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ALGARVE INFORMATIVO 7 de outubro, 2023
EMINFORMATIVO ALBUFEIRA 1GALP INAUGUROU PARQUE SOLAR EM ALCOUTIM | DIA MUNDIAL DO TURISMO CELEBRADO ALGARVE #406 «SE EU FOSSE NINA» | KHIARO NO «CHOQUE FRONTAL AO VIVO» | VI SEMANA DO POLVO EM QUARTEIRA
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ÍNDICE Saneamento básico avança no Cerro do Galo, em Almancil (pág. 16) Embaixador do Reino Unido em Portugal visitou Loulé (pág. 20) VI Semana do Polvo em Quarteira (pág. 28) Galp inaugurou parque solar em Alcoutim (pág. 38) Dia Mundial do Turismo celebrado em Albufeira (pág. 48) Mundial de Superbike no Autódromo Internacional do Algarve(pág. 64) «Se eu fosse Nina» no Cineteatro Louletano (pág. 84) Choque Frontal ao Vivo com Khiaro no Teatro Municipal de Portimão (pág. 94)
OPINIÃO Mirian Tavares (pág. 106) Fábio Jesuíno (pág. 108) Nuno Campos Inácio (pág. 110) Alexandra Rodrigues Gonçalves (pág. 114) Dora Gago (pág. 118)
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Obra de água e esgotos arranca no Cerro do Galo, em Almancil, para alegria dos moradores Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina oi num ambiente festivo que um grupo de habitantes do Cerro do Galo, na freguesia de Almancil, assistiu, no dia 27 de setembro, à assinatura do auto de consignação e lançamento da obra que irá levar água e esgotos a esta localidade. A reivindicação era antiga, mas só agora foi possível avançar com o concurso público. “Chegou finalmente o dia,
as pessoas estão muito felizes e nós também. Os residentes ALGARVE INFORMATIVO #406
esperaram muitos anos, este é um serviço básico e, como tal, temos que compreender a impaciência dos residentes. Mas aquilo que antes se fazia em menos tempo, hoje leva seguramente bastante mais tempo”, explicou o autarca Vítor Aleixo. Situada numa zona de habitação dispersa, na freguesia de Almancil, a futura rede de água e esgotos irá abastecer 445 moradores, “um número 16
localidade de água potável em quantidade e com qualidade durante todo o ano, bem como permitir a drenagem de águas residuais. A extensão da área de intervenção é de cerca de 3 mil e 400 metros e o investimento do Município de Loulé ronda os 1,2 milhões de euros.
Freguesia de Almancil, Joaquim Pinto, recordou que esta obra tinha sido solicitada pelo executivo da Junta em 2009, quando foram feitas obras de saneamento da zona nascente e central da freguesia. O responsável destacou também o facto de este ser um investimento que demonstra uma preocupação com o ambiente, já que, com esta rede, “despolui-se o
A obra será executada em cerca de um ano e o empreiteiro, com atividade no setor há mais de duas décadas, garante que durante a realização dos trabalhos
subsolo na área das linhas-de-água e previne-se derrames a céu aberto”. Entre obras em curso,
apreciável”. O objetivo é dotar a
“os moradores vão ser afetados o menos possível, vamos tentar deixar as coisas arrumadas e tentar cumprir o prazo, pois, no final, queremos deixar uma obra exemplar”. Já o presidente da Junta de
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concursos públicos abertos, aprovação de projetos, a política de investimentos da Câmara Municipal de Loulé no saneamento básico “é para continuar
porque há ainda necessidades para satisfazer”, reafirmou, entretanto, Vítor Aleixo .
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Embaixador do Reino Unido veio a Loulé conhecer projetos nacionais sobre Envelhecimento Ativo Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina localização em Loulé do «quartelgeneral», em termos nacionais, do Plano de Ação do Envelhecimento Ativo e Saudável motivou a vinda à cidade de Christopher Sainty, Embaixador do Reino Unido em Portugal, no dia 28 de setembro, no âmbito da passagem deste representante diplomático pelo Algarve. ALGARVE INFORMATIVO #406
Sendo um tema comum entre Portugal e o Reino Unido, a aposta na área do envelhecimento ativo e saudável ganha uma importância cada vez maior nas sociedades ocidentais numa altura em que a prioridade é «envelhecer bem». Por isso, Nuno Marques, coordenador nacional do Plano de Ação do Envelhecimento Ativo e Saudável e diretor do Centro de Competências de Envelhecimento Ativo (CCEA), teve a incumbência de apresentar um dos quatro novos centros protocolares do 20
país do Instituto de Emprego e Formação Profissional, o único dedicado a este setor, que está precisamente sediado em Loulé. Este Centro visa ajudar na definição e na implementação das políticas do envelhecimento, nomeadamente numa área-chave, a da capacitação e da formação dos profissionais que são cuidadores, assim como dos cuidadores informais. O Centro, localizado provisoriamente na Zona Industrial de Loulé, nasce de um acordo entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional, Instituto da Segurança Social e ABC – Algarve Biomedical Center, e conta com a colaboração da Rede RePEnSA (que concentra os centros
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portugueses que têm reconhecimento europeu nesta área do envelhecimento). Futuramente será construída uma sede, num terreno disponibilizado pelo Município de Loulé, onde serão coordenadas todas as atividades nacionais e internacionais relacionadas com esta matéria, no âmbito do Plano. O CCEA implica um investimento superior a 12 milhões de euros, incluindo mais de 6 milhões de euros em instalações e equipamentos para os próximos três anos, estando prevista a contratação de 56 recursos humanos qualificados para desenvolvimento das suas atividades. Nuno Marques deu ainda a conhecer ao Embaixador britânico algumas diretrizes
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #406
Nuno Marques
contempladas no Plano de Ação do Envelhecimento Ativo e Saudável, documento agregador de toda a política nacional e que está em fase final de aprovação em termos legislativos. Este será, de resto, o primeiro plano a nível europeu com medidas localizadas para esta área.
Organização Mundial da Saúde. “A
Quanto a esta ligação próxima entre Portugal e Reino Unido, Nuno Marques acredita que será possível manter uma colaboração e articulação neste setor entre os dois países, até porque há
O envelhecimento da população é uma realidade global que afeta Portugal, o Reino Unido e quase todos os países ocidentais, de modo que o envelhecimento saudável é uma prioridade para o Governo Britânico, sendo mesmo considerado, desde 2018, como um de quatro grandes desafios societais. “Nos últimos cinco anos, a
“bons exemplos de um lado e de outro”. E aproveitou para revelar que, no dia 9 de outubro, Loulé recebe uma cimeira sobre «Cidades e Comunidades Amigas do Envelhecimento», numa organização da Direção-Geral da Saúde, Câmara Municipal de Loulé e ALGARVE INFORMATIVO #406
região do Algarve constituiu-se como líder e, nesse sentido, será celebrado um acordo para que esta seja a primeira «Região Amiga do Envelhecimento»”, adiantou Nuno Marques.
