REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #410

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ALGARVE INFORMATIVO 11 de novembro, 2023

EM OLHÃO 1 AGÊNCIA PARA A INTEGRAÇÃO, MIGRAÇÕES E ASILO CHEGOU A FARO | «ARTE LARGA» ALGARVE INFORMATIVO #410 ALGARVE CLASSIC FESTIVAL | «JOSÉ, O PAI» | «FERNANDO E AS ESTRELAS» | AMENDOIM EM FESTA


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ÍNDICE Infraquinta assinou Acordo de Empresa com o SINTAP (pág. 18) Agência para a Integração, Migrações e Asilo abriu em Faro (pág. 26) Rogil esteve em festa com o Amendoim (pág. 34) Maria Barroso dá nome ao Auditório Municipal de Olhão (pág. 44) Autódromo Internacional do Algarve vibrou com mais um Algarve Classic Festival (pág. 54) «Hashtag#Free» do Quorum Ballet em Albufeira (pág. 74) «Fernando e as estrelas» do Projeto Incorpora (pág. 88) «José, o Pai» no Cineteatro Louletano (pág. 102)

OPINIÃO Mirian Tavares (pág. 116) Júlio Ferreira (pág. 118) João Ministro (pág. 122) Sílvia Quinteiro (pág. 124) Carlos Manso (pág. 126)

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Infraquinta assinou Acordo de Empresa com o SINTAP Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o dia 30 de outubro, a Infraquinta formalizou a assinatura do primeiro Acordo de Empresa com o SINTAP – Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, num momento histórico na trajetória dos 26 anos de existência da empresa no qual reforça o seu compromisso com o bem-estar dos seus 83 trabalhadores. Este acordo é o resultado de negociações bem-sucedidas entre a Infraquinta e o SINTAP, com a orientação estratégica do Município de ALGARVE INFORMATIVO #410

Loulé, estabelecendo uma parceria sólida com o objetivo de melhorar as condições laborais, progressão e promoção na empresa e fortalecer as medidas de conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal, como é o caso da dispensa do trabalho no dia de aniversário e o acesso ao seguro de saúde da Infraquinta. “Umas das iniciativas

mais notáveis neste acordo é a implementação de 8 por cento de valorização salarial, reconhecendo assim a dedicação e o esforço contínuo de todos os trabalhadores”, referiu Pedro Pimpão, 18


presidente do conselho de administração da Infraquinta. O Acordo de Empresa é o resultado de um processo iniciado há cerca de ano e meio com vista à criação de um documento onde constasse a tabela salarial, os direitos e deveres dos trabalhadores, assim como diversas medidas de conciliação familiar e pessoal.

“É um acordo que não coloca em causa a sustentabilidade financeira da empresa para os próximos anos, nem os fortes investimentos que realizamos com regularidade”, frisou Pedro Pimpão. “Pretendíamos, em primeiro lugar, uniformizar a tabela salarial dentro da Infraquinta, mas depois envolvemos no processo o

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sindicato, um parceiro extraordinário que nos chamou a atenção para várias leis que estavam a ser alteradas no âmbito da Administração Pública e que nos garante uma adequada evolução no que toca às remunerações, aos subsídios e às condições de trabalho”, destacou. Assinado o Acordo de Empresa, a tabela salarial da Infraquinta passa a acompanhar a da Administração Pública e todos aqueles que exercem a mesma função há sete ou mais anos vão evoluir automaticamente um escalão nessa tabela. “Nos 26 anos de existência

da Infraquinta nunca houve uma avaliação efetiva do desempenho dos trabalhadores do ponto de

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vista da progressão de carreira e queremos recompensar quem está connosco há tanto tempo. E, apesar do acordo entrar apenas em vigor a 1 de janeiro de 2024, vamos fazer uma retroatividade destes montantes de dois meses relativos a 2023”, anunciou Pedro Pimpão, adiantando ainda que este acordo vai vigorar durante cinco anos e que qualquer revisão só pode ser feita em consonância com o sindicato e após nove meses de vigência. “Nunca há

acordos perfeitos e vivemos em constante evolução, portanto, é possível que se façam alterações quando elas façam sentido. Este é um documento que não está parado, mas já é uma evolução tremenda”, salientou. ALGARVE INFORMATIVO #410

Assinado o documento, José Abraão, Secretário-Geral do SINTAP, não escondeu a satisfação por ter havido

“abertura da parte da Infraquinta e da Câmara Municipal de Loulé para podermos negociar este importante acordo para os trabalhadores e que é, seguramente, um dos melhores das empresas municipais de Portugal”. “Na Administração Pública às vezes é difícil melhorar os salários nos exatos termos que pretendemos, mas, nas empresas municipais, há alguma folga para irmos um pouco mais além. Claro que estamos satisfeitos, mas ambicionamos mais, num momento particularmente difícil 20


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para o país, para a Europa e o para Mundo”, declarou o dirigente sindical. “O SINTAP, a FESAP e a UGT querem sempre fazer parte da solução dos problemas e é isso que estamos aqui a fazer hoje, com muita honra, prazer e satisfação, e com a convicção de que este acordo será uma referência para muitas empresas municipais do país”, manifestou José Abraão. A terminar, Vítor Aleixo confessou tratar-se de “um momento que me enche o coração de alegria”.

