ALGARVE INFORMATIVO 26 de agosto, 2023 #401 DIA DE ALBUFEIRA | D’ZRT NO ESTÁDIO ALGARVE | «CREATED IN FARO» | 42.ª FATACIL EM LAGOA TATANKA E ORQUESTRA DO ALGARVE EM QUARTEIRA | «MAR ME QUER» EM PORTIMÃO
Dia do Município de Albufeira (pág. 24)
FATACIL em Lagoa (pág. 38)
Diogo Piçarra na FATACIL (pág. 54)
Tatanka e Orquestra do Algarve em Quarteira (pág. 72)
D’ZRT no Estádio Algarve (pág. 86)
Festival Mar Me Quer em Portimão (pág. 100)
Exposição «Created in FARO» (pág. 108)
OPINIÃO
Ana Isabel Soares (pág. 116)
Adília César (pág. 120)
Fábio Jesuíno (pág. 122)
João Ministro (pág. 124)
ÍNDICE
Albufeira inaugurou estrutura social de apoio à infância e terceira idade nos Olhos de Água no Dia do Município
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Dia do Município de Albufeira foi marcado este ano pela solenidade, pela arte, pela ação social e por dois grandes concertos, culminando as celebrações num espetáculo piromusical. Após o Hastear das Bandeira ao som do Hino Nacional pela centenária Banda Musical e Recreio Popular de Paderne e Guarda de
Honra pelos Bombeiros Voluntários de Albufeira, teve lugar a inauguração de uma réplica do brasão do concelho, em pedra de 2mx2m, feita por Orlando Sousa, mestre de cantaria de Ferreiras, assim como da instalação «Primavera» conceituada artista albufeirense Vanessa Barragão.
Depois, no Salão Nobre, realizou-se a Sessão Solene do Dia do Município, com a entrega de Medalhas de Bons Serviços
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Municipais de graus Bronze, Prata e Ouro aos trabalhadores do Município. “Neste dia tão rico de História não cruzo os braços nem desisto de uma Albufeira segura, com boas condições de vida para todos, com tranquilidade e com tempo para a vida, que é tão escassa. E quero tudo isto para os trabalhadores deste Município que não têm, geralmente, dias fáceis”, referiu o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Rolo, no seu discurso.
Ao final da tarde procedeu-se à inauguração da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e Creche de Olhos de Água, esta última que entrará em funcionamento já a partir do dia 1 de
setembro. A Creche tem capacidade para 46 crianças, enquanto as restantes valências podem acolher um total de 132 utentes: 57 idosos (ERPI), 35 idosos (em Centro de Dia), mais 40 utentes do Serviço de Apoio Domiciliário. A gestão do espaço, cuja primeira pedra foi lançada a 28 de maio de 2020, fica a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, entidade com qual o Município assinou um protocolo para o efeito logo após a bênção das instalações pelo pároco de Albufeira e Olhos de Água, o Padre Flávio Martins.
Refira-se que apenas a Creche vai funcionar já em setembro, com vista a colmatar as necessidades mais prementes, prevendo-se que as restantes valências abram em janeiro de 2024, uma vez que ainda falta assinar o Acordo de Cooperação com a Segurança Social.
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Trata-se de um investimento do Município de Albufeira de cerca de 5 milhões e 800 mil euros, dos quais cerca de 1,5 milhões de euros foram comparticipado por fundos comunitários (CRESC Algarve 2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEDER).
A infraestrutura possui uma volumetria de 3 mil e 880,72 metros quadrados, distribuídos por duas áreas distintas, uma destinada exclusivamente a Creche e outra ao Centro de Dia e Estrutura Residencial para Idosos (ERPI), ambas com entradas independentes. O equipamento social dispõe ainda de uma área de 1.350 metros quadrados de área exterior, onde constam uma horta biológica, parques infantis e jardins de repouso. O projeto foi elaborado por Marco Caldeira e a construção ficou a cargo da empresa Telhabel – Construções SA.
Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira mostrou-se muito satisfeito com esta nova obra social, mas lamentou a demora e a burocracia existentes e que impedem uma resposta mais célebre às necessidades sentidas pelos cidadãos. “Albufeira é um concelho em constante rejuvenescimento, com crescimento significativo da população, o que leva ao aumento das necessidades de equipamentos deste tipo, nomeadamente no que se refere a creches, jardins-deinfância, escolas, residências para idosos e apoio domiciliário, uma vertente extremamente importante. A inauguração deste equipamento social que junta as valências de Estrutura Residencial para Idosos, Centro de Dia, Serviço
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de Apoio Domiciliário e Creche é, sem dúvida, uma mais-valia para o concelho”, destacou José Carlos Rolo, que reconheceu que estas unidades são muito necessárias em todas as freguesias. “Por isso, dentro em breve vamos ter mais um equipamento em Fontainhas e temos também em curso outro semelhante, ainda em fase de projeto, sempre com o foco nas pessoas”, salientou o edil albufeirense.
No uso da palavra, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, Patrícia Seromenho, fez notar que, não obstante a sua grande satisfação, novos desafios carecem de resposta. “A conjuntura demográfica exige mais camas para residência de
seniores e urge uma maior resposta para o descanso do cuidador, pelo que não desistiremos de ter um Centro de Noite, bem como carrinhas de transporte suficientes e adaptadas e outros recursos, nomeadamente tecnológicos”, afirmou, enfatizando ainda a falta de recursos humanos, sendo que esta entidade procura ainda duas educadoras de infância, bem como trabalhadores para a área dos idosos.
