REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #414

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ALGARVE INFORMATIVO 9 de dezembro, 2023

ADIAFA | MOTOGP REGRESSA AO ALGARVE | GALA DA JUVENTUDE DE ALBUFEIRA | «UMALGARVE SONHO DE NATAL» 1 INFORMATIVO #414 RENATURE MONCHIQUE | THE GIFT | PORTIMÃO ENTREGOU PRÉMIO MUNICIPAL DO VOLUNTARIADO


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ÍNDICE MotoGP regressa ao Algarve (pág. 14) Renature Monchique (pág. 22) Portimão entregou 5.º Prémio Municipal do Voluntariado (pág. 30) «Um sonho de Natal» em Portimão (pág. 40) Município de Albufeira organizou primeira Gala da Juventude (pág. 54) The Gift no Som Riscado (pág. 72) João Tiago Neto e João de Brito em «6000 anos atrás - Lado B» (pág. 86) Adiafa no «Choque Frontal ao Vivo (pág. 100)

OPINIÃO Ana Isabel Soares (pág. 110) João Ministro (pág. 112) Sílvia Quinteiro (pág. 116)

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MotoGP regressa ao Algarve em março de 2024 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina epois de ter aberto o campeonato do mundo MotoGP em 2023, o Autódromo Internacional do Algarve vai voltar a receber Miguel Oliveira e os melhores pilotos da modalidade nos dias 22, 23 e 24 de março de 2024, naquela que será a segunda prova do calendário do próximo ano. Esta será a sexta vez que o mundial vai enfrentar os desafios dos 4 mil e 592 metros da «Montanha Russa», como é apelidada a pista localizada no concelho de Portimão, e onde apenas três pilotos ALGARVE INFORMATIVO #414

conseguiram vencer, nomeadamente Miguel Oliveira em 2020, Fabio Quartararo em 2021 e 2022 e Francesco Bagnaia em 2021 e 2023. Lado a lado com os municípios em seu redor, o Autódromo Internacional do Algarve prepara-se para acolher, nas suas 15 curvas, os melhores pilotos das categorias de MotoGP, Moto2 e Moto3 e, pela primeira vez, o mundial de MotoE, que fará também a sua estreia em território nacional. E, em março do corrente ano, foram mais de 120 mil os espetadores que ocuparam as bancadas do circuito algarvio, prova que quebrou 14


todas as barreiras mediáticas em Portugal e no estrangeiro com notícias que atingiram 29 por cento da população portuguesa e onde cada cidadão foi impactado em média 72 vezes por essa mesma informação. A contribuição do evento para a economia do Algarve foi evidente, com a hotelaria a ter, em março, o seu melhor registo desde 2002, com uma ocupação de 62,4 por cento, um acréscimo de 10,7 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2019 (o melhor ano de sempre do turismo algarvio) e 13,9 pontos face a março de 2022. Apesar disso, a vinda mais uma vez do MotoGP para o Algarve foi um processo difícil, reconheceu Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar. “Estamos a falar da

melhor prova desportiva em Portugal, a que tem maior impacto

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económico e mediático, e que permite depois trazer, ao longo do ano, inúmeros eventos para o Autódromo Internacional do Algarve. É fundamental para o turismo a existência destes eventos âncora e quero agradecer à Região de Turismo do Algarve e aos Municípios de Portimão, Lagoa, Lagos, Monchique e Albufeira pelo apoio inequívoco e rápido que nos prestaram, bem como a todas as entidades e associações que foram cruciais para conseguirmos concretizar este processo. Uma palavra de agradecimento ao presidente da FIM – Federação Internacional de Motociclismo, Jorge Viegas, sem o

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qual nada disto seria possível, e à Dorna Sports, pela sua cooperação para levarmos este evento por adiante”, declarou Paulo Pinheiro. “O grande prémio de 2024 vai ser a comemoração do MotoGP em Portugal, do nosso herói, Miguel Oliveira, e do 15.º aniversário do Autódromo Internacional do Algarve”. Paulo Pinheiro aproveitou a ocasião para lembrar que uma corrida de MotoGP envolve, entre comissários, equipas, forças policiais, segurança e todo o staff necessário para manter o circuito em funcionamento, entre 6 a 8 mil pessoas por dia e um custo que ronda o 1,5 milhões de euros diários. E um dos que ALGARVE INFORMATIVO #414

vai marcar certamente presença nesse fim-de-semana será Miguel Oliveira.

“Para mim é uma motivação sem precedentes, por ser o único português na categoria e no campeonato, naquele que é o melhor desporto das duas rodas. Já é um grande prémio de referência, um dos mais apetitosos para os pilotos, e é igualmente uma excelente oportunidade para eu estar perto dos meus fãs, daqueles que me apoiam todos os dias, e para fazer diversas ações com os meus patrocinadores pessoais”, referiu o piloto, deixando ainda o seu parecer pessoal sobre a «Montanha Russa». “É um dos

circuitos mais exigentes do 16


calendário devido à sua elevação, não só no que toca à preparação das máquinas, mas da própria condição física dos pilotos. Temos bastantes mudanças de direção e somos muitas vezes obrigados a posicionar o corpo para a frente e para trás da moto durante uma volta, para além de exigir muito controlo do acelerador. Não podemos andar sempre com a potência toda, temos que dosear muito entre as curvas, e é sem dúvida um dos circuitos com uma envolvente natural mais atraente. Aliás, todos os pilotos adoram vir a Portugal e estar aqui no Algarve, inclusive nos seus momentos de férias e de preparação para a nova temporada”, destacou Miguel Oliveira.

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Um dos parceiros do Grande Prémio de Portugal de MotoGP é a Região de Turismo do Algarve, com o presidente André Gomes a confirmar a importância desta prova, “tanto pelo seu impacto

económico direito, como pela notoriedade que traz para o Algarve e que contribui para qualificar e colocar a região como um destino de excelência e reconhecido internacionalmente”. Uma mais-valia reforçada por José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, para quem seria importante “encontrar-se uma

solução legislativa e política que permita um apoio de natureza diferente”. “Quero agradecer ao Autódromo pelo seu

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empreendedorismo e pela sua capacidade de articulação com os Municípios e a Universidade do Algarve em diversos projetos, entre os quais o Centro de Inovação e Transferência de Conhecimento que vai qualificar e posicionar ainda mais esta infraestrutura”, disse ainda o responsável da CCDR Algarve. Um dos concelhos vizinho do Autódromo Internacional do Algarve é Monchique, motivo pelo qual a autarquia deu o seu apoio à realização do Grande Prémio de Portugal de MotoGP.