Embaixada Britânica tem procurado estabelecer um diálogo Portugal-Reino Unido sobre 22
Envelhecimento Saudável. Já realizámos quatro fóruns anuais entre os dois países sobre esta temática, com a participação de membros do Governo, autarquias, académicos, representantes do chamado terceiro setor, empresas, etc. O último desses fóruns, em março deste ano, em parceria com a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, centrou-se no tema «Cidades para todas as Idades (Cities for All Ages)», e salientou o papel das autoridades e das comunidades locais na construção de cidades inclusivas que permitam e potenciem o envelhecimento ativo e saudável das populações. É por isso um prazer redobrado estar hoje em Loulé e poder ver de perto os progressos que a vossa cidade tem feito neste campo”, afirmou Christopher Sainty. O Envelhecimento Saudável continuará a ser, sem dúvida, uma prioridade para a Embaixada Britânica, que encomendou um estudo ao centro de investigação britânico, o Centro Internacional de Longevidade (ILC), intitulado «Health equals Wealth: Maximizar o Dividendo da Longevidade em Portugal», que procura olhar para lá dos desafios, mapeando as oportunidades, económicas e sociais, advindas do incremento significativo na esperança média de vida nas últimas décadas. “O contributo das pessoas
mais velhas já é bastante 23
significativo, enquanto trabalhadores, consumidores, cuidadores informais ou voluntários. A questão central do estudo é como podemos maximizar esse «dividendo» económico e social. Estamos a planear um evento restrito de prélançamento no dia 7 de novembro, para um pequeno grupo de stakeholders, que servirá para discutir informalmente os resultados e recomendações do estudo e recolher alguns contributos adicionais, que serão posteriormente incorporados no relatório, que será depois formalmente divulgado durante o 5.º Fórum de Envelhecimento Portugal-Reino Unido, a ter lugar no primeiro trimestre de 2024”, adiantou o diplomata. Christopher Sainty manifestou ainda o desejo de poder contar com a ajuda da cidade de Loulé, do Centro de Competências de Envelhecimento Ativo e do Observatório Nacional do Envelhecimento “para aprofundar o
diálogo entre os nossos dois países e para promover o Envelhecimento Saudável das nossas populações”, lembrando precisamente que Loulé é um dos municípios portugueses com uma população residente mais substancial de cidadãos britânicos. “Como
consequência da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, os últimos anos têm sido de ALGARVE INFORMATIVO #406
Christopher Sainty, Embaixador do Reino Unido em Portugal
preocupação e ansiedade para muitos dos nossos cidadãos que vivem em Portugal e noutros países europeus. A partir da Embaixada Britânica temos feito o que está ao nosso alcance para apoiar a nossa comunidade e darlhes conselhos e garantias, mas tem sido um desafio chegar aos muitos milhares de pessoas cujas vidas foram afetadas pelo Brexit. Aprendemos que a forma mais eficaz de apoiar a nossa comunidade é a nível local, através das autarquias, daí que gostaria de expressar os meus profundos agradecimentos ao Presidente da ALGARVE INFORMATIVO #406
Câmara Municipal de Loulé e a todos os funcionários que aqui trabalham e que demonstraram bondade e compaixão para com os membros da comunidade britânica em Loulé ao longo dos últimos anos”, afirmou ainda Christopher Sainty. Vítor Aleixo, por seu lado, confirmou que este processo de emissão dos passaportes aos cidadãos britânicos, com a instalação de equipamento necessário, “foi um sucesso”, tendo ainda destacado o empenho do Município em criar as condições para os seus cidadãos nesta matéria do envelhecimento ativo e saudável e do envolvimento em projetos como o Observatório criado em Alte . 24
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Polvo continua a ser rei em Quarteira Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina VI Semana do Polvo arrancou no dia 29 de setembro e estende-se até dia 8 de outubro, numa organização da Associação dos Empresários de Quarteira e Vilamoura que conta com o apoio da Câmara Municipal de Loulé e da Junta de Freguesia de Quarteira, entidades que se reúnem mais uma vez para promover o polvo enquanto elemento emblemático da freguesia. Este ano há novos restaurantes aderentes, novos sabores e também um livro de receitas ALGARVE INFORMATIVO #406
surpreendentes e arrojadas que é o resultado do desafio aceite pelos restaurantes de aliar a criatividade à versatilidade gastronómica do polvo. A Semana do Polvo teve a sua inauguração no dia 30 de setembro, com um showcooking pelo chef José Moura, realizado pela Docapesca, no largo do Mercado de Quarteira, e encerra oficialmente, no dia 8 de outubro, com mais um showcooking dinamizado pela Docapesca, desta vez no lado nascente do Calçadão de Quarteira, pelas 16h, num final de tarde que contará ainda com a animação do Rancho Folclórico e 28
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Etnográfico de São Sebastião. São parceiros do evento a Docapesca – Portos e Lotas S.A., a Inframoura, o Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres e Gelgarve, num evento que, de acordo com João Guerreiro, presidente da Associação dos Empresários de Quarteira e Vilamoura, procura ligar a atividade tradicional da pesca do polvo ao turismo. “Queremos acentuar as
especificidades da nossa terra e região e os pescadores de Quarteira empenham-se bastante para que não falte o polvo nos muitos restaurantes aderentes. À semelhança do bacalhau, o polvo tem sido objeto de muita curiosidade por parte dos chefs, com novas opções culinárias que agradam bastante aos paladares mais exigentes”, declarou o dirigente e empresário. “É um produto fácil de ALGARVE INFORMATIVO #406
conservar, basta congelar que dura muito tempo. Depois, é um molusco naturalmente bastante saboroso e extremamente rico em proteínas”, acrescentou. João Guerreiro garante ainda que o polvo não é um produto excessivamente caro, existindo opções para todos os bolsos, umas mais complexas, outras mais simples, na sua conceção. “O
polvo não é barato, mas, graças à criatividade e diversidade dos chefs e dos muitos cozinheiros existentes no concelho, é fácil encontrar-se propostas a preços acessíveis para todas as pessoas. Mas não é um evento fácil de organizar, só é possível graças aos apoios da Câmara Municipal de Loulé e da Junta de Freguesia de Quarteira”. 30
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Autarquia de Loulé que estava representada no arranque da VI Semana do Polvo pelo vereador Carlos Carmo, que prontamente assumiu que o pescado tem uma importância significativa na vida económica do concelho de Loulé e, neste caso, da freguesia de Quarteira. “O
polvo é um produto que queremos valorizar ainda mais, porque estamos inseridos numa das maiores, se calhar mesmo a maior, rota deste molusco no Algarve. E, com eventos como este, demonstra-se que é possível criar uma grande dinâmica em períodos já fora da época estival”, entende,
um destino para as suas férias, para viver ou passear, gosta de perceber que naquele local existem produtos frescos e saudáveis e que são confecionados com uma qualidade acima da média. Queremos esticar cada vez mais o período de Verão com este género de iniciativas para combater uma sazonalidade que ainda existe, mas a verdade é que o concelho de Loulé é atrativo ao longo de todo o ano”.
frisando que os turistas dão cada vez mais importância à gastronomia local.
Carlos Carmo mostrou-se também satisfeito pelas novas receitas criadas em torno do polvo, e, inclusive, da responsabilidade de chefs de referência da hotelaria algarvia. “Com toda a sua
“Cada um de nós, quando escolhe
generosidade colocam ao dispor
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das pessoas que estão a acompanhar os showcookings as suas propostas e que estão reunidas também num livro. Quarteira tem aqui um produto que pode ser cozinhado de diversas formas, daí ser um evento que continuará a ser apoiado pela Câmara Municipal de Loulé”, adiantou o vereador. Apoio esse que continuará também a ser uma realidade da parte da Junta de Freguesia de Quarteira, garantiu Telmo Pinto. “Temos uma economia ligada
à pesca que é uma referência nacional, faz parte da nossa história e cultura, e conseguimos juntar neste evento várias entidades, até mesmo o agrupamento de escolas com os seus cursos de cozinha e bar que ALGARVE INFORMATIVO #406
participam desde o início na Semana do Polvo. Realçamos igualmente a qualidade da nossa hotelaria e restauração e que sabemos receber quem nos visita”, salienta o presidente, esclarecendo que, apesar da forte predominância da atividade turística, a pesca continua a dar cartas em Quarteira. “Há que
defender sempre a pesca, pois temos barcos de toda a região a vir descarregar no nosso porto, pela sua centralidade. Temos uma qualidade superior reconhecida por todos e o polvo já se tornou um símbolo de Quarteira. É um projeto estruturado, com raízes, que tem crescido de forma sustentável, seja no turismo, como na própria educação, com livros oferecidos às nossas crianças”, apontou Telmo Pinto . 34
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Galp inaugurou investimento solar de 70 milhões de euros em Alcoutim Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Galp inaugurou, no dia 29 de setembro, em Alcoutim, um projeto de energia solar fotovoltaica com 144 MWp num investimento superior a 70 milhões de euros. A cerimónia contou com as presenças do Ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, do Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, do Presidente Executivo da Galp, Filipe Silva, e do Vice-Presidente Executivo de Renováveis da Galp, Georgios Papadimitriou. ALGARVE INFORMATIVO #406
Composto por quatro centrais fotovoltaicas – S. Marcos, Viçosa, Pereiro e Albercas – o projeto no concelho de Alcoutim conta com 252 mil e 532 painéis solares que se estendem por uma área de 250 hectares. Com estes parques, a empresa conta atualmente com uma capacidade instalada de 1,4 GW, assegurando 5,5 por cento da potência fotovoltaica da Península Ibérica.
