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ALGARVE INFORMATIVO 3 de fevereiro, 2024
ALBUFEIRA FOI CAPITAL DA DANÇA DESPORTIVA 1
15.º ANIVERSÁRIO DO COMANDO TERRITORIAL DE FARO DA GUARDA NACIONAL REPUBLICANA ALGARVE INFORMATIVO #420 RECANTE | LUÍS CAPITÃO | «DEFINITIVAMENTE AS BAHAMAS» | «PÔR-DO-SAL» | JANEIRAS E CHAROLAS
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ÍNDICE 15.º aniversário do Comando Territorial de Faro da Guarda Nacional Republicana (pág. 18) Exposição «Pôr-do-Sal» (pág. 36) Recante (pág. 54) Albufeira foi capital da Dança Desportiva (pág. 66) «Definitivamente as Bahamas» no Cineteatro Louletano (pág. 82) Encontro de Janeiras e Charolas no Cineteatro Louletano (pág. 94) Luís Capitão no Choque Frontal ao Vivo (pág. 108)
OPINIÃO Ana Isabel Soares (pág. 116) Fábio Jesuíno (pág. 118) João Ministro (pág. 120) Sílvia Quinteiro (pág. 122) Dora Gago (pág. 124)
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Comando Territorial de Faro da Guarda Nacional Republicana festejou 15.º aniversário Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina agos acolheu, no dia 29 de janeiro, a cerimónia militar comemorativa do 15.º aniversário do Comando Territorial de Faro da Guarda Nacional Republicana, presidida pelo Comandante-Geral da GNR, Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso, contando ainda com a presença de diversas entidades militares e civis. Durante a cerimónia, que teve lugar na Avenida dos Descobrimentos, a par das alocuções oficiais, foram ainda impostas ALGARVE INFORMATIVO #420
condecorações e homenageados os militares já falecidos. Na ocasião, o Coronel Carlos Almeida, Comandante do Comando Territorial de Faro da Guarda Nacional Republicana, agradeceu aos antigos comandantes e militares que prestaram serviço nesta unidade e suas antecessoras “pelo seu saber, dedicação e empenho”, reconhecendo e prestando também homenagem “a todos os militares e
civis que no passado serviram 18
Coronel Carlos Almeida
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Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso
abnegadamente nesta unidade, cumprindo o seu dever, garantindo a tranquilidade e a segurança das pessoas e dos seus bens”. No encerramento de mais um ciclo anual de intensa atividade operacional, marcado por diversos eventos de elevada visibilidade nacional e internacional que exigiram um esforço assinalável dos militares deste comando territorial para garantir a segurança e a proteção de pessoas e bens, o Coronel Carlos Almeida enalteceu e louvou, em particular,
“aqueles que cumpriram o juramento inicial de entrega incondicional à causa pública, mesmo com o sacrifício da própria vida”. “Apesar de todas as dificuldades já identificadas e bem ALGARVE INFORMATIVO #420
conhecidas, a Guarda Nacional Republicana continuou a garantir, com empenho, alguns sacrifícios e criatividade, a resposta ao elevadíssimo número de solicitações da mais variada índole, complexidade e exigência, tendo em conta a extensão do território, a sua heterogeneidade e o número crescente de população residente e itinerante. Como é consabido, e de acordo com os últimos censos, o Algarve foi a região do país que registou maior aumento de população, mas também, no que diz respeito, por exemplo, ao tráfego de passageiros que passaram pelo 20
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Aeroporto Internacional de Faro durante o ano de 2023, os números são bem expressivos. Em dez anos, aumentou em mais de cerca de 4 milhões de passageiros, registando, em 2023, 9,6 milhões de passageiros, o que demonstra bem a dinâmica atual da região”, apontou o responsável pelo Comando Territorial de Faro da GNR. De acordo com o Coronel Carlos Almeida, e comparativamente com o ano de 2022, os números globais da criminalidade no Algarve denotam um ligeiro crescimento, sendo um espelho daquilo que sucede, nesta matéria, no resto do país. “Mas este aumento
resulta em grande medida dos crimes diretamente relacionados
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com a proatividade da Guarda, como os crimes rodoviários de condução sob influência do álcool e condução sem habilitação legal e os crimes conexos com o tráfico de estupefacientes”, apontou. Relativamente aos números da criminalidade, o Comando Territorial de Faro registou, em 2023, cerca de 18 mil crimes, entre os quais 1.135 por violência doméstica, ou seja, uma média superior a três situações por dia; 1.711 por condução sob influência do álcool, uma média próxima de cinco por dia; e 1.218 por condução sem habilitação legal, tendo sido efetuadas durante o ano de 2023, no total, cerca de 4 mil e 300 detenções, uma média de 11 por dia, o que corresponde a um aumento de mais de 40 por cento face ao ano anterior.
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“Ainda assim, os números e os resultados referidos não reproduzem a totalidade do trabalho desenvolvido pelas mulheres e homens que servem nesta unidade, muito longe disso. A missão atribuída à Guarda é multidimensional e vai desde a investigação criminal, passando pela manutenção da ordem pública, pelo policiamento comunitário até ao transporte de órgãos”, frisou. De acordo com o Coronel Carlos Almeida, o novo ciclo anual é encarado com consciência dos complexos desafios que o atual ambiente de segurança impõe, “a que acresce uma
com focos de instabilidade preocupantes que surtem impacto direto na ordem interna do nosso país”. “E, neste ano que agora começa, preocupa-nos particularmente a situação grave de escassez hídrica que o Algarve atravessa, que terá certamente repercussões no domínio da segurança. De facto, os tempos complexos que se avizinham podem ter impactos a nível ambiental, económico e, por conseguinte, a nível social. Como sempre, a Guarda estará disponível para contribuir para o esforço de mitigação das consequências associadas a esta problemática”.