“Estaremos sempre associados a eventos que tragam valor à região ALGARVE INFORMATIVO #414

e que complementam a nossa oferta turística, dentro das nossas limitações financeiras, mas com uma grande vontade em contribuir”, manifestou o edil Paulo Alves, que tinha a seu lado o colega de Albufeira, José Carlos Rolo. “Com tudo

aquilo que o Algarve tem para oferecer, é natural que as marcas sintam vontade em participar nas corridas que acontecem no Autódromo, mas também para aqui realizarem os seus testes e eventos promocionais. Não podemos deixar escapar o Grande Prémio de Portugal de MotoGP”, defendeu o presidente da Câmara Municipal de Albufeira. 18


A conferência de imprensa terminou com as palavras de Isilda Gomes, que enfatizou que “uma prova desta

natureza faz mais promoção ao Algarve do que, se calhar, muitos milhões de euros investidos em publicidade”. “Nós, enquanto presidentes de câmara, temos obrigação de ajudar o nosso território a ser cada vez melhor e a ter uma maior visibilidade externa. Estamos agora a investir para depois termos um retorno que será muito superior ao dinheiro que aplicámos e precisamos que os empresários também sejam uma voz ativa na defesa deste evento. Se os políticos e os empresários estiverem do mesmo lado,

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certamente que será mais fácil mantermos o MotoGP no Algarve”, acredita a edil portimonense, que não poupou elogios igualmente às forças de segurança, mais concretamente à GNR, pelo contributo que dão para o sucesso do Grande Prémio de Portugal. “É bom

que cada vez tenhamos mais eventos desta qualidade e desta dimensão, porque é imperativo internacionalizar o Algarve. A responsabilidade é nossa e daqui por uns anos seremos chamados a prestar contas daquilo que fizemos, e daquilo que deixamos de fazer, para melhorar o Algarve como um todo. Temos que defender um Algarve uno e como uma verdadeira região”, finalizou Isilda Gomes .

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Renature Monchique de volta ao terreno com mais 125 mil árvores autóctones na Serra de Monchique Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina riado em 2019, o projeto Renature Monchique surgiu da necessidade de recuperar ecologicamente a Serra de Monchique e ajudar a comunidade local a gerir a floresta de forma sustentável, tornando-a mais resiliente aos incêndios no futuro. O projeto resulta de uma parceria entre a Ryanair, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a RTA – Região de Turismo do Algarve, o ICNF – Instituto da Conservação da ALGARVE INFORMATIVO #414

Natureza e das Florestas e a Câmara Municipal de Monchique e são já visíveis os resultados no terreno, com 260 mil árvores autóctones plantadas e cerca de 60 proprietários e produtores apoiados até à data. No Dia da Floresta Autóctone, 23 de novembro, teve lugar o relançamento do Renature Monchique numa sessão que culminou com a plantação de cinco carvalhos-de-monchique, espécie classificada como «criticamente em perigo». De facto, face aos sucessivos incêndios e a outras ameaças que afetam 22


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a Serra de Monchique, estima-se que existam atualmente apenas 250 carvalhos-de-monchique (Quercus canariensis). Ora, sendo uma espécie que em Portugal apenas ocorre naturalmente na Serra de Monchique e na Bacia do Mira, protegê-la, através da plantação de novas árvores, é um dos principais desígnios do projeto. No arranque da sessão, Paulo Alves, presidente do Município de Monchique, considerou de imediato que “é

necessário um trabalho consistente de suporte à gestão privada das áreas florestais que ocupam a maioria do território de Monchique”. Isto porque o projeto deu os primeiros passos em terrenos municipais, expandindo-se, depois, para terrenos privados, o que lhe dá uma

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maior abrangência. “O envolvimento

da autarquia neste projeto visa incentivar a comunidade a recuperar as suas propriedades após o incêndio, tornando a floresta mais biodiversa, resiliente aos incêndios rurais, e sustentável. Sabemos, por exemplo, que a plantação de medronheiros promove a resiliência da floresta, garante a matéria-prima para a produção da aguardente de medronho e, em simultâneo, gera a riqueza necessária para a gestão destes povoamentos”, sublinhou Paulo Alves. E, ao longo destes quatro anos, o GEOTA tem, de facto, vindo a capacitar e incentivar os proprietários a gerir

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ativamente as suas propriedades florestais. “Trabalhamos de forma

muito próxima com os proprietários para que sejam capazes, com o nosso apoio, de proteger o valor ecológico e económico da sua região através de uma floresta autóctone. As espécies mais plantadas são o sobreiro e medronheiro por serem aquelas que ocupam maior área na Serra de Monchique e as que maior interesse económico têm para os proprietários. Acreditamos que esta é uma das vias de que dispomos para aumentar a resiliência da floresta, não só em Monchique, mas em todo o país”, afirmou Judite Fernandes, vicepresidente do GEOTA. 25

O projeto entra agora no seu quinto ano e com o maior financiamento desde que foi lançado, isto é, 400 mil euros, assegurados pela companhia aérea Ryanair, valor que vai permitir plantar mais 125 mil árvores autóctones até abril de 2024. No total, o investimento na Serra de Monchique ascende a 1 milhão e 400 mil euros. “O Renature

