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ALGARVE INFORMATIVO 25 de novembro, 2023
1ALGARVE PREMIUM | ROTA DO PETISCO | «MUNICÍPIO AMIGO DO DESPORTO» E «AUTARQUIA ALGARVE SOLIDÁRIA» INFORMATIVO #412 RECANTE NO CHOQUE FRONTAL AO VIVO | LUÍS LEMOS | AL MOURARIA | PEDRA DURA | CALCETEIROS DE LETRAS
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ÍNDICE Algarve Premium (pág. 12) Prémios Município Amigo do Desporto e Autarquia Solidária (pág. 20) Rota do Petisco 2023 (pág. 30) «Quando para sul / O azul / Luar» do ColecTA no Cineteatro Louletano (pág. 40) Festival Spoken Word - Calceteiros de Letras no Gimnásio Clube de Faro (pág. 56) 20 anos de Al Mouraria no Cineteatro Louletano (pág. 68) Festival Pedra Dura em Lagos (pág. 80) Pintura de Luís Lemos exposta no Centro Cultural de Lagos (pág. 94) Recante no Choque Frontal ao Vivo no Teatro Municipal de Portimão (pág. 108)
OPINIÃO Mirian Tavares (pág. 116) Ana Isabel Soares (pág. 120) Alexandra Rodrigues Gonçalves (pág. 122) Lina Messias (pág. 126)
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Algarve Premium encerrou com um sentimento de orgulho no trabalho feito Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o dia 25 de outubro, o edifício do NERA, na zona industrial de Loulé, acolheu a sessão de encerramento do «Algarve Premium», com a presença dos parceiros do projeto, nomeadamente a Região de Turismo do Algarve e a Associação de Turismo do Algarve, mas, sobretudo, com os protagonistas, ou seja, as empresas do ALGARVE INFORMATIVO #412
Algarve. “Neste mundo em que
todos os dias nos trazem surpresas que geram incertezas e preocupações, é muito importante não desistir e prosseguir o nosso trabalho, com força, coragem e determinação para ultrapassar os obstáculos, sabendo que a vida não para e que temos que apostar na continuidade e no futuro”, 12
começou por dizer Vítor Neto, presidente da direção do NERA. O projeto aliou qualidade, tradição, identidade e inovação através de um vasto leque de atividades, desde sessões de dinamização e capacitação, estudos e planos estratégicos, participação em certames especializados, press e fam trips, portfólios, vídeos promocionais, missões de reconhecimento e várias ações de prospeção internacional a Espanha, França, Suécia, Itália e Inglaterra. A grande meta do Algarve Premium foi, efetivamente, o desenvolvimento de um programa de internacionalização de produtos de excelência nos setores do Agroalimentar e Mar, do Turismo Cultural e Criativo e do Turismo Náutico, por forma a aumentar o seu reconhecimento, notoriedade e visibilidade internacional. O Algarve Premium foi então promovido pelo NERA – Associação Empresarial da Região do Algarve, Associação Turismo do Algarve e Região
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de Turismo do Algarve entre agosto de 2021 e outubro de 2023, contou com um investimento total de 679 mil e 768 euros e foi cofinanciado pelo Programa Operacional CRESC ALGARVE 2020 | Portugal 2020, “em mais uma
demonstração de uma colaboração entre diferentes instituições que não é ocasional”. “É um processo que já ganhou força e confiança entre nós, um capital da região, e o NERA respondeu sempre afirmativamente aos desafios que a CCDR Algarve nos foi lançando nos últimos anos. Apresentamos esta candidatura num momento bastante dramático, em plena pandemia, mas não ficamos à espera do que ia acontecer e avançamos com os nossos parceiros, porque seria errado desperdiçar oportunidades”, justificou Vítor Neto.
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A iniciativa permitiu promover uma reflexão crítica sobre a importância do reconhecimento internacional dos bens e serviços da região, e sobre as melhores estratégias para dinamizar futuras iniciativas coletivas de cooperação para a internacionalização, numa perspetiva de diversificação da estrutura económica do Algarve. “Não é por acaso que
apoiou de uma forma muito objetiva os setores do Agroalimentar e do Mar, numa clara aposta na valorização dos nossos recursos endógenos. O NERA e a Universidade do Algarve, desafiados pela CCDR Algarve, encontram-se também a desenvolver em conjunto o projeto «Diversificar Algarve 2030», cuja ALGARVE INFORMATIVO #412
execução já está na reta fina, e não me canso de repetir que o Algarve não tem turismo a mais, tem é os outros setores em défice”, declarou Vítor Neto. O presidente da direção do NERA voltou a enfatizar que o atual contexto internacional está fortemente marcado pela incerteza e a imprevisibilidade, com um abrandamento económico de algumas das principais economias europeias e com possíveis subidas do custo da energia em consequência da crise do Médio Oriente. “Mas esta
realidade conjuntural não nos deverá fazer desviar da rota, nem da nossa estratégia, que parte da nossa especialização no turismo, alinhando-o com os desafios da sustentabilidade. Ao mesmo 14
tempo, impulsionar a diversificação económica, designadamente na Economia Azul, na agricultura sustentável, nas energias renováveis, na eficiência energética, na transição digital e nas indústrias culturais e criativas”, defendeu Vítor Neto. “O Algarve deverá afirmar-se como uma região turística competitiva, reconhecida pela qualidade da sua oferta e assente no desenvolvimento sustentável, mas nada disto será possível sem o envolvimento direto das empresas da nossa região. É preciso passar à ação, a internacionalização da nossa economia não pode ser só
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tema de reuniões e de sessões passageiras”, salientou. O Algarve Premium teve também como parceiros, conforme referido, a Região de Turismo do Algarve e a Associação Turismo do Algarve, lideradas por André Gomes, para quem é crucial promover além-fronteiras os produtos endógenos algarvios, a par do Turismo Cultural e Criativo e do Turismo Náutico. “A