realidade estratégica internacional 23
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O responsável considera, igualmente, que este novo ano constitui mais uma oportunidade para se implementarem medidas práticas que vão ao encontro dos problemas que preocupam os cidadãos, apostando em duas dimensões que julga fundamentais, designadamente, otimizar os recursos disponíveis e continuar a dinamizar a cooperação, colaboração e coordenação. ALGARVE INFORMATIVO #420
“No que concerne à otimização dos recursos disponíveis, procuraremos privilegiar um empenhamento operacional flexível que permita uma resposta pronta e oportuna, em contraponto com os modelos de policiamento clássicos. Neste contexto, os sistemas de 24
de Albufeira, Loulé, Lagoa e Lagos”, indicou o Coronel Carlos Almeida. Também no domínio do Safety, a videovigilância tem aplicabilidade, estando em fase de estudo a implementação de um sistema integrado de videovigilância para antecipar a deteção de incêndios rurais que permita reforçar a capacidade de monitorização em todas as áreas de risco do território regional. “Numa segunda
dimensão, procuraremos continuar a incentivar e dinamizar a cooperação, colaboração e coordenação entre as entidades com responsabilidade no domínio da segurança, o que, de resto, é já uma realidade exemplar, porque, no mundo moderno, reconhece-se que a criminalidade tem múltiplas causas e que a prevenção é responsabilidade partilhada de toda a sociedade, predominando um princípio de interdependência das medidas a implementar”.
informação e a tecnologia desempenham já um papel fundamental e indispensável e estão já protocolados, e em alguns Municípios em fase final de instalação, sistemas de videovigilância para apoio à atividade policial, na prevenção e combate ao crime, como é o caso 25
A concluir a sua alocução, o Coronel Carlos Almeida lembrou que “ser
Guarda é muito mais do que uma profissão, é uma vocação, um sacerdócio, é viver e conviver com um quotidiano de riscos, incertezas e incompreensões, mas, no final do dia, é a satisfação do dever cumprido a cada missão executada, servindo em prol de um bem maior”. “Nesta que será ALGARVE INFORMATIVO #420
muito provavelmente a última oportunidade que terei para me dirigir a todos vós numa cerimónia comemorativa do aniversário da nossa unidade, reafirmo o orgulho e a honra que sinto por comandar esta unidade, não identificando outra que me motivasse mais comandar. E este sentimento decorre essencialmente da atitude, da dimensão e do carácter das mulheres e homens que devotada e abnegadamente servem e protegem o Algarve. Exorto-vos, pois, para que mantenham a mesma atitude e continuem a trabalhar com o mesmo afinco e a motivação de ALGARVE INFORMATIVO #420
sempre, focados em garantir e incrementar a presença, a proximidade e atuações proativas e integradoras, orientadas para servir e proteger”. No uso da palavra, o Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso lembrou que a Guarda Nacional Republicana tem sido, ao longo da sua secular história, uma Instituição estruturante do Estado.
“Uma Instituição cuja implantação geográfica apresenta uma capilaridade que lhe permite uma presença próxima e efetiva junto das populações, dando coesão ao espaço territorial e cumprindo uma multiplicidade de missões no quadro da Segurança Interna, da 26
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Defesa Nacional e da Proteção e Socorro, tornando-a assim uma referência ímpar no nosso País. É assim hoje, e será assim no futuro”, acredita o Comandante-Geral da GNR, que aproveitou para destacar “o extraordinário papel que tem vindo a ser desenvolvido pelas Equipas de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário, a operar em praticamente todos os concelhos do Algarve, o que tem permitido um maior alcance e abrangência no patrulhamento efetuado, principalmente junto dos idosos no interior algarvio, da comunidade escolar, dos comerciantes, bem como dos ALGARVE INFORMATIVO #420
milhares de turistas que visitam a região”. Como balanço da atividade operacional desenvolvida no último ano, o TenenteGeneral Rui Alberto Ribeiro Veloso realçou as mais de 40 mil patrulhas efetuadas, o que reflete bem a proatividade policial desenvolvida pelo Comando Territorial de Faro. “A par
deste resultado, destaca-se ainda o seu forte empenhamento no âmbito da Operação Verão Seguro e da Campanha Floresta Segura, que, conjuntamente com as inúmeras ações de policiamento de grandes eventos desportivos e festivos, com visibilidade nacional e internacional, revelam um 28
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extraordinário e louvável esforço diário do efetivo desta Unidade. Neste contexto, importa ainda destacar as quase duas dezenas de Operações Policiais de Prevenção Criminal realizadas no âmbito da Operação Noite + Segura, promovendo-se, assim, o aumento da visibilidade policial e da capacidade para a realização de operações de considerável complexidade e risco, essenciais para combater a criminalidade violenta e grave, que se releva em algumas zonas na noite algarvia”, declarou. Não menos importante, e porque as sinergias resultantes da cooperação interinstitucional são hoje uma condição 31
essencial para a obtenção de bons resultados, o Tenente-General Rui Alberto Ribeiro Veloso evidenciou o trabalho desenvolvido no domínio da Cooperação Policial Bilateral com o Reino de Espanha, “onde esta Unidade tem
sabido manter um profícuo relacionamento com a Guardia Civil e com o Corpo Nacional de Policia, perpetuando as excelentes relações que se vêm estabelecendo”. “Militares, Guardas Florestais e Civis do Comando Territorial de Faro, acabados de entrar num novo ano, esperam-nos derradeiros desafios para o cumprimento da nossa missão. Estamos a viver um período de dificuldades, mas é nos momentos difíceis que as grandes ALGARVE INFORMATIVO #420
Instituições e as mulheres e homens que nelas servem revelam a sua verdadeira dimensão. A difícil conjuntura política e económica que tem causado um forte impacto social, tem também criado diferentes adversidades para a Guarda e, em particular, para os seus Militares, para quem se exige melhores condições de trabalho, incluindo a justa valorização remuneratória, assunto na ordem do dia e para o qual o Comando da Guarda tem estado especialmente atento e empenhado”, frisou. Sobre o Distrito de Faro, o Comandante-Geral da GNR reconheceu ser um território de contrastes, com uma ALGARVE INFORMATIVO #420
grande diversidade geográfica e socioeconómica, com zonas urbanas e com elevada afluência turística e, ao mesmo tempo, com muitas outras zonas rurais e isoladas, com extensas e densas manchas florestais, “pelo que garantir
a segurança a este território e à sua população constitui um verdadeiro desafio”. “Um desafio para o qual eu tenho a mais absoluta convicção que todos os Militares deste Comando estão à altura de o superar, assumindo as suas responsabilidades com manifesta competência, sensata determinação e invulgar dedicação, em prol da segurança e bem-estar da população desta região e daqueles que a visitam” . 32
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Exposição pioneira de arte em sal de Pedro Seromenho começou roteiro em Castro Marim Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ma exposição pioneira que transforma sal em arte, assinada pelo artista Pedro Seromenho, arrancou o seu roteiro em Castro Marim, no dia 26 de janeiro, na Casa do Sal. Inspirado pelas salinas da Reserva Natural do Sapal de Vila Real de Santo António e Castro Marim e com o sal como material de eleição e protagonista, Pedro Seromenho deu vida a «Pôr-do-Sal», projeto que inclui dez ALGARVE INFORMATIVO #420
