REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #444

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ALGARVE INFORMATIVO

3 de agosto, 2024

ÍNDICE

Boliqueime Food Festival (pág. 26)

35.ª Feira Concurso Arte Doce em Lagos (pág. 34)

Feira da Serra em São Brás de Alportel (pág. 44)

Aurea em Portimão (pág. 60)

«A Máquina do Tempo - de geração em geração» da APAGL em Loulé (pág. 76)

«A Herdade» no Teatro Lethes (pág. 112)

«The Luckye Duckies» em Tavira (pág. 124)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 134)

Fábio Jesuíno (pág. 136)

Alexandra Rodrigues Gonçalves (pág. 138)

Dora Gago (pág. 142)

Sílvia Quinteiro (pág. 144)

João Ministro (pág. 146)

Boliqueime Food Festival apresentou propostas de street food e muito mais

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

BFF – Boliqueime

Food Festival realizou-se, nos dias 26, 27 e 28 de julho, no Parque de Feiras de Boliqueime, numa organização da Junta de Freguesia de Boliqueime com o apoio da Câmara Municipal de Loulé. O evento foi uma excelente oportunidade para os visitantes desfrutarem de uma grande variedade de iguarias deliciosas, além de se divertirem

com os concertos musicais e explorarem produtos artesanais únicos.

Foram mais de três dezenas de propostas de comida de rua, desde pratos tradicionais portugueses até opções de diferentes partes do mundo. Além disso, o festival contou com diversas bancas com produtos feitos à mão por artesãos locais, além de doces tradicionais. A animação musical é outro dos atrativos do evento e, no dia

inaugural, o reggae foi o estilo dominante com as atuações dos algarvios Charlice Bwoy & The Jah Army Band e de Quem é o Bob – Tributo a Bob Marley. A noite terminou com o DJ Beecuts. No sábado foi a vez dos algarvios The Black Teddys e

dos The Peakles, com o seu inconfundível tributo aos The Beatles, terminando a noite ao som do DJ Ulisse Dapa. No último dia de BFF, o público assistiu à atuação de Viviane, Marc Noah e DJ Special K.

O evento mais doce do Algarve voltou a animar Lagos

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e 24 a 28 de julho, a 35.ª Feira Concurso Arte Doce teve praticamente casa cheia, voltando a reforçar a sua posição como um dos eventos de referência de Lagos e do Algarve. Entre a doçaria regional, espetáculos musicais, artesanato, tasquinhas, animação infantil e showcookings, a autarquia voltou a premiar doceiras e doceiros nas vertentes de criatividade, tradição e inovação.

Em ano dedicado aos 50 anos do 25 de Abril de 1974, o tema «Liberdade» esteve patente no certame, tanto na animação como no tema obrigatório do Concurso Arte Doce. O Ribatejo foi a região convidada deste ano, apresentando alguns dos seus sabores e artistas. Com dois palcos e uma zona lounge, entre artistas locais e convidados, a música nunca faltou no evento, com especial destaque para os cabeças de cartaz Expensive Soul, Fernando Daniel, Hybrid Theory – The Linkin Park Tribute, Plutonio e Luís Trigacheiro, que deixaram os vários públicos ao rubro.

A alma e coração do evento continua a estar na mestria das doceira e doceiros que lutam para preservar a doçaria regional algarvia. Com novo aumento do número de negócios presentes, foi com muito agrado que a Autarquia de Lagos assistiu às filas nos stands de doçaria, fazendo as delícias dos muitos visitantes.

Como contributo e homenagem ao seu trabalho, a Câmara Municipal voltou a premiar os participantes através dos concursos – Arte Doce (Tema Livre e Obrigatório), Qualidade na Tradição e Inovação), com a entrega de prémios a ter lugar no dia 28, último dia de Arte Doce.

Com um balanço bastante positivo desta 35.ª edição, o Município de Lagos está já a planear a 36.ª, prometendo a qualidade de sempre, a aposta nas tradições locais e algumas doces surpresas.

Vencedores da 35.ª Feira Concurso Arte Doce

Concurso «Arte Doce»

Tema Livre:

1.º lugar – Eugénia Militão (Os Docinhos da Gena)

2.º lugar – Filipa Militão

3.º lugar – Tânia Joaquim (Atelier dos Sabores)

Tema Obrigatório «Liberdade»:

1.º lugar – Filipa Militão

2.º lugar – Jorge Sequeira (As Passinhas do Algarve)

3º. lugar – Maria Fernanda Lourenço (Cantinho Doce da Fernanda)

Concurso «Qualidade na tradição»

Melhor Morgado – Andreia Alves

Melhor D. Rodrigo – Graça Carvalho

Melhor Doce Fino – Eugénia Militão

Melhor Doce de Figo – Sónia Santos

Concurso «Doces de inovação» – Filipa Canelas (Avonde).

