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ALGARVE INFORMATIVO 23 de setembro, 2023
EDP EMINFORMATIVO PORTIMÃO 1 ART REEF EM ALBUFEIRA | FEIRA DA DIETA MEDITERRÂNICA | JOSÉ LUÍS CARNEIRO ALGARVE #404 ÁGUAS DO ALGARVE AUMENTA PRODUÇÃO DE ÁGUA PARA REUTILIZAÇÃO | DIA DE ALCOUTIM | «TIME»
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ÍNDICE EDP Art Reef pronta a ser visitada ao largo de Albufeira (pág. 18) EB1 N.º 1 de Silves foi requalificada (pág. 24) Ministro da Administração Interna visitou esquadra da PSP em Portimão (pág. 32) Dia de Alcoutim (pág. 40) Águas do Algarve aumenta produção de águas para reutilização (pág. 54) 9.ª Feira da Dieta Mediterrânica de Tavira (pág. 66) «Noite de Reis» do Teatro do Eléctrico no Cineteatro Louletano (pág. 88) O Teatrão trouxe «Time» a Loulé (pág. 110)
OPINIÃO Paulo Cunha (pág. 124) Fábio Jesuíno (pág. 126) Júlio Ferreira (pág. 128) Sílvia Quinteiro (pág. 132)
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Primeira exposição artística subaquática da costa portuguesa está em Albufeira Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Nuno Sá Hotel Grande Real Santa Eulália & Hotel SPA recebeu, no dia 19 de setembro, quase uma centena de convidados e muitos jornalistas nacionais e estrangeiros para assistir à apresentação pública da primeira exposição artística subaquática da costa portuguesa. A «EDP Art Reef» conta com a assinatura de Alexandre Farto, mais ALGARVE INFORMATIVO #404
conhecido à escala global pelo nome artístico Vhils, e parte dos materiais utilizados nas obras foram recolhidos de peças de centrais termoelétricas a carvão ou fuel da EDP. Ao todo são 13 peças (em ferro e betão), colocadas numa área da exposição de 1.250 metros quadrados situada a cerca de 12 metros de profundidade, sendo que a peça mais alta mede 5,3 metros. As peças produzidas estão submersas a uma milha de distância da costa e o 18
preocupação prendeu-se com a evolução das peças ao longo do tempo. “O desafio
era pegar nas peças das centrais desativadas e dar-lhes um olhar diferente, missão que foi entregue a Vhils”, disse por seu turno Catarina Barradas, diretora de marca da EDP, sublinhando ter sido feito um trabalho próximo com instituições científicas
“para garantir que o que estávamos a fazer era o melhor para aquele ecossistema”. Deste modo, Catarina Barradas acredita que o projeto “vai contribuir de
grande objetivo é gerar um recife artificial na costa de Albufeira, visitável através da prática de mergulho qualificado. “Tentei
encontrar várias histórias da nossa relação enquanto humanos com o mar, uma história feita de subsistência, de confronto, de tensões, mas também tentei procurar pontos em que a nossa história se encontrou com o mar”, referiu Vhils, que admitiu que este foi o seu trabalho “mais complexo e
desafiante, não só por ter envolvido uma equipa de muitas pessoas, mas também por ter sido no fundo do mar”, um lugar de movimento constante. E a sua 19
forma positiva para o seu desenvolvimento”. “Estamos a fazer História, na medida em que vemos peças que serviram um enorme propósito na história energética de Portugal ganharem agora uma nova vida, primeiro através da intervenção do Vhils, e agora no contacto com a vida marinha. Através desta exposição fica inscrito na pedra o nosso compromisso com a descarbonização do país”. Recorde-se que a EDP assumiu já o compromisso em ser 100 por cento verde até 2030 e de deixar de produzir energia a partir de combustíveis fosseis. E, de acordo com aquela responsável, “nunca ALGARVE INFORMATIVO #404
foi tão importante trocar os combustíveis fósseis pelas fontes renováveis, promover a transição energética e garantir que esta é feita de forma justa e inclusiva”. “Temos aqui fundamentos da área ambiental, da economia circular e da cultura”, considerou, por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, não escondendo a sua satisfação por ser Albufeira o espaço aquático escolhido para receber este projeto da EDP, empresa a quem endereçou os parabéns pelo trabalho que está a efetuar sob as metas de 2030. “Este é um bom exemplo de sustentabilidade”, comentou ainda, lembrando da urgência de pensar seriamente em todas as
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questões que confluem com o problema das alterações climáticas. Por outro lado, o autarca vê neste projeto “um bom
produto turístico que contribuirá para a diversificação da oferta do concelho”. No final da apresentação, o Município de Albufeira ofereceu a Catarina Barradas e a Alexandre Farto duas peças em pedra da praia esculpidas por Joaquim Pargana, artesão de Olhos de Água, que representavam motivos marinhos. Para fechar o evento, houve ainda lugar a uma visita à exposição das imagens das peças de Vhils submersas, captadas pelo fotógrafo subaquático Nuno Sá, que pode ser apreciada, até final do ano, no miradouro do Pau da Bandeira.
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A exposição «Art Reef by Vhils» está assinalada por uma boia (coordenadas: N 37.06922391, W -8.20990784) e pode ser visitada por qualquer mergulhador, devendo ser acompanhados por um técnico, após um seguro e um termo de responsabilidade, a firmar com empresas associadas ao projeto, as quais podem ser consultadas através da página virtual da EDP, podendo outras informações ser encontradas em https://www.edp.com/pt-pt/edp-art-reef. Este projeto foi desenvolvido com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira, do Turismo de Portugal, do CCMar da Universidade do Algarve, entre outros, e validado pela Direção Geral de Recursos Naturais e pela Agência Portuguesa do Ambiente, assim como outras entidades competentes. Por sua vez, a submersão da exposição foi licenciada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das 21
Florestas e pela Autoridade Marítima Nacional . ALGARVE INFORMATIVO #404
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EB1 N.º 1 de Silves ganha novo edifício no arranque do ano letivo 2023/2024 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Município de Silves procedeu, no dia 13 de setembro, à inauguração do novo edifício da Escola Básica do 1.º Ciclo N.º 1 de Silves, numa cerimónia presidida pela edil Rosa Palma que contou ainda com a presença do Presidente da Comissão Coordenadora de Desenvolvimento Regional do Algarve, José Apolinário, do Delegado Regional de Educação do Algarve, ALGARVE INFORMATIVO #404
Alexandre Lima, do Diretor do Agrupamento de Escolas de Silves, António Condessa, bem como da restante vereação e outras individualidades e população em geral, destacando-se ainda a atuação do Quarteto de Saxofones da Sociedade Filarmónica Silvense. A operação visou a construção de um novo edifício, no local onde se encontrava um edifício desativado, dentro do complexo escolar da Escola Básica do 1.º Ciclo N.º 1 de Silves, com origem no 24
