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ALGARVE INFORMATIVO 26 de fevereiro, 2022
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SUMÁRIO
40 - 28.ª Algarve Cup
OPINIÃO 110 - Paulo Cunha 112 - Ana Isabel Soares 114 - Adília César 116 - Fábio Jesuíno 118 - Nuno Campos Inácio 120 - Júlio Ferreira 124 - João Ministro
18 - 6.ª Mostra Silves Capital da Laranja 30 - Mercado Municipal de Silves
86 - Manel Cruz em Portimão
96 - «Cabraqimera» em Loulé ALGARVE INFORMATIVO #328
74 - Daniel Matos 8
54 - «Antígona» em Faro 9
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LARANJA VOLTOU A SER RAINHA EM SILVES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Silves realizouse, de 18 a 20 de fevereiro, a 6.ª Mostra Silves Capital da Laranja, evento que pretende destacar a citricultura que se faz no concelho e os diversos agentes económicos ligados ao sector. Camané, Jorge Palma e Brasa Doirada foram os cabeças de cartaz desta edição que decorreu no espaço da zona ribeirinha junto à FISSUL, num diversificado programa que inclui ainda a Conferência Laranja XXI, o Concurso Regional de ALGARVE INFORMATIVO #328
Cocktails Silves 2022 nas modalidades de After Dinner e Flairbartending, o espetáculo de marionetas «As Laranjas doces do Jesuíta» e a habitual Marcha dos Namorados. Para além da área da citricultura, estiveram presentes no certame seis dezenas de expositores ligados aos vinhos, agricultura, produtos regionais, doçaria, artesanato, gastronomia, associativismo e instituições locais e regionais. Um dos momentos altos foi a Conferência Laranja XXI, onde se debateram e se refletiu sobre os temas que atualmente preocupam os citricultores e colocam desafios a este 18
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sector. Huanglongbing (HLB) e seus vetores. Importância e controlo; Os inimigos da cultura dos citrinos: «Trioza erytreae» e HLB; A água e a agricultura no Algarve – Novos desafios: Plano Regional de Eficiência Hídrica e Regadio 2030; Água Subterrânea e o Sector Agrícola no Algarve; A água na Agricultura – Situação atual e desafios futuros; e a apresentação de um Caso prático de uso eficiente de água em citrinos foram os painéis em debate por especialistas de diversas entidades como a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, DRAP Algarve, ARH Alg e Frutas Tereso. A conferência culminou com um Quiz RD + Debate sobre «A agricultura na região do Algarve (Plano de resiliência e recuperação)», que reuniu em torno deste tema José Apolinário (CCDR Algarve), Pedro Valadas Monteiro (DRAPAlg), Pedro Coelho (APA – ARHAlg) e José Oliveira (Algarorange). De 18 a 20 de fevereiro os sabores cítricos também regressaram aos ALGARVE INFORMATIVO #328
restaurantes de Silves em mais uma edição do «Fim de Semana com Sabor a Laranja». A Nova Mesquita; Art'aska; Atelier 47; Barbinha; Café da Sé; Café Inglês; Casa Velha - Restaurante / Marisqueira; Chapim - Cafetaria Lounge Bar; Churrasqueira Valdemar; O Compromisso; O Pina; Pérola do Arade Restaurante Self-Service; Ponte Romana; Recanto dos Mouros; Salsa & Tomilho (Parsley & Thyme); Sushi Love, Ú Monchiqueiro 1; Ú Monchiqueiro 2; Victoria´s; Xelburger; Os Malandros Burgers; O Barradas; Café Castelo de Silves; Marisqueira Rui; Restaurante Bistro Rainha, Tasca da Praça e Restaurante Ourique foram os 27 restaurantes participantes, com ementas bastante diversificadas e tendo sempre presente a rainha do pomar, isto é, a laranja de Silves, que, pelas suas características únicas e excecionais, deu ainda mais sabor às propostas gastronómicas, regadas com um bom Vinho de Silves e complementadas com deliciosas sobremesas cítricas . 20
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«NOVO» MERCADO MUNICIPAL DE SILVES QUER DINAMIZAR ECONOMIA LOCAL E SER UM ESPAÇO DE CONVÍVIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oi inaugurada, na manhã do dia 19 de fevereiro, a requalificação do Mercado Municipal de Silves, iniciada em julho de 2020 e representando um investimento de 1 milhão e 425 mil euros, cofinanciados por dinheiros comunitários em 210 mil euros a fundo perdido, a que se juntaram 661 mil e 500 euros provenientes do Banco Europeu de Investimento. A obra contemplou uma intervenção de grande ALGARVE INFORMATIVO #328
envergadura nas instalações existentes, tanto nos espaços interiores como exteriores do edifício, a criação de novos equipamentos, a reorganização e relocalização das bancas de vendas, a introdução de mezzanine na zona poente do edifício para a instalação de dois estabelecimentos de restauração e bebidas, a criação de espaço de esplanada na cobertura do terraço do piso térreo, a renovação da rede viária envolvente e a instalação de um elevador panorâmico. 30
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Tito Coelho, Rosa Palma e José Apolinário
A intervenção veio modernizar o Mercado Municipal de Silves de estilo arquitetónico português suave, também conhecido por «Estilo do Estado Novo» ou «Estilo Nacionalista», sem nunca deixar de ter presente a sua tradição e importância na economia local.
“Sempre foi um dos nossos objetivos desde que tomamos posse no primeiro mandato e sensibilizamos logo a presidente Rosa Palma para a necessidade urgente de requalificação deste espaço. Está aqui uma excelente obra, que vai dinamizar bastante os nossos vendedores e todo o comércio local”, agradeceu o Presidente da Junta de Freguesia de 33
Silves, Tito Coelho, depois do descerrar da placa. Uma necessidade que foi prontamente reconhecida pelo executivo liderado por Rosa Palma quando foi eleito para o seu primeiro mandato, em 2013, sendo que a primeira intensão era começar a empreitada pelo telhado. “Ouvimos as
pessoas que aqui trabalham diariamente e a restauração que existe junto ao mercado, que não possuía esplanadas condignas, porque este espaço era todo ocupado pelo estacionamento e por zonas de cargas e descargas. Quisemos que o equipamento fosse mais funcional, mas que também fosse um elemento ALGARVE INFORMATIVO #328
cativador e atrativo para se fazerem visitas”, referiu, por sua vez, a edil silvense. “O Mercado, para além de ser importante para o desenvolvimento da economia local, é igualmente um espaço de socialização e de convívio, e não podemos quebrar esses encontros entre as pessoas”, reforçou Rosa Palma. Com tudo isto em mente avançou-se então para um projeto final que deixou bastante orgulhosa a equipa comandada por Rosa Palma, mas a autarca deseja que esse sentimento seja partilhado por toda a população “e que as pessoas ALGARVE INFORMATIVO #328
sejam verdadeiras protetoras do nosso património”. A edil recordou ainda algumas iniciativas dinamizadas pela Junta de Freguesia de Silves no Mercado Municipal, como o «Mercado Fora de Horas», que demonstraram que podiam existir mais respostas diferenciadoras dentro do equipamento para além da tradicional venda de bens.