Feira da Serra de São Brás de Alportel mostrou toda a riqueza da Serra do Caldeirão ao longo de quatro dias fantásticos

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina, Miguel Pires e Município de São Brás de Alportel e 25 a 28 de julho, a Feira da Serra regressou a São Brás de Alportel para quatro dias repletos de saberes, sabores e um mundo de experiências para serem vividas por toda a família, contando com a presença, no dia de inauguração, do Secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, para além de inúmeros

dirigentes e autarcas algarvios. O recinto voltou a crescer nesta edição, ultrapassando os quatro hectares, com aproximadamente 300 expositores, 20 espaços temáticos, 9 espaços de restauração, uma dezena de pontos de petiscos e similares, mais de 70 horas de espetáculos e animação nos cinco palcos e no Picadeiro. Foram 56 atuações, mais de 540 artistas, muitos deles com «ADN são-brasense», num cartaz onde

pontificaram os nomes de David Carreira, Diogo Piçarra, Anjos e Bárbara Bandeira.

A Feira da Serra é, sem dúvida, um evento diferenciador, com propostas para todas as idades e preferências, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer a cultura, as tradições, as artes e ofícios, a potencialidade deste território, das suas gentes e dos seus empreendedores, bem como produtos genuínos de grande qualidade. Desta feita o destaque foi para o azeite, um produto com relação íntima com o Algarve, com a sua cultura e a sua gastronomia e que inspirou os 20 espaços temáticos distribuídos pelo recinto localizado na Escola EB 2,3 Poeta Bernardo de Passos.

Em 2023, a criação da Banda Feira da Serra Jovem deu oportunidade a diversos

jovens são-brasenses para subirem ao palco pela primeira vez, acompanhados por uma banda a sério, uma iniciativa que se repetiu novamente este ano, coordenada por Ricardo Silva. A novidade é que, agora, estes jovens foram apadrinhados e acompanhados pelo cantor, compositor e produtor musical luso-americano, Oliver Sean. E mais novidades foram o alargamento da Praça do Município, a Estação da Feira – Street Área, que passou a integrar o Skate Parque e o Campo Municipal de Basquetebol, e o Sítio dos Animais que teve uma capoeira muito especial e até um berçário de aves.

A Feira da Serra continuou a valorizar os saberes, os sabores e a cultura da Serra Algarvia e este ano teve uma «Aldeia Serrana» e o «Encontro de Ofícios» ainda

mais animados e com mais artesãos a trabalhar ao vivo. Pelo Palco Sabores passaram diversas demonstrações gastronómicas, onde não faltaram os vinhos do Algarve e um brinde com gin de medronho, e apresentações de projetos interessantes e inovadores inspirados no azeite e na azeitona. As várias associações são-brasenses divulgaram as suas atividades e missões e outra novidade foi o «Poço Mágico», uma peça artística que remeteu para a ligação da vida da serra e da natureza algarvia com a água, bem essencial e escasso que

importa proteger e usar de forma eficaz. Neste poço mágico, os visitantes podiam colocar uma moeda e fazer um desejo e os fundos arrecadados revertiam a favor da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel.

Foram, efetivamente, quatro noites genuínas, intensas, para residentes e turistas de múltiplas nacionalidades e de todas as idades, num evento que já se tornou um dos pontos de passagem obrigatória do Verão algarvio.

AUREA DESLUMBRANTE EM PORTIMÃO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

DESLUMBRANTE

Festival da Sardinha de Portimão

arrancou com uma mega enchente no dia 30 de julho, com milhares de residentes e turistas desejosos de degustar a famosa sardinha assada apanhada ao largo da costa algarvia, mas também de desfrutar do rico programa de animação, que teve Aurea como artista principal nesta primeira noite.

A famosa cantora natural de Santiago do Cacém, mas residente em Silves desde tenra idade, regressou ao Algarve para mais um concerto estonteante, não escondendo a felicidade por estar perto

dos «seus» e garantindo que as atuações na região são sempre uma excelente oportunidade para recarregar as baterias quando anda em tournée de norte a sul do país. E com ela trouxe, sem dúvida, um espetáculo de altíssimo nível, recheado de sucessos alcançados ao longo de mais de uma década de carreira e com seis discos lançados, o último dos quais, «Moods», editado em 2023, onde dá a conhecer uma nova faceta com temas originais cantados em português.

Em constante interação com os seus músicos e com a plateia, Aurea cantou, dançou, encantou, sorriu imenso, daqueles sorrisos verdadeiros que nos iluminam a alma e o coração, numa noite de terça-feira, com o Rio Arade logo ali ao lado, que ficará na história.

