Silves foi o epicentro de «A Terra Treme» (pág. 48)
Algarve testou resposta a sismos e tsunamis (pág. 58)
Festival de Artes Inclusivas em Messines (pág. 72)
GALOPIM apresentou «Pote Volúpia» em Faro (pág. 98)
«Musseque» no Cineteatro Louletano (pág. 114)
OPINIÃO
Paulo Cunha (pág. 132)
Mirian Tavares (pág. 134)
Ana Isabel Soares (pág. 136)
Fábio Jesuíno (pág. 138)
Sílvia Quinteiro (pág. 140)
Dora Gago (pág. 142)
Loulé evocou o dia em que a Europa respirou de alívio
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina elebrou-se, no dia 11 de novembro, o 106.º aniversário da assinatura do Armistício de Compiègne que pôs um ponto final na I Guerra Mundial. O Município de Loulé associou-se uma vez mais às celebrações, com uma homenagem aos militares louletanos que tombaram neste conflito, bem como nas campanhas de África.
Depois da deposição de duas coroas de flores junto à fachada dos Paços do
Concelho onde se encontram as lápides com os nomes dos militares naturais do concelho de Loulé que participaram nestes conflitos, e da condecoração de dois combatentes em Angola, foi a vez de se escutarem algumas palavras para recordar este momento histórico em que a Europa, “cansada e desgastada de quatro longos anos de uma guerra sangrenta e destruidora, respirou de alívio”
De facto, a 11 de novembro de 1918 “calaram-se as armas”, embora o acordo final só tivesse surgido em 1919. Neste
conflito morreram milhões de pessoas, tendo Portugal enviado mais de 100 mil homens, dos quais 8 mil perderam a vida nas trincheiras da Flandres ou nos campos de batalha de África. “Foram anos bastante negros, em que muitos dos nossos conterrâneos foram rumo à desolação e ao sofrimento de uma terrível guerra. Esses jovens, arrancados dos braços das suas famílias, eram oriundos de diversos pontos do nosso concelho. Hoje, passados 106 anos, cabe-nos a nós relembrarmos e homenagearmos os combatentes, esses louletanos (pais, filhos, netos, irmãos) que, ao serviço de Portugal, tombaram no campo de batalha”, disse o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo.
Evocar este passado é também “uma chamada de atenção para os horrores da guerra e um apelo à paz”, sobretudo numa altura em que decorrem terríveis conflitos em várias partes do mundo. “O passado ensina-nos a construir o presente e a projetar o futuro. Há muitas lições a aprender com a história da Humanidade. Todavia, vivemos num mundo que se quer moderno e evoluído, mas que parece não ter aprendido nada com os erros do passado. É necessário aliviar o sofrimento das pessoas, das crianças, dos idosos, de todos aqueles que se veem no seu dia-a-adia encurralados pela guerra”, sublinhou Vítor Aleixo. Assim, no entender do autarca, “para que a sociedade seja mais justa, pacífica e humana, é necessário repudiar o
nacionalismo, o militarismo, o preconceito, o xenofobismo, o radicalismo, o fundamentalismo e, claro, todas as formas de exclusão social”.
O representante do Núcleo de Loulé da Liga dos Combatentes, Sargento-Mor Leal, destacou o trabalho da instituição na promoção dos valores e na luta pela dignidade dos combatentes vivos e pela honra dos que caíram. “Continuemos a lutar pelos valores em que acreditamos, a promover a História, a conservação das memórias e a procurar apoios que garantam aos combatentes e famílias o reconhecimento e a solidariedade que à luz dos direitos humanos e dos serviços prestados têm direito”, afirmou o militar.
Respirou-se «liberdade» durante os três dias do «Barão de São João – Walk & Art Fest»
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Barão de São João Walk & Art Fest
Barão de São
João, no concelho de Lagos, acolheu a sétima edição do festival de caminhadas e arte «Walk & Art Fest» de 1 a 3 de novembro. No evento participaram 950 pessoas, em três dias repletos de atividades como caminhadas, passeios temáticos, percursos de BTT, workshops, atividades para crianças, sessões de bem-estar, culinária, poesia,
concertos e, claro, a instalação artística que voltou a animar a aldeia.
Mais de metade das atividades programadas acabou por esgotar, mesmo com alguma chuva no primeiro dia do evento. Houve um total de 1.850 inscrições nas 118 atividades programadas, o que significa que muitos participantes optaram por desfrutar de mais do que uma atividade. O festival voltou também a afirmar-se como encontro de culturas, já que os 950
participantes se distribuíram por 30 nacionalidades distintas, de quatro continentes, um número que mostra ainda mais diversidade do que na edição anterior.
O impacto que este festival tem tido em Barão de São João deu o mote para uma conferência inaugural sob o tema «Festivais de caminhadas: o que mudou no Algarve?», que decorreu no edifício «A Paragem». Além da apresentação das datas dos próximos festivais de caminhadas que integram o calendário Algarve Walking Season, houve tempo para um debate sobre o papel destes eventos e do turismo de natureza no desenvolvimento sustentável do interior.
A conferência abriu com a atuação surpresa do Coro Primavera, um
momento em que a comunidade estrangeira residente presenteou a plateia com algumas músicas tradicionais portuguesas.
Nesta edição, a já habitual instalação artística reuniu 17 artistas locais, autores das 25 obras expostas em vários pontos da aldeia e da mata. O percurso inaugural da instalação teve lugar no primeiro dia do evento, e foi, como sempre, um momento de encontro e partilha em que os artistas, que conduziram a visita guiada, deram aos visitantes uma visão pessoal das suas criações. Este ano, o tema escolhido foi a «Liberdade», e inspirou aos artistas obras com abordagens e técnicas muito diferentes, explorando desde as dimensões íntimas e
criativas às que incidem em temas sociais e políticos
Esta edição fica também marcada por três concertos. A igreja de Barão de São João encheu e rendeu-se à atuação da Orquestra Juvenil de Guitarras do Algarve no final do dia de sábado. À noite, foi a vez de Josephine Nightingale encantar a plateia do Centro Cultural de Barão de São João com a sua voz quente e a profundidade do soul. Na tarde de domingo, foi a vez de ouvir Gustavo Miranda e a sua guitarra, no Restaurante Beco do Sol.
Várias novidades do programa revelaram-se um sucesso entre os participantes, como o workshop de teatro, a pintura com técnica de pontilhismo, a oficina de upcycling, a
pirogravura em bambu, a dança extática na floresta ou as sessões de meditação. Uma das novas atividades que suscitou muita curiosidade foi o workshop de borboletas noturnas, durante o qual foram identificadas 30 espécies diferentes – uma prova da biodiversidade da Mata de Barão de São João.
