ALGARVE INFORMATIVO
ÍNDICE
Albufeira Carpe Nox (pág. 20)
Banho 29 em Lagos (pág. 26)
137.º Aniversário do Comando Distrital da PSP de Faro (pág. 36)
25.º Dias Medievais de Castro Marim (pág. 58)
Festas de Aljezur (pág. 90)
Miguel Araújo em Albufeira (pág. 114)
OSMOSE em Tavira (pág. 128)
OPINIÃO
Mirian Tavares (pág. 140)
Fábio Jesuíno (pág. 142)
Júlio Ferreira (pág. 144)
Sílvia Quinteiro (pág. 148)
Albufeira Carpe Nox 2025 quer ser a maior celebração de Fim de Ano em Portugal
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina programa de Fim de Ano Albufeira Carpe Nox 2025 foi tornado público a 20 de agosto, no âmbito do Dia do Município, com as celebrações a arrancarem, logo a 30 de dezembro, às 22h, com o algarvio Dino D`Santiago, artista luso cabo-verdiano, de créditos firmados com espetáculos de lotação esgotada no Coliseu dos Recreios, passando pelo NOS Alive, MEO Marés
Vivas, entre outros, que subirá ao palco da Praia dos Pescadores para um concerto especial, acompanhado por uma banda com quatro dos mais consagrados músicos nacionais.
Na noite de Passagem de Ano, os Xutos & Pontapés prometem levar milhares de pessoas ao rubro, num concerto com um alinhamento exclusivo. No espetáculo, com início marcado para as 22h, os Xutos irão interpretar todos os grandes temas da banda, precisamente quando assinalam 45 anos de carreira. O palco
arrojado e interativo, com recurso a projeção vídeo, iluminação e cenografia inovadora, contribuirá para um espetáculo imersivo e emocionante, como já vem sendo habitual nas anteriores edições do Albufeira Carpe Nox.
A contagem decrescente para dar as boas-vindas a 2025 começa às 00h no palco com um live act interativo. “No Albufeira Carpe Nox o céu nunca é o limite, mas um ponto de partida para o inédito e surpreendente”, referem os produtores do espetáculo, o que este ano acontece com uma banda sonora épica e original sincronizada com 500 drones, pirotecnia, lasers e efeitos especiais. A animação prossegue pela noite dentro com o DJ Diego Miranda, considerado um dos maiores DJ`s mundiais da atualidade e o Top 1 a nível
nacional. O artista já atuou para mais de 25 milhões de pessoas e tocou nalguns dos maiores festivais do mundo, com destaque para o Tomorrowland, o Ultra e o Rock in Rio.
Durante a apresentação do programa, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira estava visivelmente orgulhoso por divulgar publicamente o Albufeira Carpe Nox 2025 durante o mês de agosto, mais precisamente no dia das Comemorações do feriado municipal, quatro meses antes da realização do espetáculo. “O programa de Fim de Ano começa a ser trabalhado logo no início de janeiro, com reuniões com os serviços da autarquia e a produtora do evento, a empresa Tavolanostra – Eventos Globais”, apontou José Carlos Rolo, que afirmou
que “todos os anos o Município procura melhorar e inovar o programa” “Esta é, sem dúvida, a melhor forma de desejarmos um Bom Ano Novo aos milhares de visitantes que todos os anos escolhem Albufeira nesta época do ano. É um momento de esperança, de renovação de desejos, de confraternização e de festa para todos, jovens, menos jovens e famílias, que temos o prazer de receber no Albufeira Carpe Nox, que já se afirmou como uma marca incontornável para os programas de Fim de Ano a nível nacional e internacional. No ano passado, quase todos os canais de televisão passaram imagens do espetáculo e muitas pessoas que viram ficaram com vontade de marcar presença na Festa de Fim de Ano em Albufeira”, reforçou o edil.
O Fim de Ano em Albufeira é, porém, mais do que o Carpe Nox, contemplando muitas outras atividades, entre o final de dezembro e a primeira semana de janeiro, nomeadamente o Paderne Medieval, o Albufeira Natal, o Presépio ao ar livre da Guia, entre outras iniciativas culturais e desportivas. A terminar a sua intervenção, José Carlos Rolo lançou um repto aos empresários locais e às associações turísticas e comerciais, para que “durante esta época festiva mantenham as portas abertas para que quem cá vem possa tenha o que fazer e onde comer”. “Para
colmatar esse problema, em 2024, o Município inaugurou o Street Food Sem Fronteiras, com comidas e bebidas de todo o mundo, iniciativa a que vamos dar continuidade este ano”, concluiu.
O presidente da APAL – Agência de Promoção de Albufeira, um dos parceiros do Albufeira Carpe Nox desde a primeira edição, lembrou, por sua vez, que “um dos principais objetivos da associação passa pela promoção e valorização do que de melhor se faz em Albufeira”. Desidério Silva sublinhou ainda que não é normal fazer a apresentação do programa de Fim de Ano em agosto. “Aquilo que estamos a fazer está um passo à frente do que se faz em outros locais, o que demonstra o potencial turístico de Albufeira, enquanto destino de Fim de Ano a nível nacional.Temos uma oferta variada e de grande qualidade na programação que apresentamos todos os anos. É este o caminho que temos que percorrer para fazer a diferença, quer no que diz respeito ao produto, quer aos mercados. Temos que procurar captar turistas com maior capacidade financeira e que respeitem o local e as nossas tradições. Esta é uma responsabilidade de todos, mas também dos empresários que têm que trabalhar no sentido de valorizar a marca para que
Albufeira seja um destino de qualidade. Enquanto este for o foco, o Município pode contar com a APAL e os seus associados”, afirmou Desidério Silva.
João Costa, da Tavolanostra Eventos Globais, também usou da palavra durante a apresentação do Fim de Ano, considerando que “é justo dizer que com dois anos de pandemia pelo meio, o Albufeira Carpe Nox conseguiu atingir a maioridade, fruto do trabalho e confiança do
Município na nossa empresa e de uma equipa fantástica que está de parabéns” “Este é o quarto ano em que Albufeira aposta num programa que marca pela diferença, porque não se cinge aos artistas em palco, mas ao espetáculo na sua globalidade, tirando partido do cenário e da criação de uma experiência única que mexe com as emoções e fica na memória de todos os que por ali passaram”, finalizou o produtor.
Lagos manteve viva a Festa do Banho 29
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Festa do Banho 29, uma das mais queridas tradições de Lagos e do Algarve, voltou a acontecer, no dia 29 de agosto, em simultâneo na cidade de Lagos e na Praia da Luz, com destaque para o concurso de fatos de banho promovido pela autarquia local.