desenhos de profissões tradicionais e ainda uma instalação artística com 12 metros. A mostra retrata pastores, pescadores, aguadeiras, salineiros ou cesteiros e, durante uma semana, as crianças das escolas do concelho tiveram oportunidade de participar em oficinas de ilustração e horas do conto. O momento de inauguração da exposição foi o culminar de muitas horas de trabalho, com o artista, ilustrador, escritor e criador a finalizar a obra ao vivo e à vista das 36
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muitas pessoas que acorreram à Casa do Sal e que observaram, de perto, à técnica desta arte efémera. O sal utilizado nesta exposição foi retirado nas salinas de Castro Marim em setembro do ano passado, cujo processo pode ser também visualizado através de um vídeo em time lapse. Pedro Seromenho nasceu no Zimbabué, fez a sua infância no Algarve, reside em Braga e é licenciado em Economia pela Universidade do Algarve. Estreou-se, em 2006, na literatura infantojuvenil, tendo mais de 30 livros publicados, e é atualmente considerado como um grande contador de histórias e impulsionador da língua portuguesa. Mostra aqui igualmente o seu lado de artista plástico, “num desafio que
começou numa conversa de café 39
em que me apresentou uns pequenos esboços sobre uma técnica que estava a desenvolver, e depois surgiu a possibilidade de trabalhar o sal enquanto elemento artístico”, explicou Filomena Sintra, vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Marim. “É uma iniciativa
pioneira em Portugal e que começou em Castro Marim, numa forma bonita, encantadora e inesquecível de projetar o nosso «ouro branco». O Pedro aproveitou a sua estadia e residência em Castro Marim para ir também contar histórias às escolas do concelho, por isso, não há palavras suficientes para lhe agradecer, e a todos aqueles que estiveram ALGARVE INFORMATIVO #420
envolvidos na montagem da exposição”, acrescentou a autarca, que conhece Pedro Seromenho precisamente dos tempos da Universidade do Algarve.
“Os projetos mais bonitos nascem da amizade”, referiu Pedro Seromenho, e assim surgiu esta homenagem ao salineiro, uma figura que o transporta à sua infância. “Em
setembro vim às salinas de Castro Marim e retiramos várias toneladas de sal grosso, que depois foi moído, humedecido, seco, granulado, e foi através desse cristal com sabor que escrevi uma história que tem uma narrativa visual, mas também afetiva. Todas estas profissões fazem parte do meu imaginário, ALGARVE INFORMATIVO #420
para eles preparei esta exposição cheia de emoções e com muito sal, porque a vida, sem sal, não é a mesma coisa”, assumiu o artista, que escreveu, inclusive, um conto inédito para ocupar uma das paredes da Casa do Sal. Pedro Seromenho reconheceu que o sal é uma arte efémera, mas, apesar disso, diverte-o muito e deixa-o imensamente realizado, porque, “mais importante
do que perpetuar aquilo que eu faço, é desfrutar o momento em que crio, e todos vocês vão fazer parte desta exposição, porque vão assistir à conclusão deste tapete, que era para ser de três metros, e acabou por ser de 12 metros”. “Senti-me parte de um grupo, de uma família, foram dias muito 40
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bem passados e fiquei bastante feliz com o resultado. Foi a primeira vez que fiz algo deste género, treinei várias texturas, objetos e composições e valorizouse este património de Castro Marim. O sol que o cristal de sal acumula é a luz que eu dou a este desenho da ninfa Salácia, uma das filhas de Neptuno, da mitologia romana, de cujos cabelos saem gotas de não chuva. O seu pescoço está adornado pelas muralhas do castelo, o seu corpo tem texturas de cestaria e, no seu coração, mora uma flor-de-sal. Os ALGARVE INFORMATIVO #420
seus braços são feitos de searas que abraçam os campos e, no fundo, temos a arquitetura algarvia, as casas, os terraços, as chaminés, as escadas e os recantos de que me recordo da minha infância”, concluiu, com um sorriso . 42
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RECANTE: UMA HOMENA CANCIONEIRO TRADICIO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Rebeca Fernandes/Epopeia Brands
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AGEM AO ONAL ALENTEJANO
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s Recante, melhor dizendo, Luís Caracinha e Maria João Jones, terminaram 2023 em grande estilo, com o lançamento do EP «As Horas Que São» e a «As Horas Que São Tour» que levou a dupla a pisar uma série de palcos do Algarve e Alentejo. E, está-se mesmo a adivinhar, estamos na presença de dois orgulhosos alentejanos, ele de Cuba, ela de Almodôvar, à frente de um projeto que gira em torno do Cancioneiro Tradicional Alentejano. “Tocamos
juntos há mais de 15 anos e, depois de um jantar, íamos buscar uma guitarra e cantávamos umas modas. Para aquecer antes dos ensaios de outros projetos ALGARVE INFORMATIVO #420
musicais que temos, lá vinham as modas outra vez à baila. Um dia, ia eu a caminho de um casting para o The Voice e o Luís sugeriu apresentarmos uma versão do tema «Pêra Verde». Acabei por escolher outra música, mas ficou esse trabalho feito”, recorda Maria João Jones. As modas eram algo intrínseco a Luís e Maria, cresceram a ouvir o Cancioneiro Tradicional Alentejano, de modo que decidiram criar um projeto que lhe desse uma nova roupagem musical, não fosse Luís Caracinha um multi-instrumentista que gosta imenso de explorar caminhos diferentes. Mas não falamos apenas do Cante Alentejano, apressa-se a esclarecer o entrevistado. “Esse é um género
muito específico de polifonia 56
dentro do património da música tradicional alentejana e esta, em abono da verdade, também nunca se percebe muito bem onde é que começa e onde é que acaba. As canções que se cantam no Alentejo são intemporais, trazidas pela oralidade de outros sítios e absorvidas por cantadores e cantadeiras que as foram eternizando. Neste projeto não estamos a fazer Cante, não queremos induzir ninguém em erro”, indica. “Na música tradicional alentejana tende-se a usar a bandeira do Cante para vender uma coisa que não é efetivamente o Cante. Para ser Cante precisa ter 57
aquelas três vozes principais, a sua polifonia, pessoas a cantar em coro. As canções que se ouvem muito na transição entre o Alentejo e o Algarve estão, por exemplo, bastante indexadas à viola campaniça. O Cante e a música feita com a viola campaniça são uma inspiração para nós, mas o Cancioneiro Tradicional Alentejano é muito mais vasto”, reforça. Em 2022 avança, então, o Recante, numa altura em que o Cante já estava, efetivamente, na moda há uns anos, sobretudo deste que foi considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2014. ALGARVE INFORMATIVO #420
“Ganhou o seu lugar na história e decidimos começar a explorá-lo, assim como outros artistas, mas continuam a existir os puristas que não gostam muito destas experiências. O Luís gosta de inovar, eu sou mais tradicional, em Recante conseguimos encontrar o equilíbrio”, comenta Maria João Jones, com Luís Caracinha a acrescentar que os temas utilizados fazem todos parte do Cancioneiro Tradicional Alentejano.
