NAS OFICINAS DO JAT TALENTO NÃO FALTA
ÍNDICE
110.º aniversário de São Brás de Alportel (pág. 24)
Dia Nacional do Pescador em Olhão (pág. 34)
Dia Nacional do Pescador em Portimão (pág. 46)
Moda Tavira 2024 (pág. 52)
Oficinas do JAT - Janela Aberta Teatro no Teatro Lethes (pág. 66)
«Face T(W)O» em Loulé (pág. 92)
SinCera regressa com «A Casa Amarela» (pág. 112)
OPINIÃO
Mirian Tavares (pág. 126)
Ana Isabel Soares (pág. 128)
Sílvia Quinteiro (pág. 130)
João Ministro (pág. 132)
São Brás de Alportel comemorou
110.º Aniversário com a saúde em destaque
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina concelho de São Brás de Alportel completou, no dia 1 de junho, 110 anos do seu nascimento com um programa constituído por iniciativas solenes, a habitual Festa da Criança, a tradicional homenagem ao fundador João Rosa Beatriz, a inauguração da exposição «São Brás de Alportel: Gentes e Memórias –Parte 2 – Origens» na Galeria Municipal e o concerto, na Praça da República, de António Zambujo.
A saúde esteve em plano de destaque, pelo que as cerimónias do 1 de junho aconteceram no espaço exterior do Centro de Saúde de São Brás de Alportel, alvo de recente requalificação e modernização, tendo sido inaugurado a sua área exterior, com a designação de Jardim José Lourenço Viegas. A sessão solene contou ainda com a apresentação do projeto de construção da nova Unidade de Saúde Familiar, um investimento superior a 2 milhões de euros, objeto de candidatura ao Plano de
Recuperação e Resiliência que já se encontra aprovada.
Como é tradição desde 2014, aquando do centenário do concelho, a Sessão Solene integrou a entrega das insígnias municipais aos trabalhadores da Câmara Municipal com 25 ou mais anos de serviço, ao passo que a Insígnia de Honra foi entregue a uma associação que do outro lado do oceano desenvolve relevante trabalho na defesa da identidade são-brasense, a Associação Portuguesa de Comodoro Ribadavia. A Insígnia de Mérito, destacando a área do empreendedorismo e desenvolvimento económico, foi atribuída à Global Fire Equipment, empresa sediada no concelho que é uma referência internacional. Pelo trabalho relevante na promoção da saúde no concelho e pelos exemplos de empreendedorismo na área da saúde,
foram igualmente distinguidos com a Insígnia de Mérito diversas personalidades e entidades, sendo que, pelo exemplo de solidariedade e de serviço à comunidade, foram reconhecidas com a Insígnia de Valor e Altruísmo várias instituições de solidariedade social do concelho. “Esta homenagem evidencia o reconhecimento do esforço, dedicação e impacto positivo na sociedade destes cidadãos e entidades, considerando a importância da gratidão e da valorização dos exemplos positivos, promotores do bemestar comunitário e desenvolvimento social. O meu agradecimento pelo vosso contributo para uma comunidade
mais feliz e pelo vosso exemplo inspirador e motivador”, referiu Vítor Guerreiro, já depois de terem discursado Ulisses de Brito e João Rosa, presidentes da Assembleia Municipal e da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, respetivamente, bem como José Apolinário, presidente da CCDR Algarve.
O Presidente da Câmara Municipal apontou que São Brás de Alportel é um concelho que tem vindo a afirmar-se, a nível nacional e internacional, pela qualidade que oferece, seja para viver, trabalhar ou investir. “Fruto de uma comunidade participativa e de uma estratégia municipal assente nas potencialidades do território e na valorização humana da sua população, hoje somos um concelho atrativo, mais
competitivo e uma referência que a todos deve orgulhar. Segundo os últimos censos (2021), São Brás de Alportel foi o segundo concelho do país, não localizado junto ao litoral, que mais cresceu na última década, com 5,7 por cento. Um crescimento que nos dá muita satisfação, mas que, naturalmente, implica responsabilidades acrescidas e novas respostas nas diversas áreas de intervenção do Município”, sublinhou o edil, indicando que, desde que se iniciou o processo de transferência de competências do Governo para as autarquias locais, São Brás de Alportel assumiu responsabilidades acrescidas nas áreas da Saúde, Educação, Ação Social e Proteção Civil, entre outras.
Como a saúde estava no centro das atenções neste 1 de junho, Vítor Guerreiro recordou a aquisição de duas Unidades Móveis de Saúde (em 2003 e 2018), os investimentos efetuados em obras de conservação e manutenção do edifício do Centro de Saúde, a aquisição de equipamentos para o Gabinete de Medicina Dentária, o apoio à implementação dos rastreios de acuidade visual na infância, e a cedência de uma viatura para prestação de cuidados ao domicílio, e salientou que, a partir de 2023, todos os são-brasenses ficaram com acesso a Médico de Família. “Hoje inauguramos a obra de requalificação e beneficiação do Centro de Saúde de São Brás de
Alportel, um investimento superior a 400 mil euros integrado no Plano de Recuperação e Resiliência que garante um aumento da eficiência energética do edifício, a melhoria das condições de trabalho para os profissionais e um melhor atendimento para os utentes. Hoje arranca a realização de análises clínicas em tempo real e dentro de poucos dias irá ser instalado o equipamento de RX no CMR SUL. Hoje também estamos a inaugurar a primeira fase da renovação do espaço exterior do Centro de Saúde, com a criação de circuitos
João Rosaacessíveis para pessoas com mobilidade reduzida, aumentando a eficiência hídrica e criando espaços verdes adaptados ao contexto da crise climática que estamos a viver”, realçou.
