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Enem 2016 – Resoluções e Comentários
não inquilinos, me entende? Quem é inquilino da solidão não passa de um abandonado. É isso aí.
ZORZETTI, H. Lições de motim. Goiânia: Kelps, 2010 (adaptado).
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Nesse trecho, o que caracteriza Lições de motim como texto teatral? a) O tom melancólico presente na cena. b) As perguntas retóricas da personagem. c) A interferência do narrador no desfecho da cena. d) O uso de rubricas para construir a ação dramática. e) As analogias sobre a solidão feitas pela personagem.
QUESTÃO 134
A obra de Túlio Piva poderia ser objeto de estudo nos bancos escolares, ao lado de Noel, Ataulfo e Lupicínio. Se o criador optou por permanecer em sua querência Santiago, e depois Porto Alegre, a obra alçou voos mais altos, com passagens na Rússia, Estados Unidos e Venezuela. Tem que ter mulata, seu samba maior, é coisa de craque. Um retrato feito de ritmo e poesia, uma ode ao gênero que amou desde sempre. E o paradoxo: misto de gaúcho e italiano, nascido na fronteira com a Argentina, falando de samba, morro e mulata, com categoria. E que categoria! Uma batida de violão que fez história. O tango transmudado em samba.
RAMIREZ, H.; PIVA, R. (Org.). Túlio Piva: pra ser samba brasileiro. Porto Alegre: Programa Petrobras Cultural, 2005 (adaptado).
O texto é um trecho da crítica musical sobre a obra de Túlio Piva. Para enfatizar a qualidade do artista, usou-se como recurso argumentativo o(a) a) contraste entre o local de nascimento e a escolha pelo gênero samba. b) exemplo de temáticas gaúchas abordadas nas letras de sambas. c) alusão a gêneros musicais brasileiros e argentinos. d) comparação entre sambistas de diferentes regiões. e) aproximação entre a cultura brasileira e a argentina.
QUESTÃO 135
— 5 tiros? — É. — Brincando de pegador? — É. O PM pensou que... — Hoje? — Cedinho.
L.J.C.
COELHO. M. In: FREIRE. M. (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial. 2004.
Os sinais de pontuação são elementos com importantes funções para a progressão temática. Nesse miniconto, as reticências foram utilizadas para indicar a) uma fala hesitante. b) uma informação implícita. c) uma situação incoerente. d) a eliminação de uma ideia. e) a interrupção de uma ação.
RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM 2016
Questões de 91 a 95 (opção inglês)
QUESTÃO 91: Alternativa C
Na questão 91, o texto é sobre tecnologia a serviço da medicina e o título provocativo diz: “Tecido Frankenstein: Tecnologia de célula imprimível”. O artigo fala sobre um biopigmento para ser usado em impressoras que pode chegar a ser a fonte de tecidos humanos vivos apropriados para cirurgias de reposição de pele e outros tecidos planos. É como imprimir tecido vivo ponto a ponto e cada gota do pigmento contém entre 10 mil e 30 mil células. O texto também aponta dificuldades desta tecnologia em reproduzir padrões mais complexos como os de rins e fígado. Com relação à resposta correta, o risco de errá-la se dá pela simplicidade de redação da alternativa correta. Sem detalhes, palavras ou números que nos conduzissem de volta à parte específica do texto. Mesmo assim, a compreensão da última frase “At the moment, skin and other flat tissues are most promising for the inkjet” (No momento, a pele e outros tecidos planos são mais promissores para a jato de tinta) encaminha o aluno para a alternativa certa. A dica que fica neste tipo de item é que se a compreensão não estiver clara e duas ou mais alternativas apresentarem menções claras de dados do texto, suspeite e procure respostas mais simples e diretas.
QUESTÃO 92: Alternativa E
No âmbito do serviço social e informação à população, a prova de 2016 trouxe esta cartilha do estado americano de Connecticut que, em sua capa, provoca o residente a refletir sobre seu grau de preparação em caso de alguma emergência e, em seu conteúdo, traz um guia de conduta em caso de ocorrência de desastre. Com relação à resposta correta, se houve observação completa do texto pelo candidato, a única alternativa que poderia, com pouca chance, confundir seria a C, porém, a alternativa E retrata claramente a função de um guia para conduta em caso de desastre. O maior aprendizado nesta questão está na análise profunda da ilustração fornecida e ligação com as alternativas da questão. Se prestarmos atenção na capa do guia, veremos as palavras “Connecticut guide to emergency preparedness” (Guia para preparação de emergências de Connecticut), título provido de palavras cognatas suficientes para, mesmo os mais inexperientes, resolverem esta questão facilmente.