“Parques solares como os de Alcoutim são decisivos na estratégia de transição da Galp, gerando os eletrões verdes que a empresa fornecerá aos seus 38
clientes e integrará na produção dos combustíveis de baixo carbono. A capacidade de produção anual estimada em Alcoutim é de 250 mil megawattshora de eletricidade, o suficiente para fornecer energia renovável a mais de 80 mil famílias e evitar a emissão de 75 mil toneladas de CO2 por ano”, destacou Filipe Silva. Na mesma semana a Galp anunciou também dois grandes projetos na refinaria de Sines: a instalação de 100MW de eletrolisadores para a produção de hidrogénio verde, e o lançamento de uma unidade de produção de biocombustíveis avançados (HVO/SAF) para a mobilidade e aviação. Estes dois projetos, avaliados em 650 milhões de euros, são dos
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maiores da Europa na cadeia de valor do hidrogénio verde e dos biocombustíveis, sendo peças fundamentais do reposicionamento da refinaria de Sines.
“O que estão a ver atrás de mim vai ser encontrado no depósito do vosso carro, vamos transformar o sol de Alcoutim em combustíveis. Esta eletricidade vai para a subestação de Tavira, entra na rede nacional, chega a Sines, vai entrar num eletrolisador e vai produzir hidrogénio que dará origem a combustível. É petróleo português. Custa bastante dinheiro, é preciso muito talento, mas este é apenas o primeiro projeto desta natureza da caminhada que estamos a iniciar”, afirmou Filipe Silva.
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Filipe Silva, CEO ALGARVE INFORMATIVO #406 da Galp
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De acordo com o CEO da Galp, o combustível fóssil representa atualmente 83 por cento da energia primária do mundo, com a eletricidade a pesar muito pouco, “e é fundamental que a
eletricidade «verde» como esta vá substituindo cada vez mais os combustíveis fósseis”. “Vamos ter que prioritizar onde é que vamos querer colocar estes eletrões para fazer a maior diferença do planeta”, reforçou Filipe Silva. “Esta é uma demonstração do nosso empenho em avançar com a transformação do sistema energético para um paradigma sustentável”, confirmou, por sua vez, Georgios Papadimitriou. “O
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desenvolvimento de energias renováveis é a base para a transformação que precisamos de levar a toda a sociedade, da indústria aos transportes, à mobilidade, e mesmo à energia que consumimos nas nossas casas”, acrescentou o Vice-Presidente Executivo de Renováveis da Galp. Satisfeito com a inauguração oficial deste importante investimento em Alcoutim estava, naturalmente, Osvaldo Gonçalves, pelo seu potencial de criação de postos de trabalho que são fundamentais para a fixação de jovens no concelho. “É um investimento
estratégico que contribui para o cumprimento das exigentes metas de compromissos nacionais e
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Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Alcoutim
internacionais em que o nosso governo está empenhado, na descarbonização da economia e da transição energética, e, no fundo, alinhado com o enorme compromisso com o ambiente e com o planeta. Ao estarmos envolvidos, direta ou indiretamente nestes projetos, acabamos todos por também ser subsidiários desse enorme contributo tão necessário como urgente para o presente e para o futuro”, indicou o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim. A satisfação do edil alcoutenejo não era, porém, completa, recordando a legislação criada para efeitos compensatórios aos municípios pela instalação dos centros electroprodutores. ALGARVE INFORMATIVO #406
“Em boa verdade ela foi feita através do DL 72/2022 de 19 de outubro, mas deixou-nos de fora da elegibilidade, configurando-lhe desde logo um carácter de enorme injustiça por não considerar os municípios como o de Alcoutim, que abriram o caminho nem sempre fácil para o arranque da instalação de centros electroprodutores, para que outros, hoje, possam vir a ser compensados”, apontou o autarca, sob o olhar atento do Ministro do Ambiente e da Ação Climática. A terminar a sua intervenção, Osvaldo Gonçalves reconheceu e agradeceu à Galp a sensibilidade demonstrada desde o início, “com uma disponibilidade
até agora manifestada em apoios 42
Georgios Papadimitriou, Vice-Presidente Executivo de Renováveis da Galp
nas áreas sociais, turismo, educação e proteção civil, que muito me apraz registar como um sinal inequívoco da importância de ter no território a vossa presença”. “Faço votos para que essa disponibilidade seja uma constante e um processo gradual na dimensão do vosso compromisso social e das necessidades presentes e futuras”, concluiu. A encerrar a cerimónia usou da palavra Duarte Cordeiro, “num dia
importante porque acrescentamos capacidade solar e prosseguimos os objetivos estratégicos de descarbonização”. “O projeto que aqui hoje é inaugurado está em 43
linha com as prioridades do governo em relação à transição energética que privilegia a soberania, a independência e a autonomia do nosso país, que fornece eletricidade a preços competitivos e, sobretudo, que evita a emissão de gases com efeito de estufa. É uma transição nossa, barata e sustentável”, frisou o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, para quem estes investimentos têm um efeito multiplicador por promoverem novos projetos industriais e assim contribuírem também para a coesão social e territorial e criarem empregos qualificados. “A transição
energética assenta na valorização dos recursos endógenos, permite reforçar a segurança do nosso país, diminui a dependência externa de ALGARVE INFORMATIVO #406
Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e da Ação Climática
Portugal, limita a nossa exposição à volatilidade dos mercados dos combustíveis fósseis. A estabilidade do sistema elétrico nacional, com uma crescente incorporação de geração renovável, está assegurada pela combinação das diferentes tecnologias e será complementada pelo desenvolvimento de uma estratégia nacional de armazenamento”, salientou ainda o governante. Duarte Cordeiro não deixou, entretanto, o desabafo de Osvaldo Gonçalves sem resposta, admitindo que o mecanismo de compensação criado pelo governo para os municípios que iriam permitir a instalação dos centros electroprodutores nos seus territórios acabou por não ALGARVE INFORMATIVO #406
beneficiar quem, antes disso, já tinha aprovado esses licenciamentos. “Isso
não significa que vamos ignorar todos os municípios que tiveram esse comportamento de abertura, de disponibilidade, para esta transformação. Se não for possível a retroatividade desta compensação, será certamente possível compensar de outra forma o Município de Alcoutim nos termos adequados e equilibrados face àquilo que seria justo e à vontade que Alcoutim demonstrou. Queremos mais municípios que procurem trabalhar como Alcoutim o fez para estes projetos em concreto, porque só assim é que multiplicamos os bons exemplos”, afirmou o governante . 44
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Em Albufeira falou-se do Turismo enquanto fator de coesão nacional Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Confederação do Turismo de Portugal assinalou o Dia Mundial do Turismo com a realização de uma conferência, no dia 27 de setembro, no Hotel Nau Salgados Palace, em Albufeira, que teve como tema principal o Turismo enquanto fator de coesão nacional. Ao longo da tarde foram abordados assuntos fulcrais da atividade turística em Portugal numa altura em que, depois da pandemia, ainda ALGARVE INFORMATIVO #406
se enfrentam desafios como a guerra e as suas consequências económicas.