Monchique é um exemplo de sucesso de parceria públicoprivada em prol da preservação e da valorização dos ativos naturais de Monchique, e é também um exemplo de política ambiental responsável por parte da Ryanair, cujo programa de compensação de carbono permite apoiar iniciativas tão meritórias como esta, ajudando a reflorestar as áreas da ALGARVE INFORMATIVO #414


serra mais afetadas pelo fogo que consumiu mais de 27 mil hectares de floresta e terrenos agrícolas em 2018”, declarou, na ocasião, André Gomes, presidente da RTA. “O Renature Monchique conseguiu converter uma tragédia numa oportunidade de gestão sustentável da floresta e de proteção da riqueza da paisagem do interior. O Turismo do Algarve associou-se a este projeto desde o seu início, ajudou a tentar encontrar os interlocutores para a sua viabilização e tudo fará para que ele prossiga sem término definido, porque é uma necessidade premente e permanente”, garantiu o dirigente, indicando ainda que, conforme se comprova no terreno, “a produção do ALGARVE INFORMATIVO #414

medronheiro e do sobreiro é compatível com o turismo rural e com o turismo de natureza, até mesmo com a produção de papel ligada à cultura do eucalipto”. “O turismo pode ser visto como um promotor da coesão territorial, ajudando a mitigar o problema da interioridade, o Renature Monchique tem essa virtude, e os turistas cada vez mais valorizam as preocupações com a sustentabilidade e a preservação dos territórios. Queremos tornar o interior num fator de inspiração e transformação do turismo, apesar da esmagadora maioria do turismo estar concentrada no litoral”, sustentou André Gomes. Por sua vez, António Miranda, Diretor 26


Regional Adjunto do ICNF do Algarve, lembrou que “estivemos disponíveis,

desde o primeiro momento, para colaborar com o Renature Monchique”. “O ICNF considera que este projeto é importante para aumentar a biodiversidade e resiliência da Serra de Monchique e incentiva a sociedade civil a participar na gestão dos espaços naturais. A RTA conhece os investidores e as pessoas que querem contribuir para um Algarve melhor, nós já conhecíamos a GEOTA do trabalho realizado na Bacia do Mira, e assim nasceu o projeto com a colaboração e o envolvimento do Município”,

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contou António Mirando, acrescentando que um dos problemas da floresta é estar repartida por muitos proprietários, o que dificulta intervenções em maior escala.

“Para que os grandes incêndios não aconteçam recorrentemente, temos que alterar a paisagem, e é isso que o Renature Monchique está a fazer com a plantação de espécies autóctones. Hoje, a economia gere-se por ciclos mais curtos e o carvalho-de-monchique foi sendo substituído pelo eucalipto, mas há que fracionar a paisagem, não ter contínuos florestais da mesma espécie por um espaço muito vasto”, enfatizou o responsável do ICNF .

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Portimão entregou 5.º Prémio Municipal do Voluntariado Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Câmara Municipal de Portimão assinalou, a 5 de dezembro, o Dia Internacional do Voluntariado com a revelação dos vencedores e entrega das distinções relativas à quinta edição do Prémio Municipal do Voluntariado, sendo este o primeiro momento oficial das comemorações do 99.º aniversário da elevação de Portimão à categoria de cidade, que se comemora a 11 de dezembro. Durante a cerimónia, ALGARVE INFORMATIVO #414

realizada no pequeno auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, foram distinguidos na categoria Coletiva o projeto «Lighthouse Portugal», da Associação da Comunidade Vale da Benção, enquanto, na categoria Individual, venceu o projeto «Volunteer Portugal», desenvolvido por Fernando João da Cruz. O projeto «Lighthouse Portugal» (farol, em português) nasceu do esforço e vontade de professores e educadores que pretendem ajudar a reestabelecer o equilíbrio no acesso ao apoio escolar e a 30


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melhorar as condições sócio emocionais da comunidade, tendo como público-alvo os pré-adolescentes e adolescentes de famílias carenciadas ou de baixos recursos. Através de espaços juvenis agradáveis e inclusivos, é objetivo promover o sucesso escolar, combater o abandono escolar e realizar atividades de lazer salutares para um crescimento mais harmonioso. Sempre que possível, serão distribuídas doações, angariadas pelo projeto, às famílias carenciadas que procurarem o «Lighthouse Portugal». Quanto ao projeto «Volunteer Portugal», consiste na criação de uma plataforma digital destinada à formação de equipas de voluntariado e ao estabelecimento de pontes entre estas, projetos existentes a nível nacional e entidades parceiras. Desse modo, os jovens poderão conhecer os projetos em ALGARVE INFORMATIVO #414

vigor na data pretendida, formar as suas próprias equipas (em conjunto com outros jovens com interesses semelhantes registados na plataforma), ter acesso a formação técnica dirigida à concretização do projeto selecionado e partilhar ideias quer com os colegas de trabalho, quer com as entidades parceiras da Volunteer Portugal. Cada vencedor do 5.º Prémio Municipal do Voluntariado recebeu 6 mil e 500 euros, tendo sido entregues certificados de participação aos projetos «Oficinas de Pintura Comunidade Criativa» (Santa Casa da Misericórdia de Portimão), «EnviroCare Portimão: Capacitar Portimão através da Ação Ambiental e Educação» (Dots – Connecting Learners for Development) e «Ser Mulher, Ser Vida» (Liliana Dolores). De referir que, em ambas as categorias, não foi atribuído o 32


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segundo prémio, em conformidade com o ponto 2 do art.º IV do regulamento do Prémio Municipal de Voluntariado, de acordo com a decisão do júri, composto por Teresa Mendes, vereadora da Câmara Municipal de Portimão, por Mariana Santos, enfermeira diretora do CHUA, Joana Bastos, coordenadora da DUAL, Nuno Alves, presidente de direção do Banco Alimentar do Algarve, e pelo professor adjunto Paulo Alves, da Universidade do Algarve. Por ocasião da entrega dos prémios deste ano, Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, realçou a importância das boas práticas do voluntariado, afirmando ter “enorme orgulho no nosso movimento

associativo e na forma como apoia quem mais precisa, pois enquanto ALGARVE INFORMATIVO #414

tivermos pessoas em situação de sofrimento e sem ajuda, seremos uma sociedade doente”. Sobre o Prémio Municipal de Voluntariado, a autarca sublinhou que “não se trata de

uma competição, mas sim de mais uma forma de incentivarmos a criatividade, através de iniciativas e projetos em prol da maior eficácia no apoio às pessoas, que são as nossas maiores obras”. “Há muito tempo que a autarquia não tem limite monetário no que toca a dotar as instituições que trabalham na área social de capacidade de resposta, através dos contratos-programa, pois elas são a linha avançada no combate às desigualdades. Por isso, e apesar de vivermos tempos muito 34