Diz o folclore que o banho de mar de 29 de agosto espanta demónios e vale por 29 banhos. Com origens incertas e ancestrais, esta tradição algarvia tem perdurado até aos dias de hoje, aproveitando-se o banho purificante para
uma celebração em locais emblemáticos do concelho – Cais da Solaria e Jardim da Constituição e Praia da Luz.
Em colaboração com a ACRAL, regressaram à cidade de Lagos o Concurso de Trajes de Banho Tradicionais e o Concurso de Moda/Estilismo de Trajes de Banho, sendo que, para o primeiro caso, os prémios monetários eram de 250, 200 e 150 euros para os 1.º, 2.º e 3.º lugares, respetivamente. Aqui fica o registo fotográfico do Concurso de Trajes de Banho Tradicionais, sendo que o Concurso de Moda/Estilismo de Trajes de Banho fica guardado para a próxima revista semanal do Algarve Informativo.
Portimão acolheu comemorações do 137.º aniversário do Comando Distrital da Polícia de Segurança
Pública de Faro
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina cidade de Portimão recebeu, no dia 27 de agosto, as celebrações do 137.º aniversário do Comando
Distrital da Polícia de Segurança Pública de Faro, ao serviço da democracia e dos cidadãos da região algarvia. A cerimónia
solene decorreu no auditório do Museu de Portimão e foi presidida pelo
Secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, contando com as participações do Superintendente Luís Miguel Ribeiro Carrilho, Diretor Nacional da PSP, do Superintendente Dário Prates, Comandante Distrital da PSP de Faro, e de Álvaro Bila, presidente da Câmara Municipal de Portimão.
Os 137 anos de história da PSP do Algarve são celebrados num contexto de elevada complexidade e exigência e com
a atenção focada na segurança nas suas múltiplas dimensões, pelo que o Superintendente Dário Prates, Comandante Distrital da PSP de Faro, entende que “uma Polícia que se quer de confiança tem de ser uma polícia próxima, que respeita e protege os Direitos Fundamentais, que vai ao encontro das expetativas dos cidadãos e que, numa lógica de transparência, presta contas do que faz”.
Olhando para a região do Algarve e de acordo com os registos oficiais, o Superintendente revelou que, entre 2023 e 2022, houve um aumento da criminalidade geral de 13,5 por cento (aumento este superior ao verificado a nível nacional de 8,2 por cento), e que a criminalidade violenta e grave aumentou
3,5 por cento (a nível nacional esse aumento foi de 5,6 por cento).
Especificamente na área de intervenção da PSP, o aumento da criminalidade geral foi de 11,5 por cento e o aumento da criminalidade violenta e grave de 3,3 por cento. Foi neste contexto que o Comando Distrital de Faro incrementou o número de operações policiais realizadas em 43,2 por cento, de 1.184 para 1.696 operações, e procedeu à detenção de 866 cidadãos, o que corresponde a um aumento de 17 por cento de detidos em relação ao ano anterior. Registou-se também uma subida de 13,8 por cento do registo de crimes decorrentes da proatividade policial.
No âmbito do policiamento de proximidade, e já no primeiro semestre deste ano, destacam-se as 1.133 ações de sensibilização e prevenção criminal e os
1.631 contactos individualizados, efetuados no âmbito dos Programas de Proximidade: «Escola Segura», «Apoio 65 – Idosos em Segurança», «Comércio Seguro» e «Violência Doméstica». No que toca ao combate ao crime, designadamente na vertente de investigação criminal, foram detidos 287 cidadãos, sendo 102 destas detenções efetuadas em flagrante delito. Foi aplicada a 34 cidadãos a medida de coação de prisão preventiva.
Dário Prates realçou a constituição e implementação, em junho passado, da Secção de Apoio Operacional do Núcleo de Investigação Criminal, cujo apoio tecnológico e formação específica foram garantidos pelo Departamento de
Investigação Criminal da Direção Nacional da PSP e que constituirá uma mais-valia para a PSP na investigação da criminalidade mais complexa, dadas as suas especiais capacidades de pesquisa, seguimento, vigilância e recolha de notícias. No Aeroporto Gago Coutinho, a PSP assumiu a responsabilidade do controlo fronteiriço no dia 29 de outubro de 2023, com o reforço da PJ e em estreita cooperação com a ANA Aeroportos. E a importância do aeroporto para a região do Algarve é bem evidente pelo número de passageiros que continua a aumentar. “No primeiro semestre deste ano, o total de passageiros foi de 4 milhões, 319 mil e 950, excedendo em 3,2 por cento os
números do mesmo período do ano transato. Especificamente no controlo da fronteira aérea do aeroporto, entenda-se, passageiros oriundos de países não aderentes ao Acordo de Schengen, o número de passageiros controlados foi de 2 milhões, 405 mil e 404, o que representa um aumento de 5 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. Salientamos também a interceção de mais de 1.500 menores no Aeroporto de Faro, por viajarem sem autorização parental, só desde março último, o que implica forçosamente diligências de confirmação junto de familiares, que são processos
com alguma morosidade e que impactam negativamente na nossa capacidade instalada de processamento de passageiros por hora. O esforço e a empatia dos polícias do Aeroporto de Faro foram especificamente reconhecidos e louvados, em julho deste ano, pela representação diplomática do Reino Unido em Portugal”, apontou o Comandante Distrital da PSP de Faro.
Dário Prates sublinhou que, a par do apoio que a PSP recebe das Câmaras Municipais, “temos também as suas reivindicações, legítimas, para um policiamento de proximidade com maior visibilidade, e nós procuramos sempre ir ao encontro
dessas expetativas, sendo das nossas principais atribuições a promoção do sentimento de segurança junto das populações que servimos”. “Procuramos incessantemente as melhores formas de policiamento de visibilidade, mesmo nos momentos em que as ocorrências «inundam» o nosso Centro de Comando e Controlo Operacional, com o consequente empenho operacional elevado dos meios disponíveis, ou quando o controlo de fronteira exige um grande investimento de recursos humanos, ou quando o Corpo de
Intervenção incide o seu policiamento maioritariamente nas zonas de diversão noturna, durante as madrugadas, locais estes de maior risco, mas de menor visibilidade”, afirmou o Superintendente, acrescentando ainda que, “no ano em que comemoramos os 50 anos de liberdade, não nos podemos esquecer que ninguém pode ser verdadeiramente livre se não se sentir seguro” “Segurança e liberdade são duas faces da mesma moeda: a segurança sem a liberdade é inútil, a liberdade sem a segurança é impossível. Cabe,
pois, a nós, garantir a liberdade através da segurança”, realçou.