APAGL TERMINOU ÉPOCA

COM SARAU E HOMENAGENS

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ÉPOCA DESPORTIVA HOMENAGENS

APAGL –

Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé deu por finalizada a sua época desportiva 2023/24, no dia 21 de julho, no Pavilhão Municipal Professor Joaquim Vairinhos, em Loulé, com o sarau «A Máquina do Tempo – de Geração em Geração», no qual deu a conhecer o trabalho realizado pelas suas várias classes de ginástica acrobática e trampolins nos polos de Loulé, Almancil e Quarteira, mas também prestou homenagem às antigas dirigentes Ângela Almeida, Ângela Correia, Telma Brás e Ana Bela Viveiros. Aproveitando o facto do pavilhão ter a sua bancada principal completamente cheia de familiares e amigos, a APAGL destacou igualmente as prestações, nos

campeonatos nacionais e territoriais, das atletas de ginástica acrobática e trampolins, bem como os grupos que obtiveram menções honrosas nos Gym for Life Territoriais que tiveram lugar em Portimão e Loulé ao longo do ano, e os atletas que estiveram em evidência no MIAC e no VIII Toneca Acro Cup.

Mais momentos emocionantes aconteceram no início do sarau, como a homenagem a Gabriel Albuquerque, atleta de trampolim individual que representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris, e ao seu treinador João Pedro Monteiro, assim como a algumas treinadoras que, por motivos profissionais, encerraram a sua ligação à APAGL. Depois do merecido período de férias, os treinos regressam em setembro, já a pensar nas competições que arrancam a partir do início de 2025.

PANAPANÁ APRESENTOU «A HERDADE» NO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

APRESENTOU NO TEATRO LETHES

Teatro Lethes, em Faro, assistiu, no dia 19 de julho, à apresentação de «A Herdade», mais um espetáculo da Panapaná Associação Cultural, no âmbito das aulas de teatro deste equipamento cultural da capital algarvia.

Todos os anos a Panapaná apresenta seis peças de seis grupos diferentes, com alunos dos 10 aos 72 anos. «A Herdade» é uma comédia acerca da herança da família Magalhães de Bettencourt. Salvador Maria muda-se com a família para a herdade no Alentejo do pai recentemente falecido. A casa e o terreno são cuidados pelos caseiros intrometidos e sem qualquer noção de educação e conta a história que esta casa é assombrada pelo fantasma de uma criança.

O enredo demonstra a divertida rotina quotidiana desta família disfuncional, do pai, da mãe e das suas três filhas, das criadas, de uma irmã bastarda, dos caseiros, de uma criança e da advogada da família, cabendo a interpretação a Pedro Rodrigues, Stella Lourenço, Carolina Cavaco, Júlia Borreicho, Duarte Nascimento, Yasmin Silva, Sofia Leal, Beatriz Leal, Arthur Albuquerque, Emanuella Almeida, Jéssica Fernandes, Leonor Mendes e Sofia Alves. A maquilhagem e luzes estiveram a cargo de Eevee Chorondo, o som é de Diego Medeiros, a encenação e orientação de Raquel Ançã, Diego Medeiros e Miguel Domingos e a produção foi de Eevee Chorondo, Sofia Silva e Miguel Aquino. O texto foi uma criação coletiva e o resultado foi um Teatro Lethes praticamente esgotado de familiares e amigos desejosos de ver o talento dos jovens atores.

PRAÇA DA REPÚBLICA, ESGOTOU COM OS THE

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Miguel Pires

REPÚBLICA, EM TAVIRA, THE LUCKY DUCKIES

s The Lucky Duckies já são habitués no programa cultural do Verão em Tavira e, no dia 25 de julho, voltaram a demonstrar o porquê de isso acontecer, com a Praça da República a encher-se de público para ver e ouvir esta mediática banda de vintage swing & rock’n’roll, num concerto inserido nas Comemorações do Dia de Santiago organizadas pela União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago).

O grupo nasceu em 1987 e desde então tem percorrido meio mundo, sob a liderança dos vocalistas Marco António e Cláudia Faria, aos quais se juntam João

Santos (guitarra solo), João Carreira (Piano), Sérgio Fiúza (contrabaixo), Diogo Melo de Carvalho (bateria) e Pedro Soares (guitarra ritmo). Tendo como foco os anos 50 e princípios da década de 60 do século XX, os The Lucky Duckies inspiram-se em nomes como Dean Martin, Frank Sinatra, Nat King Cole, Eddie Cochran, Elvis Presley, Andy Williams, Bing Crosby, Renato Carosone, Neil Sedaka, Chuck Berry, Bobby Vee, Helen Shapiro, Jerry Lee Lewis, entre muitos outros artistas lendários, revisitando alguns dos mais conhecidos clássicos musicais do Swing-Jazz, Bolero, Country Music e Rock’n’Roll. Não admira, por isso, a loucura contagiante que se instala na plateia sempre que o energético e vibrante grupo sobe ao palco. E Tavira sabe isso muito bem.