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difíceis, onde a pobreza envergonhada é uma realidade, não existe qualquer razão para haver fome em Portimão”, entende Isilda Gomes. Antes da revelação dos premiados nesta quinta edição, foi feito o balanço dos projetos vencedores no ano passado, cujo primeiro prémio na categoria Coletiva coube à Teia d’Impulsos – Associação Cultural, Social e Desportiva, com o projeto «Navegar pela Mente». Em representação da associação, Inês Reis explicou que o projeto possibilita atualmente a prática semanal de vela a 27 utentes que frequentam o Hospital de Dia de Psiquiatria e Reabilitação do CHUA – Portimão, que deste modo beneficiam de uma atividade desportiva que estimula as suas competências sociais e cognitivas, ALGARVE INFORMATIVO #414

aumentando a autoestima e promovendo a reintegração e participação ativa na sociedade. Merecedor do 2.º prémio na categoria Coletiva, o projeto «Oficina Social de Bricolage» foi apresentado por Luís Norte, do GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes, tendo sido criada uma oficina de pequenas reparações ao domicílio e ao serviço da população mais vulnerável e carenciada do concelho, no sentido de resolver pequenos problemas do dia-a-dia, como o arranjo de uma torneira ou de uma fechadura, mas que são significativos para o bem-estar de uma família. A verba recebida foi aplicada para equipar uma carrinha com material de manutenção ferramentas e bricolage, funcionando a oficina à primeira e terceira segunda-feira do mês, no horário 36


10h/12h30, e que desde janeiro deste ano já prestou apoio a 21 agregados familiares, segundo o responsável do GRATO. Em 2022, também por decisão do júri, uma menção honrosa passou a dividir o valor financeiro do 1.º prémio de 2021 na categoria Coletiva. Tratou-se do projeto «As lavadeiras de Portimão», pensado pelo MAPS – Movimento para a Problemática da SIDA no sentido de disponibilizar serviços de higienização da roupa. Capaz de fazer frente às necessidades reais do processo de integração das pessoas em situação de sem abrigo e famílias carenciadas em vulnerabilidade social e económica, este inovador projeto funciona de segunda a sexta-feira, mediante marcação prévia, e beneficiou até ao momento 540

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utilizadores, de acordo com Fábio Simão, presidente da direção do MAPS. O Prémio Municipal do Voluntariado, criado em 2018, distingue projetos nas áreas da solidariedade, saúde, ambiente, economia social, educação e formação que promovam a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens, idosos, cidadãos portadores de deficiência ou outras pessoas em situação vulnerável. Ainda neste âmbito, a autarquia criou a plataforma Voluntariado Portimão, espaço de encontro entre as pessoas interessadas em ser voluntárias, que ali podem oferecer a sua disponibilidade para prestar um conjunto de ações inerentes à condição de cidadania ativa e solidária, divulgando as entidades que desenvolvem projetos em prol do desenvolvimento do município .

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«Um Sonho de Natal» enche Portimão de fantasia e alegria para toda a família Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina cidade de Portimão transformou-se novamente numa autêntica Vila Natal até dia 6 de janeiro, recriando diversos núcleos de atração, inspirados na época festiva e totalmente gratuitos, nos quais o universo natalício se cruza com momentos de fantasia e diversão dirigidos a toda a família. Mais uma vez ALGARVE INFORMATIVO #414

sob o mote «Portimão – Um Sonho de Natal», o programa arrancou no feriado do 1.º de Dezembro, quando o Pai Natal chegou à antiga Lota, situada na zona ribeirinha de Portimão, para inaugurar a Fábrica de Brinquedos acompanhado pela Mãe Natal e os seus duendes. Seguiu-se o desfile com cerca de uma centena de figurantes em direção à Praça Manuel Teixeira Gomes, onde foi inaugurada a Casa do Pai Natal, dirigindo-se o cortejo depois até à Praça 40


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das República, em pleno centro histórico de Portimão, para a abertura da Pista de Gelo com 200 metros quadrados, do Palco Natal e da iluminação natalícia, com destaque para o planetário imersivo com tecnologia LED. Até 6 de janeiro, vão ser dias cheios de atrações em vários polos, para além da Praça da República, como são os casos do Jardim 1.º de Dezembro, com o Mercadinho de Natal e os seus 10 stands ocupados por artesãos locais, e da Praça Manuel Teixeira Gomes, cenário da Casa do Pai Natal e apeadeiro do Comboio de Natal, que circulará na «baixa» de Portimão, sem esquecer o Largo da Mó, com o habitual Presépio em tamanho real, e os desfiles temáticos que aos sábados percorrerão algumas das principais artérias da parte antiga da cidade, passando igualmente por Alvor, no dia 17, e pela Mexilhoeira Grande, a 19 de dezembro. Destaque para o Palco ALGARVE INFORMATIVO #414

Natal da Praça da República que, aos fins de tarde, receberá meia centena de espetáculos, entre artes circenses, poesia, música, dança, magia, teatro, fantoches e palhaços, protagonizados por cinco centenas de artistas, cerca de 80 por cento dos quais residentes ou naturais de Portimão, e onde se incluem os alunos de diversas escolas do concelho e grupos locais que aí poderão revelar os seus talentos. Merece igualmente referência especial a Fábrica do Pai Natal, instalada na antiga Lota, palco de atividades criativas e pedagógicas com várias oficinas e ateliês, a Hora do Conto, a confeção de bolachas de Natal, técnicas sobre como embrulhar presentes e muito mais. Haverá também neste espaço o «Recreio de Natal», composto por espaços de diversão e equipamentos diferenciados para cada faixa etária, com diversos insufláveis e carrosséis . 42