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Plano Centenário e datado de 1949, e envolveu um investimento que ascendeu a 2,2 milhões de euros, tendo beneficiado da comparticipação de fundos comunitários. A nova escola apresenta 12 salas de aula, uma sala de informática, instalações sanitárias para alunos, professores e funcionários, e foram reorganizados os espaços exteriores, criada uma zona de jogos para atividade física e recreio, bem como um parque infantil e hortas pedagógicas. “A
construção do novo edifício representa um fator primordial para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem e para o sucesso escolar e educativo dos alunos, bem como um contributo significativo para a requalificação e modernização do Parque Escolar ALGARVE INFORMATIVO #404
do concelho”, afirmou a Presidente da Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma, que considerou este investimento de inegável importância, “pois a
valorização contínua das infraestruturas e do espaço escolar é um dos eixos prioritários da estratégia de ação municipal, sendo a educação um setor vital para o desenvolvimento do país”. Na ocasião, o Presidente do Conselho Diretivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e da Comissão Diretiva do Programa Regional ALGARVE 2030 enalteceu o 26
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“empenho dos Municípios do Algarve, e do Município de Silves neste caso concreto, na mobilização dos fundos europeus para melhorar e qualificar as infraestruturas escolares”. “Deste período de programação vão resultar escolas mais funcionais e preparadas para ALGARVE INFORMATIVO #404
acolher as nossas crianças e jovens”, disse José Apolinário . 28
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Ministro da Administração Interna visitou Esquadra da PSP de Portimão Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina osé Luís Carneiro, Ministro da Administração Interna, visitou, no dia 31 de agosto, as obras de requalificação da esquadra da PSP de Portimão, que foram alvo de um investimento na ordem dos 1,8 milhões de euros da responsabilidade do Ministério da Administração Interna e da Câmara Municipal de Portimão. “Os
homens e as mulheres que prestam o nobre serviço de ALGARVE INFORMATIVO #404
garantir a segurança dos cidadãos precisam ter boas condições de trabalho, para terem maior produtividade e, até mesmo, prazer na sua atividade”, afirmou, na ocasião, a edil Isilda Gomes, embora reconheça que ainda há mais por fazer nesta infraestrutura. “Quando a
Secretária de Estado da Administração Interna cá esteve, o orçamento disponível para a intervenção era de 800 mil euros. Neste momento já foram gastos 32
1,8 milhões de euros, pois estamos todos empenhados em dar a mesma dignidade a todo o espaço e uma carência que salta à vista diz respeito ao ar condicionado. É uma despesa entre 60 a 70 mil euros que vai a reunião de Câmara na expetativa de ser aprovada e existem condições para apoiarmos as obras nesta casa em mais 200 mil euros”, anunciou. Isilda Gomes lembrou que, quando alguém se desloca à Esquadra de Portimão, chega numa situação de fragilidade e espera encontrar do outro
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lado respostas, simpatia, apoio, acompanhamento e espaços dignos onde se possam sentir confortáveis para apresentar os seus problemas. “O
turismo sem segurança não existe, ela é fundamental para sermos competitivos com outros destinos da Europa e da Bacia do Mediterrâneo, assim como os cuidados de saúde. Este ano, felizmente, não têm existido problemas de maior, também graças à videovigilância que foi instalada na Praia da Rocha, daí termos feito um pedido para ela ser alargada igualmente ao centro
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da cidade de Portimão”, referiu a presidente da Câmara Municipal de Portimão. “Estamos todos imbuídos
do mesmo espírito, nada é pouco para garantirmos a segurança dos nossos cidadãos e de quem nos visita. É o melhor que podemos fazer em prol de um turismo de qualidade e, sobretudo, da economia, não só do Algarve, mas de todo o país. Não podemos baixar os braços, há que lutar sempre por mais e melhor segurança”, rematou. No uso da palavra, José Luís Carneiro falou do investimento superior aos 600 milhões de euros, a concretizar até 2026, que está a ser feito na modernização das ALGARVE INFORMATIVO #404
infraestruturas e na dignificação das condições para o exercício da atividade profissional das forças de segurança, dos quais 250 milhões são para infraestruturas materiais, outros 250 milhões para infraestruturas tecnológicas, 60 milhões para viaturas e equipamentos e o restante para as tecnologias de informação e de comunicação. “Estamos a investir no
112 para permitir a interoperabilidade com os sistemas europeus, a geolocalização de chamadas e um acesso mais fácil para cidadãos portadores de algumas debilidades. O investimento no SIRESP e na rede nacional de segurança interna garante a 34
interoperabilidade das regiões autónomas com o continente, dos sistemas civis com os militares, e do desenvolvimento da sua redundância energética e de rede. E um investimento superior a 5 milhões de euros na aquisição de 10 mil bodycams permitirá proteger os agentes da autoridade das ofensas de que sejam vítimas, mas também proteger os cidadãos em relação ao uso adequado, proporcional e legítimo da força por parte das autoridades”, frisou o
aquisição de novos imóveis, requalificação de imóveis já existentes e adoção de modalidades mistas. “No que
Ministro da Administração Interna.
toca à PSP foram requalificados mais de 300 alojamentos, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, e adquirimos em 2022, com os fundos dos Serviços Sociais, três edifícios em Lisboa que asseguraram mais 300 alojamentos. Até 2026, a expetativa é termos mais 1.500 alojamentos para as nossas forças de segurança, assim aumentando a sua atratividade”, sublinhou José
Outra área prioritária para a tutela prende-se com as condições de alojamento e de habitação das forças de segurança e das suas famílias, com
Luís Carneiro, que não esqueceu também os benefícios sociais que são disponibilizados pelas autarquias por via de protocolos assinados com a PSP e a GNR, como vantagens para adquirir
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habitação e para aceder aos equipamentos culturais, desportivos e recreativos dos municípios. Em curso está também a valorização salarial das forças de segurança em 20 por cento, entre 2023 e 2026, tendo sido assinado, recentemente, com o Ministério das Finanças a aprovação de 4 mil promoções, o que implica um investimento de 10 milhões de euros por ano. Entretanto, o anterior Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, já tinha avançado com o aumento do subsídio de serviço de 31 para 100 euros.