Ainda na saúde, Vítor Guerreiro anunciou a aprovação de uma candidatura ao PRR que vem possibilitar a construção da nova Unidade de Saúde Familiar São Brás de Alportel, na Rua das Comunidades, um investimento superior a 2,5 milhões de euros. “A construção deste novo equipamento é essencial para a melhoria do acesso aos cuidados de saúde, com grande impacto positivo na vida das pessoas. E hoje assinamos também com o diretor da USF,
Daniel Custódio, uma Carta de Compromisso para a Melhoria
Continua da Prestação de Cuidados de Saúde em São Brás de Alportel”, reforçou o autarca.
Ao longo do seu discurso, Vítor Guerreiro elencou ainda os investimentos realizados, ao longo dos últimos anos, na área da Educação para capacitar os jovens para os desafios do futuro, com realce para a ampliação e remodelação da Escola EB2,3 Poeta Bernardo de Passos, tendo sida já submetida candidatura para financiamento deste investimento de cerca de 7 milhões de euros; e a ampliação do Jardim de Infância «Joaninhas». No campo da habitação, há candidaturas para criar 93 novos fogos, num investimento global de 9 milhões de euros a executar até final de 2026. No ambiente e combate às
alterações climáticas, foi recentemente aprovada mais uma candidatura de quase 1 milhão de euros para renovar infraestruturas e criar Zonas de Medição e Controlo no Serviço de Abastecimento de Água. Na renovação urbana, estão previstos investimentos em mais acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida, aumento da eficiência hídrica e energética, criação de espaços verdes sustentáveis, aumento da segurança rodoviária e de peões e valorização do património edificado e imaterial. Na área da proteção civil e salvaguarda da floresta, têm sido feitos investimentos muito significativos e com base numa estratégia composta por 23 eixos de ação e já aterrou, no Centro de Meios Aéreos Municipal, um helicóptero pesado de combate a incêndios KAMOV.
O executivo municipal liderado por Vítor Guerreiro tem-se mostrado incansável em vertentes como o desenvolvimento
económico, o turismo, o desporto e a cultura, bem como no apoio permanente às associações locais, “que são o motor da reconhecida dinâmica
social, cultural e desportiva do nosso concelho”, salientou o edil, que não esqueceu dois grandes projetos estratégicos para a resiliência do território e para a atratividade do concelho, designadamente, a construção da Barragem do Monte da Ribeira e a requalificação da Estrada Nacional 2 e acesso à Via do Infante. “Seguindo o exemplo de João Rosa Beatriz, vamos ter ambição e ousadia, vamos sonhar com fé, vamos acreditar, trabalhar e concretizar. Juntos, vamos fazer acontecer, e continuar a construir um concelho próspero, inovador, solidário e inclusivo”, concluiu Vítor Guerreiro.
Município de Olhão comemorou
Dia Nacional do Pescador com muitas homenagens
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Município de Olhão comemorou, a 31 de maio, o Dia Nacional do Pescador, numa cerimónia que teve lugar no Auditório Municipal Maria Barroso e onde se apresentou o Programa Operacional Mar2030, se deu a conhecer o trabalho do GAL Pesca Sotavento Algarvio e se distinguiram vários profissionais do setor. A data foi instituída pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 103/98, de 14 de agosto, com o objetivo de assinalar a aprovação
do primeiro regime legal de trabalho a bordo de embarcações de pesca e de reconhecer o papel desempenhado pelos pescadores portugueses na qualidade e segurança alimentar das populações. “Estamos aqui para reforçar os direitos dos pescadores, de quem faz do mar e das atividades relacionadas com a pesca, a sua rotina diária. E, quer a nível nacional, como europeu, é reconhecida a relevância de uma abordagem integrada de desenvolvimento territorial que atenda às sensibilidades locais,
que promova efetivamente mudanças e que leve à inovação, tendo em conta as necessidades específicas dos territórios e das suas comunidades, considerando as suas realidades, vivências e características únicas”, referiu, na ocasião, Cláudia Monteiro de Aguiar, Secretária de Estado das Pescas.
Portugal é um país fortemente ligado ao mar, uma tradição ancestral que se concretiza em diversas comunidades piscatórias e aquícolas presentes ao longo de todo o território costal, existindo envelopes financeiros específicos para apoiar as intervenções neste setor, lembrou a governante. “No Algarve, o apoio público a projetos aprovados no âmbito do MAR2020 rondou os 6 milhões de euros, alavancando um investimento de 5,7 milhões de euros no Grupo de Ação Local Sotavento Algarvio e cerca de 6 milhões de euros no Grupo de Ação Local Barlavento Algarvio. Através do Fundo Europeu de Assuntos Marítimos das Pescas e Aquacultura, Portugal, no atual quadro comunitário, dispõe de uma dotação total, no âmbito do MAR2030, de cerca de 540 milhões de euros, 48 milhões respeitantes ao Algarve”, adiantou Cláudia Monteiro de Aguiar.