“Estão documentadas mais de cinco centenas de canções, desde os anos 50 e 60 do século passado que diversos musicólogos começaram a fazer registos com gravadores. A nossa escolha das canções é fácil e orgânica, resulta dos nossos gostos pessoais. E o Cante é cantado de forma diferente em diferentes partes do Alentejo, o que torna este projeto ALGARVE INFORMATIVO #420
ainda mais desafiante”, sublinha o músico. “O Alentejo não é apenas o «Ó rama, ó que linda rama» e o «Ouvi um passarinho», ao escavarmos encontramos coisas muito distintas daquilo que temos originalmente nas nossas mentes. Depois, é cruzar essas canções com coisas completamente descontextualizadas, mas sem nunca desvirtuar a linha melódica principal e o sentimento da canção”, garante Luís Caracinha. Este trabalho experimental dos Recante acaba por se tornar ainda mais apetitoso porque, na realidade, não existem versões originais na música tradicional alentejana, lembra Maria João Jones.
“Escutamos o «fui colher uma romã» cantado de muitas maneiras, até as próprias quadras são diferentes, trocam-se as 58
palavras consoante o local do Alentejo onde estamos. A nossa é apenas mais uma versão. O significado é o mesmo, mas o resultado final é sempre novo”, observa a cantora. E, por falar em novo, como é apresentar o Cancioneiro Tradicional Alentejano às novas gerações? “No Alentejo,
principalmente após a distinção pela UNESCO, tem sido feito um trabalho espetacular junto das camadas jovens e, hoje, é muito raro encontrarmos uma escola onde, aos três, quatro ou cinco anos, não se esteja a cantar o Cante. Há um grupo escolar em 59
Castro Verde em que os melhores cantadores são dois irmãos chineses. Fomos tocar à minha terra natal, a Vila Ruiva, acabamos o concerto e juntou-se um grupo de rapazes entre os 16 e os 26 anos, ao balcão, a cantar o resto da noite para nós. É algo que faz parte do ADN deles”, relata Luís Caracinha.
Nunca o Cante foi tão valorizado como agora O caminho dos Recante tem sido, assume a dupla, “maravilhoso”, com Luís Caracinha a recordar uma atuação ALGARVE INFORMATIVO #420
numa sala de espetáculos mais virada para o pop/rock. “É um bar, um café-
concerto, íamos a medo, porque é normal as pessoas conversarem umas com as outras, não era um ambiente de salão ou auditório. Assim que começamos, dos novos aos mais graúdos, toda a gente cantou com a Maria, foi uma energia espetacular. Tem sido fácil, dentro desta área de conforto que é o sul do país, não sabemos como será a reação no norte”. ALGARVE INFORMATIVO #420
Mais do que estar na moda, nota-se um orgulho na preservação, na recuperação do Cancioneiro Tradicional Alentejano, com Luís Caracinha a chamar a atenção para o importante papel desempenhado pelos grupos corais e pelos grupos de música tradicional portuguesa com raízes no Alentejo. “São pequenas células
que se tornam uma referência, uma inspiração, para quem vai para o Cante”, frisa, com Maria João Jones a salientar que “os miúdos absorvem toda essa tradição com uma grande naturalidade”. “De 60
qualquer modo, há uma maior valorização do que existia na nossa altura, quando a música tradicional alentejana não era fixe para os adolescentes cantarem. O que interessava era os Linkin Park, Limp Bizkit e por aí fora. Hoje, nota-se um maior orgulho, porque também há mais ídolos”, distingue Luís Caracinha. Entretanto, com os grupos corais de um lado e os novos ídolos como Buba Espinho e Luís Trigacheiro de outro, os Recante caminham no sentido de uma banda indie, num circuito mais alternativo, porque são um projeto híbrido entre o pop e o tradicional. “As
nossas influências não são comerciais, mas o trabalho que estamos a fazer já foi feito por outros artistas muito antes de nós, 61
como o Janita Salomé, o Vitorino, a Dulce Pontes ou o Ricardo Ribeiro. Há mercado para a nossa sonoridade porque criamos uma atmosfera bastante interessante para espetáculos de 50 a 300 pessoas. Depois, o nosso projeto é muito portátil, em palco somos três (Luís Caracinha, Maria João Jones e Ruben Salamanca), mais um técnico e um assistente, com uma logística super simples, o que torna os custos de produção mais em conta para quem nos contrata”, realça Luís Caracinha. 2023 terminou, como referido no início da conversa, em grande estilo, e o mesmo deverá acontecer em 2024, porque os Recante vão passar o ano a preparar novos temas para depois avançarem para uma digressão mais ALGARVE INFORMATIVO #420
completa no último trimestre. “O Luís
está sempre envolvido em milhares de projetos musicais, a minha agenda agora está dominada pelo João Pedro (o filho nascido a 1 de janeiro), mas queremos fazer um novo levantamento, porque este trabalho é feito mesmo com gosto, de coração, deu-nos tanto prazer”, aponta Maria João Jones. “Queremos manter a nossa comitiva pequena, o que não significa que o espetáculo em palco não possa crescer mais, porque ele tem que evoluir em ALGARVE INFORMATIVO #420
consonância com os palcos que pisamos. Se o projeto continuar a ter uma boa aceitação e formos tocar a sítios maiores, as próprias condições técnicas dos espaços vão permitir que façamos outras coisas, gerir a agenda dos músicos e técnicos é a pior parte disto tudo”, admite Luís Caracinha. “Mas, com amor, a coisa faz-se, é tudo um jogo de cintura. E, no meio de tanto trabalho que temos nas nossas carreiras individuais, com os Recante acabamos por estar mais tempo juntos, o que foi muito bom”, conclui Maria João Jones . 62
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ALBUFEIRA FOI DA DANÇA DESP Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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o dia 27 de janeiro, Albufeira foi a capital da Dança Desportiva por ocasião da realização, no Pavilhão Municipal de Albufeira, da primeira prova nacional da época, nomeadamente, da primeira jornada da Taça de Portugal e do Campeonato Nacional de Sub-21 em Danças Latinas e Standard. O evento reuniu 100 pares de dançarinos, os melhores do país, de várias categorias, dos 6 aos 60 anos de idade e em representação de 30 escolas de dança, e houve ainda lugar à Gala dos Campeões, na qual foram distinguidos os atletas da época de 2023, em solo, pares e grupos, bem como os pares da seleção nacional.
