter três envelopes de aspirina? Dados massa molar em g/mol: H = 1; C = 12; O = 16. 09. (PUCRS) A reação de 12g de magnésio com ácido clorídrico em excesso produz, nas CNTP, o volume de hidrogênio gasoso, em litros, aproximadamente igual a Mg(s) + 2HCl(aq) MgCl2(aq) + H2(g) a) 6,0. b) 11,2. c) 18,3. d) 22,4. e) 48,0. Dados massa molar em g/mol: Mg = 24; H = 1; Cl = 35,5 10. (UFRGS) O trióxido de enxofre, matéria prima para a fabricação do ácido sulfúrico, é preparado através da oxidação do dióxido de enxofre, em presença de catalisadores, conforme a reação representada abaixo: SO2(g) + ½ O2(g) SO3(g) Mantendo-se as condições de temperatura e pressão, qual o volume de gás oxigênio, em litros que reage com quantidade suficiente de dióxido de enxofre para produzir 5 litros de SO3? Admita volume molar nas condições propostas igual a 24L. a) 0,5. b) 2,5. c) 5,0. d) 11,3. e) 22,4.
ODULATÓRIA TEMA 1: Wireless: a difração em baixa frequência Quando alguém sintoniza uma emissora de rádio, liga o micro-ondas, admira um bonito pôr do sol, se conecta a uma rede wireless ou faz uma radiografia, está utilizando tipos diferentes radiação. O que difere essas ondas é a faixa de frequência em que atuam. Abaixo temos o espectro eletromagnético
Se esse feixe estiver transportando um sinal wireless e seu computador estiver no ponto P, será possível estabelecer uma conexão?
Lembre-se de que, ao se deparar com a parede, ocorre um fenômeno característico das ondas: a difração. É como se a esquina da parede, ao ser atingida pelas ondas, começasse a se comportar como uma fonte secundária. A propagação seria, então, desta forma:
Ao analisar a fórmula, fica claro que, para uma dada velocidade de propagação, quanto maior a frequência, menor será o comprimento de onda.
v . f
Ao observar a figura, podemos notar que, mesmo assim, o computador localizado no ponto P não receberá o sinal que eu estava procurando. Isso ocorre porque o fenômeno da difração, ao contornar obstáculos, é tanto mais acentuado quanto maior for o comprimento de onda. Se o aparelho de Wireless (roteador) utilizar ondas de menor frequência - e, portanto, maior comprimento (cristas mais distanciadas) -, a situação será essa:
O computador poderá se conectar tranquilamente à rede wireless!
2.
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE CÂNCER 1.
Conceito: Todas as formas de câncer decorrem de alterações no material genético de nossas células. São, portanto, doenças genéticas. A denominação comum de ‘câncer’ abrange mais de uma centena de enfermidades, já que cada tecido do organismo humano pode desenvolver uma ou mais doenças malignas. O que todas essas doenças têm em comum é principalmente a proliferação desordenada das células e a capacidade que algumas têm de se desprender do bloco inicial e migrar até outro local, onde se implantam e geram novos focos (ou metástases).
As células normais só se reproduzem quando são instruídas para isso, e seguem uma sequencia coordenada de eventos chamada de ‘ciclo celular’ (figura). As células cancerosas, ao contrário, passam a seguir um programa próprio e desordenado de reprodução. No início do processo, uma célula que já tem alterações em seu material genético (mutações) específicas nesse sentido, herdadas ou ocorridas nela própria, sofre uma nova mutação, por acaso ou por indução de um agente capaz de gerar câncer (oncogênico), o que completa a ação desordenadora do processo de reprodução. Essa mutação complementar dá à célula cancerosa uma capacidade de reprodução superior à de suas irmãs do mesmo tecido – uma vantagem ‘seletiva’! – e ela começa a se dividir, desrespeitando as regras de bom funcionamento do tecido. Forma-se, assim, um aglomerado não programado, que cresce a um ritmo superior ao das células normais à sua volta: um tumor. Usualmente isso ocorre décadas antes que esse aglomerado seja clinicamente detectável. Sua transformação em um tumor maligno ocorrerá através do acúmulo de mutações em classes específicas de genes envolvidos na regulação da proliferação celular (figura).
Os genes responsáveis. Dois grupos principais de genes, que constituem uma pequena fração do nosso genoma, estão entre os principais responsáveis pelo desencadeamento do processo canceroso. Em sua forma normal, eles controlam o ciclo celular: os protooncogenes estimulam a divisão da célula, enquanto os genes supressores de tumor inibem o processo. Quando sofrem mutação, os ‘protooncogenes’ tornam-se oncogenes, levando a célula a se multiplicar em excesso. Ao contrário, os ‘genes supressores de tumor’, que contêm instruções para a produção de proteínas que evitam o crescimento celular inapropriado, favorecem a instalação do câncer quando são inativados por mutações. 3.