De acordo com a Secretária de Estado das Pescas, o GAL Sotavento Algarvio é
um dos mais representativos do sector e desempenha um papel fundamental para se melhorar a execução dos fundos disponíveis, colmatar as necessidades existentes e proporcionar novas oportunidades no território. “Deixo-vos o compromisso de que o governo, através do Ministério da Agricultura e Pescas, está empenhado em simplificar procedimentos e agilizar a aplicação dos fundos, no sentido de fomentar a modernização do sector pesqueiro e a aquacultura de uma forma competitiva, ambientalmente sustentável, economicamente viável e socialmente responsável. A conjunção de todos estes fatores irá, certamente, permitir-nos uma
renovação intergeracional”, declarou, deixando ainda um pedido aos mais jovens para acreditarem na Pesca e que possam ser protagonistas do futuro. “Terão no governo um parceiro disponível para alavancar o sucesso desta vossa atividade, estaremos prontos para vos ouvir e ajudar, porque o vosso sucesso é o sucesso de Portugal”, terminou Cláudia Monteiro de Aguiar.
O Dia Nacional do Pescador é, sem dúvida, uma das datas mais importantes do concelho de Olhão, com António Miguel Pina a recordar que foi um punhado de pescadores que atravessou o Oceano Atlântico, em 1808, a bordo do Caíque Bom Sucesso, para levar o correio diplomático ao Rei D. João VI, cuja corte estava no Brasil, a informar que os invasores franceses haviam sido repelidos
da região. “A pesca mudou imenso nos últimos anos, aprendemos muito e sabemos que a sustentabilidade dos recursos é determinante, que é crucial gerir a biomassa pesqueira, porque ela não é inesgotável”, frisou o presidente da Câmara Municipal de Olhão, aproveitando para elogiar a Docapesca pelo trabalho que tem realizado para valorizar o pescado. “Hoje, já não interessa pescar muito, mas sim vender bem, porque há uma distância enorme entre o valor do peixe que nos chega ao prato e aquele a que estes homens e mulheres o vendem na lota. Há que valorizar mais quem sai de casa de madrugada para ir para o mar alto,
com dificuldades, colocando a sua vida em risco. E o GAL tem essa vertente de ajudar a valorizar, modernizar, reconverter atividades da pesca”, indicou o edil.
António Miguel Pina reiterou, entretanto, “um pedido antigo e que já passou por vários Secretários de Estado”, o de permitir que as embarcações de pesca possam ter alguns lugares para turistas. “Há pessoas que gostavam de conhecer, in loco, a faina, mas a legislação não permita que isso aconteça”, apontou, antes de abordar as dificuldades que atualmente se vivem em torno do polvo. “Temos que procurar uma solução, provavelmente semelhante ao que se fez com a sardinha. Na Fuzeta existem
também as questões da dragagem dos canais de navegação e da barra, e do reforço do cordão dunar. Um dos grandes entraves à aquacultura offshore é que não é possível aceder aos locais de produção sem se fazer um desvio pela barra de Olhão, mais 10 ou 12 milhas, com o respetivo gasto de tempo e gasóleo”, referiu, preocupado.
O autarca lamentou ainda que a Ria Formosa seja “um território sem pai nem mãe, só tem padrinhos” “Falta uma entidade que verdadeiramente assuma a Ria Formosa, que tivesse a responsabilidade e os meios financeiros para a gerir, para assegurar a sua sustentabilidade
ambiental, para organizar os seus usos, seja pela aquacultura ou pelas marítimo-turísticas”, desabafou. “Há muito que fazer, mas muito já foi feito, porque o Município de Olhão e os nossos colaboradores têm estado ao lado dos nossos homens e mulheres do mar”, finalizou António Miguel Pina.
Os distinguidos este ano foram:
Arrasto: Mestre António Lobo
Cerco: Anadia
Polivalente local: VIP, Tanelga, Sarguete e Mãezinha
Polivalente costeira: Arlete Maria e André Sousa
Armação: José António Lopes e David
Cristiano Saias
Moluscicultura: Edulis e Gualter
Mariscos
Mariscador Apeado: Fernando José
Caetano Trindade
Mulher na Pesca: Timótea Maria dos
Santos Estêvão Barracha
Pescador Mais Antigo: Joaquim Dias de Sousa
Pescador Mais Novo: Tiago Miguel
Valente Dias
Pescador em Progressão: Cláudio
Miguel Murta Brás
Homem na Indústria Conserveira: Ricardo Jorge Domingos Mendonça
Mulher na Indústria Conserveira:
Fernanda Rosário Fernandes
Carreira: Sónia Olim
Mérito: Rita Sá
Prémio Cartaz do Dia do Pescador: 1.ºLuís Eichlseder, 2.º - Tânia Sequeira, 3.ºÍris Cruz
Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão assinalou Dia Nacional do Pescador
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão o dia 31 de maio, e no âmbito do Dia Nacional do Pescador, a sala do descabeço foi palco da assinatura de um protocolo entre o Museu de Portimão e a Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão, numa cerimónia que começou com a doação do traje completo da Confraria ao
Museu para que conste do seu vasto e riquíssimo espólio. Com a presença de António Cipriano Cabrita da Confraria do Atum de Vila Real de Santo António e vice-presidente da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, e da VicePresidente da Câmara Municipal de Portimão, Teresa Mendes, a Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão aproveitou para dar a conhecer o videoclipe do seu hino «Rainha de
Portimão», que teve como base a música «Sardinha Assada» do acordeonista portimonense João César.