O Centro Cultural de Barão de São João voltou a ser o ponto crucial de encontro e convívio. Além de ali funcionar o secretariado do festival, foi renovado o espaço onde artesãos e pequenos produtores locais puderam expor e vender os seus produtos.
O festival regressa de 7 a 9 de novembro de 2025 e promete voltar a surpreender com novidades.
GEOTA e Ryanair comprometem-se a plantar 500 mil árvores na Serra de Monchique até fevereiro de 2025
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e GEOTA projeto Renature Monchique, iniciado em 2019 pelo GEOTA –Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente com o apoio da Ryanair e em parceria com a Região de Turismo do Algarve, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o Município de Monchique, entrou no seu sexto ano de ação, com o objetivo de dar continuidade à reflorestação da Serra de Monchique após o trágico incêndio ocorrido em 2018,
o maior na Europa naquele ano, e que consumiu quase 28 mil hectares de floresta. A ação de relançamento ocorreu no Pico da Foia, 902 metros acima do nível do mar, no dia 7 de novembro, com a apresentação dos resultados obtidos e dos objetivos estabelecidos durante a nova época de plantação, e a meta é realmente ambiciosa: chegar a 500 mil árvores plantadas até fevereiro de 2025. “Este projeto nasceu da necessidade urgente de restaurar áreas devastadas, apoiar a comunidade local na recuperação da destruição causada pelos incêndios e mitigar os impactos
futuros das alterações climáticas. Até agora, conseguimos plantar mais de 383 mil árvores e apoiar 67 proprietários e suas famílias. Ao plantar mais 125 mil árvores e apoiar mais 10 proprietários, estamos a realizar um esforço conjunto e contínuo para devolver à Serra de Monchique a sua vitalidade ecológica e social”, afirmou Américo Ferreira, da Comissão Executiva do GEOTA.
Com o propósito de mudar a paisagem com espécies mais resilientes ao fogo estão a ser plantados carvalhos, sobreiros, medronheiros, castanheiros e outras espécies emblemáticas como o carvalho-de-monchique, que ocorre apenas na Serra de Monchique e na bacia do rio Mira e que se encontra «Criticamente em Perigo» segundo a Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental. “O projeto
promove a recuperação ecológica das áreas afetadas pelo incêndio de 2018, fomentando a recuperação do seu potencial produtivo, sem esquecer a necessidade de incentivar a conservação das espécies autóctones tão caraterísticas da Serra de Monchique, e que tão bem representam a sua riqueza ambiental e singularidade regional. Envolve diretamente os proprietários, impulsionando uma gestão mais ativa e informada das suas propriedades, o que a médio prazo se irá traduzir na geração de valor ao nível das produções florestais mais tradicionais, como o sobreiro e o medronheiro, mas também potenciando a renaturalização de algumas áreas com espécies de elevado valor para a conservação, como são o caso do carvalho-de-monchique e do castanheiro”, referiu, na ocasião, Paulo
Alves, Presidente do Município de Monchique. “No fundo, deixa uma marca que se espera de gerações neste território”.
Um projeto que, nas palavras de André Gomes, Presidente da Região de Turismo do Algarve, “é uma iniciativa exemplar na recuperação e preservação da Serra de Monchique, consolidando o Algarve como destino de Turismo de Natureza, um produto que dá um contributo muito forte para esbater a questão da sazonalidade”. “Através da reflorestação com espécies autóctones, estamos a regenerar uma área profundamente afetada pelos incêndios de 2018, protegendo a biodiversidade e enriquecendo a experiência dos visitantes. Este esforço conjunto, liderado pelo GEOTA, com o apoio da Ryanair, do ICNF, do Município de
Monchique e do Turismo do Algarve, reflete o nosso compromisso com um turismo sustentável que valoriza o património natural e reforça a ligação entre a comunidade local e a natureza que nos distingue”, sublinhou André Gomes. “A nossa região é mais conhecida internacionalmente pela sua oferta de sol e praia, bem como de golfe, mas, quando nos encaminhamos para o Pico da Foia, percebemos que tudo isto também é Algarve. O projeto tem metas muito ambiciosas, mas, graças ao empenho de todos os parceiros, elas têm sido alcançadas. Qualquer destino turístico de excelência como o Algarve precisa apostar na sustentabilidade ambiental, social e económica do território para enfrentar os desafios que surgem todos os dias... e os turistas procuram cada vez mais destinos que se preocupam
efetivamente com essa sustentabilidade”, destacou.
O projeto é coordenado pelo GEOTA com o significativo apoio da Ryanair, que já contribuiu com 1 milhão e 400 mil euros e agora reforçou a parceria com mais 400 mil euros, destinados integralmente à reflorestação da Serra de Monchique. “O projeto sempre foi muito acarinhado pela companhia e estamos bastante contentes por renovar este compromisso para chegarmos às 500 mil árvores plantadas até fevereiro do próximo ano”, indicou Elena Cabrera, da Ryanair. “É um projeto importante para restaurar a beleza deste território, mas também para tornálo mais resiliente para enfrentar incêndios que possam acontecer no futuro. Plantar espécies nativas resistentes ao fogo é criar um escudo natural que vai proteger este ecossistema. É uma iniciativa que ajuda a fortalecer a comunidade, a preservar a biodiversidade e a mitigar os efeitos das alterações climáticas”, considerou a representante da Ryanair.
Também o Diretor Regional Adjunto do Algarve do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, António Miranda, confirmou a importância do projeto «Renature Monchique» para fortalecer a biodiversidade e a capacidade de recuperação da Serra de Monchique, promovendo um ambiente mais sustentável e equilibrado. “Há uma consciência de que o fogo é recorrente
em determinadas paisagens e esta iniciativa convida a sociedade civil a participar ativamente na preservação e na gestão dos espaços naturais, daí que desde o início nos tenhamos colocado à disposição para colaborar e contribuir para o seu sucesso. Fazer diferente em Monchique é promover cada vez mais as espécies autóctones e estes mosaicos conseguem proteger-nos melhor dos incêndios. Eles vão sempre ocorrer num clima mediterrânico como nós temos, o que se pretende é que não tenham grande dimensão”, frisou António Miranda. “Temos proprietários cujos espaços florestais não geram um grande rendimento económico, mas
produzem bens ambientais que são importantes. Ao mesmo tempo, há bons projetos de planeamento que ficam no papel, não se concretizam. O Renature Monchique está a realizar um excelente trabalho nesta matéria, pelo que o envolvimento do ICNF é natural”, apontou o Diretor Regional Adjunto do Algarve.