“O objetivo político é valorizar a atratividade das forças de segurança para assim ALGARVE INFORMATIVO #404
continuarmos a promover o seu rejuvenescimento, um imperativo nacional para permitir a passagem à disponibilidade dos efetivos com mais de 55 anos ou 36 anos de serviço. Em 2022 entraram 1.500 militares na GNR e 950 polícias na PSP. Este ano entram mais 1.000 militares na Guarda e 560 novos elementos na PSP. Deste modo temos conseguido corresponder às exigências legítimas do poder local democrático, que requer uma maior proximidade e visibilidade das forças de segurança”, salientou José Luís Carneiro . 36
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Ana Abrunhosa participou num Dia do Município de Alcoutim com várias inaugurações Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina lcoutim festejou, a 8 de setembro, o seu Dia do Município com um programa repleto de inaugurações e que começou, como habitualmente, com o hastear das bandeiras e o toque do Hino Nacional na Praça da República. Tendo como convidada de honra a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, seguiu-se a Sessão Solene no Espaço Guadiana, durante a qual o piloto Micael Simão foi ALGARVE INFORMATIVO #404
agraciado com a Medalha Municipal de Mérito, tendo os funcionários João Mestre e Manuel Henriques recebido a Medalha Municipal de Bons Serviços e Dedicação. O dia era de festa, mas também de reflexão sobre o trabalho em curso, com Osvaldo dos Santos Gonçalves a revelar que o projeto para a futura ponte entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana está concluído e pronto para enviar para a Agência Portuguesa do Ambiente para elaboração do Estudo de Impacto 40
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Ambiental. “Neste processo temos
tido da parte da CCDR Algarve um inexcedível apoio, sempre presente e dando todo o suporte, sem o qual seria completamente impossível emergir deste mar de responsabilidades onde, em conjunto, entramos no dia em que assinamos o contrato de financiamento da obra, faz hoje precisamente dois anos”, destacou o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim. “O conjunto cada vez
maior de competências que assumimos e o quadro complexo de burocracia que a gere implicam uma conjugação de esforços que tantas vezes provoca uma morosidade excessiva nas nossas ALGARVE INFORMATIVO #404
ações. O brutal aumento dos custos dos bens de consumo, onde o setor energético assume uma importância relevante, também tem contribuído para uma crescente dificuldade na boa gestão orçamental. Para que possamos continuar a honrar os nossos compromissos, é importante que no próximo Orçamento Geral de Estado seja acautelado, não só o reforço das transferências do Estado para o poder local, mas também uma maior flexibilização na sua utilização”, apelou o autarca alcoutenejo. Sendo o apoio financeiro proveniente dos fundos comunitários imprescindível 42
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para a realização de obras estruturantes no concelho, Osvaldo dos Santos Gonçalves reivindicou igualmente que sejam criadas medidas de discriminação positiva para que os municípios de menor dimensão possam prosseguir o seu caminho rumo à inclusão, a uma menor interiorização e a uma maior atratividade para a fixação de mais famílias. Um pedido que foi escutado atentamente por Ana Abrunhosa, para quem “é
fundamental que nas infraestruturas sejamos um país com igualdade de oportunidades”. “Tem sido um desígnio de todos fixar os que cá estão, dar-lhes qualidade de vida, porque assim o território também se torna mais cativante para os que são de fora. ALGARVE INFORMATIVO #404
E os fundos da União Europeia têm potenciado e valorizado os recursos destes territórios numa perspetiva cultural e turística e criando condições para investimentos empresariais. Em Alcoutim, o investimento total aprovado no Portugal 2020 ronda os 4 milhões de euros, e não estou a incluir as verbas do PRR, e a fatia de leão está atribuída a projetos que fazem todo o sentido, inseridos no PROVERE – Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos”, apontou a Ministra da Coesão Territorial. Ana Abrunhosa lembrou igualmente que a ponte internacional que ligará 44
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Alcoutim a Sanlúcar de Guadiana tem que estar concluída em 2026, “um
sonho que se vai tornar realidade e que vai criar uma nova fronteira entre Portugal e Espanha”, e aproveitou para endereçar palavras de agradecimento à liderança da CCDR Algarve. “Eu fiz a minha obrigação e
aquilo que me competia, inscrevi esta obra como prioritária no Plano de Recuperação e Resiliência, depois lancei o desafio ao presidente da Câmara Municipal para ser o dono de obra, e isto é muito complexo para uma autarquia desta dimensão”, admitiu a governante. Já sobre o novo ciclo Portugal 2030 e sobre a menor taxa de comparticipação na execução dos ALGARVE INFORMATIVO #404
projetos no Algarve relativamente a outras regiões, a Ministra da Coesão Territorial disse que “teremos que
encontrar soluções para apoiar os nossos municípios”. “Usemos esta oportunidade para escolher para os nossos territórios os projetos que fazem realmente a diferença, que as pessoas valorizam, que tornam a vida melhor depois de eles serem concretizados”. A governante defendeu ainda que, numa região como o Algarve, os autarcas têm que trabalhar em conjunto, às vezes até com colegas do Alentejo, porque tudo se tornou mais complexo e transversal. E mostrou-se convencida que a descentralização é o caminho a seguir, 46
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“porque há competências que são melhor desempenhadas pelos municípios do que pela própria administração central, na ação social, na educação, na saúde, na gestão das praias e portos”. “E nós, quando passamos competências, é porque confiamos nas autarquias e os autarcas foram eleitos pelas populações e têm legitimidade para exercer essa confiança. A proximidade é um fator essencial para responder aos problemas das pessoas e essa é a missão mais nobre de um autarca”, salientou ainda Ana Abrunhosa. Concluída a Sessão Solene, a comitiva partiu para a Zona Industrial para a ALGARVE INFORMATIVO #404
inauguração de um Pavilhão Industrial que promete ser um centro de inovação e oportunidades para a região, incentivando a produção e comercialização de produtos endógenos. A pé rumou-se, depois, para a Avenida dos Bombeiros Voluntários, onde se procedeu a mais uma inauguração, desta feita da Ciclovia e Centro BTT, novas infraestruturas que irão proporcionar oportunidades para ciclistas e amantes da natureza e que beneficiou a entrada sul da vila. Uma ciclovia que, no futuro, terá ligação à Praia Fluvial e à Via Algarviana, e a Espanha, através da Ponte Internacional de Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana. A manhã terminou com a inauguração da Oficina Criativa de Cana, no Castelo de Alcoutim, onde a arte e a tradição se encontram, bem como d’«A Venda de 48
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Alcoutim» e da Exposição «Cerâmicas de Alcoutim – Um Quarto de Século 19972022», na Avenida Duarte Pacheco. Um espaço que, face à multiplicidade de serviços que disponibiliza num único local, veio preencher uma lacuna existente na vila e que permite acolher um conjunto importante de ofertas de promoção do território, mercê de uma parceria desenvolvida com a Associação Alcance. Depois do almoço, tempo ainda para a abertura da Exposição «Viagem Fotográfica ao Algarve» e para o ALGARVE INFORMATIVO #404
lançamento do Itinerário de Alcoutim da «Rota Saramago», na Biblioteca Municipal Carlos Brito . 50
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Águas do Algarve apresentou investimentos na produção de água para reutilização em Vilamoura e na Quinta do Lago Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina uarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e Ação Climática, esteve, no dia 5 de setembro, na ETAR de Vilamoura para ficar a conhecer os projetos de produção de água para reutilização (ApR) para aplicação na rega de campos de golfe e espaços verdes em Vilamoura e na Quinta ALGARVE INFORMATIVO #404
do Lago. Para a produção de água para reutilização no Algarve está previsto um investimento global de 23 milhões de euros até 2025, estimando-se um incremento de 1,4 para 8 milhões de m3/ano, destinando-se 71 por cento à utilização pelos campos de golfe. Com mais estes projetos, a Águas do Algarve, em conjunto com as demais partes interessadas, dá um forte impulso 54
para aumentar a disponibilidade dos recursos hídricos e a resiliência da região, contribuindo para a circularidade e neutralidade carbónica dos serviços de água e para o desenvolvimento económico sustentável da região. E um desses projetos visa habilitar a ETAR de Vilamoura para a produção de ApR, a uma média de 16 mil m3/dia e uma capacidade de pico de 1.000 m3/h, para rega de cinco campos de golfe (Old Course, Pinhal, Laguna, Millenium, Victoria), rega de espaços verdes da Inframoura, Parque Desportivo da Vilamoura World, Cidade Lacustre, e espaços verdes da associação de moradores do Clube de Ténis de Vilamoura. Prevê-se que o volume de ApR a fornecer seja de cerca de 2,24 milhões de m3, o que representa 66 por cento do efluente total tratado na ETAR de Vilamoura. A rede adutora/ 55
distribuição a construir será de cerca de 12 quilómetros, com diâmetros que variam de 500 mm a 160 mm, e abastecerá nove pontos de entrega com medição e controlo de caudal, tudo isto com um custo total que rondará os 12 milhões de euros, prevendo-se a sua conclusão em 2025. Já as Infraestruturas de Elevação e Adução de ApR da ETAR da Quinta do Lago pretendem habilitar a ETAR da Quinta do Lago para a produção de ApR, a uma média de 6.600 m3/dia no mês de maior afluência à ETAR, permitindo o fornecimento de um caudal médio diário no mês de maior consumo de 330 m3/h. O projeto contempla a ampliação e melhoria do subsistema existente, designadamente a nível da reabilitação da lagoa de armazenamento, implementação de sistema de desinfeção ALGARVE INFORMATIVO #404
por cloragem, estação elevatória, ampliação do sistema de adução (para mais três campos de golfe – Quinta do Lago Norte, Quinta do Lago Sul e Pinheiros Altos), e a construção dos cinco pontos de entrega (onde estão incluídos igualmente a Infraquinta e o campo de golfe de San Lorenzo). Este projeto irá possibilitar que cerca de 80 por cento do efluente tratado anualmente neste subsistema seja utilizado na produção de ApR, representando um volume total anual de cerca de 1,17 milhões de m3. Estima-se que o custo total do investimento ascenda a 2,7 milhões e que esteja concluído no ano de 2025. Na ocasião, António Eusébio, presidente do Conselho de Administração da Águas do Algarve, reconheceu que 2023 está a ser um ano difícil em termos de abastecimento de água, com um ALGARVE INFORMATIVO #404
máximo histórico de consumo quando a região se encontra num estado de escassez extrema, isto apesar do consumo ter diminuído 3,47 por cento durante o mês de agosto face a 2022.
