Primeiro-Ministro presidiu à adjudicação da dessalinizadora de água do mar do Algarve (pág. 24)
Taça de Portugal de XCM em Lagos (pág. 32)
Mundial de Ultimate na Praia da Rocha (pág. 46)
Campeonato Nacional Individual de Lutas
Amadoras Olímpicas em São Brás de Alportel (pág. 58)
Colectivo JAT estreou «Cabo das Tormentas» no Teatro Lethes (pág. 86)
«O que importa é participar» de Hugo van der Ding no Cineteatro Louletano (pág. 104)
20.º aniversário da Orquestra de Jazz do Algarve (pág. 114)
OPINIÃO
Fábio Jesuíno (pág. 124)
Alexandra Rodrigues Gonçalves (pág. 126)
Sílvia Quinteiro (pág. 128)
Primeiro-Ministro presidiu à adjudicação da dessalinizadora de água do mar do Algarve
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Águas do Algarve adjudicou, a 1 de outubro, Dia Nacional da Água, o Concurso Público para a Conceção, Construção e Exploração do Sistema de Dessalinização na Região do Algarve com o Agrupamento Complementar de
Empresas formado pelas empresas LUSÁGUA – SERVIÇOS AMBIENTAIS, S.A., AQUAPOR – SERVIÇOS, S.A e GS INIMA ENVIRONMENT, S.A.U. O contrato representa um investimento de 107 milhões, 922 mil e 830 euros, integrado no «Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve – SM6 –Promover a dessalinização do mar», enquadrado na Componente C09 do
Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com um valor de comparticipação de 54 milhões de euros, e tem por objeto a conceção, construção e exploração do Sistema de Dessalinização na Região do Algarve. O momento formal de adjudicação da dessalinizadora de água do mar do Algarve teve lugar, no dia 22 de outubro, em Albufeira, na sede da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, numa cerimónia presidida pelo PrimeiroMinistro Luís Montenegro, que esteve acompanhado pelo Ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, e pela Ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho. “A assinatura deste contrato, em complemento com outras decisões, é o caminho para termos em Portugal uma política de gestão, retenção, armazenamento e poupança no
domínio da água, tratando-se, por isso, de um momento histórico para o País e para a região”, afirmou o governante, acrescentando que “o aproveitamento da água do mar, até aqui não disponível, não é de somenos, pois vai dar a esta região acesso a água potável que corresponde a 20 por cento do consumo urbano atual, cerca de 16 milhões de metros cúbicos de água, que pode, no limite da capacidade, chegar aos 24 milhões de metros cúbicos”
Perante um auditório repleto de autarcas, empresários e dirigentes associativos, Luís Montenegro assumiu que “este é um investimento crucial e a possibilidade de suster os momentos de dificuldade que o Algarve tão bem conhece e que nos últimos anos atingiram dimensões extraordinárias”, lembrando igualmente que “antes de
tudo estará o abastecimento às populações e depois às atividades económicas que alavancam a qualidade de vida das pessoas”. “O aproveitamento da água do mar, que vai reforçar a capacidade que por outras vias será alcançada, poderá dar estabilidade para termos uma região sustentável e pujante do ponto de vista económico”, entende.
A dessalinizadora, que vai ser construída no concelho de Albufeira, representa um investimento de quase 108 milhões de euros e deverá estar concluída em 2026, com o Primeiro-Ministro a falar ainda da estratégia «A água que une» e dos seus objetivos, destacando a importância de reabilitar os sistemas de abastecimento, nomeadamente para o setor urbano e sistemas agrícolas, com isto tentando eliminar as perdas da rede,
um dos maiores problemas com que se debate o país. Apontou também o uso da água residual tratada para algumas atividades económicas e setores específicos para não desperdiçar este recurso.
No caso concreto do Algarve, Luís Montenegro salientou a construção de uma conduta no Pomarão para reforçar a barragem de Odeleite, e a duplicação da interligação dos sistemas de água do Barlavento e do Sotavento, e falou ainda da melhoria da monitorização e da governança da água. “Na cimeira LusoEspanhola de 23 de outubro vai ser assinado um compromisso para assegurar esta boa monitorização e governança e a partilha equilibrada dos recursos dos dois lados da fronteira”, declarou.