do Município de Albufeira, foi um verdadeiro sucesso, com João Sant'Anna e Luna Pinto a sagrarem-se os grandes vencedores do Campeonato Nacional de Sub-21 nas duas vertentes. A dupla da Escola Bracara Team garante, desta forma, a sua participação no Campeonato do Mundo.
A organização da Federação Portuguesa de Dança Desportiva em parceria com o Futebol Clube de Ferreiras, com o apoio
O Futebol Clube de Ferreiras também está de parabéns, com Tomás Francisco e Leonor Martins a alcançarem um
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O segundo e terceiros lugares em Open Latinas coube ao par João Landeiro e Daniela Landeiro da Dance Step e Rafael Mateus e Matilde Palmela, respetivamente. Na categoria Sub-21 Standard, o segundo e o terceiro lugares foram arrecadados por Tomás Gomes e Gabriela Teixeira, da Academia Gindança, e Simão Freitas e Carolina Pardelinha, da Bracara Team, equipa que assim conseguiu dois lugares no pódio.
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primeiro lugar no escalão Sub-21 Iniciados e Vítor Gomes e Beatriz Correia um terceiro lugar na categoria Sub-21 Intermédios. No Campeonato Sub-21 Intermédios, onde a dupla do FCF classificou-se em terceiro lugar, o 69
primeiro e o segundo lugar foram atribuídos a Tiago Ferreira e Carolina Real da Dance Step, e Eduardo Azevedo e Rita Silva da Academia Gindança, respetivamente . ALGARVE INFORMATIVO #420
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TEATRO DO ELÉCTRICO TROU AS BAHAMAS» AO CINETEA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
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UXE «DEFINITIVAMENTE ATRO LOULETANO
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Cineteatro Louletano assistiu, de 19 a 21 de janeiro, a «Definitivamente as Bahamas», uma peça do dramaturgo inglês Martin Crimp escrita, em 1986, para três atores de duas gerações distintas, nomeadamente, um casal sexagenário protagonizado por Custódia Gallego e Marques d’Arede, e a estudante originária da Galiza, pela jovem atriz galega Cristina Gayoso Rey, em mais uma entusiasmante produção do Teatro do Eléctrico. Os reformados Tita e Gui, casados há décadas, falam-nos na sala de estar da sua residência, sendo que alugam um ALGARVE INFORMATIVO #420
quarto a uma jovem estudante, que de vez em quando cruza a cena para pouco mais do que atender o telefone, mas cuja presença põe em cheque toda a normalidade que se tenta fabricar na descrição do quotidiano. “Tendo sido
originalmente escrita para a Rádio, a peça contém uma forte carga irónica e de humor negro, servida num ritmo vertiginoso e fervilhante. A dinâmica textual entre as personagens convida o espectador a entrar nesta sala de estar, onde, próximo dos protagonistas, fará um trabalho de detetive para preencher os vazios que as personagens deixam e compreender que a leveza do tom 84
e aparente superficialidade pode esconder algo mais preocupante e grave”, explica o encenador Ricardo Neves-Neves. “Apesar de estarmos perante um retrato da morbidez e maldade humanas, às vezes realista, às vezes caricatural, sabemos, tanto pelo que é dito, como pelo que é não dito, que não podemos descansar sobre a aparência inofensiva das personagens”, acrescenta o quarteirense. Ainda segundo o encenador, apesar de escrita há mais de 30 anos,
“encontramos hoje uma relação com o discurso centrado nas questões da migração e dos choques culturais, resultando
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numa posição excessiva e alarmista sobre a presença do Outro nas nossas vidas, mas, acima de tudo, no nosso discurso e imaginário”. “A peça ganha agora um significado renovado com a ascensão dos nacionalismos, do populismo e da xenofobia. Embora escrita no período em que o Reino Unido era um estado membro e pilar importante da União Europeia, percebe-se que a peça se ergue em cima dos mesmos alicerces do pensamento individualista sobre a soberania política que levou, por exemplo, ao Brexit, mais de três décadas depois da sua estreia”, refere Ricardo Neves-Neves .
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ASSOCIAÇÃO GRUPO DOS AMIGO MAIS UM ENCONTRO DE JANEIRA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
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OS DE LOULÉ PROMOVEU AS E CHAROLAS
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Cineteatro Louletano acolheu, no dia 28 de janeiro, mais uma edição do Encontro de Janeiras e Charolas, uma iniciativa da Associação Grupo dos Amigos de Loulé que teve como objetivo celebrar o Deus Menino, os Pastorinhos e os Reis Magos. Neste encontro de partilha musical participaram o Grupo de Janeiras da AGAL (Rancho Infantil e Juvenil de Loulé), a Charola das Barreiras Brancas – AGAL, o Grupo de Janeiras do Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere, a Charola Aldeia Branca de Estoi, a Charola da Casa do Povo da Conceição de Faro e o Grupo Coral da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, perante uma plateia entusiasta e bem disposta.
dos cânticos natalícios, bem como das canções ligadas ao Ano Novo e aos Reis, no cancioneiro popular português e, em particular, na tradição oral algarvia. Ainda que seja uma tradição ameaçada pela menor ligação das jovens gerações aos costumes tradicionais, há quem insista em preservar a memória e os cantares que em tempos idos ecoavam pelas ruas, batendo às portas e ecoando pelas varandas. As Charolas e as Janeiras teimam, por isso, em fazer-se ouvir, do interior ao litoral, um símbolo da fé religiosa ainda fortemente enraizada, mas não só, apoiadas pela vontade popular e pelo prazer do convívio e ainda pelo desafio que é manter quentes os corações dos populares, dos mais jovens aos mais velhos. E tudo isto foi possível constatar, ao vivo, no palco do Cineteatro Louletano nesta tarde de domingo .