“Queremos um Mercado mais dinâmico e que sejamos todos motores do desenvolvimento económico e social da cidade de Silves e de todo o concelho de Silves, que sejamos todos construtores de soluções”, apelou Rosa Palma. 34
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Presente na inauguração esteve também José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, entidade que é responsável pela área do ambiente e ordenamento do território, assim como da gestão dos fundos europeus atribuídos à região. “Há uma conceção
europeia sobre a necessidade de garantir maior sustentabilidade do prado ao prato, o que significa defender alimentos saudáveis, diminuir a pegada carbónica, apresentar produtos saudáveis, e tudo isso é feito com este projeto, por este renovado Mercado
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Municipal, que é um ícone da cidade de Silves e de toda a redondeza”, declarou José Apolinário, acrescentando que a CCDR Algarve estará ao lado da Câmara Municipal de Silves na luta pela requalificação do Rio Arade e que estará muito atenta e ativa para que, até ao final de 2023, se concretize a eletrificação da linha de comboio entre Tunes e Lagos, “para
além de se retomar o projeto há 20 anos abandonado da instalação de uma concordância que permitirá fazer uma ligação do comboio intercidades até ao barlavento” .
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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Suécia conquistou, no dia 23 de fevereiro, e pela quinta vez, a Algarve Cup, ao vencer no desempate por grandes penalidades a Itália, após um empate a um golo registado no tempo regulamentar. A seleção transalpina foi a primeira a marcar no Estádio Municipal de Lagos, por Valentina Giacinti, aos 18 minutos da primeira parte, mas as nórdicas vieram do intervalo com uma energia acrescida, remeteram as adversárias ao setor defensivo e chegaram mesmo à igualdade por Caroline Seger, aos 72 minutos, na conversão de um penalti. A Itália ainda tentou responder, mas foi a Suécia a demonstrar maior vontade para desfazer o empate, o que não veio a acontecer. No desempate por grandes penalidades, a Suécia triunfou por 6-5 e levou para casa o quinto troféu do palmarés na Algarve Cup, igualando desta forma a Noruega como segunda seleção com mais conquistas na prova, a cinco dos Estados Unidos .
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«CENAS DE TEATRO» APRESENTOU «ANTÍGONA» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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epois da estreia de «Morro como país», em dezembro, na Associação 289, o «Cenas de Teatro» apresentou, de 18 a 20 de fevereiro, na antiga fábrica da cerveja de Faro, a tragédia de «Antígona», com dramaturgia e encenação de Neusa Dias, a partir do texto clássico «Antígona» de Sófocles e das «Antígonas» modernas de Bertolt Brecht, Jean Anouilh e António Pedro. Em três sessões de lotação esgotada assistiu-se ao derradeiro momento de vida de Antígona, antes de ser emparedada viva numa caverna, por ter desobedecido às ordens do rei (Creonte). Para ela é inconcebível negar
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cerimónias fúnebres a um dos seus irmãos, Polinices, considerado traidor e inimigo da cidade, enquanto a seu outro irmão, Etéocles, tido como propício à cidade, é concedida sepultura honrosa, depois dos dois irmãos perecerem às mãos um do outro. Por transgredir o édito de Creonte, Antígona morrerá. Não entraram neste espetáculo todas as personagens da tragédia que Sófocles criou, nem o Coro foi formado por homens velhos. De facto, nesta adaptação foram apenas cinco as personagens a contar a história e, ao contrário do que sucedia na Grécia Antiga, todas são interpretadas por mulheres, sem qualquer transfiguração
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de género perante personagens masculinos.
“Esbatem-se, é certo, os conflitos entre homens e mulheres, entre novos e velhos presentes no texto original, mas a tragédia maior de Antígona excede a omissão, continuando, 2 mil e 500 anos depois da sua estreia, a comover-nos e a lembrar-nos que a existência humana e a constância das sociedades se medem perante o que escapa ao controlo por parte do
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Homem: a Morte”, refere Neusa Dias. No elenco participam as professoras e artistas Marta Gorgulho e Neusa Dias e dez estagiárias do Curso Profissional de Intérprete/Ator/Atriz da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro: Alice Velez, Ana Ferreira, Ana Pereira, Catarina Correia, Iara Jesus, Lara Ramos, Lia Férin, Maria Carrajola e Maria Sousa. A sessão de domingo à tarde, a derradeira, foi o culminar “de uma experiência incrível”, assim descreveu a porta-voz das jovens alunas, que presentearam as docentes com ramos de flores e muitos sorrisos de satisfação de dever cumprido. Depois, foi o choro coletivo, com Neusa Dias e Marta Gorgulho a não esconderem as emoções por mais uma missão bem-sucedida. Ficamos agora à espera da terceira apresentação… . ALGARVE INFORMATIVO #328
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“NOS EXTREMOS ACABAS POR TE CONHECER A TI PRÓPRIO”, AFIRMA DANIEL MATOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Eduardo Pinto
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bailarino e coreógrafo lacobrigense Daniel Matos apresenta, no dia 5 de março, no LAC – Laboratório de Atividades Criativas, em Lagos, a performance «Quase Desabitada», concebida no âmbito do «Fora da Cesta – Viagem performativa pelo Algarve», um projeto cultural e artístico apoiado pelo programa «Garantir Cultura» que visa divulgar a região do Algarve e os seus artistas e criativos. A par disso, o projeto procura ter em complemento uma mensagem de atualidade sobre as alterações climáticas e a urgência em desenvolver alertas de consciencialização e de motivação para medidas de ação, tão necessárias à qualidade de vida ambiental de todos os seres vivos. «Quase Desabitada» é uma criação de Daniel Matos interpretada por Hugo Cabral Mendes e Rafael Pinto, com música original de Sara Pissarro, e gravada na Ria Formosa, mais concretamente em salinas tradicionais localizadas na zona de Belamandil, em Olhão, com especial destaque para as Salinas do Grelha, onde se faz a exploração tradicional e quase artesanal do Sal e da Flor de Sal. E, de facto, o jovem algarvio de 26 anos não tem tido mãos a medir, depois de, em 2021, ter andado em digressão com os espetáculos «Limoeiro 55» e «Väras». Curiosamente, foi no desporto que Daniel Matos começou por dar nas vistas ainda em miúdo.