O projeto é coordenado no terreno por Miguel Jerónimo e, numa comunidade de 77 proprietários, a maioria são produtores de medronho e cortiça, sendo que todo o investimento realizado na reflorestação do território é efetuado em seu próprio benefício. “As ações de reflorestação
arrancaram em 2019 e neste momento gerimos cerca de 1.400 hectares. Claro que será impossível recuperar toda a área ardida em 2018, mas este trabalho já tem um impacto significativo, e estamos com uma taxa de sobrevivência em torno dos 60 por cento, o que é normal para este género de clima”, explicou Miguel Jerónimo. “Estamos a falar de um projeto de base profissional, pelo que existe uma equipa permanente de 12 pessoas a trabalhar, de segunda a sexta-feira, de setembro a maio, faça chuva ou sol, a
preparar o terreno, a plantar as árvores, e a fazer a sua gestão e monitorização. É um trabalho feito em contínuo e muito orientado para o medronheiro e sobreiro (cerca de 90 por cento das árvores plantadas), para que, no longo prazo, estes terrenos se tornem sustentáveis economicamente para os seus proprietários. O carvalho-demonchique e o castanheiro precisam de zonas com bastante humidade e altitudes entre os 600 e 700 metros, são condições muito específicas”, justifica.
Silves foi o epicentro do exercício nacional «A Terra Treme»
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina exercício nacional de sensibilização para o risco sísmico «A Terra Treme» teve este ano o seu epicentro em Silves, mais concretamente na Escola E.B. 2,3 Dr. Garcia Domingues, no dia 5 de novembro, Dia Mundial de Sensibilização para o Risco de Tsunami. O simulacro decorreu numa escola que tem medidas de autoproteção implementadas por iniciativa da Câmara Municipal de Silves desde 2021 e aconteceu, às 11h05, para demonstrar
que a realização dos três gestos simples recomendados em caso de sismo –Baixar, Proteger e Aguardar – podem fazer a diferença no momento da catástrofe.
A par de diversas entidades regionais estiveram presentes o Secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Simões Ribeiro; o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o Brigadeiro-General Duarte Costa; o Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Vítor Vaz Pinto; o Diretor Geral da Educação, Mestre David Sousa; e a Presidente da
Brigadeiro-General Duarte Costa, presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil,
Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma. E Duarte Costa, dirigindo-se às centenas de jovens que tinha pela frente, não hesitou em pedir-lhes que transmitam estes ensinamentos nas suas casas, “pois vocês são verdadeiramente aquelas pessoas que mudam as tradições familiares” “Vocês são os futuros dirigentes, os futuros políticos, e esta experiência é fundamental para perceberem que, quando nós nos salvamos a nós, também somos capazes de salvar os outros”, reforçou o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
No uso da palavra, Rosa Palma assumiu a honra e o sentimento de responsabilidade com que Silves acolheu este importante exercício de preparação para emergências e lembrou que “a
história tem-nos ensinado que os desastres naturais podem acontecer a qualquer momento e é crucial estarmos prontos para agirmos rapidamente e de forma coordenada”. “Todas as entidades têm que trabalhar unidas pela segurança dos nossos cidadãos. É essa coordenação que nos fortalece enquanto comunidade, que nos torna mais resilientes e preparados para enfrentar aquilo que é inesperado. A preparação e a prática são as nossas melhores ferramentas para minimizar o impacto dos desastres e proteger a nossa população”, defendeu a presidente da Câmara Municipal de Silves. “Estes exercícios permitem-nos testar as nossas capacidades, identificar áreas a melhorar e ajustar os nossos protocolos, para que estejamos sempre prontos para atuar em qualquer
Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal de Silves
situação. Investir na prevenção, na formação e na capacidade de resposta é investir nas vidas, envolvendo, não apenas as nossas forças de segurança, mas também a nossa população nesta missão”, acrescentou a edil silvense, agradecendo ainda a participação no exercício de professores e alunos, “pois, através do conhecimento e da prática, podemos desenvolver uma cultura de prevenção e segurança que será transmitida a gerações futuras”
A representar a pasta da educação, David Sousa realçou a importância deste exercício nacional, “porque estamos conscientes de que a segurança e a vida são bens que têm que estar sempre na primeira linha da nossa ação” “A escola proporciona aos alunos conhecimento e competências que promovem a
segurança e a responsabilidade. Ao recordar temas como os riscos naturais, a escola contribui para formar cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar situações de emergência e a colaboração com a Autoridade Nacional da Proteção Civil é essencial para uma prevenção mais eficaz”, entende o Diretor Geral de Educação. “É uma cultura de prevenção e segurança que se estende para além dos muros da escola, impactando positivamente famílias e comunidades. A segurança começa em mim, a segurança envolve e responsabiliza-nos a todos”, salientou o Mestre David Sousa.
O governo esteve presente em Silves no «A Terra Treme» na pessoa do Secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Simões Ribeiro, que se mostrou
Mestre David Sousa, Diretor Geral da Educação
Paulo Simões Ribeiro, Secretário de Estado da Proteção Civil
professor e a Autoridade Nacional de Proteção Civil se entenderem, acho que hoje ouvimos o hino nacional do «A
discurso. “Este exercício nacional vai na sua 12.ª edição, estamos no caminho certo, mas não está tudo feito. Todos
cabeça fria, a vossa serenidade, a vossa responsabilidade, são fundamentais. Vocês já aprenderam como reagir,
partilhem o que aprenderam com os vossos familiares e amigos”, apelou aos jovens.
Algarve testou Plano Especial de Emergência de Proteção Civil para o Risco Sísmico e de Tsunamis
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o dia 5 de novembro realizou-se mais um exercício nacional de sensibilização pública «A Terra Treme» e, com o intuito de amplificar os desígnios do Dia Mundial de Sensibilização para o Risco de Tsunami e dar sequência aos exercícios setoriais aprovados pela Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro, de teste ao Plano Especial de Emergência de Proteção Civil para o Risco Sísmico e de Tsunamis do
Algarve (PEERST-ALG), teve lugar, nos concelhos de Silves e Portimão, o Exercício Regional PROCIVALG_24.2, e que contou com a presença do Secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Simões Ribeiro; do presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o Brigadeiro-General Duarte Costa; do Comandante Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, Vítor Vaz Pinto; e da Presidente da Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma.
O exercício foi jogado na modalidade de Live Exercise – LIVEX, com mobilização real dos meios e recursos envolvidos nas ações de resposta, com o intuito de promover o treino operacional dos Agentes de Proteção Civil e Organismos e Entidades de Apoio, sobretudo, nas dimensões da busca e resgate em estruturas colapsada (BREC), salvamento aquático e buscas subaquáticas, combate a incêndios, intervenção em ambientes contaminados por matérias perigosas, desencarceramento de pessoas e animais e escoramento de edifícios. Paralelamente, foram executados os procedimentos no âmbito da evacuação primária, triagem e operacionalização de um Posto Médico Avançado (PMA), bem
como instalada uma Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP).
