REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #399

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ALGARVE INFORMATIVO 12 de agosto, 2023

1 ALGARVE INFORMATIVO #399 FESTIVAL DA SARDINHA E FESTIVAL CHAMINÉ D’OURO EM PORTIMÃO | RUI VAZ E OSMOSE EM TAVIRA INFRALOBO RECOLHE BIORRESÍDUOS | FRANCISCO D’OLIVEIRA MARTINS EXPÕE EM BOLIQUEIME


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ÍNDICE Pescadores dos Olhos d’Água ganham casas de apoio (pág. 20) Infralobo implementa sistema de recolha de biorresíduos rumo a um futuro smart (pág. 28) Apresentação da Feira da Dieta Mediterrânica em Tavira (pág. 36) 27.º Festival da Sardinha de Portimão (pág. 44) Festas de Verão e das Comunidades de Almancil (pág. 56) Osmose em Tavira (pág. 72) 37.º Festival Internacional da Canção Infantil e Juvenil Chaminé d’Ouro em Portimão (pág. 82) Rui Vaz em Tavira (pág. 96) Francisco d’Oliveira Martins expõe em Boliqueime (pág. 106)

OPINIÃO Ana Isabel Soares (pág. 118) Adília César (pág. 120) Fábio Jesuíno (pág. 124) Júlio Ferreira (pág. 126) Nuno Campos Inácio (pág. 130) Dora Gago (pág. 132) ALGARVE INFORMATIVO #399

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Pescadores de Olhos de Água ganham casas de apoio Texto: Daniel Pina| Fotografia: Rui Gregório/Município de Albufeira Município de Albufeira e a Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água inauguraram, no dia 7 de agosto, as novas casas de apoio à atividade dos pescadores de Olhos de Água. São 13 casinhas azuis e brancas de telhado verde voltadas para a praia, que embelezam o espaço e conferem valor acrescentado àquele espaço paradigmático dos setores da pesca e do turismo. As obras, que substituem os 16 velhos e degradados apoios de pesca, ALGARVE INFORMATIVO #399

significaram um investimento global de cerca de 200 mil euros repartido entre as duas autarquias. A par destes apoios aos pescadores e às suas atividades económicas, o «cantinho» privilegiado de Olhos de Água, como lhe chamou a presidente da Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água, Indaleta Cabrita, beneficia também de um miradouro e de uma nova casa do Guincho. Estas casas possuem um avançado e o ponto relevante é que, nas suas traseiras, foi feito um muro de suporte às falésias e uma estrutura apropriada para os escoamentos das 20


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águas pluviais. Indaleta Cabrita não escondeu a satisfação por ver aquele largo tão paradigmático da Freguesia agora renovado e apelou aos pescadores para que as usem exclusivamente “para as suas atividades de faina” e que as estimem.

Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, considerou que a intervenção “dignifica

o espaço que é um cantinho cheio de significado para os moradores daqui, para os pescadores e para os turistas”. Falando para cerca de uma centena de convidados presentes, o

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casas o fundo das suas selfies, e vão subir as escadas do miradouro para perpetuar a beleza deste espaço”. O edil frisou ainda que “Albufeira tem 99 por cento de coisas boas e o 1 por cento de defeitos que estão a ser minimizados”. José Carlos Rolo enalteceu o trabalho dos técnicos e do Vereador responsável pela área do mar, Cristiano Cabrita, salientando a grande importância das obras ali feitas, especialmente ao nível das infraestruturas. Posteriormente, Cristiano Cabrita referiu que se tratou de um projeto que foi sendo desenvolvido ao longo de cerca de três anos e que neste momento estão atribuídas cinco casas. As restantes serão a breve prazo, sendo que Cristiano Cabrita quer ver “o cunho cultural do

espaço também presente neste local, além da preservação da identidade piscatória de Olhos de Água”. movimento de veraneantes foi-se avolumando com o decorrer da manhã, passando à frente das novas casas, para contentamento do autarca, que depressa referiu: “Agora vão aos banhos da

manhã, depois vão visitar os olheiros de água doce e de certeza que ainda hoje vão fazer destas 23

No lugar das novas casas existiam 16 apoios, já em estado avançado de degradação. Olhos d’Água é, de resto, uma vila piscatória de longa tradição e de grande fama pela quantidade e qualidade da sardinha, pelo que não faltaram ao momento os velhos «lobos-do-mar», como Vítor Cavaco, de 73 anos de idade, nascido numa das casas voltadas para o mar, e que se fez àquelas ALGARVE INFORMATIVO #399


águas quando tinha apenas seis anos de idade, pela mão do pai. Hoje, reformado, não segura as lágrimas ao recordar a sua velha traineira, mas ainda se dedica à apanha de choco e lula. Isaurinda Lores, campeã de pesca em campeonatos internacionais, de 76 anos de idade, assegura que depois do luto pelo marido, regressa no próximo mês de outubro aos campeonatos internacionais. Os pescadores têm orgulho nesta mulher, que anda entre o perfil de pescadora e de atleta, mas também de «mulher de armas» e de comércio.

e duas pequenas traineiras, a chamada pesca artesanal”. Mesmo

Arquimínio Gomes, de 63 anos de idade, tem parte da família na pesca. “Há

mesmo bom, porque este continua a ser um porto de pesca com grande importância em Albufeira”,

cerca de 15 anos, tínhamos aqui 16 barcos, mas agora só temos três barcos grandes para redes de cerco ALGARVE INFORMATIVO #399

assim, as quantidades de peixe são excelentes, levadas depois nas suas carrinhas para as lotas de Albufeira e Quarteira. “As embarcações

pequenas trazem às duas e três caixas, ao passo que as grandes pescam na ordem das 300 a 400”, assegura Arquimínio. Sardinhas, besugos, cavalas e sargos, é o peixe que neste momento mais surge nas redes, pelo que a Festa da Sardinha dos dias 10, 11 e 12 de agosto promete “excelente peixe,

rematou aquele «lobo-do-mar» de Olhos de Água . 24


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Infralobo implementa sistema de recolha de biorresíduos rumo a um futuro smart Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Infralobo apresentou à comunicação social, no dia 31 de julho, o seu sistema de recolha seletiva e valorização de biorresíduos, que permite reduzir a quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários e incineração. O projeto integrado na estratégia da empresa municipal do concelho de Loulé rumo a um futuro smart, foi lançado no terreno a 12 de ALGARVE INFORMATIVO #399

junho e irá estender-se por três fases, a segunda das quais em setembro, quando o sistema de recolha dos atuais não domésticos (hotéis e restaurantes) for ampliado para 300 clientes domésticos, prevendo abranger ao todo, em novembro, cerca de 2 mil e 500 famílias de Vale do Lobo. Os 12 contentores coletivos de recolha – o quinto ecoponto – onde os residentes podem depositar os seus biorresíduos já são visíveis em algumas das zonas do território administrado pela empresa e 28


esta separação e recolha seletiva é uma ferramenta essencial para reduzir a quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários e incineração, transformando-os em recursos renováveis, pelo que é importante que os cidadãos se envolvam neste projeto. “Só

com a adesão da comunidade será possível alcançar bons resultados e começar a introduzir a separação dos biorresíduos nos hábitos das famílias, tal como já acontece com a reciclagem de outros resíduos”, referiu, na ocasião, Carlos Manso, CEO da Infralobo. Desde o arranque da operação nos 20 restaurantes e três hotéis situados na