“Estou na política há largos anos e com convicções que, infelizmente, para muitos passaram de moda, ALGARVE INFORMATIVO #410

mas não para mim. Este mundo precisa que quem trabalha tenha acesso a uma remuneração justa, um sentido de justiça na partilha da riqueza criada pelas empresas que se tem vindo a perder nas últimas décadas”, desabafou o presidente da Câmara Municipal de Loulé. “Sou um político que

continua a acreditar que o mundo anda melhor quando somos mais justos, quando se paga melhor às pessoas. Este é dos melhores acordos assinados com empresas públicas, com melhorias salariais e várias medidas que dizem respeito à conciliação do trabalho com a vida familiar”, salientou . 22


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Ana Catarina Mendes veio a Faro visitar a nova loja da Agência para a Integração, Migrações e Asilo Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, visitou, no dia 3 de novembro, no Mercado Municipal de Faro, o novo conceito de loja a implementar pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo. A AIMA iniciou funções no dia 29 de outubro com 34 balcões de atendimento espalhados por todo o país, devendo abrir pelo menos 10 novos balcões no espaço de um ano.

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A criação da AIMA responde à vontade do Governo em implementar um novo paradigma ao nível do acolhimento, integração e asilo e vai avançar com um forte investimento a nível de infraestruturas digitais e de recursos humanos. “É uma agência que

enfrenta um conjunto vasto de desafios e estabelecemos como primeira prioridade lidar com a documentação, porque um migrante que chegue a Portugal e que não tenha um título que o torne uma pessoa de plenos 26


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direitos, seguramente que terá um processo de integração muito dificultado”, apontou Luís Goes

comunidade, ao invés “de se ocupar

Pinheiro, presidente do conselho diretivo da AIMA.

integração plena que passa também pelo apoio às famílias, de modo que o atendimento deverá ser multicanal e assentar em três vertentes. “O

A segunda prioridade da AIMA será a promoção da língua portuguesa,

“porque é absolutamente necessário que quem escolhe Portugal para fazer a sua vida conheça o nosso código, consiga interpretar a nossa realidade e compreenda a nossa cultura”. Por outro lado, o reconhecimento das qualificações e competências é fundamental, para que as pessoas deem um contributo pleno, seja do ponto de vista económico ou social, para a ALGARVE INFORMATIVO #410

de tarefas que são inferiores às que poderiam desempenhar”. Uma

atendimento digital será o prioritário, pelo que queremos lançar um portal para os pedidos de autorização de residência, dando primazia aos de pessoas que pretendem o reagrupamento familiar; por outro lado, o atendimento telefónico, e queremos lançar, em 2024, um call center que garanta um atendimento de qualidade e que 28


sirva de regulador de todo o sistema de atendimento; e, finalmente, o atendimento presencial, com contato humano, num serviço de proximidade e com grande competência”, descreveu Luís Goes Pinheiro. Ficarão, assim, reunidas no mesmo espaço, a componente documental, que anteriormente era da alçada do SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, mas também o encaminhamento para cursos de língua portuguesa, o auxílio ao acesso ao mercado de trabalho e a apoios sociais e de outras índoles. Uma iniciativa aplaudida por José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, lembrando que foram reforçados os fundos europeus destinados à inclusão social e à integração dos migrantes. “A

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necessidade de trabalho levou a que haja muitos migrantes no Algarve e é essencial funcionarmos em rede para promovermos a sua integração. E não podemos esquecer que os portugueses também foram emigrantes”, indicou, antes de usar da palavra o Secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa, Mário Campolargo, para quem a entrada em funções da AIMA assinala “uma

mudança crucial na forma como Portugal se relaciona com aqueles que procuram o nosso país para trabalhar, estudar e viver e dar o melhor deles, do esforço do seu trabalho e de todas as suas capacidades”. “É com o foco nas

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pessoas que os serviços públicos devem ser concebidos e constantemente disponibilizados. O Estado tem que cumprir a sua missão de zelar pela proteção do interesse público, pelo interesse de todos nós, e isso significa fazer mais com os que meios de que dispõe e não exigir ao cidadão que ande de serviço em serviço, a percorrer labirintos burocráticos”, ALGARVE INFORMATIVO #410

entende Mário Campolargo. “Esta é a

lógica por detrás dos serviços públicos digitais: não só permitir que as formalidades sejam feitas à distância e sem deslocações, sempre que possível pela internet; mas também permitir que o próprio atendimento presencial seja melhor e se traduza numa resposta mais completa às necessidades e anseios de cada 30


cidadão. É isto que o AIMA se propõe fazer, numa abordagem inovadora que usa o digital como um facilitador para um atendimento mais flexível, mais integrado e mais eficaz”. Antes do descerrar da placa alusiva à chegada da AIMA à capital algarvia, a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, começou por deixar uma palavra especial de agradecimento a Paula Medeiros, que vem do Alto Comissariado para as Migrações para dirigir a loja AIMA em Faro, e a Manuela Moura, proveniente do SEF. “Depois desta reforma

