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Enem 2014 – Resoluções e Comentários
o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandaralhe tirar o retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
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Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna. b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os escravos. c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara. d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades. e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo.
RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM2014
Questões de 91 a 95 (opção inglês)
QUESTÃO 91: Alternativa C
Cumprindo o seu papel social, a prova do Enem teve em sua questão 91 o tema: Filantropia através da internet. A página eletrônica WeFeedback (sharing food, changing lives = partilhado alimentos, mudando vidas) motiva os potenciais doadores por intermédio de sua calculadora “alimente de volta”. Ao inserir o seu nome, o prato que deseja compartilhar e seu custo usual, a calculadora “alimenta de volta” converte o total de sua conta em número de crianças que serão alimentadas com sua doação. Uma interpretação simples da imagem é o suficiente para levar o candidato a alternativa correta.
Vocabulário chave:
Help – ajudar Change – mudar Hungry – faminto School children – Crianças na escola Share – compartilhar Servings – porções Feed – alimentar
Sobreposição Texto/Resposta
Help change the lives of hungry school children Fez doação para caridade
QUESTÃO 92: Alternativa D
Agora no seu papel de motivador à comunicação global, o Enem traz a tona o Globish. Um passo a frente do “International English”, o Globish trata de ser uma versão ainda mais simplória do inglês que o próprio “International English”. Seu criador – Jean-Paul Nerrière – diz não se tratar de um idioma, mas uma simplificação do inglês com regras acessíveis que pode ser compreendido por todos. Questão de interpretação simples, porém com vocabulário um pouco mais exigente.
Vocabulário chave:
Means of communicaton – meio de comunicação A means of symplifying the language – um meio de simplificar o idioma Giving it rules so it can be understood by all –dandoregrasquepodemserentendidasportodos.
SobreposiçãoTexto/Resposta
A means of symplifying the language and giving it rules so it can be understood by all. Altera a estrutura do idioma para possibilitar a comunicação internacional.
QUESTÃO 93: Alternativa A
O título deste texto já nos deixa curiosos acerca da inovação, ao menos no que trata o objetivo maior dos grandes arquitetos do nosso planeta. E aí, vos deixo a pergunta: que arquiteto projetaria um arranha-céu revolucionário que não poderá ser visto? Afinal, nenhum pai deseja ter um filho invisível, deseja? Trata-se de uma inovação ideológica, pois, principalmente no Oriente, necessitamos de espaço. No entanto, não necessitamos de mais poluição visual fixada no horizonte. A solução de Charles Wee é criar a ilusão de que o arranha-céu desaparece ao projetar a exata imagem do que há atrás do prédio em sua fachada. Há muita informação neste interessante texto, porém o título e os dois primeiros parágrafos são suficientes para obtermos a resposta com sucesso.
Vocabulário chave:
World’s first invisible skyscraper – primeiro arranha-céu invisível do mundo His infinity tower will loom over Seoul until somebody pushes button and it completely disappears – A ”infinity tower”dele imperará nos céus de Seul até que alguém aperte um botão e ela desapareça por completo.
Sobreposição Texto/Resposta
He has struck upon a novel concept: the first invisible skyscraper – Elecriou um novo conceito: o primeiro arranhacéu invisível. As the tallest structure in South Korea, his infinity tower will loom over Seoul. – Comoa mais alta estrutura na Coréia do Sul, a “Infinity Tower” dele imperará nos céus de Seul.
QUESTÃO 94: Alternativa C
No âmbito político desta prova, nos deparamos com a canção Masters of War de Bob Dylan. A canção retrata a teoria de conspiração que Bob Dylan prega com relação aos mentores das guerras. Ele os identifica como políticos protegidos por paredes e escondidos atrás de suas escrivaninhas de escritório. Além disso, Bob credita aos mesmos as armas, bombas, aviões de combate, a destruição e a matança. Bob também questiona a postura evasiva e defensiva dos políticos que se distanciam das áreas de conflitos e não participam das ações que os mesmos dão início. A compreensão do título da canção “Masters of War” (Mestres da Guerra) e da primeira estrofe, juntamente com o próprio
enunciado, que indica que a letra apresenta “questionamentos” e “reflexões”, já apontam para a resposta da alternativa C.