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área de intervenção da empresa municipal, fase que serviu para testar o sistema quando se está em plena época alta do turismo algarvio, foi recolhido um total de 40 toneladas de biorresíduos, o que faz antever o sucesso de um projeto que é um contributo para a sustentabilidade ambiental através da aposta na economia circular. E tudo começou, nesta primeira fase, com a entrega de 40 baldes de 240 litros e mais de mil sacos biodegradáveis junto dos clientes não domésticos. Quanto ao kit doméstico, contém um saco próprio e um pequeno contentor de 7 litros para acondicionar os biorresíduos, que são depois depositados nos novos contentores de cor castanha instalados no resort ou recolhidos porta a porta. O

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contentor doméstico possui um chip para abrir automaticamente o contentor de rua, para que os biorresíduos sejam depois encaminhados para um centro de compostagem. Os biorresíduos, ou resíduos orgânicos, são o que resta da preparação das refeições e sobras de alimentos, como as cascas de fruta, legumes e ovos, borras de café e pão, entre outros, compondo, em média, quase 37 por cento do caixote do lixo da maioria das habitações. Estes resíduos, onde se incluem também os resíduos verdes de jardins, podem ser transformados em adubo ou fertilizante natural, através da compostagem, originando o composto, que depois pode ser usado como adubo orgânico na agricultura, jardinagem ou em hortas comunitárias. ALGARVE INFORMATIVO #399

Os contentores coletivos onde os residentes podem depois colocar os seus biorresíduos serão instalados na Zona 9, Quadradinhos, Aldeamentos, Praça de Vale do Lobo, Avenida das Acácias, Ténis, Rua das Orquídeas, Pingo Doce, Avenida do Garrão, Mimosas, Quinta Jacintina e Ferrarias. “Este é um projeto da

maior importância para o resort, não só devido à redução dos impactos negativos que a produção de lixo tem no planeta, como por contribuir para uma maior consciencialização ambiental e sensibilização para o desperdício alimentar. Perto de metade do lixo produzido pelas famílias pode ser regenerado e aplicado, quer na agricultura, quer 30


para aproveitamento energético, e isso faz-nos acreditar que podemos, efetivamente, melhorar o nosso comportamento ambiental, enquanto comunidade, de uma forma extremamente simples”, apontou Carlos Manso. “Por outro lado, quando começamos a fazer uma separação seletiva, temos uma maior consciência do que estamos a colocar naquele contentor, o que pode gerar um efeito de sensibilização para a redução do desperdício alimentar”, acrescentou o CEO da Infralobo. Entre as vantagens da compostagem está a diminuição da emissão de gases de efeito de estufa, ao evitar-se a decomposição de resíduos orgânicos em

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aterros sanitários, e a redução da dependência de fertilizantes químicos para o solo e as plantas, já que o composto pode ser usado como adubo, o que evita a utilização de substâncias nocivas ao meio ambiente e à saúde.

“Acreditamos que este sistema irá ter resultados positivos na separação dos resíduos, tal como o protocolo para a recolha dos seletivos assinado entre a Algar e a Infralobo, que no primeiro semestre de 2023 permitiu a recolha de cerca de 230 toneladas de resíduos seletivos e a redução na produção de resíduos indiferenciados em cerca de 170 toneladas”, salientou Carlos Manso, lembrando ainda que esta preocupação ambiental está presente em todas as

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ações e projetos da Infralobo, que usou papel e tinta reciclável e sustentável em todos os materiais gráficos produzidos ao abrigo deste projeto. “Este

sistema terá que ser obrigatoriamente implementado a nível nacional até ao final de 2023 para dar resposta às metas europeias, e os municípios e as entidades vão-se deparar com todas as dificuldades e custos inerentes a esta operação. A Infralobo já deu este passo devido à sua mentalidade de sustentabilidade e de resort direcionado para um futuro verde”, sublinhou Carlos Manso. ALGARVE INFORMATIVO #399

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Feira da Dieta Mediterrânica comemora 10 anos da inscrição na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ssinala-se este ano o 10.º aniversário da aprovação da inscrição dos sete países que apresentaram a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, na cidade de Baku, Azerbaijão, a 4 de ALGARVE INFORMATIVO #399

dezembro de 2013, e os 20 anos da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em Paris, a 17 de outubro de 2003. A Dieta Mediterrânica, cuja comunidade representativa de Portugal é Tavira, é um património vivo de todo o país, em sintonia com as Convenções da UNESCO e com relevância crescente nacional e internacional. É investigada e estudada 36


pelas diversas ciências, sendo um legado das civilizações que originaram a nossa identidade cultural, língua e formas de viver, produzir e alimentar, essenciais à valorização e ao fortalecimento das economias regionais. O programa deste ano da Feira da Dieta Mediterrânica, que se realiza de 7 a 10 de setembro, em Tavira, reflete o trabalho de parceria alargada que tem vindo a ser desenvolvido, desde a primeira edição, e que inclui feira institucional com presença de outros países, instituições nacionais, regionais e locais, de diversos patrimónios culturais imateriais classificados pela UNESCO, expositores de artesanato e produtos tradicionais, mostras botânicas e de sementes,

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restauração, demonstrações gastronómicas, provas e petiscos, música portuguesa e mediterrânica com concertos ao vivo da Argélia, França, Espanha, Marrocos e Itália. O vasto programa inclui, entre muitas outras atividades, oficinas, danças tradicionais e outras artes performativas, exposições, visitas ao património natural, seminários, com destaque para o que terá lugar, no dia 7 de setembro, sobre «Inovação na Dieta Mediterrânica», no Centro de Experimentação Agrária de Tavira. Viajar pelos sabores mediterrânicos será possível em qualquer um dos restaurantes instalados na Praça da Convivialidade, junto ao Castelo da cidade, e nos 18 restaurantes do concelho