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Município de Albufeira organizou primeira Gala da Juventude Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Auditório Municipal de Albufeira acolheu, no dia 30 de novembro, a primeira edição da Gala da Juventude de Albufeira, na qual mais de 200 jovens, dos 12 aos 30 anos, viram reconhecidas publicamente as suas competências em diversas áreas. A Gala começou por notabilizar os vencedores do concurso «Jovens + Criadores» promovido pelo Município de Albufeira, através do GAJ – Gabinete da Juventude, nas categorias Literatura, Audiovisual, Pintura, Fotografia, Artes Digitais, Música e Ilustração. Assim, no escalão dos 12 aos 17 anos, foram ALGARVE INFORMATIVO #414

distinguidos Diogo Ferrão (Música e Fotografia) e Davi Secco (Arte Digital e Ilustração), ao passo que, no escalão dos 18 aos 35 anos, ganharam Afonso Gonçalves (Escrita), Ângela Venceslau (Fotografia), Bruno Almeida (Arte Digital), Sofiya Domanchenko (Ilustração), Guilherme Limão (Pintura) e Vera Martins (Audiovisual). Depois, foram homenageados diversos jovens pelos seus comportamentos eticamente exemplares no âmbito desportivo e associativo, em representação do Aero Al-Buhera, Agrupamento 1008 de Paderne do Corpo Nacional de Escutas, Albufeira Surf Club, APEXA – Associação de Apoio à Pessoa Excecional do Algarve, Associação de Capoeira Malta do Sul | Grupo de Capoeira Muzenza, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários 54


de Albufeira, Associação Pata Ativa, Associação Prime Skills, Associação Soul, CASA – Centro de Apoio ao Sem-Abrigo, Clube Desportivo das Areias de São João, Clube Patinagem Albufeira, Clube Pesca e Náutica Desportiva, Conservatório de Albufeira, Futebol Clube Ferreiras, Imortal Desportivo Clube, Padernense Clube, Santa Casa da Misericórdia de Albufeira e Sociedade Musical e Recreio Popular de Paderne. A Festa fez-se também com as atuações de Quiassaca & Wavy, que cantaram, dançaram e encantaram e, como não podia deixar de ser, levaram ao palco do Auditório uma das suas músicas mais conhecidas, «O Dono do Bloco». A segunda atuação ficou à responsabilidades dos NAIRA, que na I Gala da Juventude de Albufeira apresentaram duas músicas originais, nomeadamente, «Cine Pax» e «Eu Estou Aqui». A gala terminou com o reconhecimento da excelência escolar 55

dos melhores alunos do 2.º e 3.º ciclo e do secundário do Agrupamento de Escolas Albufeira Poente, do Agrupamento de Escolas de Albufeira e do Agrupamento de Escolas de Ferreiras. “A Juventude é

o futuro da sociedade, quer a nível da comunidade local e regional, quer do próprio país, por isso, esta Festa é um investimento na Juventude e no Futuro”, referiu José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, que recordou a célebre frase de Pitágoras «educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos», sublinhando que uma juventude bem formada tem um décimo dos problemas e maiores possibilidades de sucesso. “Celebrar a juventude e

homenagear estes jovens é também mostrar a importância do contributo dos mais novos para o que é hoje Albufeira, e para perspetivarmos a evolução e o ALGARVE INFORMATIVO #414


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progresso de Albufeira num futuro próximo”. Cristiano Cabrita, vice-presidente da Câmara Municipal de Albufeira com a responsabilidade do pelouro da Juventude, realçou que o concurso Jovens + Criadores “foi uma forma

inovadora de o Município reconhecer os nossos jovens” e destacou o mérito dos jovens albufeirenses na Arte, tendo aproveitado para sublinhar que: “Deste lado vocês

têm interlocutores, a porta do gabinete do presidente, a minha e a do GAJ estão sempre abertas para vos receber, ouvir, reconhecer e dar conhecimento público do vosso trabalho”. Frisou ainda que é importante para os jovens conhecerem a política de Juventude do Município e a implementação, no último ano, do 57

Conselho da Juventude, que existem para apoiar todos os jovens do concelho.

“Esta é a primeira vez que criámos condições para os jovens poderem apresentar os seus projetos, no âmbito do concurso «Jovens + Criadores». É esse o caminho que queremos percorrer”, enfatizou, dando igualmente os parabéns aos jovens que se destacaram na área do Mérito Associativo e do Mérito Escolar. Cristiano Cabrita, tal como o presidente da Câmara, disse estar muito orgulhoso de todos os homenageados e estendeu este reconhecimento aos pais, professores, treinadores e dirigentes das coletividades que acompanham os jovens no seu dia-a-dia. O autarca terminou fazendo referência ao repto lançado pelo presidente para que os jovens continuem a trabalhar e sejam um exemplo para os seus pares . ALGARVE INFORMATIVO #414


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THE GIFT BRILHARAM EM MAIS UMA EDIÇÃO DO SOM RISCADO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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Som Riscado, Festival de Música e Imagem, conheceu a sua oitava edição de 23 a 26 de novembro, com um cartaz recheado de surpresas, mas mantendo sempre um traço identitário comum às várias edições, o da irreverência, da inovação, da interatividade e da mistura de diferentes valências. Como habitualmente, o festival ocorreu em vários espaços da cidade, tendo como epicentro o Cineteatro Louletano, mas incluindo também o Auditório do Solar da Música Nova, o Palácio Gama Lobo e, nas proximidades, a sede do Rancho Folclórico Infantil e Juvenil de Loulé e, pela primeira vez, o bar Bafo de Baco. ALGARVE INFORMATIVO #414

Um dos principais destaques da edição de 2023 do Som Riscado aconteceu, no dia 25 de novembro, no Cineteatro Louletano, com os «The Gift» a apresentarem um concerto diferente e conceptual, o «Coral», proposta que combina um coro clássico com elementos eletrónicos, unidos pela voz de Sónia Tavares. Ao vivo, «Coral» envolve os quatro membros da banda e um coro de 20 cantores/as, totalizando 24 pessoas em palco, num espetáculo visual complexo que foi, pela primeira vez, um concerto inclusivo com Língua Gestual Portuguesa (LGP), permitindo que pessoas Surdas (que falam LGP) tivessem uma experiência diferente num concerto de música ao vivo .