“As alterações climáticas estão aí, a escassez hídrica está aí, e não conseguimos continuar a gastar mais água do que aquela que temos. Atento a esta situação, o governo inscreveu 200 milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência, dos quais 23 milhões para cinco projetos de reutilização em Vila Real de Santo António, Vilamoura, Quinta do Lagoa, Albufeira Poente e Boavista, mas queremos chegar também a Lagos e Tavira, para irmos além dos 8 milhões de metros cúbicos 56
previstos nesta submedida. É água que não sai das nossas origens, das barragens, das águas superficiais, nem das águas subterrâneas”, realçou António Eusébio. A reutilização é, por isso, o futuro e estes são dos maiores investimentos realizados em Portugal nesta matéria, assumiu o administrador da Águas do Algarve. “Estamos a
caminhar e a aprender, a criar mais experiência no que respeita à reutilização, e quero agradecer ao Ministério do Ambiente por estar empenhado na implementação destas medidas que são fundamentais para conseguirmos 57
manter a garantia de abastecimento de água”. Num dia que considerou ser “muito importante”, Vítor Aleixo mostrou-se satisfeito por verificar que o Governo está verdadeiramente preocupado com um problema que veio para ficar e recordou a criação do Plano de Eficiência Hídrica do Algarve que materializou “um
pensamento estratégico para a região, um plano cujos resultados começam a aparecer”. “Desde muito cedo que em Loulé adotamos uma estratégia de adaptação do nosso território às alterações climáticas, que evoluiu ALGARVE INFORMATIVO #404
posteriormente para o primeiro Plano de Ação Climática aprovado em Portugal, e temos naturalmente uma enorme preocupação com o uso da água. Os Municípios do Algarve estão muito empenhados na eficiência hídrica e temos que ser absolutamente responsáveis relativamente às perdas de água na rede e à água não faturada”, defendeu o presidente da Câmara Municipal de Loulé. Com quatro sistemas de distribuição de água existentes no concelho, três no litoral (Inframoura, Infralobo e Infraquinta) e mais um para o resto do território, Vítor Aleixo lembrou ao Ministro do Ambiente e da Ação Climática e ao Secretário de Estado do ALGARVE INFORMATIVO #404
Ambiente, Hugo Pires, que Loulé está no topo nacional em termos de eficiência e que tem feito um trabalho extraordinário para reduzir as perdas de água. E aproveitou para partilhar a sua opinião no que toca à agricultura que está a ser praticada na região. “Não podemos
continuar a assistir ao aumento de áreas de produção agrícola desta filosofia de monocultura com utilização de água de forma intensiva, porque isso vai-nos levar ao desastre. Centenas de hectares com despedregas, destruição do coberto vegetal e da biodiversidade, não! Há que pensar na agricultura periurbana, que pode aumentar a nossa base e segurança alimentar com circuitos comerciais muito curtas”, apelou o edil, que manifestou ainda a sua dúvida 58
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em relação à construção de mais uma barragem no Algarve. “Muito
recentemente a União Europeia decidiu libertar 25 mil quilómetros de cursos de água para que ela possa correr livremente até à foz. Temos 260 barragens em Portugal e penso que há outras formas de diversificar a captação e utilização de água. Pequenas represas, reabilitação de alguns açudes para recarga dos aquíferos, sim senhor, muito bem, novas barragens de grande porte, considero ser uma medida errada”, desabafou Vítor Aleixo. Presente na cerimónia esteve igualmente José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, que recordou os estudos do IPMA e da APA que apontam ALGARVE INFORMATIVO #404
para uma diminuição da precipitação, em Portugal e Espanha, de 15 por cento nos últimos 20 anos, e a previsão é que, nas próximas duas décadas, essa queda seja de 10 a 15 por cento. “Pontualmente
temos pluviosidade em excesso, mas, regra geral, temos menos pluviosidade, é um quadro com o qual temos que viver. O primeiro desafio que se coloca a todos – e a região está muito mobilizada nesse sentido – é executar os 200 milhões do PRR e o Ministro e o Secretário de Estado têm sido parceiros ativos e presentes, o que é crucial para se fazer a articulação entre as diferentes áreas governativas e para ajudar a resolver os pequenos problemas que, às vezes, atrasam em meses a 60
execução dos projetos”, frisou, entendendo que os investimentos agora lançados, em Vilamoura e Quinta do Lago, são estruturantes. “Se o nosso
objetivo é passar de 2 para 8 hectómetros de águas residuais reutilizadas, estes investimentos representam logo metade dessa meta”. José Apolinário considerou ainda que a reutilização também terá que chegar à agricultura e que esta terá que reter, igualmente, mais água nos solos, o que envolve repensar as práticas agrícolas e diminuir as perdas. “Uma coisa é fazer
atividade dentro do perímetro de rega pré-existente, é uma escolha de governança multinível, outra coisa é entrar em áreas que não 61
estavam no perímetro de regra, colocando em causa a própria recarga dos aquíferos. O governo fez bem em monitorizar o aquífero Almádena-Odiáxere, mas hoje estamos numa situação de igual ou maior risco e dificuldade no aquífero de Querença-Silves”, avisou o dirigente. “O nosso principal desafio é gerir de forma inteligente e sustentável a água, manter esta sensibilidade sobre o seu uso racional e reforçar o caminho – seja na dessalinização ou nas águas residuais tratadas – nos espaços urbanos e na agricultura. É um tema em torno do qual toda a região se tem que unir”.
