REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #436

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ALGARVE INFORMATIVO

1 de junho, 2024

DANÇA SOLIDÁRIA ENCHEU TEATRO LETHES

#436 FESTIVAL EMRAIZARTE EM LAGOS | «GUIÃO PARA UM PAÍS POSSÍVEL» E «ITER HUMANITATIS» EM LOULÉ «TERRA DE MAIO» NO AZINHAL | NÚCLEO MUSEOLÓGICO CASA MANUEL TEIXEIRA GOMES EM PORTIMÃO

ÍNDICE

Terra de Maio - Feira da Cabra no Azinhal (pág. 22)

Casa Manuel Teixeira Gomes vai ter núcleo museológico (pág. 32)

Walking Festival Ameixial (pág. 40)

«Iter Humanitatis» no Cineteatro Louletano (pág. 52)

Dança Solidária no Teatro Lethes (pág. 68)

«Guião para um país possível» no Cineteatro Louletano (pág. 88)

Festival EmRaizArt em Lagos (pág. 98)

OPINIÃO

Ana Isabel Soares (pág. 108)

Fábio Jesuíno (pág. 110)

MUSEU DE VILA DO BISPO

– CELEIRO DA HISTÓRIA

Integrado no perímetro urbano de Vila do Bispo, conserva-se um edifício que mereceu, pela sua importância no Passado e potencial no Presente, ser revalorizado enquanto inédito equipamento sociocultural para o Futuro. Os «Celeiros» das extintas

Federação Nacional dos Produtores de Trigo (FNPT) e da Empresa Pública de Abastecimento de Cereais (EPAC) foram originalmente construídos na década de 1950, para armazenamento de cereais pelos produtores locais no âmbito da

Campanha do Trigo, estratégia agrícola nacional iniciada em 1929, época em que Vila do Bispo passou a ser reconhecida como o «Celeiro do Algarve».

Em boa-hora, passados cerca de 70 anos, a Câmara Municipal de Vila do Bispo propôs-se dignificar o antigo edifício dos Celeiros de Vila do Bispo, reabilitando esta emblemática arquitetura de arqueologia industrial num renovado equipamento museológico: o Museu de Vila do Bispo – Celeiro da História.

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CONTEÚDO PATROCINADO

Preservando na íntegra a marcante arquitetura pré-existente, o nosso Museu inclui uma narrativa expositiva / interpretativa acerca da herança coletiva do Concelho de Vila do Bispo e da própria região barlaventina do Algarve, desde a sua fundação geológica, aos paleontológicos icnofósseis de incríveis dinossauros, aos mais remotos vestígios culturais de presença humana identificados pela Arqueologia, passando pela História e pelos seus acontecimentos e personagens, pela Arqueologia Subaquática dos naufrágios e das

batalhas navais, pela riqueza e singularidade da Biodiversidade Local e, claro, pela memória etnográfica das «Gentes do Cabo» e da sua mística finisterra de mar feita.

Abrindo portas no dia 20 de janeiro de 2024, o nosso Celeiro da História abraçou uma inédita missão enquanto sede de investigação, conservação, valorização e divulgação do riquíssimo e particularmente diversificado Património Local, estendendo a sua ação aos envolventes contextos paisagísticos

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através da aplicação BispoGO – Museu da Paisagem.

Repositório da Memória Coletiva do Concelho de Vila do Bispo e das suas gentes, fórum da Comunidade Local e espaço de boas-vindas a quem visita o território, o Museu de Vila do Bispo –Celeiro da História assume-se como um

projeto genuinamente participativo e inclusivo, de todos e para todos... visitenos e embarque numa maravilhosa máquina do tempo !!!

Este equipamento cultural é fruto de um investimento superior a 2 milhões e 900 mil euros e foi financiado em 1 milhão e 981 mil euros pelo Programa CRESC ALGARVE 2020.