complexa, Portugal tem créditos em termos internacionais naquilo que são as suas políticas de imigração e de acolhimento. O que queremos fazer com esta nova agência é continuarmos a ser humanistas no acolhimento, e assumir que a diversidade cultural nos enriquece a todos, que nos faz desenvolver como um país mais coeso do ponto de vista social e territorial”, apontou a governante. Ana Catarina Mendes recordou as alterações efetuadas recentemente na Lei de Estrangeiros e o acordo de mobilidade assinado com a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que incentivam migrações regulares e seguras em Portugal, considerando que “combater a

imigração ilegal, o tráfego de seres humanos e as redes que se 31

aproveitam dos mais vulneráveis dos vulneráveis só se faz com o primeiro degrau de integração dos migrantes, isto é, tratar dos seus papéis”. “Vamos também lançar no próximo trimestre um novo programa da língua portuguesa, porque a língua é uma barreira indiscutível. Precisamos todos comunicar uns com os outros, do mesmo modo que precisamos reconhecer as competências de cada um e dar qualificações a quem delas precisar, para que melhor se integrem no mercado de trabalho”, reforçou a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares. “A inclusão e a integração fazem-se com o sentimento de pertença à sociedade onde se chega, e isso depende da facilidade com que os serviços públicos respondem às necessidades dos cidadãos. Hoje, 14 por cento da população trabalhadora em Portugal é população estrangeira, contribuem também para a sustentabilidade da nossa segurança social, para o desenvolvimento das nossas economias, para a diversidade que compõe a nossa sociedade, e nós acreditamos em democracias fortes, inclusivas e coesas, portanto, acolher bem é um desígnio do Estado”, acrescentou .

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Rogil esteve em festa com o amendoim Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina os dias 28 e 29 de outubro, o Rogil, no Concelho de Aljezur, esteve em destaque com a segunda edição do «Amendoim em Festa – Rogil 2023», um momento especial para a promoção e comercialização deste produto de excelência produzido na freguesia. Durante dois dias, os visitantes tiveram a oportunidade de provar o melhor amendoim do mundo num vasto leque de produtos alimentares à disposição nas tasquinhas ou stands das doceiras, casos do licor de amendoim, de um «Dom Rodrigo» com amendoim ou um gelado de amendoim. ALGARVE INFORMATIVO #410

Como não há festa sem música, a animação foi uma constante, com a banda «Zoombidos» e o Baile com Emanuel e Tânia no sábado e, no domingo, «Os Amantes do Alentejo» e um baile com Cláudio Rosário para o encerramento do evento. O Amendoim em Festa – Rogil 2022 foi uma organização da Junta de Freguesia de Rogil com o apoio do Município de Aljezur e a inauguração contou, para além dos autarcas locais, com a presença de André Gomes, presidente da Região de Turismo do Algarve, e Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional do Algarve da Agricultura e Pescas .

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Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #410


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No arranque do 2.º Arte Larga, Olhão deu o nome de Maria Barroso ao seu Auditório Municipal Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina omeçou, no dia 3 de novembro, a segunda edição do «Arte Larga», uma iniciativa do Município de Olhão que teve como ponto alto do momento inaugural a atribuição do nome de Maria Barroso ao Auditório Municipal da cidade. No momento marcaram presença os filhos da ex-Primeira Dama e de Mário Soares, Isabel e João Soares, que agradeceram ao presidente do Município, António Miguel ALGARVE INFORMATIVO #410

Pina, a homenagem da Autarquia.

“Estamos tocados e comovidos com esta homenagem do Município e deste Executivo, a quem agradecemos na pessoa do seu presidente, António Miguel Pina”, disse o filho mais velho de Maria Barroso e Mário Soares, João Soares, após o descerrar da placa que perpetua o nome da mãe, Maria Barroso, como patrona do Auditório Municipal de Olhão, que agora passa a chamar-se Auditório Municipal Maria Barroso. “É com a 44


maior emoção que, em nome de toda a nossa família, vos digo Muito Obrigado”, acrescentou João Soares. Ao lado de João Soares, António Miguel Pina destacou a “mulher do teatro,

do cinema, ativista e política que foi Maria Barroso, um nome incontornável da cultura, da sociedade e da política nacionais, mas que sempre teve muito gosto e apreço por Olhão”. “Foi uma mulher de causas e uma cidadã ativa, que se distinguiu ao longo

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de décadas como uma lutadora pela liberdade e pela democracia”, sublinhou o edil olhanense. “Este gesto tocou-nos muito. A minha mãe tinha bastante orgulho em ser da Fuseta, do concelho de Olhão. Era uma mulher de causas, que nunca foi conhecida por ser apenas a mulher de Mário Soares”, realçou Isabel Soares, presidente da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, garantindo que “o centenário do nascimento

da mãe, em 2025, começará em Olhão”, afirmação que foi acolhida com muitas palmas de satisfação pelos presentes .