Neste contexto, foram preconizados sete cenários/ocorrências, designadamente, o desmoronamento parcial de uma antiga fábrica metalúrgica em Silves; a queda das pontes sobre o Rio Arade, em Silves; acidentes com matérias perigosas nas Piscinas Municipais de Silves; o desmoronamento parcial do antigo Casino da Penina, junto à EN 125, em Alvor; a evacuação de zona de risco de tsunami na Praia da Rocha; o comprometimento/ inoperacionalidade do Centro de Saúde de Silves e consequente instalação de Posto Médico
Avançado (PMA) e Zona de Concentração e Apoio à População, em Silves; a afetação da estrutura municipal de Proteção Civil de Silves à Instalação de Posto de Comando Operacional, em Silves. Ao longo do dia procurou-se igualmente avaliar as áreas afetadas onde seriam desencadeadas ações de busca e salvamento, tendo em conta as informações disponibilizadas pelas Equipas de Reconhecimento e Avaliação da Situação (ERAS); coordenar as ações de busca e salvamento decorrentes do evento sísmico/tsunami; testar a articulação com a Autoridade Marítima Nacional (AMN), que assume a responsabilidade e coordenação das operações de busca e salvamento nos domínios públicos hídrico e marítimo;
assegurar as operações de socorro e evacuação primária, assistência a feridos e evacuações secundárias, de acordo com o previsto na Área de Intervenção de Serviços Médicos e Transporte de Vítimas; assegurar a contenção de fugas e derrames de substâncias perigosas; efetuar o escoramento de estruturas; executar o socorro às populações, em caso de incêndios, desabamentos e, de um modo geral, em todos os sinistros, incluindo o socorro a náufragos e buscas subaquáticas; aferir as capacidades de comunicações entre todos os Agentes de Proteção Civil e Organismos e Entidades de Apoio; testar, no âmbito municipal, os Planos Municipais de Emergência e Proteção Civil dos concelhos envolvidos.
FESTIVAL DE ARTES INCLUSIVAS
A QUEM TRABALHA COM
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
INCLUSIVAS DEU PALCO COM A DIFERENÇA
Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines assistiu, no dia 9 de novembro, à segunda edição do Festival de Artes Inclusivas, evento regional organizado pela Teia D’Impulsos que pretende dar palco ao trabalho extraordinário que diversas entidades e instituições têm vindo a desenvolver ao nível das artes junto de populações mais vulneráveis e em prol da inclusão. “Esta aventura começou o ano passado, sobretudo pelas mãos da Inês Reis e da Ana Brito, através do projeto ECOS, e que depois deu lugar à partilha, não só daquilo que fazemos internamente, mas também pelo que é realizado por outras organizações”, referiu Luís Brito, presidente da direção da Teia D’Impulsos,
antes de passar a palavra a José Carlos Araújo, da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines. “Este evento faz parte da nossa génese, é para estas pessoas, e para outras, que trabalhamos diariamente. São mais de 5 mil utentes, a maior percentagem jovens, mas também adultos, nomeadamente por via da nossa Unidade Sócio Ocupacional no âmbito do Projeto Nacional dos Cuidados de Saúde Mental. Obviamente que não fazemos nada sozinhos e esta parceria com a Teia D’Impulsos permite-nos fazer coisas junto de quem mais precisa, assim como a parceria com a Junta de Freguesia”, apontou José Piasca.
Um evento concretizado “por um grupo amigos que está aqui para comemorar a cultura, as artes”, descreveu,
emocionado, Miguel Veiga, do Instituto Português do Desporto e Juventude.
“Arte é exprimir sentimentos e emoções e temos aqui muitas pessoas a fazê-lo de forma bonita e desinteressada”, declarou, com Carla Benedito, presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines, a agradecer depois à organização por trazer este excelente acontecimento para esta freguesia do interior do concelho de Silves.
A gala começou com a atuação da Orquestra do Clube da Batucada, projeto social e comunitário que utiliza tambores tradicionais portugueses como forma de integração social e desenvolvimento humano. Seguiu-se a ECOS – Oficina de Dança Inclusiva da Teia D’Impulsos, criada em 2019 e que proporciona a prática semanal de dança a pessoas de
todas as idades, com e sem deficiência. Nuno Miguel Neto apresentou depois «Magia com Impacto», um projeto que leva a magia e ilusionismo a comunidades em situação de risco e exclusão social, desde bairros problemáticos a estabelecimentos prisionais, hospitais e lares.
A dança regressou com a performance da CAPELA – Centro de Apoio à População de Leste e Amigos, que dinamiza, desde 2006, em Portimão, o Estúdio Mix Dance, uma presença constante na vida sociocultural da região e que conta atualmente com cerca de 45 crianças e jovens dos 3 aos 18 anos de idade e de diferentes nacionalidades. Logo depois as atenções concentraramse no grupo de utentes e colaboradores do Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão do NECI – Núcleo
Especializado para o Cidadão Incluso, uma IPSS de Lagos cuja missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida e inclusão de pessoas com deficiência e de famílias em situação de carência social e económica.
Outra IPSS presente no 2.º Festival de Artes Inclusivas foi a ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão, que trouxe uma peça resgatada dos trabalhos no antigo CAO com o objetivo de fazer o público refletir sobre a importância do amor, ao mesmo tempo que caracteriza outras emoções. Uma peça que tem sido desenvolvida pelo atelier de artes performativas do CACI da ACASO e que muito emocionou a plateia. E o mesmo aconteceu com a apresentação da W Dance Crew, grupo que dança junto há cinco anos e que conta com a
participação de um bailarino muito especial, Carlos Silva.
A derradeira convidada no evento, que foi apresentado por Júlio Ferreira, foi a APPACDM – Associação de Pais e Amigos das Crianças Diminuídas Mentais, IPSS de Faro que se dedica à reabilitação de jovens com deficiência intelectual para a sua reintegração na sociedade e participação ativa. A dança é uma das suas atividades lúdico-terapêuticas e uma forte aliada na inclusão social, especialmente quando vivenciada em espaços onde a diversidade humana é a principal característica.
Foi, sem dúvida alguma, uma tarde de emoções à flor da pele, com a assistência rendida à felicidade com que todos estes artistas pisaram o palco da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines.
GALOPIM APRESENTOU «POTE VOLÚPIA» EM FARO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina aguardado longaduração de GALOPIM foi finalmente apresentado, a 9 de novembro, na Associação
Recreativa e Cultural de Músicos de Faro, numa sala praticamente cheia para assistir ao projeto de João Tiago Neto, Rui Daniel e André Oliveira.