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que prepararam menus mediterrânicos. A Feira contará, ainda, com a presença de diversas manifestações inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, como os Caretos de Podence, o Cavaquinho, os Bombos, o Fado, o Cante Alentejano ou o Teatro Dom Roberto. O programa dedicado ao público infantojuvenil conta com espetáculos educativos, jogos tradicionais e oficinas ambientais com a presença dos Jogos do Helder, das Companhias Krisalida, Historioscopio, Mãozorra, Rui Sousa Marionetas e Era uma vez Marionetas. Este ano estará também presente o Museu da Marioneta de Lisboa, que garantirá diversas oficinas e atividades para os mais pequenos, na Casa André Pilarte. No dia 10 de setembro, pelas 10h, com partida e chegada à Praça da República, ALGARVE INFORMATIVO #399

terá lugar a marcha e corrida da Dieta Mediterrânica, inserida no calendário do Algarve, numa organização conjunta do Município de Tavira e do IPDJ. Nos Claustros do Convento do Carmo realizam-se três sessões de Cinema do Mediterrâneo: na sexta-feira, dia 8, o filme «O Azul do Cafetã», de Maryam Touzani; no sábado, dia 9, «Dias em Chamas», de Emin Alper; no domingo, dia 10, a obra «A Conspiração do Cairo», de Tarik Saleh. Destaque, claro, para os espetáculos a que, durante os quatro dias, os visitantes poderão assistir, de forma gratuita em alguns dos muitos espaços existentes. No dia 7, no espaço da antiga lota, junto ao Mercado da Ribeira, atuarão os «Galandum Galundaina» com os Pauliteiros de Miranda. No palco do Castelo tocam os «Ars Nova Napoli» de 38


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Itália, no Jardim do Coreto, os «Úlua» de Espanha e, na Praça da República, o pai do rock português, Rui Veloso. No dia 8, a fadista Carla Pires e o instrumentista do cavaquinho Daniel Pereira Cristo apresentam «Da raiz ao Fado», no palco da Lota. No palco do Castelo é a vez dos «Barrut» de França, ao passo que o Jardim do Coreto terá a presença de «Iskraria» de Itália e, na Praça da República, a espanhola Estrella Morente. No sábado, dia 9 de setembro, cantam os «Diabo a Sete», no espaço da Lota; o «Duo Brotto Raibaud» de Espanha, no Jardim do Coreto; os «Global Gnawa» de Marrocos, no palco do Castelo; e Camané com a Orquestra do Algarve, na Praça da ALGARVE INFORMATIVO #399

República. A finalizar, no domingo, dia 10, «Os Ganhões de Castro Verde» e Paulo Ribeiro apresentam «O Cante não cai do céu», no palco da Lota; no palco do Castelo atua «Lemma» da Argélia; e, na Praça da República, a portuguesa Carolina Deslandes . 40


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27.º FESTIVAL DA SA ZONA RIBEIRINHA DE Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Ricardo Coelho

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ARDINHA ENCHEU E PORTIMÃO

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e 1 a 6 de agosto, a zona ribeirinha de Portimão voltou a atrair as atenções em mais uma edição do Festival da Sardinha, um dos maiores eventos gastronómicos do Algarve que registou mais uma vez largas dezenas de milhares de entradas. Pitéu por excelência do Verão, é nesta altura que a sardinha, ex-libris da gastronomia portimonense, está mais saborosa, o que inspirou em 1985 a realização do primeiro festival, que se tornou um dos mais populares eventos «âncora» do Município de Portimão, tanto a nível nacional como internacional. Foram, por isso, seis dias recheados de 47

animação para todas as idades, com muita música, artesanato e inúmeros motivos de interesse, em que a melhor sardinha assada, a verdadeira rainha da festa, foi degustada no prato ou no pão num dos cinco pavilhões montados no recinto e assegurados por coletividades e associações desportivas e culturais de Portimão, ou nos sete restaurantes da zona que aderem ao evento, não faltando outros petiscos para satisfazer todos os gostos, rematados com o melhor da doçaria local. Eleito em 2022 melhor evento gastronómico de Verão na Europa pela Big 7 Travel e candidato em 2023 à categoria evento do ano nos Prémios AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, o ALGARVE INFORMATIVO #399


festival voltou a ser marcado pela animação musical, com quatro palcos distribuídos pela zona ribeirinha: «Música no Jardim» (Jardim 1.º de Dezembro), «Música no Coreto» (Coreto da Praça Manuel Teixeira Gomes), «Palco Sardinha» (junto à área de restauração do festival) e «Palco Principal». Os três primeiros foram dinamizados em parceria com artistas e grupos nacionais, regionais e locais, ao passo que o «Palco Principal» vibrou com os concertos de Carlão, Áurea, André Sardet, Virgul, Cuca Roseta e Tony Carreira.

e reutilizável, além da utilização de pratos e talheres em materiais sustentáveis, sendo ainda colocados ao longo do recinto vários ecopontos e sinalética de sensibilização, e promovidas e divulgadas iniciativas de caráter ambiental. O espaço lounge esteve igualmente em destaque, proporcionando um ambiente calmo e aprazível com vista privilegiada para o Rio Arade, e onde os visitantes podiam descontrair e socializar, fazer uma pausa, tirar fotografias ou contactar com o Município de Portimão através do ponto de informação situado no local.

O festival foi mais uma vez um evento gastronómico sustentável, fruto do compromisso estabelecido entre a Câmara de Portimão e a EMARP – Empresa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão, no sentido de reduzir os impactos ambientais. E, entre as principais medidas adotadas, merece destaque a implementação do copo oficial do Festival, em material ecológico

Organizada pela Câmara Municipal de Portimão, o Festival da Sardinha contou com as parcerias da APS – Administração dos Portos de Sines e do Algarve, Junta de Freguesia de Portimão e EMARP, os patrocínios da Delta e da Socialgar Seguros, e com os apoios do Turismo do Algarve, Continente, Sagres e Licor Beirão .

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COMUNIDADES DE ESTIVERAM EM FE Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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E ALMANCIL ESTA

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s Festas de Verão e das Comunidades de Almancil são o principal evento de Verão desta vila do concelho de Loulé e voltaram a encher o Jardim das Comunidades de 3 a 6 de agosto, numa altura em que milhares de pessoas vêm para o Algarve, não só os portugueses, mas todos aqueles que escolhem esta região com o propósito de passar férias provenientes de diferentes partes do mundo. O certame organizado pela Junta de Freguesia de Almancil com o apoio do ALGARVE INFORMATIVO #399

Município de Loulé apresentou uma programação diversificada com vários espetáculos musicais, a par das tasquinhas de comida e artesanato e da mostra do associativismo local. Por entre os vários artistas que passaram pelos dois palcos, os grandes destaques foram Matias Damásio, que encerrou as Festas no domingo perante uma moldura humana impressionante, assim como a conhecida banda algarvia IRIS de Domingos Caetano, e os Remember Me, que protagonizaram uma verdadeira viagem musical com imensos sucessos do pop/rock nacional e internacional das últimas décadas . 58


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OSMOSE ESGOTARAM PRAÇA DA REPÚBLICA NO «VERÃO EM TAVIRA» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Miguel Pires

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s Osmose são uma presença habitual e imprescindível no programa «Verão em Tavira», como ficou bem patente, no dia 3 de agosto, com um fantástico concerto que esgotou a Praça da República.