É sobejamente conhecida a importância ALGARVE INFORMATIVO #420
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CHOQUE FRONTAL AO V OUTRA VEZ, AGORA COM Texto: Daniel Pina| Fotografia: Vera Lisa
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VIVO ESGOTADO, M LUÍS CAPITÃO
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primeira edição de 2024 do programa Choque Frontal ao Vivo, da Alvor FM Rádio, aconteceu, a 25 de janeiro, no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, perante uma plateia completamente esgotada para escutar o músico Luís Capitão. Luís Capitão iniciou a sua jornada musical aos 8 anos com os estudos em guitarra clássica. Mais tarde, aventurouse por caminhos mais distorcidos com a guitarra elétrica e participou em diversos projetos musicais, incluindo ser vocalista e guitarrista dos saudosos YAGMAR. ALGARVE INFORMATIVO #420
Além disso, também teve oportunidade de produzir e colaborar com artistas de renome internacional: em Angola com Elenco da Paz e Yuri da Cunha; em Espanha com a rapper ELVIRUS; e na India com Kali. Uma noite de nota máxima, como já vem sendo hábito nestas produções de Ricardo Coelho e Júlio Ferreira, e que terá os próximos episódios, sempre às 21h, no Pequeno Auditório do TEMPO, nos dias 15 de fevereiro, com os Entre Aspas para celebrar o 7.º aniversário do Choque Frontal ao Vivo, prosseguindo, depois, a 14 de março com Carlos Alberto Moniz, a 11 de abril com Almatriz e, a 16 de maio, com Riding a Meteor . 110
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Nonagésima segunda tabuinha - Joelho (XXV) Ana Isabel Soares (Professora) alevala é das epopeias tradicionais mais recentes feitas na Europa: foi gizada pelo médico Elias Lönnrot que, entre 1833 e 1853, viajou pela região da Carélia (a zona do Leste central da Finlândia, que hoje confina com território russo) e por ali reuniu e fixou textos que passavam de geração em geração quase apenas oralmente. Eram cantigas, cantos e rezas, lengalengas populares, adivinhas e feitiços, toda a sorte de encantamentos quantas vezes guardados na memória familiar, na tradição caseira, entre comunidades que a eles recorriam quer para passar o tempo nos longos invernos, para divertir as brancas noites estivais, ou mesmo para cumprir funções curativas de males do corpo ou de maleitas da alma. Coligidos os milhares de versos que ouviu contados e cantados a acompanhar a toada cristalina do kantele, uma pequena harpa tocada em cima de um banco ou de uma mesinha, Lönnrot publicaria os cancioneiros intitulados Kanteletar (o nome designa a coleção de poemas para kantele e tem um sufixo feminino, como se quisesse dizer «a irmã do kantele»), a par de uma epopeia escrita em cinquenta cantos, uma sequência de narrativas sobre um punhado de heróis a que deu ALGARVE INFORMATIVO #420
coesão e que ligou em ciclos e laços de ajuda ou inimizade, e à qual chamou Kalevala, ou o povo de Kaleva (nome que, por sua vez, se refere a um antigo líder dos povos da região que hoje ocupa a Estónia e parte da Finlândia). Aquilo que o médico folclorista compôs em Kalevala foi uma história a partir de várias camadas de histórias anteriormente isoladas. Um dos debates literários que continuam a suscitar investigação e alguma discórdia procura saber em que medida Lönnrot se pode considerar autor dos versos, ou até que ponto terá interferido na costura das narrativas, (sobretudo no que diz respeito a atitudes religiosas que, lendo o conjunto dos cantos, se mostram incongruentes e permitem perceber as épocas em que os textos compósitos terão tido origem). Uma coisa é certa: Elias Lönnrot trabalhou no sentido de possibilitar a fluidez da leitura, por vezes fazendo de excertos separados narrativas congruentes e de histórias protagonizadas por personagens diferentes momentos da vida de um só protagonista. O grande herói de Kalevala é o velho sábio Väinämöinen, um ser semi-divino capaz de amaldiçoar os inimigos, salvar aqueles de quem gosta ou de quem precisa, com saberes de curandeiro e principalmente dotado e famoso pela sua arte musical: ele é, de 116
Foto: Vasco Célio
todos, o melhor tocador de kantele. Em quadros, desenhos e esculturas famosas, a sua figura é representada com longas barbas brancas, sentado a tocar o kantele, que segura sobre os joelhos. Percebe-se, pois, a sua aflição quando, no canto IX da epopeia, recorre a um outro curandeiro para o ajudar a estancar os «sete barcos de sangue» que lhe jorram do joelho: o machado com que construía um barco feriu-o e Väinämöinen precisa de se restabelecer – nem que seja para sustentar o instrumento que tanta fama lhe dá . 117
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O empreendedorismo na CPLP: Um potencial a explorar Fábio Jesuíno (Empresário) Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional com nove países de língua portuguesa. Com mais de 260 milhões de habitantes e um PIB de cerca de 4,5 trilhões de dólares, a CPLP apresenta um vasto potencial para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. O empreendedorismo é um dos principais propulsores do desenvolvimento social, ao gerar empregos e fomentar a inovação. Nos países da CPLP, o empreendedorismo tem um papel de grande importância, pois pode ajudar a reduzir as desigualdades sociais, estimulando o desenvolvimento sustentável e promovendo a integração regional. As oportunidades para o desenvolvimento do empreendedorismo na CPLP são vastas. Os países membros dispõem de um mercado potencial com mais de 260 milhões de pessoas, destacando-se uma significativa proporção de jovens em crescimento. Além disso, com uma economia em expansão e um considerável potencial para o desenvolvimento de novos
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negócios, a região apresenta-se como um terreno fértil para empreendedores. Um fator relevante para o desenvolvimento do empreendedorismo na CPLP é o acordo de livre circulação de pessoas, bens e serviços. Esta medida simplifica a criação e o desenvolvimento de negócios entre os países membros, promovendo uma maior fluidez e cooperação económica na comunidade. Apesar das oportunidades, o empreendedorismo na CPLP depara-se com grandes desafios. A falta de infraestruturas surge como um dos principais obstáculos e os países membros da CPLP ainda têm um nível de desenvolvimento económico e social desigual. Estas situações vão dificultar o acesso aos recursos necessários para o sucesso dos negócios. Na minha perspetiva, outro desafio significativo é a escassez de cultura empreendedora. Em alguns países, ainda persiste uma preferência pelo emprego formal, dificultado o aparecimento de novos negócios e iniciativas empreendedoras. O empreendedorismo apresenta um potencial significativo para contribuir para o crescimento económico e desenvolvimento social da CPLP. Os 118