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A sessão encerrou com as palavras do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, que para os próximos 20 anos desejou “um Algarve que não
dispute, permanentemente, entre setores de atividade, a água que tem, porque consegue, de forma harmoniosa, chegar a um entendimento relativamente à utilização dos recursos disponíveis e com folga suficiente para um período de tempo alargado”, daí a vontade do Governo promover a concretização de um Pacto para a Água no Algarve. “O nosso primeiro dever
e responsabilidade é não desperdiçar água e reconheço que tem sido feito um grande esforço por parte de todas as entidades face ao passado, mas ainda há muito trabalho para fazer nesta matéria, porque as necessidades atuais mudaram bastante. Temos que trabalhar no imediato, e no médio e longo prazo”, declarou Duarte Cordeiro. O governante tem consciência dos crescentes constrangimentos com que se defronta o sector agrícola, mas lamenta que persistam situações de abusos na utilização das águas subterrâneas e superficiais. “Não há que ter medo
de ter mão dura com todos os que estão a abusar, porque as pessoas não nos perdoam se não formos responsáveis no exercício das nossas funções. Se somos ALGARVE INFORMATIVO #404
condescendentes com o uso indevido da água da parte de um determinado consumidor, estamos a dizer a todos aqueles que estão a poupar que não vale a pena o trabalho que estão a fazer”, considera Duarte Cordeiro, que reconheceu que também os dados relativos aos consumos urbanos não são tranquilizadores. “Os Municípios
estão a dar o exemplo nos consumos que controlam diretamente, na lavagem das ruas, na rega dos jardins, mas não estamos a conseguir controlar todos os consumos urbanos. Se for necessário, teremos que limitar a água para determinado consumidor, porque não é aceitável que haja quem poupe e que haja quem – por ter dinheiro – pense que não precisa poupar. Isso não é tolerável”, disparou, sem «papas na língua». “Estamos num cenário que nos obriga a trabalhar mais e melhor, e o mais rápido que pudermos, atuando em todas as situações de desperdício de água de forma estrutural, investindo nos sistemas, mas também, se assim for preciso, indo bater à porta de quem está a consumir em demasia”. A par desta atitude, há que, evidentemente, procurar fontes alternativas de água, a começar pela instalação de uma central dessalinizadora no Algarve para ir buscar água ao mar, 62
tratá-la e distribuí-la. “Não será a
fonte principal de distribuição de água, mas permitirá dar mais tranquilidade a esta comunidade. E aqui estamos também a dar um grande passo em relação à água reciclada, para com ela conseguirmos abastecer metade dos campos de golfe da região. Estamos a trabalhar em todas as dimensões, mas há que ter capacidade para ir mais além do PRR. Aliás, recentemente decidimos investir 5 milhões de euros na captação de volume morto em Odelouca. Quanto a outras soluções, têm que ser todas estudadas do ponto de vista ambiental”, afirmou Duarte Cordeiro, 63
que assumiu ter confiança total na CCDR e na Agência Portuguesa do Ambiente nesta matéria. “Temos um PRR
muito equilibrado para o Algarve, porque aposta na eficiência, na redução das perdas de água, na captação das barragens, na distribuição da água existente, na modernização do sector, na melhor gestão deste recurso, para que a região tenha futuro. Não estamos a trabalhar para resolver uma aflição que temos no dia-adia, mas para o futuro, para o turismo, para a agricultura, para a biodiversidade, com uma comunidade que consiga falar uns com os outros e planear os recursos que tem” . ALGARVE INFORMATIVO #404
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FEIRA DA DIETA MEDITERRÂNICA ASSINALOU 10 ANOS DA INSCRIÇÃO NA LISTA DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL DA HUMANIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina, Ana Gouveia e Mário Rui Gouveia
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omemora-se, este ano, o 10.º aniversário da aprovação da inscrição dos sete países que apresentaram a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, na cidade de Baku, Azerbaijão, a 4 de dezembro de ALGARVE INFORMATIVO #404
2013, e os 20 anos da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, em Paris, a 17 de outubro de 2003. A Dieta Mediterrânica, cuja comunidade representativa de Portugal é Tavira, é um património vivo de todo o país, em sintonia com as Convenções da UNESCO e com relevância crescente nacional e internacional. É investigada e estudada 68
vindo a ser desenvolvido, desde a primeira edição, e que incluiu a feira institucional com presença de outros países, instituições nacionais, regionais e locais, de diversos patrimónios culturais imateriais classificados pela UNESCO, expositores de artesanato e produtos tradicionais, mostras botânicas e de sementes, restauração, demonstrações gastronómicas, provas e petiscos, música portuguesa e mediterrânica com concertos ao vivo da Argélia, França, Espanha, Marrocos e Itália. O vasto programa incluiu, entre muitas outras atividades, oficinas, danças tradicionais e outras artes performativas, exposições, visitas ao património natural, seminários, com destaque para o que se realizou, no dia 7 de setembro, sobre «Inovação na Dieta Mediterrânica», no Centro de Experimentação Agrária de Tavira.