iniciativa visava elevar o reconhecimento, a notoriedade, a visibilidade internacional destes produtos, no âmbito da marca «Algarve», que já é sobejamente conhecida em todo o mundo. Gostava que dentro de portas, não só em Portugal, mas, inclusive, no Algarve, houvesse também esse
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reconhecimento do potencial desta marca, e isso passa também por falarmos das coisas pela positiva, por enaltecermos os bons exemplos que existem no Algarve”, comentou o presidente da RTA e da ATA. No terreno, o trabalho do Algarve Premium traduziu-se em diversas intervenções centradas na criação, na dinamização e na capacitação de redes colaborativas, complementadas por ALGARVE INFORMATIVO #412
ações exploratórias, a nível internacional, de comunicação. Os produtos-alvos do projeto estavam alinhados com os domínios do Agroalimentar, do Mar e das Indústrias Culturais e Criativas, bem como do Turismo e da RIS3 Algarve, a estratégia regional de investigação e inovação para a especialização inteligente. “Conseguimos alcançar
diversos marcos importantes, como a realização do estudo do Turismo Cultural no Algarve, com o perfil do turista e perspetivas de 16
segmentações específicas de Turismo Cultural no Algarve e apresentou recomendações estratégicas para o seu desenvolvimento contínuo, abrangendo a oferta e a procura, e esperamos que tenha um impacto duradouro na promoção da cultura e do turismo na região”. André Gomes chamou ainda a atenção para o papel do Turismo Náutico na promoção internacional do Algarve e para isso contribui, de forma decisiva, a qualidade das marinas existentes na região. “Proporcionam-nos uma
desenvolvimento, num mercado caracterizado pela procura de experiências enriquecedoras e do próprio crescimento pessoal de quem nos visita. Realizamos encontros em Espanha, participamos em feiras, dinamizamos missões de reconhecimento e criamos um vídeo promocional”, descreveu André Gomes. “Este estudo teve a particularidade de identificar 17
ampla variedade de experiências em diferentes domínios e que constituem uma porta de entrada para a restante oferta que temos na região, com vista a um crescimento turístico sustentável e menos sazonal. O Turismo Náutico eleva muito a qualidade do serviço prestado e do turista que nos procura”, frisou o presidente da RTA e da ATA. “Encerramos o Algarve Premium com um sentimento de orgulho, esperemos que ele continue a impulsionar o crescimento e a prosperidade desta região incrível, na expetativa que este caminho se faça no rumo de uma oferta de qualidade superior, com produtos, serviços e experiências que ultrapassam as expetativas dos turistas”, finalizou André Gomes . ALGARVE INFORMATIVO #412
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Galardões Município Amigo do Desporto e Autarquia Solidária foram entregues em Portimão Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina cidade de Portimão foi a anfitriã, no dia 13 de novembro, da entrega dos galardões de reconhecimento às autarquias do Alentejo e Algarve com melhor desempenho nas áreas do Desporto e da Ação Social, numa cerimónia que teve lugar no caféconcerto do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão. Marcaram presença os ALGARVE INFORMATIVO #412
representantes das autarquias do sul do país distinguidas pela plataforma online Cidade Social, responsável pelos programas «Município Amigo do Desporto» e «Autarquia Solidária», que visam a partilha de boas práticas e a formação em relação ao modelo de intervenção pública nas áreas do desporto e da ação social. Os galardões enaltecem o trabalho efetuado pelos municípios portugueses para melhorar, de forma contínua, a 20
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qualidade de vida de todos os cidadãos residentes nos seus concelhos, através da implementação de estratégias de intervenção social que contribuam para o progresso da comunidade. “As
distinções são amigas das pessoas e dos municípios que fazem um bom trabalho em prol dos seus munícipes. Quando falamos de desporto, falamos da prevenção de muitas doenças, e, no que toca às autarquias solidárias, elas procuram mitigar as dificuldades dos mais desfavorecidos, contribuindo para que tenham uma qualidade de vida que, sem esse apoio, não teriam”, referiu a ALGARVE INFORMATIVO #412
vereadora com os pelouros do Desporto e Ação Social na Câmara Municipal de Portimão, Teresa Mendes. Para Pedro Mortágua Soares, coordenador nacional dos programas «Município Amigo do Desporto» e «Autarquia Solidária», ambos os galardões “reforçam a visão das
entidades premiadas em promover um ambiente de bem-estar e desenvolvimento sustentável para a sua comunidade, representando o corolário do importante trabalho efetuado no dia-a-dia”. No Algarve, 11 dos 16 municípios são «Amigos do Desporto» (Albufeira, Alcoutim, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, 22
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Portimão, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António) e a região passa a contar também com duas «Autarquias Solidárias», designadamente, Lagos e Portimão. E a plataforma conta, a partir de 2023, com mais um galardão ligado ao turismo ativo, de desporto e natureza, chamado «Destino Ativo e de Experiências». “Aquilo que
comprovam nas candidaturas é que os vossos territórios proporcionam a prática de atividade física, de desporto, mas também experiências ligadas ao turismo gastronómico ou religioso, entre outros”, revela o dirigente.
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E como um dos principais pilares do programa «Amigo do Desporto» é a partilha de boas-práticas, a plataforma vai convidar um técnico de cada autarquia para uma formação em que se irá fazer uma análise conjunta das várias candidaturas, na perspetiva de que, daqui a um ano, se possam incluir mais aspetos nas novas candidaturas. “Há
excelentes trabalhos nas áreas do Desporto e da Ação Social e que devem ser partilhados para puderem ser adaptados a outros territórios”, entende Pedro Mortágua Soares .
