Extracto miolo omac

Page 1







As Origens da Maçonaria

Prefácio __________________________________

Se remontarmos o termo Maçonaria ou Franco-Maçonaria a tempos mais recentes diremos que é de origem francesa, derivado de duas palavras: franc = livre e maçom = pedreiro; associando ambos os significados temos que a Franco-Maçonaria define-se como uma Associação de Pedreiros Livres. Porém, entenda-se que quando os autores nos falam sobre este assunto referem-se tão só e exclusivamente à antiga e primeva maçonaria e não à actual, tal qual como a conhecemos. E, neste contexto, a antiga Maçonaria ou Franco-Maçonaria estaria ligada à palavra Construção, analogicamente associada à acção dos maçons nas suas Lojas, ou seja, ao espaço onde se estruturam e reúnem como células autónomas, também chamadas de oficinas ou ateliers, e cujo lema inscreve a missiva: “Todos iguais em direitos e honras e independentes entre si”. Aparte as acesas polémicas que envolvem este capítulo da história da humanidade sobre a real origem da maçonaria, o facto é que não pretendemos desenvolvê-la neste tão pequeno espaço, mas tão só referenciar alguns pontos, evidentemente em termos gerais, merecedores da nossa observação e reflexão. Fazendo uma breve alusão a este tema podemos dizer que as origens primitivas da Maçonaria perdem-se na memória dos tempos. É possível podermos encontrá-las no Antigo Egipto, pois há autores que a este respeito reportam a palavra Franco-Maçonaria à origem da expressão copta Phree Messen (Franco-maçom), cujo significado é “Filhos da Luz”, mas também há outros estudiosos que

Apeiron edições

|

7


Eliphas Levi, Arthur E. Powell

defendem a sua origem mais recente, precisamente no século V a.C., aquando da construção do Templo de Salomão. Razão pela qual alguns membros maçónicos, dentro desta linha de pensamento, atribuem a sua origem e associação mais à Ordem do Templo do que a qualquer outra, pois argumentam que os Cavaleiros Templários quando escavaram o Templo de Salomão tiveram acesso ao conhecimento aí escondido e isso reflectiu-se, posteriormente, na arquitectura das construções por eles erigidas. Em termos amplos podemos determinar que a Maçonaria se divide em três períodos principais: 1. Que podemos definir como antigo, diz respeito às origens como que lendárias do seu aparecimento e é neste ponto que acontecem os argumentos e contra-argumentos de uns e de outros, sem que se chegue a uma conclusão concreta; 2. É definido como operativo, no sentido em que a Ordem Maçónica estava directamente ligada à construção, reunindo-se em guildas (associações ou corporações) de pedreiros, responsáveis pela edificação de templos e prédios, estritamente ligados ao sistema religioso, e, neste domínio, a sua actividade corresponde ao período medieval; 3. E, por fim, o último, que se determina como especulativo e corresponde ao período moderno, actual, iniciado nos princípios século XVIII, definido pela associação livre de cidadãos com uma nova mentalidade social que, por um lado, ocuparam não apenas o espaço dos maçons operativos que deixaram

8

|

Apeiron Edições


As Origens da Maçonaria

de estar estruturados, como, por outro lado, balizaram a sua forma de actuar mais pela compreensão e solidariedade humana do que pelos princípios religiosos que outrora nortearam a Ordem. Pela complexidade do tema, esta obra, agora disponível aos nossos leitores, tem o condão de tornar simples, claros e singelos os ensinamentos ocultos, de modo a que o conhecimento seja o mais possível perceptível para os leigos na matéria. Assim, o ensinamento esotérico (no sentido literal de interno), eivado de um profundo simbolismo e expresso em alegorias, acaba por ser compreensível quanto às suas origens e propósitos orientadores da antiga Sociedade Iniciática. Um outro aspecto a salientar no capítulo de Arthur E. Powell – e tal foi tomado em consideração –, era a dificuldade de fluidez da leitura com as inúmeras abreviaturas de palavras ininteligíveis, terminadas em triângulo desenhado por três pontos em forma de delta (símbolo dos três ângulos iguais do triângulo equilátero). Este alfabeto de abreviaturas é utilizado pelos maçons como forma de salvaguardar dos profanos o conhecimentos dos seus rituais e documentos. A título informativo – e é importante que o leitor saiba este aspecto, porque vai dar-se conta dele ao longo da obra – podemos adiantar que o alfabeto de abreviaturas maçónico obedece a duas regras fundamentais:  A primeira é que o corte das palavras deve sempre ser feito entre uma consoante e uma vogal, como por exemplo: Or= Oriente, Apr=Aprendiz;

Apeiron edições

|

9


Eliphas Levi, Arthur E. Powell

A segunda é que o plural das palavras é feito pela repetição da letra inicial como por exemplo: OOr= Orientes, ou VVig= Vigilantes; IIr= Irmãos, etc. Porém, existe uma outra forma, menos usual, mas usada em algumas lojas europeias, de indicar o plural da palavra pela repetição da palavra abreviada, como por exemplo: OrOr= Orientes, ou VigVig= Vigilantes, ou IrIr = Irmãos, etc.

Feito este esclarecimento cabe, então, fazer um último apontamento. A fim de tornar esta obra o mais compreensível possível optámos por descodificar o código do alfabeto maçónico da obra, isto é, as suas abreviaturas. O leitor dar-se-á conta desta descodificação ao longo da leitura através da indicação do parênteses recto. Definimos que nos primeiros capítulos do autor Arthur E. Powell as abreviaturas seriam sempre descodificadas, e uma vez que estas eram consecutivamente repetidas nos capítulos seguintes, só uma ou outra vez as descodificámos (a título de lembrança), porém, sempre que o código de abreviatura era novo, fizemos a descodificação. Saliente-se a este respeito que apesar de haver um número significativo de abreviaturas entendíveis para os maçons, o facto é que não se pode indiscriminada e exageradamente abreviar todas as palavras, pois tal forma de agir torna incompreensíveis os rituais, até mesmo para os próprios maçons. Dulce Leal Abalada

10

|

Apeiron Edições


As Origens da Maçonaria

O Antigo Egipto na Origem da Maçonaria “Eu sou o grande Deus na barca divina… Sou um simples sacerdote no inferno da sagração de Abidos, ascendendo aos mais altos graus da Iniciação… Sou o Grande Mestre dos artífices que elevaram o arco sagrado como suporte.”1

Há fortes indícios de que a Maçonaria tenha por origem remota – ou, pelo menos, influência directa – os mestres-canteiros do Egipto milenar. Vários são os testemunhos. Por exemplo William Bramley em The Gods of Eden escreve o seguinte: “No antigo Egipto, aos engenheiros, projectistas e maçons que trabalhavam nos grandes projectos arquitectónicos era concedido um estatuto especial. Estavam organizados em corporações (ou associações) de elite… “Foram encontradas, pelo arqueólogo Petrie, provas da existência dessas corporações especiais, durante as suas expedições no deserto do Líbano em 1888 e 1889. Nas ruínas de uma cidade construída por volta de 300 a.C., a expedição do dr. Petrie descobriu diversos registos em papiro. Uma parte descrevia uma corporação que mantinha reuniões secretas por volta de 2.000 a.C. A corporação reunia-se para discutir o número de horas de tra1

In Thoth to Osiris, The Egyptian Book of the Dead.

Apeiron edições

|

11


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.