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A banda algarvia nasceu em 2015 com a gravação do primeiro álbum de originais, «Um Toque de Solidão», sendo constituída por Diogo Ramos (voz), Luís Conceição (piano e voz), Valter Estevens (guitarras, teclas e voz), Pedro Parreira (baixo) e Bruno Maié (bateria). Seguiu-se o EP «Profecia», em 2019, e o mais recente registo discográfico, «Memórias», foi lançado, em 2022, em edição de autor, tendo recebido elogiosas críticas .

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CAROLINA SILVA VENCEU 37.º FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO INFANTIL E JUVENIL CHAMINÉ D’OURO Texto: Vanessa Ferreira | Fotografia: Ricardo Coelho ALGARVE INFORMATIVO #399

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ealizou-se, no dia 22 de julho, na Alameda da República, em Portimão, o 37.º Festival Internacional da Canção Infantil e Juvenil Chaminé d’Ouro, que contou novamente com a apresentação de Hugo Mendes do programa «Passadeira Vermelha» da SIC. Foram 15 os participantes da edição deste ano, com idades entre os 6 e os 15 anos, que, acompanhados do coro infantil guiado pelo maestro António Alves e do Quarteto Jorge Carrilho, apresentaram as suas músicas originais e versões. O reportório foi composto por 10 originais e cinco versões e o júri convidado foi composto por Olga Cruz, representante do Conservatório de Faro, ALGARVE INFORMATIVO #399

Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, Mariana Rodrigues, professora da Escola de Música de Portimão, Júlio Ferreira, representante da Alvor FM, e a artista convidada Margarida Rotilo, mais conhecida por «Atchiiim», que presenteou o público com uma breve atuação. Os vencedores deste ano foram: Melhor Intérprete – Afonso Mendes; Melhor Versão – Núria Botelho; Melhor Canção Cidade Portimão – Maria Botelho; Vencedor Absoluto – Carolina Silva. O Festival Internacional da Canção Infantil e Juvenil, Chaminé d’Ouro é uma organização da Freguesia de Portimão com a Alvor FM e conta com o apoio do Município de Portimão . 84


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RUI VAZ BRILHOU NOS FESTEJOS DO DIA DE SANTIAGO EM TAVIRA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Miguel Pires

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avira celebrou, a 25 de julho, o Dia de Santiago com um animado concerto de Rui Vaz, numa lotada Praça da República, no âmbito do «AnimarTavira», programa da União de Freguesias de Tavira na qual se inclui a extinta freguesia de Santiago. O jovem cantor e ator tavirense foi discípulo do padre David Sequeira, com quem deu os primeiros passos na música, mas foi em Lisboa que criou e consolidou a sua carreira. Do seu repertório fazem parte três discos a solo, «Recorda-te de Mim», «Fado em Prelúdio» e «Rui Vaz Canta Florência», para além de participações com outros nomes maiores da música portuguesa, casos de Wanda ALGARVE INFORMATIVO #399

Stuart, Maria do Sameiro e Florência. Tem tido também residência em algumas das principais casas de fado de Lisboa e do Porto. A par do padre David Sequeira e do professor José Carvalhinho, Rui Vaz não esquece o maestro Mário Rui Teixeira, seu mentor e companheiro de estrada e produtor do álbum «Fado em Preludio». Ao longo dos 12 anos de carreira já realizou três tournées nacionais e participou no Festival Caixa Alfama, em 2016 e 2017, trazendo o fado e a música tradicional portuguesa para os tempos modernos, numa fusão de conceitos do passado e do presente que lhe permite chegar a várias gerações nos seus espetáculos. Para além da música, tem consolidado igualmente uma carreira na representação . 98


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Histórias do caminho de ferro do Algarve em exposição em Boliqueime Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina oi inaugurada, no dia 5 de agosto, nas salas anexas à Igreja de Boliqueime, a exposição de pintura «Histórias do Caminho de Ferro do Algarve: Do Barreiro a Loulé, Passando por Boliqueime», de Francisco d’Oliveira Martins, com curadoria de Maria do Céu d’Oliveira Martins e Júlio Beatriz. Uma iniciativa que resulta de uma cooperação já existente há algum tempo com a Junta de Freguesia de Boliqueime e a Câmara ALGARVE INFORMATIVO #399

Municipal de Loulé e que recorda, desta feita, a chegada da ferrovia a esta região.

“No final do século XIX, 90 por cento dos algarvios nunca tinha saído do Algarve, era mais fácil ir ao norte de África e ao Brasil do que a Lisboa ou Porto”, declarou Francisco d’Oliveira Martins, lembrando, a propósito, o trabalho de investigação que tem sido realizado por José Caramelo, engenheiro dos caminhos de ferro. 106


Uma exposição que toca de forma especial a Nelson Brazão, presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime e ferroviário de profissão. “Vejo aqui as

passagens de nível antes de serem substituídas”, referiu, antes de passar

ruas de Boliqueime como eram há mais de três décadas, imagens e vivências dos meus tempos de miúdo. E estão aqui peças de sinalização que, enquanto funcionário da Efacec, ainda vi nas

conservarmos esta história, ela vai acabar por desaparecer. Não queremos que isso aconteça, pelo que a autarquia está sempre disponível para apoiar estas iniciativas”, frisou .

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a palavra a Marilyn Zacarias, vereadora da Câmara Municipal de Loulé. “Se não

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Octogésima segunda tabuinha: Cigarras Ana Isabel Soares(Professora) screvo desde o barrocal algarvio, entre quatro paredes e, durante mais uma hora, no máximo, janelas escancaradas. Tive de chegar aqui cedo: além do calor, o mês de agosto traz para estas bandas muito mais automóveis nas estradas – é preciso negociar horas, fluxos, sombras. Chegando-se cedo ao meio do campo, é para se ficar o resto do dia; o resto das horas de luminoso dia, sem clemência, que o sol não a tem. Qual praia, qual nada... ir até ao mar é um suplício que o ruído da multidão agrava. Aceita-se, pois, o campo, o abrigo das paredes, num acoitar-se lento. Até que tenha de fechar portadas e vidros, entra para as divisões da casa um batalhão de seres: moscas, besouros, vespas, os dois cães que lhe pertencem e se bandeiam entre fresco e fresco. Entram e saem, ventilando o ar no movimento (pouco corrido o dos mais encorpados, veloz e murmurado o dos insetos). Na estrada, passa o carro ocasional, ou o caminhante distraído – se o acompanha algum cão, é a festa dos de casa, que em latidos estrepitosamente debandam até à vedação, saudando, enxotando, alegres ou irados, quem saberá? Finda a algazarra – a que quase nunca os de fora respondem, por medo ou despeito –, atiram-se aos baldes da água, que sorvem naquilo que me continua a ser a misteriosa capacidade de transportar para dentro das mandíbulas seja que ALGARVE INFORMATIVO #399