A finalizar a sua alocução, Dário Prates elogiou a resiliência e a vontade de bem servir o cidadão dos homens e mulheres que tinha à sua frente, “e que permitiram aumentar a atividade operacional, aumentar os resultados operacionais, manter o esforço e a formação para a assunção de novas responsabilidades de controlo fronteiriço, constituir novas valências – Núcleo de Estrangeiros e Controlo Fronteiriço e a Secção de Apoio Operacional – dentro das dificuldades inerentes à escassez de meios humanos e materiais, à árdua função policial e à incerteza
que faz parte do nosso quotidiano”. “O trabalho por vós desenvolvido demonstra bem o empenho, o espírito de missão e o vosso profissionalismo, de que muito me orgulho. A equipa de comando vai manter o trabalho conjunto de persistência e de proatividade, com muita confiança e inspirados por esta massa humana, azul e forte, que preenche as fileiras da PSP e que tem dado, dia após dia, provas do seu compromisso com a missão policial.Vamos, em conjunto, de forma «serena e atuante», como diz o nosso lema, tornar o Algarve, cada vez mais, um destino seguro
para viver, trabalhar, estudar e visitar”, concluiu.
Seguiu-se, no uso da palavra, o Superintendente Luís Miguel Ribeiro Carrilho, Diretor Nacional da PSP, instituição fundada em 1867 e que tem desempenhado um papel crucial ao longo dos tempos na proteção dos direitos e liberdades dos cidadãos, garantindo a paz e a segurança. “Sendo a Polícia uma das faces mais visíveis do Estado, importa que esta mesma Polícia, a nossa Polícia, esteja cada vez mais próxima dos cidadãos que serve, apostando na prevenção, no cuidado com os mais vulneráveis, na sensibilidade do tratamento das questões de género, garantindo procedimentos sustentados na eficácia, na
eficiência e na sustentabilidade. Importa também que a nossa Polícia continue a garantir a defesa do estado de direito democrático e dos direitos humanos, dispondo de uma enorme flexibilidade institucional que permita a adaptação constante às novas ameaças, sejam elas assimétricas, nacionais ou internacionais, o que implica estarmos preparados e capacitados para a transição digital, sermos sensíveis à cibersegurança, mas sobretudo contribuirmos para que a vida em sociedade, a segurança das pessoas (individual e coletivamente) sejam sempre preservadas e respeitadas”, considerou o Superintendente Luís Miguel Ribeiro Carrilho.
Para o alcance de uma polícia mais próxima do cidadão, mais moderna e com um papel primordial na segurança nacional e na sua afirmação no contexto internacional, vai-se apostar em seis vetores estratégicos: reforçar o sentimento de segurança dos nossos concidadãos e de quem nos visita; incrementar o policiamento de proximidade em toda a área de responsabilidade da PSP; apostar na formação inicial e contínua dentro da instituição; valorizar socioprofissionalmente todas as pessoas que trabalham na PSP; incrementar a coesão interna; e intensificar a cooperação nacional e internacional, “pois a Polícia de Segurança
Pública é um instrumento capital de política interna e também um poderoso instrumento de política externa” “A versatilidade, o profissionalismo, o saber de experiências feito, a competência técnica, o rigor, a capacidade de adaptação constante e o humanismo vincado com que os profissionais deste Comando se apresentam diariamente ao serviço dos cidadãos, é, sem dúvida, a razão do sucesso da atividade que é desenvolvida neste
Comando Distrital. E para o sucesso da atividade deste Comando Distrital da PSP e no
quadro da cooperação institucional, importa destacar, de forma particular, o inestimável apoio e a permanente colaboração das Autarquias, instituições parceiras com as quais a PSP desenvolve uma estreita atividade de colaboração e cooperação, ao serviço dos cidadãos”, disse.
Neste contexto de mútua e salutar cooperação institucional foi publicamente assinalado, neste dia, o inestimável apoio das Câmaras Municipais de Portimão, Lagos e Vila Real de Santo António na prossecução da missão da PSP, com a atribuição da Medalha de Mérito e Valor Policial da Polícia de Segurança Pública, grau ouro, aos respetivos presidentes Álvaro Bila, Hugo Pereira e Álvaro Araújo, com Luís
Miguel Ribeiro Carrilho a adiantar que outras cidades onde a PSP está implantada no Algarve serão agraciadas numa próxima oportunidade. E, dirigindo-se aos Oficiais, Chefes, Agentes e Pessoal Técnico de Apoio à atividade operacional presentes no Auditório do Museu de Portimão, o Diretor Nacional da PSP lembrou que “cabe-nos apenas a nós reforçar a nossa imagem de credibilidade, respeito, empatia e confiança aos cidadãos que servimos, afirmando-nos, cada vez mais, como um referencial de confiança e de respeito”. “Quero deixar-vos uma mensagem de esperança e de confiança no futuro, um futuro que depende sobretudo daquilo que a nossa geração for capaz de construir, dando continuidade ao percurso histórico de
excelência que carateriza a nossa Instituição”, finalizou.
Videovigilância avança para o centro de Portimão
No uso da palavra, Álvaro Bila, presidente da Câmara Municipal de Portimão, lembrou que a localização geográfica de Portimão, na confluência do rio e do mar, o clima ameno, a beleza cénica ímpar dos mais de 8 quilómetros de praias e dos estuários do Rio Arade e da Ria de Alvor, a riqueza cultural e a diversidade gastronómica, estiveram na génese da rápida transformação da cidade, da vila piscatória e da indústria conserveira do início do sec. XX, para um dos mais importantes destinos turísticos do país, com mais de 2,5 milhões de dormidas anuais. “Associado ao advento do turismo, também a
demografia ganhou um novo dinamismo, e novos contingentes populacionais passaram a habitar Portimão, de diferentes geografias, com diferentes motivações, em estadas curtas, preferencialmente durante os meses de Verão, elevando sazonalmente a população da cidade de 60 mil para os 300 mil habitantes, com consequências transversais na capacidade de resposta de todas as entidades com responsabilidade na gestão diária de uma cidade”, apontou o edil.