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Rota do Petisco 2023 terminou em clima de festa com a atribuição de prémios aos melhores petiscos Texto: Daniel Pina| Fotografia: Teia D’Impulsos erminou, no dia 10 de novembro, mais uma edição da Rota do Petisco com a apresentação dos resultados e atribuição de prémios. O Município de Silves acolheu a festa de encerramento, na Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica, um verdadeiro momento de celebração do projeto que
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reuniu a organização, parceiros, estabelecimentos e petiscadores. Em 2023, a Rota do Petisco decorreu entre 15 de setembro e 15 de outubro, em 176 estabelecimentos de 11 concelhos algarvios. Os petiscadores tinham ao seu dispor 150 petiscos, 26 doces, 14 pratos de autor pelas mãos de conceituados Chefs, 12 pratos de outros países e 15 petiscos vegetarianos na ementa principal, além de diversas opções 30
vegetarianas oferecidas por muitos estabelecimentos. Em cada dia de Rota estima-se que foram vendidas cerca de 3 mil e 65 ementas e que cada estabelecimento terá vendido, em média, 18 «rotas» diariamente. No total foram vendidas 95 mil e 200 ementas, o que resulta num impacto económico direto para a região na ordem dos 353 mil e 30 euros. Adicionalmente, através da venda dos Passaportes que garantem o acesso ao evento, foi possível angariar cerca de 12 mil e 500 euros a serem distribuídos por projetos sociais de instituições solidárias do Algarve. Em fevereiro do próximo ano, a Associação Teia D’Impulsos convida as seis instituições que se candidataram ao apoio da Rota Solidária a participar num Bootcamp de Empreendedorismo Social, que lhes dará as ferramentas necessárias para desenvolver melhor as suas ideias 31
assim como a oportunidade de apresentar os seus projetos a um júri que designará o apoio monetário a conceder a cada um deles. As instituições candidatas à Rota Solidária são o Agrupamento de Escolas Eng. Nuno Mergulhão, Agrupamento de Escolas Poeta António Aleixo, Associação Em Contacto, CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo, FIR – Fundação Irene Rolo e o GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes. Um dos momentos mais esperados foi a atribuição dos Prémios da Rota aos três estabelecimentos mais votados pelos petiscadores, nas redes sociais, para «Melhor Ementa» e a outros três pelo «Melhor Espírito» de bem receber os participantes do roteiro gastronómico. Na Melhor Ementa destacaram-se o Paladar Ibérico em Portimão, com Xerém do Mar acompanhado com Falso Gin
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #412
Tónico do Chef Marcos Guedes; o Ceiceira Restaurant em Monchique com Carne de porco preto e waffle caseiro do Chef Gerard de Laure; e a Flor da Praça de Loulé, com cogumelos com alheira e ovo de codorniz. No Melhor Espírito, os vencedores foram Southwest Bistro de Lagos com Twisted Lagareiro do Chef Hugo Ferreira; o Vila Petra – Bucha Tapas & Wine Bar de Albufeira, com Brigadeiro de Camarão do Chef Hugo Martins; e o Bel Mondo de Portimão, com Risotto Tropical. A organização decidiu ainda, pela primeira vez, premiar o «Melhor Chef» da Rota do Petisco e a estreia recaiu sobre o Chef Daniel Ski do KAMIZA Sushi Bar, em Loulé, que apresentou «Uma viagem pelo Japão» em forma de petisco. Por fim, os próprios petiscadores tiveram direito a muitos prémios. O Prémio Especial, com estadia e experiência de karts no Algarve Race Resort, foi atribuído ao slogan mais ALGARVE INFORMATIVO #412
original para o evento; três prémios da Rota das Imagens para as fotografias mais criativas; e foram ainda sorteados um total de 84 prémios com o apoio de vários parceiros da Rota. “O nosso
agradecimento aos municípios e aos estabelecimentos participantes por terem acreditado mais um ano neste projeto, aos petiscadores, pois sem eles também nada acontecia, e aos parceiros, todos eles com um papel especial. Uma palavra à Carby, um parceiro bastante importante pelo apoio na organização e logística, e ao Turismo do Algarve pela forma como nos ajudou a ganhar o Prémio Nacional em 2021”, disse, no final, o presidente da Associação Teia D’Impulsos, Luís Brito . 32
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PRIMEIRA CRIAÇÃO DO TEATRAL DO ALGARVE ATRAVÉS DE UM CORPO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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O COLECTA – COLECTIVO CONTA O ALGARVE O POÉTICO
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espetáculo «Qua ndo para sul / O azul / Luar» estreou, no dia 10 de novembro, no Cineteatro Louletano, em Loulé. A primeira criação do ColecTA – Colectivo Teatral do Algarve, iniciativa da Mákina de Cena, conta o Algarve através de um corpo poético e resulta de um processo idealizado pela estrutura louletana e dirigido pelo encenador Nuno Pino Custódio. Os atores Angelo Lorusso, Carolina Santos, Laura Pereira, Letícia ALGARVE INFORMATIVO #412
Blanc, Mauro Coelho, Rafaella Ambrozio, Sara Vicente, Tânia Silva e João Tátá Regala, provenientes de diferentes estruturas artísticas da região algarvia, integram o elenco internacional do ColecTA, sendo a criação realizada em parceria com a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, A Fera Teatro, Ar Quente, Artis XXI, Sin-Cera Teatro, Te.Atrito, TEL – Teatro Experimental de Lagos, ETIC Algarve e Casa da Cultura de Loulé. De acordo com a produção, “a
jornada que atravessa todo um 42
território – como se uma pedra rolasse de uma serra e desembocasse inexoravelmente na orla costeira e caísse ao mar, do interior do montado mais solitário ao litoral absurdamente mais concentrado – é a de uma realidade que se sustenta periclitantemente na tensão de uma corda a dois palmos do chão feita de contrastes, polaridades, paradoxos, con itos, desarranjos, mas também harmonias, virtudes, um senso de plenitude”. “Um corpo coletivo feito de atrizes e atores de ou no Algarve – um Coro na dimensão mais espacial e épica que se possa compreender –
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empreende uma viagem iniciática que se desdobra numa consciência próxima, local, escondida, mas que se quer retransmitir universalmente. De norte para sul, do interior para o litoral, do verde para o azul – abstrações e movimentos excêntricos onde a plasticidade dos corpos em ação no espaço se desenvolve e se partilha –, o Algarve conta-se poeticamente a partir da linguagem da encenação onde ver «é ver enquanto se está a ser visto», e onde o teatro se dá enquanto dispositivo que só funciona na medida em que humaniza”, afirma o encenador.
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como pelo seu consumo. “Ver teatro, Após a estreia no Cineteatro Louletano, o espetáculo «Quando para sul / o azul / luar» seguiu para o espaço da Mákina de Cena, para duas sessões nos dias 11 e 12 de novembro, contando ainda com datas marcadas para 2024, em Lagoa, Lagos e Faro, cidades coprodutoras do projeto. O ColecTA – Colectivo Teatral do Algarve é um projeto de capacitação profissional de âmbito regional, que se debruça, não só na criação, mas ainda na formação. A iniciativa pretende reafirmar o Teatro enquanto veículo de transformação, tanto pela sua prática, ALGARVE INFORMATIVO #412
feito por algarvios, em diferentes pontos do Algarve, com maior regularidade, é um dos primeiros passos para a tão almejada evolução do sector na região. O objetivo desta iniciativa é fazer nascer um coletivo que evolui no tempo, numa atividade criativa cíclica e recetiva a outros participantes em futuras edições”, refere a direção da Mákina de Cena . 44
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LUÍS ENE VENCEU PRÉMIO CALCETEIROS DE LETRAS’23 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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Gimnásio Clube de Faro voltou a trazer ao Algarve, de 17 a 19 de novembro, o que de melhor se faz a nível nacional na área da palavra falada. Foram três dias de palavra dita, poesia e performance na sétima edição do Festival Spoken Word – Calceteiros de Letras, numa abordagem contemporânea que funde a arte da palavra com dança, música, teatro e vídeo, e o público também foi convidado a partilhar textos e poemas em serões de «microfone aberto», em que o único limite é a vontade de participar. No dia 17 de novembro, Cláudia Tomé Silva apresentou «Emoções Bárbaras», ALGARVE INFORMATIVO #412
uma viagem ao mundo psíquico, carnal e visceral do ser humano, numa performance de poemas autorais com banda sonora. Depois, Maria Giulia deu a conhecer «A palavra mais bonita», um espetáculo lírico em que, a partir de palavras escolhidas pela plateia, escreve poemas ao vivo e conta a história de como aprendeu a comunicar sem a linguagem verbal quando o seu pai perdeu a capacidade de falar, um ano antes de sua morte. No dia 18 de novembro realizaram-se os workshops «De palavra falada – o que é nomeado nasce», com Maria Giulia, e «Leitura co-criativa» com Paulo Condessa. À noite, Francisca Bartilotti e Pedro André apresentaram «Como usar gruas para transportar contrabaixistas», 58
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depois, houve lugar a «Stand up Poetry», poesia em pé, com Paulo Condessa. O festival encerrou, no dia 19 de novembro, com o habitual Momento «Calceteiros de Letras», com o envolvimento de coletivos ligados ao mundo das artes, escolas associações, poetas amadores, que em conjunto preparam performances à volta do imaginário da poesia. Assim se assistiu a «Improvisos ao piano…» por Ricardo Coelho, «Pedra ante…» pelos Calceteiros de Letras, «O fundo do poço» por Telma Saião, «Fernando e as estrelas» do Projeto Incorpora e «Haikus» pelo coletivo «A Língua no Ouvido», composto por Luís Ene e Todd Sheldrick.