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Contactos:

Morada: Sítio das Eiras, 8650-405 Vila do Bispo

Telemóvel: +351 927 193 677 (chamada para a rede móvel nacional)

E-mail: museu.celeirodahistoria@cm-viladobispo.pt

Coordenadas GPS: Lat: 37.085774 Lng: -8.911462

Bilheteira:

- 5,00€ (tarifa normal);

- 2,50€ (tarifa com 50% de desconto*): jovens dos 13 aos 17 anos | visitantes com idade igual ou superior a 65 anos | Cartão de Estudante | Cartão Jovem | portador de deficiência (incapacidade igual ou superior a 60%) + 1 acompanhante | família, desde que constituída, pelo menos, por quatro elementos em linha de parentesco ascendente ou descendente | outras situações abrangidas por protocolo ou acordo celebrado entre o Município de Vila do Bispo e entidades de natureza cultural, educativa, científica ou outra;

- 4,00€ (tarifa com 20% de desconto*): grupos organizados (25 ou mais bilhetes);

- Entrada gratuita*: consultar condições na bilheteira do Museu.

* A concessão de tarifas reduzidas e gratuitidades está sujeita a acreditação na bilheteira, mediante a apresentação do documento oficial correspondente a cada caso, válido e atualizado.

Horário de abertura ao público: Terça-feira a domingo - 10h00 às 18h00

Encerrado à segunda-feira | 1 de janeiro (Ano Novo) |Domingo de Páscoa (data móvel) |1 de maio (Dia do Trabalhador) | 25 de dezembro (Natal)

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Sabores e saberes em evidência no Azinhal, em mais uma

Terra

de Maio – Feira da Cabra

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Município de Castro Marim Centro Multiusos do Azinhal voltou a ser o epicentro da Terra de Maio – Feira da Cabra, entre 24 e 26 de maio, num evento que voltou a promover os saberes e sabores da Cabra de Raça Algarvia.

O primeiro dia de animação e festividades nesta aldeia do concelho de

Castro Marim começou com a inauguração do Núcleo Experimental da Queijaria do Azinhal e Promoção dos Produtos Endógenos, que vai dar à Associação Nacional dos Criadores de Caprinos da Raça Algarvia a oportunidade de apostar na cura do queijo e produção de outros derivados como o iogurte. A noite encerrou com a primeira cabeça de cartaz deste evento, a cantora portuguesa Micaela, seguida do «Grupo +2».

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O segundo dia da «Terra de Maio» começou com um seminário sobre temas como a rede de defesa da floresta contra incêndios, a nova gestão do regadio, as fruteiras tradicionais do Algarve, as atividades de produção primária e pequena indústria, a criação de sistemas alimentares sustentáveis e a Rede de Apoio à Inovação Rural Andaluzia –Alentejo – Algarve. Outro dos pontos altos deste dia foi a sexta edição do Maior Queijo de Cabra de Raça Algarvia, além da atuação do Rancho Folclórico do Azinhal e do concerto de Buba Espinho, que encheu o recinto.

O último dia iniciou-se com um passeio informal de motorizadas antigas, seguido do concurso de Cabra de Raça Algarvia,

que premiou os melhores exemplares. Após um baile com «Acordeanima», o cantor popular português José Malhoa subiu ao palco para animar todos os presentes e encerrar a Feira da Cabra em grande. Showcookings, demonstrações equestres, bailes, exposição de animais, espaço infantil, feira de produtos regionais, demonstrações de artesanato, passeios de burro, tiro com arco, workshops e ateliers também fizeram parte da programação deste ano.

A «Terra de Maio» afirma-se como uma distinta e genuína feira de produtos com valor acrescentado, do mar à serra, deste Algarve que tanto tem para oferecer além de sol e praia, e foi uma organização da Câmara Municipal de Castro Marim e Junta de Freguesia de Azinhal.