Álvaro Bila apontou igualmente que, neste processo de rápido crescimento, Portimão sofreu profundas alterações
sociodemográficas na sua malha urbana, “hoje mais concorrida na periferia derivado do surgimento de novas urbanizações, e mais envelhecida no centro, sem as relações de familiaridade de outrora, o que acentuou a desertificação, o abandono do edificado existente, a atração de população mais desfavorecida e de indigentes, que potenciam um quadro de perceção de risco e de insegurança na população”. “Associado a este fenómeno, a liberalização das regras e procedimentos necessários para a abertura de estabelecimentos comerciais e de alojamento nos centros urbanos veio acentuar ainda mais as alterações substantivas da
vivência urbana na zona antiga, o que muito tem contribuído para um maior registo de distúrbios, tanto durante o dia, como no período noturno, e que se traduz num fator de perturbação do descanso dos moradores e legitima a necessidade e exigência da população para uma maior presença e, até, maior rapidez e efetividade de resposta na abordagem à problemática”, reconheceu o autarca, preocupações essas que têm sido transmitidas ao Comando Distrital da PSP, “alertando, por um lado, para as queixas recorrentes da população para a necessidade do reforço das ações de policiamento de proximidade, e, por outro, para a carência de meios humanos e técnicos com
impacto direto na capacidade de resposta às ocorrências, com particular incidência no período noturno”
O diagnóstico das necessidades está feito e a autarquia portimonense está ciente das dificuldades, dos condicionamentos e das restrições existentes, com Álvaro Bila a aproveitar a ocasião para reafirmar a absoluta confiança da edilidade na atuação da Polícia de Segurança Pública, bem como a sua total disponibilidade para colaborar de forma ativa e persistente na resolução dos problemas que condicionam a prossecução da sua missão. “A Polícia de Segurança Pública, através do seu Comando Distrital ou da Divisão Policial de Portimão, tem sido desde sempre, e continuará a
sê-lo, um parceiro privilegiado no desenvolvimento da nossa cidade. Foi neste espírito que ao longo dos anos temos assumido sempre um papel colaborante, visando a melhoria das condições de trabalho e operacionalidade da Polícia de Segurança Pública no Concelho de Portimão”, assumiu Álvaro Bila, recordando a criação do Posto de Atendimento ao Turista da PSP na Praia da Rocha; a requalificação das instalações da Divisão Policial de Portimão, prevendo-se a sua modernização, climatização e melhoria da capacidade operacional com camaratas mobiladas para acolher o reforço de contingente no período de Verão; a cedência de viaturas; e a implementação do sistema de videovigilância nas vias públicas da Praia
da Rocha e principais acessos rodoviários ao concelho.
O autarca garantiu que este sistema contribuiu positivamente para o sentimento de segurança da população residente, turistas, comerciantes e empresários de Portimão. “Hoje, como corolário de toda esta colaboração com o Comando Distrital da Polícia de Segurança Pública, particularmente do seu Comandante Distrital, o Superintendente Dário Prates, dos Intendentes Mário Oliveira e Carlos Pinto, podemos anunciar publicamente que o projeto da
ambicionada expansão do sistema se encontra concluído e pronto a ser submetido à aprovação do Ministério da Administração Interna, prevendo a cobertura da zona histórica, da zona ribeirinha, do Largo Gil Eanes, da estação de comboios e da gare rodoviária, bem como dos acessos aos estabelecimentos escolares da cidade”, revelou Álvaro Bila, frisando que “a segurança é um valor absolutamente vital para o desenvolvimento económicosocial de um concelho, para a atração e fixação de população,
para o bem-estar dos seus cidadãos”. “O fenómeno da criminalidade apresenta cada vez mais desafios, implica novas formas de o combater e exige uma cada vez maior mobilização de meios, e em Portimão temos todos plena consciência do esforço permanente a que isso obriga. Mas também temos igualmente presente que o sucesso da Polícia de Segurança Pública será tanto maior quanto os meios humanos e técnicos que forem colocados ao seu dispor, que a união dos esforços de todos permitirá melhores resultados, que o seu sucesso é o sucesso da nossa cidade, dos Portimonenses”
“Queremos uma Polícia cada vez mais dotada de autoridade e respeitada”
O périplo de intervenções oficiais teve o seu término com o Secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, que recordou que, sendo o Algarve um dos principais destinos turísticos da Europa e do Mundo, o Comando Distrital da PSP de Faro é, por inerência, um dos mais importantes do país. “O Algarve tem vindo sucessivamente a conquistar prémios, distinções e honrarias nos vários segmentos do turismo e é indiscutível a importância que o turismo tem para o Produto Interno Bruto português. Mas um destino turístico só será de excelência se for, simultaneamente, um destino
seguro, e é isso que distingue Portugal de outros países do mundo”, declarou o governante. “A proteção e segurança dos portugueses, e daqueles que nos visitam, são, mais do que um valor essencial, um ativo económico fundamental para o nosso país”, enfatizou.
Telmo Correia não tem dúvidas de que, se Portugal é um dos países mais seguros do mundo, isso se deve, em larga medida, à competência, brio e profissionalismo da PSP, notando ainda que o seu dispositivo tem que ser adequado aos problemas específicos que existem em cada distrito e cidade. “Neste Comando existe um conjunto de situações no plano da criminalidade que merecem uma
especial atenção e preocupação. Para além dos roubos na via pública, à condução sem habilitação legal ou com uma taxa de álcool no sangue superior ao limite legal, registamos também um certo ressurgimento do tráfico e consumo de drogas e a violência doméstica é um autêntico flagelo em Portugal e deve ser combatido com equipas policiais especializadas”, analisou o Secretário de Estado da Administração Interna.
Relativamente ao sistema de videovigilância inaugurado, naquela manhã, em Faro, e que vai ter uma nova fase de expansão em Portimão, o governante defendeu “a necessidade de se construírem sistemas que
defendam a privacidade, os direitos e as garantias fundamentais dos cidadãos, mas que sejam, ao mesmo tempo, uma ferramenta essencial para as forças de segurança atuarem”. “Queremos uma Polícia cada vez mais dotada de autoridade e respeitada e estamos a preparar um diploma para o agravamento das penas sempre que agressões, insultos ou injúrias sejam dirigidos a elementos das forças de segurança. Brevemente teremos ocasião de efetivar aquele que é, independentemente de outras considerações, o maior aumento em termos remuneratórios das forças de segurança. Pretendemos
uma Polícia mais robusta, mais bem equipada, mais moderna, com melhores instalações, um trabalho que queremos realizar também em parceria com os autarcas”, afiançou, antes de concluir. “Ser polícia não é ser só um servidor do Estado. É, perante o perigo, correr para o enfrentar, com coragem e com risco da própria vida. Os homens e mulheres que servem este Comando têm de agir prontamente e com determinação numa situação de crise ou conflito, mas é a calma e a serenidade que fazem com que a resposta seja justa, firme e adequada”
25.ª edição dos Dias Medievais em Castro Marim confirmou a afirmação da marca, da excelência e da diferenciação na recriação
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Castelo, o Forte de S. Sebastião e as ruas da vila de Castro Marim voltaram a regressar ao passado, entre 21 e 25 de agosto, com os Dias Medievais, que este ano assinalaram a 25.ª edição e acolheram novamente milhares de pessoas. Durante os cinco dias mais
emocionantes e aguardados da agenda cultural de Castro Marim, as artérias da vila foram invadidas por reis e rainhas, cavaleiros de armaduras reluzentes, bobos e jograis, comerciantes, monges, damas e nobres e ainda criaturas demoníacas e mágicas. Os Dias Medievais em Castro Marim assinalaram igualmente os 750 anos da construção do Castelo, com a participação especial Guérande, cidade francesa geminada e
cujo executivo esteve presente, e de Cortegana, através de presença política e artesãos daquela vila espanhola.