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Finalmente, procedeu-se à entrega do Prémio Calceteiros de Letras, uma criação do artista plástico João Frank que pretende distinguir aqueles que mais contribuem para a difusão da palavra e da poesia de forma criativa e original. E a edição de 2023 foi precisamente para Luís Ene, escritor radicado no Algarve há largos anos, autor de oito livros e que tem estado, nos últimos meses, particularmente focado no lançamento da coleção «Espúria», que junta quase quatro dezenas de escritores algarvios ou residentes no Algarve .
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TOURNÉE DOS 20 ANOS PASSOU PELO CINETEAT Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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s Al Mouraria, criados pelo guitarrista Valentim Filipe, celebram duas décadas a unir a guitarra portuguesa e a viola acústica a um contrabaixo, um multiinstrumentista e um percussionista e a sua tournée passou, no dia 5 de novembro, por um esgotado Cineteatro Louletano, em Loulé. Acompanharam o coletivo de músicos formado por Valentim Filipe, Tiago Filipe, João Melro, Bruno Vítor e Paulo Ribeiro as ALGARVE INFORMATIVO #412
excelentes vozes de Teresa Violas e Tatiana Pinto, que celebram de forma exímia o Fado, seja ele na forma mais tradicional, ou numa «onda» mais moderna, a que se juntaram as convidadas especiais Inês Graça e Inês Gonçalves. Formado em 2003 e com sete álbuns editados, o grupo comemora os 20 anos de carreira com um espetáculo que reúne os temas mais mediáticos gravados ao longo do seu percurso, passando ainda por alguns clássicos da música portuguesa. E a reação do público, como seria de esperar, foi bastante entusiástica . 70
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FESTIVAL PEDRA DURA AGITOU VIDA CULTURAL DE LAGOS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Filipe Correia/ Festival Pedra Dura
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e 9 a 18 novembro, o Pedra Dura – Festival de Dança do Algarve levou a Lagos espetáculos de dança nacionais e internacionais, filmes, masterclasses, noites com DJ´s e diversas propostas relacionadas com a ciência e com as escolas do concelho.
“Nesta segunda edição do festival, as portas voltaram a abrir-se a uma dança atenta, esventrada, brilhantemente escondida na matéria. Um convite a que nos percamos e deixemos levar, como se o corpo e as arribas se permitissem a ser escavados de dentro para fora”, explicou Daniel ALGARVE INFORMATIVO #412
Matos, da CAMA a.c., a organizadora do evento. O Festival arrancou com a projeção do filme «Ø ILHA» de Cláudia Varejão e Joana Castro, como território de pluralidade paisagística não privatizado. Em colaboração com a CAMADA – Centro Coreográfico, Daniel Matos levou ao palco do Centro Cultural de Lagos «11 Angels Saying No», onde desenha uma partitura coreográfica para 11 anjos, que reivindicam o poder de decisão, num silêncio aberto e iluminado, como que a antever um qualquer céu na terra. Já a artista Flora Detráz veio de França para apresentar «Tutuguri», um espetáculo onde se manipula o som e o espaço com uma voz que deixa transparecer o poder da subtileza. 82
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Entre a delicadeza e o ataque do detalhe do corpo e da palavra, Sofia Dias & Vítor Roriz ocuparam o palco do Centro Cultural de Lagos com a emblemática peça «Um gesto que não passa de uma ameaça». A bailarina e coreógrafa Elizabete Francisca proporcionou a masterclass «Alteridade & Práticas de si» sobre técnicas de improvisação que foi adquirindo ao longo do seu percurso artístico, fruto do encontro com diferentes criadoras e criadores das artes performativas. A velocidade aumentou depois a galope com «Coin Operated» de Jonas&Lander, uma instalaçãoperformance onde era o público que fazia arrancar o dispositivo. No território da música, a violoncelista e cantora Joana Guerra apresentou o seu novo álbum «Chão Vermelho», num concerto a solo. ALGARVE INFORMATIVO #412
Este ano, o Festival voltou a cruzar o Corpo-Dança com o Corpo-Ciência, num programa em colaboração com o Centro Ciência Viva de Lagos, propondo conversas em torno do Som e da Semiótica, passeios geológicos pelas arribas da Ponta da Piedade e uma observação noturna do céu, numa contínua contemplação de paisagens estelares. Quando a noite caia, o clubbing era o mote de reunião para a purga contínua e para uma dissolução absoluta. Em complementaridade com o trabalho de cena, o Pedra Dura acolheu a inauguração do CenDDA – Centro de Documentação de Dança do Algarve, um projeto que procura recolher, adquirir e arquivar materiais que traduzem uma dança em mutação, através da criação de uma Biblioteca e de um Arquivo / Mediateca . 84
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40 ANOS DE PINTURA DE LUÍS LEMOS EM EXPOSIÇÃO NO CENTRO CULTURAL DE LAGOS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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stá patente, até dia 30 de dezembro, na Sala 1 do Centro Cultural de Lagos, a exposição «Luís Lemos – 40 Anos de Pintura». O seu universo apresenta um percurso mitológico de momentos emocionais, em que cada momento é revelado num corpo, numa postura, num rosto. “A
imagem do quadro nasce da fusão destes três elementos e a sua síntese unitária cria o parâmetro místico, específico de cada obra”, descreve a curadora, Alexandra Silvano. Luís Lemos apresenta um percurso e estética fortemente sensual e envolvente em torno do corpo humano. A sua pintura assume uma ligação ao «neoexpressionismo selvagem» e ao ALGARVE INFORMATIVO #412
«bad-painting», tendência de pintura figurativa americana dos anos 1970, classificada pela crítica e curadora Marcia Tucker. “Com obras produzidas
desde 1983 até à atualidade e saltando de uma linha estética para outra, Luís Lemos pinta grandes manchas com tintas primárias em que a cor passa a ser forma estruturante de equilíbrio de cada pintura, assumindo com coerência e audácia uma linguagem descomplexada, irreverente e até algum desprezo pelos cânones do bom gosto, em que a deformação da figura é intencional e não uma incompetência técnica do artista”, explica Alexandra Silvano. 96
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Luís Lemes nasceu em Belmonte e ainda criança imigrou com os pais para França. Frequentou vários cursos de desenho na École du Louvre e em escolas particulares, acabando por se fixar em Paris, em 1975. A sua primeira exposição individual realizou-se em 1982, no Palais de l'Europe, em Le Touquet, na Normandia. “O erotismo ousado
presente nas suas obras gerou no público tal indignação que a exposição foi encerrada, porém, foi, sem dúvida, o momento de viragem na sua carreia artística, com a glória e a hipótese de ser descoberto e apoiado por profissionais de arte”, conta Alexandra Silvano. ALGARVE INFORMATIVO #412
A sua pintura ganhou uma dimensão internacional, aproximando-se do movimento neoexpressionista que estava a ocorrer na Alemanha, Itália e Estados Unidos. Ao seguir os seus mestres expressionistas e, em simultâneo, com artistas do movimento nouveaux sauvages, aderiu ao neoexpressionismo.