O que faz uma célula a se dividir (des) controladamente? Normalmente, quando uma substância denominada ‘fator de crescimento’ liga-se ao seu receptor específico na membrana da célula, o receptor emite um sinal para proteínas presentes no citoplasma. Estas, por sua vez, emitem sinais de estímulo, em cascata, a uma série de outras proteínas. Quando esses sinais chegam ao núcleo, outras proteínas ali presentes, denominadas ‘fatores de transcrição’, ativam os genes que conduzirão a célula através do ciclo celular. Alguns oncogenes levam as células a produzir fatores de crescimento em excesso, levando a uma hiperproliferação. Também já foram identificadas versões oncogênicas de receptores, capazes de liberar sinais de estímulo para o citoplasma mesmo na ausência de fatores de crescimento. Outros oncogenes afetam a cascata de sinais no citoplasma, enviando sinais ao núcleo mesmo não sendo estimulados para isso. Um oncogene bastante estudado que age assim é o RAS, que apresenta mutação em cerca de 30% dos tumores humanos, incluindo os de cólon, pâncreas e pulmão. Finalmente, outros oncogenes, como os do grupo MYC, alteram a atividade dos fatores de transcrição dentro do núcleo. Para se tornarem malignas, as células, além da proliferação acelerada, precisam ignorar os sinais inibitórios normalmente emitidos pelas proteínas produzidas pelos genes supressores de tumor. Na verdade, esses sinais estão inativos ou ausentes em muitos tipos de células cancerosas, deixando-as sem o controle de quando devem parar de se dividir ou, no caso de lesões do DNA, sem o tempo necessário, durante o ciclo celular, para que ocorra o reparo dessas lesões – isso acontece, por exemplo, nas mutações do gene TP53, que impedem o prolongamento do ciclo celular (o que garante tempo hábil para o reparo). Por ser necessário um acúmulo de mutações no DNA, pode levar várias décadas até que um câncer seja formado e depois detectado. Como explicar, então, os cânceres nas crianças? Em muitos casos, o início precoce pode ser explicado pela herança de um gene mutante: a criança já nasce com um gene supressor mutado e inativo, precisando apenas de mais uma mutação em alguma célula para o surgimento da doença. Com isso, o desenvolvimento do tumor, que exigiria três ou quatro décadas, pode ser atingido em uma ou duas, ou menos. Esses genes mutantes podem ser transmitidos de uma geração para outra. Assim, várias pessoas da mesma família terão um risco maior de desenvolver a doença. Os cânceres de cólon e de mama são exemplos: ambos podem surgir de forma esporádica, como resultado do acúmulo de mutações novas, mas, em algumas famílias, vários indivíduos são afetados devido à mutação em um gene herdado. Para muitos tumores, o gene responsável já é conhecido. Com a recente conclusão do sequenciamento de quase todo o DNA humano, pelo Projeto Genoma, espera-se que a lista de genes de suscetibilidade ao câncer aumente rapidamente. Outras etapas – a identificação dos produtos desses genes, da função de cada um e das interações entre eles – ampliarão as possibilidades tanto da realização de análises que identifiquem os indivíduos de alto risco quanto do desenvolvimento de novas estratégias de tratamento. Conhecendo as características moleculares de cada tumor, os médicos poderão direcionar o tratamento, restaurando a normalidade ou eliminando apenas as células alteradas, sem prejuízo para as normais, como ainda ocorre Nas terapias convencionais.
ARTE NA RENASCENÇA RENASCIMENTO CULTURAL – O APOGEU DOS GRANDES GÊNIOS O Renascimento, ou Renascença, é um movimento cultural surgido na Europa entre 1300 e 1650, portanto no fim da Idade Média e na Idade Moderna. A Renascença foi uma explosão de genialidade, e o avanço se deu em várias áreas do conhecimento humano. A ciência dita as regras e o ideal humanista rege o pensamento dos homens renascentistas. O Renascimento foi um súbito reviver dos ideais da cultura greco-romana, e com certeza neste sentido eles souberam ir além da cultura clássica em relação ao culto à beleza e aos ideais de equilíbrio e harmonia. Mas este período foi bem mais do que isso, significou para o homem um avanço em todas as áreas do conhecimento como já vimos acima.