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Autódromo Internacional do Algarve vibrou com mais um Algarve Classic Festival Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina s Campeonatos de Portugal 1300, Clássicos, Legends e SuperLegends de 2023, competições geridas pela Associação Nacional de Pilotos de Automóveis Clássicos, chegaram ao fim no Autódromo Internacional do Algarve, incluídos no programa do Algarve Classic Festival que se realizou de 27 a 29 de outubro. Ao todo, foram mais de duas centenas de carros nas grelhas de partida alinhadas para aquela que é a grande festa dos ALGARVE INFORMATIVO #410

motores no Algarve, com bólides que fizeram história e que preencheram os sonhos de muitos daqueles que agora regressam ao circuito algarvio para recordar com nostalgia os sons, os cheiros e o ambiente da competição. Em grande destaque na prova que habitualmente assinala o final do mês de outubro no Autódromo Internacional do Algarve estiveram os Fórmula 1 que deram cartas no final dos anos 80. Foi, sem dúvida, um paddock repleto de atividades e motivos de interesse que tornam o Algarve Classic Festival um evento para toda a família . 54


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HASHTAG#FREE DO QUOR ABRIU O 1.º FESTIVAL DE E MÚSICA CLÁSSICA DE A Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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RUM BALLET E DANÇA ALBUFEIRA

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Hotel NAU São Rafael Atlântico assistiu, no dia 4 de novembro, ao arranque do Algarve Classic – 1.º Festival de Dança e Música Clássica de Albufeira, uma organização da Associação Arte do Sul com o apoio do Município de Albufeira, e o «pontapé-de-saída» não podia ter sido melhor, com o público a vibrar com o fantástico «Hashtag#Free» do Quorum Ballet de Daniel Cardoso.

controlo e deixando tudo para trás. “No

Em palco estão sete bailarinos sem ideias predefinidas, sem pretensões de seguir correntes artísticas ou estilos, esquecendo toda a inibição, negando o

Diretor Artístico e Coreógrafo Daniel Cardoso .

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presente fica o corpo que se faz preencher pelos sentimentos, a música, o ritmo, o movimento, que vive num espaço onde o simples é rotina e o espontâneo real. Pretende-se explorar e interpretar valores intemporais como os direitos humanos, sentimento de fraternidade, paz e respeito pela diferença, valores que serviram como estímulos para a construção desta peça”, descreve o

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PROJETO INCORPORA P «FERNANDO E AS ESTR DA «MENSAGEM» DE FE Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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PREPARA RELAS» EM TORNO ERNANDO PESSOA

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OST-IT Residências é um projeto enquadrado no domínio das ações estratégicas de mediação promovidas pelo LAMA Teatro, com o intuito de criar pontes entre estruturas de produção artística e as comunidades locais, tendo como público prioritário crianças e jovens em idade escolar. A concretização deste projeto assenta, primeiramente, no acolhimento de obras artísticas em processo de criação e foi nesse contexto que o Projeto Incorpora levou a cena a sua nova criação, «Fernando e as Estrelas», que tem como ponto de partida a grande obra de Fernando Pessoa, a «Mensagem».

dos jovens para que, ao estudarem a obra, sintam a magia que ela contém. Durante o estudo da obra, a coreógrafa Filipa Rodrigues é inspirada pela análise de João Medeiros e encontra uma nova visão da «Mensagem», um olhar poético, histórico e astrológico, sim, porque Fernando Pessoa também era astrólogo. «Fernando e as estrelas» conta, assim, a história de um menino que fala com estrelas e acredita que o destino de Portugal pode e deve ser diferente, e assim entramos no mundo da imaginação e na cabeça de Fernando Pessoa durante o processo de criação da obra, que está representada pelos quatro elementos, e onde cada elemento com a sua determinada característica exige que a obra seja escrita à sua maneira.

Direcionada aos alunos do secundário, o espetáculo visa despertar a curiosidade

No decorrer da residência de «Fernando e as Estrelas» foram desenvolvidas

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oficinas de criação em contexto escolar na Escola Secundária Pinheiro e Rosa e, nos dias 28 e 29 de outubro, decorreram ensaios abertos no espaço LAMA Black Box, onde Filipa Rodrigues falou desta sua nova criação, um espetáculo cativante que é interpretado por Beatriz Marques, Constança Pinto, Filipa 93

Rodrigues, Inês Rodrigues, Maria Fernandes e Xavier Rodrigues, com apoio à interpretação de Patrícia Amaral. Uma peça que tem a sua estreia agendada para maio de 2024 e que, até lá, promete aguçar o apetite do público com mais alguns ensaios abertos . ALGARVE INFORMATIVO #410


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«A SAGRADA FAMÍLIA» DE ELMANO SANCHO CHEGOU AO FIM COM «JOSÉ, O PAI» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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Cineteatro Louletano, em Loulé, recebeu, no dia 31 de outubro, «José, o Pai», com autoria e encenação de Elmano Sancho e interpretação a cargo de Cheila Lima, Djucu Dabó, Jorge Pinto e Sílvia Filipe. “As ficções dramáticas

sempre se interessaram pelas famílias infelizes, basta lembrar os Átridas. Talvez porque, parafraseando Tolstoi, as famílias felizes nada têm de particular, ao passo que cada família infeliz é infeliz à sua maneira”, comenta Elmano Sancho. «Crise» e «incomunicação» são palavras-chave para acedermos a «José, o ALGARVE INFORMATIVO #410

Pai», o último capítulo (depois de «Maria, a Mãe» e de «Jesus, o Filho») da trilogia «A Sagrada Família», projeto de longo curso de Elmano Sancho. “Há sempre

uma violência iminente na família, porque é o espaço mais íntimo que temos, e com a intimidade vem o amor, mas também a violência”, acredita o dramaturgo, ator e encenador. Desta feita, José, um ator velho e desempregado, renuncia ao papel de pai, vítima de um mundo que exige novas formas de autoridade. Mas José – para onde convergem as figuras de Deus Pai e do Diabo – não cede o seu lugar. «José, o Pai» coloca em tensão os arquétipos da cultura patriarcal e as relações entre arte/performance e religião/ritual, numa peça que muito entreteve o vasto público presente . 104