“Em sintonia com a atmosfera plástica e poética deste movimento, as imagens da sua pintura surgem como símbolos de acontecimentos, ora dramáticos, ora provocatórios, e pela sua singularidade despertam no espectador curiosidade, inquietação ou prazer. O artista pinta de acordo com o seu instinto 98
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e de forma solitária, assumindo com coerência e audácia uma linguagem irreverente e ousada em que as cores vibrantes têm um papel estruturante no plano do desenho e da deformação das personagens”. O corpo humano explorado até à exaustão é o tema recorrente da obra de Luís Lemos e torna- se o centro das suas narrativas, habitando-as com personagens que exacerbam uma energia interior e erótica, por vezes em poses misteriosas e sugestivas, revelando os mais secretos gestos de uma intimidade sem rostos. “A identidade não é
importante para o autor, não se trata de criar retratos, mas de passar para a tela uma natureza interior, sensações, uma emoção ALGARVE INFORMATIVO #412
livre e crua, sem máscaras. O artista explora o corpo não em dependência da mente, mas articulando-o com ela. O corpo é fonte de conhecimento, é inteligente, expressivo, intencional e fenomenal. Totaliza uma história afetiva, social e cultural com a qual o espectador poderá de modo interativo recriar uma experiência emocional, respondendo ao desafio, à sua curiosidade e imaginação, para que, no final, seja ele próprio a reconstruir a significação e a narrativa implícita nas imagens”, entende a curadora. Não se tratando de uma retrospetiva, a presente exposição é, contudo, uma 100
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mostra que reflete algumas fases do trabalho do artista ao longo de 40 anos de pintura. São apresentados dois núcleos distintos, o mais antigo com obras realizadas até 2015 e outro mais recente com pinturas que vão até à atualidade. Entre 1985 e 1992, Luís Lemos passa por um período mais abstrato, explorando a técnica da colagem, a mancha densa e opaca, a linha e fundos mais trabalhados que se confundem com as personagens que habitam as suas telas. Explora uma gama cromática de tons noturnos, azuis intensos, castanhos, ocres e cores primárias camufladas. De 2015 até ao presente, permanece longos períodos em Portugal e, desta forma, inicia um novo ciclo na sua pintura com a representação ALGARVE INFORMATIVO #412
do mar na série «Oceanos». “O Mar
significa a origem, a vida e a fecundidade – fonte de inspiração e reflexão para o artista, é um palco denunciador de histórias e de mitos, símbolo de um Portugal universal e heroico, cenário da aventura de um povo destemido que partiu à descoberta de novos mundos sonhando com deuses, ilhas e sereias”, comenta Alexandra Silvano. O ato de pintar é tão essencial como respirar, só o presente interessa para Luís Lemos. “São telas de grandes
dimensões representando figuras 102
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que podem ser femininas ou masculinas, centradas e em primeiro plano e que nos olham fixamente numa atitude provocadora, estimulando os nossos sentidos e a nossa criatividade. A paleta permanece vibrante, os corpos são modelados com vermelhos ou azuis intensos, pinceladas largas de brancos, azuis-marinhos e negros transparentes a criarem fundos ritmados, expressão de uma energia vital e contagiante”, aponta
proposta de Luís Lemos ao público de Lagos de embarcarem numa viagem em diálogo com a sua arte, construindo barcos em papel nas cores branco, azul e amarelo, sugerindo assim na multiplicidade das cores e das formas uma gigante vaga no núcleo dos «Oceanos» da exposição. “Uma vez
a curadora. Igualmente desafiante foi a
Silvano.