O álbum é o culminar de um processo criativo que começou em 2017, quando o projeto foi fundado por João Tiago Neto, o João Careca dos Melomeno-Rítimica e
NOME, entre outras bandas, figura carismática da cena musical farense e que marcou toda uma geração. E o EP, produzido por Francisco Aragão e Rui Daniel e lançado no EVA Rooftop, a 24 de abril, véspera do Dia da Liberdade, deixou muita gente de água na boca, com um pop eletrónico de excelência que antevia uma caminhada de sucesso.
Aos temas iniciais «Glória», «Risco de Explosã0», «Ira» e «Pacto» seguiram-se «A Flama», «Porta de Saída», «Névoa» e «Vulcão», mas foi preciso esperar mais de sete anos para ver o produto final, «Pote Volúpia», que reafirma GALOPIM como
um dos nomes mais promissores da cena alternativa portuguesa, fruto de uma sonoridade que ultrapassa fronteiras e desafia expectativas. “Demorou tanto tempo devido àquela paragem nas nossas vidas, praticamente três anos de pandemia, e depois foi preciso mais algum tempo para nos reencontrar-nos e normalizarmos o processo de composição e gravação. Também houve estúdios que fecharam, outros só aceitavam determinado tipo de projetos, o próprio Rui Daniel embarcou numa viagem que mudou bastante a sua vida e eu tive que procurar alguém para me acompanhar no GALOPIM. Tudo isto provocou este hiato no tempo, mas aqui estamos”, afirma João Tiago Neto.
Como é natural, esta pausa fez com que a ideia inicial sofresse mutações, até
porque Joao Tiago Neto nasceu e cresceu no rock. Agora, essa energia e explosividade é manifestada por poderosos sintetizadores, como se verificou na Associação Recreativa e Cultural de Músicos, um som um pouco diferente do EP de estreia. “Hoje somos uma coisa, amanhã somos outra. Não nos prendemos a rótulos, queremos simplesmente fazer aquilo de que gostamos em cada fase da nossa vida”, justifica o entrevistado.
Mas se o som é algo diferente da génese, as mensagens fortes continuam a ser uma imagem de marca deste compositor que é um observador atento de tudo o que o rodeia. “Desde novo que me vi rodeado de bons escritores, como o João Pedro Vargues nos NOME e Melomeno-Rítimica, tenho projetos com o Pedro Bandeira, tive o privilégio
de trabalhar com o Jorge Cruz dos Diabo na Cruz e sou amigo do Manel Cruz dos Ornatos Violeta. Todas essas pessoas me incutiram um enorme respeito pelas palavras que escrevo”, explica João Tiago Neto. “Gosto de brincar com as palavras e com as situações que relato, de fazer as pessoas pensar com as minhas letras” Mais calmo está em palco, porque os anos passam e os tempos de adolescente irreverente já lá vão, mas a emoção continua toda lá, seja agarrado a uma viola ou atrás de um piano ou sintetizador. “O meu amadurecimento nota-se, não apenas no que escrevo e componho, mas também na forma como estou em palco, é natural”.
Rui Daniel regressou, entretanto, ao GALOPIM, mas antes disso já tinha entrado para o projeto André Oliveira, que até tinha convidado a banda original para participar num festival em Vila Real
de Santo António. “O André é um visionário, está sempre na vanguarda da música e tem um conhecimento vasto sobre esta temática. Quando o Rui saiu, convidei-o para integrar o GALOPIM e, após alguma insistência da minha parte, porque vivemos em cidades um pouco distantes uma da outra, acabou por aceitar e começamos a desbravar mato. A história acabou por ter um feliz ainda mais feliz porque a vida voltou a colocar o Rui Daniel no nosso caminho”, conta. “A família voltou a estar toda junta”, acrescenta, sorridente.
«Pote Volúpia» viu finalmente a luz do dia, num mercado discográfico bastante diferente daquele em que GALOPIM deu os primeiros passos, em 2017. Qual vai ser, por isso, o espaço do projeto de João Tiago Neto, Rui Daniel e André Oliveira? “Queremos que as pessoas sintam a força e verdade da nossa mensagem,
das nossas músicas e letras. Vamos tocar sempre com a mesma alma e empenho do espetáculo do dia 9 de novembro, em espaços mais intimistas onde possamos explorar também a vertente dos vídeos, que também têm todos uma mensagem inerente. O nosso desejo é que as pessoas viagem
connosco nos concertos, que saiam de lá com a alma cheia e que depois, se gostarem, passem a palavra. Temos consciência de que não somos um produto de massas, o nosso objetivo é termos unidades bem instruídas”, conclui o entrevistado.
FÁBIO KRAYZE DEU A
«MUSSEQUE» NO CINETEATRO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
A CONHECER CINETEATRO LOULETANO
Cineteatro Louletano
assistiu, no dia 15 de novembro, à estreia de «Musseque», uma criação de Fábio (Krayze) Januário no âmbito do Projeto CASA. «Musseque» que, antes de ser uma peça para quatro bailarinos, é casa, é encontro, é um estar. “É de onde saíram há muito tempo e para onde voltam em memória e em corpo através do Kuduro”, explica o diretor artístico e criador. “Aos corpos pede-se o ritmo, a precisão, a resistência para que na turbulência de uma guerra se encontre um pedaço de liberdade. Durante a Guerra Civil de Angola, o Kuduro foi
música e dança marginalizada por muitos, mas adorada pelo povo”, acrescenta.
A peça foi antecedida por uma residência de duas semanas realizada em Loulé, com o apoio do Projeto CASA, que promove novas criações de artistas emergentes numa parceria entre o Cineteatro Louletano, O Espaço do Tempo e o Centro Cultural Vila Flor. A interpretação e cocriação está a cargo de Fábio (Krayze) Januário, Selma Mylene, Xenos Palma e Elvis Carvalho (Grelha); a cenografia é de Filipe Tootill e os figurinos de Susana Santos – Mana Terra. A produção é de Rita Pessoa, com o apoio de Pensamento Avulso.
É o que é!… Paulo Cunha (Professor)
enho vindo a constatar que muitos amigos da minha lavra e outros mais velhos, volta e meia, respondem-me com o sacramental bordão “É o que é!”. Fico a pensar no significado e a intenção do mesmo, uma vez que dou por mim a interromper e a rematar também determinadas conversas proferindo, em jeito de desabafo, a tal frase. Serão sinais da velhice a instalar-se ou da complacência, do cansaço, do desencanto, do comodismo ou da modorra a tomar conta dos nossos pensamentos e atitudes?