“Pretendemos, no entanto, olhar para o futuro. Os números da atividade este ano confirmam a recuperação já iniciada em 2022, pelo que se pretende continuar a projetar o Turismo como um importante fator de desenvolvimento económico e social, quer a nível regional, quer no país em geral”, indicou Francisco 48
Calheiros. “Temos a certeza de que
disponibilidade financeira”, analisou
este será um ótimo ano para o nosso Turismo, embora o caminho não seja nada fácil, pois vivemos uma conjuntura internacional muito desafiante e de múltiplas incógnitas. Todos sabemos como é difícil rentabilizar os nossos investimentos quando os custos de contexto, como a energia e os combustíveis, não param de subir, as taxas de juro continuam a disparar e a inflação teima em não abrandar. A nossa atividade está fortemente dependente de fatores externos, sobretudo quando as pessoas têm menor
o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, lembrando, por exemplo, a estagnação económica na Alemanha, motor da economia da Europa e um dos principais mercados emissores de turistas para o nosso país.
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Não são, porém, apenas os fatores internacionais que contribuem para a quebra financeira das famílias, com Francisco Calheiros a entender que “a
política nacional criou expetativas que acabaram por não se concretizar”. “Está cada vez mais difícil pagar as rendas ou os empréstimos da casa, adquirir bens essenciais, ter os filhos a estudar ou na creche, pagar os ALGARVE INFORMATIVO #406
transportes, a luz ou o gás. Ao fim do mês sobra pouco para poupar ou para fazer férias, e isso já se refletiu, este ano, em alguma diminuição dos turistas residentes”, confirmou. “Temos uma maioria governamental que possibilitaria a realização de reformas, temos fundos financeiros como nunca tivemos, o excedente orçamental que é conhecido, mas, mesmo assim, as famílias e as empresas pagam impostos como nunca”, apontou o dirigente.
Apesar deste cenário, o turismo resiste e continua a ser uma das atividades que mais contribui para o rendimento e coesão nacional. “Portugal tem uma
oferta ímpar em termos de gastronomia, tradições, história, paisagens naturais, património e cultura, sol, mar, campo, o que o torna num país turístico extremamente diversificado e atraente. O Turismo cresce e faz crescer, é um pilar da economia, as suas empresas têm uma enorme capacidade de arrastar outras atividades”, evidenciou Francisco Calheiros, acrescentando que nem o
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inevitável aumento dos preços fez diminuir o número de turistas que elegem Portugal para gozar as suas férias. “O
Turismo deverá contribuir com quase 40 mil milhões de euros para a economia portuguesa até final de 2023, superando a fase prépandemia de 2019. O Algarve é a região que está a recuperar mais lentamente, mas o país turístico, em geral, está em pleno crescimento sustentável e estamos, inclusive, a conquistar novos mercados, ao mesmo tempo que consolidamos os mercados tradicionais. Devemos, por isso, apostar em criar novos produtos turísticos em todas as regiões do ALGARVE INFORMATIVO #406
país, até mesmo criar produtos dirigidos a novos nichos de mercado”. Contudo, para reforçar esta coesão territorial, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal entende que há medidas estruturais que devem ser implementadas e que não dependem apenas dos privados. “Em maio deste
ano, o Secretário de Estado do Turismo anunciou a Agenda do Turismo no Interior com um valor de 200 milhões de euros e foi anunciado, ainda este Verão, o reforço do apoio às Entidades Regionais do Turismo. Esperemos é que exista uma maior 52
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flexibilização no acesso e na aplicação destas verbas, para que possam ser céleres e efetivos os investimentos realizados com o apoio destes incentivos”, apelou Francisco Calheiros, num discurso de abertura onde não faltaram também considerações sobre os efeitos das alterações climáticas, sobre a necessidade de se melhorarem as remunerações dos portugueses e se baixar a carga fiscal nos rendimentos do trabalho, sobre a valorização das profissões do Turismo e sobre o reforço da qualificação do ensino. “O Turismo é
o motor da economia, disso ninguém tem dúvidas, mas há uma série de preocupações que ainda temos e que devem ser resolvidas pelo governo. Face ao contexto
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global de incerteza e ao possível cenário de recessão económica, é fundamental que o governo dê um forte incentivo ao investimento, preparando o país para um cenário economicamente exigente, aliviando a carga fiscal das empresas e ajudando na sua recapitalização. Só assim conseguiremos criar mais emprego e contribuir para o crescimento económico e social de Portugal e para a coesão nacional”. O anfitrião da conferência, José Carlos Rolo, reconheceu que o Turismo é um setor intensamente contingencial e um dos primeiros a acusar os efeitos das crises, “mas também é daqueles
que mais rapidamente recupera,
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como se assistiu com a crise pandémica de 2020 e 2021, a que se seguiu uma retoma incomparável”. “O Turismo representa cerca de 16 por cento do PIB, é transversal a todo o território nacional e faz movimentar todos os setores da economia. Mas não nos deixemos embalar e envaidecer, pois as incertezas do futuro, quer pelas consequências da guerra, quer pelas alterações climáticas, quer pelo aumento da inflação e das taxas de juro, colocam muitos desafios a todos os empresários deste ramo”, avisou o presidente da 55
Câmara Municipal de Albufeira. “A
escassez de mão-de-obra qualificada obriga igualmente os responsáveis, políticos e privados, a refletir com a urgência necessária, assim como a temática da habitação. É crucial tomaremse medidas decisivas para que a situação evolua num sentido positivo, com governo, empresários e autarquias lado a lado”, defendeu o edil.
Governo avança com mais 100 milhões para o Turismo O Governo assinalou o Dia Mundial do Turismo com a disponibilização de 100 ALGARVE INFORMATIVO #406
milhões de euros em instrumentos de apoio às empresas do setor. Da sustentabilidade à qualificação da oferta, os mecanismos aplicam-se a entidades privadas e foram anunciados, durante a conferência, pelo Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva Disponibilizada na Banca, a Linha Turismo +Sustentável tem 50 milhões de euros, com garantia mútua, em crédito para apoiar investimentos na área da sustentabilidade ambiental (gestão da energia, gestão da água, gestão de resíduos, biodiversidade). Associada ao Programa Empresas Turismo 360º, que visa acelerar a incorporação de estratégias ESG pelas empresas do setor, o valor máximo por operação é de 750 mil euros, com um prazo de reembolso máximo de 15 anos, incluindo quatro
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anos de carência. Está ainda previsto que 20 por cento da operação possa ser convertido em fundo perdido se a empresa cumprir determinados objetivos relacionados com aspetos de sustentabilidade. Anteriormente anunciada, esta linha reúne agora as condições necessárias para abertura pelo Banco Português de Fomento. As empresas podem, por isso, a partir de agora, contactar a banca para tratar dos respetivos financiamentos ao abrigo da presente linha. Outra das novidades é o reforço de 30 milhões de euros, do orçamento da Linha +Algarve, inserida na Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, dirigidos exclusivamente a esta região. Depois de o anterior orçamento ter sido esgotado, este fortalecimento até 2025 destina-se a
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continuar a apoiar projetos de investimento desenvolvidos por empresas do setor do turismo, sobretudo com foco na requalificação de ativos turísticos. Nesta linha, o Algarve beneficia das melhores condições da Linha de Apoio à Qualificação da Oferta e que são aplicáveis aos territórios de baixa densidade: a partilha do crédito é de 75 por cento do Turismo de Portugal e 25 por cento da Banca. O prazo máximo de reembolso é de 15 anos, incluindo quatro anos de carência. Entretanto, com uma dotação de 20 milhões de euros, a Portugal Ventures lança a segunda edição da Call Turismo +Crescimento, com recurso ao Fundo Turismo +Crescimento, participado maioritariamente pelo Turismo de Portugal. Trata-se de um mecanismo de capital de risco, que capitaliza a empresa 57
através da entrada do Fundo no respetivo capital social, que pretende apoiar empresas do setor do turismo que estejam em processo de crescimento e empresas que queiram desenvolver processos de agregação entre empresas (nomeadamente através de operações de build-up). “Estes apoios, anunciados
na data comemorativa do Dia Mundial do Turismo, representam a confiança e a aposta do governo neste setor estratégico para a economia e para o país. Por outro lado, a natureza dos apoios e os seus beneficiários demonstram, claramente, que há um reforço no apoio às empresas e que o foco do crescimento do setor não pode deixar de passar pela sustentabilidade e pela contínua ALGARVE INFORMATIVO #406
valorização da oferta”, declarou António Costa Silva. O Ministro da Economia e do Mar enalteceu a visão e a mobilização do setor do Turismo, sobretudo quando se dizia que era impossível regressar-se aos valores atingidos em 2019. “Ora, em
2022, o impossível aconteceu, com receitas de 21,1 mil milhões de euros, 15 por cento acima do que obteve em 2019. E, até julho de 2023, Portugal já conseguiu atrair 16,8 milhões de hóspedes, mais 14 por cento do que no mesmo período de 2022, pelo que, provavelmente, estamos a caminho de um novo recorde ALGARVE INFORMATIVO #406
histórico. As receitas até julho estão também significativamente acima do que no ano passado, mais 20 por cento, demonstrando que o Turismo está a responder bem às adversidades”, considerou António Costa Silva. “O grande desígnio que temos à nossa frente é transformar o Turismo num dos setores mais sustentáveis do mundo, ligando isso à transformação do próprio território nacional. 80 por cento da nossa população está concentrada na faixa litoral, onde é gerado também 75 por cento do PIB nacional. O Turismo pode ser a 58
nossa grande ferramenta da transformação da economia local, de desenvolvimento de vários polos e âncoras em todo o país”, acredita o governante.