QUESTÃO 93: Alternativa D
Todos os anos, o ENEM ressalta a importância de estudar uma língua moderna global e, em 2016, o exame trouxe este texto curioso e provocativo que informa sobre a decisão da Universidade Politécnica de Milano de passar a ofertar a maioria de seus cursos em língua inglesa. No final do primeiro parágrafo, temos a passagem crucial para a escolha da alternativa correta da questão: “The university has announced that from 2014 most of its degree courses –including all its graduate courses – will be taught and assessed entirely in English rather than Italian.” Quando analisamos a tradução da passagem: “A universidade anunciou que a partir de 2014 a maioria de seus cursos de formação – incluindo todos seus cursos de graduação – serão lecionados em inglês ao invés de italiano.”, observamos que a pergunta explorou o conteúdo da informação superficialmente,
não exigindo detalhes que poderiam dificultar a questão, considerada de nível fácil.
QUESTÃO 94: Alternativa E
Na seção cultural do ENEM 2016, tivemos o prazer de nos depararmos com esta brilhante analogia de Paul McCartney, feita através do equilíbrio, apoio, interdependência, harmonia, atividade e passividade, demonstrada pelas teclas de um piano que, apesar de ter cores e sons diferentes, compõem, juntas, uma sociedade completa em prol da execução de um trabalho. Esta questão pode ser complicada, pois seu título se torna crucial para a escolha da alternativa que exprime a intenção da canção e da questão. Não se trata de palavras do cotidiano, sendo “Ebony and Ivory” (Ébano e marfim) o preto e branco, respectivamente. A falta de ciência dessas palavras poderia, facilmente, nos conduzir a alternativas erradas como a alternativa C, que se relaciona muito bem com o enunciado da questão, porém não com sua intenção. No caso do desconhecimento das palavras do título, a passagem “We all know that people are the same wherever we go” (Todos sabemos que as pessoas são iguais onde quer que vamos) consiste na principal pista do texto para a resolução do item. Questão de nível médio.
QUESTÃO 95: Alternativa A
O domínio do primeiro parágrafo do texto se faz, única e exclusivamente, necessário para o sucesso nesta questão. A ligação entre a palavra “offer” do inglês e “oferta” do português nos levará à resposta correta. Primeiramente, vamos à intenção informativa do texto: BOGOF – expressão de origem do inglês americano. Surgida durante a recessão econômica dos Estados Unidos na década de 70 para se referir a alimentos em promoção nos supermercados. BOG OFF – verbo frasal de origem inglesa. Este verbo frasal significa: “cai fora”. É geralmente usado quando alguém está bravo com a outra pessoa e deseja que a outra a deixe em paz. Como podemos observar nos créditos do texto, se trata de uma publicação britânica (www.bbc.co.uk) que se preocupa em explicar, minuciosa e comicamente, o encontro de duas expressões que têm pronúncia igual, porém significados totalmente diferentes. Temos que considerar esta como uma questão de nível médio, pois todas as suas alternativas contém armadilhas relacionadas ao texto. Podemos concluir que precisamos de domínio total dos enunciados das questões para caminharmos na direção correta.
Questões de 91 a 95 (opção espanhol)
QUESTÃO 91: Alternativa C
Neste texto se conta a história sobre a Associação “Abuelas de Plaza de Mayo” (Avós da Praça de Maio), na argentina, que usa da coleta de material genético para tentar encontrar pessoas desaparecidas durante a ditadura e reuni-las as suas famílias. Apesar de ordenar a extração direta das amostras de DNA dos envolvidos, a justiça, no entanto, determinou que para o caso noticiado o material obtido vai ser comparado somente com um grupo de famílias. Em virtude disso, uma das integrantes da associação, Estela Carlotto, se referiu ao caso da seguinte forma: “Es una de cal y una de arena, es querer quedar bien con Dios y con el Diablo”. A expressão “uma de cal e outra de arena” é utilizada em espanhol de forma irônica para indicar a obtenção de coisas opostas. No contexto da notícia, a frase é utilizada justamente para criticar a “incoerência” da justiça, o que nos leva a resposta C, ironiza a parcialidade da justiça nesta ação. A tradução e o conhecimento prévio da expressão, juntamente com um entendimento raso do texto, já eram suficientes para levar o candidato a alternativa correta.