Recordo a energia latente e exuberante da juventude que nos impelia para, a todo o momento, querer contrariar, reconstruir, criar e inovar, aliada à constante vontade de mudar o mundo. É verdade, a vida amansa-nos e acalma-nos, permitindo-nos perceber que não há muitas alternativas para alterar o que, por natureza e/ou por vontade dos homens, dificilmente é alterável. Obviamente, podeis contrapor que tudo é mutável, à exceção da morte. Sim, mas uma coisa é dizer, outra é fazer.
No séc. XVII, o termo «Laissez-faire, laissez passer!» tornou-se conhecido e afamado quando Jean-Baptiste Colbert, adepto do mercantilismo e controlador das finanças do Rei francês Luís XIV, perguntou a um grupo de empresários o que poderia o governo fazer para ajudar a economia. A resposta foi «A solução é
deixar fazer e deixar passar!». Ou seja: «Não se preocupe, nós tratamos disso!». Será então o termo «É o que é!» uma consequência inevitável duma permissividade e anuência a um statusquo originado por uma sociedade manipulada, quer pelo estado, quer pela economia?
Confesso que cada vez que profiro “É o que é!” arrependo-me imediatamente, pois fico com a sensação de que a minha opinião se esgota num argumento isento de reflexão e de debate. Seja qual for o assunto, será de tal forma indiscutível a opinião sobre o mesmo para ser votada a imediata aceitação e unanimismo? Embora todos saibamos que há temas que depois de discutidos não alteram em nada a convicção de cada um, nomeadamente todos aqueles que se movem por paixões e devoções, tal facto não invalida que não venham a ser motivo de um bom debate e exercício de dialética.
Sabendo que o silêncio é de ouro, cada vez mais me convenço que, não tendo a capacidade nem a veleidade de querer mudar o mundo, mais vale escutar e quedar-me mudo do que aparentar que anuo com o conteúdo de frases feitas, só para não ter de refutar ou contrapor as tais «verdades insofismáveis» de que a vida é feita. Por isso escrevi este artigo de opinião que, afinal de contas, não é o que é. É o que os leitores quiserem que seja!
Foto: Daniel Santos
Mala – Exposição de Matheus Malavazi
Mirian Tavares (Professora)
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. (...)
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. António Cícero
obra existe, mesmo quando não exposta. Mas ela existe melhor em relação: com o público, com o espaço, com outras obras. Expor é, antes de tudo, um gesto de expor-se, de não se guardar nada, ou de guardar a coisa à vista. De permitir que ela seja mirada e admirada, mas também revista, criticada, exposta nas suas forças e fragilidades. Expor-se é sempre um ato de coragem.
Matheus Malavazi, a.k.a. Mala, é um artista multifacetado que experimentou as artes cénicas e o cinema antes de descobrir a pintura. A pintura já lá estava, na sua concepção do espaço, na sua necessidade de expressar-se e de expor suas ideias, de deixar sua marca no meio
da multidão que passa pelas ruas, nas paredes, nos edifícios em ruínas –evidenciando assim a própria ruína dum espaço que se tenta esconder. Armado de amor e coragem, como diz a música, veio estudar na Europa. Trazendo na mala um passado diverso que se misturou com o novo/velho continente. A sua formação em Artes Visuais não foi um princípio, foi uma continuação de um trajeto de experimentação, de buscas e de encontros felizes com a arte nas suas múltiplas manifestações.
As obras desta exposição são o resultado de escolhas e de um caminho traçado, conscientemente, nas técnicas e na filosofia do Expressionismo Abstrato. A abstração na sua obra surge de uma necessidade de falar/mostrar muitas coisas ao mesmo tempo: como as imagens que passeiam pelos nossos olhos
quando estamos a ver pela janela de um comboio. Um princípio cinemático, podemos mesmo dizer, cinematográfico. Visões de um espaço, limitado pelas bordas do quadro, que se acumulam e se sobrepõem. Como divisar o invisível se não através de uma linguagem outra? Como agarrar aquilo que nos escapa, rapidamente, e que só na memória persiste?
As paisagens de Mala são duplamente simbólicas – de um lado, trazem em si, uma bagagem que vem de outro continente, de outras paisagens e vivências; e por outro lado, representam paisagens que se formaram, ao longo dos últimos anos, na retina do artista, que as armazenou até ser capaz de expressá-las.
Uma expressão que não se contém no figurativo, ou na figuração, mas que se expande pelo infinito daquilo que podemos ver e do que não podemos, daquilo que imaginamos com o artista e sem ele, quando em presença da sua obra.
A mala leva muitas coisas, mas também é um espaço limitado, há que se fazer escolhas, há que se decidir o que vem connosco e o que fica para trás. Matheus Malavazi depurou suas memórias e expõe o resultado de um amálgama de sentimentos, de sensações, de aprendizados e de paisagens.
Foto: Isa Mestre
Uma série - “Dormir, talvez sonhar” Ana Isabel Soares (Professora)
oi em outubro de 2015 que vi o episódio inicial da série policial Inspector Lewis, que foi emitido pela primeira vez em janeiro de 2006. A série passa-se quase sempre em Oxford e o ambiente académico é frequentemente o contexto da ação. Este episódio em particular adapta a tragédia de Hamlet e remete igualmente para King Lear, peças fixadas sob o nome autoral de William Shakespeare e supostamente compostas no final do século XVI. O episódio chama-se «Reputation» (foi realizado por Bill Anderson, a partir do guião escrito por Russell Lewis e Stephen Churchett. As estrelas que vi na televisão (o sistema das «estrelas» de cinema perdura nas séries televisivas e recordo mais os nomes dos atores do que de quem realiza, monta, escreve o que veja – uma injustiça, reconheço bem) a protagonizar aquela hora e meia foram Kevin Whately (o Inspetor do título) e o ainda mais memorável Lawrence Fox (o sub-inspector Hathaway). A série retoma personagens de um outro policial de televisão, Morse (que só vim a ver na sequência de ter visto todos os episódios de Inspector Lewis, ou seja, por assim dizer, ao arrepio da narrativa), desde logo porque o protagonista anterior, o inspetor Morse, deixa uma nota a propósito de uma investigação: “Polo not king after all”, numa alusão a Polónio, que partilha o nome com uma das personagens de Hamlet. Se faltassem razões para agarrar
esta espectadora, qualquer remissão a Shakespeare serviria, e a minha fidelidade à série veio a manter-se atá ao final (os últimos episódios foram gravados e emitidos precisamente em 2015). A relação com Hamlet e King Lear é assumida em vários elementos, que vão desde nomes e parentescos entre as personagens até sequências narrativas precisas.