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Bróculo é um gosto adquirido Mirian Tavares (Professora) Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande. Adélia Prado uando o filho era pequeno, aprendi a fazer sopas. Nunca fui uma grande cozinheira, mas queria que o filho comesse verduras e legumes e que gostasse de sopa. Eu mesma não tomava sopa e mentia: mãe, tu nunca tomas sopa! E eu: tomei até completar 18 anos! Mentirinhas de amor – nunca gostei de sopa e até gostava de gostar, mas não desce. Devo ter caído num caldeirão à nascença, mas dos muitos gostos que adquiri na vida, sopa não foi um deles. O filho, no entanto, tomou as suas sopas até bem tarde, todas as noites, religiosamente. Atualmente ainda toma, mas não é algo por que tenha especial apreço. Mas já os brócolos, esses ficaramlhe como uma memória boa da sua infância gastronómica. Desde muito cedo que adorava brócolos e pepinos. Talvez adorar seja uma palavra forte para se ladear com brócolos, mas a verdade é que ele comia com grande prazer e fez com que eu também virasse amante deste vegetal. As pessoas estranhavam que ele comesse, de forma prazenteira, os brócolos que lhe caiam ao prato. Também estranhavam que ele pedisse livros como prenda de anos. Mais tarde estranharam os alargadores nas orelhas, ALGARVE INFORMATIVO #410

o seu estilo, as suas indefinições. O incompetente psicólogo que fez seu teste de aptidão chamou-me à escola e disse: seu filho não tem aptidão especial para nada. Ele quer fazer muita coisa. O que ele devia ter dito é: seu filho tem muita aptidão e vontade de experimentar diferentes coisas. E é verdade. Ele experimentou, com sucesso, muitas coisas e continua à procura, apesar de eu achar que o jornalismo é a sua vocação. Eu só aprendi a gostar de vinho e de cerveja aos 30 anos, quase ao mesmo tempo em que comecei a fumar charutos e cigarrilhas. E a comer brócolos. Ser mãe, para mim, foi um gosto adquirido, não estava nos meus planos, a maternidade. Mas o filho ensinou-me a gostar de ser mãe e a aprender a sê-lo. Fomos formados no mesmo dia, ele em filho e eu em mãe. Andamos há alguns anos numa interminável, mas maravilhosa, pós-graduação. Já não lhe faço sopas e ele já sabe o meu segredo – nunca as comi. Mas continuamos a gostar de brócolos e ele, de vez em quando, partilha comigo um bom vinho .

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Foto: Vasco Célio

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Fantochada!!! Júlio Ferreira (Inconformado encartado) RDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a conceção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política do acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”.

Isto foi escrito em 1867 por Eça de Queirós. Desde então a malta não aprendeu nada??? Passados 156 anos, Portugal continua, de facto, a ser uma fantochada, um espetáculo muito divertido. Onde ingresso para assistir é caríssimo. Mas, como sempre acontece neste cantinho, há sempre quem consiga convites para assistir sem pagar. Não é o meu caso. Eu nem consigo arranjar maneira de o Daniel oferecer alguma coisinha pelo Natal, para eu e os outros digníssimos que, como eu, partilham aqui, o que vamos vendo, sentido, a nossa opinião. Umas meias, ALGARVE INFORMATIVO #410

umas cuecas ou até mesmo uma garrafinha de vinho, já não era mau. Tivemos mais uma semana de grandes desafios éticos e morais. Até aqui não há novidade nenhuma. Um final de ano que tem sido prolífico em demissões, cunhas, investigações e mais detenções de casos de corrupção. Imagino que todos os que já fizeram traquinices, a nível nacional e local, estejam com o rabinho mais apertado que um antílope a ser estrafegado por uma jiboia. Se dúvidas houvesse, Portugal continua a ter um dos índices mais elevados de corrupção da Europa. Seria de esperar que os Governos que se vão sucedendo em catadupa nesta nossa fantochada, a que chamamos simpaticamente de país, e independentemente do partido, dedicassem uma boa parte do seu programa de governo ao combate à corrupção. No entanto, isso não acontece, seja porque são incapazes de criar medidas eficazes para a combater, seja porque necessitam dela para serem eleitos e mantidos – o que nos leva ao efeito «pescadinha, não apenas com o rabo, mas com o corpo inteiro dentro da boca», qual contorcionista chinesa, ou ainda por não investir nos seus cidadãos mais aptos, nas mais variadas áreas, independentemente das suas cores políticas ou grau académico. A política como está, atrai a escumalha do colarinho branco, das luvas e dos sacos azuis. Atrai quem acha que ser bem 118


relacionado vale mais que ser competente. Como diria o George Carlin: “Este país já foi comprado e vendido há muito tempo atrás”. Em Portugal, a lei do mais apto tem uma aplicação que remonta à época medieval: os considerados mais aptos não são nem os mais inteligentes, nem os mais talentosos, nem os mais 119