“Espero poder contratar e dar formação a novos recursos humanos, pois, apesar da equipa estar quase concluída, retardar o envelhecimento e reabilitar a saúde traz novas exigências”, justificou.
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A acompanhar as cerimónias da manhã e da tarde esteve José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, que confirmou estar muito satisfeito com a forma como Albufeira utilizou os fundos comunitários, na medida em que se trata de “um projeto com dimensão de proximidade, perto dos cidadãos”. “Parabéns pela magnitude e qualidade desta obra, que é seguramente um bom investimento comunitário”, reforçou. Na inauguração estiveram ainda a Diretora do Centro Distrital da Segurança Social de Faro, Margarida Flores, e o Vice-Presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Caldas de Almeida, entre outras personalidades.
O programa do Dia do Município de
Albufeira contou também com diversa animação. Assim, no dia 19, os Íris juntaram milhares de pessoas que fizeram coro com Domingos Caetano nas músicas mais conhecidas da banda algarvia e dançaram pela noite fora ao som de Zé Black. No dia 20, o entusiasmo redobrou com o concerto de Gloria Gaynor, diva da era Disco que se ouviu repetidamente nas discotecas de Albufeira dos anos 70-80, e que encheu o areal da Praia dos Pescadores até à Praia do Peneco de mais de 40 mil pessoas que vibraram com o talento musical da artista. À meia-noite, os céus de Albufeira iluminaram-se de magia, luz e cor com um espetáculo piromusical que tornou a Praia dos Pescadores ainda mais deslumbrante. Pela madrugada fora, a animação foi conduzida por Deelight DJ Set. No âmbito desportivo, o destaque foi para a 17.ª Prova de Mar de Albufeira .
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Lagoa assistiu à maior FATACIL de sempre
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e 18 a 27 de agosto, todos os caminhos foram dar à FATACIL23, em Lagoa, o maior evento a sul do Tejo que reúne no mesmo espaço tudo aquilo que as famílias necessitam para passarem momentos únicos, entre espetáculos musicais e equestres, gastronomia, animação de rua, artesanato, comércio e indústria, num recinto onde os visitantes
podiam encontrar o que de melhor Lagoa, o Algarve e o país tem para oferecer. A 42.ª Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa contou com cerca de 80 mil metros quadrados de área, à volta de 700 expositores, centenas de pontos de interesse e a maior Fun Zone de sempre.
No ano em que Lagoa comemora os 250 anos da criação do concelho, foram várias as novidades que a FATACIL 2023
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apresentou. O Palco Lagoa, na zona da restauração, teve uma maior dimensão e diversidade cultural, o Espaço Lounge dos Vinhos do Algarve foi ampliado e ofereceu uma maior comodidade e os concertos do palco foram transmitidos na zona da restauração. O espaço «Amar a Terra», onde é feita a promoção de produtos de excelência da Serra, Barrocal e Litoral do Algarve, teve também uma maior área e mais atividades e o espaço Fun Zone foi ampliado para dar resposta aos anseios dos mais jovens. Outra das novidades foi a recuperação da utilização de copos reutilizáveis, sob o tema «Mais vale o mesmo copo na mão do que uma dúzia no chão». Entre as novidades de 2023 constaram ainda uma parada diária, na abertura da feira, um ecrã com diretos do evento e um quiz show interativo na zona de restauração.
No que aos concertos diz respeito, a FATACIL 2023 trouxe a Lagoa Richie
Campbell, Diogo Piçarra, Badoxa, Toy, Quim Barreiros, Chico da Tina, Miguel Araújo, Os Quatro e Meia, Bárbara
Tinoco e Mariza com a Orquestra do Algarve, uma seleção eclética pensada para diferentes gerações e playlists. Com mais de 700 expositores, à música juntouse o artesanato, a gastronomia e vinhos, o turismo, a agropecuária, o comércio e a indústria, numa oferta pensada para graúdos e também miúdos, que nesta edição incluiu o desfile «Animais à solta».
E o Município de Lagoa voltou também a apostar de forma ambiciosa no programa equestre, apresentando nomes como Kevin Ferreira, Rafael Arcos, Miguel da Fonseca, Clemence Faivre, Bruno
Cavalinhos, Patrícia Rocha, Francisco
Cancella de Abreu, Salvador Pessanha, entre muitos mais. Um certame que foi inaugurado, no dia 18 de agosto, pela Ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva .
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DIOGO PIÇARRA DEU INESQUECÍVEL NA
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
DEU CONCERTO FATACIL
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FATACIL é sobejamente conhecida pelo seu cartaz musical e a edição de 2023 não foi exceção, com nomes fortes do panorama nacional a atraírem a Lagoa muitos milhares de espetadores. E uma das noites mais fulgurantes foi, sem dúvida, a de 19 de agosto, com um concerto extraordinário de Diogo Piçarra.