Luís Montenegro defendeu também que a sociedade tem o dever de gerir a água “de forma a garantir que não faltará para a utilização humana e para as atividades económicas”, considerando que a agricultura e o turismo são “dois pilares da estrutura socioeconómica da região do Algarve” e acrescentando que, “quando falamos das atividades económicas, também falamos de pessoas”. A terminar a sua intervenção, o Primeiro-Ministro avisou que “não se deve confundir as oportunidades criadas por estes investimentos com facilitismo, com uma conceção segundo a qual o assunto está resolvido”, sublinhando que “nunca
podemos perder o foco na responsabilidade, nem pensar que os problemas estão resolvidos, pois só com utilização racional equilibrada se pode garantir o futuro”
Guilherme Mota e Melissa Maia selam conquista da Taça de Portugal de XCM em Lagos
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo uilherme Mota e Melissa Maia, ambos da Guilhabreu MTB Team, selaram a conquista da Taça de Portugal de XCM entre a elite com um novo triunfo, na quarta e última prova pontuável, disputada, a 6 de outubro, em Lagos.
Entre a elite masculina, Guilherme Mota destacou-se com 3h19m02s, menos 16
segundos que Carlos Cruz (SAERTEX Portugal/Edaetech), segundo classificado, e menos 36 segundos que Diogo Graça (BTT Braguinhas/Padim da Graça), terceiro. Nas contas da Taça, Guilherme Mota, que só não venceu a primeira prova, terminou na liderança, com 1.150 pontos, à frente de Carlos Cruz, com 820 pontos, e Renato Ferreira (MOVEFREE/MR3EVENTUS), com 600.
Na elite feminina, Melissa Maia percorreu o percurso em 3h00m51s,
tendo superado a concorrência de Celina Carpinteiro (CDASJ/Cyclin´Team/Município Albufeira), segunda a 8m49s, e Leandra Gomes (SAERTEX Portugal/Edaetech), terceira a 14m45s. No ranking final, os dois primeiros lugares repetem-se, com Melissa Maia a liderar com 1.200 pontos depois de ter vencido todas as provas, e Celina Carpinteiro no segundo lugar, com 850. Maaris Meier (SAGIPER/NSCP Mortágua), que não competiu nesta última prova, fecha o pódio com 750 pontos.
Nos masters, Rui Carvalho (Clube de Ciclismo de Castelo Branco) e Marilyne Marques (DEMO BTT – O´baga fruit) conquistaram a Taça de Portugal entre masters 30, Carlos Paredes (Avebikers Cycling Team/AMVE) em 35, David Vaz e Raquel Santos (BTT Seia) em 40, Nuno Vicente (BTT Seia) em 45, Carlos Almeida
(Padeirinhas Sobre Rodas/SIMOLDES) e Carla Vieira em 50, Carlos Soares em 55, Fernando Gonçalves (CTM Vila Pouca BTT Team) em 60 e Orlando Sebastião (BTT Conceição de Faro) em 65. Em Paraciclismo, Roberto Soares (Bombos S. Sebastião/LusoPrint/Casa Lourenço), na categoria C, e Ivo Pereira (RÓÓDINHAS/Master Vantagem), na categoria D, subiram ao primeiro lugar do pódio.
Nota ainda para as bicicletas elétricas, com Carlos Brás (BTT Conceição de Faro) a concluir na liderança do ranking de EMTB masculino e Cátia Santos (SicóTrilhos Abiul) no feminino. Entre as equipas, o título ficou para a Guilhabreu MTB Team, com um total de 1.200 pontos. SAERTEX Portugal/Edaetech, com 900 pontos, e CDASJ/Cyclin´Team/Município Albufeira, com 880, completaram o pódio.
Mundial de Ultimate de Praia
terminou com equipa portuguesa em nono lugar
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Focus Ultimate s algarvios UFA fecharam a primeira edição do Mundial de Clubes de Ultimate de Praia, competição que se disputou, na Praia da Rocha, de 14 a 19 de outubro, em nono lugar. A jogar em casa, a equipa venceu, no derradeiro dia, os ucranianos UKRMix por 12-9 e, depois de ter sido eliminada nos oitavos de final, garantiu a melhor classificação possível.