Das boas notícias (e das más)

No dia em que estiveres muito cheio de incomodações, imagina que morreste anteontem... confessa: tudo aquilo teria mesmo tanta importância?

Mário Quintana

ncontrei ontem um amigo que já não via há 10 anos. A primeira vez que nos vimos, tinha eu 13 anos e ele 14. Estava sol, e o mar, ao fundo, parecia agitado. Fim de semana na praia com as respetivas famílias. Um encontro, cheio de desencontros, ao longo da vida. Mas nunca nos perdemos completamente. Quando nos encontramos, parece que foi ontem, seguimos com nosso diálogo sempre interrompido pelo tempo e pela distância. Ele ficou, e eu parti – um dia disse-lhe que estava como um barco sem rumo. Que tudo que eu queria era que alguém subisse à bordo e me levasse a bom porto. Ou a qualquer porto, porque enjoo nos barcos e buscava (como ainda busco) terra firme onde pousar os pés. Ele nunca acreditou no meu desejo de terra, sempre me viu como ave de arribação. Talvez ele tenha razão, minha vontade de partir sempre foi maior que a de chegar. Retomando nosso diálogo, despejei sobre ele as minhas notícias, quase todas más. E perguntei como ele estava. Ele disse: queres as boas ou más notícias primeiro? Disse que ele podia começar pelas más. E me falou da perda que sofrera recentemente. Da morte do pai e da dor imensa que esta perda lhe causou. Senti-me irmanada na dor, quando minha mãe morreu, fui apoderada desse sentimento de

uma perda que cai em nós como num buraco sem fundo que nos arrasta junto, até que, um dia, ela se acomoda e passamos às memórias. Para ele ainda é muito cedo. Quando ele acabou de falar, pedi-lhe então que me desse as boas notícias. E ele ficou em silêncio, pensou muito e depois respondeu: estranho que não saibamos o que são as boas notícias. Que quando nos perguntam assim, de supetão, ficamos meio à toa, a pensar no que poderíamos responder. Eu disse-lhe que nossa atávica culpa judaico-cristã, muitas vezes, nos impedia de sermos felizes ou de assumirmos, por um momento, alguma felicidade. As boas notícias são muitas, mas vão se diluindo ao longo do dia, ou da vida. Temos medo de pensar muito nelas porque tememos que elas nos fujam. Queremos que elas perdurem em nós. E, quando as nomeamos, parece que já não nos pertencem. Ou, pura e simplesmente, temos uma incapacidade muito grande de ver o que é bom, em meio às tragédias que nos afetam tanto, as coisas boas vão surgindo, sem darmos por elas. Vão nos ajudando a não nos afogarmos e seguirmos adiante. Quem sabe em direção a um bom porto. Ou em direção ao mar profundo. Navegar é preciso... porque viver, como sabemos, é a coisa mais imprevisível, imprecisa e maravilhosa que nos pode acontecer.

Foto: Isa Mestre

Portugueses, desenrascados e empreendedores

Fábio Jesuíno (Empresário)

Os portugueses têm no seu ADN uma combinação única de desenrascanço e empreendedorismo que define a sua identidade e molda a sua história. Esta combinação única de qualidades tem raízes profundas na nossa história e cultura, moldando a nossa identidade ao longo dos séculos.

O desenrascanço, essa habilidade de encontrar soluções criativas e improvisadas para superar desafios, foi um dos principais motores dos Descobrimentos portugueses. A invenção da caravela, uma embarcação para viagens marítimas de longo alcance, baseada numa integração de tecnologias navais, e a utilização de técnicas de navegação avançadas para a época, são exemplos claros do espírito empreendedor e da capacidade de inovação dos portugueses.

Os navegadores portugueses eram verdadeiros empreendedores, que arriscavam tudo em busca de novos mundos e de novas oportunidades. A sua capacidade de se adaptar a culturas e ambientes diferentes, de estabelecer relações comerciais e de explorar recursos naturais desconhecidos foi

fundamental para a expansão do Império Português.

O desenrascanço e o espírito empreendedor continuam a ser marcas registradas dos portugueses. Ao longo dos séculos, os portugueses demonstraram uma grande capacidade para identificar oportunidades de negócio e criar empresas de sucesso em diversos setores.

A capacidade de inovar, de assumir riscos e de persistir mesmo perante as dificuldades são características comuns a muitos empreendedores portugueses. A globalização e a digitalização da economia criaram novas oportunidades para o empreendedorismo, e os portugueses têm sabido aproveitar essas oportunidades.

No mundo atual, marcado pela incerteza e pela complexidade, a capacidade de se desenrascar é mais importante do que nunca. As empresas e os indivíduos que conseguem adaptar-se rapidamente às mudanças, encontrar soluções inovadoras para os problemas e aproveitar as oportunidades que surgem são aqueles que têm mais sucesso.