Considerados como uma das maiores e melhores recriações históricas do país, os Dias Medievais em Castro Marim continuaram a apostar no rigor e a garantir segurança e qualidade, que são os estandartes deste evento. Esta foi uma edição que primou pelo reforço de segurança privada e militar, por vários dispositivos de intervenção médica rápida, bombeiros e um estruturado sistema de comunicação, para a proteção dos visitantes, além da presença de diversos técnicos equipados com desfibrilhadores, que percorreram todo o recinto, para que se pudesse reduzir o tempo de socorro sempre que houvesse uma necessidade de desfibrilhação cardíaca.
Por ser uma efeméride simbólica, esta 25.ª edição dos Dias Medievais em Castro Marim ofereceu aos seus visitantes novas experiências e alguns registos diferentes e marcantes, como o espetáculo de encerramento diário com tecnologia e projeção sobre a história do Castelo em videomapping. O Forte de S. Sebastião, com nova iluminação e respeitando a contemporaneidade histórica, teve uma afluência nunca antes vista, podendo-se, para além do deslumbre da paisagem e cenário, assistir diariamente à recriação de uma guarnição militar do século XVII e de um acampamento árabe na sua encosta.
O Castelo de Castro Marim acolheu, mais uma vez, as representações de mais de 45 artes e ofícios num palco único e inigualável, desde o cereeiro, hoje com 90
anos, às crianças aprendizes da Tecelã, num cenário vivo. Além de grandes espetáculos como os torneios medievais a cavalo, que foram diariamente um elemento de atração para os visitantes, estavam patentes as exposições de Instrumentos de Tortura e Punição e da Primeira Sede da Ordem de Cristo. O Castelo abrigou ainda os banquetes medievais, que decorreram num espaço exclusivo e à luz misteriosa das tochas, com uma ementa que reuniu as melhores iguarias da época, acompanhadas de performances de grupos de animação.
Entre os grandes destaques deste ano voltou a estar o tradicional desfile, que ocorreu no primeiro e no último dia do evento, considerado como uma das melhores oportunidades para absorver este universo de imaginação e fantasia. A animação continuou a ser outra das
grandes apostas dos Dias Medievais em Castro Marim, que se distingue de outros eventos do género graças à exclusividade com alguns dos 30 grupos de animação nacionais e internacionais. Estes grupos são rotativos e distribuídos pelos múltiplos palcos dos Dias Medievais em Castro Marim, desde o mercado até ao Castelo, com teatros de rua, grupos «passa calles», malabaristas, zaragateiros, cuspidores de fogo, gaiteiros, equilibristas, espadachins, contorcionistas, músicos medievais, música e dança árabe-oriental, música sacra na Igreja do Castelo, missa com coro, danças medievais, encantadores de serpentes, arruadas e demonstrações de falcoaria. Uma vez que este é considerado um evento para toda a família, a programação incluía espaços e atividades de animação infantil com oficinas, jogos, carrosséis, contadores de
histórias e outras diversões, sendo zonas que exigem um maior resguardo e áreas mais acauteladas, para que os mais pequenos pudessem usufruir das experiências, tanto no Castelo como fora dele.
Os Dias Medievais em Castro Marim terão sido um dos primeiros EcoEventos do país, por desde sempre disponibilizar um copo de barro diferente em cada edição, e este ano não foi exceção, pretendendo continuar no futuro, com o objetivo de apelar à máxima redução de resíduos e à utilização de materiais reutilizáveis. O programa contava com centenas de exibições, num evento que envolveu dezenas de estabelecimentos e associações, centenas de figurantes, funcionários da Câmara Municipal de Castro Marim, forças de segurança,
artistas, empresas, castromarinenses e muitos outros, que enriquecem e distinguem este evento, tornando-o numa experiência única e inesquecível e um verdadeiro regresso à época mais intrigante e misteriosa da nossa história.
Os XXV Dias Medievais de Castro Marim foram uma organização do Município de Castro Marim, em parceria com associações, juntas de freguesia locais e RTP2, e com o apoio da Região de Turismo do Algarve, dos municípios de Guérande e Cortegana e da Delta Cafés. Com o final de mais uma edição de sucesso dos Dias Medievais em Castro Marim, já se começa a pensar na próxima, que certamente trará muitas novidades em 2025.
ALJEZUR ESTEVE DURANTE QUATRO
ESTEVE EM FESTA QUATRO DIAS
e 26 a 29 de agosto, a vila de Aljezur esteve repleta de animação e apresentou um cartaz com diversos nomes sonantes da música nacional. As festividades arrancaram na segunda-feira, dia 26, com a abertura da Street Food, com música variada e onde se podiam provar os muitos petiscos das tasquinhas ali presentes. No dia 27, a noite animou-se ao som de Bispo, cantor que foi reconhecido, recentemente, com o prémio de «Melhor Artista Português» no MTV Europe Music.
A já popular Noite A – Noite
Multicultural aconteceu a 28 de agosto e preencheu de branco as ruas da zona histórica. Nesse dia, os núcleos museológicos do circuito histórico-
cultural e ambiental da vila estiveram de portas abertas e, ao por do sol, perante as muralhas do castelo, Jorge Palma brindou o público com as suas icónicas canções. No palco principal, Nininho Vaz Maia proporcionou uma noite memorável perante uma multidão impressionante.
A festa continuou na manhã do dia 29 de agosto, feriado municipal, com a tradicional marcha-passeio até à Praia do Monte Clérigo, com a recriação do aclamado «banho santo». Ao final da manhã teve início a «Mega Sardinhada em sua Casa», com distribuição gratuita de sardinhas em todas as freguesias. O encerramento das festas ficou a cargo, no palco principal, de um dos mais consagrados artistas populares nacionais, Quim Barreiros, que fechou com grande animação estes quatro dias de celebração.