Inspirado nesse tema de 1967, foi lançado o desafio a José Garrancho para
fazer uma letra, e a um dos melhores produtores de Portimão, Rafael Correia, mais conhecido como Sickonce, para dar modernidade ao tema. “A melodia teve como base a gravação original
e adaptada ao ritmo da música, mas respeitando e homenageando o tema de João César. O hino tem muito de jazz e eletrónica, de
forma a agradar a todos os gostos, mas nunca perdendo a estrutura do original”, explicou o Mestre de Pesca (Presidente da Direção), Júlio Ferreira. A voz da música registada na
SPA é de outra algarvia, Sara Badalo, num tema que teve ainda a participação especial do pianista Robert King da Orquestra do Algarve.
A Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão apresentou também o seu website e o novo canal no Youtube, sendo que, neste icónico espaço do Museu de Portimão, foi igualmente possível visualizar cinco vídeos de receitas culinárias com sardinha, confecionadas pelos alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, denominadas «Puxar a Brasa à nossa Sardinha». “Esta é uma das expressões populares portuguesas que tem a sardinha como inspiração e significa «enaltecer o
que é nosso» ou «defender os próprios interesses»”, esclareceu Júlio Ferreira. Depois, realizou-se uma degustação precisamente das cinco receitas e foi apresentada uma lata de sardinhas com a chancela da Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão. “Este foi mais um momento singular onde se destaca a importância da Confraria da Sardinha ao honrar os seus antepassados e deixar este legado aos vindouros, contribuindo para o levantamento, defesa, promoção e divulgação do património cultural, ambiental, histórico e gastronómico da «Sardina pilchardus»”, declarou Júlio Ferreira.
Moda Tavira 2024 apresentou coleção Primavera/Verão
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Associação Baixa de Tavira realizou, no dia 30 de maio, o «Moda Tavira 2024», no Mercado da Ribeira, numa iniciativa apoiada pelo Município de Tavira e com produção de moda a cargo da ACRAL que permitiu ao comércio local dar a conhecer a sua
coleção Primavera/Verão. O evento foi apresentado por Leonor Poeiras e contou ainda com a participação dos modelos profissionais Afonso Lopes e Carolina Graça, ao lado dos quais desfilaram os jovens que foram selecionados previamente num casting. A noite foi ainda abrilhantada com as performances artísticas do grupo D’ Dance Company.
ALUNOS DO JAT APRESENTARAM OS SEUS TRABALHOS NO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel PinaAPRESENTARAM NO TEATRO LETHES
xtraordinário, como tem vindo a acontecer há sete anos, o espetáculo final dos alunos das oficinas de Formação de Atores e de Teatro Físico, ministradas pelo JAT – Janela Aberta Teatro, e que encheu o Teatro Lethes, em Faro, nos dias 1 e 2 de junho. O momento marcou a conclusão de um processo de aprendizagem e desenvolvimento de capacidades criativas e expressivas, em distintas disciplinas do teatro em geral e do teatro físico em particular, formando novos atores, mas também novos públicos.
O espetáculo incluiu alguns dos trabalhos realizados durante o curso que contemplou um processo de pesquisa, escrita, criação, dramaturgia e encenação, com números de máscara, mimo contemporâneo, pantomima, texto, entre outros. Com direção artística e formação a cargo de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo, os intérpretes da Oficina de Teatro Físico foram Catarina Sagreira, Daniela Veiga, Filipa Barata, Jorge Oliveira, Luana Black, Teresa André, Ullyana Mestre e Vítor Figueira, ao passo que, na Formação de Atores, participaram Anabela Paixão, Daniela Veiga, Elsa Bicho, Estela Pinheiro Correia, Filipa Barata, Hernâni Santos, Inês Cardoso, Joana Almeida, Lara Conceição, Luana Black, Maria João Resende, Rita Abreu, Susana Tramoceiro, Suzanne Sousa e Ullyana Mestre.
PEOPLE POWER PARTNERSHIP
A LOULÉ COM O FANTÁSTICO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel PinaPARTNERSHIP REGRESSOU
FANTÁSTICO FACE T(W)O
Largo do Monumento
Eng.º Duarte
Pacheco, em Loulé, foi palco, no dia 24 de maio, do extraordinário espetáculo de dança «Face T(w)o», no âmbito do projeto europeu
PPP – People Power Partnership, do qual a cidade algarvia faz parte desde o seu início, em 2020, a par de Lisboa.