experientes, nem aqueles que poderiam fazer a diferença. A aptidão em Portugal depende, e muito, se lambes as botas de forma adequada a quem detém poder de decidir, das informações que tens e podes utilizar contra quem tem o poder, da cor política, das amizades, interesses comuns (duvidosos na maior parte das vezes) e até do nome de família. Como as aptidões intelectuais e o talento não são ALGARVE INFORMATIVO #410


coisas que se transmitem de geração para geração, temos quase sempre os mesmos nomes em setores-chave da economia e da política. Qual é o resultado disto? É o que vemos: esta guarita (tenda/cenário), controlada por pessoas ou por grupos económicos que operam em regime de negócio familiar. Portugal não é um país, é um negócio, e como tal anda ao sabor da falta de talento político, económico e social. Países pobres não criam riqueza, criam ricos. Portugal é (infelizmente) uma fantochada. Verdade! Somos apenas fantoches num cenário que não é mais que um chaço velho, desnivelado, podre, comprado a prestações e em segunda mão. Pequeninos e desajeitados, sempre tensos, bonecos que possuem corpo de tecido, vazio, que os manipuladores (escondidos) vestem na mão, impedidos de se mexerem muito, sempre com o mesmo modo de atuar, uns contra os outros ao som de uma voz ridícula, e sem qualquer utilidade que não seja para alguém se divertir. Enquanto o exemplo que vem de cima for o que temos visto e que nos continuem a tratar como fantoches, quem está por baixo vai continuar a meter ao bolso as migalhas que conseguir apanhar dos pães saloios que os lá de cima vão dividindo para comer com caviar e arroz de lavagante, com um vinho Pêra Manca. Pode ser que agora, com mais estes casos, as coisas comecem a mudar. Infelizmente, vão mudar pelas piores razões, não vão mudar porque há mais gente honesta e íntegra, porque há mais justiça, informação e educação. Se mudarem é porque há mais medo de ALGARVE INFORMATIVO #410

serem apanhados. A justiça, em Portugal, é divina. Nada se assemelha mais ao reino dos céus do que o sistema judicial português. O que temos visto: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar na prisão. Mas também não quero ser injusto, até porque mais uma vez digo que a presunção de inocência é uma coisa bonita e, por isso, tenho de colocar a hipótese de isto tudo não passar de um mal-entendido, e de que a justiça está morta (porque já se encontra em coma, há muito). Eu, que estou na política local há muitos anos, sinto vergonha! Questiono muitas vezes se vale a pena? Porque, simplesmente, não gosto de ser manipulado e não me revejo nestas fantochadas. Mas para que fiquem descansados. Não, os políticos não são todos iguais! Conheço muitos, que como eu encaram a política de forma séria. Não existe outra! Existem neste país, nos mais variados partidos gente séria, políticos cheios de ideias novas e revolucionárias que podem mudar a vida de todos nós, de apertar os calos aos senhores do poder, do dinheiro e da influência. Infelizmente muitos deles vão ser engolidos por tudo o que aqui já escrevi, ou vão ser corrompidos, ou mortos politicamente (ou até literalmente). Mas eu acredito que restarão uns poucos, que chegarão ao poder de forma a fazer a diferença. É só olhar a história, de Portugal e do mundo. Infelizmente esta fantochada é Portugal em todo o seu esplendor. Cantem comigo o novo hino nacional: «Corruptos do mar…» . 120


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À espera da chuva João Ministro (Engenheiro do Ambiente e empresário) ma contida alegria paira no ar. Chuva abençoada cai do céu e com ela esmorecem as preocupações em torno da falta de água e da excessiva seca na região. Assim estávamos até há uns dias atrás. Por breves instantes reinou uma ligeira sensação de alívio, tão pouco se falou no assunto. Mas eis que surgem os mais recentes dados das Águas do Algarve sobre os volumes de água acumulados nas barragens da região, já depois da passagem da depressão «Bernard»: a barragem de Odelouca está com cerca de 7% de volume total de água (!), a de Odeleite com 19,5% e a de Beliche com 17% (valores arredondados). A da Bravura nem entra nas estatísticas, dado o estado de quase seca em que se encontra. Qual banho de água fria! Afinal, pouco ainda aconteceu de significativo ao nível da recarga das barragens. Para ajudar a redescobrir esta difícil realidade, o investigador e professor universitário Nuno Loureiro, num recente artigo publicado em vários jornais, chama a atenção para o seguinte: se o ano hidrológico em curso não for abundante em água, em 2024 a crise da água «vai estoirar à força toda». Esta é, pois, a indisfarçável situação que temos em mãos. E mesmo que a chuva abunde ao ponto de normalizar as reservas de água ALGARVE INFORMATIVO #410

superficiais, não duvidemos que no futuro próximo, tal como tem sido sobejamente descrito pela ciência, a escassez de precipitação veio para ficar, bem como o aumento da frequência de altas temperaturas. Perante isto, o que estamos a fazer? Que medidas preventivas ou de adaptação estão a ser adoptadas? Tal como nos fogos florestais, a prevenção inicia-se no Inverno e não em plena catástrofe. Assim o deveria ser, mas as semanas passam, os meses seguem-se e acções no terreno pouco se vêem. Excepto, claro, algumas campanhas publicitárias «cor-de-rosa» que, como o mesmo investigador refere, de pouco servem. Falta planeamento, fiscalização séria e decisões ousadas e corajosas. Taxar os elevados consumos, parar (e reverter até) a absurda e descontrolada proliferação de centenas de novas piscinas, de novos resorts, aldeamentos, hotéis, respectivos jardins ou a expansão da agricultura intensiva exigente em água. Se dúvidas possam restar sobre este último aspecto, aconselho uma visita a Alte para ver o que ali se passa. Mas, além destas medidas – mais exigentes, é certo – também se nota a ausência de outras mais simples e indiscutíveis, como, por exemplo, o fomento do reaproveitamento de água das chuvas em espaços urbanos, a eliminação de perdas nas condutas, as 122