Casa Manuel Teixeira Gomes vai ter Núcleo Museológico para dignificar ainda mais este ilustre

portimonense

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina or ocasião do 164.º aniversário do nascimento do estadista Manuel Teixeira Gomes, a casa onde nasceu o ilustre portimonense assistiu, no dia 27 de maio, à apresentação pública do projeto arquitetónico do futuro Núcleo Museológico Casa Manuel Teixeira Gomes, da responsabilidade do arquiteto Marco Rodrigues. Seguiu-se um recital com o grupo Cklavi Trio e a visita à exposição «Teixeira Gomes – Portimão

nos Alvores do Século XX», composta por cinco painéis que estão patentes numa das paredes da Rua José Libânio Gomes.

Quando o núcleo museológico abrir portas, será possível expor parte do acervo do distinto portimonense, bem como realizar conferências, concertos e outras sessões de divulgação da sua vida e obra, ficando na dependência da Divisão de Museus e Património do Município de Portimão. “Teixeira Gomes nasceu precisamente nesta

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casa e estou particularmente feliz porque a Câmara Municipal de Portimão soube recuperar esta património, adquirindo uma parte que era propriedade de um particular, e permitindo que a Casa venha a ter novas valências”, referiu José Alberto Quaresma, Diretor Científico da Casa Manuel Teixeira Gomes. “O Museu de Portimão criou linhas orientadoras, uma espécie de préguião que vai definir os percursos que queremos dar a conhecer sobre o Manuel Teixeira Gomes e as suas múltiplas facetas nos diferentes espaços da casa”, adiantou, por sua vez, Isabel Soares, Chefe da Divisão de Museus e Património do Município de Portimão.

O futuro núcleo museológico vai ter espaços públicos interiores, uma exposição de referência naquela que era a casa de Manuel Teixeira Gomes, e salas polivalentes e multifuncionais para exposições temporárias no edifício anexo que era a antiga Talha. A cozinha será um palco privilegiado para workshops sobre frutos secos, os espaços exteriores serão de convívio e confraternização, mas também para atividades do serviço educativo, haverá um núcleo de investigação e gabinetes técnicos e administrativos. “Tivemos o cuidado de estudar como eram os espaços originais para se saber aquilo que o arquiteto deveria preservar e valorizar, de modo que alguns não serão modificados e outros serão adaptados às suas funcionalidades. Tem que haver

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um casamento entre a arquitetura e o projeto museológico”, frisou Isabel Soares.

O projeto arquitetónico, conforme referido, está a cargo do portimonense Marco Rodrigues, e resulta de um trabalho conjunto entre a Câmara Municipal e o Museu de Portimão. “Uma das maiores vontades é que este conjunto edificado prestasse uma homenagem ao Manuel Teixeira Gomes, mas este projeto só é possível porque a autarquia adquiriu um conjunto de edifícios que foram depois demolidos para dar origem a uma nova via. Este tipo de intervenções altera bastante a forma como as pessoas vivem as suas cidades e esta

artéria que ligou o Largo do Dique ao Largo 1.º de Dezembro permitiu a criação de duas fachadas, o jardim ganhou mais vida e luz, os edifícios circundantes têm também um maior protagonismo e presença”, descreveu o arquiteto. “Abriu-se a cidade ao rio”, reforçou Marco Rodrigues, aproveitando para acrescentar que as palmeiras plantadas junto ao edifício são uma peça muito importante neste projeto. “Naquela época representava riqueza, todas as casas abastadas tinham uma palmeira à entrada, e isto tem a ver com a faceta comerciante do Manuel Teixeira Gomes, mas é também uma referência a África,

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onde ele passou os últimos anos de vida”.

No 164.º aniversário do nascimento de Manuel Teixeira Gomes, Álvaro Bila, presidente da Câmara Municipal de Portimão, mostrou-se satisfeito com a apresentação de um projeto que vai dignificar ainda mais este portimonense. “É este legado que queremos deixar às nossas gerações futuras. Temos que trabalhar para preservar a nossa cidade, o nosso concelho, e é com obras destas que podemos dar um novo brilho a Portimão. Teixeira

Gomes diz-nos muito, vai continuar a dizer-nos, e o edifício da Alfandega também já é do município e vai fazer parte deste núcleo museológico”, revelou o edil portimonense.