“Sempre fui bastante ativo e fiz competição de ginástica de trampolins e de natação, a par do ALGARVE INFORMATIVO #328
teatro, não parava muito tempo em casa”, recorda. A oportunidade para dançar surgiu por volta dos 14 anos, tendo ingressado na Escola de Dança de Lagos, ao mesmo tempo que optava pela área das artes plásticas, na Escola Secundária Júlio Dantas. Terminado o 12.º ano, a dança foi relegada um pouco para segundo plano, a ideia era inscrever-se na 76
Faculdade de Belas Artes, em pintura ou design de moda ou têxtil. “Disseram-
me, entretanto, que tinham aberto audições na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e acabei por entrar, e bastante bem colocado. Fiquei surpreendido porque o Algarve é uma região esquecida em termos culturais, aliás, só lá estava eu e a Adriana aqui de baixo. Mas 77
também não me identificava completamente com aquilo que me era proposto aprender, a escola era muito «quadrada», virada mais para a componente técnica e para um lugar «estacionado» da dança”, conta, pensativo. Enquanto estava a decidir se desistia ALGARVE INFORMATIVO #328
Filmagens de «Quase Desabitada», a criação de Daniel Matos para o «Fora da Cesta» ALGARVE INFORMATIVO #328
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ou não do curso, foi frequentar um workshop que, afinal de contas, era uma audição para uma escola de dança de Bruxelas, e volta a ser escolhido, sendo que a derradeira fase aconteceria, durante uma semana, na capital da Bélgica. “Foi
uma experiência incrível que me demonstrou que podia continuar com o meu mindset sem ter que desistir do curso. Eu andava mais à procura de algo híbrido do que da dança propriamente dita e a Escola Superior de Dança deu-me muitas coisas importantes, mas houve outras que tive que procurar fora da instituição, com artistas plásticos, escritores, atores”, explica o entrevistado, que, enquanto estudava, dava aulas num ginásio e tinha um part79
time de fim-de-semana numa loja de roupa para ajudar a pagar as despesas.
“A partir de certa altura comecei a trabalhar com alguns professores da escola que me convidavam para ser assistente ou colaborador artístico deles, mais tarde fui bailarino de alguns”. Finalizado o curso, Daniel Matos participou logo no «Atlas» da CasaBranca de Ana Borralho e João Galante e, mais recentemente, andou três anos numa digressão pela Europa com a encenadora Angélica Liddell. Mas a necessidade de criar já se fazia sentir antes mesmo de rumar a Lisboa. “Ser
adolescente em Lagos não é a coisa mais fácil do mundo quando ALGARVE INFORMATIVO #328
pensas de maneira diferente do normal. Foram anos de conflito emocional comigo próprio e de conflito social por não me identificar com aquilo que me rodeava, e tive a sorte de encontrar pessoas, nas artes plásticas, que foram praticamente uma cama de sustento. Conheci a Joana FlorDuarte quando ela estava a estagiar no Teatro Experimental de Lagos e, como tinha vontade de criar coisas minhas, começamos a trabalhar juntos nessa altura”, indica o lacobrigense, acrescentando que, mais tarde, apareceu a CAMA a.c., uma estrutura com identidade própria para produzir os seus espetáculos. Mais do que vontade de criar, Daniel Matos sentia necessidade de criar, de ALGARVE INFORMATIVO #328
comunicar, de libertar sentimentos, algo que não conseguia verdadeiramente quando estava a interpretar as criações de outros coreógrafos. O que não significa que não tire igual prazer dessas experiências, esclarece prontamente,
“ter contato com outras linguagens e formas de pensar dá-nos uma bagagem enorme”. “Trabalhei com pessoas muito diferentes umas das outras, umas das artes performativas, outras da dança, outras da música, e tudo isso está presente naquilo que faço. Acima de tudo, identifico-me com uma verdade ligada a um lugar emocional e a um lugar de extremos físicos, mas a realidade é que ainda não sei nada. Não vou para um projeto, seja a criar ou a interpretar, a 80
pensar que já sei tudo o que há para saber. E, como criador, não sou capaz de dançar as minhas peças”, revela, dizendo mesmo que precisa que os outros bailarinos sejam cocriadores das obras. “Há um egoísmo na maneira
como direciono os bailarinos, mas é um egoísmo positivo. Eu trabalho muito sobre as minhas experiências individuais, um lugar bastante emocional e biográfico, exponenciado, no limite físico, e levo para o estúdio essa minha maneira de lidar com o mundo … mas sem certezas. Quero que as pessoas que trabalham comigo tragam os seus universos, depois mastigo o material e direciono dentro de uma estética que vai de encontro às necessidades da peça, mas os intérpretes são a base de tudo”, assume.
NÃO PODEMOS FICAMOS ACOMODADOS AO QUE FAZEMOS Quem assistiu a «Väras» ou «Limoeiro 55» sabe que as obras de Daniel Matos não são propriamente convencionais, são aquilo que se chama «fora da caixa», mas o entrevistado entende que, antes de mais, tem que haver criações de todos os estilos para que o público possa escolher aquilo a que quer assistir. Depois, não pensa que as suas obras sejam fora disto ou daquilo, que sejam assim tão diferentes. “Se procuras
um lugar de verdade e de identificação, uma forma de responder artisticamente a um 81
alerta que sentes, não deves estar preocupado com rótulos. Compreendo que seja importante para os espaços culturais catalogar os produtos que oferecem, para que as pessoas saibam aquilo a que vão assistir, mas estamos numa época em que é importante que as coisas se cruzem. As possibilidades do corpo são tantas que não faz sentido limitarmo-nos a uma coisa que já existe”, defende. “Em cada um de nós há coisas por dizer, mas não encontro facilmente esse pesquisar do corpo, experimentar a interação do corpo com outros materiais, do corpo ir contra o corpo, de ires contra ti próprio. Perceber o motivo daquele corpo se movimentar daquela maneira naquele espaço, e não se trata apenas de dançar, mas de ser aleatório, mas com precisão. A minha vontade principal é voltar ao corpo, apesar de vivermos num mundo super tecnológico e numa ideia de sociedade muito unilateral e individualizada, onde a comunicação começa a ser escassa, verbal e fisicamente. Mas isso, para mim, são potências e não repulsas”. Para Daniel Matos, é nos extremos que nos descobrimos a nós próprios, seja num extremo de pensamento ou de ALGARVE INFORMATIVO #328
tempo, de intensidade ou de espera.