mudanças estruturais nos espaços verdes e respectivos sistemas de rega ou um forte impulso no aproveitamento de águas residuais tratadas. Relembro aqui que Portugal apenas reutiliza aproximadamente 2% da sua água tratada. A restante segue para o mar. Por contraste, surgem os movimentos a exigir obras de grande monta, tal como a tão «ansiada» Barragem da Foupana, de uma «auto-estrada» hídrica Norte-Sul ou ainda a dessalinizadora. Temas que agitam emoções, animam os fóruns e 123

geram ruído tal ao ponto de não se explanar convenientemente os impactes e benefícios dessas mega obras. As expectativas reais recaem, portanto, na abundância de chuva! Esse elixir da natureza, vital, terapêutico até, no simples desanuviar de tensões. A adaptação da região a um clima cada vez mais desértico fica para um capítulo posterior. Esperemos que mais cedo do que tarde. Por isso, até lá, continuemos à espera de chuva! Muita chuva! . ALGARVE INFORMATIVO #410


Vozes e silêncios Sílvia Quinteiro (Professora) um final de tarde de outubro deambulo por Delft. Abandono o centro. Sigo ao longo dos canais. Atravesso as circunferências que formam a cidade. No centro, monumentos e prédios históricos. A circunscrevê-lo, habitações pitorescas de primeiro andar. Desenhando um terceiro círculo, casas modernas. Depois, virão a floresta e, aqui e ali, os prédios. A hora permite que caminhe tranquilamente. A revoada de ciclistas, envergando gabardines e cachecóis esvoaçantes, recolheu aos ninhos. As casas, antigas e recentes, seguem um mesmo modelo de construção. Uma grande janela aberta para a rua, a sala de estar, uma cozinha ampla e, por fim, uma nova janela que permite ver o quintal ao fundo. As janelas estão invariavelmente decoradas. Com mais ou menos imaginação, dispõem-se vasos de flores, jarras e tulipas de porcelana local, casas miniatura, pássaros de madeira, duendes, patos de borracha, castiçais… Não há sinal de cortinas nem de venezianas. A casa abre-se à rua sem pudor. Bebe sequiosamente as últimas gotas de luz que o dia oferece. Não tenho tempo para perceber se a privacidade não é valorizada ou se o conceito tem aqui um entendimento diferente do meu. Mostram-se ou simplesmente não se ALGARVE INFORMATIVO #410

escondem? Um pai e um filho de pijama veem um filme aninhados num cadeirão. Uma rapariga roça as pontas do rabo de cavalo loiro na alcatifa e lê, enquanto os dedos dos pés brincam às cegas com o quadro pendurado por cima do sofá. Um casal sorridente prepara o jantar na cozinha. Estranho esta forma de estar. Leve como o deslizar das bicicletas. Na manhã seguinte, sou convidada a visitar o cemitério de Jaffa. Tal como a cidade dos vivos, também a dos mortos é atravessada por canais. A vegetação é densa e verdejante. Uma criança anda de triciclo, enquanto o pai come uma sanduíche sentado num banco de jardim. Os corvos, numerosos, saltitam e grasnam em nosso redor. Dirijo-me à parte antiga do cemitério. Impressiona-me o contraste entre as vidas escancaradas dos vivos e o vazio quase absoluto de informação sobre os defuntos. Lápides só com nome e data. Por vezes, nem isso. Apenas pedras soltas a formar um retângulo no chão. Destacase uma Menorá. Entre os católicos está sepultado um judeu. Atravesso a pequena ponte que se ergue sobre um canal repleto de nenúfares e patos que riscam tranquilamente a água verde. Tão distante dos cemitérios que conheço. Penso em como gostaria de poder oferecer esta paz aos meus mortos. Noto que algumas lápides mais recentes são envernizadas e têm fotografia. Há algumas flores frescas. Mas o mesmo 124


silêncio. A mesma ausência de uma qualquer janela através da qual possa espreitar as suas vidas. Continuo a caminhar. Procuro o mural dedicado aos que caíram pela pátria em 1940. Ao meu lado esquerdo, uma lápide cor-de-rosa, invulgarmente alta e brilhante chama a minha atenção. A base é um pequeno jardim, delimitado por vasos e jarras de flores. Espetados em arames, corações e borboletas sobrevoam a campa. Passaria despercebida num cemitério português. Aqui não. Aproximo-me para ler o longo texto gravado na pedra. Fico a saber que Anabela foi uma «esposa, mãe e avó amada», tal como Fernando, que com ela partilha a sepultura, foi um «esposo, pai, avô e bisavô amado». Ele um pouco mais velho que ela. A narrativa ganha forma na minha mente. Emigrantes que na fuga à ditadura e à miséria do nosso país, imagino, e que encontraram em Delft o 125