pelas diversas ciências, sendo um legado das civilizações que originaram a nossa identidade cultural, língua e formas de viver, produzir e alimentar, essenciais à valorização e ao fortalecimento das economias regionais. O programa da 9.ª Feira da Dieta Mediterrânica, que teve lugar, de 7 a 10 de setembro, em Tavira, refletiu o trabalho de parceria alargada que tem 69
Foi possível viajar pelos sabores mediterrânicos em qualquer um dos restaurantes instalados na Praça da Convivialidade, junto ao Castelo da cidade, e nos 18 restaurantes do concelho que prepararam menus mediterrânicos. A Feira contou, ainda, com a presença de diversas manifestações inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, como os Caretos de Podence, o Cavaquinho, os Bombos, o Fado, o Cante Alentejano ou o Teatro Dom Roberto. O programa dedicado ao público infantojuvenil contou com espetáculos educativos, jogos tradicionais e oficinas ambientais com a presença dos Jogos do Helder, das Companhias Krisalida, Historioscopio, Mãozorra, Rui Sousa Marionetas e Era uma vez Marionetas. Este ano esteve também presente o Museu da Marioneta ALGARVE INFORMATIVO #404
de Lisboa, que garantiu diversas oficinas e atividades para os mais pequenos, na Casa André Pilarte. No dia 10 de setembro, com partida e chegada à Praça da República, aconteceu a marcha e corrida da Dieta Mediterrânica, inserida no calendário do Algarve, numa organização conjunta do Município de Tavira e do IPDJ, ao passo que, nos Claustros do Convento do Carmo, se realizaram três sessões de Cinema do Mediterrâneo. O maior destaque foi, claro, para os espetáculos a que, durante os quatro dias, os milhares de visitantes puderam assistir junto ao Mercado da Ribeira, na Praça da República, no Castelo e no Jardim do Coreto, com «Galandum Galundaina» com os Pauliteiros de Miranda, «Ars Nova Napoli», «Úlua», Miguel Araújo, «Da raiz ao Fado», ALGARVE INFORMATIVO #404
«Barrut», «Iskraria», Estrella Morente, «Diabo a Sete», «Duo Brotto Raibaud», «Global Gnawa», Camané com a Orquestra do Algarve, «Os Ganhões de Castro Verde» com Paulo Ribeiro, «Lemma» e Carolina Deslandes . 70
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«NOITE DE REIS» DO TEA DEIXOU CINETEATRO LO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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ATRO DO ELÉCTRICO OULETANO EM DELÍRIO
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Cineteatro Louletano foi palco, nos dias 9 e 10 de setembro, de mais uma epopeia de boadisposição, cor, movimento, música e teatro nonsense da responsabilidade do Teatro do Eléctrico de Ricardo Neves-Neves, com «Noite de Reis» a levar ao rubro as centenas de pessoas que esgotaram a sala de espetáculo nas duas sessões. “Uma das
comédias mais populares de William Shakespeare, «Noite de Reis» é um tesouro de ambivalência tragicómica no seu chiaroscuro constantemente revelado na própria escrita. Um retrato profundamente simples e cómico e por vezes profundo e ALGARVE INFORMATIVO #404
existencial, personificado pelas trocas de identidade, disputas amorosas, constantes folias e partidas”, descreve o encenador quarteirense. Na sua génese, «Noite de Reis» é uma comédia sobre o amor. No reino de Ilíria, o duque Orsino está apaixonado por Olívia, que não o ama. Uma jovem mulher, Violeta, chega a Ilíria levada pelo mar após um naufrágio. Ela tem um irmão gémeo, Sebastião, o qual ela acredita que morreu afogado no naufrágio. Violeta disfarça-se de homem, muda o seu nome para Cesário e encontra trabalho como mensageiro de Orsino. O trabalho de Violeta é mandar mensagens de amor de Orsino para Olívia, só que Olívia apaixona-se por Cesário (Violeta), achando que ela é um homem. Violeta, entretanto, apaixona-se 90
por Orsino, mas não pode revelar o seu amor por ele, pois Orsino acha que ela é Cesário, um homem. Cria-se, assim, uma tempestade amorosa que tem tudo para acabar em tragédia, ou, quiçá, ter um final feliz.
(Soprano), Juliana Campos (Fagote e Canto), Madalena Rato (Percussão), Mrika Sefa (Teclados), Rita Nunes/Nádia Anjos (saxofone), Sofia Gomes/Teresa Soares (Violoncelo) e Rita Carolina Silva (Mezzo).
Com Versão Dramatúrgica e Encenação de Ricardo Neves-Neves, a extraordinária interpretação está a cargo de Adriano Luz, António Ignês, Cristóvão Campos, Dennis Correia, Filipe Vargas, João Tempera, José Leite, Joaquim Nicolau, Manuel Marques, Marco Delgado, Rafael Gomes, Renato Godinho e Ruben Madureira. A Direção Musical é de Mrika Sefa, com música ao vivo pelo Ensemble constituído por Ana Cláudia Santos (Flauta), Eliana Lima (Trompa e Acordeão), Filipa Portela (Soprano e Alaúde), Helena Silva (Violino), Isabel Cruz Fernandes/Beatriz Ventura
«Noite de Reis» é uma coprodução do Teatro da Trindade INATEL, Teatro do Eléctrico, Cineteatro Louletano, Convento São Francisco e Culturproject, com apoios da Associação Mutualista Montepio, Antena 2, Fundação das Casas Fronteira e Alorna, Pecosita Pepito, Roca, Rumo do Fumo, Stannah, Super Soco e Watt- Electric Moving. O Teatro do Eléctrico é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Cultura / Direcção Geral das Artes, pelo Cineteatro Louletano/Câmara Municipal de Loulé e pela Câmara Municipal de Lisboa / Polo Cultural Gaivotas | Boavista .
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O TEATRÃO TROUXE «TIME» A LOULÉ Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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Mákina de Cena, associação cultural de Loulé, preparou um extenso e diversificado programa para o mês de setembro, do qual pontifica o MdC Morning Act que arrancou, no dia 2 de setembro, com «Time» da companhia O Teatrão, na Cerca do Convento de São José. Time é uma peça de dança, criada para duas atrizes e um ator, que se desenvolve em torno da enorme complexidade que é o tempo. É uma peça dirigida a jovens, que procura proporcionar a compreensão da natureza do tempo, quer do ponto de
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vista da sua linearidade, passado, presente, futuro, quer do ponto de vista da sua enorme subjetividade, uma vez que, sem relógios, cada um interpreta o tempo de maneira diferente, sujeitos à influência das condições do momento. O Teatrão é, desde 1994, uma companhia profissional de teatro cuja missão é aproximar a arte teatral das comunidades e territórios, promovendo a igualdade de acesso às suas atividades por todos os públicos, através de práticas inclusivas, fruto da sua posição política sobre o papel da arte e cultura no desenvolvimento dos indivíduos e das comunidades .
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Acalmai-vos! Paulo Cunha (Professor) credito que muita gente que trauteia o refrão da canção «É preciso ter calma» de Pedro Abrunhosa não se aperceba da mensagem sublimar que a letra encerra: “É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma”. Convivemos diariamente com gente que, desalmadamente, dá o corpo e dá no corpo (o seu e o dos outros) com gestos, atitudes e expressões repletas de irritabilidade, excitação e perturbação. Poderá parecer estranho, e até despropositado, eu estar a escrever sobre algo que, aparentemente, nos é distinto e inerente enquanto seres racionais. Sabendo que a tranquilidade e a serenidade são «estados de alma» que resultam dos nossos atos enquanto seres sociais, causa-me alguma perplexidade observar como se negligencia e vilipendia uma forma de estar que só nos traz vantagens, prazer e felicidade. Sendo as profissões em que predomina o contacto com pessoas as mais propensas à falta de paciência e irritabilidade, é natural que o stress se instale, mine e se torne responsável por respostas e reações inesperadas e indesejáveis. Normalmente, são as pessoas que estão por perto (familiares, amigos e colegas) as que nos alertam para comportamentos que colocam as ALGARVE INFORMATIVO #404
relações interpessoais em risco. É, por isso, importante estar atento aos sinais que potenciam o afastamento dos outros. Não sendo fácil criar mecanismos internos de autorreflexão e autorregulação emocional, e consequentemente de autoajuda, regista-se cada vez mais a procura de aconselhamento, acompanhamento e tratamento por parte de profissionais na área da saúde mental, do recurso à consulta de publicações no âmbito da autoajuda e a realização e frequência de eventos em locais isolados e afastados da agitação e bulício dos grandes centros urbanos. São tomadas de consciência consubstanciadas em desejáveis ações que acabam por serenar ânimos, deitando assim água numa fervura que teima em nos afastar da tão necessária calma. Se para muitos o recurso a ansiolíticos, sedativos e calmantes é a melhor, mais fácil e célere forma de acalmar o seu ser e estar, outros (onde eu me incluo) preferem, através da partilha presencial, participada e vivenciada junto da família e dos amigos, esconjurar, e assim espantar, os males que os apoquentam e distanciam da desejável e merecida calma. Como forma de resposta a certas provocações, ultimamente, tenho realizado certos exercícios que me têm 124
proporcionado uma maior serenidade, tranquilidade e bem-estar. Nas redes sociais, onde o fel impera, não respondo a provocações maliciosas… quando muito agradeço o tempo que os provocadores despenderam comigo. Na vida real, poder-me-ão chamar o que quiserem, mas fujo de situações em que o resultado é previsível, tal a insanidade dos interlocutores. A título de exemplo, sempre que na estrada alguém me apresenta a sua virilidade através da buzina, de imediato respondo-lhe enviando-lhe um beijo, depois de baixar o vidro. Desarmados, com alguns funciona!