“Encontramos alguém que não conhecemos e que está dentro de nós e compreendo que essa pesquisa que faço possa parecer estranha para algumas pessoas, que seja mais ou menos «fora da caixa». Mas ninguém me diz que, daqui a dois anos, não crio um «Quebra-Nozes», o meu e não aquele que já existe”, declara, com um sorriso. Resta saber, então, se depois é fácil encontrar bailarinos para dar corpo às criações deste coreógrafo de Lagos.
“Tudo depende daquilo que as peças estão à procura, daquilo que desejam, das constelações de ideias que estão dentro de cada uma. No entanto, para mim não é só difícil escolher os intérpretes, mas sim a
equipa inteira, porque estamos todos a produzir uma obra em conjunto. Isto não é nenhuma encomenda, é sempre um trabalho de cooperação, colaboração e aprendizagem mútua. Claro que existe uma linha que eu vou traçando, mas as pessoas têm toda a possibilidade de a desviar do caminho e eu depois continuo a traçá-la. Há intérpretes com quem tenho colaborado há alguns anos, como a Lia, o Hugo, a Mélanie ou a Adriana, e que fazem todo o sentido estarem presentes nas minhas obras, porque são momentos em que os nossos universos se encontram”, responde.
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Alguns intérpretes são repetentes, contudo, não se repetem no trabalho, distingue Daniel Matos, “porque os
contextos são diferentes e porque eles também andam à procura deles próprios, não ficam estacionados num lado qualquer”. “Não podemos ficar acomodados ao que fazemos e nunca há respostas préestabelecidas, as coisas nunca são suficientes para mim”, admite o entrevistado, concordando que este processo é mais aliciante quando se trata de bailarinos desconhecidos ou com quem nunca trabalhou. “Para o «Väras»
fizemos pela primeira vez audições, foram dezenas de candidatos, pessoas incríveis que ampliaram o nosso leque de intérpretes. Quando não nos conhecemos uns aos outros podemos ir fundo em busca dos limites, mas tem que existir sempre um enorme respeito mútuo, porque o meu trabalho envolve muito um lugar de intimidade e esforço, do corpo emocional e físico”. Depois de reunida a equipa certa, faz-se o trabalho, mas o objetivo principal é apresentá-lo ao público, daí perguntarmos se é fácil «vender» os espetáculos do Daniel Matos. “Circular as obras pelo
país é uma dificuldade sentida por toda a gente devido à forma como está construída a rede. Há muita oferta para poucos espaços e nem todos têm a programação ativa que deveriam ter”, observa, se bem que o 83
lacobrigense até nem tenha grandes razões de queixa, admite. “Entre as
minhas coisas e as coisas dos outros, tenho estado sempre ativo no panorama artístico e tenho assistido a uma maior circulação das minhas obras. Também sou um criador bastante novo e quero ter tempo para errar, porque isso ajuda-nos a crescer. Ter três criações no espaço de um ano foi uma exceção, sinto-me desonesto comigo próprio. Quero criar quando sinto essa necessidade, a arte para mim não é um objeto comercial”, desabafa. “Claro que quero continuar a fazer coisas sobre a minha contemporaneidade comigo próprio, sobre a minha atualidade, sobre aquilo que penso e sinto, mas isso não retira sentido ao que já fiz no passado. Quando fazes um trabalho honesto, há sempre um espaço qualquer para te reencontrares contigo lá dentro e para te reconstruires. Sei que as minhas peças vêm de um sítio, de um momento temporal, mas podem ser aplicadas noutro sítio. O que depois vai acontecer é que não sei, deve ser um desafio incrível”, conclui, com um sorriso .
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TEMPO VIBROU COM O IRREVERENTE MANEL CRUZ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vera Lisa
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om mais de 20 anos de carreira divididos entre os Ornatos Violeta, Pluto, Foge Foge Bandido e Supernada, poucas serão as figuras na música portuguesa que terão tido o culto e o magnetismo de Manel Cruz. Um facto que se comprovou, na noite de 19 de fevereiro, no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, com a apresentação de «Vida Nova» – disco que foi eleito um dos melhores álbuns de 2019 pela crítica ALGARVE INFORMATIVO #328
musical portuguesa – num concerto recheado de outros sucessos do artista. Com letra, música e imagem de Manel Cruz e composto maioritariamente no ukelele, «Vida Nova» é acompanhado por um livro cujo conteúdo é complemento da obra artística. Consequência da vontade de voltar ao estúdio e aos palcos, foi um regresso, após sete anos sem gravar, às origens que agradou a Manel Cruz e que resultou em 12 canções, entre as quais «Ainda Não Acabei», «Beija-Flor», «Cães e Ossos» e «O Navio Dela» . 88
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CATARINA MIRANDA TROUXE «CABRAQIMERA» AO CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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Cineteatro Louletano, em Loulé, foi palco, no dia 18 de fevereiro, de «Cabraqimera», uma peça de dança para um quarteto em patins “que aborda uma
contemporaneidade simultaneamente física e tecnológica, onde um sistema de organização espacial, baseado em desportos de velocidade, estabelece um conjunto de códigos de ocupação, interceções e encontros”, descreve Catarina Miranda. “A dimensão plástica e hipnótica do ALGARVE INFORMATIVO #328
gesto é evidenciada por um sistema lumínico que revela espaços negativos e positivos, projetando o corpo para uma alteridade extrema e abrindo o terreno para a ficção”, acrescenta. «Cabraqimera» teve cocriação coreográfica e performance de Duarte Valadares, Francisca Pinto, Lewis Seivwright e Madalena Pereira, com desenho de luz a cargo de Letícia Skrycky, composição sonora da responsabilidade de Lechuga Zafiro, o sound design foi de José Arantes e os figurinos foram concebidos por Simão Bolivar. Teve suporte dramatúrgico de 98
Cristina Planas Leitão (TMP) e Jonathan Saldanha, a produção e difusão foram de Sofia Matos/Materiais Diversos e Vanda Cerejo foi a Produtora Executiva. A peça é uma coprodução da Materiais Diversos, SOOPA, TMP, Walk&Talk, CND Centre Nacional de la Danse, ICI-CCN Montpellier Occitanie (como parte da Rede Life Long Burning projeto apoiado pela Comissão
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Europeia Montpellier. O projeto foi financiado pela DGARTES/Governo de Portugal e pela Rede 5 Sentidos (Centro Cultural Vila Flor, TAGV, Teatro Municipal da Guarda, Cineteatro Louletano, Teatro Micaelense, Teatro Municipal do Porto, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Nacional São João e Teatro Viriato .