líquido for através de uma superfície como a língua canina. O Verão pleno no barrocal do Algarve é este lugar que apetece apelidar como silêncio, mas que assenta num droning constante, amarelo escuro ou branco ausente: o peso do canto das cigarras. Diz-se «cigarras» e pensa-se (penso eu) que existe no mundo uma cigarra única, multiplicada pelas temperaturas altas, que cega-e-rega este burburinho incómodo e omnipresente. Nada mais enganoso: a que ouço sem fim a acompanhar a canícula parece ser uma numerosa banda de C. barbara lusitanica, ou uma gigante família de T. tomentosa. Sabe lá um ser humano o que se passa no mundo dos outros animais... Sabem alguns seres humanos, isso sim. Sobretudo, para os nossos lados, cientistas e investigadores do projeto Cigarras de Portugal, valiosa ideia e melhor concretização da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Conhecer deixa-me perceber – e perceber, conforme diz a cantiga, “é conceber / águas de pensamentos”, alguma forma de refresco nestes dias quentes. Cantem cigarras, cantem e desencalmem este ar, o peso desta atmosfera em que as folhas das alfarrobeiras parecem estar desenhadas numa tela, ou vibrar ao quase nada, ao resquício trocista de uma brisa que, afinal, se avizinha e se transforma no som de uma motoreta. Verão. Pesado e sonoro Verão. Canta . 118


Foto: Vasco Célio

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Adília César (Escritora) “S’il n'était pas mort il ferait envie”, (Se ele não estivesse morto, faria inveja) In “La Mort de La Palisse”, canção militar em honra do Marechal de La Palisse seguir à primavera mundo antes de La Palisse e outro, vem o verão. Bem completamente diferente, depois de La sei, dito assim Palisse: eis 1525 – o ano zero da desta maneira argumentação, por assim dizer. Então, óbvia, é uma vamos a isto, às lapalissadas da vida afirmação sem contemporânea! interesse, assemelhando-se a uma das ditas É importante repetir que esta estação verdades de la palisse, tão abundantes do ano a que demos o nome próprio de nos discursos tanto das pessoas simples Verão surge todos os anos a seguir à como das complexas. Ah, meu caro primavera, para me convencer da Jacques de La Palisse, meu corajoso efervescência que me aguarda, sem Marechal de França que morreste na piedade nem salvação. É um inferno Batalha de Pavia!... Em honra das tuas mascarado de paraíso e Socorro é o seu conquistas e subsequente popularidade nome do meio (para conhecerem o cantaram-se glórias dignas de memória! apelido desta entidade de calendário E tantas vezes se cantaram as afamadas terão de ler a minha crónica até ao fim). cantigas que estas sofreram subtis Na verdade, podia limitar-me a usufruir transformações, sendo a mais célebre a do descanso, vestir roupa leve, beber seguinte, por ter dado um novo e água fresca, sair apenas à noite depois do definitivo sentido ao teu nome: sol desaparecer, ler livros atrás de livros, ver televisão, e dormir, dormir muito para “s'il n'était pas mort il (ƒerait – serait) en não sentir o calor a dobrar o ar. Podia vie” tentar queimar a época veranil com (se ele não estivesse morto faria/estaria atividades mais ou menos inócuas, mas vivo) isso não seria viver a vida, sabendo também que o tempo que passa não volta mais (olha, que giro, começaram as Com a sua existência e morte lapalissadas). O que posso então fazer aprendemos que é lícito enunciarmos para justificar a minha existência face à evidências e truísmos que toda a gente compreende. Existe, portanto, um ALGARVE INFORMATIVO #399

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recorrência desta estação do ano da qual não posso fugir? Para mim, o verão está ligado a morte: por exemplo, as pessoas morrem afogadas ou em acidentes de viação com mais frequência do que noutras épocas do ano; as barragens baixam 121

assustadoramente o seu nível de água; a erva, outrora verde e apetecível transforma-se em pasto seco, com serventia apenas para alimentar os incêndios; ai, que medo, os incêndios, incêndios a arder por todo o lado, que horror. Resta o mar: o mar azul que reflecte o azul do céu, o céu azul que ALGARVE INFORMATIVO #399


reflecte o azul do mar. Bolas, mais outra redundância. Tenho que ter cuidado. Não tarda, estou a cair num buraco linguístico perigoso com um nome de peste contagiosa: a tautologia. Parece que tudo o que afirmo é uma falácia, nada acrescentando ao que já foi dito antes. A minha argumentação não apresenta saídas à sua própria lógica interna. Em favor da minha débil capacidade de raciocínio, tenho a dizer em minha defesa que a culpa é do verão! Tenho que ter cuidado, tudo o que está a mais sobra. Bolas, mais outra lapalissada! Este texto adoeceu, está contaminado pelos pleonasmos do quotidiano. Estou muito preocupada. Subo para cima e desço para baixo as escadas da minha casa, sem parar; encontro uma porta que não conhecia e entro para dentro; assusto-me com o escuro da minha mente e saio para fora à procura de um consenso geral, de uma regra concreta para me tornar a protagonista principal antes do amanhecer do dia. Mas só me acontece a lembrança de um passado, apenas um único embora dividido em duas metades iguais, cheias de detalhes minuciosos que procuro encarar de frente para retornar de novo àquela expectativa futura, e repetir outra vez a retrospectiva passada, para poder planear antecipadamente a última versão definitiva da minha argumentação sobre este verão que veio a seguir à primavera. Pelo caminho, abro um parêntesis, pois descobri o nome completo desta malfadada estação do ano: Verão Socorro de La Palisse. É um bom pseudónimo de escritor, não vos parece? ALGARVE INFORMATIVO #399

Para não perder o fio à meada, registo o óbvio: tudo o que escrevi nestas páginas está carregado de lapalissadas, tautologias, redundâncias, pleonasmos. Funcionam assim como os batuques aleatórios no tambor: pum, catrapum, pum. Uma chatice. É difícil falar ou escrever sem estas figuras de retórica. Como decerto sabemos, o pleonasmo é uma doença linguística e, deste modo, o melhor seria apagar tudo, mas… “o que escrevi, escrevi” (a frase entre aspas está atribuída a Pôncio Pilatos, mas a expressão veio mesmo a calhar e não resisti a usá-la). E agora, o que resta? Tenho uma ideia. Para salvar esta crónica vou deixar-vos alguns pleonasmos literários, inteligentes, ditos por criadores de qualidade artística indiscutível. Atenção, não são vícios de linguagem, mas sim pleonasmos literários: “O cadáver de um defunto morto que já faleceu” (Roberto Gómez Bolaños); “E rir meu riso” (Vinicius de Moraes). É isso mesmo, Vinicius, deixemos de lado a tenebrosidade da morte, por enquanto, e aproveitemos o verão para pôr o riso em dia. Rir o meu riso, rir de mim própria – gosto disso. Nota da autora: as expressões consideradas como lapalissadas, redundâncias e pleonasmos foram deliberadamente escritas em itálico, uma vez que não tenho tambor para batucar.