A cultura do desenrascanço é um ativo valioso para Portugal, que nos permite enfrentar os desafios do futuro com

otimismo e confiança. Por esse motivo é importante promover a inovação, o empreendedorismo e a criatividade, um investimento no nosso futuro.

A história de Portugal é uma história de superação, de criatividade e de empreendedorismo. O desenrascanço, como traço distintivo da nossa cultura, tem sido fundamental para a construção da nossa identidade e para o nosso sucesso ao longo dos séculos.

Cada vez mais adoro ser português, desenrascado e empreendedor!

Que visão para o Turismo? Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão,

Hotelaria e Turismo da UAlg)

m pleno mês de agosto, o assunto é o Turismo.

O Turismo assistiu a uma crescente

profissionalização e especialização, tal como a hotelaria e a restauração. E até a animação.

O alargamento da atividade turística a um mundo global, trouxe para a realidade da Bacia do Mediterrâneo um crescimento com fatores menos positivos: a sazonalidade laboral, a precaridade, o trabalho por turnos fora de horas, a especulação imobiliária, o custo de vida, a aculturação, a gentrificação de alguns lugares, os impactos ambientais, a poluição e o ruído, que hoje conduzem a movimentos de oposição local aos efeitos negativos de um turismo massificado.

De facto, temos reconhecido em vários momentos que uma litoralização do turismo trouxe um ordenamento com vista para o mar e um efeito urbanístico perverso, com aumento do edificado em altura, abandono das características da construção de carácter endógeno, aculturação pela introdução de padrões de estética dos outros, densificação dos aglomerados urbanos na zona costeira e despovoamento do interior, abandono de atividade primárias, terciarização da

economia, entre outros efeitos. Noutros sítios, a pressão está no centro histórico ou no destino como conjunto, com o movimento contra o overtourism a ganhar voz em Veneza, nas Baleares, em Barcelona, em Amesterdão e em outros.

O turismo e os que cá residem

Quando falamos de turismo falamos da nossa terra, das nossas gentes, da nossa vida e daqueles que nos visitam. Estamos muito centrados na experiência positiva que queremos proporcionar a quem nos visita, mas temos que pensar nos que cá residem e dão resposta à procura, aos visitantes e que vão muito para além dos fornecedores diretos de serviços aos turistas. Este não é de todo um discurso contra o Turismo, mas a favor de um Turismo responsável e sustentável.

O Turismo para ser perspetivado como uma boa atividade, a comunidade tem de sentir os seus benefícios; as comunidades hospedeiras têm de perceber e beneficiar da atividade nas suas várias dimensões –económica, social, cultural, ambiental. Quer em termos de contributos para a comunidade recetora, quer em termos de criação de riqueza, quer para a conservação da natureza e do ambiente, quer por exemplo, para o fortalecimento da economia e das gentes locais.

É verdade que predomina hoje uma visão pessimista do Turismo como atividade produtiva e que por outro lado se privilegia uma abordagem económica ou economicista: dormidas, quartos, número de visitantes estrangeiros, número de postos de trabalho, receitas, número de unidades de alojamento local, de hotéis…

O Turismo trouxe uma nova economia e veio para ficar – trouxe também o florescimento de outras atividades económicas, culturais e até desportivas, trouxe reabilitação urbana, trouxe a valorização de elementos identitários que estavam a desaparecer e a reabilitação de algum património; a preservação de trilhos e caminhos; contribuindo com expressão para novas dinâmicas de

inovação em termos de negócios, empresas e produtos.

Vivemos outros tempos. Está tudo à distância de um clique e é tudo mais fácil e mais perto – temos as low cost e os air bnb, o chat bot, as smart cities…

Nas ambições da Estratégia Nacional para o Turismo 2027 estão expressos vários eixos estratégicos, dos quais destacava:

Alargar a atividade turística a todo o ano;

Aumentar as habilitações da população empregada no Turismo;

Assegurar que a atividade turística gera um impacto positivo nas populações residentes;

Incrementar os níveis de eficiência energética nas empresas do Turismo;

Impulsionar uma gestão racional do recurso água no Turismo;

Promover uma gestão eficiente dos resíduos na atividade turística nacional.

Tudo essencial e muito certo, mas todos os anos a monitorização é feita com estatísticas de número de turistas, dormidas e receitas. Dando voz a esta hegemonia do discurso, podemos dar alguns números. Em 2022 o Turismo empregava indiretamente no país 950 mil pessoas e 287 mil diretamente (5,7% da população trabalhava em alimentação, restauração e similares); 14% destes trabalhadores possuíam um curso superior; o peso no PIB nacional em 2023 foi de 9,5%.