QUESTÃO 95: Alternativa A
Na seção literatura/poesia, o Enem trouxe a bela passagem do poema: The road not taken (A Estrada Não Percorrida), de Robert Frost. Esta passagem do poema nos conduz a uma bifurcação e o autor ressalta que ele optou pelo lado menos explorado. Ele finaliza dizendo que esta decisão fez toda a diferença. Certamente, trata-se da questão mais clara da prova, pois as três frases da poesia são, relativamente, fáceis de entender:
Two roads diverged in a wood, and I Dois caminhos se iniciavam em uma floresta e eu
I took the one less traveled by Eu escolhi aquela menos explorada And that has made all the difference. E isso tem feito toda a diferença.
A prova do inglês do Enem 2014 se alinha, ainda que apenas no formato, as provas de proficiência (TOEFL, IELTS etc.) e no quesito interpretação de texto. Isto se mostra na opção de variar no número de textos e ressaltar assuntos relevantes aos propósitos da prova. Iniciativa mais que válida, dada a acessibilidade aos programas de estudo internacionais oferecidos para os universitários brasileiros atualmente.
Questões de 91 a 95 (opção espanhol)
QUESTÃO 91: Alternativa E
“Sudar la gota gorda” é uma expressão idiomática em espanhol, utilizada para indicar algo que precisa de um esforço maior. É similar da expressão “suar a camisa”, em português, a qual se diz quando um trabalho pesado é feito. Se o candidato não conhece essa expressão, pode se confundir, no texto, com a letra “D – requer entusiasmo e motivação”, devido ao fato de o escritor mencionar que, algumas vezes, possui problemas de imaginação. Deve-se aqui, entretanto, focar na expressão idiomática em si.
QUESTÃO 92: Alternativa C
O poema contrasta o tempo quando somos crianças, em que o dia rende e as horas são como ruas despejadas. Depois compara com nós, adultos, no qual, pelo contrário, as horas nos parecem estreitas e oprimidas e não nos alcança o dia entre uma coisa e outra. Fazendo esta análise, podemos chegar facilmente à resposta que indica sobre o que trata o poema, alternativa C, pois as outras respostas colocam outras interpretações do poema que não são válidas.
QUESTÃO 93: Alternativa A
O texto fala da dicotomia que vivem os emigrantes, os quais têm a opção de viver mentalmente e emocionalmente na sua pátria, sem se deixar envolver pela nova cultura ou deixar de lado o passado (suas raízes) e começar a viver o presente (nova realidade). Porém, o autor indica que, como é sabido, não é possível fazer isto em termos absolutos. A frase “se siente parte de dos mundos sin integrarse por completo en uno de ellos” (sente-se parte de dois mundos sem entregar-se completamente a um deles) resume o dilema e nos permite chegar à resposta correta. As outras opções colocam os diferentes problemas que possui o emigrante e não o dilema por ele vivido.
QUESTÃO 94: Alternativa A
No texto, o autor fala sobre a natureza paraguaia com sua terra fértil que dá muitos frutos e, ao mesmo tempo, causa uma série de desastres naturais que ocasionam diferentes problemas, tais como destruição da vegetação e inundações, entre outros. Por esta interpretação, a resposta correta é alternativa A. Entretanto, o candidato menos atento poderia se confundir com a resposta “E”, que indica “despreparo do agricultor no trato com a terra”, já que o texto aborda os problemas que o ser humano tem depois de semear. Porém, como este não é o problema central do agricultor de acordo com o texto, a resposta correta é a primeira.