Desde cedo vistos como uma das melhores equipas em prova, na divisão mista, os Ultimate Frisbee Algarve (UFA) terminaram em nono lugar, numa semana que consideram poder dividir em dois momentos. “Fizemos bastante trabalho na fase de grupos, a trabalhar na nossa estratégia e a encontrar o nosso ritmo. A partir daí, ficámos em nível de competição. Fizemos muitas coisas boas, mas acho que ficámos frustrados com alguns resultados.
Depois de ficar em segundo nos Europeus, quisemos olhar para a frente, para a possibilidade de ficar no top-8, pelo menos. O jogo dos oitavos foi contra a equipa com que fizemos o jogo de abertura, mas as condições eram diferentes, em termos de vento. Sabíamos que, depois de quatro dias, ia ser diferente e foi. Eles jogaram num nível muito alto, sem vento, que não é a nosso favor, e não fizemos o nosso melhor jogo”, explicou Kendall Ferreira, atleta dos UFA.
Fora da luta pelos oito melhores do mundo, o objetivo era conseguir a melhor classificação possível. Com duas vitórias depois de perderem o jogo dos oitavos, deixavam as decisões para a manhã do dia 19 de outubro e tinham pela frente o objetivo de terminar em nono. “Depois disso foi difícil, mas falámos e
percebemos o que queríamos fazer, que era lutar pelo melhor lugar possível, o nono. Conseguimos. Agora é trabalhar para desenvolver a nossa estratégia e química porque há mais competições pela frente”, concluiu a jogadora.
Num mundial onde as restantes equipas portuguesas terminaram em 31.º e 33.º lugares, em masculinos, e em 25.º lugar no feminino, os grandes vencedores foram os irlandeses Margarita Mix'd, na divisão mista, os Jetset Open, da Bélgica, na masculina e as suecas Valkyria na divisão feminina. Destaque ainda, no fecho da competição, para um jogo de apresentação para o Comité Olímpico, de modo a que o Ultimate passe também a ser uma modalidade em prova nos Jogos Olímpicos.
Na sua edição inaugural, o WBUCC contou com cerca de 2 mil e 500 atletas a representar 118 equipas oriundas de 33 países, divididas em três divisões (mista, feminina e masculina). Vindos de todo o mundo, todos traziam expetativas de
vencer jogos, mas também de reencontrar amigos e fazer deste mundial mais um exemplo do que pode ser um bom espírito de jogo, mesmo em competição de alto nível.
São Brás de Alportel foi palco do Campeonato Nacional Individual de Lutas Amadoras Olímpicas / Wrestling
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Federação Portuguesa de Lutas Amadoras, em colaboração com a Academia Frota Team, de Faro, e com os Treinadores Estagiários do Curso de Treinadores de Lutas Olímpicas / Wrestling / MMA João Pelica e Iramar Frota, organizaram o Campeonato
Nacional Individual de Lutas Amadoras Olímpicas / Wrestling (de atletas masculinos) no dia 19 de outubro, no Pavilhão Municipal de São Brás de Alportel, com a presença de atletas a representar clubes desde Braga ao Algarve. Neste campeonato estiveram presentes as três disciplinas com representação olímpica, designadamente, Luta Livre Olímpica, Luta Greco Romana (atletas masculinos)
e Luta Feminina da FPLA, que entre outras também representa em Portugal o Beach Wrestling e o MMA.
Sendo um desporto olímpico, este regresso ao Algarve dos clubes e das competições de Luta Olímpica / Wrestling pretendeu destacar a região como um exemplo da prática desta modalidade, tão popular e representativa nos Desportos de Combate. A prova foi ajuizada pelo árbitro internacional
Frederico Bastos, pelos árbitros nacionais Carlos Nunes e Carlos Araújo e pelos árbitros regionais Matilde Tavares, Carmen Vieira e Alberto Pereira e contou com atletas da Associação Portuguesa de Ciências de Combates, Clube de Lutas do Bastos, Clube Musical União, Casa Pia Atlético Clube, Casa do Povo Martim, Futebol Clube Despertar, Fontes Wrestling Club, Ginásio Clube Corroios, Junta de Freguesia de Casal de Cambra, Sport Lisboa e Benfica e Work Out Soul.