A «jogar em casa», o cantor, músico e compositor farense fez as delícias de dezenas de milhares de fãs com um espetáculo irreverente, explosivo e verdadeiramente emocionante que levou a plateia à loucura da primeira à última canção. Igual a si mesmo, de coração nas mãos, sem tiques de vedeta e com os amigos de sempre – Filipe Cabeças,
Francisco Aragão e Miguel Santos – a seu lado em cima do palco, não há como resistir ao carisma de um dos grandes talentos desta nova geração de artistas portugueses e que despontou para o estrelato, em 2012, quando venceu a primeira edição do programa da SIC «Ídolos». E o resultado é jovens e menos jovens a cantarem do princípio ao fim as suas músicas, adolescentes a chorarem de alegria por estarem tão perto do seu artista preferido, a concretizarem verdadeiros sonhos ao tocarem, abraçarem e até cantarem com Diogo Piçarra, que desce do palco, vai junto das baias de segurança, mergulha no público sem hesitação.
Um concerto eletrizante que começou com «Fala-me de ti», «Coração» e «Noites» e prosseguiu com «Já não falamos», «Até ao fim» e «Saída de
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Emergência», cujo refrão foi cantado à capela, no fim, por um fã que assim fez uma sentida homenagem a um amigo falecido há pouco tempo. De guitarra nas mãos, Diogo Piçarra cantou «Anjos» e «Trevo», depois foi a vez de «História» e «Escuro». Já ao piano, o farense interpretou «Tu e Eu», «Adonde Vas» e
«Paraíso» e assim se entrou na reta final do espetáculo, com «Sorriso», «200», «Wall of Love» e, no encore, «Monarquia» – cantado junto do público – e «Dialeto». Enfim, uma noite para recordar por muitos anos, se calhar até para sempre, daquelas a que Diogo Piçarra já nos habituou .
TATANKA JUNTOU-SE À ORQUESTRA DO ALGARVE PARA UM CONCERTO ESPECIAL EM QUARTEIRA
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
conhecido compositor, cantor e músico Tatanka e a Orquestra do Algarve reuniram-se para um espetáculo único, no dia 20 de agosto, em Quarteira, que levou ao Passeio das Dunas largas centenas de espetadores. Ao lado de Hugo Danin na bateria e Rui Pedro Vaz no baixo, Tatanka e a Orquestra do Algarve protagonizaram, de facto, um concerto fantástico que contou com a direção orquestral de Élio Anes Leal.
Natural de Sintra e dono de um carisma e de uma voz inconfundíveis, Tatanka tornou-se conhecido como o vocalista de uma das mais bem-sucedidas bandas portuguesas da atualidade, os The Black
Mamba. Em 2016 iniciou igualmente uma carreira a solo, voltando às suas raízes e, num registo mais pessoal, tem apresentado histórias e temas originais em português, incluindo os singles «Alfaiate» e «De Alma Despida». Em 2017 foi convidado pela Produtora Tavolanostra para ser mentor musical no projeto «7 Maravilhas de Portugal –Aldeias», tendo realizado momentos acústicos únicos ao longo das galas, com vários artistas convidados. Foi responsável também por concertos esgotados na Casa da Música em 2017 (Sala 2) e 2018 (Sala Suggia).
O seu álbum de estreia, «Pouco Barulho», foi editado em junho 2019, e conta com a participação de Miguel Araújo no terceiro single, denominado «Império dos Porcos». Em 2021 participou no Festival da Canção como
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compositor convidado, com o tema «Love Is On My Side», interpretado pelos seus The Black Mamba, com o qual venceram o Festival, ganhando dessa forma acesso à Eurovisão, onde tiveram uma participação brilhante. Em 2022, foi jurado no programa Ídolos e os «The Black Mamba» receberam o prémio de Melhor Grupo nos Prémios Play em Portugal.
Natural do Bombarral, Élio Anes Leal é licenciado em Direção de Orquestra pela Academia Nacional Superior de Orquestra, onde estudou sob a orientação do maestro Jean-Marc Burfin. Em diversos contextos teve oportunidade
de dirigir a Orquestra Sinfónica do Chipre, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra do Norte, Orquestra Ibérica, Orquestra de Cascais e Oeiras, Orquestra Promenade, Orquestra de Câmara do Luxemburgo, entre outras. Já acompanhou músicos e solistas de vários estilos, destacando-se Artur Pizarro, Sofia Escobar, Carlos Guilherme, Tim Howar, John Addison, Jorge Palma, Luís Represas, Gisela João, Paulo de Carvalho, Rita Guerra, Vitorino Salomé, Mafalda Arnauth, Tim, Carlão, entre outros.
Desde 2005 é maestro da West Europe Orchestra, orquestra de jovens que
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fundou e com a qual foi vencedor nacional da primeira Edição do Prémio Europeu Carlos Magno para a Juventude, em 2008. Entre 2015 e 2022 foi professor no Conservatório de Música da Metropolitana e maestro da Orquestra Juvenil Metropolitana. Dirigiu em estreia absoluta várias obras de compositores portugueses por encomenda da Metropolitana e, em 2019, participou na série da SIC Notícias «As empresas são como orquestras?», em parceria com a Deloitte Portugal. É regularmente convidado para dirigir estágios de orquestra para jovens um pouco por todo o país .
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D’ZRT ENCERRARAM ENCORE TOUR NO ESTÁDIO ALGARVE
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Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
ma moldura humana impressionante assistiu, no dia 19 de agosto, no Estádio Algarve, ao término da Encore Tour, que reuniu, de novo em palco, Paulo Vintém, Edmundo Vieira e Cifrão. 12 anos depois da separação dos D’ZRT, e após 11 concertos de lotação esgotada, o «Regresso ao Verão Azul» não defraudou as expetativas dos milhares de fãs da icónica banda que surgiu, em 2004, no seio da série de televisão «Morangos com Açúcar» da TVI.