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Já me cansa! Paulo Cunha (Professor) ivi a minha infância num tempo em que os únicos meios de distração ao dispor em casa, para além dos brinquedos e jogos sociais, eram os dois canais (a preto e branco) da «televisão» e os livros. Por isso, não era muito atrativo ficar doente e assim isolado e afastado dos meus colegas e amigos. Mas, apesar de tudo, recordo com saudade e alguma nostalgia o prazer que tinha quando os meus pais, como forma de minorar a solidão e o afastamento social, apareciam em casa com mais um livro da coleção «Os Cinco» ou «Os Sete». Bendita Enid Blyton, que através das suas aventuras me fazia querer ficar doente, só para as devorar num ápice. Decorrido meio século após as costumeiras doenças infantojuvenis, constato que tive a ventura de terem sido raras as vezes que fiquei impedido de regressar à Escola por motivo de doença contagiosa. Tendo abraçado e prosseguido a profissão de professor, sempre tudo fiz para não incumprir o dever de, presencialmente, ensinar. Os milhares de alunos e familiares que me conheceram disso são testemunha! Apesar de ter conseguido fintar a Covid19 na primeira vez que entrou cá em casa, ALGARVE INFORMATIVO #328
à segunda foi de vez! Seria de esperar que ficasse duplamente preocupado: pela doença e pela consequente falta às aulas. Mas qual foi o meu espanto ao constatar que, tal como aconteceu quando estive na escola primária, fiquei feliz por não ter de ir à Escola. A semana de isolamento passou e apercebi-me que, tal como nas relações de longa duração, este afastamento acusou o desgaste desta ligação de quarenta anos. Apercebi-me assim que algo está mal! Provavelmente o problema residirá em mim, pois nada indicia que a Escola se preocupe com este notório mal-estar. Bastaram assim apenas cinco dias em casa para experienciar, ao regressar, o que muitos dos meus colegas sentem ao atravessar os portões da Escola. Com quase mais cinquenta anos do que eles, é natural que aos nomes com que os alunos me batizam e presenteiam, acrescentem também a qualificação de «velho». Envelhecido na profissão, sei que tenho de continuar a lutar pelos mais novos! Mas, a mim e a muitos como eu, já nos cansa o conflito permanente e infrutífero contra um inesgotável e crescente turbilhão de tarefas e de funções burocráticas; já nos cansa a constante sensação de frustração por não fazermos e darmos o nosso melhor; já nos cansa termos de trazer a Escola para casa, com todas as consequências que daí advêm; já nos cansa termos de ensinar 110
conteúdos programáticos desajustados, usando metodologias desadequadas; já nos cansa sermos o alvo constante de quem vê nos professores a principal fonte do insucesso dos alunos deste país. É verdade, o vírus da desilusão e do cansaço já me apanhou também! Por isso, todos os dias, quando me levanto para ir ensinar, depois de tomar a medicação para a hipertensão, preparome psicologicamente para um bom dia. Doutra forma já teria desistido, porque de bom - o que me impele para continuar é ainda ter alunos que querem aprender!. 111
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Quadragésima quinta tabuinha Halos Ana Isabel Soares (Professora universitária) “As histórias contadas pelos marujos têm uma simplicidade direta, cujo sentido global se encontra no interior da casca de uma noz quebrada. Mas Marlow não era típico (tirando a propensão que tinha para desenovelar histórias), e, para ele, o sentido de um episódio não estava dentro, como um caroço, mas do lado de fora, envolvendo a narrativa que o salientava tão somente como um brilho faz salientar uma névoa, à semelhança de um daqueles halos de vapor que por vezes se tornam visíveis só pela espectral iluminação do luar”. (Joseph Conrad, Coração das Trevas) erguntava-me uma aluna, a propósito desta obra, que há mais de uma década trabalho nas aulas, todos os anos pelo menos uma vez, a razão de haver uma narração dupla: o narrador, por assim dizer primário, o que se descreve usando o pronome de primeira pessoa, e que de outro modo não se nomeia, e Marlow, o protagonista das aventuras que compõem o livro e cujas palavras o leitor conhece pela interposta «voz» do eu. Apetece-me quase sempre responder sobre as decisões dos autores (que não sinto que tenham de ser justificadas): “Porque é assim, porque o escritor assim decidiu”. Mas já sei que atrás dessa não-resposta viria, muito pertinente, a pergunta: “Mas decidiu assim porquê?”. Ou seja, não teria como escapar ao esmiuçar de causas, à análise de razões, à pesquisa dos ALGARVE INFORMATIVO #328
fundamentos. É uma aula, afinal, o lugar das interrogações. Jamais escaparia, portanto – jamais quereria escapar. A sorte (que sorte!) é que são os livros, não falha, quem oferece as respostas às perguntas que também suscitam em quem os lê. E a minha sorte (que sorte!) é surgir de vez em quando alguém que verbalize essas insuspeitas e tantas vezes suspeitadas interrogações. Era a primeira aula sobre Heart of Darkness, lia com as alunas, muito lentamente, os parágrafos de abertura, para lhes dar a ver o mais profundo das escolhas de Conrad naquele lançamento da narrativa, e para, partindo deles, lhes falar da estrutura de personagens, vozes e relatos, e apareceu a pergunta: “Porquê duas vozes narradoras?”. Porquê, no fundo, essa deflexão narrativa, que faz com que o leitor não tenha acesso (pelo menos ilusoriamente) direto à voz do personagem central da narrativa? No preciso instante em que a pergunta 112
Foto: Vasco Célio
apareceu, porém, foi respondida pelo próprio texto da novela: eram as palavras de Conrad (ou melhor, mais acertadamente, as palavras do inominado narrador – «eu») sobre as histórias de marujos, contrastadas com a sua descrição do pensamento de Marlow acerca do sentido dessas (ou das suas próprias) histórias que explicavam a necessidade literária dessa duplicidade. Assim como, em noites húmidas, a luz da 113
lua faz sobressair um halo em redor de si mesmo, destacando halo e lua e vapor e luz, nuvens, céu e tudo, assim o narrador de primeira instância (o «eu»), como brilho satélite, espelho do espectro solar, salienta a «névoa» que é Marlow, narrador de segunda instância (mas não de inferior água!) .