Em vários outros momentos da série, a relação com a literatura deu-me o consolo do reconhecimento, o conforto da comunhão de interesses nas imagens filmadas e nas palavras lidas num livro ou ouvidas quando ditas em palco. O primeiro episódio da segunda temporada (de 2008) centra-se num crime ocorrido na biblioteca Bodleian, em Oxford, com algumas cenas filmadas no University College, na sala onde se encontra a estátua-memorial ao poeta romântico Percy Bysshe Shelley. Nenhum dos instantes parece desperdiçarse, na contemplação em que o subinspector Hathaway se enleva junto do mármore. É como se o corpo do poeta, reclinado, na posição em que se diz que terá dado à costa, inerte, perto de Viareggio, em Itália, depois de uma tempestade em que naufragou, se mostrasse mais vivo ali.
Assisto aos episódios de Inspector Lewis como se assistisse a um serviço religioso e ouvisse, de Shakespeare ou de Shelley, a injunção: “Fazei isto em memória de mim”.
Foto: Vasco Célio
Web Summit 2024: A grande festa da inovação tecnológica
Fábio Jesuíno (Empresário)
Web Summit 2024 é muito mais do que um evento tecnológico; é uma verdadeira celebração do futuro.
Reunindo mentes brilhantes de todo o mundo, esta grande festa da inovação tecnológica transforma-se num palco vibrante onde ideias revolucionárias ganham vida, impulsionadas por uma energia empreendedora contagiante.
Este ano voltou a ser um encontro que não apenas reflete as tendências globais, mas também inspira novas formas de pensar e criar, reafirmando o papel central da tecnologia na construção do amanhã.
Participar na Web Summit é sempre uma experiência única e muito inspiradora, principalmente para quem trabalha na área das startups, empreendedorismo e digital. Trata-se da maior conferência de tecnologia e inovação do mundo e, na minha opinião, também uma das mais bem organizadas. Nesta 9.ª edição, voltou a bater recordes, com mais de 71 mil participantes, de 160 países, mais de 3 mil start-ups e cerca de mil investidores.
A inteligência artificial voltou a ser o tema mais em destaque na edição de 2024 da Web Summit. Mais especificamente inteligência artificial generativa e o seu impacto na sociedade, foram temas abordados na maioria das apresentações, masterclasses e pitchs de startups. Houve um grande interesse nas aplicações práticas dessa tecnologia, como na educação e indústria criativa Especialistas discutiram tanto as potencialidades quanto os desafios éticos e regulamentações necessárias para garantir um desenvolvimento responsável e justo da IA generativa.
Comprovando esse destaque, esta edição teve início com o anúncio do Primeiro-Ministro português, Luís Montenegro, sobre o lançamento de uma LLM (Large Language Model) em português. É um modelo de Inteligência Artificial desenvolvido para compreender e gerar texto, com potencial para aplicações práticas em diversos setores da sociedade, desde o mundo empresarial até instituições de ensino. O lançamento está programado para o primeiro trimestre de 2025.
A Web Summit foi palco de outro anúncio importante, desta vez feito por Pedro Reis, Ministro da Economia, que
revelou a criação de um fundo deep tech no valor de 100 milhões de euros em Portugal. O objetivo do novo fundo é impulsionar a inovação tecnológica disruptiva, contando com uma dotação pública de 50 milhões de euros e coinvestimento adicional de fundos institucionais. A expectativa é que o fundo esteja disponível no mercado já no primeiro trimestre de 2025.
Uma das participações mais marcantes foi a de Tim Berners-Lee, o inventor da web, que refutou a ideia de que o entusiasmo em torno da inteligência artificial seja apenas um ciclo de «hype». “É real”, afirmou, destacando que há décadas se busca desenvolver máquinas capazes de trabalhar em nosso lugar.
Um dos grandes destaques foi o norte-americano Pharrell Williams, que subiu ao palco principal para falar sobre criatividade. Com mais de duas décadas de reconhecimento no mundo da música, onde já conquistou diversos Grammys, Pharrell também se destaca no universo da moda, ocupando atualmente o cargo de diretor criativo da Louis Vuitton. Durante sua apresentação, ele enfatizou a importância de não passarmos nossas vidas apenas tentando ganhar dinheiro, mas sim dedicando-nos àquilo que realmente gostamos.
Outro grande destaque do evento foi a vencedora do pitch, a startup portuguesa Intuitivo. Esta inovadora plataforma de avaliação digital foi desenvolvida com o objetivo de transformar e otimizar o processo de avaliação nas escolas, oferecendo aos professores ferramentas mais eficientes e práticas para gerir e acompanhar o desempenho dos alunos.
A Web Summit é, acima de tudo, uma grande comunidade de empreendedores, onde se promove o networking, debate e aprendizagem nas mais diversas áreas onde o digital está sempre presente.
A consulta Sílvia Quinteiro (Professora)
ou a primeira a chegar. Entro na sala de espera e escolho um lugar junto à janela. O dia está cinzento e chuvoso. Não lhe vou chamar triste. Gosto da chuva. Gosto de ver chover. Melancólico. A sala enche-se aos poucos. Quem entra murmura qualquer coisa. Quem está responde com um ruído indecifrável. Depois, o silêncio. Mas dura pouco. Rapidamente duas senhoras sentadas ao meu lado iniciam uma conversa. As dores nos ossos. As dores que não as deixam. Uma delas já nem encontra «exposição» para dormir. Falam de uma tal Jacinta que tinha os mesmos sintomas e acabou numa cadeira de rodas. Entrevadinha, coitada. O que lhe vale é a filha, que é uma joia. A conversa vai longa quando finalmente percebo que as mulheres de que falam são personagens de uma telenovela. À minha frente, uma mulher de meia-idade lê um livro de autoajuda. Quem sabe? Fico à espera de que de repente o rosto se ilumine, ela se levante e vá embora. Mas não, pela cara, não me parece. Um rapaz caminha de um lado para o outro. Vai repetidas vezes ao bebedouro encher o copo de água. Bebe com visível sacrifício. De vez em quando, uma funcionária espreita a sala e diz-lhe:
Vá bebendo aguinha, sim?
E ele para trás e para a frente, coitado. Andar de pardalito. Ar de aflição.
Junto à senhora que continua tentar autoajudar-se, um casal de idosos discute. Primeiro baixinho, depois em voz alta. Ela diz-lhe que não vale a pena vir ao médico se não faz nada do que ele manda. Ele resmunga. Ela insiste. Ele desabafa:
Vim cá no mês passado, disse-me que se parasse de fumar ganhava 10 anos de vida. 10 anos sem fumar! O homem sabe lá o que diz. Agora com esta idade é que querem mandar em mim? Mas para que raio quero eu 10 anos sem fumar?