Os D’ZRT apareceram quando o fenómeno das boys band chegou a Portugal, coincidindo igualmente com o
boom das séries para adolescentes nas televisões nacionais. Não surpreendeu, por isso, o sucesso imediato que o quarteto formado por Angélico, Vintém, Edmundo e Cifrão alcançou e que deu origem aos discos «D’ZRT» (2005) e «Original» (2006). No ano seguinte, os quatro músicos decidiram seguir caminhos separados, uma escolha que não demorou dois anos, com «Project» a ser editado em 2009. O falecimento precoce de Angélico Vieira, em 2011, viria a ditar, no entanto, a extinção efetiva dos D’ZRT. Em 2023, o trio voltou de novo à estrada e uma Encore Tour completamente esgotada demonstrou que os fãs não esqueceram as músicas da banda .
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FESTIVAL MAR ME QUER ENCHEU DE MÚSICA E ANIMAÇÃO A ZONA RIBEIRINHA DE PORTIMÃO
Texto: Ricardo Coelho| Fotografia: Ricardo Coelho
epois de uma primeira edição muito bemsucedida em 2022, o Festival Mar Me Quer regressou à zona ribeirinha de Portimão com um cartaz que continua a conquistar cada vez mais público, afirmando-se como um marco na movida cultural de Portimão e no panorama dos festivais de Verão. De 10 a 12 de agosto, foi possível desfrutar de nomes como
Ivandro, Calema, Julinho KSD, Plutónio, Pedro Mafama, T-Rex, Fernando Daniel, Nininho Vaz
Maia, Quem é o Bob?, Rafaell
Dior, Ricardo Sousa e os DJs Noise Tribe, Wilson Honrado e Nuno Luz.
De acordo com a organização, o evento nasceu do desejo de unir um festival às questões ambientalistas e de
sustentabilidade do planeta. O festival é, por isso, eco-consciente, pelo que se aliou ao programa «Sê-lo Verde», que tem como objetivo tornar os festivais e eventos mais sustentáveis e promover práticas ecológicas e amigas do ambiente. Nesse sentido, as bilheteiras foram suportadas energeticamente por painéis solares e baterias, foram utilizados carros elétricos para a distribuição de flyers promocionais, flyers esses impressos em papel reciclado, a onda de calor e o desperdício foram combatidos com bebedouros com água potável para todas as pessoas e com a distribuição de garrafas reutilizáveis pelas equipas técnicas e de produção, entre várias outras medidas mitigadoras do impacto ambiental do festival. A arte urbana do recinto ficou a cargo de artistas plásticos, com mensagens de preservação dos oceanos .
Uma visão industrial de Faro
Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto
uando se fala de indústria em Portugal sentese um ranger de dentes e um arrepio geral da audiência. A indústria é geralmente mal-amada e as empresas que dela se servem sentem-se um pouco como o patinho feio do setor económico. Este preconceito económico, e social até, tem várias explicações, desde à má reputação que é atribuída aos empresários industriais, passando pelos atuais valores ecológicos que atribuem as culpas ao setor por alguma incúria ambiental.
Questões filosóficas ou históricas à
parte, o certo é que a indústria é a grande mola e suporte económico da maior parte das potências internacionais como o Reino Unido, Estados Unidos da América, Alemanha, não podendo, claro, omitir a China, Japão e até a Ucrânia, que ultimamente temos ouvido falar muito devido à guerra, e onde constatamos que são um país fortemente industrializado e, por isso, muito apetecível, tanto por europeus como pelos russos.
A indústria, devido à sua importância, conseguiu até ter uma disciplina da história que através da Arqueologia Industrial documenta e analisa a sua relação com a sociedade, daqui resulta muito do Turismo Industrial e, claro, também existe uma variante da
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fotografia designada por Fotografia Industrial. Foi nessa premissa – da Fotografia Industrial – que a ALFA, com o apoio da autarquia farense, desenvolveu o projeto «Created in FARO», que resultou na exposição fotográfica que está patente no Jardim Manuel Bívar, em plena baixa de Faro, junto à doca. A curadoria da ALFA reuniu um conjunto de 9 empresas de destaque e relevo na sociedade e economia farense, algumas com mais de 50 anos de existência e outras emergentes, e atribuiu a 9 fotógrafos algarvios a missão de fotografar cada empresa com a sua visão artística de autor aplicada à linha da Fotografia Industrial.
O conjunto das empresas fotografadas representa uma mais-valia económica relevante para a cidade e a região, empregando, no seu conjunto, cerca de 800 pessoas. Para Luís Afonso,
Administrador da Metalofarense, esta iniciativa é muito interessante, “para dar a conhecer as empresas, sobretudo porque temos falta deste tipo de desafios que também nos provoquem, no bom sentido, a participar na sociedade”. Miguel Rodrigues, CEO da «I’m Nat», a empresa mais recente do conjunto, destaca sobretudo o facto de “esta exposição mostrar de forma apelativa o lado mais interno e desconhecido das empresas”. Parreira Afonso, do Grupo Rolear, refere que o «Created in FARO» “envolveu as pessoas, criou relações e desenvolveu sinergias para o Algarve”.