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mais Luís Lemos, nesta exposição, defende a fuga às convenções, apelando à contemplação e à interação do espetador e fazendo a apologia de uma liberdade sem limites de que a sua obra é expressão”, conclui Alexandra 104
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RECANTE ENCA «CHOQUE FRON
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ANTARAM NTAL AO VIVO» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Vera Lisa
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«Choque Frontal ao Vivo» foi palco, no dia 16 de novembro, de mais um programa que vai ficar na memória de todos aqueles que esgotaram o Pequeno Auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, com a passagem dos Recante a ser adjetivada pelo público de “inesperada, surpreendente e intensa”. O projeto liderado por Luís Caracinha, Maria Jones e Ruben Salamanca tem estado em grande evidência nos últimos meses e «As Horas Que São Tour» é o nome da pequena digressão onde a banda nos convida a viajar por temas icónicos do cancioneiro ALGARVE INFORMATIVO #412
tradicional alentejano através do som etéreo de sintetizadores e processamentos digitais. A acompanhar a banda na estrada há mais uma novidade, pois «As Horas Que São» é na realidade um EP em formato físico onde os Recante dão a conhecer o seu conceito. O EP conta com cinco canções, os três primeiros singles já distribuídos, «Pêra Verde», «Amora Madura» e «Pelo Toque da Viola», uma versão de ensaio do «Fui Colher Uma Romã» e, por fim, o «Solidão, ai dão, ai dão». E tudo isto se escutou com grande atenção e entusiasmo em mais um «Choque Frontal ao Vivo», programa da rádio Alvor FM da responsabilidade de Ricardo Coelho e Júlio Ferreira . 110
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Exposição de Luís Marques e Rúben Gonçalves Mirian Tavares (Professora) eidegger, na Origem da obra de arte, questiona o que transforma uma coisa numa obra de arte. Entendendo coisa como sendo a materialidade aparente dos objetos no e do mundo. Para o filósofo, a coisa existe antes e depois da obra – o artista e a obra não podem evadir-se da materialidade que o(s) constitui. Em dado momento, ele afirma: “Uma simples coisa é, por exemplo, este bloco de granito. É duro, pesado, extenso, maciço, informe, rude, colorido, ora baço, ora brilhante”. O que torna um pedaço de granito algo único? O que pode transformá-lo numa obra de arte? E de que forma a arte traz consigo os elementos fundamentais que são constituintes do bloco de granito? A arte, ao longo da História, procurou disfarçar, alterar, refazer as coisas em si para que aquilo que saísse da mão dos artistas pudessem ser não um objeto do mundo, mas algo fora dele, uma representação, adaptação ou reinvenção. Foi no início do séc. XX, através das provocações de Duchamp, ou mais tardiamente, no alvorecer da Arte Conceptual e do Minimalismo que os artistas deixaram que os objetos aparecessem em sua inteireza na obra. Muitas vezes, a obra e a coisa/objeto eram indivisíveis, e só pelo facto de o artista chamar de arte a um ALGARVE INFORMATIVO #412
bloco de granito fazia que a sua significação fosse alterada e o bloco subsumisse na obra de arte, adquirindo um novo lugar. Aquilo a que Heidegger chama de «coisa» está relacionada, intimamente, ao espaço – “Pois atrás do espaço, assim parece, já não existe nada a que pudesse ser reconduzido. Diante dele, não existe desvio possível para uma outra coisa”. O espaço é o lugar de reconhecimento, e de angústia, pois revela a limitação da linguagem e a apreensão humanas – o ponto de encontro com a materialidade, ou superfície, que nem sempre é legível ou transformável em significação. As obras que Luís Marques e Rúben Gonçalves prepararam para esta exposição fizeram-me pensar nas questões que o filósofo nos deixou. Também me fizeram pensar nas experiências de artistas como Richard Long, Donald Judd, Michael Heizer cujas obras aconteciam no espaço e dele se constituíam – das suas rugosidades, materiais, idiossincrasias. Constituíam-se ainda da luz que ora habitava ora desaparecia, criando zonas instáveis, efémeras, propositadamente não resolvidas. Home/House lança um desafio ao espectador que é colocado diante de 116
Foto: Vasco Célio
obras cuja ambiguidade formal (pintura, escultura, instalação) torna ainda mais complexa a interpretação do que tem diante de si. E do que habita o espaço da galeria – que é tomada pelos artistas e transformada num espaço, no sentido hedeiggeriano do termo – o lugar de onde não se pode fugir, o lugar do enfrentamento com o real ou com as nossas limitações de linguagem ou de interpretação. No caso desta exposição, é 117
o lugar onde a arte acontece. A ideia de habitar o espaço foi também uma maneira que os artistas encontraram para demonstrar a validade de uma metáfora. A galeria é uma casa, será um lar possível? E quem tem acesso ao espaço/casa/lar? Quem nele habita? As obras que Luís Marques apresenta dão continuidade aos trabalhos que o caracterizam como artista – trazem a sua ALGARVE INFORMATIVO #412
assinatura. Uma assinatura que se evidencia na escolha dos materiais – rudimentares, naturais, restos de coisas – e na metodologia da sua constituição. O artista se reconhece como fazedor, cria com suas próprias mãos os tijolos que dão forma às esculturas/instalações que nos traz em Home/House. Este gesto remete-nos à ideia de tradição, de manufactura, de um passado que foi substituído pelo betão e que só resiste, de maneira discreta e quase invisível, em construções perdidas pelo Algarve, região que foi esventrada pelo rápido e voraz crescimento imobiliário. Há ainda uma pintura, que se apresenta como uma obra tridimensional, acentuando a ambiguidade daquilo que representa – uma paisagem talvez, mas uma paisagem que subsome no traço mais abstrato, uma paisagem que emerge, como uma ideia, uma sombra. Uma imagem do passado no presente, afirmando assim o seu lugar noutra paisagem que a subjugou. Rúben Gonçalves concentra as suas obras também no espaço, mas com um acento na geografia humana, ou na sua ausência. As obras desta exposição – uma instalação, uma escultura e uma pintura – usam o espaço da galeria como um lugar de reflexão sobre a habitação, ou a falta dela, sobre a exclusão das pessoas do que deveria ser um lar, o Algarve, convertido no paraíso de casas de veraneio. O artista convoca a arquitetura evidenciando as suas nuances e o seu caráter simbólico. Uma casa é sempre mais que uma casa, uma edificação não é apenas feita de pedras – há sempre algo que nos escapa ou que nela acrescentamos através dos ALGARVE INFORMATIVO #412
sentidos que damos aos espaços. Sejam eles sociais, políticos, afetivos ou artísticos. A galeria, casa das artes, abriga uma casa dentro de si – pronta para ser percorrida, acentuando assim o jogo da arte, entre a simulação e a realidade, tornando artística algumas das questões que Heidegger propõe aos seus leitores. Além das obras criadas por Luís Marques e Rúben Gonçalves, o espectador é confrontado com uma peça que, não sendo de nenhum deles, tornase de ambos. Aqui, os artistas/curadores fizeram uma escolha dentro do acervo do Museu Municipal de Faro, de um objeto que fosse icónico, que revelasse uma ligação intrínseca ao lugar. A escolha recaiu sobre um tríptico em azulejos que traz a imagem de Santo António no centro. Quer a imagem do santo, e a sua própria significação, quer o azulejo são elementos presentes em várias casas tradicionais, proporcionando, muitas vezes, a transformação de casa em lar, ao revelar as escolhas, os gostos, as crenças de quem nelas habita. Entre as técnicas tradicionais e as escolhas contemporâneas, os artistas construíram uma exposição que leva o espectador a sair da sua função, muitas vezes passiva, para entrar num jogo que faz com que ele encare o espaço – o lugar da angústia, aquele do qual já não se consegue fazer ilações, pois é um existente, e a sua materialidade e dureza obrigam a cada um de nós a ver, através da arte e pela arte, o possível lugar do real. O lugar onde a vida acontece .