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Notas Contemporâneas [33] Adília César (Escritora) Ela [a ideia única] é a companheira espectral da sua vida: surge-lhe de repente de trás das coisas mais singelas, solicitando-lhe a comiseração ou a ira: - e, assim, na ramagem que geme sacudida pela tormenta, ele sente logo as lamentações de uma multidão oprimida, e não pode debruçar-se sobre um berço adormecido, sem que tanta paz lhe recorde as violências que revolvem o Mundo. Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma) GUERRA é sempre uma questão humana global porque habitamos um mundo interdependente. A guerra, a violência, a transgressão. Logo, a guerra está destinada à sua própria condenação moral. Mas será esta ideia «única» assim tão linear? Sim, a guerra é indesejável. Mas e se a guerra contribuir para a paz? Mas. * O PODER é exercido sobre nós e os outros todos os dias das nossas vidas. Entramos em conflito. A violência define-nos enquanto agentes de socialização próxima e global. Exercemos o poder da violência e sofremos os efeitos do poder exercido pelos outros. Somos agentes da violência e também carrascos. * ALGARVE INFORMATIVO #328
AS TONALIDADES das guerras a que nos fomos habituando ao longo dos séculos confundem a nossa percepção. A guerra, não sendo um estado normal da sociedade, tem sido a companheira das civilizações ao longo da nossa história. A guerra e a sua consequente violência organizam a ambiência geopolíticoeconómica que caracteriza as vidas das pessoas. As fronteiras não são só territoriais, são também culturais e éticas. Se a condição humana é bélica, como havemos de lidar com esta contemporaneidade difusa, maléfica, sofrida, comovente? Quem somos e o que andamos aqui a fazer? O que é o Bem e o Mal? * O PACIFISMO é uma ideia sedutora, mas torna-se ridículo face à monstruosidade do Holocausto, por exemplo. Que face podemos oferecer ao agressor? Nenhuma, na minha opinião. Devemos então considerar que há guerras justas, 114
por constituírem a única estratégia disponível dos agredidos e violentados? Lutar pelo Bem é lutar por tudo o que é caracterizado pelo Mal, indo além de dogmas, religiões, ideologias. Mas. * NÃO É POSSÍVEL colocar a tirania de um governante no mesmo plano da tolerância dos que dela sofrem as consequências. Não é possível, à distância de 4.026,5 km, aceitar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Não é ético. Não é possível, pela duração de 42 horas de viagem, implementar um sentimento de indiferença face à lonjura entre os dois países. Lutar pelo Bem, neste caso, é defender o direito e a legitimidade de um país não ser invadido por outro, é um imperativo. Lutar em nome do Bem é entrar em guerra ao lado do povo sofredor. Mas e se a guerra for apenas um jogo de funerais de ambos os lados da cerca política? Quem sai vencedor? Apesar do fogo abrasador das bombas, a guerra é sempre gelada. * A HISTERIA instalou-se. Hoje, há uma cerca política onde os povos de ambos os lados se vão barricando como podem: ideias totalitárias, brinquedos mortais, tiranias, filosofias sem bandeira. E ainda medo. Esses povos de ambos os lados compartilham a mesma biologia. São 115
homens, mulheres, crianças, com instinto de sobrevivência. Fazem parte de uma família. Querem ter um papel activo na sociedade e dão o seu contributo na escola, no trabalho, na arte, no desporto, na cultura. Em suma, vivem as suas vidas. Desejam ser felizes. À solta na minha cabeça, com todos os meus sentidos povoados pelas notícias instantâneas que me chegam sobre a guerra, surge uma pergunta que expressa a minha sensível indignação: será que os russos também amam os seus filhos? .
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Como atrair empreendedores para os territórios do interior Fábio Jesuíno (Empresário) os últimos anos a promoção do empreendedorismo tem crescido em Portugal, tanto dentro do meio escolar como em toda a sociedade, sendo cada vez mais fundamental para o crescimento económico. Existem já vários exemplos de sucesso, como as startups portuguesas Farfetch, a Outsystems, a Talkdesk e a Feedzai. Estes exemplos são prova que o nosso país tem um grande potencial para o desenvolvimento de startups. O problema é que a maioria do investimento da promoção do empreendedorismo em Portugal está centrado das grandes cidades e no litoral, onde se multiplicam as incubadoras de empresas, muitas delas de iniciativa pública, ficando para trás as regiões do interior. O foco das iniciativas públicas de promoção do empreendedorismo devia ser as regiões do interior, de forma a combater a desertificação de uma forma eficaz, criando postos de trabalho. Nesse sentido, podem ser criadas condições para que seja possível atrair empreendedores para os territórios do ALGARVE INFORMATIVO #328
interior e existem várias formas para o fazer. 1 – Melhorar a cobertura de Internet Boas condições de internet são um factor fundamental para muitos empreendedores, principalmente na área tecnológica. É claramente uma lacuna que inviabiliza a fixação de empreendedores no interior. Este problema pode ser resolvido com a melhoria da cobertura móvel através de incentivos para instalação de antenas. Outra das soluções é a utilização de sistemas de internet por satélite, podendo haver um apoio financeiro na contratação deste tipo de serviços de forma a ser mais viável a sua utilização. 2 – Melhorar as acessibilidades Portugal é o país da Europa com mais auto-estradas per capita, principalmente localizadas no litoral, e continuamos a construir mais, deixando o interior na maioria das vezes fora desses investimentos. A criação de novas estradas no interior é fundamental e urgente, outros países europeus já o fazem com resultados muito positivos.