Há uma gargalhada na sala. O ar fica mais leve. Ainda assim, sinto-me estranha neste lugar. Uma verdadeira extraterrestre. Digo muitas vezes que não tenho feitio para doente. E menos ainda para estar sentada entre pessoas que sacam sintomas da cartola como quem saca o às de trunfos num jogo de sueca. Ponho-me a pensar em como aqui cheguei. Como entrei aos poucos para este grupo tão peculiar que são os frequentadores assíduos dos consultórios. Como, aos poucos, as consultas começaram a ser precedidas de análises marcadas entre elas. E lá ia eu, com umas folhas soltas na mão. Mais umas análises, mais uns exames, medicação e, esporadicamente, surgia qualquer coisa que era melhor tirar.
Mais recentemente, cada visita ao médico passou a ser seguida de um volume considerável de exames. A pequena pasta transformou-se no volume d’O Senhor dos Anéis que tenho pousado no meu colo. Penso em como é curioso que a pasta vá crescendo à medida que o número dos órgãos do meu corpo vai reduzindo. Parece-me absurdo que quanto menos de mim existe, mais exames tenha de fazer.
Primeiro as amígdalas. E já agora os adenoides. Não estavam lá a fazer nada. Mais tarde, o apêndice. Que mal faz? Afinal de contas só se dá por ele quando traz problemas. Aos poucos, fui descobrindo que a obra perfeita de Deus está, afinal, repleta de acessórios dispensáveis. Basta um rim, a tiroide pode sair, basta um ovário, depois já nem
esse é necessário. O útero deixou de ter utilidade… Talvez não seja coincidência o meu médico e a minha cabeleireira terem o mesmo sobrenome. Quando é para cortar, entusiasmam-se. A diferença é que ela leva menos de pintar o cabelo curto. Ele, cada vez tem menos paciente para examinar, mas o preço da consulta é sempre o mesmo. E voltando a olhar para a pasta que equilibro sobre o joelho, vem-me à mente outra dúvida: Se ele realmente corta tudo o que diz, como é que peso sempre o mesmo? As salas de espera são lugares propícios a reflexões profundas.
Os meus pensamentos são interrompidos pela voz do Sr. Joaquim. Vem alterado. Amparado pela mulher a apoiado na canadiana, protesta:
Agora já nem o copinho de vinho ao almoço me querem deixar beber. Mas eu sou lá algum moço pequeno para mandarem em mim. Era o que faltava agora! Mais vale matarem-me logo!
A mulher, envergonhada, tenta justificar-se:
Ele é diabético, tem o colesterol nas últimas, já teve de tirar a vesícula, e não tem juízo nenhum!
Caminham em direção à porta de saída. A funcionária chama o meu nome. Levanto-me e sigo-a a medo. A vesícula! Ainda não me tinha lembrado da vesícula.
Escritas na pele Dora Gago (Professora)
e regresso a Portugal, após uma década fora e dois anos de confinamento no outro lado do planeta, despertoume a atenção a abundância de tatuagens usadas por quase toda a gente. Dou por mim, que sempre fui atraída por histórias, narrativas, letras, a tentar ler, decifrar, a pele daqueles com quem me vou cruzando nos transportes públicos, sobretudo nos comboios. Como se estas inscrições pudessem revelar a chave secreta para a compreensão da sua identidade, dos seus modos de existir. E há desenhos que são verdadeiras obras de arte: flores, borboletas, animais, enfim, os mais variados motivos. Corpos convertidos em vitrais ambulantes. Também há frases, palavras soltas, algumas difíceis de entender. Mas o que despertará em nós essa necessidade de inscrição? Momentos especiais? Sonhos realizados?
Faço uma breve pesquisa na internet sobre o tema e encontro uma reportagem do Diário de Notícias, datada de 16 de outubro de 2020, da autoria de Filipe Gil, precisamente sobre a moda das tatuagens. Nesse trabalho, a psicóloga Rute Agulhas refere que a tatuagem se assume como uma forma de manifestação, podendo “transmitir ideias ou valores, (…) a celebração de algo ou
uma homenagem a alguém. Muitas vezes surgem ainda associadas a momentos específicos e muito marcantes da vida, como o nascimento de um filho, um grande amor, o que não é muito aconselhável, ou a viagem de uma vida. A superação de uma doença ou o facto de se ter alcançado algo muito desejado. Noutros contextos, podem também surgir como forma de potenciar sentimentos de pertença”.
E, de repente, quando ainda pensava no assunto, chega-me também uma resposta da escritora espanhola Rosa Montero, enquanto lia La ridícula idea de no volver a ver-te, centrada na vida de Marie Curie, entrelaçando momentos vivenciais da autora, nomeadamente, no que respeita ao processo de luto. A certa altura, refere o facto de ter tatuado, anos atrás, uma salamandra num braço. Realça o prazer aditivo que tal facto lhe proporcionou, a ponto de, no dia seguinte se ter esforçado para não fazer uma nova tatuagem. Neste contexto, refere “a sensação maravilhosa de alívio e plenitude irracionais”, um triunfo sobre um corpo que não escolhemos, um corpo traidor que adoece e nos tortura antes da morte, assim, como afirma “por lo menos, cuerpo miserable, te he marcado com una salamandra que és sólo hija de mi voluntad, y vas a tener que aguentarla hasta que te pudras”. Nesta esteira, a autora concebe a tatuagem como um momento de triunfo absoluto contra a
carne, contra uma espécie de ditadura imposta pelo corpo, uma vingança esculpida na pele.
No meu caso, sinto-me nas margens dessas escritas, pelo facto de a minha pele já estar tatuada, naturalmente, com inúmeros sinais. Na verdade, até podia
ligá-los, como se faz nos primeiros anos de escola, com figuras formadas por pontinhos, a ver o que sairá. Essas amálgamas de pontos unidos pelo traço oferecem sempre surpresas: tanto pode nascer uma constelação como um monstro assustador… nunca se sabe. Por isso, prefiro não arriscar. Mas, regressando à questão das tatuagens celebratórias, soube recentemente de um rapaz que tatuou no braço o nome da namorada: Marina. O problema é que a paixão se afogou em traições e mágoa. Como lidar com esse nome esculpido na pele para sempre? Ele foi muito pragmático, acrescentou: “de Vilamoura”. Assim, o nome converte-se em lugar, evitando o rememorar da desilusão. Afinal, a marina de Vilamoura não trai ninguém.
E, no fundo, as tatuagens serão, talvez, essencialmente, formas de comunicar exterior e interiormente, de converter o corpo num álbum, num livro aberto, onde a vida se vai escrevendo, letra a letra, desenho a desenho, a desafiar as contingências do tempo, a ameaça da finitude e do esquecimento.
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