refúgio onde criaram uma família que vai na quarta geração. As estátuas da Virgem de Fátima e os anjos de loiça branca denunciam a devoção católica. A de Buda torna a história mais intrigante. Sento-me num banco ali em frente e, também eu, almoço no cemitério. Continuo a imaginar a história desta família e reflito sobre o abismo que separa as duas culturas. A neerlandesa, de janelas escancaradas em vida e absoluta privacidade na morte. A portuguesa, com maior reserva da casa e da vida familiar, mas que não concede igual privacidade aos mortos. Cobrimos os túmulos de pistas sobre quem foram e do que gostavam. Talvez queiramos que os que por ali passam falem com eles. Talvez seja esta a nossa forma de os convidar a sentar-se e a almoçar por ali enquanto lhes dão dois dedos de conversa. Talvez, para nós, manter o diálogo seja uma forma de lhes concedermos a eternidade . ALGARVE INFORMATIVO #410


Este País é para velhos? Carlos Manso (Economista e Membro da Direção Nacional da Ordem dos Economistas) omeço este artigo afirmando que envelhecer é uma chatice, mas a alternativa é bem pior. Os dados disponíveis são de 2022 e dizem-nos o que já ouvimos dizer muitas vezes, que o índice de envelhecimento da população portuguesa cresceu, estando agora em 100 jovens por cada 185,6 idosos, longe do equilíbrio necessário. A nossa percentagem de idosos é de 24%, sendo a mediana da população de 47 anos. Isto significa que a idade que divide a população em dois grupos de igual dimensão subiu de 42 anos, em 2011, para 47 anos, uma subida de quase 5 anos na última década. O envelhecimento da população acarreta um desafio acrescido, que é do garantir um nível de qualidade de vida aos portugueses que após uma vida de trabalho atingem a merecida idade da reforma. Apesar dos dados apresentados e que são conhecidos por todos, sentimos que falta uma estratégia de mitigação dos efeitos nefastos que daí virão, continuando a discussão deste desafio na esfera da teorização das soluções e no ALGARVE INFORMATIVO #410

campo das reflexões académicas e políticas, sem que se note uma consequência prática que nos garanta que estaremos preparados para, talvez, a crise mais garantida que iremos ter. Nas estimativas existe sempre um nível de incerteza, mas neste caso esse nível de incerteza é nulo. A probabilidade de a população envelhecer e reverter a pirâmide etária e demográfica da população portuguesa é total. E não somos o único País a enfrentar este desafio. A Europa encontra-se no epicentro desta tempestade. No meio deste desafio temos boas notícias, uma delas que pelo quarto ano consecutivo a população portuguesa residente aumentou, situando-se agora nas 10 milhões, 467 mil e 366 pessoas. As notícias menos boas são que o PIB não sofreu alterações compatíveis com o aumento verificado da população residente, talvez devido ao facto do aumento da população se deva ao saldo migratório e o emprego gerado na economia é de baixo valor acrescentado e de baixas qualificações, caminho inverso ao que deveríamos estar a seguir. E que continuamos com um saldo natural negativo, isto é, o número de óbitos foi superior ao de nados-vivos. A nossa população mais qualificada continua a emigrar, procurando as 126


maior articulação entre os serviços de saúde, serviços da segurança social e prestadores de cuidados, reforçando a cobertura nacional ao nível das várias respostas, porque o País não é homogéneo nas ofertas, sendo muitas vezes homogéneo na procura.

oportunidades que considera não ter cá e os casais continuam a ter menos filhos que o necessário para equilibrar o saldo natural (em 2022, cada mulher em idade fértil teve em média 1,43 filhos). Portugal é o País que mais envelhece na União Europeia, estimando-se que seja o quarto País mais envelhecido nas próximas décadas, e onde as respostas sociais encontram dificuldades na oferta de Lares e, quando as apresentam, os valores são incomportáveis para a maioria dos nossos reformados, quer no setor social comparticipado pelo Estado, quer no setor social privado. Segundo a plataforma Lares, o distrito de Faro é o distrito onde ser idoso e dependente é mais caro.

É fundamental também, apesar do reforço no número de lares de idosos, apostar em soluções que permitam manter uma vida ativa em comunidade, através de apostas com apoio público nas denominadas residências colaborativas, podendo o apoio público ser dado na forma de doação do terreno ou direito de utilização do mesmo durante um determinado período em que reverterá novamente para o Município como forma de incentivar novas associações e players a investir e a ajudar na mitigação deste desafio. Sim, porque não me parece que os agentes sociais existentes tenham a capacidade de dar uma resposta adequada no futuro ao nível dos investimentos necessários, porque o trabalho que fazem atualmente já é excecional, mas cuja dimensão do desafio tenderá a crescer.

Estima-se que até 2050 serão necessárias mais 55 mil camas do que as atuais, por isso, é necessário mudar o atual modelo de resposta.

Temos de olhar menos para quem faz e mais para que o mesmo seja feito. Termino com o mesmo pensamento, envelhecer é uma chatice, mas a alternativa é bem pior .

É fundamental apostar na reformulação do serviço prestado pelas instituições sociais e incrementar serviços de apoio domiciliário mais eficazes, com uma

Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #410

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