MIGUEL ARAÚJO
DIA DO MUNICÍPIO
Texto: Fotografia:
ABRILHANTOU MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA
iguel Araújo foi o artista convidado, este ano, pela Câmara de Albufeira para atuar, a 20 de agosto, na Praça dos Pescadores, no âmbito dos festejos do Dia do Município, tendo como convidados especiais António Zambujo e Bárbara Tinoco. O concerto foi, sem dúvida, um dos pontos altos do programa comemorativo da efeméride e atraiu largas centenas de fãs deste músico, autor e intérprete que começou a dar nas vistas como integrante d’Os Azeitonas, banda formada, em 2002, aquando de uma viagem de faculdade.
A par do sucesso da banda, Miguel Araújo ia compondo também temas para artistas como Ana Moura, António Zambujo, Carminho, Ana Bacalhau, Raquel Tavares, entre outros,
até que, em maio de 2012, lançou o seu primeiro álbum a solo, «Cinco dias e meio», sucedendo-se, em 2014, «Crónicas da Cidade Grande». Em 2016, abandonou a banda portuense para se dedicar à sua carreira a solo e, em 2017, edita novo disco, «Giesta». «Peixe Azul» sai em 2021 e, em 2022, dois álbuns veem a luz do dia, nomeadamente, «As Canções da Esperança» e «Chá Lá Lá», antes de, em 2023, ter saído o disco ao vivo com o João Martins Ensemble.
Repertório não falta, por isso, a Miguel Araújo, que em Albufeira se apresentou com a sua banda completa para interpretar «Dia da Procissão», «Fado do diz que disse», «Readers Digest», «Será Amor», «Recantiga», «Balada Astral», «Quem és tu miúda», «Chamada não atendida» e «Dona Laura» com Bárbara Tinoco, «Maridos», «Aviões», «Rancho Fundo» e «Pica do 7» com António Zambujo, «Talvez se eu dançasse» e «Saudade».
OSMOSE APRESENTARAM-SE
NO VERÃO EM TAVIRA
APRESENTARAM-SE TAVIRA
s noites foram bastante escaldantes em Tavira, mercê do fantástico programa cultural «Verão em Tavira» preparado pela autarquia local, e que levou, no dia 15 de agosto, à Praça da República, os OSMOSE. A banda, formada por Diogo Ramos (voz), Luís Conceição (piano e voz), Valter Estevens (guitarras e voz), Pedro Parreira (baixo) e Bruno Maié (bateria) incluiu no alinhamento os singles «Tiro no Escuro» e «Naquele Rio», lançados no início de 2024, e que podem ser encontrados em todas as plataformas de streaming, assim como os vídeos que os acompanham. A par desta novidade, os OSMOSE pretendem fazer, ainda este ano, um pequeno concerto acústico, antes de concluir alguns temas que poderão ver a luz do dia já em 2025.
Dos dias bons
Mirian Tavares (Professora)
Busquei a luz e o amor. Humana, atenta Como quem busca a boca nos confins da sede. Hilda Hilst
á dias que parecem feitos de encomenda: há sol, mas não muito calor; todas as pessoas com quem nos cruzamos sorriem e derramam-se em delicadeza; tudo anda sem atrasos e, mesmo os enganos, revertem-se em novos sorrisos e indicações precisas. Há dias em que o mundo parece girar na direção certa, não há mercúrio retrógrado nem outro planeta que, desvairado, decida estragar um dia bom. Nos dias bons somos quase felizes. De uma felicidade mansa e aconchegante. Sem gritos ou saltos. Apenas conversa amena, café com croissant e, mesmo o sumo de laranja, nunca tão doce quanto as laranjas do Algarve, não nos afeta. É fresco e combina com o vento que agita as árvores e refresca a manhã. Os dias bons começam com boas manhãs. Um acordar preguiçoso, sem pressa, espera-nos apenas um compromisso tardio. O filho está leve e sorri. Retribuo seu sorriso e digo: já reparaste que todas as pessoas com quem nos cruzamos foram simpáticas e gentis? Gosto de reiterar as coisas boas. Que tantas vezes passamos por elas desatentos. É preciso não desperdiçar as manhãs frescas, o café
quente, as empregadas de mesa que sorriem, os seguranças que dizem: vão com Deus, os motoristas de Uber atenciosos, o trânsito que flui e a vida que parece bem melhor. Nem que seja pelo instante que dura um dia bom. Ou uma boa manhã. Há que celebrar cada momento, por minúsculo que seja, em que respiramos sem que nos doa o peito, toldado por qualquer amargura. Há que celebrar os sorrisos, a leveza das coisas que deslizam, sem ruídos, sem anúncios espampanantes. Que apenas estão ali – à mão de semear. Mas, para que um dia seja realmente bom, há que estar pronto para recebê-lo, abrir os braços, deixar que esse momento de equilíbrio, em que tudo parece alinhado, entre dentro de nós e também nos alinhe – o coração bate do lado esquerdo do peito, não no estômago, não acelerado, não expectante ou assombrado, não com medo ou sombra de angústia. Bate, simplesmente, porque estamos vivos. E há que celebrar a vida. Como me disse um amigo querido, leve leve – leve a vida mais leve, ou deixe a leveza emanar das coisas e de dentro de cada um de nós. Nem sempre é fácil. Por isso, para não me esquecer do lema, tenho-o tatuado no braço. Nem sempre é fácil. Mas há dias bons que nos espreitam. E, nesses dias, quase podemos ser verdadeiramente felizes.
A revolução da inteligência artificial está a mudar tudo
Fábio Jesuíno (Empresário)
stamos a viver um momento histórico, a inteligência artificial, outrora confinada aos domínios da ficção científica, tornou-se uma realidade tangível que molda o nosso presente e define o nosso futuro.
Com a capacidade de processar dados cada vez maior, a inteligência artificial está a redefinir os limites do possível. Desde a descoberta de novos medicamentos até à criação de obras de arte, a IA está a começar a estar presente praticamente em todos os aspetos da nossa vida.
É fundamental questionar se estamos prontos para um mundo onde as máquinas inteligentes tomam decisões que têm um impacto diretamente nas nossas vidas, é importante perceber as questões éticas, sociais e económicas desta grande revolução que está a acontecer e compreender os desafios para a humanidade.
A velocidade com que a IA se desenvolve levanta questões cruciais sobre o futuro do trabalho. A automação de tarefas, antes exclusivas dos humanos, ameaça a subsistência de diversas
profissões. No entanto, a IA também cria oportunidades, impulsionando a criação de empregos em setores emergentes, como a ciência de dados e o desenvolvimento de software.