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Octogésima sétima tabuinha - Versos e ruas Ana Isabel Soares (Professora) uço muito a telefonia: acordo a ouvir a estação de rádio, deitome e adormeço ao som da rádio; se vou a conduzir, levo o rádio aceso. A Senhora Virgília, que Deus tem e tanto me ensinou, diria: “É uma companha”. É isso, faz-me companhia e garante-me a dose diária de surpresas e espantos (só falo dos espantos e das surpresas que me trazem sorrisos, que outros são de ocorrência mais frequente ainda, mas bem os dispensaria e não tenho palavras para com eles desperdiçar). Calha ouvir alguma melodia bonita ou uma letra que me desperte mais a atenção, anoto em papelinhos, escrevo ou dito para o telefone (que nem sempre há papelinhos à mão). Depois, com esta dispersão e o meu carácter naturalmente esquecido (que é distraído do tempo), descubro essas anotações com nova surpresa – em grande parte das vezes, se não registo a data em que ouvi o que ouvi, não faço ideia do quando, do onde, do quem. O telemóvel marca algumas destas informações – mas eu lá confio num telemóvel mais do que na minha própria letra? O que achei eu? Uma bela quadrazinha, que anotei completa e já localizei (hoje é tão fácil), no «Internet Archive», como integrante de um rol delas no ALGARVE INFORMATIVO #412
Romanceiro e Cancioneiro do Algarve. Devo tê-la ouvido num dos registos do Tiago Pereira (da Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, que é aquilo que a música portuguesa gosta de fazer) e diz assim: “Encontrei o sol de noite / na rua dos mercadores / Quando o sol anda de noite / que fará quem tem amores”. Ou o meu ouvido me atraiçoou ou ouvi mesmo assim, se bem que no tal «Archive» aparece transcrito aquele terceiro verso como “quando o sol and'ás occultas”, o que me soa muito mais lindo. Ora, o que este arquivo me mostrou também foi o resto da composição, ou do poema, que contém, nas três estrofes derradeiras, outras tantas referências a nomes de ruas: além desta “dos mercadores”, aparece uma “rua de Serpa Pinto”, outra, suponho que igualmente rua, “da G^rredoara”, que é mais capaz de ser “da Corredora” e uma “rua do Garapeto” (“Carapeto”...?), onde “não se pode namorar” porque de dia há “velhas à porta” (assim mesmo, o acento gralhado) e de noite há “cães a ladrar”. Da melodia não recordo nada, paciência – mas os versos têm medida que se ajusta a qualquer trautear, é cantá-los e saem cantigas. De que cantiga me fui lembrar a propósito da dita quadrinha, mas? Nada mais nada menos do que uma das minhas favoritas ali da zona da infância, composição de um filósofo que até, por sinal, foi quem, cerimoniosamente, me entregou em mãos o diploma de doutorada (por ser na altura o Reitor da 120
Foto: Vasco Célio
universidade onde me doutorei), ainda antes de ser ele Doutor, José Barata Moura – «A Cidade do Penteado», onde as casas, “p’ra variar, têm cabelo e não telhado”. Essa cantiga tem no fim uma “Avenida Maria, coisa levada da breca”, mas entra-se pela “rua da Charamusca, / mesmo junto do passeio”, passa-se o “largo Pinto Calçudo, / mesmo em frente ao mercado”, pelo “beco Sarapintado” e pela “Travessa no Jardim dos Girassóis” (adivinha-se a rima que deve ser) para chegar, por fim, à “Praça do Nabo Cozido”. Belos passeios em verso, belas ruas da poesia . 121
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35 anos a semear Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg) odos gostamos de celebrar as datas que são importantes. No dia 22 de novembro foi dia de festa. A Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo celebrou 35 anos da sua existência. Todos os anos relembramos a nossa grandeza e os nossos feitos. A ESGHT é a Escola do Ensino Politécnico com maior número de alunos da Universidade do Algarve. Temos cerca de 1.900 alunos, perto de 120 colegas docentes (dos quais 61 de carreira), e cerca de 20 colegas não docentes. Estamos em Faro há 35 anos e em Portimão há 31 anos. Anualmente colocamos em estágio perto de 400 alunos de todas as licenciaturas e CTESP, dentro e fora da região. A taxa de empregabilidade apresenta dados muito positivos em todas as áreas de formação (com registos acima dos 90%). Temos centenas de diplomados formados pela ESGHT em todas as áreas de atividade profissional. Privilegiamos um ensino interativo e participado, acompanhado de aulas práticas, com projetos inovadores e muitos oradores convidados, entre empresários e ex-alunos da própria ALGARVE INFORMATIVO #412
Universidade. O corpo docente é altamente especializado nas suas áreas científicas principais. Procuramos acompanhar a modernização tecnológica, e introduzimos novos espaços e programas na oferta formativa, de que são exemplo o Marketing Digital e, no ano que vem, em conjunto com o Instituto Superior de Engenharia, o CTESP em Gastronomia e Inovação Alimentar. A ESGHT tem contribuído de forma significativa para a formação e qualificação superior na região em gestão, em marketing, no turismo e na hotelaria, mas também noutras áreas mais técnicas e profissionais, tais como a contabilidade, a fiscalidade, o secretariado, os sistemas e tecnologias, entre outras ofertas pós-graduadas. Publicamos com regularidade duas revistas científicas há vários anos – a TMS e a dos algarves – e organizamos uma das maiores conferências Internacionais em Turismo – a Tourism & Management Studies International Conference que dá a conhecer muita da sua investigação em desenvolvimento. Estamos presentes em redes internacionais e nacionais na área da Gestão, do Marketing, da Hotelaria e do 122
Turismo, assim como em vários eventos. Agarramos todas as oportunidades para tentar encontrar financiamento e oportunidades de inovação e empreendedorismo, mas estamos ansiosos por continuar a renovar. Conscientes que é fundamental a aproximação ao sector empresarial, temos vindo a celebrar parcerias e protocolos com novas empresas e instituições e constituímos o Conselho Consultivo. Neste dia promovemos um debate extremamente enriquecedor sobre estas questões do Algarve, Presente e o Futuro, e a sua relação com a formação superior e a requalificação dos recursos humanos, e convidamos um conjunto vasto de parceiros, que foi moderado pela jornalista Maria Augusta Casaca da TSF. 123
Agradecemos publicamente e penhoradamente à EC Travel e à Ricky Travel, ao Eliseu e ao Ricardo, que se juntaram para atribuir respetivamente 12+3 bolsas de apoio a estudantes de Turismo, contribuindo assim para os estudantes dos nossos jovens.