Turismo não falha nos momentos difíceis Neste encontro dos principais intervenientes do Turismo discutiram-se dossiers estratégicos como o novo aeroporto, a mobilidade, a falta de mão de obra, a sustentabilidade e 59
digitalização ou o financiamento da atividade e os custos de contexto, temas transversais que fizeram parte das intervenções de Miguel Campos Cruz (Presidente da Infraestruturas de Portugal), Alexandre Solleiro (CEO da Highgate Portugal), André Gomes (Presidente da Região de Turismo do Algarve), António Brochado Correia (Territory Manager Partner da PwC Portugal), Nuno Fazenda (Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços), Hélder Martins (Presidente da AHETA – Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve), ALGARVE INFORMATIVO #406
José Apolinário (Presidente da CCDR Algarve), António Moura Portugal (Diretor Executivo da RENA) e Nuno Sepúlveda (Presidente do Conselho Nacional da Indústria do Golfe). As honras de encerrar a Conferência «Dia Mundial do Turismo – Turismo Fator de Coesão Nacional», promovida pela Confederação do Turismo de Portugal, coube ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que lembrou que o Turismo tem sido, em Portugal, não apenas um fator de desenvolvimento sustentável e de coesão nacional, mas, em momentos dramáticos, quase um motor da economia e sociedade portuguesas. “Aconteceu isso logo a
seguir à chamada crise da Troika, no período de transição muito difícil de saída da situação de défice excessivo, aquando das várias vagas da pandemia e depois com o eclodir de uma guerra de duração indefinível. O Turismo não falhou enquanto capacidade de resposta dos empresários e dos trabalhadores e enquanto capacidade de resposta rápida em momentos difíceis”, elogiou Marcelo Rebelo de Sousa. Para o Presidente da República, a ação climática deve ser uma prioridade, daí pensar-se cada vez mais num Turismo Verde, com implicações no digital, na transição energética, na governança, quer a nível público como privado, na qualificação dos recursos humanos e na própria cultural institucional. “O
viragem difícil num momento conturbado, em que foi obrigado a fechar e a abrir, a fechar e a abrir, adaptando-se às verdadeiras revoluções que a sustentabilidade implica. Um caminho que é mais fácil para os grandes grupos, mas mais difícil para os médios e, sobretudo, para os pequenos grupos, ou para as unidades isoladas”, declarou. “Não há sustentabilidade sem coesão, mas a coesão coloca problemas específicos dentro do desenvolvimento e da sustentabilidade. A coesão é um problema nacional que temos tido grandes dificuldades para resolver. Da Ditadura herdamos um atraso na educação, na saúde, na habitação, uma assimetria que nos persegue e que aumenta as dificuldades dos mais desfavorecidos. Ora, o turismo é um fator de coesão social, pela sua cultura de diálogo, do conhecimento mútuo, do intercâmbio, da mobilidade e circulação, do enriquecimento das pessoas”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa, deixando ainda um pedido para que “o Algarve não adormeça ou
não seja levado a equivocar-se quanto às opções a tomar durante a transição entre ciclos diferentes”.
turismo tem vindo a fazer essa ALGARVE INFORMATIVO #406
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ÁLVARO BAUTISTA DOMINO NO AUTÓDROMO INTERNACI Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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OU CORRIDAS SUPERBIKE IONAL DO ALGARVE
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epois de já ter ganho a corrida 1 no sábado, o espanhol Álvaro Bautista, em Ducati, dominou a Superpole e a corrida 2 no domingo em Superbike no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, conquistando, deste modo, o pleno na ronda portuguesa do mundial de velocidade de motociclismo que se disputou nos dias 30 de setembro e 1 de outubro. O piloto da Aruba.it Racing somou o 24.º triunfo da temporada e venceu pela quinta vez em Portugal, ao ALGARVE INFORMATIVO #406
cumprir as 20 voltas ao circuito algarvio, na distância de 91.840 metros, em 33.43,228 minutos, à média de 163,414 quilómetros/hora. Álvaro Bautista, atual campeão do mundo e líder do presente campeonato, solidificou assim o lugar cimeiro com 566 pontos, mais 60 que o turco Tropak Razgatlioglu e mais 216 do que o britânico Jonathan Rea. E a luta que se tem verificado ao longo da temporada aqueceu, de facto, a corrida de domingo, com Álvaro Bautista a sair da pole position, mas a ser ultrapassado logo na primeira volta por Tropak Razgatlioglu, 66
com quem foi alternando a liderança da corrida até aos últimos metros.
contentar com o 10.º posto, a 19,155 de Bautista.
No fim, repetiu-se o que já tinha acontecido na Superpole, ou seja, o turco foi novamente surpreendido pelo espanhol à entrada para a reta da meta. Mas o campeão deste ano só será mesmo conhecido na derradeira prova, a acontecer em Jerez, na vizinha Espanha. O italiano Miguel Rinaldi, companheiro de equipa de Bautista na Ducati, ocupou a derradeira posição do pódio, ao passo que Jonathan Rea, em Kawasaki, que é terceiro do Mundial, teve que se
Nas Supersport, o italiano Stefano Manzi (Yamaha), segundo no Mundial, venceu a corrida 2 no domingo, ao completar as 17 voltas do circuito algarvio em 29.30,593 minutos, superando o seu compatriota Nicolo Bulega (Ducati) por 0,084 segundos. Bulega que se sagrou precisamente campeão do mundo no sábado, graças à vitória na corrida 1. Yari Montella (Ducati) fechou o pódio ao terminar a 3,278 segundo do vencedor .