Na verdade, o Renascimento significou muito mais do que o simples reviver da cultura clássica: nesse período, ocorreram, no campo das artes plásticas, da literatura e das ciências, inúmeras realizações que superaram essa herança. O ideal do humanismo foi, sem dúvida, o móvel de tais realizações e tornou-se o próprio espírito do renascimento. (PROENÇA, 2007, p. 92)
O homem se contrapõe à visão teocêntrica de mundo cultuada na Idade Média, e volta a ser o centro das atenções, passa novamente a ser medida de todas as coisas. O antropocentrismo coloca o homem novamente no centro da criação e não mais vê o ser humano como mera sombra de Deus, mostrando que o destino pode ser construído de acordo com seu conhecimento de mundo. A Renascença é a era da ciência, onde o homem passa a dar explicações científicas para os eventos que antes eram atribuídos às divindades (ou a Deus tratando da era medieval). Justamente por isso, os renascentistas viam a Idade Média como um período de trevas, e que a luz do conhecimento só iria reinar com um “renascer” da cultura humanista greco-romana onde o homem tinha vez e o conhecimento humano era valorizado. Num sentido amplo, o ideal do humanismo pode ser entendido como a valorização do ser humano e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média. Tanto na arquitetura como na pintura e na escultura, o artista do Renascimento buscou expressar a racionalidade e a dignidade do ser humano. (PROENÇA, 2007, p. 92)
A arte renascentista buscava um ideal de beleza, formas exatas, equilíbrio entre razão e emoção, imitação real da natureza, um olhar científico da arte, importância no conhecimento racional, inovações no campo da pesquisa, inovações na pintura como a tinta à óleo, a pintura em tela, o esfumato (efeito de sombra), a ilusão de perspectiva com uma precisão matemática que só faltava fazer a “pintura falar”. Foi no Renascimento que surgiu o conceito de gênio, pois antes os artistas eram meros reprodutores do seu ofício, mas o renascentista não, ele era único, genial, especial, quase divino. E tivemos várias provas disso, pois uma profusão de artistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Botticelli, Rafael, Donatello, Masaccio, entre outros. Obras como a Monalisa, o teto da Capela Sistina, o Juízo Final, O Nascimento da Vênus, A Última Ceia, A Virgem do Fuso (foto), o Davi e a Pietá são apenas algumas das inúmeras obras deste rico período.
É claro que o Renascimento foi uma mudança profunda em todas as áreas, sejam elas sociais, políticas, econômicas, religiosas, científicas, e isso foi uma reviravolta de 360 graus. A igreja perde espaço com a Reforma Protestante, a exploração de novos continentes alarga o horizonte humano, as explicações científicas revelavam um poder inimaginável nas mãos do homem e isso não era pouco, pois o Renascimento dá o pontapé inicial à Idade Moderna e determina que o homem e a sociedade nunca mais seriam os mesmos. O Renascimento foi realmente uma verdadeira revolução, que podemos comparar em grandiosidade com a Revolução Neolítica e com a queda do Império Romano e a ascensão da Igreja Católica. Esta foi uma revolução entre outras que aconteceram em períodos críticos da história e sacudiram as estruturas sociais, dando ao homem a possibilidade de se reinventar. Ao fim da Idade Média, o homem voltava para si e, corajosamente, em um respiro racionalista começa a questionar a religião como a única fonte de saber. Desse modo, descobre que a verdade além dos muros impostos pela igreja está muito mais perto que imagina: nele mesmo. E passa a ver o mundo de outra forma, colocando-se dono do próprio destino, nomeando-se o verdadeiro “centro do universo”. (INHAN, 2008, p. 6)
As mudanças sociais foram realmente impactantes, e colocaram o pensamento medieval em xeque. As cidades crescem economicamente e as relações de mercado mudam drasticamente, fazendo uma nova visão do capitalismo aparecer. O homem busca cada vez mais o lucro e o crescimento individual, quebram-se as antigas estruturas sociais e relações de mercado, novas pontes são estabelecidas entre os homens e a população aumenta assustadoramente fazendo aumentar também a importância dos comerciantes, artesãos e donos de estabelecimentos. Nestes aspectos, a Itália dos séculos XV e XVI, torna-se um dos maiores centros urbanos, com grande desenvolvimento nas estruturas das cidades tanto em sua formação arquitetônica, quanto em desenvolvimento econômico. Era o lugar ideal para o “renascer” das artes, e se tornou com certeza o berço do Renascimento. O crescimento das cidades e sua estruturação específica de mercado geram uma forte modificação no formato original do capitalismo. Cada vez mais se busca o lucro e o crescimento individual, valores renascentistas que refletiam a necessidade da burguesia por novas relações de trabalho. O aumento da população exigia uma maior produção de bens; o que até então era feito artesanalmente, precisou ser substituído pela fabricação em alta escala. Consequentemente, foi necessária uma exploração mais intensa de mão de obra, uma divisão cada vez maior das tarefas na tentativa de otimização e rapidez, e a mecanização gradual dos seus modos de produção. Estas modificações culminaram não só na introdução da máquina, como também na despersonalização do trabalho humano e a valorização do operário de acordo com o rendimento de sua produção. (INHAN, 2008, p. 19-20)