QUESTÃO 95: Alternativa D
No texto, usa-se o verbo no presente e na forma verbal de conjugação “nosotros” (nós). Este recurso é utilizado em espanhol para incluir o leitor dentro do que se fala e, assim, chamar atenção do leitor para o texto. Devido à utilização desta técnica, a resposta correta é a alternativa D. Nesta questão também poderia haver confusão com a alternativa “C –forjaruma voz coletiva para garantir adesão à campanha”, pois “podemos” remete a uma voz coletiva, mas o intuito aqui é tão apenas aproximar o leitor ao texto que tem caráter informativo.
Questões de 96 a 135
QUESTÃO 96: Alternativa B
Os dois textos pertencem a gêneros diferentes: o primeiro, do gênero jornalístico, traz informações sobre transplantes de córneas e a extinção da fila de espera por esse tipo de cirurgia, mas não incentiva claramente a doação (embora fique implícito que o fato de zerar a fila foi resultado das doações feitas). Já o segundo, um texto publicitário, incentiva a doação, portanto há, entre eles, relação de complementaridade.
QUESTÃO 97: Alternativa D
Augusto dos Anjos (1884-1914) vivenciou o Parnasianismo e o Simbolismo e dessas escolas manteve o rigor formal parnasiano (soneto dodecassílabo) e o gosto simbolista por imagens incomuns, porém trouxe inovação no modo de escrever, com termos científicos (Eu, filho do carbono e do amoníaco,/Monstro de escuridão e rutilância,/Sofro, desde a epigênese da infância,/A influência má dos signos do zodíaco) e a angústia existencial como tema. A divergência dos assuntos tratados por Augusto dos Anjos em seus poemas em relação aos dos autores da época faz com que sua obra se encaixe na fase de transição para o modernismo, chamada de Pré-modernismo.
QUESTÃO 98: Alternativa C
Dalton Trevisan é escritor paranaense com fama de recluso e autor de inúmeros livros, entre os quais “O vampiro de Curitiba (que acabou virando seu epíteto). Na crônica em questão, ele aborda a infidelidade de maneira irônica, o que pode ser observado na ambiguidade e aparente inocência da pergunta/proposta (cheia de malícia) “Como é o negócio?”
QUESTÃO 99: Alternativa D
Tanto o editorial quanto a notícia são gêneros textuais comumente publicados em jornais. A diferença entre eles está no fato de a notícia apresentar a função de linguagem conhecida como referencial, em que o foco recai sobre a informação, sendo, portanto, um texto objetivo, uma vez que não há expressão de pontos de vista do jornalista. Já o editorial é um
texto opinativo, em que há análise crítica de uma dada situação ou fato noticiado, sendo caracterizado pela linguagem subjetiva e expressão de juízos de valor.
QUESTÃO 100: Alternativa C
A letra da música remete ao universo nordestino já no início, quando menciona o xaxado, ritmo originário do interior de Pernambuco, cujo nome alguns estudiosos atribuem ao som do arrastar dos pés durante a execução da dança. Além disso, no verso transcrito na alternativa C, encontra-se o termo cabra, empregado na região como sinônimo de ‘indivíduo’.
QUESTÃO 101: Alternativa B
A questão não apresenta um alto grau de dificuldade, mas exige do candidato atenção na leitura, para interpretar corretamente as informações. Usando o chamado argumento de autoridade, por meio de citação de declaração de um pesquisador especialista na área, o texto destaca a importância da promoção da indústria na área de segurança cibernética (“de forma a fomentar essas empresas, a produção de conhecimento na área e a construção de uma cadeia de produção nacional”).
QUESTÃO 102: Alternativa C
A questão faz uma combinação de texto verbal (com palavras) e texto não verbal (com imagens). A leitura do texto verbal cria a expectativa de uma imagem de cunho científico, que é quebrada pelo desenho, em que se vê o robô tirando uma ‘selfie’, um autorretrato, construindo, assim, uma crítica ao comportamento de muitos usuários das redes sociais, que se expõem excessivamente, empregando esse tipo de publicação, as ‘selfies’.