QUESTÃO 92: Alternativa C
No fragmento desta questão Julio Cortázar nos conta sobre o relógio que foi dado como presente a uma pessoa em seu aniversário. Ele descreve todo o comportamento que isso desencadeará devido ao significado que normalmente se atribui ao objeto [relógio], que parece ter mais valor do que seu próprio dono. A última frase exemplifica muito bem o pensamento do escritor: “No te regalan un reloj, tú eres el regalado, a ti te ofrecen para el cumpleaños del reloj” (Não te presentearam com um relógio, você é o presente e te oferecem para o aniversário do relógio). A questão é essencialmente interpretativa, por isso tal passagem, assim como “miedo de perderlo” e outras, conduzem o aluno a alvertaniva correta, letra C, convidar o leitor para a refletir sobre a coisificação do ser humano. A resposta da letra E (criticando o leitor por ignorar os malefícios do relógio) pode gerar confusão, pois parece que o texto critica o leitor, porém o intuito não é em fazer uma crítica e sim levar o leitor a realizar uma reflexão sobre a “coisificação” do humano.
QUESTÃO 93: Alternativa B
Único poema que apareceu na prova de espanhol do Enem 2016, “Agua” tem como tema principal as diferentes interpretações que podem ser feitas dos sonhos, que neste caso específico tratam a água como elemento principal. O nome do poema pode gerar confusão, pois pode levar o candidato a pensar que o tema principal são ações que envolvem a água, porém é importante prestar atenção na primeira oração: “al soñar que un cántaro” (quando sonhar com um jarro). Esta frase, juntamente com o título da obra “Sueños mexicanos”, dá a dica para entender que o poema trata da interpretação dos sonhos, que é uma característica das comunidades indígenas e da cultura popular mexicana, levando o candidato a alternativa B, crença na relevância dos sonhos como premonições ou conselhos.
QUESTÃO 94: Alternativa E
O texto expõe como a busca pela vida estável, a qual nos indica a família e os bancos, entre outros, tem seu sentido alterado com o passar do tempo, de forma que o que nos dizem sobre o mundo acompanha tal transformação, em busca de uma estabilidade em constante processo de mudança. Como o enunciado diz respeito ao título do texto, “Inestabilidad estable” (Instabilidade estável), um dos caminhos para se resolver a esta questão consistia em identificar, nas alternativas, aquela que trata de pontos relacionados as duas palavras. Assim, por eliminação, o estudante poderia chegar a resposta E, permanência da inconstância em uma sociedade marcada por contínuas mudanças. As outras respostas não tratam sobre o tema da instabilidade e sim dos fatores que estão transformando nossas vidas.
QUESTÃO 95: Alternativa B
Esta frase é muito conhecida em espanhol e chama a atenção porque utiliza os diferentes usos do verbo “poner” (pôr), o qual pode ser usado para indicar algo que vou colocar em algum lugar, algo que vou vestir, ou ainda para indicar mudanças de estado de humor das pessoas. Na primeira oração, “ponerme” indica vestir uma roupa e, “me puse”, na segunda, indica uma mudança de estado para “feliz”, mesmo que não se saiba qual era o estado anterior do autor do grafite. A chave para a
resolução da questão está no uso do adjetivo feliz, que nos encaminha para a letra B, mudança de estado.
QUESTÃO 96: Alternativa D
Quando os textos colocam em destaque um dos elementos da comunicação (emissor, receptor, mensagem, referente, canal e código), dizemos que estão presentes as chamadas funções da linguagem e aquela em que o código é empregado para referirse a ele próprio ou ao seu funcionamento é a função metalinguística (ou metalinguagem). É a presença dessa que se verifica no texto, que trata do próprio ato de leitura, com o objetivo de explicá-lo ao leitor, ou seja, lemos um texto que fala sobre leitura.
QUESTÃO 97: Alternativa B
O texto trata do hoax, termo que define os boatos e farsas que são disseminados por meio da internet e espalham notícias falsas, vírus ou denigrem a imagem de pessoas e empresas, como “falsos sorteios de celulares”, “frases que Clarice Lispector nunca disse”, “mensagens dramáticas ou alarmantes que acompanham imagens chocantes, falam de crianças doentes ou avisam sobre falsos vírus”, por exemplo. Fica, portanto, subentendido que se deve ficar atento à linguagem empregada nas mensagens para evitar esse tipo de ameaça, pois ela (a linguagem) é usada para ‘atiçar’ a curiosidade sobre essas mensagens dramáticas e chocantes ou tentadoras.