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Natureza para todos os gostos

A Aldeia do Ameixial, e áreas vizinhas, foram, nos dias 26 a 28 de abril, o epicentro da celebração da natureza, com a realização da 11.ª edição do WFA – Walking Festival Ameixial, organizado pela Proactivetur, em parceria com o projeto Estela, e promovido pela QRER – Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade.

Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto/QRER que pode ter em comum uma sessão de Yoga, uma oficina de dança, uma conversa com uma viajante e fotógrafa, intercalada com uma viagem de carros de rolamentos, e tudo isto recheado com uma oferta de inúmeras caminhadas pelas redondezas do

Ameixial, desde as mais radicais ou exigentes, até às familiares e divertidas para os mais novos? E tudo isto durante três dias em plena Serra Algarvia.

A resposta é simples: Walking Festival do Ameixial ou, mais conhecido pela sua sigla, o WFA. O evento reúne sobretudo amantes da natureza e essencialmente das caminhadas, mas é muito mais do que isso, sendo um ponto de encontro

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anual para um conjunto de pessoas que partilham deste gosto comum de regressar às coisas simples da vida, como caminhar, desfrutar da paisagem e também aproveitar para meter alguns quilómetros nas pernas, em percursos

que não se sentiria tão motivada(o) a fazer sem guia e a dinâmica de grupo.

Além das caminhadas, o WFA ofereceu um vasto leque de atividades para todas as idades e interesses que foram uma

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excelente oportunidade para aprender mais sobre temas como a sustentabilidade, a fauna e flora locais. Outro dos pontos fortes do evento são as atividades para crianças e famílias. Desde o Yoga do riso, ao Teatro e Natureza ou

às mais desportivas, trazidas pela Divisão de Desporto da Câmara Municipal de Loulé, envolvendo carrinhos de rolamentos, patinagem e jogos de destreza física, os mais novos não têm razão para ficar aborrecidos no Ameixial.

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O Walking Festival não é apenas uma celebração da natureza e cultura serrana, mas também um exemplo de turismo sustentável. Ao promover a visita a áreas rurais menos exploradas, o festival contribui para o desenvolvimento local, ajudando a dinamizar a economia da zona envolvente, através dos seus recursos e belezas naturais. Além disso, a organização do evento tem um forte compromisso com práticas sustentáveis, incentivando a utilização de transportes gratuitos durante o evento, a redução de resíduos e a proteção do meio ambiente.

Apesar do constrangimento do alojamento, a organização tem vindo a contornar a questão com a montagem de uma área de Glamping (um campismo com glamour e conforto) para permitir que os participantes tirem partido de toda a oferta do evento, que também tem atividades noturnas, desde as

caminhadas, ao muito requisitado baile de Danças do Mundo no sábado à noite. A pernoita no local permite também atrair um público de fora da região e até mesmo do país que já começa a marcar as suas férias a pensar no Festival do Ameixial.

Este ano foi reativada a marca Algarve Walking Season, uma aposta do Turismo do Algarve para promover o mercado das caminhadas como produto turístico, voltando o WFA a integrar o calendário dos eventos de caminhadas, a par dos quatro festivais de caminhadas que existem actualmente na região: o Caminheiros – Experiências na Fronteira, que decorreu em Alcoutim de 15 a 17 de março; o Walk & Art Fest, no Barão de São João, em Lagos, de 1 a 3 de novembro; e o Festival de Caminhadas de Monchique, que encerra a temporada de 29 de novembro a 1 de dezembro de 2024.