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O Impacto da Inteligência Artificial Fábio Jesuíno (Empresário) stamos imersos em uma vasta revolução tecnológica e científica, onde a inteligência artificial é a grande protagonista, devido ao seu impacto na

rápida e precisa permite que a IA desbloqueie insights antes inalcançáveis, impulsionando a inovação em várias áreas e fazendo com que, no futuro, seja mais fácil e rápido criar soluções inteligentes e eficazes para os desafios complexos que enfrentamos.

sociedade. A presença da inteligência artificial em nossas vidas é profundamente marcante. Desde o uso de assistentes virtuais nos smartphones, até à análise de dados em empresas e à automação de processos industriais, a IA está transformando diversos setores de atividade e facilitando muitas tarefas que antes eram complexas, redefinindo as formas de trabalho e estilo de vida. Adicionalmente, diversas plataformas online, como redes sociais e serviços de streaming, recorrem a algoritmos de inteligência artificial com o intuito de adaptar as experiências dos utilizadores e sugerir conteúdo que possa suscitar o seu interesse. O impacto também está a acontecer em grande escala no campo da saúde, onde a IA tem contribuído para a análise de imagens médicas e para o desenvolvimento de tratamentos personalizados mais eficazes. A capacidade de analisar e interpretar grandes volumes de dados de forma ALGARVE INFORMATIVO #399

Outros dos grandes impactos da inteligência artificial é no mercado de trabalho, que se tornou uma realidade inegável. Embora alguns empregos possam ser automatizados e substituídos, a IA também está criando novas oportunidades para profissionais especializados. A chave para uma transição bem-sucedida reside na preparação e na capacitação dos trabalhadores para enfrentarem as mudanças com confiança e se adaptarem às necessidades de um mundo cada vez mais tecnológico. O conceito de inteligência artificial é objeto de intensa discussão devido às suas possíveis implicações na nossa sociedade, particularmente no que diz respeito ao medo e à ameaça que surgem quando os algoritmos adquirem uma inteligência igual ou superior à dos seres humanos. Seja qual for o futuro, a inteligência artificial já está profundamente integrada na nossa vida, constituindo uma tendência crescente à medida que a tecnologia continua a evoluir . 124


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Um Papa para todos, todos...todos?! Júlio Ferreira (Inconformado encartado) erminaram as Jornadas Mundiais da Juventude e foram um enormíssimo sucesso. Quem nunca leu as minhas «coisas», a que chamam pomposamente de «artigos», não se iluda. Eu, que só frequento templos católicos para levar a minha filhota à missa ou quando quero estar só comigo mesmo, aqui digo, alto e bom som, que fiquei feliz com o enorme sucesso das Jornadas Mundiais da Juventude, e com «fé» de que esta juventude possa substituir certa «jumentude» que reina por esse Mundo fora, incluindo no interior da Igreja Católica. O verdadeiro balanço da JMJ Lisboa 2023, terá de ser OBRIGATORIAMENTE feito. Os ajustes diretos, os subsídios públicos, as derrapagens do orçamento, tal como todos os privilégios da Igreja, devem ser discutidos e fiscalizados. Deve ser discutido no espaço público, a relação do Estado com a Igreja Católica, tendo em conta o princípio constitucional da liberdade religiosa, entre outros princípios constitucionais que nos obrigam a um respeito igual pelas diferentes confissões. Esta liberdade religiosa dos cidadãos obriga a que o Estado mantenha relações de separação de poderes com todas elas. Nesta perspetiva, o Estado é laico! Mas os milhares de miúdos que rezaram e ALGARVE INFORMATIVO #399

cantaram em Lisboa são completamente alheios a todas estas trapalhadas. São também alheios aos beatos e beatas que se julgam donos da igreja, da muita hipocrisia clerical, às guerras intestinas da Igreja Católica e aos seus crimes. Alheios aos que usam a igreja enquanto instrumento do seu poder social e aos que procuraram aquela foto com o Papa para utilizar como pano de fundo num qualquer tempo de antena. Mas unidos à volta de um homem a quem reconhecem qualidades de liderança. Mas, nem os seus problemas de acesso ao ensino superior, habitação, emprego condigno foram resolvidos e nem Lisboa, nem Portugal mudaram «para sempre»! São apenas miúdos com fé. Uma fé que vai para além dos preceitos obrigatórios comuns a qualquer religião. Uma fé que perspetiva um mundo melhor, mais inclusivo, mais solidário. Um mundo que este Papa sabe dar rosto, não pela sua dignidade eclesiástica, majestática, mas pela dignidade intrínseca à sua Pessoa e é por isso que os lidera, por mais que os abutres que tentam incendiar bandeiras LGBT e insultam transexuais que lado a lado rezam ao mesmo Deus. O Papa Francisco é especial, toca-lhes o coração. Como era João Paulo II. Cada um à sua maneira. Este Papa é ternurento, empático, carismático, feliz, divertido e jovial. Este é o Papa dos jovens e avisa que: “A Igreja não tem portas, para que todos possam entrar”. Porque o trabalho pastoral da Igreja Católica deveria ser 126


inclusivo: “Na Igreja ninguém está a mais, há espaço para todos. Amigos, quero ser claro convosco, que sois alérgicos às falsidades e a palavras vazias. Na Igreja há espaço para todos e, quando não houver, por favor façamos com que haja, mesmo para quem erra, para quem cai, para quem sente dificuldade”, disse. E, dirigindo-se aos jovens: “Repitam comigo. Quero que digam na vossa própria língua: todos, todos, todos”. Como pode a Igreja continuar-se a mover-se nas trevas quando ficou provado em Portugal, que é a luz que os jovens procuram? Mas o maior problema de Francisco, na fragilidade da sua cadeira de rodas problema, é a sua Igreja. Francisco incomoda os poderes e interesses dentro da Igreja Católica. É o primeiro Papa jesuíta, e por esse motivo odiado por 127