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JOÃO DE BRITO E JOÃO TIAGO NETO REGRESSARAM EM 6000 ANOS ATRÁS – LADO B Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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encontro entre o ator João de Brito e o músico João Tiago Neto aconteceu pela primeira vez em plena pandemia, com o espetáculo «6000 anos atrás» a esgotar três noites seguidas. Em março do corrente ano, os artistas farenses criaram o Lado B destes 6000 anos atrás, que também teve três noites memoráveis e esgotadas. Um Lado B que não é bem um concerto, embora João «Careca» toque diversos temas icónicos dos Melomeno Rítmica e Nome, bandas que marcaram as últimas décadas da cena musical da capital algarvia… e também não é bem um espetáculo de teatro, apesar de se assistir à encenação teatral do reencontro de dois amigos de longa data. “Digamos que é um hino à memória ALGARVE INFORMATIVO #414

coletiva de uma cidade e a todos os que passaram felizes, ou não, pelas malhas dos anos 90 em Faro e arredores”, explica a dupla. O Lado B marca, deste modo, uma nova retrospetiva de um amor adolescente, das bandas de garagem aos espaços icónicos, sem esquecer as personalidades e figuras importantes na história da capital algarvia. Uma viagem com direito a muitos improvisos do momento e que voltou a acontecer, no palco do Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, em duas sessões esgotadas nos dias 1 e 2 de dezembro, perante uma plateia adulta que recordou, em tempo real, os seus tempos de adolescentes, ao ouvir falar das tais personalidades do antigamente e ao ver as fotografias de uma outra cidade de Faro . 88


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TEATRO MASCARENHAS RECEBEU A VISITA DOS «CHOQUE FRONTAL AO V Texto: Daniel Pina| Fotografia: Vera Lisa

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S GREGÓRIO ADIAFA NUM VIVO» ESPECIAL

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o dia 25 de novembro, o Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, foi palco da gravação do programa «Choque Frontal ao Vivo», com música e curiosidades sobre a carreira e vida dos Adiafa, grupo musical que comemora 25 anos de carreira. Esta parceria entre o Município de Silves e a Rádio Alvor FM teve os Adiafa como primeiros convidados em Silves para uma conversa, com música pelo meio e outras originalidades que caracterizam este

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programa de rádio da responsabilidade de Ricardo Coelho e Júlio Ferreira e que já conta com sete anos de existência. Depois das inúmeras lotações esgotadas no Teatro Municipal de Portimão, foi agora a vez do público de Silves ficar a conhecer como se processa a gravação de um programa de rádio e contatar diretamente com os artistas que nele participam. «Choque Frontal ao Vivo» que regressa, a 13 de dezembro, à sua «casa», ao TEMPO, desta feita com Marc Noah .

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Octogésima oitava tabuinha: Patti Ana Isabel Soares (Professora) vançar na idade implica um afastamento em relação ao que se foi vivendo nos anos mais enérgicos da vida e da consciência. Penso em Patti Smith, prestes a comemorar 77 anos, e isso significa não apenas pensar no modo como esta pessoa vive hoje (recorda, transpõe para os seus dias) os anos da sua adolescência e de jovem adulta, mas, porque ela é símbolo, olhar para um certo tempo, certos lugares e conjuntos de pessoas, de palavras e de sons que só em diferido conheci. Em 1971, depois de a cineasta Agnès Varda o descobrir sem vida na banheira de um quarto de hotel em Paris, Patti Smith escreveu sobre a morte de Jim Morrison, “numa banheira. caído / como Marat”, o revolucionário francês assassinado dentro de uma banheira em 1793, com meio século de idade, e assim retratado pelo pintor seu amigo Jacques-Louis David. Morrison morreu demasiado cedo, a caminho dos 27 anos – já com fama ganha e muito caminho andado, mas visto ainda como promessa; poderia ser ele dentro de água, papel e pena na mão, a extinção da vida a interromper um ato de criação. No mesmo poema, Smith recorda “brian jones afogado, cara para baixo. / numa piscina de criança. fonte da juventude” (Jones desapareceu com 27 anos feitos e iguais promessas criativas). Eram ambos ALGARVE INFORMATIVO #414

da geração de Patti Smith, três ou quatro anos mais velhos do que ela, que ainda anda neste mundo. Como recordará ela os anos agitados da convivência com aqueles a que hoje se reconhecem papeis fundamentais no desenho de uma atmosfera de liberdade e revolta, de rebeldia e fulgor? Leio os seus primeiros trabalhos (na tradução de Cobramor – pseudónimo de Hugo Lopes) e ali revejo, ou vejo espelhada toda uma fúria de palavras atiradas, a recusa de valores que se arrastavam na grande América desde os anos 50 e justificavam (mal) quer a glorificada participação na II Grande Guerra, quer as mortes dos seus jovens num conflito como o do Vietname. “por acaso és artista? // não // freelance? //não // não-não não-não não-não-não // nãonão-não não-não não não” – pura recusa de uma fixação em categorias que, de fora, lhe possam querer impor e que estruturam uma sociedade ordenada e obediente, de expectativas estáveis. A impressão que nela causaram as mortes de Morrison e de Jones trabalha-as com o sentido num poema anterior, The Wasteland – a Terra sem Vida que T. S. Eliot publicou nos anos 20 do século passado, e no qual a guerra, precisamente, afastava da Humanidade qualquer ideia de bem, de justiça ou até de beleza; Patti Smith chamou aos seus versos “morte pela água”, título idêntico ao que Eliot usou para a quarta parte do 110