QUESTÃO 98: Alternativa A
O aproveitamento de retalhos de tecido (sobras da confecção de roupas ou reaproveitamento de roupas já descartadas) para produzir colchas de retalhos e outras peças (artesanato também conhecido como ‘patchwork’) é comum no dia a dia de muitas comunidades. Assim, o mural “Colcha de retalhos” eleva o trabalho cotidiano ao status de arte e, exposto numa estação de metrô, convida os passantes a apreciar a estética do cotidiano, conforme afirma a alternativa A.
QUESTÃO 99: Alternativa B
Ariano Suassuna é um dos maiores nomes nordestinos da Literatura Brasileira. Tendo vivido no sertão da Paraíba, ele se familiarizou com os temas e as formas de expressão regionais que, mais tarde, povoariam a sua obra, como se pode observar nas expressões empregadas pela personagem.
QUESTÃO 100: Alternativa E
Neste soneto, Cláudio Manuel da Costa, poeta árcade (cujo pseudônimo era Glauceste Satúrnio - pseudônimos pastoris eram comuns aos autores árcades, num procedimento que os aproximava da Arcádia grega) apresenta um eu lírico que se depara com uma natureza devastada e manifesta estranheza diante dela, não a reconhecendo como um espaço do seu passado. Na última estrofe, percebe que o espaço não era o mesmo de seu passado, mas também se dá conta de que a paisagem devastada reflete o seu estado psíquico.
QUESTÃO 101: Alternativa C
Como o próprio enunciado diz, “a coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto”, e ela pode ser estabelecida por meio de conectivos, pronomes, sinônimos ou pela ausência desses elementos (coesão por elipse, quando o próprio contexto indica qual a relação entre as ideias ou termos das orações). No texto da questão, a oração “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro (...)” é uma oração subordinada adverbial reduzida, sem conjunção a ligá-la à oração principal. Se tal oração estivesse na sua forma desenvolvida, a conjunção explicitaria a ideia de condição (“Caso aconteça de o cientista provocar um dano...” ou “Se acontecer de o cientista provocar um dano...”).
QUESTÃO 102: Alternativa A
As línguas apresentam variações (variações linguísticas) que são ocasionadas por diferentes fatores, entre os quais os encontros entre diferentes culturas. No caso específico do contexto histórico das Grandes Navegações e dos descobrimentos, os europeus se depararam, nas terras exploradas, com diferentes idiomas e, nem sempre havia equivalência exata entre os vocábulos das línguas europeias e as línguas dos povos recém-conhecidos, o que resultou em empréstimos linguísticos e incorporação de novas palavras aos idiomas europeus. Outras vezes, apesar de haver termos na língua do colonizador, o termo nativo acaba se sobrepondo ou coexistindo, transformando-se em sinônimo, como ocorreu com o termo ‘mandinga’: “A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam (...)”. O texto mostra, portanto, que o sentido da palavra é resultado de um contraste cultural.
QUESTÃO 103: Alternativa B
No texto I, o autor afirma que “(...) é imprescindível refletirmos sobre a importância da mídia na propagação de determinados comportamentos que induzem ao consumismo exacerbado.” No texto II, afirma-se que “Todos os dias, em algum nível, o consumo atinge nossa vida, modifica nossas relações, gera e rege sentimentos, engendra fantasias, aciona comportamentos,(...)”. Relacionando-se as informações dos trechos destacados, podemos inferir que o consumismo provoca mudanças nos valores sócias, traduzidas por mudanças nos comportamentos.
QUESTÃO 104: Alternativa D
Os sinais de pontuação, entre outros empregos, podem ser usados na tentativa de imprimir na escrita o ritmo e a musicalidade características da língua falada, mas podem, também ser empregados com função sintática. Nessa construção, os dois-pontos introduzem uma explicação do termo “erro”, na forma de uma oração apositiva, apresentando um argumento que esclarece o termo anterior, que o deixa mais preciso e claro.
QUESTÃO 105: Alternativa A
O texto, composto por elementos verbais (palavras) e nãoverbais (imagens), apresenta função apelativa, ou seja, tem a intenção de persuadir o leitor a adotar práticas sustentáveis. Por meio de informações sobre o volume de água consumido em diferentes atividades econômicas, empregada na produção de bens de consumo e na produção agropecuária, por exemplo, o texto da campanha pretende conscientizar o leitor a respeito do consumismo e do desperdício (não diretamente da água, mas da água ‘virtual’), o que fica evidente, principalmente, pela frase “Economizar bens de consumo e evitar o desperdício também é poupar água”.