«Face T(w)o» cruza o trabalho e a experiência de jovens bailarinos de vários países, entre os quais Portugal, numa performance multimédia com adereços em cena e projeções que conduzem o
espectador a uma viagem sensorial única sobre a perceção da realidade. Os adereços – espelhos – têm como propósito forçar a uma reflexão sobre as diferentes temáticas que ocupam a nossa realidade, tais como o autoconhecimento, a fragmentação da identidade, a vaidade, a luxúria, o medo, entre outros. Por outro lado, pretende-se estimular uma reflexão sobre os diferentes comportamentos que cada um de nós assume face à proliferação de mensagens, imagens e cliques que circulam nas redes sociais.
O espetáculo contou com o envolvimento de 32 jovens bailarinos/as portugueses entre os 18 e os 25 anos,
numa produção europeia de larga escala que junta em palco intérpretes de 13 cidades europeias de países como a Lituânia, Dinamarca, Espanha e Portugal, entre outros. Ao todo, o projeto envolve 104 jovens que criaram 13 performances diferentes para cada um dos parceiros e uma performance central, «Face T(w)o», que circula entre todos e que estará em digressão internacional até ao final de 2024.
«Face T(w)o» é parte integrante do projeto de cocriação artística People Power Partnership (PPP), implementado e coordenado pelo Aktionstheater PAN.OPTIKUM, de Friburgo, na Alemanha. O projeto conta com o financiamento do Programa Europa Criativa e de 14 parceiros europeus, agregando um total de 11 países.
GRUPO DE TEATRO DA UNIVERSIDADE VOLTOU AO ATIVO COM «A
UNIVERSIDADE DO ALGARVE CASA AMARELA»
Grupo de Teatro Universitário
SinCera, constituído em 1990, na Universidade do Algarve, regressou aos palcos, nos dias 21 e 22 de maio, no auditório do IPDJ, em Faro, com «A Casa Amarela». A propósito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e em coprodução com a Mákina de Cena, o texto original do integrante do SinCera Filipe Pereira deu o mote para esta nova criação, encenada por Carolina Santos, com assistência de Beatriz Medeiros, e interpretado por Beatriz Sequeira, Clara Emanoely, Cristina Nikityuk, Filipe Pereira, Joana Oliveira, Mauro Coelho, Rafaella Ambrozio e Rui Mourão.
O SinCera foi a plataforma de lançamento de inúmeros projetos culturais de qualidade, assumindo-se, durante vários anos, como a única companhia de teatro num raio de 200 quilómetros. Formou cerca de 2 mil e 500 estudantes na prática teatral e esteve na génese de grupos como a ACTA, o AlMasrah ou a ArQuente. Para além de criações anuais, uma das suas funções mais importantes foi a formação, através da organização de cursos de iniciação teatral, cursos de luz e som para teatro e aulas abertas para a comunidade universitária.
Inativo desde 2016, o SinCera regressou em força, em 2023, após convocatória espontânea de um grupo de alunos da UAlg em 2022, que deu origem ao curso de formação 2022/2023, em parceria com a Mákina de Cena e com o Teatro das
Figuras, contando com mais de três dezenas de inscritos. A partir da formação de 2022/2023, o grupo estreouse, no Teatro das Figuras, após seis anos inativo, com o espetáculo «A Rapariga da Gabardina Amarela», encenado por Carolina Santos e livremente inspirado na peça homónima de Jon Fosse.
Desde essa apresentação única, o SinCera manteve-se ativo, trabalhando em conjunto com Carolina Santos e a Mákina de Cena para manter vivo o teatro universitário na UAlg, e assim nasceu «A Casa Amarela», escrita por Filipe Pereira, aluno da Universidade do Algarve que, durante a sua licenciatura no curso de Psicologia, teve o seu primeiro contacto com o mundo do teatro, precisamente através do SinCera. O que motivou a sua inscrição não foi a presença no palco como ator, mas sim como escritor, ainda assim, integrou o grupo no curso de formação proporcionado pela Mákina de Cena. Desde então, tem mantido a sua
atividade como integrante do grupo e participado em diversas atividades na área do teatro, incluindo o Laboratório de Escrita Ecos.
É no Laboratório Internacional de Escrita para Teatro 2023 – Revoluções, organizado pela Casa da Esquina com a Mákina de Cena e editado pela Húmus, que surge «A Casa Amarela», texto que instigou o grupo a levar o espetáculo aos palcos, com três sessões no IPDJ. “Um espetáculo-performance que quebra as ligações convencionais com o texto teatral e que põe em evidência a dicotomia eu-nós, no seu-nosso agora, nos seus corposcasa, jurisprudência de mentes em formação, com-muita-opressãodepressão-ansiedade-obsessãotrauma-E-vamos-todos-morrermas-esperamos-não-ser-hoje”, descreve a produção.
Das mulheres fortes
Mirian Tavares (Professora)
Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Adélia Prado
e há coisa que me irrita é quando me dizem: tu és forte. Porque, normalmente, esta afirmação decorre após uma hecatombe, um furacão, uma desilusão ou qualquer coisa igualmente má que aconteça. O que significa ser uma pessoa e, ainda mais, ser uma mulher forte? Que devemos aguentar o choro e seguir em frente sejam quais forem as circunstâncias? Que não se pode cair, de vez em quando, e admitir que muitas vezes a força nos foge e que somos como crianças abandonadas à procura de colo?