O resultado está disponível para visita nas estruturas expositivas LSP – Large Street Photography, com as quais a ALFA
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já realizou outras exposições de rua. Estas estruturas com uma linha estética simples expõem fotografias de grandes dimensões ao ar livre, permitindo o usufruto artístico das mesmas a qualquer
hora do dia, estando neste caso disponíveis até dezembro.
Ainda no âmbito do projeto, e devido ao impacto positivo que a exposição tem
gerado, está previsto a edição de um catálogo impresso da exposição com apresentação ao público integrada nas
comemorações do Dia da Cidade, em setembro .
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Octogésima terceira tabuinha - Joelho (XXIV)
Ana Isabel Soares (Professora)
ma das séries que mais me tem agradado ver neste agosto é Homicídios ao Domicílio (Only Murders In The Building, 2021–), que passa numa das plataformas de difusão digital e que alimenta – calculo que com chorudos lucros, a julgar pela adição que a ela me mantém presa e que percebo noutros espectadores como eu. (Obrigada, Mirian, pela sugestão!). A atração atacou-me logo pelo título e pela curiosidade: como descalçariam os argumentistas a bota de uma limitação espacial tão exata (ainda que o edifício em causa, o Arconia – cuja encarnação real é «The Belnord» –, na alta chique de Manhattan, quarteirão da 86 com a Broadway, seja suficientemente vasto, visitado e habitado para dar casos de homicídio de frequência tão plausível quantos os que, ocorridos na pequena Kembleford, alimentam temporadas de décadas)? E que apelo poderia ter aquele título, cujo sentido só plenamente se agarra adentrado o primeiro episódio? Enfim, o genérico. O genérico da série é uma intrincada animação a partir de desenhos de Laura Pérez (que acaba por ser como que integrada na trama, por via de Mabel, a artista que uma tia contrata para decorar o seu apartamento); nada de «saltar a intro», pois o início de cada episódio integra pistas para a sua trama. A fonte usada, «New Yorker Type
Regular», é precisamente a da revista The New Yorker, quintessência do manhattanite. A música do genérico, composta por Siddhartha Khosla (uma melodia entre o dinâmico, o alegre e o misterioso) acompanha o dinamismo da animação de abertura, que segue como se a câmara subisse a fachada do edifício para mostrar, através de várias janelas indiscretas, personagens e situações que são, desde logo, pistas.
Foi o filme realizado em 1954 por Alfred Hitchcock (creio que Rear Window, o título original, funciona melhor a ocultar o mistério do que o denunciador «indiscreta» da versão em língua portuguesa) que se me fixou no pensamento desde que comecei a ver OMITB. Apesar das diferenças óbvias (a imobilidade do protagonista hitchcockiano, por oposição ao formigueiro do trio da série, tudo o que no filme é síntese e na série se dilata, ...), o ambiente de vizinhança de OMITB (no mapa real de Manhattan, pouco mais de meia dúzia de quilómetros, calcorreados de Sul para Norte do mesmo lado ocidental da ilha, separam Greenwich Village, lugar de onde L.B. Jefferies espiolhava os outros moradores do nº 125 da Christopher St., do «building» que dá nome à série) pode ser visto como um tributo ao misterioso ambiente do mestre do suspense.
Mas é sobre o trio de protagonistas que
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assentam os pilares da intriga. Tratandose de uma série, ao longo dos vários capítulos, cada personagem tem espaço e tempo para ganhar densidade – e constituir aquilo que viciados como eu acabam por acolher como «gente de casa». É assim que vou achando piada às características de cada um deles, enternecendo-me com as suas
idiossincrasias, emocionando-me quando se emocionam. Como em quase todos os episódios, a dado momento no oitavo da segunda série, um dos diálogos entre os dois protagonistas mais velhos (Oliver Putnam e Charles-Haden Savage, os maravilhosos Martin Short e Steve Martin, já agora, uma das duplas nominais mais bem esgalhadas e
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Foto: Vasco Célio
especulares da complementaridade dos dois personagens) é uma belíssima peça de absurdo nonsense (perdoe-se-me o pleonasmo), que atira o decurso da intriga para um lugar totalmente fora do interesse da resolução. Se a vontade de ver se ficar pela curiosidade de saber «quem matou», chega a ser desesperante o modo quase senil como Charles e Oliver divagam – no fundo, convergindo, fazem divertir o sentido. Porém, é no pormenor dos diálogos destes momentos aparentemente improfícuos para o desenrolar da ação que, por um lado, os personagens se consolidam, e, por outro, se percebe a genialidade da escrita do argumento. A pobre da outra protagonista, Mabel Mora (interpretada pela atriz-cantora-atriz-produtora Selena Gomez), que completa o trio sobre o qual se vai tecendo a trama de OMITB é a mais focada dos três e mimetiza nestes instantes laterais a emoção e o rolar de olhos dos espectadores: ser a mais jovem traz-lhe, por comparação com os dois oldtimers, os benefícios de uma fisiologia e de um estado cerebral mais focalizado; mas acrescenta nela a ansiedade causada pela interrupção da ação. O episódio chama-se «Olá, escuridão» («Hello, darkness», agosto de 2022) e a ação decorre durante um apagão em Manhattan. Para entrarem nos seus apartamentos, Mabel, Charles e Oliver têm de usar as escadas interiores. Os dois primeiros vão na frente, mas Oliver – a personagem mais dramática, ou não fosse um antigo encenador de teatro –, que, além do mais, carrega num saco de plástico caixas de «dip», os molhos que lhe ofereceram no café habitual e de que quase exclusivamente se alimenta, começa a ficar para trás e acaba por