A privacidade é outro grande desafio. A recolha massiva de dados, impulsionada pela IA, levanta preocupações sobre a vigilância e a manipulação. É importante estabelecer regulamentações sólidas para proteger os dados pessoais e garantir o uso ético da IA.
Além disso, a IA pode amplificar tendências negativas presentes nos dados de treino, perpetuando desigualdades sociais. É fundamental desenvolver algoritmos imparciais e transparentes para mitigar esses riscos.
Apesar dos desafios, o potencial da IA é imenso. Na medicina, por exemplo, faz com que os diagnósticos sejam mais precisos, ajuda a gerar novas moléculas e acelera a descoberta de medicamentos, enquanto a educação pode-se tornar mais personalizada e eficaz. A IA também pode contribuir para a resolução de problemas globais, como as mudanças climáticas e a fome.
Para aproveitar ao máximo os benefícios da IA, é fundamental investir em educação e formação, preparando a
força de trabalho para um futuro cada vez mais automatizado. A colaboração entre governos, empresas e universidades é essencial para desenvolver políticas públicas que promovam o desenvolvimento ético e responsável da IA.
A inteligência artificial está a transformar o mundo de maneiras profundas e complexas. É um momento de grande otimismo, mas também de cautela. Ao compreender os desafios e oportunidades, podemos moldar um futuro onde a IA seja uma força para o bem da humanidade.
“O lado mais sensual…da multa”
Júlio Ferreira (Inconformado
sexta-feira e (infelizmente) estou a terminar as férias, assim como muitos dos que perdem tempo ao ler as coisas que aqui escrevo. Sinceramente, não tinha nada de jeito para escrever. Talvez porque não tenha nada de jeito para vos contar. Isto tem andado parado (pelo menos na minha cabeça). Ando preguiçoso, admito. Vocês compreendem, estar com amigos, rir, conversar. Um copo pelo meio, rir mais, rir sem parar. Abraços, outros tantos copos, mais amigos a chegar. Corpos queimados do sol e do sal. Calor, cores quentes. E aquela amiga que meio a sério, meio a brincar solta esta preciosidade: “Opa, vocês não acreditam nisto. Estou tão «marafada», que desde ontem não prego olho. Fui apanhada pelo radar à entrada de Lagoa. Ia tão distraída a falar ao telemóvel com a Sandra, que só vi o flash e a primeira coisa que pensei, foi: porra, nem me penteei, nem sorri... estimo que pelo menos tenham apanhado o meu lado mais sensual. «Té dieb», é que nem um batonzinho básico tinha colocado”.
Ao que eu respondo: “Não te preocupes, eles nessas ocasiões editam a foto e no teu caso até devem tirar o telemóvel com o Photoshop”. Gargalhada geral e o click para o artigo deste mês.
Até 15 de setembro, a PSP e GNR em Portugal têm em marcha a operação
encartado)
«Verão seguro». Não sendo o caso, é caso para dizer com ironia, até que enfim! Um nome de uma operação diferente de todas as outras. Expetante pelo batismo da operação em 2025, provavelmente «Verão seguro-O regresso». Não sei qual a vossa opinião, mas desde há muito que acho existir um problema de imaginação na polícia portuguesa. E isso reflete-se no nome que dão às várias operações policiais que de vez em quando desempenham. As designações das operações sazonais são aborrecidamente iguais: Operação Ano Novo, Operação Carnaval, Operação Páscoa, Operação Férias de Verão, Operação de Natal e, finalmente, aquela Operação que é quando um polícia quiser: Operação Stop.
Todos os anos é sempre a mesma coisa, com pequenas variantes que consistem no ano em que decorre a operação, e na qualificação que se queira atribuir. Assim sendo, podemos ter a «Operação Páscoa 2022» ou a «Operação Natal em Segurança». Ora isto, para além da falta de imaginação, é de uma pobreza intelectual a toda a prova. O que interessa reter aqui é que nunca ninguém se lembrou que uma operação policial, até por questões de motivação de própria força policial, não pode ser um papel químico da outra. E, como tal, não devia ter a mesma designação. Ao dar todos os anos o mesmo nome às suas operações, o que a polícia faz é dizer subliminarmente
aos seus membros que é tudo mais do mesmo: o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito. E nessa perspetiva o mais certo é que a malta continue também a fazer tudo igual. Escrevo isto do ponto de vista do consumidor (entenda-se aqui por consumidor o gajo que vai pagar a multa por toda a infração que cometa).
De vez em quando há um polícia mais irreverente, com pretensões criativas, que tenta inovar o status quo e designar uma operação policial de uma forma diferente, mais criativa, mais arrojada, mais impactante e somos confrontados com designações como «Operação Furacão», «Operação Relâmpago» ou «Operação Tempestade». É curiosa a
tendência que estes rapazes de azul têm para o desastre natural em que o consumidor está sempre «lixado». No momento de encontrarem um nome para sua operação, descai-lhes sempre o chinelo para a desgraceira causada por mão não-humana. Tendo isto em conta, pensei que podia ajudar as nossas forças policiais e a pensar em designações que possam dar mais projeção mediática e, consequentemente, a gerar maior intimidação junto dos potenciais prevaricadores.
Sugestões para as futuras Operações de Ano Novo: «Começas bem, sim!» ou «Ano novo, multa nova!».
Sugestões para as futuras Operações de Carnaval: «Matrafona bêbeda!» ou «Multa de Carnaval, ninguém leva a mal!».
Sugestões para as futuras Operações de Páscoa: «Coelhinho na berma!» ou «Ovinho surpresa!».
Sugestões para as futuras Operações de Verão: «Vou-te deixar sem Calções!» ou «Multinha rima com Sardinha!».
Sugestões para as futuras Operações de Natal: «Vais Levar uma Prenda!» ou «Uma multa é quando um polícia quiser!»
Sugestões para as futuras Operações Stop: «Está bem abelha, passa pra cá o guito!» ou «Ó Medronho Larga o Homem!».
Longe de mim ser moralista, nós já conduzimos normalmente como se estivéssemos bêbedos. Pensamos como
pilotos de fórmula 1, não utilizamos os piscas, não respeitamos traços contínuos nem limites de velocidade e nem sóbrios sabemos fazer uma rotunda, imaginem com os copos. Criticamos a polícia por fazer caça à multa, mas há uma forma muito fácil de não cair nessas armadilhas que é, pasme-se: não infringir a lei! Com ou sem operações policiais de nome mais ou menos criativo, nunca se esqueçam que os taxistas e TVDE`s podem tudo, porque usam um terço/rosário pendurado no espelho retrovisor e por isso não precisam de respeitar as regras de transito, porque têm ajuda divina e em vez de multas basta rezarem 1 Pai nosso e 3 Avé Marias.