JAT – JANELA ABERTA TEATRO «CABO DAS TORMENTAS» NO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
TEATRO ESTREOU O MAGISTRAL
TEATRO LETHES
JAT – Janela
Aberta Teatro estreou, no dia 18 de outubro, no Teatro Lethes, em Faro, «Cabo das Tormentas», uma fantástica e maravilhosa peça que se vem juntar ao recheado currículo da companhia algarvia e mais uma para levar nas suas diversas digressões nacionais e internacionais. Espetáculo épico e crítico sobre os descobrimentos, trata-se de uma incursão anacrónica pelo universo de um grupo de mendigos, no qual o espírito de Luís Vaz de Camões se revela através das tormentas de um deles. Um olhar sobre a memória, a velhice e o esquecimento, inspirado na visão satírica do maior poeta português, numa viagem de idas e voltas nas ondas
do mar, onde tempestades se misturam com realidade, ficção e canto das sereias.
A nova criação do JAT explora conceitos artísticos multidisciplinares num poderoso diálogo entre palavra e corpo. Uma simbiose entre o Teatro Físico, o Mimo Contemporâneo e a Dança, numa arrojada dramaturgia de Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, com textos de Luís de Camões, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Jeanette Winterson e José Saramago e interpretado por um elenco intergeracional e 100 por cento algarvio constituído por Pedro Monteiro, Miguel Martins Pessoa, Teresa Manjua, Fernando Cabral, Daniela Veiga e Catarina Sagreira. “Foram muitos meses de trabalho, com momentos deliciosos, que tiveram o seu culminar na estreia. Todo o artista sabe o quão inspirador e
enriquecedor é o processo criativo. Quantos sonhos, suor, experimentação, investigação e pesquisa, quanta troca de vida e de experiências, radica nas entranhas de uma criação original, construída de corpo e alma para o público. Criar é um espaço de estudo do ser humano, de reflexão sobre o mundo, sobre a história e, no nosso caso, sobre as tormentas da humanidade. Também é uma viagem cheia de desafios, adrenalina, perguntas, emoção e descobrimentos. Um processo que, depois de partilhado com o público, converte-se num ato de provocação e transformação”, descrevem Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa.
Idealizado em 2017, a peça estreou em 2024, ano em que se celebra o 500.º aniversário do eterno poeta português. Depois de vários dias em cena no Teatro Lethes, em 2025 sobe ao palco do Centro Cultural de Lagos, a 27 de março, e do Cineteatro Louletano a 17 de maio. Com produção do JAT – Janela Aberta Teatro e coprodução da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, Teatro Lethes, Centro Cultural de Lagos, Cineteatro Louletano, Município de Lagos e Município de Loulé, conta com os apoios da Câmara Municipal de Faro, CCDR Algarve-Cultura e Fundação INATEL.
HUGO VAN DER DING TROUXE
É PARTICIPAR» AO CINETEATRO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
TROUXE «O QUE IMPORTA
CINETEATRO LOULETANO
Festival
Política passou por Loulé, de 17 a 19 de outubro, tendo a Intervenção como tema central. Foram três dias de cinema, performances, música, humor, exposições e conversas de entrada gratuita e, no ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a programação convocou artistas, jovens, criadores,
académicos e ativistas a desenvolverem propostas e reflexões focadas na necessidade de aumentar a participação dos cidadãos nas instituições, nos atos eleitorais e nas suas comunidades.
Para fechar com «chave-de-ouro» mais uma edição do Festival Política, Hugo van der Ding levou ao Cineteatro Louletano, no dia 19, o seu espetáculo de humor «O que importa é participar», no qual abordou diversas participações especiais que fazem parte da História de Portugal.
“Como daquela vez que os padres se passaram com o rei e o puseram a andar (1245). Ou quando o povo de Lisboa mandou o bispo de Lisboa em voo pela janela da Sé (1383). Ou aquela vez em que as fiandeiras do Porto se revoltaram contra o rei, que era espanhol (1629). Ou quando, no Brasil, o Zumbi dos Palmares lançou a luta contra os portugueses (1695). Ou quando os trabalhadores das obras do Palácio de Mafra cruzaram os braços até que lhes pagassem o que deviam (1732). Ou quando os pescadores de Olhão se revoltaram contra as tropas dos franceses (1808). Ou quando um
grupo de mulheres do Norte quis à força enterrar uma velha numa igreja (1846).