Em maio deste ano decorreu em Aveiro o I.º Fórum da Plataforma Nacional do

Turismo, que integramos em representação da Universidade do Algarve, e foi apresentada a Declaração de Aveiro – Uma visão para o futuro do turismo em Portugal, que se cita: “Atualmente o turismo gera uma receita anual de 25.5 mil milhões de euros, o que corresponde, sensivelmente, a 7 vezes a receita criada pela AutoEuropa, dez vezes o valor criado pela agricultura e é superior ao financiamento europeu do Plano de Recuperação e Resiliência”. Estes factos são esmagadores e não podem ser ignorados.

Também já começamos a ouvir que os portugueses estão em menor número no Algarve e que os outros estão a crescer mais, sendo que os hoteleiros estão satisfeitos com os resultados pois as receitas médias por quarto, e por cama, estão a aumentar. No entanto, a restauração queixa-se do menor número de clientes. Os clientes queixam-se dos preços. Por sua vez, os trabalhadores lamentam a baixa remuneração perante o custo de vida e da habitação.

Há novos desafios ou paradigmas que nos afetam e que não devemos ficar indiferentes: Transição digital e Transição energética; o desaparecimento de intermediários e dos segmentos tradicionais parecem marcar a evolução das tendências no turismo.

Qualquer indivíduo, tenha ou não visitado um destino turístico como é o Algarve, tem uma imagem ou opinião associada ao lugar. A utilização de uma estratégia adequada permitirá ao destino turístico: Diferenciar-se dos destinos concorrentes; Chamar a atenção dos

grupos-alvo com mensagem própria, tendo como objetivo criar a sua própria credibilidade e notoriedade; e, Influenciar as emoções do consumidor, conquistando a sua confiança.

Assim, o principal objetivo é alcançar a qualidade adequada do destino turístico que irá possibilitar o aumento da sua atratividade ou mesmo conquistar os grupos-alvo para a escolha do destino turístico, mas também que promove uma relação de benefícios mútuos e desenvolvimento sustentado.

O Observatório do Turismo Sustentável do Algarve, no âmbito do estudo sobre os efeitos produzidos pelo Turismo sobre a região, apresenta indicadores que devem merecer a nossa atenção: os problemas de habitação, que o turismo com a pressão imobiliária nos traz, aumentando o preço das casas; assim como, outros aspetos como o aumento do tráfego rodoviário; o aumento da produção de resíduos; o aumento da poluição; o aumento do risco de acidentes e a degradação de áreas naturais (ver MONITUR*).

A taxa turística é um recurso para o investimento nos sistemas de monitorização e de valorização do destino que temos que reequacionar, saibamos perspetivar este instrumento.

Uma última curiosidade. Um estudo feito aos turistas pelo TRIPADVISOR** questionava sobre os orçamentos familiares e sobre a alta dos preços dos bens e dos serviços e pedia às pessoas que apontassem várias despesas em que estavam dispostas a reduzir os gastos…e

o que acham que responderam? Outras coisas… As viagens fossem domésticas ou internacionais eram sempre das últimas despesas a ser referidas na redução da despesa de consumo. Mas em 2023, a PORDATA apurou que 38,9% dos portugueses não tinham capacidade para passar 1 semana de férias fora de casa com a família (alojamento e viagem) e erámos o 6.º país em termos europeus nesta avaliação.

Viajar é hoje um consumo quase obrigatório, portanto quando viajarem sejam conscientes!

* https://monitur.ualg.pt/

** Tripadvisor.com é um site de aconselhamento de viagens que fornece informações e opiniões de conteúdos do Turismo.

Escritoras zombies e Florbela Espanca

Gago (Professora)

á anos, tornou-se popular uma frase pronunciada por uma «socialite» que revelava uma brilhante constatação: “estar vivo é o contrário de estar morto”. Mas será isto mesmo assim?

Passo a explicar. Recentemente, fui convidada para ir a uma escola secundária falar com alunos sobre os meus livros. Na última sessão, já a tarde ia avançada, entrei na sala um pouco mais cedo e já lá estavam alguns alunos. Uma dessas jovens, de repente, olhou para mim, arregalou os olhos e exclamou com ar de terror: “Ohhhh! Mas ela está viva!!!”. O espanto e o choque foram de tal ordem, que eu própria fiquei aterrorizada por estar viva, sem saber muito bem que crime estaria a cometer, a sentir-me uma verdadeira Lázara recauchutada, fugida do túmulo à socapa, sem pedir licença a ninguém. Emergia ali aquele estereótipo de que os escritores são gente morta, defunta, empoeirada, coberta de pó, feita em cinza que de vez em quando se escapam dos sarcófagos, originando uns filmes de terror, do género de «o regresso dos zombies». E depois, se até tinha lido a minha biografia seria caso para perguntar: o que ainda anda cá a fazer uma criatura nascida em 1972? Ou será 1872? Pouca diferença faz, pois são séculos passados, eras jurássicas,

distantes deste nosso alucinante século XXI. Nisto das literaturas, mais cem, menos cem, vem a dar no mesmo, não anda aí ainda o Frei Luís de Sousa, do Garrett, junto com outros, como é o caso do Camões? E parece que não usam instagram, nem tiktok, nem nada disso…

Contudo, esta história também tem o seu reverso, pois se há vivos que era suposto estarem mortos, também há mortos que estão inteiramente vivos.