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3 – Mais incubadoras de startups Devem ser criadas incubadoras de startups no interior com capacidade financeira, recursos humanos e espaços físicos para atrair empreendedores e desenvolver novos projectos. As incubadoras de startups são uma importante ajuda para a criação de novas 117
ideias de negócio viáveis e criadoras de postos de trabalho. Uma maior coesão territorial é um fator determinante para o desenvolvimento sustentável, não basta investir em energias renováveis e promover o ambiente, quando o interior continua completamente abandonado e esquecido. ALGARVE INFORMATIVO #328
A bipolaridade legislativa portuguesa Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) bipolaridade legislativa portuguesa não é um fenómeno novo, mas tem-se vindo a agravar a cada legislatura. Como em muitas outras áreas, também em termos legislativos o país perdeu a noção da abrangência total, focando-se em aspetos particulares, muitas vezes pela deficiente transposição de legislação comunitária, feita sem atender à globalidade do Direito português, impondo normas que colidem com outras em vigor, sem que estas sejam revogadas; outras vezes, ainda pior, por legislar ao sabor das correntes de opinião, focadas em casos concretos, sem terem a noção de que uma norma deve ser sempre geral e abstrata. Vem isto a propósito da nulidade dos votos dos emigrantes, por não virem acompanhados por uma fotocópia do documento de identificação. Uma das leis mais aberrantes do sistema jurídico português é a Lei Nº 7/2007, relativa ao Cartão de Cidadão, que proíbe a digitalização e fotocópia do cartão do cidadão. No entanto, como todos os portugueses certamente já perceberam, é praticamente impossível celebrar algum contrato, fazer uma exposição junto de ALGARVE INFORMATIVO #328
um serviço público, abrir uma conta bancária, autorizar um terceiro a levantar uma carta nos correios, ou matricular um filho na escola sem entregar uma cópia do cartão de cidadão. Esta situação é tão recorrente e habitual, que ninguém se lembra que essa reprodução é proibida e punida com uma coima de 250 a 750 Euros. O que poucos sabiam era que, o país que proíbe a reprodução por fotocópia ou telecópia de cartão de cidadão é o mesmo que obriga os emigrantes a juntarem cópia desse mesmo documento ao seu voto e é o mesmo que, por essa falta, considerou nulos 157 mil e 205 votos de emigrantes europeus. Talvez por esta situação, por si só, não ser suficientemente caricata, ainda assistimos ao espetáculo deplorável de dirigentes políticos, com especiais responsabilidades ao nível legislativo e de garante da legalidade e da Constituição, desvalorizarem um incidente desta dimensão. Salvou-nos a honra nacional o Tribunal Constitucional, que fez a única coisa possível: a repetição das eleições. Ainda assim, com esta bipolaridade que caracteriza o sistema político e legislativo português, de que o voto venha acompanhado pela fotocópia proibida do cartão de cidadão, sob pena de nulidade. 118
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Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) omeço de dia tenebroso! Confesso que não consigo escrever algo coerente e não estou particularmente motivado para publicar algo divertido. Se já sou normalmente aborrecido, hoje serei ainda mais, mas não posso fugir da temática atual. Eu sei que não adiantará nada para resolver a situação, mas ficarei melhor comigo próprio.
Ainda convalescente de uma pandemia que nos arrasou e muitos anos depois, eis que regressa a guerra na velha Europa. O louco líder russo é como o PCP no nosso país. Trinta anos depois, recusam aceitar o desfecho da guerra fria, o colapso do comunismo e a derrota da Rússia. No meio de toda esta tristeza e bebendo (a par do habitual café) a informação que vai inundando as redes sociais e imprensa internacional, vem-me à memória a minha querida avó Carolina. A minha avó não ligava grande coisa aos noticiários internacionais. O Mundo era, para ela, uma coisa turbulenta, confusa e distante e o facto de não saber ler nem escrever acentuava o sentimento de distância e de alheamento e o Mundo já estava cheio de perigos que não controlamos e com os quais soubemos ALGARVE INFORMATIVO #328
conviver. Já existiam loucos que se explodiam na rua, atrasados mentais com armas, acidentes e catástrofes naturais. Mas as notícias importantes, eram as que se passavam em Portugal e ainda mais no Algarve ou Portimão. Quando via imagens de um desastre, violência, ou de um evento trágico, perguntava de imediato: “é cá ou é lá fora?”. Quando percebia pela resposta que “era lá fora” fazia ar de alívio e saía-lhe quase sempre um “ah é no estrangeiro? ainda bem que é lá fora”. Não era uma questão de «se», para mim sempre foi uma questão de «quando», mas confesso que sempre tive esperança que Putin não chegasse a este ponto ou que a diplomacia mais uma vez vencesse, com óbvias cedências de ambos os lados. Enganamo-nos! E os sinais estavam todos à nossa frente. Os 14 mil mortos depois da anexação da Crimeia pela Rússia, o derrube do avião com 298 passageiros, o atentado químico em solo europeu, a tentativa de assassinato do líder da oposição, a ocupação de territórios soberanos por forças paramilitares. Foram oito anos de sinais menosprezados por todos, mas as notícias e reportagens que nos entram pela casa a dentro, vindas do Leste mostram bombardeamentos e imagens que pensávamos jamais ver repetidas na Europa, fazem-nos temer o pior nos próximos tempos. Sentimos estes extremismos e atitudes 120
imperialistas como murros no estômago, que nos embacia a vista. Mas é lá fora. Mas mesmo assim, vem-me à memória (não só a minha avó) mas os penosos e tristes anos 30 do século passado. Hitler fez um acordo com o Japão, passando a controlar a anexada Áustria, integrou parte da extinta Checoslováquia, dividiu a Polónia com a União Soviética e, 121
finalmente, causou uma guerra europeia que rapidamente se tornou mundial, pois o Japão também queria criar uma zona de influência. Se juntarmos a isto um recente acordo com a China, o controle da Geórgia e Bielorrússia, a integração da Crimeia e agora esta entrada na Ucrânia, e a isso trouxermos à conversa Taiwan, tudo parece tristemente a repetição da História, cerca de 80 anos mais tarde. ALGARVE INFORMATIVO #328