largos sectores da Igreja. E talvez por isso, a maioria dos padres continuam a ignorar o caminho imposto pelo seu líder: “Isto vê-se com frequência acentuado pela desilusão e a aversão que alguns nutrem face à Igreja, devido às vezes ao nosso mau testemunho e aos escândalos que desfiguram o seu rosto”. A guerra interna na Igreja católica é evidente, nada disto é novidade. Há um processo revolucionário em curso há muito, liderado pelo Papa Francisco, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, ficará certamente como um marco importante nessa estratégia de Francisco. E isso é entendido pelos católicos menos conservadores como uma lufada de ar fresco numa instituição que, em tantos momentos, continua a ser absolutamente inflexível e, sim, profundamente aborrecida e bolorenta. A divisão entre conservadores e progressistas na Igreja é polémica e demasiado complexa. No interior dos tradicionalistas há os que não aceitam pôr-se em causa a legitimidade ou a autoridade do Papa e os Sedevacantistas que acham que Francisco não é o verdadeiro líder da Igreja Católica. Jorge Bergoglio quer mudar a instituição e, apesar de ter sido eleito há apenas dez anos, já ganhou o seu lugar na História, para tristeza de muitos. No Mosteiro dos Jerónimos o Papa Francisco afirmou: “Temo o cansaço dos bons”! Eu digo que essa indiferença para com Deus, esse progressivo afastamento da prática da fé, já chegou e vai crescendo diariamente. Porque continuaremos a ter «funcionários do sagrado» em Portimão, Leiria ou Freixo de Espada à Cinta. E não sou eu que o ALGARVE INFORMATIVO #399


digo, foi o próprio Papa Francisco: Infelizmente, os padres e de bispos, mais incomodados em cumprir regras e preceitos do que em espalhar a mensagem e abrir portas, vão continuar a olhar para o seu umbigo, usando e abusando do seu poder, fazendo «orelhas mocas» às diretrizes, discursos, mensagens e ordens do líder. Adiante, que isso são contas de outro rosário.

cristão, MAS NEM TODO O CRISTÃO É CATÓLICO. Os católicos veem a religião segundo a interpretação da Igreja Católica. Nunca se esqueçam que um cristão pode nem mesmo pertencer a qualquer congregação religiosa, sendo autossuficiente com relação às suas crenças e a forma como vive a vida, de acordo com o que acredita sobre Jesus Cristo.

Como a maioria, venho de duas famílias profundamente católicas. Mas com a idade, o que fui lendo e convivendo com a hipocrisia, prepotência, má formação, antipatia, má conduta de padres e bispos, que gostam de ter e usar o poder, que protegem pedófilos e que dizem falar em nome de um cristo que não reconhecemos, que não é o mesmo que está na bíblia. Até porque a Igreja Católica sempre foi conhecida pela sua tolerância, pacifismo e compreensão. Na época dos Descobrimentos e da Evangelização, é sabido que os conquistadores chegavam a territórios novos e disparavam beijos, rebentavam abraços e erguiam cruzes de unicórnios. Com muitos maus exemplos há minha volta, deixei-me «contaminar» pela descrença, pelo afastamento. Não sou muçulmano, hindu, maçaroca ou canguru. Não me considero de todo ateu.... No máximo serei neste momento meramente um cristão. De forma muito resumida, ser cristão é um estilo de vida, que envolve a crença de que Jesus Cristo é o messias e salvador da humanidade. Ser católico é fazer parte da Igreja Católica, que também considera Cristo como o messias e salvador, MAS… conta com doutrinas e dogmas a serem seguidos pelos fiéis. Logo, um católico é

Para mim, a fé está em algo maior do que eu, que não é regido por homens, nem está em edifícios de pedra, mas que, ao mesmo tempo, está em todo o lado. Tudo depende do modo como é vivida. Somos feitos de momentos e a fé não é diferente, nem tem que estar presa a dogmas, a leis imutáveis perdidas no tempo. É esta mesma fé que me permite, de livre consciência, rezar quando me apetecer, onde me apetecer, porque naquele momento me fez sentido. Não sou católico. Mas tenho olhos. De um lado esteve uma imensa multidão de gente do mundo inteiro que irrita os outros por estar feliz, com alguma esperança no futuro, por tola que seja. Do outro, gente, muito menos felizmente, irritada e raivosa com alegria dos outros. Uma coisa é ser ateu ou agnóstico, outra coisa bem diferente é achar-se que é possível viver olhando para um milhão e meio de pessoas como se fossem estúpidas, ignorantes ou vivessem todas nas trevas e ter fé de que mudem o Mundo para melhor. Agora falta mudar o resto. Este Papa está a fazer exatamente isso.

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Deus queira que o deixem! .

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NÃO TENHAM MEDO! Nuno Campos Inácio (Editor e escritor) as Jornadas Mundiais da Juventude o Papa Francisco proferiu vários apelos, que, como não poderiam deixar de ser, têm um cunho religioso, mas também – ou principalmente – humano, ou humanista. De entre os apelos realizados destaquei um, por interpretá-lo como dirigido a toda a sociedade portuguesa: «Não tenham medo!». Efetivamente, se algo caracteriza a sociedade portuguesa é um medo crónico, que trava o espírito de iniciativa individual, estagna o desenvolvimento coletivo nacional e torna a maioria da população subserviente ou dependente do poder. Na opinião de alguns, esta característica tem as suas origens na tradição judaico-cristã pelo trauma da expulsão do paraíso: O Homem estava bem, feliz, no paraíso, e por culpa dos seus erros foi expulso, traçando-se um futuro negro, deprimente, infeliz… o limbo! O povo português tem uma baixa autoestima e um medo horrível de mudar o que quer que seja na sociedade ou na sua vida, por muito mal que esteja, ou que estejamos coletivamente, porque, fatalmente, todo o esforço pode conduzir ALGARVE INFORMATIVO #399

ao erro e as mudanças, previsivelmente, são sempre para pior. O povo português tem medo de escrever, porque pode ser criticado pelo que escreve; tem medo de investir, porque pode ir à falência; tem medo de mudar de emprego, porque o próximo patrão poderá ser pior do que o atual; tem medo de fazer porque pode errar; tem medo de estudar, porque pode ter uma avaliação negativa; tem medo de opinar publicamente, porque pode arranjar inimigos; tem medo de se candidatar, porque pode perder; tem medo de votar, porque pode contribuir para um mau governo; tem medo de procriar, porque o rebento pode não vir perfeito; tem medo de afrontar, porque poderá receber represálias ou vinganças; tem medo de sair à noite, porque pode ser assaltado; tem medo de andar, de pensar, de agir, porque teme o olhar dos outros, seja ele de algum vizinho, ou mesmo do olho invisível de Deus. Neste cenário coletivo, é natural que o Papa Francisco tenha dito e repetido várias vezes: «Não tenham medo!». Efetivamente Portugal e os portugueses agigantam-se sempre que perdem o medo. Foi quando perderam o medo do mar que os portugueses apresentaram um novo mundo ao velho mundo; são aqueles, que perdem o medo e partem, que atingem o topo do reconhecimento 130


mundial. Milhares de portugueses tornam-se adamastores do mundo quando atravessam fronteiras e quebram os traumas do medo, hoje, como no passado. Esses são os glorificados, os novos santos portugueses, luzes que alumiam as novas gerações pelo exemplo, mais do que de vida, de atitude. Tal como no passado os pioneiros abriram novas vias de navegação, hoje os portugueses que venceram o medo abrem novas vias de emigração; tal como no passado edificaram portos seguros de estabelecimento, hoje criam comunidades espalhadas por diversos países do mundo, onde, apartados do medo crónico característico, rapidamente assumem lideranças, o reconhecimento e o prestígio que nunca obteriam em Portugal.