Sobre as férias… Apesar de ser o fim das minhas, é o início para muitos outros. A todos esses… a todos os que no auge da minha depressão do regresso ao trabalho, estão a encher as redes sociais com frases tipo “Chegou a minha vez! Finalmente!” … a todos os que mostram o sol, as nossas águas cristalinas, piscinas, boias em forma de flamingo, garrafas vazias, amigos e convívio com amigos… a todos vocês, agora que chegou a vossa vez, desejo-vos uma mão cheia de doenças sexualmente transmissíveis. Daquelas que só dão uma comichão incontrolável, ardor horrível e um desconforto que não haverá piscina que vos valha.
Agora vá, boas férias e não tirem fotos, larguem o telemóvel porque há gente a trabalhar, a levar este país para a frente e que merece o vosso respeito!
Fujam que elas andam aí!
Sílvia Quinteiro (Professora)
os últimos dias, tem vindo a ser anunciada a interdição a banhos em algumas praias algarvias. Fico, por isso, satisfeita ao chegar à minha praia habitual e ver a bandeira verde hasteada. Subo as escadas e procuro espaço no areal. Avisto uma clareira com dimensões consideráveis para um fim de semana de agosto.
Chinelos na mão. Pezinhos na areia. Caminho até lá. Pouso o saco. Estendo a toalha. Um primeiro mergulho para refrescar e estou pronta para retomar a leitura que deixei suspensa na noite passada. Óculos de sol. Chapéu de palma. Abro o livro e começo a ouvir uma voz aguda que vai subindo de tom. Aguardo que abrande. Nada feito. A atiradora aperta o gatilho e dispara palavras como se não houvesse amanhã. Em poucos minutos fico a conhecer a história da sua vida sofrida. É uma heroína. Sacrificou-se muito. Ninguém aguentava o que ela aguentou. Comeu o pão que o Diabo amassou… E as doenças? Ai, as doenças… Eu fiquei a saber de tudo isto. A pessoa que a acompanha já o sabe há muito, claramente. Está em pé e procura afastar-se em direção à água. Porém, a cada passo que dá, o volume aumenta. A mártir está feliz por partilhar o monólogo com o resto dos veraneantes que a vão olhando de esguelha. Estão ensonados? Pois, ela acorda sempre cedo. É uma mulher de trabalho. Fossem todas como ela… A acompanhante olha em volta com ar de
desespero. Cansaço e vergonha alheia estampados no rosto.
Ao lado, uma família pega na trouxa e afasta-se. Percebo que não há nada a fazer e sigo o exemplo. Preparo-me novamente para começar a ler. Desta vez, com os tampões de ouvidos colocados. São para nadar, mas dão imenso jeito nestas situações. O som fica abafado. Já não destrinço bem as palavras, contudo os agudos teimam em perfurar-me o cérebro como agulhas afiadas.
A amiga escapa. Desce em passo acelerado em direção às ondas, ignorando os decibéis que a perseguem. Faz-se silêncio. Aliviada, concentro-me na leitura. Duas páginas. Duas… E eis que toca o telefone de uma outra senhora. Um toldo um pouco acima do lugar onde me encontro. A voz é mais grave do que a da primeira. Fico a saber que o paizinho melhorou com o antibiótico. Que o filho não veio logo porque tinha trabalho. Que é o aniversário da filha. A Lina faz 36 anos. A festa é esta noite. São 16 convidados. A casa tem uma cozinha pequena, mas um bom terraço. A senhoria emprestou cadeiras. Fico também a saber em que pastelaria mandou fazer o bolo. Três quilos. E também há gelado. Na espreguiçadeira ao lado, o marido vai anuindo com a cabeça enquanto esfrega a barriga. Redonda, proeminente, bem polida. Olha para o seu próprio telemóvel e comenta: – Já venderam o meu bilhete. 40 €.
Aparentemente ela não o ouve. Explica que vai haver salada russa e churrasco. No Algarve o vinho é mais caro, mas não a enganam. Este ano, trouxe logo umas garrafas de Lisboa. Estava em promoção e ainda teve desconto com o cartão do supermercado.
Sinto que estamos a ficar íntimas: dinheiro, dicas de poupança...
– Já venderam o meu bilhete. 40 € –insiste o marido.
E ela preocupada com o bolo. Tem de ir buscar o bolo. Pediu ao filho, mas ele vai chegar tarde e não dá tempo...
Por esta altura, já desisti do livro. Retiro os tampões. Quero ouvir tudo. Tudinho. – Não se acanhe, minha querida. Conte-me, conteme… é só aqui entre nós… – imploro com o olhar.
E ela continua, extasiada perante a nova audiência. Comprou sapateiras, porque aqui são muito boas. – Então não são, minha amiga. Acabadinhas de apanhar na Ria Formosa! – respondo… mas para dentro.
A casa não tem máquina de loiça. Vai usar pratos e talheres de plástico. Trouxe uns que ainda lá tinha desde antes da proibição.
– Já venderam o meu bilhete. 40 € –repete o marido.
– 45 – corrige ela, retomando de imediato a conversa:
– O Zé ia à bola, mas já não vai.
Ainda bem que ela explica. Estava com receio de sair dali sem saber de que bilhete se tratava.
Ele guarda o telemóvel e deita-se. Mais uma polidela na barriga. Até brilha! A minha sorte são os óculos de sol. Ela está preocupada. É difícil estacionar junto à pastelaria.
Olho para o mar. A água está agora cheia de algas escuras e espessas, formando rolos que se depositam na areia. Desisto. Fecho o livro. Arrumo tudo para ir embora. De saída, passo pelo casal e, num impulso, pergunto à senhora que massa escolheu para o bolo da filha. Responde-me com a naturalidade de quem continua uma conversa:
– Pão-de-ló de amêndoa recheado com doce de ovos.
– Boa escolha! – respondo e prossigo.
Olho para a bandeira verde. Apetecia-me arreá-la. Trocar por uma que alertasse quem chega do perigo que corre. Fujam! Fujam que elas andam aí!
DIRETOR:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924
Telefone: 919 266 930
EDITOR:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina
Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil
SEDE DA REDAÇÃO:
Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil
Email: algarveinformativo@sapo.pt
Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt
PROPRIETÁRIO:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279
Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782
PERIODICIDADE:
Semanal
CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO:
Daniel Pina
FOTO DE CAPA:
Daniel Pina
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores.
A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão.
A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica.
A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos.
A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.