QUESTÃO 103: Alternativa A
O neoconcretismo foi um movimento artístico-literário, que surgiu como uma reação aos excessos do Concretismo, trazendo mudanças, como a volta da subjetividade para o processo de criação artística, a proposta de uso de novos meios para a produção (além da tela e do papel), a transformação na forma de receber essas obras de arte (que agora aparecem fora do espaço tradicional dos museus) e, principalmente a busca de maior interação com o público. Essa última característica é o que se percebe na imagem, na qual se observa a manipulação da obra de arte pelo espectador.
QUESTÃO 104: Alternativa C
A questão envolve mais conhecimentos gerais do que especificamente conhecimentos linguísticos. O maracatu tem origem ligada aos escravos negros, relacionada aos ritos do candomblé. O carimbó tem origem indígena. A chula tem origem portuguesa, mas é sapateado e no sul do Brasil tem caráter de desafio de habilidade entre os participantes. O siriri tem origem incerta, mas é dança com elementos notadamente indígenas. O xote e o frevo também são danças. O primeiro tem origem europeia, na dança de salão denominada ‘scotish’ (o nome em português é o resultado da corruptela do termo original) e o segundo tem seu nome originário do termo ‘ferver/frever’ e passos que misturam capoeira, balé e dança russa (cossaca). A ciranda é dança de roda, de origem portuguesa. O baião é gênero musical e dança, eternizados por Luiz Gonzaga e utiliza muito os seguintes instrumentos musicais: viola caipira, triângulo, flauta doce e sanfona. Restam, como gêneros musicais, o choro e o samba, conforme a alternativa C.
QUESTÃO 105: Alternativa A
O eu lírico se identifica com o interlocutor no sofrimento silencioso e na discriminação sofrida (“Mas eu que sempre te segui os passos / sei que cruz infernal prendeu-te os braços / e o teu suspiro como foi profundo!). Cruz e Souza, filho de exescravos, sofreu a ‘cruz infernal’ da discriminação a que se refere nos versos do poema, colocando na sua obra a ‘sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada”, como afirma o enunciado da questão.
QUESTÃO 106: Alternativa E
O autor brinca com as diferentes variedades linguísticas. Para fazer referência aos temas sacros (no caso, o nascimento de Jesus) costuma ser empregada a variante padrão da linguagem (norma culta) e a quebra dessa expectativa, uma vez que o texto apresenta uma série de gírias, é o elemento gerador do humor da crônica.
QUESTÃO 107: Alternativa B
O gênero teatral tem características próprias, entre as quais estão as rubricas. São marcas que orientam a atuação dos atores, mas, como o texto teatral permite aos diretores e atores que imprimam suas leituras e interpretações particulares, podem ser alteradas, gerando diferentes montagens e versões de um mesmo texto.
QUESTÃO 108: Alternativa E
As funções da linguagem dizem respeito ao elemento da comunicação (emissor, receptor, mensagem, referente, canal, e código/linguagem) colocado em destaque no texto pelo autor. No presente texto, Vinícius de Moraes usa o gênero ‘crônica’ para falar a respeito da própria crônica e sua criação. Emprega, portanto, a linguagem para falar da linguagem, o que configura a função metalinguística (ou metalinguagem).
QUESTÃO 109: Alternativa D
O emprego do verbo ‘dever’ na locução verbal acrescenta a ideia de potencialidade e, no texto, indica previsão (algo que pode vir a acontecer), como ocorre também na frase “O Congresso deve votar a emenda ainda hoje”.
QUESTÃO 110: Alternativa B
Ao afirmar que o espectador pode assistir ao que quiser e quando quiser, além de ter a opção de utilizar a segunda tela para se conectar às redes sociais, fica evidente que o desejo do espectador é o elemento mais relevante para a nova tecnologia, como afirma a alternativa B.
QUESTÃO 111: Alternativa C
Representante do Barroco brasileiro, Gregório de Matos recebeu a alcunha de Boca do Inferno por suas críticas ácidas a comportamentos de membros da sociedade e aos políticos da Bahia. Neste soneto, a crítica é dirigida ao governador, ao qual se refere como ‘Faraó do povo brasileiro’, caracterizando-o como tirânico e opressor.