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Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

PROJETO DE DANÇA E AMBIENTE ODS AO PALCO

DO CINETEATRO

AMBIENTE LEVOU OS CINETEATRO LOULETANO

ITER

HUMANITATIS –

Dança Inclusiva e Ambiente subiu ao palco do Cineteatro Louletano, no dia 8 de maio, para a apresentação pública final deste projeto de Dança e Ambiente, Arte-Educação de/e para a comunidade do Centro Ambiental de Loulé, baseado nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. Os protagonistas foram os 24 alunos de uma turma do 4.º ano da escola EB1 N.º 4 de Loulé, juntamente com 4 utentes da UNIR – Associação dos Doentes Mentais, Famílias e Amigos do Algarve e 15 alunas da Companhia de Dança Sénior de Loulé, que começaram os ensaios no início do ano letivo 2023/2024, tendo sido também convidados a participar e a integrar este espetáculo alunos do Estúdio da Bordeira (Faro) e da Associação de Músicos de Faro, num total de 80 bailarinos

participantes em palco. A coreografia voltou a estar a cargo de Inês Mestrinho.

De acordo com a organização, o espetáculo tinha como propósito familiarizarmo-nos com os ODS, entender a sua importância para o futuro da Humanidade e do Planeta, encontrar nas nossas vidas individuais formas de colaborar e trabalhar para estes objetivos, para aquilo que consideramos ético, justo e realisticamente urgente para o bem de todos. “Pretende-se dar a conhecer os 17 objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas aos participantes, famílias e comunidade, e incentivar à reflexão e à ação, mas também salientar o poder que temos juntos, unidos por um ideal, por uma causa importante e necessária, e do poder da arte nessa mobilização e comunicação”, acrescenta Inês Mestrinho.

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DANÇA SOLIDÁRIA DE NADHIYAH

VOLTOU A ENCHER TEATRO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

NADHIYAH BELLYDANCE TEATRO LETHES

Teatro Lethes, em Faro, recebeu, no dia 19 de maio, a décima edição do espetáculo «Dança Solidária» promovido por Nadhiyah Bellydance, que levou a esta majestosa sala da capital algarvia mais um momento de partilha do amor pela dança. Com uma vertente solidária a favor da Rede Algarve de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico de Seres

Humanos, pelo palco passaram os bailarinos, artistas e alunos da AllDance Academy da professora Ana Oliveira, do Curso de Intérprete de Dança Contemporânea da Escola Secundária Tomás Cabreira da professora Ana Filipa Antunes, da Kat Shtefan Dance e do Estúdio Latino Funun, a par, claro está, das alunas da Nadhiyah Bellydance, num cocktail musical que muito agradou a assistência que praticamente esgotou o Teatro Lethes.

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50 ANOS DA DEMOCRACIA EM «GUIÃO PARA UM PAÍS

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

DEMOCRACIA REGISTADOS PAÍS POSSÍVEL»

o parlamento português, entre as bancadas dos deputados e a tribuna com membros do Governo, existe, exatamente a meio da sala, uma secretária sem nada à volta onde trabalham dois funcionários que têm a missão de transcrever tudo o que ali é dito. Através dos seus dedos, registam-se os discursos, as intervenções, os apartes, as insubordinações e até os gestos. São centenas de milhares de páginas que colocam no papel debates, assembleias constituintes, votações, avanços e recuos nos direitos sociais, laborais e humanos. «Guião para um País

possível» é o espetáculo que Sara Barros Leitão criou a partir destes registos, para contar os últimos cinquenta anos da nossa democracia, e que foi a cena, no dia 18 de maio, no Cineteatro Louletano.

Com Dramaturgia e Encenação de Sara Barros Leitão e interpretação de João Melo e Margarida Carvalho, a peça teve o apoio à residência da CRL – Central Elétrica e foi coproduzida por 23 milhas, Casa das Artes de Famalicão, Centro Dramático de Viana / Teatro do Noroeste, Teatrão, Teatro-Cine de Torres Vedras, Teatro Municipal Baltazar Dias, Teatro Viriato. O projeto foi financiado pela República Portuguesa e Direção Geral das Artes e contou com o Alto Patrocínio da Assembleia da República.