QUESTÃO 106: Alternativa D
Council. Ao reproduzir a declaração dele de que “Há uma infraestrutura pequena para controlar quem é o dono dos arquivos que circulam na rede. Isso acabou com o controle sobre a propriedade e tem sido descrito como pirataria, mas é inerente à tecnologia”, o texto mostra a necessidade de reavaliar o conceito de propriedade intelectual.
QUESTÃO 107: Alternativa E
A descrição feita pelo narrador da posição dos integrantes da família à mesa segue a tradição japonesa trazida pelos imigrantes, na qual a família, como a sociedade, tinha estrutura patriarcal: o lugar do pai era à cabeceira da mesa com os filhos do sexo masculino distribuídos hierarquicamente por idade e a esposa e as filhas em pé. Dessa forma, a estrutura e a disposição da família podem ser consideradas como uma metáfora da estrutura da sociedade japonesa tradicional. Essa questão exigia, além da capacidade de interpretação das informações do texto, um certo conhecimento de mundo e noções de História e Geografia, para o reconhecimento da estrutura social tradicional japonesa.
QUESTÃO 108: Alternativa A
Temos aqui um texto com função referencial e metalinguística: referencial porque apresenta ao leitor o livro Madeira de ponta a ponta, informando os conteúdos abordados, dando ênfase ao referente/assunto da obra. E há função metalinguística, pois é um texto que discorre sobre como o texto foi construído, dizendo, por exemplo, que os autores empregaram um “olhar jornalístico, crítico e ao mesmo tempo didático”. Assim, podemos identificar no texto o que se apresenta na alternativa A.
QUESTÃO 109: Alternativa D
Novamente, nesta questão, temos um texto, do gênero propaganda composto por elementos verbais (palavras) e nãoverbais (imagens) que apresenta função apelativa, ou seja, tem a intenção de persuadir o leitor a adotar determinada prática. Por meio da combinação de imagens da via e da tela do celular pretende-se que o leitor compreenda os riscos que o uso do celular implica, a fim de não utilizar o aparelho quando estiver dirigindo.
QUESTÃO 110: Alternativa C
O autor usa a pérola como metáfora para a criação literária: da mesma forma que a pérola é formada em um processo contínuo de dor e de adaptação (“As pérolas são, assim, o resultado de uma contaminação” fruto de uma partícula que vence as paredes lacradas da ostra, produzindo, após anos a fio, “Com uma paciência de fundo de mar”, uma pérola), as obras literárias passam pelo mesmo processo: resultam do trabalho progressivo e minucioso do autor, bem como pela dor, transmutada em arte pelo processo de autoconhecimento.
QUESTÃO 111: Alternativa E
O gênero textual diário é um gênero narrativo, caracterizado por apresentar a função emotiva (ou expressiva) da linguagem, cuja marca é o texto em 1ª pessoa, apresentando, na narrativa, fatos ocorridos com o eu lírico, além da expressão das suas emoções, sentimentos e reflexões. Essas características podem ser resumidas no que se apresenta na alternativa E.
QUESTÃO 112: Alternativa D
Neste excerto temos um narrador que afetivamente, por meio dos diminutivos “branquinha” e “direitinhos”, apresenta a cena em que o menino alimenta as galinhas. Utilizando o recurso do discurso indireto livre (em que há mescla das palavras do narrador e dos pensamentos das personagens), podemos identificar os diferentes pontos de vista, nos diferentes parágrafos: no primeiro, são os pensamentos do garoto, perplexo com a desorientação da galinha, que se manifestam em meio à narração (“Que é que seria aquilo, meu Deus do céu?”); já no parágrafo seguinte, é a ave que apresenta sua angústia com a cegueira, misturada às palavras do narrador (“Por que não vinham mais os dias luminosos em que procurava a sombra das pitangueiras?”).
QUESTÃO 113: Alternativa C
Empregando a função metalinguística (em que o código é empregado para referir-se ao próprio código – no caso a linguagem poética é empregada para apresentar a criação do poema – o texto evidencia o processo de criação pautado pelo “agressivo trabalho de supressão”, com cortes de conectivos e de palavras, que, apesar disso, ainda guarda as marcas do apagamento, processo que já fora anunciado no próprio título (“Sem acessório nem som”).