Ou quando os tipógrafos de um jornal fazem a primeira greve fabril em Portugal (1849). Ou quando umas curandeiras burlonas chinesas quase derrubaram a República (1911). Ou quando andou tudo à batatada pela falta de batatas (1917). Ou quando, contra a ditadura do Estado Novo, se assaltou um barco (1961), um avião (1961) e um banco (1967). Terminando tudo, faz agora cinquenta anos, num dia inicial inteiro e limpo (1974)”, descreve o humorista.
ORQUESTRA DE JAZZ DO ALGARVE ANIVERSÁRIO NO AUDITÓRIO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Kátia Viola
ALGARVE
Orquestra de Jazz do Algarve comemorou, no dia 6 de outubro, o 20.º aniversário com o espetáculo «20th Straight Ahead» num Auditório Carlos do Carmo completamente esgotado. Foi uma tarde muito especial passada na cidade de Lagoa onde tem também, há 10 anos, a sua residência artística, e na qual foram
destacadas todas as entidades que fazem parte deste percurso, já para não falar do público, claro está. E as estatísticas revelam que, anualmente, perto de 50 mil pessoas assistem aos concertos e atividades da Orquestra de Jazz do Algarve.
Depois das distinções e agradecimentos, passou-se à música propriamente dita, ao ritmo do Jazz e Swing. “Quando em 2004, neste preciso
dia, a Orquestra fez o seu primeiro ensaio, em Lagos, a primeiríssima linguagem que apresentei aos músicos, e que serviria como base de trabalho, foi a música de Count Basie. Há poucos meses, a sugestão veio do pianista da Orquestra, Diogo Russo: ...e porque não fazer o Basie Straight Ahead completo?”, recordou o maestro e trompetista Hugo Alves. Dito e feito, interpretou-se um dos maiores marcos em matéria de registos discográficos, datado de 1968, quando Sammy Nestico compôs e orquestrou todos os temas para este disco da Orquestra de Count Basie. “Um disco intemporal, que se tornou histórico, central na história das Grandes Orquestras, central na história do jazz, e que marca uma colaboração
de décadas entre os dois músicos”, descreve Hugo Alves.
Assim se passaram de 20 anos de existência da Orquestra de Jazz do Algarve, cuja Secção Rítmica é atualmente composta por Diogo Russo (piano), Hugo Santos (contrabaixo) e Maximiliano Llanos (bateria); nos Saxofones estão Ricardo Pires (alto), Rita Nunes (alto), Luís Miguel (tenor), António Flosa (tenor) e Jéssica Lourenço (barítono); nos Trombones tocam Nestor Díaz, André Ramalhais, Israel Lino e Felipe Andrades; e, finalmente, os Trompetes estão a cargo de Hugo Alves, Leon Baldesberger, Roberto Costa e Serge Seguy. A Direção Artística e Musical é de Hugo Alves.
Desvende os segredos para vender melhor online
Fábio Jesuíno (Empresário)
comércio
eletrónico está a revolucionar a forma como consumimos, abrindo portas a novas oportunidades, especialmente para pequenas empresas. Mas este crescimento exponencial também traz consigo desafios cada vez maiores. A concorrência cada vez maior e as expectativas elevadas dos consumidores exigem que as empresas online se reinventem constantemente para se destacarem.
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potencial cliente deve escolher o nosso produto ou serviço em vez do de um concorrente.
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Lugares de Conhecimento – será que somos? Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg)
o âmbito do Algarve Tech Hub Summit a decorrer em Albufeira desafiaram-nos a falar sobre o futuro da educação e responder à questão: How to Become A Learning Region?
Os convidados que nos acompanharam apresentaram abordagens mais ou menos inovadoras, desafiantes ou inconformadas. Para nós, uma oportunidade para parar, para pensar e também para ler algumas coisas sobre o assunto. Há vários documentos orientadores sobre o que deve ser uma «Learning Region» (região de conhecimento), nomeadamente relatórios da UNESCO.