Foto: Vasco Célio

seu poema dramático – a mais breve das cinco partes. Em “Death by Water”, o poeta aponta para a figura do fenício Flebas, que morreu no mar e esqueceu “ganhos e perdas” (os sinais mais evidentes do capitalismo que rege o mundo em que Smith nasceu e vive); que passou as fases “da idade e da juventude / a entrar no remoinho”. E sugere que, “gentio ou judeu”, o leitor recorde Flebas, que já foi “belo e alto como tu”. Por estes dias, Patti Smith está em Itália. De lá, envia aos seus leitores imagens de uma praia em Pescara, as ondas suaves do Mar Adriático, as casas “à anos 70” e a água “não tão fria como 111

em Rockaway”, o passeio de alguém que continua vivo. Tem permanecido e persiste em fazer o que a manteve do lado artístico da vida: a cantar, a escrever, a fotografar (ou a filmar), olhando para si mesma e devolvendo ao mundo o reflexo de alguém que só pode, perante a torpeza dos mandantes do mundo, mostrar o pouco que cada indivíduo é: a sombra na areia de uma praia, uma interrogação insistente, a surpresa de continuar a viver . NOTAS: Patti Smith, primeiros trabalhos. Albufeira: Traça editora, 2023. T. S. Eliot, The Wasteland, 1922. ALGARVE INFORMATIVO #414


Uma barragem na Foupana? Porquê? João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário) pressão está ao rubro. São os municípios locais, as organizações de agricultores, o Presidente da CCDR Algarve e até um candidato a primeiro-ministro a apelar pela construção de uma barragem na Ribeira da Foupana. Mas, apesar da intensa movimentação mediática, até ao momento pouco se argumentou, técnica e cientificamente, sobre a cabal justificação de tal solução. O que se percebe, isso sim, é que há um lobby agrícola a exigir aquela obra por forma a garantir disponibilidade de recursos hídricos para os seus extensos pomares de laranjeiras e abacates e outros mais que venham a surgir. Será possível travar uma discussão técnica isenta e profunda sobre o assunto? Ouvir os especialistas e explicar claramente o que dizem os estudos? E, já agora, ter em atenção as notícias que chegam de fora e que são ilustrativas do complexo problema que temos em mãos e da ineficácia deste tipo de soluções? No mínimo era isso que deveria estar a acontecer, mas toma-se quase como garantida a construção desta mega-infraestrutura, negligenciando os seus impactos ambientais, o que referem os estudos e secundarizando até outros necessários fazer. Sim, de facto sabemos para que servem muitos dos estudos de impacte ambiental que são elaborados por esse país fora… ALGARVE INFORMATIVO #414

Vejamos alguns factos que me levam a refutar esta ideia de uma nova barragem: 1. O que nos dizem os estudos. O Plano Intermunicipal de Adaptações às Alterações Climáticas (PIAAC)1, estudo produzido a pedido da AMAL por uma extensa e mui credenciada equipa de investigação, publicado em 2019, indica como medidas de opção estratégica (por ordem de prioridade): 1 - Remodelar sistemas urbanos e agrícolas de abastecimento de água tendo em vista a diminuição de perdas; 2 - Tratar e reutilizar águas residuais para fins agrícolas e menos nobres; 3 Implementar técnicas que promovam a recarga artificial dos aquíferos; 4 Reavaliar a viabilidade de novas barragens e promover a sua construção; 5 - Reavaliar a viabilidade de uma central de dessalinização e promover a sua construção. Por aqui se percebe que a prioridade não é a construção de novas barragens. Há outras mais urgentes e imediatas, como reduzir as perdas nos sistemas de transporte e condução ou reutilizar águas tratadas. O Plano de Eficiência Hídrica do Algarve2, produzido pela Agência Portuguesa do Ambiente em 2020, por seu lado, sobre a avaliação da necessidade e possibilidade de construir 112


de «açude/barragem da Foupana» identifica mais aspectos negativos que positivos, incluindo uma questão limitante que é a “Precipitação suficiente para encher estas novas albufeiras”. Elenca, igualmente, numerosas recomendações ao nível da promoção da eficiência hídrica ou da utilização de águas para reutilização. Identifica, por exemplo, a necessidade de aplicar medidas no sentido de “Adaptar as culturas às alterações climáticas com espécies autóctones e outras resistentes ao stress hídrico”. Como nota de curiosidade, inclui uma medida na área do turismo (“Impedir o uso de água da rede para usos não potáveis, condicionando o número de piscinas”), que desperta uma certa incredulidade tendo em conta a «enxurrada» de hotéis, resorts e aldeamentos previstos para os próximos anos no Algarve. 2. O que nos mostra a realidade em Espanha Tal como o Sul de Portugal, Espanha está a atravessar uma grave seca, com consequências desastrosas à vista. O Parque Nacional de Doñana, em Huelva, praticamente secou – apenas mantém 2% de água em toda zona húmida – e como forma de impedir que este tesouro ambiental desapareça de vez, o governo espanhol aprovou uma medida excepcional: compensar os agricultores das numerosas estufas de frutos 113

vermelhos para que as reconvertam em outras culturas mais sustentáveis e em floresta, permitindo a recuperação natural dos sistemas lagunares dessa área protegida. Mas, o que torna o exemplo dos nossos vizinhos mais relevante para esta reflexão, é o facto deste ser o país da UE com mais barragens por habitantes (374) e ainda assim estar perante uma gritante falta de água, ao ponto de milhares de pessoas das províncias de Córdoba e Málaga estarem há meses sem água em casa. Na Andaluzia, com 200 barragens, os níveis de água estão a cerca de 20% da capacidade. Ou seja, não é por terem mais barragens que o problema da falta de água se resolve. A dramática escassez de pluviosidade conjugada com uma má gestão hídrica, está a levar as regiões mediterrânicas a um estado de stress e calamidade que obriga a um repensar urgente dos modelos de desenvolvimento agrícola, onde o regadio tem,