Ser frágil não é o antónimo de ser forte. É um complemento, direto e indireto, que me perdoem os gramáticos. Cresci com meus manos em pé de igualdade. Saía à rua, andava descalça, tomava banho de chuva. Morei com os avós numa casa que, diziam, mal-assombrada. E mesmo com medo, adorava aventurar-me pelos cantos mais obscuros à procura de um livro, de um tesouro ou apenas com vontade de mexer nas coisas, de abrir velhos baús. Saí de casa aos 18 e desde então não mais voltei para ficar. “Mamãe,
mamãe, não chore, a vida é assim mesmo, eu vou embora”. Não tenho nenhuma dúvida de que a vida me tornou, ou ajudou-me a ser forte. Como tantas outras mulheres. Porque este epíteto – forte – só se aplica às mulheres, de um modo geral. Os homens são, por natureza, ou pelo facto de sermos fruto de uma cultura patriarcal, sempre fortes. Coitados. A força lhes é inerente mesmo quando lhes falta. As mulheres fortes ainda assustam, talvez, porque de alguma maneira, tendam a ocupar o lugar da mãe. Daquela que, para todos, costuma ser o exemplo da fortaleza, o lugar onde podem deitar a cabeça e permitir -se minutos de fragilidade. Mas o amor da mãe, a não ser que o complexo de Édipo seja evidente, não ocupa o lugar da mulher a quem se escolhe amar. As mulheres frágeis são mais dependentes, precisam de alguém para salvá-las. E é tão boa a sensação de nos sentirmos todo-poderosos, verdadeiros heróis de capa e espada! Ainda persiste, na sociedade, a ideia de mulheres fortes que, no fundo, continuam à procura do príncipe encantado. É só ver as séries nos canais de streaming ou nos canais de TV. As mulheres fortes têm a alma e a cabeça
perturbadas. São neuróticas, mal resolvidas ou traumatizadas. Não me lembro de nenhuma série em que a detetive, ou heroína, seja uma pessoa bem resolvida e convencional. Paga-se um preço por nos tornarmos mulheres fortes. Há quem prefira disfarçar a força numa capa de fragilidade e de suspiros e olhinhos. Há outras que não se acanham e avançam intrépidas. Porque ser forte é saber negociar, e aceitar, toda a nossa
fragilidade, e seguir, de alguma maneira, em frente. E como escreveu Adélia
Prado:
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Centésima tabuinha - Joelho (XXVI)
Ana Isabel Soares (Professora)
AVISO: CONTÉM SPOILERS
ma das melhores séries que já vi, de muitas que tenho visto, chama-se Boston Legal (20062009). Tento perceber o que me faz gostar de uma série e, sim, a escrita (os diálogos) é importante – mas a condição comum àquelas que se me fazem inesquecíveis é a grande qualidade de quem as interpreta. Boston Legal tinha à frente uma dupla de atores (James Spader e William Shatner) que me cativaram desde o início (porque os conhecia de outras séries e filmes, ou só porque sim) e que criaram duas das minhas personagens favoritas, Alan Shore e Denny Crane, respetivamente. Meredith Eaton, que se estreou na série, fazia a implacável Bethany Horowitz; e Candice Bergen a firme sedutora Shirley Schmidt, disputada por Shore e por Crane, cujo nome, languidamente repetido pelos dois (mas sobretudo por Denny Crane) me deu grandes momentos de comédia. Um outro ator que integra essa galeria de memoráveis é Christian Clemenson, que faz um advogado (Jerry Espenson) com síndrome de Asperger. O meu coração pende sempre para Crane e Shore, mas o Espenson de Clemenson é uma personagem absolutamente irresistível.
Chegar ao final de uma série como Boston Legal teve em mim efeito semelhante ao final da leitura de um romance de Machado de Assis –orfandade total, desespero, sintomas de dependência, ira profunda contra os criadores (escritores, cenógrafos, figurinistas, realizadores, o cosmos inteiro de gente que faz nascer estas histórias) que se divertem a fazer outras coisas, ou a morrer, em vez de entregar eternamente, para o meu desfrute infinito, mais páginas e páginas da maravilha narrativa com que me conquistaram. Onde afoga uma órfã de séries as suas mágoas? Onde tenta apaziguar o desgosto? Uma das maneiras de o fazer é procurar onde andam os atores – como se percorresse no magma de um estranho além em busca de personagens defuntas. De vez em quando, salta um nome – e saltou-me o nome de Christian Clemenson. Um papel secundário, poucos minutos, contados nos oito episódios de uma «mini-série», e lá estava eu, a matar um bocadinho a saudade da personagem numa outra encarnação daquele ator. A Man in Full (2024) tem a protagonizá-la um outro gigante que dorme nos meus sonhos desde que, em 1985, foi Tom Baxter e saiu do ecrã de A Rosa Púrpura do Cairo para namorar uma ingénua espectadora. Tem Diane Lane, Anthony Heald, ou Lucy
Liu. Mas tem também Clemenson, o Jerry «Mãozinhas» da minha saudade. Foi assim que me fisgou.