QUESTÃO 112: Alternativa C
Relacionando a definição dada no texto I sobre ditados populares (que apresentam conhecimentos/verdades obtidas pelo senso comum) e o texto II, percebe-se que a personagem Constança emprega-os para justificar suas ações, o que fica
comprovado no trecho “Dizia os ditados todos, procurando interpretar os desígnios de Deus, transformar os seus desejos nos desígnios de Deus.” .
QUESTÃO 113: Alternativa D
De acordo com o texto, os bailes na periferia (fornecendo o lazer antes inexistente) disseminavam “um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados.” Essa valorização servia como afirmação da identidade dos jovens dessas regiões, conforme afirma a alternativa D.
QUESTÃO 114: Alternativa A
As línguas são vivas e são o reflexo e o registro dos falantes que as empregam. Assim, sofrem diferentes tipos de influências que vão fazendo com que elas se modifiquem com o passar do tempo, assimilando as mudanças pelas quais passa a sociedade que as emprega. Como o autor afirma no início do texto da questão, é marcante a presença de termos indígenas e africanos, como consequência da colonização portuguesa: os termos indígenas foram assimilados para fazer referência a elementos tipicamente brasileiros, para os quais a Língua Portuguesa trazida pelos colonizadores não tinham palavras para definir ou nomear. Os termos africanos (trazidos pelos escravos) e dos povos que aqui chegaram pela imigração (como os italianos) entraram no vocabulário do português posteriormente, mas pelo mesmo motivo: não havia na cultura brasileira palavras que dessem conta dos elementos estrangeiros, sendo devidamente assimiladas e incorporadas.
QUESTÃO 115: Alternativa B
A questão exige a leitura atenta e a identificação da relação entre texto verbal (com palavras) e texto não verbal (imagens). O megafone (que representa a voz, o discurso) foi mesclado com um revólver, transformando-se em um instrumento híbrido que funciona como uma metáfora da voz/palavra como arma para a transformação social.
QUESTÃO 116: Alternativa D
A questão retoma o tema das variantes linguísticas, associando o ‘português correto’ ao grau de formalidade da situação de comunicação. Cabe ao emissor, segundo o autor do texto, fazer a adequação do nível da linguagem ao receptor e à situação de comunicação, conforme é apresentado na alternativa D. Não existe, portanto, somente uma maneira de se expressar ‘corretamente’, nem se devem desprezar outras variantes diferentes da norma culta.
QUESTÃO 117: Alternativa C
A propaganda traz a ideia de violência personificada na imagem de monstro, associado ao pesadelo, que tira o sono e a tranquilidade infantis, para enfatizar a dimensão do problema da violência contra a criança, além de destacar a importância da denúncia. Mais uma questão que cobra do candidato a leitura de texto verbal (com palavras) e texto não verbal (imagens) e a identificação da relação entre eles.
QUESTÃO 118: Alternativa B
A língua oral tem características próprias e difere da língua escrita em muitos aspectos. Um deles é o ‘imediatismo’ na produção, ou seja, enquanto na língua escrita existe um tempo maior de reflexão, de raciocínio entre o surgimento da ideia e seu registro, há possibilidade de revisão e correção e não existe, na maior parte das vezes, uma resposta imediata por parte do receptor, na língua falada, o pensar e o produzir a mensagem são quase instantâneos. Por isso, na fala, são comuns períodos de hesitação e o emprego de marcadores que têm função de ‘segurar’ a atenção do receptor, como o ‘né’, presente no texto da questão, que aparece como índice do emprego da função fática de linguagem (a que coloca o foco no canal, no meio pelo qual a mensagem é transmitida).