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CINETEATRO LOULETANO RECEBEU «SE EU FOSSE NINA» DE RITA CALÇADA BASTOS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
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oi a cena, no dia 29 de setembro, no Cineteatro Louletano, em Loulé, «Se Eu Fosse Nina», um monólogo levado a cabo por Carla Maciel num texto assinado por Rita Calçada Bastos. “O que teria
acontecido a Nina se não tivesse ido viver para Moscovo, para um quarto de hotel entregue aos delírios da paixão por Trigorin? De que forma as nossas escolhas influenciam o lugar onde estamos?”, é um dos pontos motores ALGARVE INFORMATIVO #406
do espetáculo, de acordo com as declarações da criadora. O espetáculo propõe refletir, através de um exercício a solo, o limite entre a ficção teatral e a realidade, o universo de escolhas e a sua consequência prática e as próprias camadas de representação: Uma personagem presa num teatro e uma atriz que a quer salvar. O argumento de Rita Calçada Bastos traz de volta a personagem central de «A Gaivota», original de Anton Tchekov, e na obra «Apontamentos de Trigorin, o sonho de Tennessee Williams» . 86
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NOVA TEMPORADA DO CHOQUE FRONTAL AO VIVO ARRANCOU COM KHIARO NO TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Vera Lisa
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caminho do seu sétimo ano de vida, o programa Choque Frontal ao Vivo regressou ao Pequeno Auditório do Teatro Municipal de Portimão, no dia 28 de setembro, com Khiaro, um artista em ascensão no panorama musical português. Khiaro vem desenvolvendo, passo a passo, a sua carreira num percurso seguro e de grande qualidade e, após o lançamento de «Sei que Errei», a canção «Aquelas Madrugadas» integra a banda sonora da telenovela «Festa é Festa» da TVI, tendo estreado também ALGARVE INFORMATIVO #406
recentemente a música «Sinais» num dueto com João Pedro Pais. No dia 19 de outubro será a vez de Inês Meneses, que faz rádio desde os 16 anos e escreve também. É desde 2004 autora do programa de entrevistas «Fala com Ela», primeiro na Radar e atualmente na Antena 1. Também na Antena 1 está no programa «PBX», com Pedro Mexia, numa parceria com o jornal Expresso, e desde 2008 no programa «O Amor É», ao lado do psiquiatra Júlio Machado Vaz, com o qual publicou, em 2018, pela Contraponto, um livro com o mesmo nome. Já nesse ano tinha lançado, pela Abysmo, o pequeno livro «Amores (Im)Possíveis», com ilustrações de Tiago 96
Galo. Em 2020 saiu o primeiro em edição de autor, e depois na Contraponto, «Caderno de Encargos Sentimentais», já na sexta edição. Escreve crónicas desde final de 2020 no Público online. A 16 de novembro chegam os Recante, banda formada por Luís Caracinha e Maria João Jones que parte do cancioneiro tradicional alentejano, em particular do cante, para explorar novas abordagens sonoras. A adição do universo eletrónico ao cante é o grande desafio. A grande novidade regista-se a 25 de novembro com um Choque Frontal ao Vivo no Teatro Mascarenhas Gregório em Silves. Este programa de rádio que tem a sua residência no TEMPO em Portimão, mas que tem como ambição desde o início levar o conceito a toda a região, começa em Silves uma série de
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programas que pretende fazer noutras cidades algarvias e que serão agendados para 2024. A banda escolhida foram os «Adiafa», banda que tem novos disco, dois novos membros e comemora os seus 25 anos de existência e 21 anos do lançamento do seu grande sucesso, «As meninas da ribeira do Sado». O ano de 2023 não termina sem o Choque Frontal ao Vivo voltar ao pequeno Auditório do TEMPO para receber, no dia 13 de dezembro, Marc Noah, a mais recente revelação da música produzida no Algarve. Depois de anos a tocar covers para os turistas, sem se sentir plenamente realizado, Marc Noah começou a preparar seu primeiro trabalho discográfico, já apresentado no esgotado Cineteatro Louletano, na noite branca de Loulé e no Festival F .
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Da cidade Mirian Tavares (Professora) Aliás, nem moro em Porto Alegre. Moro no Menino Deus, do qual Porto Alegre é apenas o que há em volta. Caio Fernando Abreu orei em Fortaleza nos anos 80. Passei aqui, nessa cidade à beiramar plantada, durante a minha adolescência e parte da juventude. Confesso que já não sei quais são os limites etários, atualmente, que definem estas etapas. Para mim a idade adulta começou aos 18, quando fui viver noutra cidade, a 2.152,4 quilómetros de Fortaleza e, sobretudo, a mais de 2 mil quilómetros da casa dos pais. Fui emancipada aos 19 anos, o que antecipou os meus 21 – que simboliza, oficialmente, a maioridade. Mas esta é outra história e estava a falar de Fortaleza e da casa dos pais. Na altura, a cidade era ainda palmilhável, percorria suas ruas, sozinha ou com um dos manos ou mesmo com amigas, sem grandes preocupações. A minha cidade era, como a do escritor Caio Fernando Abreu, circunscrita a um bairro ou dois. O resto da cidade era paisagem, era o que havia em volta. Excepto o centro, onde ia aos sábados com o pai, e passava pelos mesmos lugares – a barbearia, as lojas dos amigos, a lanchonete Leão do Sul, que tinha o melhor caldo de cana e os melhores ALGARVE INFORMATIVO #406
pasteis. De resto, estava (con)centrada na Aldeota, onde vivia e estudava, e de onde partia para outras partes da cidade que faziam limite com o meu bairro. Andava a pé e conhecia cada rua, os atalhos, os lugares a evitar, as melhores horas para sair e para voltar. Mesmo que fosse acometida, algumas vezes, de uma leve rebeldia que me fazia ficar até mais tarde na rua, o que deixava a mãe aflita. No último ano do colégio decidi estudar à noite. Saímos de lá, muitas vezes, com um colega mais velho que levava a Kombi (carrinha pão-de-forma) do pai em que cabíamos todos, não havia limite de carga, o limite era a nossa capacidade de arrumação, qual peças de lego, nos bancos. A Kombi tinha uma porta que fechava mal e que precisava ser segurada nas curvas para não abrir. A cidade era nossa. Depois de ir morar a mais de 2 mil quilómetros , nunca mais voltei a viver em Fortaleza. Voltava todos os anos nas férias. A mãe ainda manteve o quarto à espera uns anos. Quando acabei a licenciatura e fui fazer mestrado em São Paulo, ela desistiu – eu tinha ganhado o mundo, como se diz por aqui. Fui morar em Portugal, pela primeira vez, em 1997, depois pela segunda vez em 2002 e, desde então, volto ao Brasil quase sempre a trabalho e aproveito para matar 106
Foto: Vasco Célio
a saudade da família que ficou aqui. Perdi a cidade, que cresceu desmesuradamente, que triplicou de tamanho e de população, que se tornou menos palmilhável e mais violenta, que se tornou uma cidade a se percorrer de carro e, quase nunca, a pé. Tudo mudou – novas vias, novos acessos, novos sentidos. Tenho imensa dificuldade em achar-me, em criar mapas mentais que me indiquem para que lado vou. A 107
verdade é que sou despistada, mas esta Fortaleza de agora não me pertence mais. Mudou a cidade e eu também mudei. Estou agora, que fico aqui por mais tempo, numa viagem, não de reconhecimento, mas de descoberta. Pelos olhos do filho, e guiada por ele, vou apreendendo a cidade - por onde andar, as horas mais adequadas, os lugares imperdíveis. A cidade agora é do filho . ALGARVE INFORMATIVO #406
Empreendedorismo social: a tendência que vai mudar o mundo Fábio Jesuíno (Empresário) onsidero o empreendedorismo social uma das principais tendências para os próximos anos, cada vez mais empreendedores se dedicam a resolver desafios sociais através de modelos de negócios inovadores. O empreendedorismo social é um modelo de negócios que visa gerar lucro, mas com o propósito principal de solucionar necessidades sociais que não estão a ter resposta pelo mercado. Ao abordar questões sociais complexas, como pobreza e a educação, os empreendedores sociais estão gerando impacto positivo na sociedade e atraindo investidores que buscam retorno financeiro e social.
situação de vulnerabilidade, promovendo, não apenas o acesso à educação e a redução do analfabetismo, mas também ampliando as perspetivas de emprego para o futuro dessas crianças. No futuro, o empreendedorismo social está cada vez mais a ganhar destaque e apoio, devido principalmente ao aumento da conscientização sobre problemas sociais, crescimento do mercado de capitais de impacto e aparecimento de novas tecnologias que podem ser usadas para resolver problemas sociais. O empreendedorismo social está cada vez mais a gerar um impacto positivo na socialidade e apresenta um potencial enorme de crescimento. Através da combinação do lucro e propósito, os empreendedores sociais estão contribuindo para a construção de um mundo melhor para toda a sociedade .