nem como objetivo de vida ficarmos mais felizes com o mal dos outros do que com o nosso próprio bem. Temos de vencer o medo coletivo e edificar um novo país, onde todos possam criar, participar, construir, sem o medo de falhar, porque é quando falhamos que obtemos o conhecimento e a experiência de vida para seguirmos em frente. Temos de intervir, nas comunidades, na política, na sociedade, denunciando os erros, apresentando propostas, traçando novos caminhos internos, que sejam alternativos às rotas de avião para o norte da Europa, para os mercados emergentes da Ásia, ou para o sonho americano. Enquanto não vencermos o medo que nos corrói, seremos permanentemente corroídos. Por isso, parafraseando o Papa Francisco: «NÃO TENHAM MEDO!» .

É assim, mas não tem de ser assim. Não temos por missão a infelicidade coletiva, 131

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Da arte do desporto Dora Gago (Professora) “Como as nossas paixões pelos desportos são tão profundas e tão amplamente distribuídas, é provável que façam parte de nosso hardware – não estão nos nossos cérebros, mas nos nossos genes”. Carl Sagan unca tive apetência para o desporto, embora goste de fazer caminhadas ao ar livre, andar de bicicleta, tendo a sensação de ir a algum lugar. Por isso, as passadeiras e as bicicletas que não saem do sítio não me tentam. Fazem-me sempre lembrar aqueles desenhos animados que tentavam correr quando estavam em perigo, mas ficavam ali a patinar sem sair do mesmo sítio. Claro que, apesar de certo trauma me ter ficado das aulas de educação física em que era demasiadas vezes a última a ser escolhida nos jogos de equipa, acabando, no fim, por me sentir leiloada, juntamente com uma colega que tinha graves problemas de locomoção – e que frequentemente ainda era escolhida primeiro. No meu caso, além da distração, havia a falta de orientação, os problemas de lateralidade, um talento enorme para marcar auto-golos em actividades onde houvesse bolas… Apesar disso, e de ter ficado com certa aversão a pessoas que nos chateiam quando queremos fazer exercício físico contra a nossa vontade, ainda frequentei, ALGARVE INFORMATIVO #399

por breves vezes, aulas de aeróbica. O problema é que volta e meia ocorria o inevitável choque lateral, quando era suposto ir toda a gente para a esquerda e alguém ia para a direita (adivinhem quem) ou vice-versa. E isto, além de poder aleijar um pouco, também aborrecia, portanto, desisti da ideia. Em Macau, ainda frequentei iogalates e ioga. Correu bem enquanto estive em salas com mais de 50 pessoas, escondida a um canto, invisível, embora sem perceber muito bem o que se passava à minha volta – deixava um cantinho do olho aberto (quando era suposto ter os olhos fechados) para ver o que sucedia. Até que certo dia a professora me terá observado não sei como, ou se haveria por ali câmaras, mas disse-me que na próxima aula eu teria de ficar junto a ela. Claro que a próxima aula já não existiu para mim. Apesar de tudo isto, como sempre fui aventureira, também na área do desporto quis expandir os meus horizontes. Por isso, há uns bons anos, quando na escola secundária onde estava a leccionar me convidaram para um projecto de Área Escola que envolvia canoagem no Guadiana, nem hesitei em dizer que sim. Contudo, não tinha a mínima ideia do que era fazer canoagem. Sabia que havia água, 132


dramático, foi quando víamos ao longe as canoas já estacionadas em Mértola, o grupo com os alunos e colegas a dirigiremse para o restaurante, enquanto nós continuávamos no dorso do Guadiana, afeiçoadas que estávamos aos aloendros. Mas como não há mal que sempre dure, acabámos por chegar ao destino. Isto de o planeta ser redondo tem essa vantagem, chegamos sempre a algum lado, independentemente dos obstáculos que apareçam e do tempo que se demore.

canoa e remos. Não tinha noção de como era difícil remar, nem que era necessário ter um mínimo de coordenação. Desconhecia igualmente que dentro das canoas entra água, que pode entrar mesmo muita, muita água. Por isso, o conteúdo da mochilinha de pano que levei, o telemóvel e os documentos, tiveram um fim trágico. O telemóvel morreu afogado, a carta de condução e o bilhete de identidade (isto foi antes do cartão de cidadão) derreteram e foram ainda colocados mais tarde no tablier do autocarro, numa espécie de estendal improvisado a ver se ressuscitavam. O percurso era do Pomarão até Mértola, o que serão uns 30 quilómetros. No meu caso, eu e a minha infeliz colega de canoa teremos feito mais de 40. Devido à minha descoordenação, a nossa canoa ia de esguelha, aos ziguezagues, encalhando em todos os aloendros do Rio Guadiana – e eram mais do que as mães.

Uns bons anos depois, já a viver em Macau, numa breve viagem ao Vietnam, a Da Nang, vi no hotel um folheto que falava de snorkeling, nas Ilhas Cham. Aquilo pareceu-me atraente e inscrevi-me. Depois de várias peripécias, acabei a mergulhar com um tubo que deveria servir para respirar, ou seja, para me levar ar debaixo de água e acabou a funcionar como palhinha de refresco, permitindo-me degustar a água do Mar do Sul da China, enquanto os outros mergulhadores soltavam gritos eufóricos ao verem os peixes-palhaços. No meu caso, vi apenas uma mancha escura antes de começar a engolir água e regressei ao barco receando ser engolida por ela. Em suma, concluo que, ao cruzar anos e peripécias, perseguindo ineptamente alguns desportos (cuja paixão não me habita os genes, ao contrário do que referiu Sagan), talvez seja essa uma das travesmestras da sobrevivência: a arte da fuga antes de ser devorada, quer seja pela rejeição dos outros, pelas águas do Guadiana, dos mares do Sul da China ou pelos abismos que se abrem dentro de nós mesmos pelos mais diversos motivos ou por motivo nenhum .

O momento mais doloroso, diria mesmo 133

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #399

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