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FESTIVAL DE CIRCO & TEATRO

O PÚBLICO A HABITAR A FLORESTA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: EmRaizArt

TEATRO EMRAIZART DESAFIOU FLORESTA ARTISTICAMENTE

e 6 a 12 de maio, a edição de Primavera do Festival de Circo&Teatro –EmRaizArt

proporcionou uma experiência única para escolas e público em geral, sob a sombra dos sobreiros centenários no Cotifo, Quinta Velha, no concelho de Lagos. O Festival viveu a sua terceira edição Primavera, a primeira vez nesta época, com crianças e graúdos a verem e viverem o espaço de outra forma.

Os dias da semana foram inteiramente dedicados às escolas do concelho, que puderam fruir com a arte através do ver, apreciando espetáculos, e do fazer, com oficinas de circo, teatro, permacultura e construção criativa. Nos dias 11 e 12 de

maio, o EmRaizArt abriu as portas ao público em geral, com espetáculos e dinamizando também workshops matinais. Os aparelhos aéreos do circo foram destaque nestes dias, oferecendo aos participantes a oportunidade de «voar» e experimentar a emoção de serem «gaios atentos» em cima do trapézio. Dando continuação à reflexão iniciada na edição anterior, tiveram lugar duas conversas temáticas em torno da arte – bioconstrução e educação / criatividade – proporcionando um olhar perspetivado sobre o meio natural e na relação humana com o ato de criar.

O EmRaizArt, comprometido em promover o desenvolvimento sustentável dos territórios, encarou esta edição como mais uma oportunidade de realçar a importância de preservar e valorizar os espaços naturais e transformou a floresta

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num palco vivo, onde artistas de circo contemporâneo e teatro do Brasil, Portugal, Chile enriqueceram a diversidade e a riqueza cultural do evento e se cruzaram para trazer à vida performances deslumbrantes, respeitando e honrando o ambiente que os rodeia. O Festival contou ainda com áreas para a realização de piqueniques, zonas de jogos tradicionais e bar.

O evento foi apoiado pelo Governo de Portugal – Direção Geral das Artes e pelo Município de Lagos, com quem trabalha

em estreita parceria. São também parceiros do festival a Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, o Circo VagaMundo, o Laboratório de Atividades Criativas – Associação Cultural, a Fungo Azul – Associação Cultural, a Mãozorra Associação Cultural, a Livraria até a Lua, CAMA, bem como os dois Agrupamentos de Escolas do concelho de Lagos, Júlio Dantas e Gil Eanes, e os estabelecimentos de ensino particular Colégio de S. Gonçalo e Colégio Bambino.

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Nonagésima nona tabuinha - Ver cedo, ver longe

oi no estúdio da ArtAdentro, em Faro, que o Vasco Vidigal e a Ana André me deram a conhecer a arte de Henrique Pousão (18591884). Mesmo só através de reproduções, foi possível perceber a importância deste pintor, ainda hoje reconhecido pelas muitas obras que deixou – paisagens, sobretudo, mas também encantadoras figuras humanas, como a «Rapariga Deitada no Tronco de uma Árvore» (1883). Tinha Pousão 23 anos quando o pintou, em Capri, onde passou uma temporada a tentar curar a tuberculose que o haveria de matar no ano seguinte. Pousão começou a estudar Belas Artes ainda adolescente: tinha doze anos e levou a pintar todos os doze que a seguir viveu. Seria a curteza da vida, comparada com a grandeza da obra que deixou, o que me cativou? Seria aquele tom de incerteza em alguns traços («Rapariga Deitada...» é uma de muitas obras inacabadas), comparada com a segurança que se reconhece noutros (o retrato de Cecília!), o que me seduziu na obra de Pousão?