O conceito emerge em 1990 destacando a necessidade de cooperação e de criação de redes para uma aprendizagem coletiva. O conceito tem-se revelado flexível e com diferentes significados geográficos. A ideia que se destaca é que a inovação acontece num processo de relação de muita proximidade com o território e forma dependente das instituições, empresariais e de educação, e dos contextos culturais.
Os estudos disponíveis falam-nos em três pilares fundamentais: investimento na educação; atração de investigação e desenvolvimento de fora da região; construção de redes intra e inter-regionais de inovação.
A abordagem norte americana, do conceito de região de conhecimento, coloca a enfase no papel da função social e na promoção de uma aprendizagem interativa com base em redes entre empresas, enquanto, em termos europeus, emerge como fundamental a qualidade da infraestrutura do conhecimento e a atração de mão de obra qualificada (os tais talentos que importa não só atrair como também reter).
Uma cooperação horizontal entre diferentes atores é apontada como fundamental em toda a documentação consultada e inclui a existência de centros tecnológicos, de redes de inovação e de pesquisa de mercado.
Um espaço de conhecimento e aprendizagem regional necessita, para ser real: da promoção de um ensino mais inclusivo, desde o ensino básico ao ensino superior; da revitalização do valor e reconhecimento do ensino entre as famílias e a comunidade; do uso alargado de tecnologias no ensino; da facilitação da formação no local de trabalho; do aumento da qualidade e da excelência no Ensino; e finalmente, do desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem ao longo da vida.
A UNESCO desenvolveu um relatório sobre comunidades em espaço urbano e identifica 12 estudos de caso de interesse, retratando aprofundadamente 12 cidades enquanto territórios de conhecimento (nenhuma delas em Portugal). Uma cultura de aprendizagem parece ser o principal elemento para
conseguir o empoderamento da comunidade e para isso são necessários novos instrumentos, novas técnicas, parcerias, capazes de criar emprego que envolvam os cidadãos num projeto de uma cidadania ativa.
das regiões, para conseguirem ser concretizadas*.
Um Plano de Desenvolvimento das Aprendizagens para toda a comunidade pode ser uma aposta de relevo, pois permite uma melhor gestão na utilização dos recursos, assim como melhorias na identificação de necessidades de ofertas e de competências, mas necessita de agregação e de rede que neste momento não existe de forma organizada. A iniciativa dos diferentes agentes do conhecimento necessita de um enquadramento – não só de regulação – que promova resposta a necessidades de forma agregadora e potencie sinergias, evitando atropelamentos ou sobreposições. Mas necessita também de estratégias e planos de ação concertados, pois o capital humano qualificado é um dos elementos catalisadores na essência de qualquer desenvolvimento territorial e não podemos continuar na cauda do país com taxas de escolarização do ensino superior muito abaixo da média nacional.
A aprendizagem é um processo contínuo e esta uma análise complexa, mas como podemos desbloquear as nossas limitações?
Com mais trabalho em rede, pois não é a investigação e o desenvolvimento que são centrais nesta problemática, mas um modelo de desenvolvimento que nos ajude tem de partir da base para o topo.
Na discussão levada a cabo, para além do ecossistema de tecnologia, empreendedorismo e inovação, que começa a ficar sedimentado na região, com o elevado contributo da Algarve Evolution e da Algarve STP, reconheceu-se a necessidade de interlocução regional para esta «Learning region», na medida em que as políticas e estratégias públicas existentes têm de ser alinhadas com os contextos diferenciados
Há uma importante constatação de que uma diversificação económica regional dependerá muito do conhecimento e das competências existentes regionalmente, ainda que o sucesso nunca se explique com base num único fator.
Por um Algarve centro de conhecimento deixa-se um desafio final para reflexão: a rede regional de governança é a adequada ao suporte e desenvolvimento de um território de conhecimento? Os resultados definidos para a estratégia de ensino, investigação e desenvolvimento regional estão a ser alcançados?
*João J. Ferreira, Luís Farinha, Roel Rutten & Björn Asheim (2021) Smart Specialisation and learning regions as a competitive strategy for less developed regions, Regional Studies, 55:3, 373-376, DOI: 10.1080/00343404.2021.1891216.