Acho que o empreendedorismo social é uma das principais soluções eficazes para problemas sociais em grande escala. Por exemplo, uma empresa social que fornece microcréditos a empreendedores com baixo rendimentos vai ajudar a reduzir a pobreza e a desigualdade. Outro exemplo que pode representar uma empresa social é aquela que oferece educação de qualidade a crianças em ALGARVE INFORMATIVO #406
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Obrigado «Guanito» Nuno Campos Inácio (Editor e escritor) xistem homens que se convertem em instituições. Deixam uma marca tão profunda por onde passam, que se torna impossível dissociá-los das entidades colectivas que lhes são externas, mas, que parece, que não vivem sem eles. Um dos casos mais paradigmáticos, a nível nacional, é o de Rui Nabeiro, que se confundia com a Delta, com Campo Maior, ou com o simples gesto de beber café. Por cá, noutra dimensão, noutra escala e noutra actividade, temos João dos Santos Simões, o «Guanito», uma referência para os gráficos, para os empresários, para os políticos, para os louletanos. Este é um texto de agradecimento, mais do que de despedida, que vem a propósito de saber que o Sr. Simões, aos 83 anos de idade, abandonou a liderança da Gráfica Comercial, posição que ocupou durante praticamente 40 anos, levando a bom porto uma das mais antigas, conhecidas e respeitadas gráficas do país, neste Algarve tão distante de Portugal nestas coisas de produção gráfica e literária. Quando alguém compra um livro, procura saber quem é o autor, a editora, qual o tema e o conteúdo da obra, mas poucos se preocupam em saber quem o produziu, ou seja, quem o compôs graficamente, imprimiu, dobrou as páginas, coseu e ALGARVE INFORMATIVO #406
colou, encadernou, cortou, remeteu para as bibliotecas do Depósito Legal… Basicamente, essa é uma dúvida que só desperta quando vai parar às mãos de um leitor um livro que tenha um defeito de impressão. No entanto, não existem livros sem gráficos anónimos. Não existem livros sem «Guanitos» e centenas, ou mesmo milhares de obras emblemáticas na bibliografia algarviana, produzidas por editoras regionais, câmara municipais, juntas de freguesia, Universidade do Algarve, escolas, associações e autores por conta própria, passaram pelas mãos de João Simões, que foram envelhecendo num contínuo de 70 anos, agarradas ao papel. João dos Santos Simões começou a trabalhar na gráfica com 12 anos, num tempo em que conceitos como «infância» e «trabalho infantil» eram inexistentes. Apenas se afastou da gráfica quando foi chamado para combater em Angola e nos três anos que viveu em França, talvez por não se rever na conjuntura política nacional. Talhado pelas agruras da infância, abraçou o comunismo, não como conceito ideológico, mas antes como forma de vida, visível na actividade desportiva, onde criou uma escola de jogadores para formação desportiva; quando, em 1969, integrou o movimento de oposição ao Estado Novo; quando integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Loulé, nos quatro mandatos como vereador que cumpriu na 110
Câmara Municipal de Loulé, sempre com pelouros atribuídos, mas sem auferir qualquer vencimento; na organização do movimento que motivou a criação da Zona Industrial de Loulé. Tive o privilégio de conhecer o «Guanito» em 2012, no âmbito da actividade editorial da Arandis Editora. A história tem algo de caricato, mas é demonstrativa do carácter e da disponibilidade que caracterizam João Simões. Tínhamos encomendado um livro de poemas de Manuel Neto dos Santos a uma outra gráfica que, a dois dias da apresentação pública telefonou a dizer que não poderia entregar a obra. Era o segundo livro de uma editora recém-criada, tinham sido feitos convites, notas de imprensa estavam publicadas, entidades oficiais confirmaram a presença e os astros 111
estavam todos enquadrados para um vexame público inesquecível, que destruiria a editora à nascença. No meio do pânico, o Sérgio Brito lembrou-se que existia em Loulé a Gráfica Comercial e alguém lhe deu o número do Sr. Simões. Quando lhe telefonei expliquei-lhe a situação e disse-lhe: “Não me interessa quanto custa, consegue fazer um livro para ser apresentado no sábado à tarde?”. A sua resposta foi imediata: “Numa situação dessas, claro que sim, não vos deixo ficar mal!...”. No sábado o livro foi apresentado em Messines e, apesar de saber que o preço seria aquele que ele quisesse fixar, fez a edição mais barata do que o orçamentado pela gráfica que falhou a entrega. Desde esse dia a Arandis Editora passou a trabalhar em exclusivo com a Gráfica Comercial, numa parceria responsável por mais de 250 edições de autores ou temas algarvios. ALGARVE INFORMATIVO #406
Ao longo destes 11 anos, o «Guanito» foi sempre igual a ele próprio. Apesar da intensa ligação comercial, nunca assinamos um contrato, que fosse bastando a sua e a nossa palavra para produzir um livro, muitas vezes sem termos sequer orçamento para a edição. Mais do que gerente da Gráfica Comercial, João Simões era o coração de empresa. O primeiro a chegar e o último a sair, o que acudia quando uma máquina avariava, o que estabelecia contactos com encadernadores e fornecedores. Quantas vezes cheguei à gráfica e fui encontrá-lo no meio das máquinas a deitar óleo, ou a verificar por cima do ombro dos funcionários para se certificar se tudo estava bem, não com o objectivo de criticar, mas de ensinar e ajudar. Homens assim são raros, por isso é sempre um privilégio conhecê-los. Aos 83 anos de idade é natural que se queira dedicar a outros prazeres da vida, que até agora foi apenas de trabalho. Verifiquei, com agrado, que ninguém teve a coragem de ocupar o seu gabinete, nem de se apoderar da sua cadeira. É um dado positivo, um gesto de humildade por parte de quem lhe sucedeu e sente o peso ALGARVE INFORMATIVO #406
do legado que recebeu. Há pessoas que não se substituem de um dia para o outro. Amigo «Guanito», que tenha uma boa reforma e muitos anos de vida para desfrutar dela e mantenha essa lucidez crítica, que é farol nestes tempos de deriva . 112
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No rescaldo do DMT Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg) nualmente, no dia 27 de setembro celebra-se o Dia Mundial do Turismo. O tema este ano foi «Tourism & Green Investments». Em Portugal, as celebrações oficiais foram agendadas para o Algarve, em concreto para Albufeira, com a presença do Ministro da Economia, do Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, com a Confederação do Turismo Português a assumir a organização e em estreita parceria com a AHETA, a Câmara Municipal de Albufeira, assim como outros parceiros regionais.
pessoas, tornem o planeta mais sustentável e promovam a prosperidade através da inovação, da tecnologia e do empreendedorismo.
À entrada, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve manifestava-se por melhores salários e melhores horários, isto é, melhores condições sociais para os trabalhadores do sector. A resposta dos patrões revela que tem existido um progressivo aumento dos salários, demonstram abertura para o fazer, mas identificam a necessidade de reduzir impostos.
No dia anterior marcaram com pouca antecedência uma reunião com o Turismo de Portugal, na Região de Turismo do Algarve, para apresentar o Programa: INVESTIR EM TURISMO, ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO, que daria origem à notícia do reforço de 30 milhões de euros do orçamento da Linha +Algarve, inserida na Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, dirigidos exclusivamente à região e que foi anunciada no dia 27 de setembro pelo Ministro da Economia. Mas a notícia não teve o eco esperado e parece ter deixado um sentimento de pouca felicidade entre os presentes. Não
A mensagem da Organização Mundial de Turismo apela a uma nova forma de estar e a investimentos que beneficiem as ALGARVE INFORMATIVO #406
Nestes momentos aguardam-se sempre a apresentação de boas notícias para o sector, e, claro, seria esperado que para a região. Olhar para os números das dormidas, das chegadas, das estadas médias, das receitas…dá-nos a fotografia do momento e permite-nos estabelecer um percurso evolutivo que é importante, mas que muitas vezes é condicionado por fatores que não dependem de todo de nós, mas dos concorrentes ou de contingências geopolíticas, catástrofes naturais, ou outros eventos imprevistos.