Mal sabia eu que me daria, A Man in Full, mais matéria articulatória, genulógica temática com que me entreter. Charlie Croker, o protagonista, é um milionário americano à beira da bancarrota, cuja riqueza, nascida do negócio do imobiliário tanto quanto da sua persistência e arrogância (que o advogadoconselheiro Stroock –Clemenson – procura matizar com alguma consciência ética). A idade de Croker não é amiga e, apesar da sua constituição desportiva, a dada altura o
milionário-prestes-a-deixar-de-o-ser convence o médico a substituir um joelho falível por um mecanismo biónico com todo o apelo das novidades tecnológicas. A decadência de Croker é acompanhada pela tentativa de se ajustar ao novo joelho, que funciona, parece, demasiado bem, mas que, acima de tudo, é simultaneamente uma espécie de joelho de Aquiles e de joelho de Tróia: os banqueiros que querem apropriar-se das dívidas de Croker fazem-no ver que, detendo os seus bens adquiridos, são igualmente proprietários do joelho biónico instalado no corpo dele. Bem entendido, o joelho está implantado no corpo de Croker – e não nos deles. Ainda assim, maldito seja, depois de o pobre milionário cair morto e de o resto do seu corpo não dar mais de si, a câmara afasta-se no plano derradeiro, como se acompanhasse a elevação do espírito de Croker, para deixar ver no plano terreno uma perna, agora autonomizada, em espasmos elétricos que são como gargalhadas abafadas.
(O banqueiro Harry Zale – Bill Camp –explica a Charlie Croker que detém a propriedade do seu joelho biónico).
Os inesquecíveis
Sílvia Quinteiro (Professora)que fazer quando os alunos reclamam dos nossos colegas? Há sempre lamúrias. Queixumes mais ou menos dramáticos. Com ou sem motivo. Como sair da situação? Fingir que não se ouve? Funciona quando a conversa não nos é dirigida. Pedir para não nos dizerem nada? Pode ser, se anteciparmos a intenção. Dizer que não queremos comentar? É uma saída de emergência invariavelmente entendida como esconder segredo terrível. Retorquir, proclamando maravilhas sobre o professor visado? É uma possibilidade, se formos sinceros ou conseguirmos passar essa impressão. Assumi, por isso, há bastante tempo, uma estratégia um pouco diferente.
Quando pressinto que vem aí sangue, peço aos estudantes para não continuarem. Mas não evito a conversa. Pelo contrário. Explico que são tragédias mais antigas do que as gregas e assevero-lhes que, um dia, não é de mim que se vão lembrar. Que, quando se reencontrarem para os convívios dos 10, 15, 20 anos de fim de curso, as conversas se desenrolarão animadamente em torno dos professores mais «excêntricos». São eles que vão unir o grupo, proporcionar «memórias de guerra» e grandes gargalhadas. Por isso, há que levar as situações com mais leveza e algum humor. Mas é cedo para isso. Estão zangados. Torcem o nariz. Não acreditam. Tiro então da cartola as minhas próprias
experiências: a professora que deu uma aula inteira com um capacete enfiado na cabeça; a que correu atrás de um aluno com um sapato na mão; a que pousou na mesa o frasco com as fezes do filho; a que atirava os stilletos aos alunos enquanto gritava impropérios em italiano; a que pedia às alunas para se levantarem e comentava demoradamente o mau gosto do vestuário que traziam; o que se engasgava e se perdia na matéria quando uma determinada aluna se sentava na fila da frente; o que dava como tema de trabalho «O sexo dos anjos» e passava depois horas a humilhar quem tinha caído na gracinha e perdido semanas nas bibliotecas; o que matava uma avó de 15 em 15 dias para justificar as faltas e acabou de baixa médica por rachar a cabeça numa queda escada acima; a que prometia dar estalos a quem não correspondesse às suas expectativas (e dava) … E, por esta altura, já os tenho do meu lado. Os professores são uma espécie esquisita. Excelente para anedotas e graçolas.
Decidi, porém, esta semana, explicar aos estudantes que, vistos do lado de cá, também eles dão uma bela caderneta. Contei-lhes que trocamos cromos entre nós. Foi um choque. Nas mentes deles, os professores só comentavam desempenho e classificações. Os professores são pessoas sérias. Estranhas, é verdade. Mas sérias. Não se vão rir dos alunos. Claro que não, meus amigos! Então lá fazíamos uma coisa dessas … Eramos incapazes!
Pedem-me exemplos, claro. Casos menos bons de que me recorde. Digo-lhes a verdade. Tive pouquíssimos alunos de que guarde más lembranças. Já memórias anedóticas… é outra história. É difícil escolher uma. Opto, então, por lhes contar um episódio que até hoje eu própria não percebi.
Tive durante um ano uma aula às sextasfeiras, às 8h30. Na mesa da frente, sem faltar a uma única sessão, um aluno loiro, com ar de menino. O corpo na sala. O pensamento algures. Não valia a pena perguntar nada. Ficava ali. Não me recordo de lhe ouvir a voz. E desconfio que ele também não tenha ouvido a minha. O resultado foi o expectável. No ano seguinte, lá estava na pauta novamente. Só que, desta vez, não aparecia na aula. Percebi um dia que passava à porta da sala e prosseguia. Uma semana e outra e outra. Ao ver que entrava numa sala ao fundo do
corredor, dirigi-me a ele. Disse-lhe que estava inscrito na minha disciplina, Alemão, e que as aulas que estava a frequentar eram de Francês. O rapaz respondeu qualquer coisa entre dentes. Voltou para trás. Passou pela porta da sala sem entrar e nunca mais o vi.