Mais de dois anos depois de a ter visto reproduzida em sites de museus ou em livros – há edições belíssimas de ensaios sobre a obra de Henrique Pousão, e um dos mais belos, editado pela Dafne, é uma coleção dedicada ao seu quadro «Esperando o Sucesso» (Vítor Silva,

Henrique Pousão: Infância, experiência e história do desenho, 2011) – pude ver ao vivo, entre tantas outras peças, a rapariga de Capri a descansar entre as árvores, gigante o quadro em relação à ideia que dele tinha. E vi, por fim, o travesso ciociaro de «Esperando o Sucesso», as piteiras frente às «casas brancas de Capri», a bela Cecília, o autorretrato, a série de flores e paisagens pintadas sobre pequenas tabuinhas, que era o que conseguia transportar sem grande esforço nos últimos meses de Itália. Vi-os no Museu Nacional de Soares dos Reis, onde entrei pela primeira vez com a esta linda idade de 53 anos. É difícil perdoar-me o atraso com que cheguei a este museu – ainda por cima, com visita guiada pelo generosíssimo Hugo Barreira (Professor na Universidade do Porto). Mas é o que há: a vida oferece e eu recebo, deliciada, estes presentes: se tive a sorte de já ter ultrapassado em alguns anos o dobro da idade que Pousão viveu, honroo, apreciando a beleza da sua obra. Parecem-me inevitabilidades, as telas que pintou: que a existência dele teve de ter aquele rasto, mesmo se cruzou com tanta brevidade os lugares que reconheço. Olhar para trás, para o trabalho de alguém que aqui esteve e daqui partiu, deixando herança tão poderosa, faz-me perceber o que significa ver longe, vislumbrar a maravilha que é o mundo, sabendo fazê-lo, desde logo, como se tivesse quase à nascença a distância que só a longevidade costuma permitir.

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Foto: Vasco Célio

A importância da gestão profissional das redes sociais

Fábio Jesuíno (Empresário)

um mundo cada vez mais digital e conectado, onde a internet se torna cada vez mais acessível a nível global e as redes sociais se afirmam como os principais meios de comunicação, é fundamental adaptarmo-nos a estas novas realidades.

Este novo mundo impõe novos desafios e oportunidades, tanto para indivíduos como para empresas, exigindo uma constante adaptação e atualização para acompanhar as tendências tecnológicas e sociais.

As redes sociais tornaram-se ferramentas essenciais para o marketing, permitindo às empresas e marcas uma forma direta de se ligarem com o seu público-alvo, construir relacionamentos, promover produtos e serviços e alcançar os seus objetivos. Mas, havendo uma crescente saturação de conteúdos das redes sociais e com o aumento da concorrência, gerir as redes sociais de uma forma eficaz e com resultados positivos, tornou-se um grande desafio.

Para ter sucesso neste mundo altamente dinâmico, rápido e competitivo, as empresas e marcas precisam de uma estratégia de gestão de

redes sociais abrangente e bem definida, implementada por profissionais experientes e qualificados.

Visibilidade

As redes sociais oferecem uma plataforma poderosa para ampliar a visibilidade de uma empresa ou marca e alcançar um público amplo e segmentado. Através da criação de conteúdo relevante, permitindo aumentar os visitantes de um web site ou loja online, fortalecer a presença online e torná-la memorável e atrair novos seguidores e clientes potenciais.

Relacionamentos

Mais do que meros canais de divulgação, as redes sociais são pontes de comunicação direta com o público. Através de uma interação constante e autêntica, respondendo a dúvidas e comentários de forma ágil e eficiente, oferecendo suporte personalizado aos clientes, e humanizar a sua marca, criando um relacionamento de confiança com o público.

Reputação

As redes sociais permitem uma monitorização do que as pessoas estão a

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falar sobre a empresa ou marca, produtos e serviços, permitindo uma identificação de potenciais problemas e criar medidas proativas para os corrigir e proteger a reputação.

Tendências

As redes sociais são uma das principais fontes de dados sobre o público, o mercado e as tendências de uma determinada atividade. Através de análise e pesquisa de dados é possível obter informações valiosas sobre o comportamento do consumidor,

novidades do mercado, oportunidades e desafios.

Eficiência

A gestão profissional das redes sociais é uma ferramenta essencial e eficiente para o sucesso de todas as empresas ou marcas no mundo digital.

Uma estratégia bem definida e executada alcança bons resultados, aumenta a notoriedade, fortalece os relacionamentos com os clientes e aumenta a competitividade no mercado.

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DIRETOR:

Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924

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