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ouvi manifestações públicas das associações sobre o assunto, mas um comentário ou outro no corredor sem entusiasmo a dizer que ficamos iguais há 10 anos. Estavam lá todas as associações. Para as empresas, a expectativa de ouvir alguma coisa sobre redução da fiscalidade, o IVA, a TSU ou até o IRC desvaneceu-se, assim como alguma informação sobre medidas que pudessem estimular o emprego qualificado no sector e contribuir para a sua maior competitividade. 115
Foi feito um excelente diagnóstico e identificados os problemas. A falta de água parece finalmente entrar no discurso das preocupações principais (imaginem-se de férias num sítio sem água), assim como se repete a preocupação com a falta de mão-de-obra (que agora passou a ser qualificada), a falta de habitação, a falta de acessibilidades (com a ferrovia, a Estrada «Regional» 125 e as portagens da Via do Infante ao centro), e finalmente a saúde a serem sucessivamente destacados como investimentos devidos à região, pelos representantes regionais nas suas ALGARVE INFORMATIVO #406
intervenções. Partilhei nesse dia que fiquei muito satisfeita com a unicidade e defesa conjunta da região que se gerou nesta tarde, coisa rara de se encontrar no nosso Algarve. O fait divers do verão e da falta de portugueses no Algarve pelos preços elevados também se perdeu de vista. Os resultados das receitas e o balanço de fim de agosto fazem esquecer a tentativa de perturbar o Algarve.
O que esperar de estratégia para o Turismo? Passada a tarde, a confraternização trouxe muito pouco de consequências efetivas e mensagem final. O Algarve esteve bem e unido. Teve um reforço de verba nas medidas já em curso e esgotadas, mas sem grande euforia ou animação. A este propósito trago aqui sobre o Dia da República as palavras de Carlos Moedas sobre o que podemos fazer com estas e outras datas, e cito: “mais uma data celebrada pelos políticos ou podemos olhar para ela como um tiro de partida para que as pessoas voltem a acreditar que os discursos políticos têm consequências práticas no seu dia-a-dia”. Esta é a grande dificuldade. A World Tourism Organisation elege um tema anualmente para este dia precisamente para que a agenda política o possa adotar, e assim influenciar a estratégia e determinar os investimentos a prosseguir nos vários países para estas áreas. Se pensarmos no Algarve e nas sucessivas promessas…onde está o Hospital Central do Algarve? Onde está a nova ferrovia? Onde está o investimento verde no Algarve? ALGARVE INFORMATIVO #406
Os apoios aos investimentos «verdes» e «smart» constam do programa de financiamento apresentado, ainda que com limitações e muito centrados no interior. Gostava de ouvir mais o sector sobre as propostas e creio que virá aí uma onda de reuniões e discussões sobre a sua exequibilidade e condições de acesso. Precisamos avaliar a nossa atratividade e inovar nas ofertas, pois a competitividade dos destinos é determinada comparativamente com os demais. Na sustentabilidade temos um atraso muito grande, que agora com o aumento dos custos de contexto e da escassez de recursos hídricos se acentua, bem como acresce a falta de infraestruturas que há muito se perpetua e torna difícil novo investimento por parte das empresas. Falamos muito e reivindicamos que baste, mas nada acontece. Ano após ano. Por isso as cinzas e os restos de mais um Verão deixam-nos uma inquietude vã, que se acalma com as notícias do reconhecimento internacional que nos tornam mais uma vez, dos melhores da Europa nos World Travel Awards (melhor destino praia, entre outras distinções que se repetem e dão importante contributo para a imagem e notoriedade do destino). Nota 1: a total ausência de líderes no feminino foi muito notada numa sessão em que o tema era Turismo como fator de coesão nacional. A única mulher presente em placo foi a jornalista Rosário Lira que moderou o debate. Nota 2: Vitor Neto continua a ser uma voz brilhante nestas preocupações. 116
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Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho Dora Gago (Professora) Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho Por mais amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho De que vale ter a chave de casa para entrar? Ter uma nota no bolso p'ra cigarros e bilhar? Carlos Tê /Rui Veloso
«
ão há estrelas no céu» é uma canção de Rui Veloso, datada de 1990, que aborda vários dos problemas da adolescência, as mudanças no corpo, as dores de crescimento, os amores e desamores, a sensação de que o mundo todo conspira contra os adolescentes, de que ninguém os compreende. Neste contexto, as estrelas metaforizam a falta de esperança no futuro. E vem-me à mente esta canção, quando numa aula, após a leitura de umas frases que referem a Via Láctea, me apercebo de que os meus alunos a desconhecem completamente. Isto sucede, por coincidência, quando no céu brilha a última e mais brilhante «super lua» (vivemos no tempo em que tudo é «super» ou «extra» ou algo semelhante) do ano, coincidente, em Macau com o Festival do Bolo Lunar, ou Festival do Meio do Outono, «Chong Chao», realizado no décimo quinto dia do oitavo mês do calendário lunar, tendo sido, este ano, a 29 de Setembro, tempo de reunião ALGARVE INFORMATIVO #406
familiar em que se come e oferece o bolo lunar. Com uma história de mais de 3.000 anos, esta festividade tem como uma das suas origens a deusa da lua Chang’e, que bebeu a poção da imortalidade destinada ao marido e voou para a lua onde vive num palácio de gelo. Além disso, este era o tempo em que os imperadores e o povo veneravam a lua de Outono e agradeciam as colheitas. A verdade é que em Macau, se a lua ainda era vista e celebrada, era por vezes difícil ver as estrelas devido à enorme poluição visual e também atmosférica. As estrelas habitariam um qualquer lugar oculto nas margens dos poderosos neóns multicolores. Eram invisíveis aos olhos. Cresci no campo, no barrocal algarvio, sob mantos de estrelas, a contemplar as pegadas da Via Láctea, a sonhar com ela de olhos abertos, nas noites quentes de Verão em que se dormia na varanda, a pensar em como era pequenina, mais tarde, em como nós seres humanos eramos tão pequeninos neste nosso pequeno planeta, num canto esquecido 118
estrelas, nem Via Láctea, que ignoram as fases da lua. E isto, posso dizer que irmana orientes e ocidentes, que em Macau ou no Alentejo, ou em qualquer outra região, não haverá grande diferença. De uma ponta à outra do planeta a mesma desconexão com a natureza, com todo um universo que integramos. E as consequências disto? Talvez o narcisismo crescente, depressivo, o egocentrismo doentio de quem se sente no centro do mundo – e não me refiro apenas aos jovens, mas também a todos os que já viram as estrelas e se esqueceram da sua existência – o que é fácil suceder, no bulício do quotidiano.
do universo, a imaginar que outros seres poderiam habitar outros planetas, outras galáxias, a pensar como limitados serão sempre os nossos conhecimentos sobre o Universo, por mais estudos que se façam, por mais que se evolua. Aqui lembro a emoção que senti ao descobri que a lua podia deixar de ser mentirosa se mudássemos de hemisfério e a emoção que senti ao ver nos céus uruguaios, pela primeira vez, o Cruzeiro do Sul. Em contrapartida, penso nos jovens de hoje, de olhos colados aos ecrãs dos telemóveis para quem não existem 119
A verdade é que acredito haver cada vez mais a tendência para não vermos as estrelas que possam eventualmente surgir no céu a dourar o nosso caminho (como referia o Rui Veloso), sob pena de cairmos no vazio, no buraco negro da falta de referências, ofuscados pelos néons da ditadura das aparências. É que as estrelas que outrora guiaram marinheiros pelos mares incógnitos do mundo, podem continuar a ser, tantas vezes, a centelha da esperança que importa manter acesa, pelos caminhos pedregosos que cruzamos em tantas noites das nossas vidas . ALGARVE INFORMATIVO #406
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