É dele que me recordo amiúde. Perguntome que corredores percorrerá por estes dias. Em que salas entrará. Consigo imaginá-lo a caminhar por lugares onde é perseguido por loucas de sapato em riste, capacete na cabeça, sereias, unicórnios … Serenamente. Sem dar por nada. A passar por mesas onde frasquinhos exibem as fezes dos meninos e salas onde professores de olhos esbugalhados não conseguem pronunciar uma palavra. Minotauros. Esfinges. Deve haver um planeta que é só deles. Um mundo paralelo onde fazem sentido. São uma espécie à parte, os inesquecíveis.
Um Cluster para a Água
João Ministro (Engenheiro do Ambiente
ealizou-se, no dia 2 de junho, no Tec Campus da Universidade do Algarve em Faro, o evento «Impact Algarve» sob o mote «Turning Ideas into a Real Future». A iniciativa, promovida pelas associações Get Real e Algarve Evolution, juntou mais de 70 pessoas, de diversas áreas da sociedade algarvia, para discutir ideias de futuro para a região. Uma das interessantes particularidades do evento foi o facto de nele terem participado muitos jovens e estrangeiros a residir na região – e com projectos em curso –, permitindo uma partilha de visões e perspectivas mais abrangentes para este território.
Tal como em muitos outros workshops participativos em que tenho participado –e já foram bastantes – ficou, no final, a sensação de que seria necessário mais tempo para discutir em profundidade as ideias geradas. Tal deve-se não apenas às largas listas de propostas que normalmente surgem nestes fóruns, mas também porque, ao procurar encontrar orientações concretas sobre como as colocar em prática, surgem outras mais, tornando todo o processo mais moroso e complexo. Ainda assim, foi possível fomentar a discussão em torno de determinadas ideias.
e empresário)
O meu papel nesta iniciativa, enquanto orador, foi o de apresentar o Algarve do ponto de vista ambiental e cultural, e sensibilizar para os caminhos da sustentabilidade. Caminhos esses que procurei dar especial ênfase enquanto leitmotiv de toda a minha participação. Nessa introdução, além de referenciar os principais valores que tornam esta região diferente e especial – sim, porque o Algarve é especial – aflorei aspectos controversos, problemas, mas também oportunidades. E é precisamente em torno de um desses temas, que partilho aqui uma ideia para o Algarve: a criação de um Cluster para a Água.
Numa região onde o recurso Água requer especial atenção e preocupação, parece-me de todo lógico – e até estratégico –, a criação de um aglomerado de organizações a trabalhar em parceria em prol do seu uso sustentável e eficiente. Um aglomerado que junte empresas, investigadores, financiadores, o ensino superior e a sociedade civil, e desenvolva, experimente e aplique soluções tecnológicas e inovadoras de gestão deste recurso. Um aglomerado que faça do Algarve um pólo de conhecimento reconhecido, a nível nacional e internacional, de boa gestão e utilização desse bem escasso em diferentes áreas. Por exemplo: na arquitectura e construção civil, através do desenvolvimento e disseminação de
soluções de recolha, armazenamento e aproveitamento de água da chuva nos espaços urbanos; no paisagismo e jardinagem, através da criação paisagens resilientes e fixadoras de água no solo ou na generalização de espaços verdes irrigados com águas tratadas ou armazenadas da chuva; na agricultura, através, nomeadamente, do estudo sobre novas variedades agrícolas mais resistentes à seca e sua exploração comercial na região ou ainda na aplicação de novas tecnologias, incluindo a IA, em sistemas de rega eficientes e no controlo de perdas; na educação, através de programas de transmissão de conhecimentos e sensibilização para o correcto uso da água; entre muitas e muitas outras opções.
Este aglomerado poderia gerar riqueza e emprego em torno de competências de valor acrescentado, estimular o empreendedorismo e a criação de novas ideias de negócio em torno deste escasso e valioso recurso. Se o Algarve já é a
região mais carente em água, a que mais problemas tem na sua gestão e a que regularmente tem de enfrentar os problemas de escassez (e até de contaminação), então transforme essas circunstâncias em oportunidades de valor e competitividade para a região. Esta poderia ser a região mais exportadora de conhecimento e de soluções sustentáveis de utilização de água em Portugal, tanto na actividade humana como até na gestão de espaços naturais.
Será isto algo utópico? Não é! Até porque já existe! Imagine onde? Noruega, por exemplo! Ou ainda na Dinamarca e na Finlândia, países onde a disponibilidade de água ainda está longe de atingir os nossos níveis. No entanto, estes clusters em torno da Água já estão constituídos há anos e fazem tudo o que aqui foi referido e muito mais.
Para os curiosos, aqui ficam alguns desses exemplos: Cluster da Água na Dinamarca: https://www.cleancluster.dk/en/; Cluster da Água na Noruega: https://www.norwegianwatercluster.com /insights; Cluster Água na Finlândia: https://waterclusterfinland.com.
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