países membros estão a realizar investimentos contínuos na melhoria das infraestruturas e do acesso a financiamento, ao mesmo tempo que trabalham ativamente na redução da burocracia e da corrupção. A CPLP é uma região com uma grande diversidade de recursos naturais, culturais e humanos. Esta variedade proporciona inúmeras oportunidades para o empreendedorismo. Aqueles que estão dispostos a explorar essas oportunidades podem encontrar um mercado promissor na CPLP . 119
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Guerra da Água João Ministro (Engenheiro do Ambiente e empresário) omeçou uma guerra no Algarve. Não de contornos militares, obviamente, mas de pressão e possessão pela Água. Uma forte disputa entre facções da sociedade algarvia está em curso pelo acesso, uso e consumo deste elemento. E as «batalhas» vão-se desenrolando com recurso a muita pressão mediática e demagogia e ao esgrimir de argumentos, justificações, meias-verdades e fundamentos infundados para assegurar o melhor quinhão desse precioso líquido cuja disponibilidade há ainda quem pense ser inesgotável. De um lado temos os agricultores do regadio, sempre ávidos de mais água, se possível barata, independentemente dos custos associados, sejam eles financeiros, ambientais ou sociais. Por outro, o turismo, esse organismo em constante crescimento. Enquanto se avança na efectivação de cortes no abastecimento (15% para o turismo), há campos de golfe em instalação e milhares de camas em construção (já agora, sabe quantos litros de água são consumidos na produção de betão? Fica um valor para reflectir: 200 litros por cada metro cúbico de betão (valor indicativo). Imagine agora que, para a construção de um modesto T2, são precisos cerca de 50 metros cúbicos de betão e que no Algarve há milhares de ALGARVE INFORMATIVO #420
casas turísticas em construção. É fazer as contas, como dizia alguém). Temos, por fim, os consumidores domésticos. O povo. Silencioso, apático. Excepto nas redes sociais. Aí sim, está vivo e interventivo. Mas, na realidade mundana, rotineira, do dia a dia, pouco se manifesta ou exige. Ouve e acata, sem compreender a dimensão do problema. Outros haverão, por ventura, mais preocupantes e aflitivos no imediato. Nesta já esperada luta, arremessam-se soluções e exigências, muitas das vezes sem qualquer fundamento técnico ou científico. Isso pouco interessa, pois na maioria das vezes essa vai contra as demandas dos grupos de pressão, nomeadamente dos agricultores. Querem nova barragem, mas aqui ao lado, em Espanha, os factos mostram que, mesmo com centenas delas, a carência de água continua gritante. Querem um transvase desde o norte do país. Mas quem pagará os milhares de milhões que tal obra implicaria? Na vizinha Espanha, mais uma vez, o exemplo é bem elucidativo: o transvase do Tejo ao rio Segura, com cerca de 300 quilómetros, custou a módica quantia de 900 milhões de euros e é pleno de críticas e ineficiências, como referem alguns investigadores que estudaram este projecto a fundo. Uma das principais prende-se com o preço final da água, altamente subvalorizado à custa de 120
subsídios. Subsídios esses que serviram para aumentar muito a área de regadio. Ou seja, ao invés de resolver os problemas das carências de água, esta gigantesca obra ainda contribuiu para a sua ampliação. No mesmo sentido vai a afirmação do presidente da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos que, numa recente entrevista, salienta que este tipo de soluções podem, e cito: “criar uma ilusão de abundância de água”. A razão pelos direitos da Água vai obrigar a uma forte persistência de contra-argumentação por parte de uma outra facção aqui em jogo: aqueles que 121
querem ver uma gestão racional, sustentável, responsável e harmoniosa da água no Algarve. Aqueles que entendem, como ponto de partida, que a Água é um bem cada vez mais limitado e que é preciso ajustar o modelo de desenvolvimento da região a essa realidade. E que, ao invés de centenas de milhões numa nova barragem ou nas designadas «auto-estradas» hídricas, se invista no aproveitamento das águas residuais tratadas para uso na agricultura, no turismo e espaços urbanos, e na eliminação das perdas urbanas e agrícolas ainda vigentes nos sistemas de distribuição. Será assim tão difícil? . ALGARVE INFORMATIVO #420
Pezinhos de gueixa Sílvia Quinteiro (Professora) os meus olhos a minha mãe foi sempre uma figura mágica. Uma deusa. Olhava-a com espanto renovado todos os dias. Achava-a altíssima, com o seu 1,60m. Esplendorosa. Ela era doce. Eu feliz por ela ser minha. O meu grande sonho, ser como ela, claro está. A fotografia que tenho à minha frente lembra-me esse desejo. Aqui estou eu. Não mais de 7 anos. Enfiada nuns sapatos de salto vermelhos escuros a imitar pele cobra. Uma mala da mesma cor ao ombro. Rouge, sombra e batom suficientes para maquilhar a vizinhança inteira. Unhas e dedos besuntados de verniz. Uma pose digna de capa da Vogue. No ar, a inevitável ameaça de levar umas boas palmadas no rabo, se voltasse a tocar na maquilhagem e um “Logo calças sapatos de salto quando fores grande!”. Olho-me. Recordo as palavras e esboço um sorriso. Não estou segura de alguma vez vir a ser suficientemente grande para encher os sapatos da minha mãe. Continuo a observar a fotografia. Tento encontrar pormenores que me tenham escapado. Enquanto isso, na sala ao lado, conversa-se sobre mais um escândalo político. Esta conversa faz o meu pensamento derivar para a quantidade de pessoas que, tal como eu nesta fotografia, ALGARVE INFORMATIVO #420
tenta, sem sucesso, calçar os sapatos dos crescidos e ficar igual a eles. Penso em como cargos anteriormente ocupados por pessoas de grande valor, sérias, bemformadas e bem preparadas, na sua ausência, se transformaram em enormes sapatos que não encontram um pé capaz de os encher. Homens e mulheres muito pequeninos. Pezinhos minúsculos. Trepam como podem para dentro desses sapatos e aí, uma vez instalados, usam o poder que lhes foi confiado da única forma que sabem. Trocam favores, usando recursos que não lhes pertencem, alteram e manipulam as regras do jogo, de modo a favorecerem-se a si próprios, à família, aos amigos ou a quem lhes possa devolver o jeitinho mais tarde. Subornam, aceitam subornos, viciam concursos, inventam cargos, comissões, departamentos inteiros, ministérios, se necessário… Homens e mulheres muito pequeninos. Pezinhos minúsculos. Espalham pegadas ínfimas no tamanho, porém gigantes nos estragos que causam um pouco por todo o lado. Nada escapa: política, academia, empresas, serviços... Cargos magníficos. Mas pezinhos de gueixa. Gente que se olha ao espelho e se deleita com a grandeza que vê à sua frente. Ah, as ilusões de ótica! São tramadas! E quando se dá pelo engano, já os sapatos não têm remédio, partiram-lhes a alma.