QUESTÃO 114: Alternativa B
No livro “Obra Aberta”, o estudioso italiano Umberto Eco apresenta o conceito de indeterminação das poéticas contemporâneas, tanto em literatura, como em artes plásticas e música. Como espectador, o observador é convidado a participar ativamente na construção do objeto artístico. É essa a proposta da instalação A origem da obra de arte, de Marilá Dardot: os visitantes podem contribuir com a construção da obra semeando as letras-vaso, montando palavras e textos, que poderão ser observados e reconstruídos por outros espectadores.
QUESTÃO 115: Alternativa E
As línguas apresentam variantes que refletem diferentes aspectos culturais. Vocábulos que são empregados em situações informais ou por falantes pertencentes a camadas mais baixas da sociedade nem sempre são aceitos nas camadas mais altas ou por falantes de maior ‘prestígio social’. O texto da questão exemplifica um caso de renomeação de um inseto pelo fato de seu nome original ser considerado “indecoroso” e, por isso, “pouco aceito socialmente”.
QUESTÃO 116: Alternativa B
O poema em questão apresenta, além da função poética, a metalinguística: ele didaticamente discorre sobre as diferentes poéticas, é um poema falando sobre os gêneros da poesia, criando uma forma peculiar de expressão poética. Tal peculiaridade está no uso do tom explicativo e contido, que se insere no gênero didático, apresentado pela autora no primeiro verso, procedimento que foge ao que habitualmente se encontra nas poesias, sendo frequente nos textos didáticos, escolares, teóricos.
QUESTÃO 117: Alternativa B
A repetição de estruturas no início de versos ou de frases e orações constitui uma figura de linguagem denominada anáfora. No texto em questão, a anáfora foi empregada para chamar a atenção do leitor para a diferença entre as relações interpessoais, os comportamentos e as relações com o próprio
tempo, num tempo passado, conforme apresentado na alternativa B.
QUESTÃO 118: Alternativa C
O texto, que pertence ao gênero resenha literária, tem a função de fazer a apreciação crítica de uma obra de modo sintético: inicialmente se apresenta o resumo do livro e, em seguida, são feitos alguns comentários críticos, mostrando pontos fortes e fracos das obras. No caso do livro A fórmula secreta, os comentários são positivos (“Esse é o instigante universo apresentado no livro”) e a leitura é recomendada para que se conheça um pouco mais da história da matemática (“ótima opção para conhecer um pouco mais sobre a história da matemática”), mesmo por quem não é especializado (“acessível ao grande público”).
QUESTÃO 119: Alternativa E
Ficam evidentes nas passagens, com marcas de discurso indireto livre (no qual os pensamentos de personagens se misturam às palavras do narrador) o reconhecimento do próprio envelhecimento (“A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça.”) e a sensação de solidão da personagem (“Uma velha não pode comunicarse.”). A solidão e o isolamento são tão fortes nela que a aproximação de uma pessoa desconhecida e um gesto de delicadeza são recebidos com enorme espanto, como se fosse improvável alguém se aproximar e ser delicado com ‘uma velha’.
QUESTÃO 120: Alternativa B
No poema, o eu lírico reflete sobre certos valores culturais, suas mudanças, o estabelecimento das certezas propagadas pelo senso comum e a angústia causada pela consciência das falhas no que pregava esse senso comum. A construção dessa angústia se dá na progressão temática: na primeira estrofe, apresenta-se a certeza de que “a geração de cima / só podia educar a de baixo / batendo”; em seguida, na segunda, surge a ideia de instabilidade dos valores da geração anterior, uma vez que a geração do eu lírico “ainda não sabia que estava errado” bater, “mas a geração de vocês”, a geração seguinte, “já sabia e cresceu odiando a geração de cima”; e, por fim, na última estrofe o eu lírico se dá conta de que “é péssimo ter pertencido à geração do meio”. Essa sensação de ‘inadequação’ por pertencer à geração do meio leva à “consciência das imperfeições aceitas na construção do senso comum”, como apresenta a alternativa B.
QUESTÃO 121: Alternativa A
João Cabral de Melo Neto – poeta da 3ª geração modernista–, num processo metalinguístico (em que a linguagem poética é empregada para explicar a construção poética), associa a poesia a uma flor, mas vai retirando da palavra “flor” os sentidos mais comumente associados a ela e passa a valorizar a palavra em sua materialidade, fazendo o caminho oposto ao de uma ode (o que já está anunciado no título “Antiode”) e construindo novas metáforas (“Flor é o salto/ da ave para o voo”). Assim, ele ressignifica a palavra, renovando os sentidos de ‘flor’. É uma “Antiode”, porque, ao contrário de uma ode, que é um poema de celebração, não faz referência ou homenagem aos sentidos positivos que tradicionalmente são associados às flores, mas cria metáforas inusitadas, procedimento comum na obra desse poeta.