Foto: Daniel Santos
Como forma de vos apaziguar, acalmar e serenar, acabo esta minha crónica com um poema que bem podia chamar-se «É urgente a calma». Gratos, Eugénio de Andrade. É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, 125
multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente Permanecer . ALGARVE INFORMATIVO #404
O potencial económico da CPLP Fábio Jesuíno (Empresário) om uma população superior a 230 milhões de habitantes e uma área total de 10 milhões e 742 mil quilómetros quadrados, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem um potencial económico enorme que, quando plenamente aproveitado e coordenado, pode impulsionar o crescimento, a cooperação e o desenvolvimento sustentável entre os seus membros e além das suas fronteiras. O potencial económico da CPLP é de extrema relevância, uma vez que seus estados-membros representam mais de 50 por cento das descobertas de recursos energéticos desde o início do século XXI. Além disso, essa área possui uma vasta plataforma continental rica em recursos marinhos e minerais, abrigando aproximadamente 14 por cento das reservas mundiais de água doce. As vantagens de explorar o potencial económico da CPLP são significativas, independentemente do contexto econômico. Destacando-se o crescimento económico e sustentável através da exploração dos recursos energéticos, marinhos e minerais, assegurando um abastecimento contínuo de recursos naturais. ALGARVE INFORMATIVO #404
Outra vantagem inegável é a diversificação económica, na qual os países membros da CPLP reduzem a sua dependência de setores econômicos específicos, tornando-se mais resistentes às oscilações do mercado global. A cooperação internacional, tanto a nível interno como externo da CPLP, gera benefícios ao promover a partilha de conhecimentos, reforçando, assim, a posição global da comunidade lusófona. A colaboração interna desempenha um papel fundamental no êxito económico da CPLP, apesar da distância geográfica, uma vez que partilhamos uma língua e laços culturais que nos distinguem de outros espaços de integração, facilitando a comunicação. A exploração do potencial econômico da CPLP oferece muitas oportunidades para o desenvolvimento econômico e social dos estados-membros, desde que seja realizada de forma responsável e sustentável. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é constituída por nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Esta diversificada união de nações possui um potencial económico único que impulsionará o seu desenvolvimento conjunto . 126
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A Dor que Transcende a Alma! Júlio Ferreira (Inconformado encartado) screver sobre a morte de alguém que amamos é uma tarefa dolorosa. É uma experiência que todos enfrentamos em algum momento de nossas vidas e que nos desafia a lidar com uma série de emoções complexas. Infelizmente chegou a minha vez… Ainda me parece um pesadelo. Infelizmente é uma realidade crua e dura, muito dura. O dia em que meu pai nos deixou foi um daqueles que ficará marcado para sempre em minha memória. As 07h45, daquele domingo cinzento, em que o céu estava carregado de nuvens pesadas que pareciam refletir o meu estado de espírito minutos depois de atender aquela chamada. Do outro lado da linha, a voz trêmula de um médico tentava encontrar as palavras certas. “Não tenho boas notícias”, disse ele, com sua voz vacilante. O coração começou a bater mais forte no meu peito, e eu senti um nó na garganta. “Lamento informar…”, ele continuou, mas as palavras pareciam distantes, como se estivessem vindo de um lugar muito longe. Naquele momento, o mundo ao meu redor pareceu parar. O que eu estava ouvindo era inimaginável, algo que eu nunca pensei que poderia acontecer. Meu corpo parecia congelado, enquanto minha mente corria em busca de respostas que não existiam. Cada ALGARVE INFORMATIVO #404
palavra que ele pronunciava era como um punhal que perfurava meu coração. A realidade da situação era insuportável, como se eu estivesse preso em um pesadelo do qual não podia acordar. A notícia que eu estava recebendo era a pior possível. A dor, a tristeza e a incredulidade inundaram minha alma. O tempo parecia ter perdido todo o significado, e eu estava preso naquele momento de angústia indescritível. Lentamente, desliguei o telefone, e as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. A tristeza era avassaladora, dura realidade que me atingiu com toda a sua força. Eu não conseguia acreditar que algo assim pudesse acontecer, porque a realidade poucas horas antes tinha sido outra. Como a vida podia mudar tão drasticamente em tão pouco tempo? Num único telefonema? Os minutos que se seguiram foram um borrão de dor e luto. Ser o mensageiro da pior notícia do mundo é uma experiência que ninguém deveria ter que passar. Duas semanas depois, ainda parece que ainda estou preso nesse pesadelo, esperando acordar e descobrir que tudo não passou de um terrível engano. Já tentei, mas as palavras são insuficientes para descrever a intensidade dessa dor. É uma tormenta interna que desencadeia uma cascata de emoções e sensações devastadoras. Os olhos, antes serenos, queimam em lágrimas incessantes, como se o lamento de uma alma quebrada buscasse uma saída para a agonia que a envolve. As 128
fazendo com que cada batida seja um lembrete doloroso de que ainda estamos vivos, mesmo que a vida pareça insuportável. Mas a triste verdade é que essa é a minha nova realidade, uma realidade que é incrivelmente difícil de aceitar. A dor da perda é algo que nunca desaparecerá completamente, mas espero que com o tempo, eu possa encontrar alguma forma de seguir em frente. Por enquanto, aquele telefonema continua a ecoar em meus pensamentos. A morte tinha-o levado como um ladrão na noite. Durante cinco semanas ele lutou bravamente, enfrentando cada desafio com grande coragem. Mas, inevitavelmente, o seu tempo havia chegado. mãos tremem, os lábios trêmulos procuram palavras que não podem ser encontradas, e a garganta parece estrangulada pela angústia. Mas essa dor não se limita ao domínio do emocional. Ela se infiltra no corpo como um veneno cruel. O coração, o motor da vida, parece comprimido por toneladas de desespero, 129
Esta dor da perda, que partilho convosco, é uma ferida que nunca realmente cicatriza. A dor, essa entidade implacável que transcende a alma e se manifesta no físico, nos rasga por dentro, como se o próprio universo estivesse conspirando contra nós, transforma-se ALGARVE INFORMATIVO #404