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Poderíamos imaginar que ao conseguirem entrar nos sapatos, tentariam, como eu na foto, assumir uma pose à altura. Dignificá-los. Mas não. Pelo contrário. Ali chegados, encolhem. A sua pequenez evidencia-se. Não há como disfarçar. Cobrem-se do ridículo das expressões faciais com que simulam indignação, quando confrontados com os seus atos. Esqueceram-se, não sabem, não têm nada a ver com isso. Foi tudo feito dentro da legalidade. E se não foi, a culpa é seguramente do malandro do assistente operacional ou da secretária. Uns abusadores!
inúteis. Exibem no seu topo, à vista de todos, a penúria intelectual, a incompetência, a ausência de escrúpulos e de carácter. Os pezinhos de gueixa são uma praga que alastra e espalha uma pequenez doentia e contagiosa. Tristemente medíocres, diminuem tudo aquilo em que tocam: pessoas, instituições, nações... Apequenam-nos a todos. Envergonham-nos. Mas sejamos otimistas. Afinal de contas, não foi para isso mesmo que se fizeram as cunhas? Para encher os vazios, vedar as fendas, ajustar os encaixes e fazer parecer que está tudo bem? E, convenhamos, é bem mais fácil encontrar uma boa cunha do que ser grande .
Os sapatos, anteriormente bonitos e elegantes, são agora disformes, pesados, 123
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Uma luz em tempo de trevas Dora Gago (Professora) “A leitura é o milagre fecundo de uma comunicação no interior da solidão” Marcel Proust, Sobre a Leitura, Trad. Miguel Serras Pereira, Ed. Antígona, 2020 stou prisioneira nas garras do quotidiano como um insecto numa teia. Uma teia inflexível, transparente, onde é difícil balançar, não se movendo sequer para transmitir a ilusória sensação de liberdade. É através da leitura e da escrita que vou tentando ludibriar este estado que se prolongará não sei até quando. Agora, aqui neste momento, o palco de liberdade é a sala de espera do hospital, em Évora. Estou sob o comando de uma voz e de um ecrã verde, de onde escorrem números de senhas e de gabinetes de atendimento. Desenterro o livro de bolso adormecido no fundo da minha mala. Há sempre um a habitá-la, assíduo e paciente, ao contrário da garrafa de água, por vezes esquecida, na bancada da cozinha. Leio as primeiras páginas de Neverness, edição de bolso, de Ana Teresa Pereira e sou transportada para Inglaterra, para um reino de infância e nevoeiro. Imediatamente evoco outros nevoeiros lidos e vividos, nomeadamente a mudança climática verificada na zona do Alentejo onde vivo, após a construção da barragem do Alqueva que incrementou ALGARVE INFORMATIVO #420
fortemente as manhãs de nevoeirentas que antes rareavam. E também, claro, os nevoeiros de Macau, feitos de uma neblina tóxica que, sobretudo no Inverno, embrulhavam toda a realidade, deixando transparecer apenas formas pouco definidas. E recuo ainda a outros nevoeiros, aos da infância, dos mistérios, aos da literatura, da Mensagem de Fernando Pessoa: “Portugal, hoje és nevoeiro”. Mais actual do que nunca. A minha mente divaga como cavalo sem freio, galopando sem limites entre tempos e espaços. Sim, é isto que a leitura faz em nós: planta sementes, condensa ou expande o tempo, dilata o espaço e os horizontes, alarga-nos o universo. E sinto uma pena enorme de quem não tem capacidade de sentir isto, de quem não sabe o que é habitar uma página polvilhada de letras, como se fosse a cobertura de um bolo inesgotável (que além do mais, não nos engorda o corpo), saindo dela maior e mais rico. Lamento, sobretudo, a enorme dificuldade que há em transmitir esta necessidade, esta paixão aos alunos, aos mais jovens. Acima de tudo, importa mostrar-lhes como a leitura nos afaga nos momentos de solidão, nos distrai no tédio de uma sala de espera num hospital, nos faz viajar para sítios que jamais visitaremos 124
(ou que descobrimos renascidos se os chegarmos a visitar), nos faz viver milhares de vidas muito além da nossa. Acima de tudo, urgiria revelar-lhes um segredo: há uma arte que constrói mundos paralelos ao nosso, permitindo entender a realidade ou até fugir dela, enraizada naquilo que de mais profundo habita a natureza, a alma humana. Através dela, conhecemos mundos, vidas edificadas desde o início dos séculos, a cruzar culturas e civilizações, 125
desvendando esculturas de nevoeiro. Liberta-nos dos mais diversos espaços de tédio, de confinamento, de aborrecimento, a começar e a acabar nas garras do quotidiano, nas salas de espera de consultórios, hospitais ... O seu nome é Literatura. E ler, como referiu Proust, “é acender um milagre profundo, em tempos de trevas, onde a luz nunca foi tão necessária” .
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #420
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