QUESTÃO 122: Alternativa A
O texto do Instituto Prosangue apresenta duas das funções da linguagem: a apelativa e a referencial. A função apelativa (ou conativa), a principal no texto da campanha, aparece em textos que têm a intenção de persuadir o leitor em relação a algo. Neste caso, o apelo se dá em relação à responsabilidade sobre a saúde do doador ao fornecer sangue e, consequentemente, sobre a qualidade do sangue doado, pois ele é quem sabe de seu histórico clínico e sobre possíveis comportamentos de risco. Aparece também, secundariamente, a função referencial, uma vez que há esclarecimentos sobre a segurança para o doador e para o receptor e sobre a chamada ‘janela imunológica’.
QUESTÃO 123: Alternativa E
O idioma apresenta as chamadas variações linguísticas, que são ocasionadas por diferentes fatores: o grau de escolaridade e a classe social do falante, o nível de formalidade da situação de comunicação, a faixa etária em que se enquadra o emissor entre outros. Como menciona o enunciado, o primeiro texto é a transcrição de uma entrevista dada por uma professora de português – temos então um falante culto, de formação universitária. Já o texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Embora uma entrevista nem sempre apresente um alto grau de formalidade, o fato de ser enunciado na modalidade falada do idioma é o suficiente para apresentar características próprias, que diferem da língua escrita, a qual é, geralmente, pautada pela obediência às regras da gramática normativa. Desse modo, o que os textos apresentam em comum é o fato de serem amostras do português urbano culto.
QUESTÃO 124: Alternativa B
Entre as chamadas variações linguísticas está aquela ocasionada pelo grau de formalidade da situação de comunicação. No texto, que tem a presença da função metalinguística, o tom humorístico é resultado da ocorrência de palavras que normalmente são empregadas em contextos formais, mas que, no diálogo, aparecem numa situação coloquial e a ‘aparência formal’ dos vocábulos é o objeto da conversa entre as personagens.
QUESTÃO 125: Alternativa A
Os textos se dividem em diferentes gêneros, conforme sua função na comunicação e tais gêneros apresentam características distintas. Entre os mais conhecidos estão o narrativo, o descritivo e o dissertativo, comuns aos textos literários, mas no cotidiano encontramos outros, como o jornalístico (notícias e reportagens), o prescritivo (receitas, manuais de instruções, bulas de remédio), o epistolar (cartas). Entre os textos literários, encontramos os poemas, caracterizados pelo emprego de figuras e pela função poética da linguagem. O poema da questão faz uma mistura de gêneros na sua composição: como em um texto culinário, há expressões típicas de uma receita, tais como “tome-se”, “três gotas” e “quando a massa já ferve e se retorce”, contudo esses elementos estão relacionados à construção de um poema lírico, de temática amorosa.
QUESTÃO 126: Alternativa A
Na foto, observa-se que o Grupo Galpão, na montagem de Romeu e Julieta, manteve vários elementos do teatro tradicional, como figurinos, adereços e objetos para compor o cenário, mas o público está sentado no chão, ao ar livre, e não há palco nem sinais de edificação de um teatro tradicional, por isso pode-se inferir que seja uma apresentação de teatro de rua.
QUESTÃO 127: Alternativa E
Segundo o professor Sírio Possenti, da Unicamp, “as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro”. Por esse motivo ele vem estudando há tempos os textos anedóticos, um gênero textual que está entre os mais recorrentes na cultura brasileira, principalmente na língua falada. Dessa forma, é um corpus rico para ser utilizado como material de pesquisa (sobre hábitos linguísticos, comportamentos, preconceitos) e objeto de investigação, conforme aponta o que se apresenta na alternativa E.
QUESTÃO 128: Alternativa C
De acordo com o texto, “(...) a feminilidade dominante atribui a submissão, a fragilidade e a passividade a uma “natureza feminina”. Numa concepção hegemônica dos gêneros, feminilidades e masculinidades encontram-se em extremidades opostas”, porém, o roteiro do filme apresenta uma personagem disposta a quebrar os paradigmas (presentes fortemente na personagem de Clint Eastwood, o treinador Frankie Dunn) e entrar no universo do boxe, um esporte tradicionalmente masculino. O filme promove, assim, uma discussão sobre a transposição de barreiras de gênero, já que “(...) algumas mulheres, indiferentes às convenções sociais, sentem-se seduzidas e desafiadas a aderirem à prática das modalidades consideradas masculinas”.