QUESTÃO 119: Alternativa E
A questão exige leitura atenta e interpretação das informações do texto. Ao fazer o histórico breve do MMA, o texto menciona que a modalidade é considerada por alguns como ‘vale-tudo’, mas que essa não é a realidade atual, uma vez que existem regras e a necessidade de acompanhamento médico obrigatório. Essas informações levam à alternativa E, pois fica clara a preocupação com a delimitação da violência do esporte, bem como com a integridade dos participantes.
QUESTÃO 120: Alternativa B
O texto apresenta informações sobre o crescimento do consumo de suplementos, principalmente por adolescentes, seguidas de menção à mídia como incentivadora do ‘mito do corpo ideal’, o que está descrito na alternativa B. Não há, no texto, informações mais técnicas sobre a indicação das substâncias para quem pratica atividades físicas ou para melhorar a saúde de pessoas sedentárias, como se lê nas demais alternativas.
QUESTÃO 121: Alternativa C
Embora as duas personagens tenham origens diferentes (no texto I, João Guedes veio da campanha – regionalismo gaúcho para fazer referência à zona rural para a cidade – e no texto II, o narrador já se encontra na cidade), ambas têm em comum o fato de encontrarem dificuldade de colocação no mercado de trabalho e de terem sido levadas à criminalidade.
QUESTÃO 122: Alternativa E
Polissemia é a multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locução e intertextualidade é o ‘diálogo’ entre duas ou mais obras (em linguagem verbal ou não-verbal), em que uma faz referência explícita ou implícita à outra. Na charge, o autor lançou mão da intertextualidade, fazendo sua charge usando como referência a obra Guernica, de Pablo Picasso, em que o pintor descreveu os horrores da Guerra Civil espanhola. O elemento que relaciona a violência do trânsito brasileiro e a da guerra é a expressão ‘quadro dramático’, pois ‘quadro’ tanto pode significar ‘situação’, como ‘obra de arte’.
QUESTÃO 123: Alternativa C
As conjunções adversativas introduzem as orações coordenadas (sintaticamente, as coordenadas são orações com sentido completo, que não apresentam uma dependência entre si) adversativas (que apresentam uma relação de oposição ao que foi expresso na oração anterior). Semanticamente, as adversativas destacam o argumento mais forte. No texto, o primeiro verso apresenta duas ideias, e o verso seguinte, iniciado pelo ‘mas’ é a ideia mais relevante, destacando-se das anteriores, estrutura que se repete ao longo do poema.
QUESTÃO 124: Alternativa A
texto, já que emprega as informações do Ibope como fundamentação da ideia defendida.
QUESTÃO 125: Alternativa B
A característica dos textos publicitários é a presença da função apelativa da linguagem, aquela que destaca o receptor da mensagem. Nesta peça publicitária, o receptor é instado a responder às perguntas para verificar se ele se encaixa no perfil, o que faz com que haja uma interação dinâmica entre texto e leitor.
QUESTÃO 126: Alternativa D
O texto apresenta um histórico da linotipo, indicando o autor e a data da criação, explicando seu funcionamento e outras informações, porém a contribuição em termos sociais, pedida pela questão, vem indicada ao final do texto, quando se afirma que foi possível produzir material “a baixo custo, o que levou informação às massas”.
QUESTÃO 127: Alternativa E
A ideia de manutenção da tradição já aparece no título do texto (“Cordel resiste à tecnologia gráfica”). Em seguida, o texto afirma que a literatura de cordel “atravessa os séculos sem ser destruída pela avalanche de modernidade que invade o sertão (...)” e acrescenta que a manutenção do sistema artesanal de impressão “faz parte da filosofia do trabalho”, mantendo assim a identidade cultural dessa tradição popular nordestina. Essas afirmações vão ao encontro do que está expresso na alternativa E.
QUESTÃO 128: Alternativa B
A questão envolve o reconhecimento das variantes linguísticas e dos fatores que causam as variações. O autor da crônica brinca com o envelhecimento das pessoas e das palavras, pois ambos estão ligados. Entre os fatores que causam as variações nos idiomas está a passagem do tempo (variante diacrônica). Assim, a faixa etária de um falante está relacionada com determinado vocabulário que pode cair em desuso, sendo, portanto, desconhecido por falantes de gerações diferentes (mais jovens ou mais velhos).