em saudade, em lembranças preciosas que guardaremos para sempre em nossos corações. Quem são aqueles que conhecem essa dor? Todos aqueles que perderam entes queridos, cujas almas estão marcadas por um vazio irremediável. A dor da perda é avassaladora e nos deixa com uma sensação de vazio e tristeza profunda. A dor que senti com a morte de meu pai, foi das emoções mais intensas e devastadoras que um ser humano pode experimentar. Essa dor continua comigo e é profunda e complexa, afetando não apenas a dimensão emocional, mas também a física e a mental. Uma perda significativa, muitas vezes acompanhada por um sentimento de vazio emocional. Ninguém é perfeito, e todos os pais têm suas imperfeições, eu também as tenho…e muitas! No entanto, o amor entre pais e filhos muitas vezes transcende essas imperfeições. Apesar de todas as diferenças e por vezes de alguns conflitos, a relação entre um pai e um filho geralmente é única e especial, o que torna a dor ainda mais profunda. Os pais desempenham papéis cruciais no apoio emocional, na orientação e na segurança de seus filhos. A perda desse apoio deixa uma sensação de desamparo. Mas com o passar dos dias, sinto que é importante lembrar que essa dor, é um testemunho da nossa humanidade, da nossa pequenez. É a prova de que somos capazes de sentir profundamente, de amar intensamente e de nos importar genuinamente com o mundo ao nosso redor. É um lembrete de que a vida, com todas as suas dores e alegrias, é uma jornada preciosa e frágil. ALGARVE INFORMATIVO #404
Mas esta também é a história da memória. À medida que o tempo passa, aprendemos a valorizar os momentos que compartilhamos com essa pessoa. As lembranças se tornam preciosas, como pérolas em um colar, e guardamos cada detalhe em nossos corações para não esquecermos quem eram e o quanto significaram para nós. É nesse ponto que este artigo se torna uma homenagem, uma celebração da vida daquele que se foi. Meu pai se foi, mas seu legado de amor, sabedoria e coragem permanecerá vivo em cada um de nós que teve a honra de conhecê-lo. O seu legado continuará a inspirar e guiar minha jornada. No alto da sua 4.ª Classe, ele me ensinou que a verdadeira riqueza não está em posses materiais, mas nas relações que construímos e no impacto positivo que deixamos no mundo. Ele me mostrou que a bondade, a compaixão e a empatia são virtudes que devem ser cultivadas e compartilhadas com os outros. Pois é meus caros amigos, meu pai se foi, mas seu espírito e amor continuarão a nos guiar enquanto seguimos em frente, enfrentando a vida sem sua presença física, mas carregando consigo o eterno carinho que ele nos deu. Enquanto o luto se mistura com a gratidão por ter tido a oportunidade de tê-lo como pai, sei que ele está em paz, olhando por nós com um sorriso gentil. Podes ficar descansado, que eu vou cuidar da mãe e dar muitos “beijinhos aos meninos” todos os dias da minha vida! Adeus, meu querido pai, serás eternamente lembrado e amado .
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Escolhe-me a mim! Sílvia Quinteiro (Professora) im a uma feira. Não interessa a qual, até porque desconfio que seja indiferente. É dia de abertura e, como manda a praxe, o Presidente da entidade que acolhe o evento faz o discurso inaugural. Sobre este, nada a dizer. Na verdade, é tão irrelevante quanto saber de que feira se trata, ou o nome de quem o profere. O do costume. Palavras de circunstância que se prolongam por 40 minutos sem que daí se extraia uma ideia. Oiço e admiro. É uma arte. A ocasião requer um cuidado especial e nada melhor do que a presença, e respetivos discursos, de três Secretários de Estado. Ah, tivesse eu um megafone à mão: – Não um, nem dois, mas sim três Secretários de Estado impecáveis, freguês! E ainda leva mais dois Diretores Gerais e um Vereador, que isto à meiadúzia é mais barato! Tantos ilustres num evento algarvio é algo que só acontece em duas circunstâncias: no verão, quando as águas tépidas compensam o sacrifício da viagem, ou em ano de eleições, quando não há votos a perder. Seja como for, o certo é que a presença das figuras de Lisboa atrai como um íman os políticos e aspirantes a políticos da região. Três Secretários de Estado, caramba! ALGARVE INFORMATIVO #404
Engomadinhos, com belos botões de punho, a cheirar a poder central. Formase um círculo impenetrável à sua volta. Ali ninguém passa. Afinal uma pessoa chega cedo é para ficar à frente e ser vista. Unidos pela vontade de servir o próximo, os concorrentes lá vão cochichando entre si. Bem aconchegadinhos, não venha algum pelintra de fora querer juntar-se à festa. Ao largo, passa um ou outro conhecido que os cumprimenta. Um breve: – Olá, por aqui? – E viram-se rapidamente. Não há tempo para distrações. Sabe-se lá se enquanto uma pessoa cumprimenta um amigo de infância, não há um espertinho que, à falsa fé, saca uma direção regional ou uma vereação de qualquer coisa. Sim, de qualquer coisa, até porque, quanto menos se perceber do assunto, maior a margem de progressão. Sento-me bem afastada. Não vá estragar a carreira a alguém. Tento identificar as figuras. Reconheço umas. Quanto às outras, esclarecem-me rapidamente quem são. – Não sabes? Então, é o filho do… é o neto da… é casado com… – Agora sim, está tudo mais claro. Aplaudem, aplaudem tudo, com um sorriso de orelha a orelha. O que ouvem e o que não ouvem. Os que ocupam cargos, os que ocuparam e caíram em desgraça, os que até têm os dedos gastos de tanto 132
colar cartazes e a quem ainda não calhou nada. Há que ser visto, que lembrar que se existe e se está à espera de um «lugarzinho». Divirto-me a olhar para este grupo simultaneamente bem cimentado e disfuncional. Registo o desespero. A forma como esticam os pescoços, procurando tornar-se visíveis. Os saltos altíssimos de uma das senhoras – sempre são mais dez centímetros. Os blazers e camisas da marca espanhola a invejar o corte dos saídos das mãos dos alfaiates da capital. Este espetáculo pitoresco e alucinado remete-me para as diferentes eleições que se realizam nas instituições deste país. E não se estranhe o meu desvio, até porque um olhar atento revelará muitas vezes as mesmas personagens, ou, pelo menos, os mesmos sobrenomes. Coincidências. Nas instituições, o candidato experiente garante que tem lugar na mesa de voto. Assegura-se assim de que nenhum eleitor 133
poderá esquecer-se da sua existência. Caso isso falhe, é fundamental passar à porta da sala de votos tantas vezes quantas for possível. Umas graçolas recicladas ajudam a dar a ideia de que se «é da malta». Depois, há os que elevam a fasquia, fornecendo aos elementos da mesa águas, cafezinhos e, se for mesmo necessário, até uns pastelinhos de nata. Pura generosidade, claro. A ida ao cabeleireiro ou ao barbeiro são indispensáveis. Multiplicam-se as unhas de gel, pestanas postiças e batons berrantes. O que importa é ser-se notado. E, temendo que estes esforços sejam insuficientes, há os que manifestam a sua eterna disponibilidade trajando há décadas a mesma «farda» em dia de eleições. Inveje-se a manutenção da fisionomia que permite tal constância. Olho com ternura para estes cenários e para estas personagens extraordinárias. Há quantos séculos deleitam os amantes da literatura? Eça. Camilo. Sim. E, todavia, assalta-me uma memória bastante mais recente e menos erudita: a de uma conhecida e amorosa personagem do cinema de animação. Sofre o bicho de uma aflição muito semelhante à que se constata na vida real e dá, por isso, saltinhos mais ou menos desajeitados e risíveis, enquanto grita: – Escolhe-me a mim! – Escolhe-me a mim!. ALGARVE INFORMATIVO #404
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #404
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