A proximidade como princípio fundamental A ESGHT é hoje também o destino de estudo de vários estudantes estrangeiros e participa em parcerias com diversas universidades internacionalmente nas mobilidades do programa ERASMUS. Colaboramos em projetos de extensão cultural, na prestação de serviços e na transferência de conhecimento e de investigação. ALGARVE INFORMATIVO #412
Ao nível do Ensino, temos este ano uma nova oferta conjunta de CTESP em Gastronomia e Inovação Alimentar com o Instituto Superior de Engenharia, esperando que a Casa do Reitor se concretize como espaço dedicado à hotelaria e que o novo campus em Portimão possa ser uma realidade, possibilitando novas ofertas formativas e a captação de novos estudantes; ao nível da Investigação & Transferência queremos aumentar a atividade, prosseguindo com os trabalhos de consultadoria a vários agentes regionais, mas também pela produção científica; ao nível da comunidade externa pretende-se prosseguir com o trabalho conjunto de novas parcerias e ao nível interno, conseguir melhorar as condições de ensino e de satisfação, dentro das possibilidades que estão na dependência direta da Unidade Orgânica. Temos conseguido criar oportunidades para muitos jovens que connosco desenvolvem competências essenciais para o seu desenvolvimento pessoal e humano. Assim, hoje queremos dizer-vos que a ESGHT tem mudado a vida de muitos de nós. Partilhamos uma identidade forte e estamos presentes num vasto território. A autocrítica está muito presente, ainda que nem sempre acolhida da melhor forma por todos. Os momentos de celebração são desenvolvidos em comunhão com docentes, não docentes e estudantes procurando sempre a partilha com todos, inclusive com os que já não estão no ativo.
Acreditamos que a proximidade é um alicerce fundamental para o desenvolvimento do espírito de equipa e para o sucesso de qualquer projeto. Neste momento vivemos de forma muito intensa e por vezes demasiado rápida, as exigências dos tempos modernos, mas no projeto de escola procuramos contribuir para uma formação com ética e responsabilidade, respeitando o multiculturalismo e as diferenças da sociedade atual, mas interagindo com significado e de forma profissional. Outros valores e desafios emergem hoje como essenciais nas propostas formativas como a Sustentabilidade e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ou a Inteligência Artificial, que procuramos integrar e privilegiar nos percursos formativos. Alguém reproduzia esta semana as palavras de José Tolentino: mais vale ser completo que ser perfeito. A prossecução do trabalho tem por base um esforço contínuo que deve ser partilhado, com humildade e esperança no amanhã. Continuamos a semear. Contamos com a dinâmica de cada um para uma escola resiliente, inovadora e ativa, pelo que, cada qual é peça fundamental da ESGHT do futuro! Obrigada por aquilo que nos dão: docentes, funcionários, estudantes e todos os parceiros. A ESGHT é Um lugar onde é bom estudar. #SomosESGHT .
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Coragem! Lina Messias (Especialista em Feng Shui) a internet em geral, nas redes sociais em particular, a palavra coragem tem sido usada nos últimos tempos de tal forma, que já está banalizada e «gasta»! As muitas frases feitas a incentivar e dignificar a coragem, os muitos gurus que afirmam ser donos do segredo para sermos corajosos e que conseguem vender essa ideia, os milhares de influencers que falam dela na primeira pessoa nos seus vídeos e fotos instagramáveis (adoro estes novos termos), levam o comum dos mortais a sentir-se diminuído e um fracalhote se não se lançar no vazio de para-quedas ou não se jogar de um penhasco de encontro ao mar revolto, ou então largar esta vida materialista, vender tudo e ir viver o resto dos dias para uma cabana à beira mar numa ilha paradisíaca do Belize. Os portugueses, como povo, têm uma história incrível de coragem digna de ser um exemplo e inspiração para o Mundo, mas presentemente não considero que o sejamos em termos colectivos. Somos os sonhadores de grandes feitos guardados para «um dia, talvez». Em termos energéticos, o elemento da natureza (ciclo dos 5 elementos da natureza da Medicina Tradicional Chinesa) que mais está associado à dita coragem é a ALGARVE INFORMATIVO #412
Madeira. A Madeira é predominante em quem inicia, inova e tem coragem para fazer e criar algo diferente, sem estar condicionado pelas tradições e crenças colectivas (elemento Terra) e colocando na matéria, na realidade os seus sonhos (elemento Água). Eu também não fui uma criança corajosa, sempre evitei qualquer tipo de aventuras que envolvessem algo radical ou potencialmente arriscado. Ao contrário do meu irmão que tem um mapa mundo na cabeça de tantas vezes que caiu de bicicleta e que já teve gesso em praticamente todos os membros do corpo, o mais próximo que estive desse tipo de mazelas foi no corredor da casa onde vivia, quando caí e rachei a cana do nariz. A única vez que tive coragem (após muita insistência do meu irmão) de saltar um muro fiquei dois dias de cama sem falar devido ao choque traumático do salto. Também nunca tive coragem de ser aquela aluna que se levantava voluntariamente para responder às perguntas da professora, mesmo sabendo as respostas, e muito menos para ir ao quadro de ardósia escrever ou falar seja o que for. Sempre detestei parques de diversões, montanhas-russas, cangurus e nem os carrinhos de choque das feiras alguma vez me convenceram. Também não me recordo de facilmente ter coragem para dizer um sentido NÃO ou assumir as minhas diferenças e particularidades. 126
quando podia ficar sossegada em casa com os gatos, escolher ter tempo para mim mesmo quando estou «atascada» de solicitações, escolher viajar sozinha quando não tenho companhia, escolher afastar-me de algumas pessoas quando podia fingir estar feliz acompanhada.
Nos últimos anos tenho sido apelidada de corajosa, e quando partilho um pouco da minha história, sei que a coragem tem sido uma palavra-chave para chegar onde estou e ser quem sou. Da criança medrosa à MULHER corajosa há um longo caminho de medos e receios superados que não se aprende em workshops nem masterclasses. Todo o percurso de desenvolvimento pessoal é individual e sem recurso às tais fórmulas generalistas que muitos apregoam e vendem. Por mais simplista que esta explicação seja, ser corajosa tem sido apenas uma escolha, uma opção de avançar e agir apesar do medo, muitas vezes do pânico de o fazer. Escolher dizer não quando podia aceitar a vontade alheia, escolher ser empresária quando podia ter rendimento certo no final de cada mês, escolher não ser mãe quando a pressão para tal era muita, escolher falar em público e expor-me 127
Há (muitos) dias que é o medo que vence, há (muitos) dias que dou passos à rectaguarda neste processo, mas tenho a certeza que o caminho que escolhi é o que faz o meu coração vibrar e me permite viver em verdade e não há medos que resistam a tantos sonhos e determinação. Quem sabe se um dia, a coragem, a paciência, a resiliência e outras se consigam encomendar numa farmácia perto de si. Até lá, são as escolhas que fazemos todos os dias que determinam como queremos viver. P.S. Mesmo com esta coragem toda, nem pensem que me vão ver a experienciar a adrenalina de andar uma montanha-russa ou a dar saltos e vomitar no canguru. Fazer as malas e ir para o Belize? Isso já é outra história! .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #412
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