sentar-se num degrau, queixando-se de que não consegue continuar a subir. “E são os meus joelhos. Operei-os há pouco. São modelos frágeis. Alfa Romeos, não é cá BTT. Não aguento estes desvios”*. Parado uns degraus acima, Charles gaba os seus: “Estes meninos operei-os em 2006, e olha: ainda aqui estão para as curvas”. “Ah, sim? Quem é que operou os teus?”. “O Dr. Arslanian, na 85 com a Lex”. De olhos esbugalhados, Oliver exclama: “Estás a gozar! Foi o Arslanian que operou os meus!”, ao que Charles concorre: “É o melhor gajo de joelhos em Manhattan, não é?”. “Mas de longe! Já a rececionista dele, vai lá, vai...”. “Ah, nem me faças falar da Cheryl”. Uma maravilha de diálogo que a sensata – e impertinente – Mabel, igualmente parada nas escadas, interrompe: “Hello? O assassino em fuga...? A jovem em perigo...?”. “Desculpa, tens razão”. Quando Oliver insiste que não tem mesmo como prosseguir a subida, Charles sugere que abandone o saco dos molhos («that 50pound bag of ballast»). Oliver, inconsolável, afirma que não o consegue fazer – e Charles remata, em duas pérolas sério-fonético-literárias: “Hips before dips, Oliver. Knees before cheese”. (“A bacia está acima dos molhos, Oliver. Os joelhos acima do queijo”) .
* Traduzi livremente o diálogo, cuja transcrição se pode encontrar aqui: https://transcripts.foreverdreaming.org/view topic.php?t=79784&sid=5921cb0943b316145 98ef98ed505ea4f
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Sei o que fizeste no verão passado Adília César (Escritora)
“Eu gosto é do verão de passearmos de prancha na mão saltarmos e rirmos na praia de nadar e apanhar um escaldão e ao fim do dia, bem abraçados a ver o pôr do sol patrocinado por uma bebida qualquer”. Eu gosto é do verão, canção do grupo musical A Fúria do Açúcar
ei o que fizeste. Com a devida antecipação, a bruma das férias envolveute delicadamente e estacionou em todos os teus poros. Assinalaste os dias no calendário do mês de agosto, pesquisaste ilhas paradisíacas da Ria Formosa e horários de ferrys. Compraste um novo fato de banho, rosa choque, provavelmente influenciada pelo filme da Barbie. Leste com atenção o teste de bronzeadores e protectores solares, realizado pela Deco Proteste; costumas optar pela Escolha Acertada, mas desta vez resolveste subir a parada, em correlação directa com as tuas expectativas de férias, e adquiriste o Melhor do Teste: Piz Buin Tan & Protect Tan Intensifyng Sun Spray 30 SPF –para uma pele perfeita. Entretanto, as férias acabaram. Desta vez esmeraste-te: que comportamento tão original, esse de morar no Algarve e não ir à praia…
Sei o que fizeste. Emergiste do fundo da fonte, como uma sereia. A tua mítica personagem destoava apenas nas barbas brancas. Quer dizer, barbas brancas numa sereia é um pouco inusitado, mas veem-se coisas piores quando saímos à rua. Ainda ontem vi no Jardim da Alameda um homem
muito musculado vestido de saia e blusa de alças, abanando-se freneticamente. Andou de um lado para o outro e depois perguntou para quem o quis ouvir, num tom vocal grave de barítono: “estão a rir de quê?”. E foi-se embora de rompante, tal como tinha chegado. Uma espécie de sereia dos jardins, a bem dizer. Sedutora e confiante, tal como eu imaginaria a Musa das Três Fontes Secas, caso ela existisse.
Sei o que fizeste. O Festival F chamou por ti. Ou melhor dizendo, cantou para ti. Não sabias a que palco havias de te dirigir, mas seguiste a multidão eufórica que subitamente se ramificava e logo de seguida parecia diluir-se noutra massa humana, como uma geografia ondulante própria dos lugares do entretenimento. É uma alegoria repetitiva, como os discos riscados que tocam indefinidamente o mesmo fragmento musical. Os espectadores têm copos na mão e bebem líquidos coloridos que lubrificam veias e artérias. Ficam coloridos por dentro e pálidos por fora. Tu és alérgica ao álcool e bebes Coca Cola, comprada a muito custo depois de uma longa espera em fila, com pessoas coladas umas às outras como as lagartas do pinheiro. Tens sede e bebes três golos em três tempos num modo automático de sucessão rápida, numa
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tentativa de te adaptares à grande engrenagem de gente alegre e excitada. Sentes-te uma peça da frenética máquina de consumo que alimenta a sociedade do espectáculo. Arrotas. Que falta de educação. Já não tens idade para arrotar em público.
Sei o que fizeste. Tomaste uma decisão e passaste da teoria à prática. Há atitudes drásticas que são perfeitamente compreensíveis, porque as aves fazem o que querem. Voam por cima dos muros e vedações do jardim e atravessam a estrada. Pousam nas varandas do prédio. Vocalizam o seu é-ó tão característico a qualquer hora do dia e da noite. Ora essa, as pessoas que moram nas redondezas não gostam de ser incomodadas por aquele ruído animalesco e dissonante. As pessoas preferiam que as aves tivessem um interruptor – switch on switch off – para se ligar e desligar o pupilar dos pavões, permitindo-lhes atividade vocal apenas durante as horas consideradas adequadas. No abrigo, a pavoa quer chocar os seus oito ovos, mas tu destróis sete, deixando-lhe apenas um filho único. Com alguma sorte, crescerá saudável e belo, tal como os seus irmãos e irmãs seriam. Afinal, já há muitos pavões e pavoas no jardim, a incomodar as pessoas nas suas residências pagas mês após mês, a tanto custo, com taxas de juro inacreditáveis. Não é admissível que essas pessoas sejam incomodadas pelas magníficas aves que habitam aquele lugar desde o século passado. Aquele chão, aquelas árvores mais antigas que qualquer um de nós: esse “absoluto que pertence à terra” (diz Hermann Broch). A pavoa olha o que fizeste, incrédula e serena, sabendo que tem uma tarefa a cumprir: chocar o ovo do seu filhote. O pavão, nada subtil, solta um é-ó bem sonoro, como de costume, e voa para longe. O tratador apanha uma mão cheia de penas que os pavões deixam cair pelo chão e
oferece-as ao turista que se aproximou da porta do abrigo, trocando-as por algumas moedas. Ao fim do dia conseguiste ir até à praia e deste um mergulho no mar que é da cor das penas dos pavões que nunca iriam nascer. Sentiste a tristeza da concha vazia que se afunda para sempre. Mudam-se os tempos, ou melhor dizendo, as penas, e não se mudam as vontades. Os tempos… esses são de miséria humana. Ah Camões, se tu visses com o teu olho o que eu tenho visto com os meus dois olhos…
É verão. Acontecem estes e outros deslizamentos de terras, incêndios, inundações, guerras. É verão e os fantasmas dos verões anteriores chamam por ti, enquanto secam as três fontes do jardim e morrem os pavões. Há areia a corromper a engrenagem humana. Tudo muda, menos a tua sonolência veranil. É quase noite, mas ainda será uma noite de verão: é-ó, a terra arde, é melhor chamar os Bombeiros .
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Bem-vindos ao mundo do YouTube Fábio Jesuíno (Empresário)
YouTube tornou-se na mais influente fonte de entretenimento atual no mundo com uma população de 1,5 mil milhões de pessoas.
Este mundo começou a ser criado em fevereiro de 2005, depois de três funcionários do PayPal (empresa de pagamentos online) Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, se terem deparado com um problema, a dificuldade de partilhar vídeos de uma festa na internet. O primeiro vídeo foi publicado no dia 23 de Abril de 2005, com o título «Me at the zoo», onde um dos fundadores aparece no jardim zoológico de San Diego, nos Estados Unidos da América. Em Novembro do mesmo ano, o vídeo publicitário da Nike com o futebolista Ronaldinho foi o primeiro a ser visto por mais de um milhão de pessoas.
O YouTube, que também é uma rede social, teve de imediato um grande sucesso. Em 2006 eram inseridos 65 mil vídeos todos os dias na plataforma, com 100 milhões de visualizações diárias. Todo este sucesso despertou o interesse do Google, que concluiu a compra no mesmo ano por 1.650 milhões de dólares. A revista TIME constatou que era o início de uma grande mudança e por esse motivo elegeu o YouTube, como a personalidade do ano de 2006 com a mítica capa «You» onde destacava a explosão dos conteúdos criados e acessíveis a todos.
Em 2008, este grande mundo digital lançou a versão mobile e no ano seguinte, em 2009, surgiram os vídeos em HD e o reconhecimento de voz. Também nesta altura começou a lucrar com a implementação dos anúncios nos vídeos, o Content ID para pagamentos dos direitos de autor e o importante programa de parcerias.
Esta plataforma digital criou em 2011 os vídeos em direto, nasceu assim o YouTube Live, uma autêntica inovação na época pela sua simplicidade de utilização que foi também uma oportunidade para divulgar ao vivo em grande escala as manifestações da Primavera Árabe que ocorreram em vários países no Oriente e no Norte da África.
O YouTube foi crescendo e, para além de ser um dos principais meios de entretenimento, também se tornou numa grande plataforma de partilha de conhecimento e de ensino. Para aumentar a criação e qualidade desses conteúdos, foi criado em 2013 o canal Youtube Edu, um projecto exclusivo de conteúdos educativos dividido por disciplinas, implementado em vários países. A aposta na educação cresceu e recentemente a plataforma do Google investiu 20 milhões de euros no YouTube Learning, uma iniciativa que visa apoiar e incentivar a sua comunidade de utilizadores a partilharem o conhecimento.
Atualmente, o vídeo é um conteúdo muito popular e o YouTube tem contribuído, facilitando a qualquer pessoa partilhar, produzir ou transmitir em direto sem precisar de nenhum equipamento
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profissional, e incentivando a sua qualidade através da partilha dos valores da publicidade.
Com o sucesso desta plataforma de vídeos surgiu uma nova profissão, os youtubers, pessoas que se dedicam a criar conteúdos em exclusivo para esta ferramenta de partilha de vídeos, em alguns casos, altamente lucrativa e com um impacto global.
Os Youtubers são grandes influenciadores digitais, muitos deles têm uma legião de fãs, que os tratam como ídolos, principalmente junto dos jovens. Uma influência que desperta o interesse de muitas marcas e a sua inclusão em campanhas de marketing e de publicidade com níveis de sucesso muito elevados, sendo neste momento um dos canais de comunicação digital com maior crescimento.
O YouTube popularizou a criação de conteúdos de vídeo e contagiou as restantes redes sociais, onde são destacados em relação aos restantes conteúdos, como acontece no Facebook. Foram também criadas formas inovadoras de consumir os vídeos, como a criação das Histórias, lançadas em 2013 pela aplicação e rede
social Snapchat, vídeos com a duração de 10 segundos que são apagados após 24 horas, um conceito que se tornou muito popular.
Neste mundo onde o vídeo é Rei, a música sempre esteve em grande destaque, onde alguns do principais canais e vídeos com maiores visualizações e sucesso são musicais. Nessa perspectiva a empresa decidiu lançar o ano passado um novo serviço, que deu o nome de YouTube Music. Este serviço de streaming de música permite aproveitar todas as funções já disponíveis na plataforma e adicionar alguns extras, como a pesquisa inteligente, de modo a quem ouve conseguir encontrar de uma forma fácil uma determinada música. Com um custo adicional e sem publicidade, o utilizador pode ouvir a música em fundo e fazer downloads. Um serviço que está a ter sucesso e promete ser um grande gerador de receita para o universo Google.
Existem muitos desafios neste mundo, um deles é a proteção dos menores, para isso a plataforma lançou uma versão dedicada ao público infantil, o YouTube Kids, uma aplicação que recomendo, que serve para restringir o acesso aos conteúdos e possibilita aos pais selecionarem manualmente quais os vídeos disponíveis para os filhos, negando o acesso a conteúdos fora da lista escolhida. Esta versão também dispõe de um novo algoritmo de classificação de comentários de vídeos.
Os vídeos são o maior consumidor de tráfego da internet, onde a plataforma do Google se destaca na liderança. Uma em cada cinco pessoas em todo o mundo passa todos os meses por esta plataforma .
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O Lince da Justiça
João Ministro (Engenheiro do Ambiente e empresário)
onheço biólogos e outros investigadores que durante décadas estudaram a ocorrência do Linceibérico em Portugal sem nunca o terem visto ao vivo. Apenas os seus vestígios orgânicos, rastos na paisagem ou notícias de avistamentos por outras pessoas. Vem isto a propósito de como a justiça tem actuado em questões ambientais no Algarve (e não só). Muita teoria, muitos imbróglios jurídicos e pouca acção no terreno (ou nenhuma mesmo), ao ponto de se assemelhar a uma espécie rara no que à sua detecção diz respeito. A realidade é de tal ordem que é hoje mais provável vermos um lince na região, em carne o osso, do que assistirmos à actuação da justiça em prole do bem comum.
Veja-se o que se passa com o escândalo das plantações de abacateiros em Lagos, Tavira ou Castro Marim como bem noticiou recentemente a CNN* numa extensa reportagem sobre esses casos e de como estão as entidades a (não) agir. Apesar da ilegalidade dessas plantações –ilegalidades essas já transitadas para os órgãos da justiça – continuam a consumir diariamente milhares de litros de água subterrânea, a produzir e a vender como se nada fosse com eles. E tudo perante o olhar incrédulo dos cidadãos que, além de verem o escasso recurso Água a ser
depauperado de forma vergonhosa num momento tão difícil como o que vivemos hoje, são ainda alvo de ameaças e de gozo descarado.
Mas não ficam por aqui as perplexidades da justiça. O que dizer das largas centenas de casas amovíveis instaladas no barrocal algarvio, em zonas de Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional, sem qualquer licenciamento municipal? Cabanas, barracas, contentores ou caravanas que, mesmo depois de denunciadas às autoridades e sujeitas a fiscalizações, continuam alegremente a multiplicar-se? Sem qualquer punição maior do que meras multas que mais não servem para silenciar a gritante situação de «afavelamento» em expansão do interior? Por motivos incompreensíveis, mesmo quando essas fiscalizações originam processos em tribunal, com indicação para demolir ou remover, as decisões são sempre no sentido de «desculpar» o prevaricador, o coitado e inocente, nada acontecendo e tudo permanecendo.
Percebe-se, contudo, o porquê desta massiva ocupação do espaço rural: a ausência de habitação a custos acessíveis nas cidades. Um problema que se arrasta há vários anos. Mas sejamos claros: não pode ser à custa do total desordenamento territorial, da ocupação de leitos de ribeira e de solos agrícolas, da
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degradação da paisagem ou até da criação de situações de insegurança e risco de incêndios, que tais infracções podem persistir. Não pode.
Por estas e muitas outras, a percepção que se retira da situação actual é simples: o crime ambiental compensa e enquanto assim for iremos continuar a assistir impavidamente à lenta degradação e destruição do nosso património.
Mais vale irmos procurar linces para a serra. A probabilidade de os encontrarmos, ainda que remota, é
certamente maior do que a de ver a justiça a funcionar e alguns destes problemas resolvidos. Gostaria que assim não fosse. Mas os tempos actuais são mais favoráveis ao lince! .
* https://cnnportugal.iol.pt/a-lei-doabacate/abacate/a-lei-do-abacateplantacoes-consideradas-ilegaiscontinuam-a-consumir-agua-numalgarve-em-seca
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