Dura de ouvido
Sílvia Quinteiro (Professora)
D. Selene é uma mulher de rotinas. Trabalha no escritório de contabilidade aqui ao lado da pastelaria. Vejo-a chegar e sei que, dentro de uma hora, virá tomar o pequeno-almoço: um croissant com queijo, aquecido, e um galão morno. É assim desde que me lembro. Come ao balcão. Diz que é porque vai passar o resto do dia sentada, mas desconfio que seja porque gosta dos dois dedos de conversa matinais.
Dizem os colegas que aqui vêm que a D. Selene é de poucas palavras. Ela, no entanto, explica que não gosta é de lhes dar muita confiança:
– Esta juventude, dá-se-lhes um dedo, querem logo o braço. Sabe como é.
Além do mais, ouve mal. Os colegas evitam o incómodo de se baixarem para lhe gritar ao ouvido. Ela, o de esticar o pescoço e fazer cara de chupa-limão.
Consta que, daquela porta para dentro, não é fácil arrancar-lhe um sorriso. Que, quando o tema é trabalho, a surdez parece agravar-se. Bem podem explicar e voltar a explicar, aumentar o volume, gesticular:
– Escreva! Mande-me um e-mail que eu já vejo – pede.
Os colegas, contrariados, enviam as mensagens, sabendo que ela responderá destacando a amarelo, no corpo do texto, os erros de português.
Hoje, entrou acelerada:
– Um croissant com queijo, aquecido, um galão morno e uma pata de veado.
– Um bolo, D. Selene? Nem parece coisa sua – digo tão alto quanto consigo.
– Não me diga nada, que ainda o Halloween não chegou e já só vejo bruxas e lobisomens... Se soubesse os nervos que tenho! Isto só lá vai com bolos. Não sei de onde saiu esta gente – responde, enquanto vai limpando as migalhas que caem no balcão. – Anda uma pessoa no ginásio para depois vir estragar tudo por causa destas almas assombradas. É que não sabem fazer nada, nem têm vontade de fazer. Só são bons para dar à língua! Nem escrever sabem...
Encosto-me ao balcão, vou ouvindo o desabafo e digo-lhe, meio a brincar, meio a sério, que ao menos tem a sorte de ouvir mal:
– Ah, disso não tenha dúvida. E se aqui ajuda, imagine o jeitão que me deu no
casamento – disse, soltando uma gargalhada. – Se ouvisse tudo, nem três anos tinha durado, quanto mais trinta.
Parece mais relaxada. Aproveito para lhe perguntar se nunca pensou em usar um aparelho. Responde que experimentou em tempos, mas nunca se adaptou:
– É muito nova para viver assim, D. Selene. Não se aflige no trânsito, por exemplo? Não tem medo de ser atropelada?
Pousa o que resta do bolo, inclina-se sobre o balcão e começa a contar-me uma história que tem o seu pai como protagonista. No início dos anos sessenta, o jovem Lopes foi chamado à inspeção. A Guerra do Ultramar estava
nos primórdios e recrutavam-se soldados que teriam Goa como destino. E Goa era longe. Tão longe que ficava no mapa das caixinhas, como chamava à Carta de Portugal Insular e Ultramarino. Goa. Tudo o que sabia daquele lugar é que era distante, diferente e perigoso. Era mecânico de bicicletas na aldeia. Nunca tinha sequer visto o mar. Que lhe interessava a ele o Império? O desinteresse não era, porém, recíproco. O Império precisava dele. Chegou a carta e que remédio senão ir. Tanto trabalho na oficina. Tanta falta que aquele dinheirinho fazia lá em casa.
Na véspera, depois do trabalho, foi até à venda. Por entre copinhos de medronho, um parente afastado disse-lhe que quem tinha sorte eram os surdos. Ficavam todos livres da tropa. Conhecia dois que tinham ido à inspeção e não os quiseram para nada. Decidiu-se logo ali:
– Nem um pio, que aqui o Lopes só tem a 4.ª classe, mas não é parvo.
Durante três dias e três noites, não lhe deram descanso. Interrupções do sono, gritos de alarme, cães que apareciam de surpresa, ameaças. Mas o medo da guerra era maior. Aguentou-se. “Surdomudo”, ficou registado.
– E safou-se? – perguntei.
– O que disse? Mais alto. Já sabe que sou dura de ouvido – lembrou.
DIRETOR:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924
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