Neste cenário de transformações, surgem novas possibilidades que se abrem para os artistas. Com as transformações mercantis, surge um novo panorama cultural completamente novo. A Idade Moderna dá espaço para uma nova figura social, principalmente pelas relações de mercado e pelo pensamento capitalista observado: são os ricos senhores, interessados em incentivar as produções artísticas e culturais da época, os chamados mecenas. O sistema de mecenato não servia somente para cultivar o apreço às artes, à ciência e a valorização das novas correntes de idéias. Outro grande motivo buscado pelos mecenas era a busca de prestígio e a tentativa de conservar a estrutura social vigente. Esses fatores moviam com imensa força o panorama cultura na Itália dos séculos XV e XVI. Os artistas viviam protegidos pelos seus mecenas e isso os dava segurança e certeza de uma sobrevivência confortável. Viver sob os cuidados de um rico mecenas, ou protetor, garantia ao artista o pagamento correto de seu trabalho, consequentemente segurança econômica; moradia com alimentação; presentes e roupas, além da despreocupação em manter um ateliê. No entanto, ele poderia perder completamente a sua liberdade, sendo submetido a um sistema de servidão, muitas vezes sem poder viajar ou aceitar encomendas de fora, a não ser sob autorização de seu patrono. (INHAN, 2008, p. 20-23)
01. (ENEM 2011) O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldade. E depois aponta para um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época. 28 abr. 2008.
O autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a inferir que seu objetivo é a) esclarecer que a velhice é inevitável. b) contar fatos sobre a arte de envelhecer. c) defender a ideia de que a velhice é desagradável. d) influenciar o leitor para que ele lute contra o envelhecimento. e) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento.
02. (ENEM 2011) SE NO INVERNO É DIFÍCIL ACORDAR. IMAGINE DORMIR. Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem o sono. São milhões de necessitados que lutam contra a fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de você. Deposite qualquer quantia. Você ajuda milhares de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a consciência tranquila.
Veja. 05 set. 1999 (adaptado).
O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estratégias persuasivas para influenciar o comportamento de seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à campanha, destaca-se nesse texto a) a oposição entre individual e coletivo, trazendo um ideário populista para o anúncio. b) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que suaviza a seriedade do problema. c) o emprego de linguagem figurada, o que desvia a atenção da população do apelo financeiro. d) o uso dos numerais “milhares” e “milhões”, responsável pela supervalorização das condições dos necessitados. e) o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que relativizao problema do leitor em relação ao dos necessitados. 03. (ENEM 2011)
a) reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso à rede. b) parte do anonimato obrigatório para se difundir. c) reforça a configuração de laços mais profundos de amizade. d) facilita a interação entre pessoas em virtude de interesses comuns. e) tem a responsabilidade de promover a proximidade física. 04. (ENEM 2011) Entre ideia e tecnologia O grande conceito por trás do Museu da Língua é apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento do que é ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a forma como falamos o português nas mais diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão da brasilidade. SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, Ano II, nº 6, 2006.
O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa, ressaltando para o leitor a a) inauguração do museu e o grande investimento em cultura no país. b) importância da língua para a construção da identidade nacional. c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da língua. d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de cultura. e) diversidade étnica e linguística existente no território nacional. 05. (ENEM 2011) Palavra indígena A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computação que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e windows (oventã)
Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz. Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparação e envio de documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena. A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles está expressa num caso de rara incorporação: a do vocabulário. — Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente não está querendo chamar computador de “computador”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa pra acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e outros termos, que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e oventã (janela) — conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI. Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010.
O uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, windows, download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela
Os amigos são um dos principais indicadores de bem-estar na vida social das pessoas. Da mesma forma que em outras áreas, a internet também inovou as maneiras de vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreendem-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a assimétrica, ambas com seus prós e contras. Enquanto a primeira baseia na relação de reciprocidade, a segunda:
a) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real. b) o uso da internet para preparação e envio de documentos, bem como a contribuição para as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura indígena. c) a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais.