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ALGARVE INFORMATIVO 2 de setembro, 2023
1 NA FESTA DO BANHO 29 EM LAGOS | FESTIVAL DE ACÓRDEÃO JOÃO CÉSAR | «MARÉ» ALGARVE |INFORMATIVO #402 TOY «G.IG.G.Y» CRAQUES DO FUTSAL EM PORTIMÃO | XXIV DIAS MEDIEVAIS DE CASTRO MARIM | ALJEZUR EM FESTA
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ÍNDICE Record International Masters Futsal em Portimão (pág. 20) Aljezur em Festa (pág. 28) Banho 29 em Lagos (pág. 44) XXIV Dias Medievais em Castro Marim (pág. 58) Noite Branca Algarve - Loulé (pág. 86) MARÉ em Quarteira (pág. 108) G.IG.G.Y em Tavira (pág. 118) Festival de Acórdeão João César em Portimão (pág. 126)
OPINIÃO Adília César (pág. 132) Sílvia Quinteiro (pág. 134)
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Kairat sagrou-se campeão do Record International Masters Futsal 2023 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Sigma Stars Kairat Almaty, do Cazaquistão, venceu, no dia 26 de agosto, a sexta edição do Record International Masters Futsal 2023, disputado em Portimão, depois de derrotar o Braga na terceira jornada, naquela que foi a sua terceira vitória em três jogos disputados. Um golo do pivô ALGARVE INFORMATIVO #402
Dener aos 39 minutos ditou o desfecho da partida, após assistência de Caio Ruiz, ala brasileiro que passou pelo Portimonense e Sporting, com a equipa cazaque a suceder assim ao Sporting na lista de vencedores desta competição realizada no Portimão Arena. Já no domingo, 27 de agosto, o Benfica derrotou o Anderlecht por 6-3 e garantiu a «medalha de prata» do torneio . 20
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ALJEZUR FESTEJOU FERIADO MUNICIPAL COM CINCO DIAS DE MUITA MÚSICA E ANIMAÇÃO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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oram cinco dias de festa em Aljezur para celebrar o feriado municipal do concelho, com a vila a estar repleta de animação de 25 a 29 de agosto, fruto de um cartaz recheado com nomes sonantes da música nacional. As festividades arrancaram na sextafeira, dia 25, com a abertura da Street Food, junto ao mercado municipal, com muitos petiscos, tasquinhas e apontamentos musicais. No dia 26 a noite animou-se com o som do Deejay Telio e, seguindo o mesmo tom contagiante, Richie Campbell subiu ao palco no dia 27. A já popular Noite A – Festa Multicultural, com o branco como «dress code», teve lugar a 28 de agosto, ALGARVE INFORMATIVO #402
com Rita Guerra a dar um concerto intimista no palco do Castelo e o palco principal a vibrar com um espetáculo estrondoso dos D.A.M.A. com um convidado muito especial, Buba Espinho, para uma atuação memorável. A festa continuou na manhã do dia feriado com a tradicional marcha-passeio até à Praia do Monte Clérigo e a recriação do Banho de 29. Ao final da manhã teve início a «Mega Sardinhada em sua Casa», com a distribuição gratuita, em todas as freguesias, das sardinhas para este momento de confraternização. O encerramento das festividades ficou a cargo, no palco principal, de João Pedro Pais, num concerto de músicas intemporais que fechou com «chave-deouro» estes cinco dias de celebração . 30
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LAGOS REVIVEU A DO BANHO 29 COM Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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A TRADIÇÃO M MUITA FESTA
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ma das celebrações mais queridas dos lacobrigenses voltou a marcar presença no dia 29 de agosto, com a Festa do Banho 29 no Cais da Solaria e Jardim da Constituição que teve o popular cantor Toy como cabeça de cartaz. A comemoração remonta a tempos e ritos ancestrais para assinalar o final do Verão, acreditando os populares que o purificante banho de mar a 29 de agosto valia por 29 banhos e afastava os demónios. Atualmente, a data é mote para muita festa que convida residentes e visitantes a recordar a tradição. O dia começou com a recriação histórica pelo Centro de Estudos de Lagos ao longo da Avenida dos Descobrimentos e Praia da Batata
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durante a manhã, recordando os tempos em que as gentes vinham das suas aldeias rurais com os comes e bebes para o tão afamado banho. Às 18h, a celebração fezse entre o Cais da Solaria e o Jardim da Constituição e, para além de animação de música e dança, esta edição contou com dois concursos de trajes de banho tradicionais – um na vertente de «Tradição e Comunidade» e um na vertente «Moda e Inovação», este último dedicado a estilistas e designers de moda. Bem antes do emblemático banho noturno, o ponto alto do dia foi o concerto de Toy, artista português habituado a animar multidões com êxitos como «Coração não tem idade» ou «Verão e amor», com o DJ Rhythm a fechar a noite de animação .
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CASTRO MARIM VIA NOS XXIV DIAS MED Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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AJOU AO PASSADO DIEVAIS
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e 23 a 27 de agosto, Castro Marim viveu a 24.ª edição dos Dias Medievais e, depois de, em 2022, se ter registado a maior afluência de que havia memória, este ano o foco foi o crescimento da melhor recriação histórica do país, alicerçado numa garantia de segurança e qualidade. A acessibilidade foi um dos fatores mais investidos, com a introdução de novas bilheteiras digitais e com o alargamento e reorganização dos parques de estacionamento, uma melhoria substancial e notada por todos os que visitaram o certame. O crescimento do mercado medieval para novas áreas da vila e a criação de novos palcos, por onde circularam os cerca de 30 grupos de animação contratados, também criaram ALGARVE INFORMATIVO #402
uma maior fluidez e ofereceram mais qualidade na experiência oferecida ao visitante. A segurança e o socorro foram também enfoques da preocupação da organização, que garantiu o reforço da segurança policial, bem como um posto de enfermagem e um posto médico e equipas com desfibrilhadores a circular em todo o evento. Por outro lado, a sustentabilidade ambiental traduziu-se na redução e separação de resíduos, além da efetiva redução de gasto em papel na produção de todos os materiais gráficos e da utilização de materiais recicláveis pelos estabelecimentos aderentes. A afirmação destes novos fatores não representou, no entanto, um menor investimento nos estandartes dos Dias Medievais em Castro Marim – o rigor histórico e a animação. A exclusividade 60
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de alguns dos 30 grupos de animação, nacionais e internacionais, e mais de 100 exibições diárias em todo o recinto do evento, a recriação de mais de 45 artes e ofícios, a experiência dos banquetes, os grandes espetáculos, como os torneios, num espaço fechado e restrito, os diferentes espaços destinados à animação infantil, o envolvimento de dezenas de estabelecimentos e associações e de centenas de figurantes, todos estes fatores enriquecem e distinguem este evento, tornando-o numa experiência única e inesquecível e um verdadeiro regresso à época mais intrigante e misteriosa da nossa história.
Castro Marim foi uma organização do Município de Castro Marim, em parceria com associações e juntas de freguesia locais, e com o apoio institucional da Região de Turismo do Algarve, mas, sublinha a vice-presidente da autarquia castromarinense, Filomena Sintra, “é
uma organização sustentada em muitos esforços, desde funcionários, dirigentes, associações, empresas, castromarinenses e visitantes, pelo que reiteramos o nosso agradecimento a todos os que se envolvem ano após ano” .
A XXIV edição dos Dias Medievais de
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MAIS DE 80 MIL PESS NA NOITE BRANCA AL Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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SOAS PARTICIPARAM LGARVE – LOULÉ
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cidade de Loulé esteve coberta de uma mancha branca no dia 26 de agosto, fruto do regresso da Noite Branca Algarve – Loulé, evento que, de forma simbólica, assinala o encerramento do programa de animação de Verão na região. De dois em dois anos, sempre no último sábado de agosto, a festa pioneira que nasceu em 2007 voltou a atrair uma verdadeira multidão desejosa de ser surpreendida pelas propostas que o Município de Loulé preparou e, desta feita, após uma paragem forçada devido à pandemia, a vontade de vivenciar este momento foi ainda maior. Perto de 30 bandas, mais de 200 animadores, quase 20 palcos e uma ALGARVE INFORMATIVO #402
decoração arrojada, com apontamentos singulares, deliciaram as mais de 80 mil pessoas que estiveram em Loulé nesta noite. Baloiços gigantes em plena Praça da República, a imagem de um cisne cinzento a contrastar com a rotunda do Largo Gago Coutinho enfeitada de branco, uma iluminação a dar ainda mais brilho ao Castelo de Loulé, uma bola de espelhos a transformar por uma noite a fachada dos Paços do Concelho, luzes, cores, elementos geométricos, figuras brancas em tamanho XXL, em cada ponto do espaço urbano a decoração havia motivos para uma paragem para uma foto para mais tarde recordar. A música, como é óbvio, não podia faltar para dar ainda mais excelência a este evento, com nomes como Carlão, Dino D´Santiago, The Black Mamba, Karetus, Irma, Entre Aspas, Edmundo 88
Ana Paula Martins, António Miguel Pina, Rosa Palma, Vítor Aleixo, Rogério Bacalhau e Vítor Guerreiro
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Inácio e muito mais. O ex-Da Weasel trouxe consigo a boa disposição e o ritmo certo para uma noite de euforia, seguindo-se, também no Palco Estátua, momentos inesquecíveis com Dino D´Santiago a tocar «em casa» e a interpretar de forma emocionada o seu «Sou Quarteira», bem como outros temas que têm feito dele uma referência na esfera musical lusófona. Já os Karetus trouxeram uma energia contagiante com a sua eletrónica que fez vibrar várias gerações unidas pela música. No Palco Chafariz, a voz de Tatanka encantou os milhares vestidos de branco que assistiram ao concerto dos The Black Mamba. Já na Avenida, Viviane e os Entre Aspas fizeram-se acompanhar por alguns convidados, como o inconfundível louletano Nuno Guerreiro. Mas a Noite Branca também se faz do ambiente criado pelos DJs e foram muitos os que ALGARVE INFORMATIVO #402
atuaram em espaços que se transformaram em verdadeiras pistas de dança, casos da Cerca do Convento do Espírito Santo, do Largo de S. Francisco ou da Praça da República, com Bubba Brothers, Miss Sheila, os DJs da Rádio Comercial, Nuno Luz e Rob Willow, além da prata da casa (M. Rox, Sylva Drums, Rodriguez e Billy Boy). Diretamente vindo da Austrália, Dub FX trouxe o beat box conjugado com sonoridades do hip-hop e do reggae, uma atuação acompanhada de forma bastante entusiasmada pelo público que, durante quase duas horas, não arredou pé do mesmo palco onde já tinha atuado a Orquestra de Jazz do Algarve. Ao nível das artes de ruas, percussionistas, novo circo, andas, um robot hi-tech, o White Ballet, capoeira e muitas mais animações espalharam a boa disposição entre os visitantes e deslumbraram com o 90
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MARÉ PRESTOU HOMENAGEM AOS PESCADORES EM QUARTEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Passeio das Dunas, em Quarteira, assistiu, no dia 21 de agosto, a MARÉ, um espetáculo de homenagem à vida e ao trabalho árduos dos pescadores e das comunidades piscatórias de todo o país. Através da música, da videografia e da literatura, o público é convidado a embarcar numa viagem por diversas localidades marítimas portuguesas, evocando vidas de salitre e recordando histórias de faina. Em cima do palco brilh0u o coletivo constituído por Celina da Piedade (voz e acordeão), Sara Vidal (voz, harpa celta e adufe), Quiné Teles (percussão e voz), Zé Francisco (guitarra acústica e voz), Abílio ALGARVE INFORMATIVO #402
Caseiro (cavaquinho, bandolim, guitarra portuguesa e guitarra elétrica), João Espada (videografia) e Sónia Pereira (poesia dita). O espetáculo contou ainda com a participação especial do coro comunitário, formado com os participantes na oficina de canto tradicional, dinamizada, no dia 20, no Auditório do Centro Autárquico da Quarteira. MARÉ é uma encomenda artística da Mútua dos Pescadores, no âmbito do seu 80.º aniversário, contando com o apoio de «A música portuguesa a gostar dela própria», da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, da Casa da Cultura de Setúbal e da Casa da Cultura de Loulé. O evento do dia 21 de agosto foi organizado pelo Município de Loulé e produzido pela «Sons Vadios» . 110
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TAVIRA DANÇOU AO SABOR DOS G.IG.G.Y Texto: Daniel Pina| Fotografia: Miguel Pires
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Praça da República, em Tavira, acolheu, no dia 16 de agosto, mais um dos nomes incontornáveis do programa municipal «Verão em Tavira», os G.IG.G.Y – Groove Is Gonna Get You, banda oriunda de Cabanas de Tavira que
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faz sempre as delícias do público com a sua energia e vitalidade. O grupo surgiu, por brincadeira, em 2011, quando três amigos se juntaram devido ao gosto comum que tinham em fazer música. Desde então nunca mais pararam, numa formação por onde passaram já diversos artistas, mas sempre fiéis às suas influências da Soul, Funk e, principalmente, do Reggae .
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PORTIMÃO VOLTOU A RECORDAR JOÃO CÉSAR Texto: Vanessa Ferreira| Fotografia: Ricardo Coelho
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Alameda da Praça da República, em Portimão, encheu, no dia 19 de agosto, por ocasião de mais uma edição do Festival de Acordeão João César. O evento contou com a presença dos acordeonistas Tino Costa, João Custódio, Francisco Monteiro e Duo Kasal, que fizeram questão de introduzir temas do músico homenageado.
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O evento da Freguesia de Portimão é organizado em parceria com a Alvor FM e com o apoio do Município de Portimão e pretende prestar tributo a João César, um ícone da música no Algarve. O portimonense começou a tocar a solo e em conjuntos musicais com apenas 16 anos, atuando em hotéis e salões de baile por todo o país. Por isso, o festival procura preservar a memória de um artista que tanto contribuiu para honrar o nome de Portimão e dos seus cidadãos .
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Bom apetite! Adília César (Escritora) “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo (…)”. (Fernando Pessoa, excerto do poema Tabacaria, 1928) noite quente entranhava-se na pele e quase ardia. Ela, a mulher cansada e submersa no tédio, sonhava por dentro do sonho, sem querer acordar. O cenário parecia desconhecido e surreal, como uma casa torta ou uma antologia de percepções de medo e inquietação. As paredes rachadas, o chão inclinado, o tecto absolutamente inacessível. Tropeçava frequentemente no mesmo sofá atafulhado de panos: lençóis, almofadas, roupa de homem. Ao fundo do corredor, uma porta feita de ossos. Ela tinha uma respiração ofegante de quase asfixia. Os dentes rangiam, demonstrando uma raiva contida ao longo dos dias de férias. De vez em quando, as mãos e os pés pareciam avisar sobre qualquer coisa prestes a acontecer, um perigo iminente a latejar. O sonho tão lúcido. A porta de ossos abriu-se lentamente, a ranger, como nos filmes de terror em que se caminha pelas ruas e se tenta estabelecer conversas filosóficas com as pessoas sobre os problemas graves que assolam as nossas vidas. Pode ser um autêntico pesadelo. No sonho dentro do sonho o tempo regressou ao fim da tarde do dia anterior. O tempo a fazer o seu trabalho: presente, passado e sonho. Ela tinha uma perfeita consciência deste momento, único e ALGARVE INFORMATIVO #402
intransmissível, e acalmou-se de uma forma pré-estabelecida, como sempre acontece quando a sensação da realidade não muda, mas ao mesmo tempo é absolutamente necessário mudá-la. Ou seja, antes da transição para a vigília, ela teria de encontrar a solução para o seu problema – a presença dele. Ele, o primo chegado à sua casa no Algarve, há precisamente um mês. Um mês. Todos os anos o primo telefonava a dizer quando chegava, geralmente com um dia de antecedência. Chegava e instalava-se no sofá da sala. A casa dela transformava-se num acampamento de verão. Outra vez. Mas este era um dia muito especial – o último dia de férias de ambos (que alívio para ela…). Para assinalar a data, o primo tinha decidido fazer o jantar, uma perna de perú estufada, mas ela não a tinha tirado do congelador, para implicar, assim como uma pequena vingança. Ele não se irritou. Na verdade, nada parecia contribuir para lhe estragar as férias – aqueles dias todos de agosto passados na praia, a banhos de sol e de mar, com cama e comida de graça, roupa lavada, duches, aftershave, refrescos e festas de verão. O primo iniciou os procedimentos necessários ao único gesto de boa vontade de que era capaz, assim como uma manifestação de agradecimento pelas maravilhosas férias que a prima lhe tinha proporcionado. Entre parêntesis, ela pensou que ele podia ter comprado uma perna de cabrito ou borrego, sempre era mais gourmet, 132
mas enfim, ficou-se pela perna vulgar de perú talvez para não gastar demasiado: bem sabemos que a vida custa a todos, principalmente aos primos nortenhos que não gastam um tostão em férias no Algarve. Ele dispôs todos os ingredientes em cima da pequena bancada, bem alinhados, como uma linha de montagem. Azeite, cebola, alho, pimentão, cenoura, louro, sal. E a perna de perú, ainda congelada. De faca em riste, o primo cortava a cebola e o alho, para fazer o refogado, bem regado com o azeite e decorado com a cenoura e a folha de louro. Tens a mania que és bom cozinheiro, pensou ela. Fazes sempre isto, cozinhas pacientemente, sujas a cozinha toda, para eu depois limpar. O primo falava ininterruptamente e ela fazia de conta que ouvia, sem responder, deambulando pela cozinha de ossos, enquanto sonhava tantas e ainda outras maneiras de o calar. Pitéu. Ele estava sempre a usar esta palavra. Que palavra horrível. Parecia um esgar de arrogância. Continuava a falar, explicando pela milésima vez como se cozinhava uma bela perna de perú, mas nem lhe distinguia as palavras, só via o abrir e o fechar da boca, parecia agora um peixe fora de água. Prima, passa-me aí outra cenoura! Ela levantou-se com alguma dificuldade. Tantas férias passadas com o primo, ano após ano. Que tédio, que cansaço, que raiva. O sonho pesava dentro do sonho. Abriu a porta do frigorífico e a frescura alertou-a para a vida toda que tinha à sua frente, em todos os verões do futuro. Voltou-se lentamente e viu a perna de perú ainda meio congelada, forte, como uma arma carregada de possibilidades criminosas. Pegou nela com todas as mãos de que dispunha – eram mais de mil – e levantou-a no ar, bem alto até à ao lugar onde os pássaros voam, e aterrou-a na cabeça dele. Uma pancada. O primo tremeu um pouco como a gelatina no pires, caiu 133
lentamente e ficou dobrado naquela posição estranha da morte, com os olhos abertos. De seguida, a prima lavou a perna de perú, colocou-a no tacho e polvilhou-a com um pouco de sal, não muito, no verão anterior tinha ficado salgada. Ficou a olhar para a carne até que ficou bem passada, durante duas horas. Depois, apagou o lume, tapou o tacho e ligou ao 112, para avisar que a sua casa tinha sido palco de um acidente fatal. Acordou com as sirenes da ambulância e da polícia, com a sensação real de que este seria o melhor verão da sua vida: aventureiro, misterioso, sibilino. Dramático. Os olhos abertos do primo diziam exactamente o mesmo. Bom apetite, primo! Serenamente, ela, a prima, a mulher rejuvenescida, abriu a porta às autoridades e reiniciou o sistema de dependência do tabaco, acendendo o primeiro cigarro da sua vida: na verdade, ela nunca tinha fumado, mas era completamente viciada em nicotina, naquele sonho dentro do sonho . ALGARVE INFORMATIVO #402
Nem tudo o que brilha é neve Sílvia Quinteiro (Professora) nze da manhã. O telefone toca. Atendo o meu filho. Liga-me para partilhar uma curiosidade. Partiu à descoberta do velho continente. Está na Itália. Meados de agosto. Um calor insuportável: Un caldo pazzesco! Dentro da carruagem, o ar condicionado arrepia. É o alívio entre o calor de Florença, que deixou há pouco, e o que o aguarda em La Spezia, dentro de alguns minutos. Os meios de comunicação social anunciam o dia mais quente de sempre na região. Imagino os edifícios coloridos de Riomaggiore ⎼ lápis de cera enfiados numa caixa a derreter encosta abaixo. Um borrão flutuante de cores vivas que se forma ao encontrar as águas do Mediterrâneo. Diz-me que da janela do comboio se avistam montanhas geladas. Ali, tão perto da linha de costa, a caminho da praia. Estranho o relato. Num impulso, abro o computador: – Onde estás? Tens uma ideia? – Pergunto e preparo-me para a busca. Responde: – A próxima estação é Carrara. – Sorrio. Atravessa-me aquela satisfação de saber a resposta numa partida de Trivial. Não é neve, é mármore. Sim, tenho a certeza. Rimos do equívoco. Diz: – Faz mais sentido. Ficamos uns minutos à conversa. ContoALGARVE INFORMATIVO #402
lhe um episódio recente. Em Amsterdão, após a visita à galeria dedicada a Anne Frank, juntei-me aos visitantes que dobravam a esquina para fotografar a casa onde a jovem viveu. Diariamente, concentram-se naquele espaço centenas de turistas que chegam a pé, de autocarro ou num dos muitos barcos turísticos que enchem os canais. Emociono-me ao imaginar a família Frank escondida no sótão. Idealizo as entradas e as saídas furtivas. Os nazis. O som das botas a galgar as escadas. O terror das vítimas. A saída, de estrela ao peito, cabeça baixa. O desejo de guardar no telemóvel aquele momento vence a consciência de que há milhares de fotografias iguais na internet. Fotografo o edifício contíguo à galeria de diversas perspetivas. Foi aqui! Os pés de Anne Frank pisaram este chão. A mão que escreveu o diário abriu esta porta. Fotografo tudo, como se a qualquer momento uma destas imagens se fosse cristalizar à minha frente. Tenho de registar. Um jovem alto, loiro, envergando um colete cor de laranja, salta para a margem. Comenta algo com um grupo de guias. Sorri e dirige-se até mim. Interpela-me, com enorme delicadeza. Um sorriso que aparenta um misto de divertimento e de comiseração. – Está a fotografar a casa errada. A casa da Anne Frank é a do lado. A que tem a placa. 134
Agradeço a correção. Sinto-me envergonhada. Aqui estou eu, mergulhada na emoção de me encontrar finalmente perante a casa de Anne Frank. A minha alma quase a tocar a da jovem escritora. O meu peito a derramar compaixão. A minha câmara-testemunha pronta para alimentar, nas redes sociais, a memória da atrocidade. E, assim, subitamente, nada faz sentido. A minha perceção daquele lugar, as emoções que despertou em mim, os gestos que espoletou, tudo é absurdo.
«Anne Frank Huis». Encosto-me ao tronco ainda frágil de uma árvore. Observo. Não fotografo. Da Itália, oiço: – Vou desligar. Cheguei. Mas olha que mármore não tem graça nenhuma. E, com este calor, preferia a neve. Não sei até que ponto me ouviu. Se ficou suspenso no silêncio sublime das neves de Carrara. Desligo, orgulhosa de mim própria, por ter resistido a invocar a imagem gasta dos relógios de Dali para descrever o calor toscano .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #402
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