QUESTÃO 129: Alternativa D
Segundo o dicionário Houaiss, aforismo é uma “sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance moral”, semelhante a um ditado ou provérbio. Assim, pelo uso dos verbos no presente do infinitivo (com aspecto de presente universal) e pela reflexão sobre a vida, o desabafo de Riobaldo pode ser considerado um aforismo.
QUESTÃO 130: Alternativa A
Para manter a unidade e a uniformidade das partes de um texto, recorre-se aos elementos de coesão, entre os quais estão os pronomes e as conjunções, além de outras classes que podem retomar e/ou substituir termos, evitando assim a repetição. É a chamada coesão referencial (pois faz alusão a alguma informação presente no texto), a qual pode seranafórica (retoma uma informação já dada anteriormente) ou catafórica (antecipa uma informação ou termo que vai ser citado/aprofundado logo a seguir). Nisso, isso, alguns e essa são os pronomes empregados no texto como elementos coesivos que remetem a informações presentes na crônica: nisso antecipa o fragmento “botar a cara na janela”; isso remete a escrever crônicas (ou ‘botar a cara na janela” escrevendo crônicas); alguns são os escritores; e essa resume as orações anteriores.
QUESTÃO 131: Alternativa D
Usando a personificação (figura de linguagem em que se atribuem características ou ações humanas a seres não humanos), ao dizer que Cage “encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”, o autor afirma, de forma figurada, que John Cage pretendia que sons extramusicais passassem a integrar suas obras. Por ser uma atitude de vanguarda, é difícil que essa nova concepção musical seja definida como ‘música’ pelos conceitos conhecidos até então, como se afirma no início do texto.
QUESTÃO 132: Alternativa D
O texto, de caráter dissertativo, apresenta o posicionamento da autora diante da chamada ‘crise da leitura’, afirmando que essa ideia de crise pode estar equivocada e apresenta o argumento baseado em citação de pesquisas acadêmicas. O argumento que contraria o conceito geral (“Mas, de um tempo para cá, pesquisas vêm dizendo que talvez não seja exatamente assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que as pesquisas tradicionais não levam em conta”) é apresentado pela conjunção ‘mas’, que reforça a oposição de ideias, questionando, portanto, o que geralmente é divulgado.
QUESTÃO 133: Alternativa B
O texto apresenta uma descrição de como eram os blogs (contração dos termos web log “diário da rede”, espécie de diário eletrônico em que o internauta expunha sua vida/rotina) e como se transformaram, em seguida, em “espaço onde o blogueiro é livre para expressar e discutir o que quiser”, “um espaço para discussão de ideias, trocas e divulgação de informações”, conforme se lê na alternativa B.
QUESTÃO 134: Alternativa C
O enunciado já traz a informação de que o Modernismo incorporou elementos do cotidiano à produção artística. No poema, o cotidiano é representado pela figura do camelô apregoando sua mercadoria, no caso, brinquedos simples e marionetes (bonecos movimentados por cordéis). O lirismo reside no fato de esses vários brinquedos, alegre e espontaneamente movimentados pelo vendedor, resgatam nos adultos que passam “os mitos heroicos da meninice”, delicada e momentaneamente tirando-os da melancolia e monotonia do cotidiano.
QUESTÃO 135: Alternativa B
O dicionário Houaiss esclarece que ironia é a “figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender”. O emprego dessa figura é um dos traços marcantes da prosa de Machado de Assis, e, no trecho, é empregada pelo autor ao atribuir ao “efeito das relações sociais” a crueldade de Cotrim no tratamento dado aos escravos, banalizando assim a maldade do personagem, supostamente isentando-o de perversidade, atribuindo-a à “necessidade’ de agir assim numa sociedade escravocrata. Na verdade, há uma crítica ácida a esse sistema cruel, disfarçada no pretexto de justificar as atitudes do personagem.