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necessariamente, ser escrutinado, controlado e até convertido. 3. Dam Removal Europe 3 Curiosamente, numa realidade não muito longe daqui, há um projecto financiado pela União Europeia e um vasto conjunto de instituições internacionais que tem como objectivo a remoção de barragens. Sim, leu bem! Enquanto por aqui há grupos de pressão, com interesses próprios, a exigir a construção de barragens, a centenas de quilómetros de distância ao lado, removem-se barreiras físicas de rios, incluindo barragens. Claro que – e saliento isto – o foco do projecto centrase em estruturas velhas, obsoletas e perigosas. Contudo, o princípio é o mesmo: libertar os cursos de água de barreiras artificiais, de particular dimensão, que fragmentam os ecossistemas ribeirinhos, ameaçam espécies piscícolas e impõem mudanças nos regimes hidrológicos com consequências ambientais graves. 4. Outros aspectos No debate público que se assiste em torno deste assunto, especialmente nas redes sociais, surgem por vezes argumentos de outra ordem para justificar a importância da barragem da Foupana. Um deles é o seu potencial contributo ao desenvolvimento integrado do território adjacente ou da fixação de pessoas. Lamento, mas mais uma vez tal não corresponde a uma verdade absoluta. Vamos a dados. Veja-se o caso do Alqueva. O maior lago artificial da Europa trouxe indubitavelmente muitos ALGARVE INFORMATIVO #414

benefícios económicos à região. Contudo, os cinco concelhos abrangidos por esta empreendimento registaram um decrescimento populacional na ordem dos 51% entre 1950 e 2018. Por outro lado, o aumento significativo do turismo que ali se registou não tem evidências garantidas que tenha contribuído para um desejado desenvolvimento sustentado daquele território. Fenómenos de especulação imobiliária ou turistificação estão a emergir e teme-se que povoações, como a de Monsaraz, em breve fiquem desabitadas4. Aliás, se realmente o impacto de uma obra destas fosse assim tão imediato e certo, porque não aconteceu em Odeleite e nas imediações? Já ali existem duas barragens (Odeleite e Beliche) e a realidade está como a bem conhecemos. A construção de uma barragem na Ribeira da Foupana é um grave erro. De vários pontos de vista. Mas é, sobretudo, uma justificação inaceitável para manter (e até estender) uma realidade agrícola totalmente insustentável face à situação climática que temos. E, tal como em Espanha, há uma vital necessidade de nos adaptarmos. Ou isso, ou secaremos como Doñana . 1 https://amal.pt/comunicacao/publicacoes/ 234-plano-intermunicipal-de-adaptacaoas-alteracoes-climaticas-piaac-amal 2 https://apambiente.pt/agua/planosregionais-de-eficiencia-hidrica 3 https://damremoval.eu 4 https://journals.openedition.org/etnografi ca/9251?lang=en 114


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Nós, os desvitalizados Sílvia Quinteiro (Professora) ão 04:30h. Um pesadelo aperta-me o peito. Acordo. Tento voltar a adormecer, mas não consigo. São negras as manhãs prematuras. Povoadas por monstros que teimam em assaltar-nos na vulnerabilidade do entre-lençóis. Ligo a televisão. Espero que o medo se dissipe e o sono regresse. Um erro! Os tempos são brutais. Tão brutais que se torna impossível assimilar as tragédias à nossa volta. O comando salta de crime em crime, de vítima em vítima. Não se detém. Para trás. Para a frente. Sem dor. Sem compaixão. Desassossegado. A inquietação de quem abre um jornal sensacionalista e percorre os títulos. A indignação: ⎼ O mundo está perdido!; ⎼ Mata-se um homem por nada! ⎼ Mas não a mesma atenção aos rostos, não a mesma necessidade de acompanhar a história até ao fim. De conhecer todos os detalhes sobre as vítimas e seus carrascos. São muitos. São imensos. As câmaras televisivas passam rapidamente por uma multidão sem rosto. Homens, mulheres, crianças. Cobertos por um lençol de pó acinzentado. Fantasmas esbugalhados, ensanguentados. Mãos levantadas em direção a um Céu surdo e cego. Estão por ali. Movimentam-se. Mas estão por ali. Onde poderiam estar? Lágrimas desenham sulcos negros que unem os olhos ao pescoço. ALGARVE INFORMATIVO #414

A objetiva estagna por uns instantes. Por entre a amálgama de destroços e gente desfeita sobressai uma camisola cor-de-rosa. A perna pendurada, quase a soltar-se do corpo. Nunca associarei um rosto a esta criança atirada à pressa para dentro da mala de um carro. Tal como nunca associarei um rosto aos milhares de seres humanos que se afogaram na tentativa de alcançar a Europa, aos que foram assassinados na Ucrânia, na Cisjordânia, em Israel… São demasiados mortos, demasiados desaparecidos, demasiados reféns. 300, 500, 700, 10 000… Arredondamos. Que diferença faz uma vida? ⎼ Essa gente… ⎼ dizem-me. Como se gente não fosse suficiente. Como se «essa» diminuísse a condição humana. ⎼ Essa gente… Fala-se na forma como as notícias nos entram casa a dentro, quase sem filtro, despejando-nos cadáveres no prato da sopa. No banalizar anestesiante da violência. Acredito que já passámos essa fase. Estamos mais do que momentaneamente insensibilizados. Já não se trata de um estado passageiro. Estamos desvitalizados. Esvaziaram-nos. Retiraram-nos o nervo que nos conectava à essência humana. À capacidade de sofrermos com a dor do Outro. De sentirmos a perda de cada ser humano como única. Como nossa. Estamos 116


desvitalizados. O alívio é definitivo. A ausência de dor sinónimo de morte. De um processo de decadência inevitável e irreversível. Estamos ocos. Sugerem-me que ignore os noticiários. Dizem-me que não vale a pena. Que não posso fazer nada. Concordo e sinto-me desprezível. Mais uma entre os mortosvivos. Olhar vazio, consciência tranquila. A vida é sempre em frente. Nós que olhámos incrédulos para os horrores da Inquisição, do Terror pósRevolução Francesa, dos campos de concentração nazis, da bomba atómica, do genocídio no Ruanda. Nós que nos 117

sentimos tão superiores àqueles que conviveram com esses crimes e nada fizeram. Nós que nunca conseguimos compreender a indiferença. Que parámos por Timor, que derramámos lágrimas sem fim com a história de Ann Frank, com A vida é bela, A lista de Schindler, O rapaz do pijama às riscas. Nós que batemos no peito e gritámos “Nunca mais!”. Nós, os desvitalizados, somos hoje os habitantes de um mundo onde grassam o fanatismo religioso e a crença em superioridades étnicas, onde se mata ou deixa morrer à vista de todos. Nascemos no século XX ou no século XXI, mas vamos morrer na Idade Média . ALGARVE INFORMATIVO #414


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #414

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