Anos atrás, foi, à escola onde eu lecionava na altura, uma colega, especialista em Florbela Espanca, para dar uma palestra a alunos do ensino secundário. No final, uma aluna visivelmente emocionada vai falar com a professora de português para lhe explicar a razão da sua emoção: “professora, estou tão feliz! É a primeira vez que vejo assim uma escritora ao vivo, nunca pensei! Gostei tanto de conhecer pessoalmente a Florbela Espanca! É tão simpática, falou tão bem!”.

Todavia, também senti bem viva a presença física de Florbela, ainda não há muito tempo, quando a propósito do poema musicado «ser poeta», perguntei a alunos do sétimo ano se conheciam Florbela Espanca e a resposta foi imediata: “sim, é professora de inglês aqui na nossa escola.”. Claro que se tratava de outra Florbela, com um

apelido também ligeiramente semelhante.

De uma forma ou de outra, que importa é que Florbela continua viva. Neste contexto, saliento o extraordinário trabalho dos professores e investigadores brasileiros Maria Lúcia Dal Farra, Jonas Leite, Fábio Mário da Silva, que dirigiram e coordenaram o Dicionário de Florbela Espanca, obra notável e tão necessária,

publicada no Brasil e em Portugal, cujo lançamento decorreu há uns meses na Universidade de Évora.

Em suma, mesmo a flutuar num mar de equívocos, e além de todas as escritoras zombies, alegra saber e celebrar o facto de Florbela permanecer entre nós, com a sua poesia, o seu caminho ímpar, singular, no panorama literário.

O problema é a literalidade portuguesa Sílvia Quinteiro (Professora)

elo Horizonte. A noite quente é de inverno. A vista privilegiada e encantadora. Preparase um jantar. Os aromas misturam-se com o tinir da loiça e dos talheres que mãos delicadas de ourives colocam sobre a mesa. Docemente. Sem qualquer pressa. Os amigos chegam aos poucos. Encontros e reencontros. Abraços. Amizades nascidas há muito em Portugal e consolidadas com um oceano pelo meio. Aqui estamos. Reunidos em torno de uma ampla mesa de jantar no centro da cidade. Queijo de Minas e vinho alentejano. Curiosa e feliz combinação. Conversa-se. Partilha-se. A noite vai longa e animada quando Elisa empresta a voz a uma das mais belas passagens de Grande Sertão: veredas. Principia aqui a viagem a Cordisburgo.

Horas tranquilas. Doces e cachaça. Boa disposição. Contam-se anedotas mineiras. As expressões e sotaque são únicos e prestam-se a equívocos. Pergunto se é comum os mineiros serem o alvo das piadas no Brasil. A resposta é rápida e apanha-me de surpresa:

- Claro que não! São os portugueses, uaiii!

Não resisto. Peço que me contem a pior anedota que conhecem. A mais malvada de todas. Aquela que só contariam nas

costas de um português. E eles contam. Não uma. Várias. Espanta-os que me ria. Mas a verdade é que são piadas completamente inofensivas. Das duas, uma, ou as anedotas sobre portugueses são muito inocentes, ou receiam que me ofenda.

Entre um «treim» mineiro e um «pois, pois» bem português, desfiam-se as inevitáveis comparações entre o português de um e do outro lado do Atlântico:

- O problema é a literalidade do português de Portugal - esclarecem. E apressam-se a dar exemplos. Falam-me do dia em que perguntaram se o autocarro tinha bagageiro. O motorista respondeu que não, que teriam de ser eles próprios a colocar as malas na bagageira. Riem-se da incapacidade portuguesa de pensar para lá do sentido literal das palavras. Para eles é óbvio que bagageiro e bagageira são sinónimos. Para mim não, confesso. Um segundo exemplo surge de imediato:

- Em Lisboa, perguntei no hotel: - Posso pagar com cartão de crédito?, ao que a rececionista respondeu: - Você é que sabe. O cartão é seu!

E aqui tenho de ser eu a explicar que este último caso teria acontecido a qualquer um de nós. É só o nosso habitual bom atendimento. Riem e continuam os

relatos de experiências semelhantes. Começo a perceber o que querem dizer com a questão da literalidade dos portugueses. Refresco-lhes o reportório. Conto que durante dois dias circulei por Belo Horizonte, acreditando que a cidade teria um bairro enorme para o qual remetiam placas em todas as ruas. O Bairro do Retorno. Pensam por uns segundos. Faz-se luz. Rebenta uma gargalhada. Explico que somente nessa

tarde, quando a amiga que conduzia o carro se enganou no caminho e disse:Vou voltar aqui para trás. Tem ali uma placa de retorno -, percebi tratar-se da inversão de marcha. Podiam ter dito logo, caramba!