QUESTÃO 129: Alternativa B
No texto do gênero entrevista, a atleta destaca que há uma relação muito estreita entre prática esportiva e uma visão de saúde de modo amplo: para obter os melhores resultados, Terezinha mencionou a dedicação aos treinos, o trabalho de prevenção de lesões e o acompanhamento psicológico e nutricional de qualidade. Esse trabalho de acompanhamento, porém, só foi possível depois que ela venceu seu principal desafio, a falta de recursos financeiros no início de sua carreira.
QUESTÃO 130: Alternativa B
Tal qual na construção de um texto, alguns esportes coletivos têm características que se assemelham a um texto com argumentação e contra-argumentação – ataque e contra-ataque – e uma progressão, temática no texto, em direção à marcação de ponto, no jogo. Dessa forma, o ato do drible, uma ação individual na qual o jogador utiliza uma habilidade técnica com o objetivo de ludibriar o adversário, caracteriza a progressão da equipe, pois ele ocorre para obter a posse de bola ou durante essa posse no avanço em direção ao alvo, com o objetivo de pontuar no jogo.
QUESTÃO 131: Alternativa C
Machado de Assis, além de escrever algumas obras tardiamente românticas e os romances marcantes do Realismo, como Memórias Póstumas de Braz Cubas e Dom Casmurro, também foi um observador sagaz do cotidiano e produtor de crônicas, publicadas nos jornais da época. Neste texto, ele destaca a importância do jornal como um elemento fundamental na reconstrução da memória da sociedade, como pode ser observado no trecho “Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado”.
QUESTÃO 132: Alternativa B
Os textos – sejam verbais ou não-verbais – não são neutros. De modo geral carregam marcas de seus autores e esses, por sua vez são influenciados pelo contexto social e histórico em que vivem ou viveram. No caso de ambos os autorretratos, podemos associar a deformação a duas razões principais: o impacto, nas sociedades, de eventos como grandes guerras e revoluções e, no caso da subjetividade, às descobertas, pela psicanálise, de um universo psíquico interior e subjetivo, sobretudo a partir dos trabalhos de Sigmund Freud e seus discípulos.
QUESTÃO 133: Alternativa D
No texto teatral não há a presença do narrador para informar ao leitor as ações, os pensamentos das personagens, ou para descrever as expressões faciais, corporais ou tom de voz empregados nas cenas. O elemento que cumpre essas funções é a chamada rubrica – indicações que vêm isoladas do discurso direto, das falas das personagens, ou antes dessas falas, instruindo o ator sobre o modo como elas devem ser enunciadas, ou entre parênteses, acrescentando informações sobre movimentações no palco, durante a cena. No texto da questão esse elemento aparece nos trechos: “(...) (De súbito, pedagógica, volta-se para o homem.) É como poesia, sabe, moço? Tem de ser recitada em voz alta, que é pra gente sentir o gosto. (FAZ UMA PAUSA.) Você gosta de poesia? (O
HOMEM TORNA A SE DEBATER. A VELHA INTERROMPE O DISCURSO E VOLTA A LHE DAR AS COSTAS, COMO SEMPRE, IMPASSÍVEL. O HOMEM,
MAIS UMA VEZ, CANSADO, DESISTE.) (...)”
QUESTÃO 134: Alternativa A
Ao definir como paradoxo o compositor Túlio Piva ter nascido na fronteira com a Argentina, onde prevalecem gêneros típicos como a milonga, o xote (na versão gaúcha, diferente do nordestino), a vanera ou vanerão, o fandango entre outros e, mesmo assim, ter sido compositor de samba, gênero musical mais comum na região sudeste, o texto usa o argumento de contraste para ressaltar o valor artístico e o talento do músico.
QUESTÃO 135: Alternativa B
Os sinais de pontuação podem ser empregados na tentativa de imprimir na escrita o ritmo e a musicalidade características da língua falada, mas podem, também, ser empregados com função estilística. Neste miniconto, as reticências indicam uma informação implícita: o que um policial teria pensado antes de matar alguém acidentalmente. Embora as reticências sejam usadas frequentemente para indicar a interrupção, neste caso a progressão do texto, na continuação do diálogo é que informa a ocorrência de uma interrupção.