Estar aqui a prever o que ninguém quer, uma guerra europeia alargada, seguida de uma guerra mundial, já não parecerá loucura como há 10 ou 20 anos. Perante esta realidade, fico de alma apertada. Não esperava que houvesse intervenção militar da NATO em defesa da Ucrânia, por tudo o que já foi dito e demonstrado. Mas tinha a esperança que as sanções fossem mais efetivas e dolorosas para a Rússia. Face a uma loucura real, sanções a fingir! Sancionar fortemente a Rússia… menos no petróleo e gás porque precisamos (valem apenas 300 milhões de dólares para os Russos), no alumínio também não porque também precisamos, nos bens de luxo também não porque a Itália não quer e deixamos a questão dos SWIFT de lado porque os alemães acham que dá imenso trabalho. Estas são as «sanções estratégicas» contra a Rússia, Putin e os seus amigos, que só vão atingir mais uma vez o povo. O povo russo, que já demonstrou nas diversas manifestações de coragem que estão contra Putin. Mas sobre as vidas dos ucranianos, nada ou muito pouco. Como se no final de cada discurso de alguns líderes mundiais, aquelas promessas de orações para que Deus, fossem suficientes ou tenham o condão de resolver o que os homens não conseguem e não querem. Estamos a falar de sofrimento e angústia de pessoas com nome e rosto e que vivem na sua localidade, que têm vizinhança, amigos e família. Mas é lá fora. Mas a triste realidade é esta. «Nós» partilhamos nas redes sociais coisas simpáticas e fofinhas, mas «não queremos saber» o que sofrem as pessoas lá fora. Queremos é que não ALGARVE INFORMATIVO #328
tragam sofrimento para cá. Que se deixem lá estar, que nós somos um país pacífico e não precisamos de importar isto. O sofrimento cá, tem sempre nome próprio, rosto, família, passado, afetos e dimensão humana. Lá, são números e efeitos colaterais de um jogo estratégico. Estamos habituados a sofrer imenso à distância com tragédias que acontecem, lá fora. Que nos esmagam nessa condição, ao longe. E também sabemos que por cá a vida vai seguir. Com os habituais stresses no trabalho, as preocupações no trabalho, com os filhos e correndo bem, férias para marcar, mas diariamente entretidos mudando de canal para ver os Big Brothers, Telenovelas ou Futebol. Com o tempo a vida seguirá…preocupados, mas cada vez mais distantes e indiferentes às vidas dos filhos dos outros que se vão esmagando, lá fora. Imagino a angústia de quem não sabe o que pode fazer para proteger os seus, mas que sabe que a morte anda perto. Mas ainda bem, que é lá fora. Que dias tristes, que tempos estranhos e sombrios estes. Somos tão frágeis e há momentos onde isso se sente tanto, como hoje. Tudo isto, num planeta frágil. Onde todos vivemos e sobrevivemos independentemente da raça, da nacionalidade e da sua posição social. Por isso minha querida avó (com muitas saudades tuas) o que está a acontecer neste preciso momento, infelizmente não é lá fora .
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1% João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) ste poderia ser um valor estatístico de uma qualquer realidade positiva em Portugal. Imaginem uma taxa de desemprego desta ordem! Ou uma taxa de risco de pobreza. Infelizmente não é. Este é o valor da água reutilizada em Portugal a partir dos efluentes tratados nas nossas ETAR’s! Sim, leu bem. Actualmente, em cada 1.000 litros de água tratada, apenas 10 litros são reutilizados em regas ou outros usos (e na maioria dos casos, nas próprias estações de tratamento!). Significa que os restantes 990 litros são despejados no mar. Não é por falta de conhecimento nem de tecnologia que essa reutilização não se faz. Aliás, há diversos países no Mediterrâneo que o fazem há décadas. Veja-se o caso de Chipre ou Malta, que reutilizam 90 e 60%, respectivamente, ou da Grécia, Itália e Espanha que o fazem entre 5 e 12% aos seus efluentes tratados. Também não é por não se falar disto em Portugal. Há mais de 25 anos que o tema é recorrentemente alvo de discussão. No início dos anos 90, quando comecei os meus estudos em engenharia do ambiente na Universidade do Algarve, já havia estudos, casos-piloto e vários professores que trabalhavam nesta área e ALGARVE INFORMATIVO #328
que comprovavam essa aplicabilidade. Não. Não foi por falta de divulgação, sensibilização e apelos. Foi mesmo por desinteresse e inoperância política. Simplesmente isso. Enquanto várias fontes oficiais e científicas foram alertando ao longos dos anos para os problemas em torno da disponibilidade de água no Algarve e da necessidade em adoptar mecanismos como o da reutilização de águas residuais tratadas – como está bem ilustrado no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas (PIAAC, 2019) – os nossos decisores governamentais ignoraram os alertas e conselhos e pouco ou nada fizeram. Pelo contrário. Autorizaram mais captações de água subterrânea, mais áreas de agricultura intensiva, mais construção dispersa, mais resorts e mais consumo de água potável na região, sem um mínimo sentido de planeamento ou de responsabilidade. E eis chegados à (já antecipada) situação de hoje: 90% do território nacional em seca extrema – e tudo parece indicar que irá piorar nas próximas semanas e meses; algumas barragens quase secas ou com níveis «mortos» de água inutilizável; a existência (ainda) de enormes perdas de água nos sistemas de condutas e transporte na agricultura e nas redes municipais; aquíferos da região com níveis de contaminação antrópica 124
elevados e sem recarga natural; novos mega empreendimentos turísticos, com campos de golfe, em construção ou em vias de; ou ainda uma proposta nacional para instalação de mais 120 mil hectares de novo regadio, incluindo no Algarve (consultar o estudo Regadio 20-30). A solução? Dessalinizar? Esta é a última das medidas indicadas pelo PIAAC nas suas propostas e conclusões. A medida de fim de linha. Antes, estão todas as outras que já aqui foram referidas (reduzir perdas nos sistemas de abastecimento e na agricultura, reutilização, etc.). Nada foi feito e agora vamos gastar 45 milhões de euros num sistema que não responderá à total das 125
necessidades da região e com custos ambientais e económicos cujas consequências ainda desconhecemos. Se nestes anos decorridos tivéssemos dedicado 1% dos fundos comunitários, orçamentos municipais e apoios do governo central nas medidas certas, estaríamos hoje numa situação bastante diferente e certamente mais confortável. Mas como águas passadas não movem moinhos, teremos, como sempre, de correr contra o prejuízo e manter viva a esperança de que em breve a chuva nos brinde com esse elixir da vida chamado Água! .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #328
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