Os risos diluem-se no ar morno da noite. Reencontrar-se-ão na terra de Guimarães Rosa.

Lições da Escócia

João Ministro (Engenheiro do Ambiente e Empresário)

stive recentemente na Escócia. É a terceira vez que ali vou para caminhar e apreciar a natureza. As belas paisagens de montanha, entrecortadas por extensos campos e lagos, a rica história e a simpatia dos seus habitantes são aspectos que me atraem neste país (além do clima bem mais fresco do que nosso!). Os escoceses terão certamente muitos defeitos e coisas a melhorar. Mas há algo na sua simplicidade e nos cuidados com que tratam o território que me agradam particularmente. Pequenos detalhes que revelam o quão significativo é o seu empenho pelo bem comum e o conforto das pessoas. Alguns exemplos:

As cidades

Edimburgo, Inverness ou Portree, esta última da Ilha de Skye, são atraentes urbes, com forte ligação ao espaço natural envolvente. Os canais de água que atravessam e percorrem estas cidades, por exemplo, com maior ou menor escala, são extensos corredores verdes, de ampla utilização social e desportiva, munidos de trilhos, caminhos pedestres ou ciclovias. Estão limpos, cuidados e preparados para receber os muitos visitantes diários. Foram alvo de atenção cuidada, mas simples, a pensar nos habitantes e visitantes de fora, como parte de um cartão de visita. E constam,

por isso, nos roteiros turísticos recomendados.

Os jardins

É sabido a grande paixão e apelo dos britânicos em geral pelos jardins. Na Escócia passa-se o mesmo. Todas as casas têm um pequeno jardim, bem tratado e mantido, funcionando como que um cartão de visita. Os espaços verdes mais amplos, em pleno casco urbano, têm, em muitos locais, talhões atribuídos aos moradores locais que ali cuidam e mantêm recantos ajardinados. E em muitos sítios, mesmo nos mais remotos, há jardins comunitários, instalados e mantidos pelas gentes da terra, com convites ao usufruto dos mesmos por quem ali passe.

Os bancos de jardim

Há numerosos bancos de jardim espalhados um pouco por todo o lado, sempre em locais de particular beleza paisagística. Todos têm uma pequena placa metálica, no encosto, com dedicatória inscrita em memória de um ente querido que se perdeu. Tratam-se, na verdade, de oferendas particulares ao espaço publico, ao comum do utilizador, a pensar no bem estar de quem ali passeia e em paralelo, preservando a memória de um ente adorado. Tão simples e significativo. Uma bonita forma de imortalizar alguém.

Os caminhos pedestres

Há muitas opções de caminhadas na Escócia. Em cidades, no campo, junto à costa, ao longo dos numerosos lagos ou nas montanhas. São, na sua maioria, trilhos e caminhos antigos, bem preservados, em muitos casos com o envolvimento de voluntários e organizações locais. A sinalização, ao contrário do que por aqui se faz, é muito simples e barata. Uns postes de madeira, com cores, produzidos quase que artesanalmente, colocados nos sítios estratégicos e em mínimos possíveis. O foco, esse, recai nos caminhos. Bem mantidos, conservados e sob vigilância atenta ao desgaste, degradação ou obstrução por vegetação.

Estes simples exemplos mostram quão diferentes somos na gestão de coisa pública e na forma como procuramos criar conforto aos residentes e aos visitantes. Por cá, no caso dos percursos,

investem-se dezenas ou centenas de milhares de euros em sinalética, com soluções sofisticadas, incluindo postes em plástico reciclado ou setas de PVC gravadas a laser e esquecemo-nos do verdadeiramente importante: a manutenção dos caminhos e dos trilhos em si e como tratá-los de forma a cumprirem a sua principal função: serem atractivos, acolhedores, seguros e interessantes.

Nos jardins, novamente, temos outra forma de actuar. Peculiar, até. Ao invés de mantermos, criarmos e expandirmos os espaços verdes – que são vitais para o sucesso no combate às alterações climáticas e no conforto térmico das cidades – estamos a podar árvores de forma quase mortal, a deixar secar zonas verdes devido a restrições do uso de água – argumento este, no mínimo ridículo – e a betonizar cada vez mais o solo, seja ele urbano ou rural.

Nem tudo é melhor do que por cá se faz, obviamente. Mas naquilo que são as elementares iniciativas governativas em prole do bem estar comum ou da preparação dos espaços urbanos ou rurais face a um futuro cada vez mais exigente do ponto de vista ambiental, social e até económico, temos muito que aprender. A Escócia dá-nos algumas lições. Aconselho uma visita!

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