ALGARVE INFORMATIVO
ÍNDICE
Infralobo e Vale do Lobo promoveram ação de limpeza de praias (pág. 20)
Turismo do Algarve apresentou Plano de Marketing Estratégico 2028 (pág. 26)
XV Feira da Perdiz de Martim Longo (pág. 36)
Monte Gordo Sand Race (pág. 54)
«Asas de Papel» no Teatro das Figuras (pág. 68)
«A Magia das 1001 Noites» em Lagoa (pág. 86)
Festival Pedra Dura em Lagos (pág. 100)
OPINIÃO
Ana Isabel Soares (pág. 114)
Júlio Ferreira (pág. 116)
Infralobo e Vale do Lobo promoveram ação de limpeza de praias
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
ara assinalar o Dia
Nacional do Mar, a Infralobo EM e Vale do Lobo levaram a cabo, no dia 21 de novembro, e em colaboração com a Associação Vita Nativa, uma manhã especialmente dedicada à limpeza de praias. A ação pretendeu realçar a importância desta efeméride celebrada anualmente a 16 de novembro, através de uma atividade de sensibilização ambiental e convívio junto da comunidade local.
Este ano, a iniciativa contou com a presença ativa e inclusiva de 125 alunos do Agrupamento de Escolas de Almancil, com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos, que tiveram a oportunidade de contribuir diretamente para a conservação do meio ambiente por via da recolha de 143,80 quilos de lixo. A Associação Vita Nativa, uma organização sem fins lucrativos dedicada à conservação do ambiente, foi responsável por auxiliar os participantes e partilhar sugestões, bem como algumas
curiosidades educativas e divertidas sobre a preservação ambiental.
Para ponto de encontro foi escolhido o complexo balnear da Praça de Vale do Lobo e, após um pequeno briefing, os participantes avançaram para uma caminhada de exploração e ajuda na limpeza e manutenção das deslumbrantes praias de Vale do Lobo,
Garrão Nascente e Garrão Poente. As praias do resort, com os seus três quilómetros de extensão, proporcionam aos visitantes um cenário único de beleza natural, com areias douradas e emblemáticas falésias de cor ocre. Deste modo, ao contribuir para a preservação deste ecossistema, através da recolha de lixo e resíduos no local, esta ação ajudou a restabelecer o seu equilíbrio natural.
Turismo do Algarve quer diminuir a sazonalidade e apostar na diversidade da oferta
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Turismo do Algarve Turismo do Algarve apresentou, no dia 14 de novembro, o Plano de Marketing
Estratégico do Turismo do Algarve 2028 (PMETA 2028), que estabelece uma visão ambiciosa para a região: consolidar o Algarve enquanto um destino turístico competitivo, sustentável e reconhecido nacional e internacionalmente pela qualidade e diversidade da sua oferta.
O plano orientador, que vigora até 2028, aposta numa estratégia assente em inovação, qualidade e sustentabilidade, e reflete as expectativas de empresas, parceiros e comunidades locais, alinhando-se com os objetivos das agendas regional, nacional e internacional. “Queremos que, com este plano, se olhe para o Algarve não só como um destino de sol e mar ou de golfe, mas também pela sua capacidade de oferecer outras experiências autênticas, relacionadas com a
André Gomes
natureza, com a história e cultura, com a gastronomia e vinhos, entre outros segmentos turísticos”, referiu André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, que acredita que, “com o PMETA 2028 estamos a traçar um caminho sólido para o futuro que irá, não só beneficiar os nossos visitantes, proporcionando-lhes experiências memoráveis durante todo o ano, mas também contribuir para o bem-estar dos nossos residentes e para o fortalecimento da economia regional e nacional”.
O desenvolvimento do PMETA 2028 foi fundamentado em vários referenciais estratégicos como a Agenda 2030 das Nações Unidas e a Estratégia Turismo 2027. A nível regional, o plano encontra-
se alinhado com o Algarve 2030 –Estratégia de Desenvolvimento Regional, o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Algarve e o Plano Regional de Eficiência Hídrica para o Algarve. Para orientar o crescimento sustentável do turismo, o PMETA 2028 define metas estratégicas específicas, com foco em indicadores como: dormidas em época baixa, ampliando o turismo fora dos períodos de alta temporada; proveitos do alojamento turístico, promovendo uma oferta de qualidade; taxa de sazonalidade, incentivando uma ocupação anual mais equilibrada; movimento de passageiros no aeroporto; e satisfação dos residentes e dos turistas, assegurando experiências positivas e memoráveis para todos.
O plano hierarquiza ainda os mercados emissores prioritários para o Algarve, alinhando-os com a estratégia nacional do Turismo de Portugal. Entre os mercados maduros destacam-se a Alemanha, Espanha, Irlanda, Países Baixos, Portugal e Reino Unido, e, como novos mercados emissores, o PMETA 2028 identifica os Estados Unidos e o Canadá. Na organização dos produtos turísticos, o plano foca-se em três produtos consolidados – sol e mar, golfe e turismo residencial – e outros dez produtos e segmentos de aposta e seis de desenvolvimento que diversificam e enriquecem a oferta da região. “Os desafios são muitos. Até podemos dizer que estamos bem, mas queremos e
vamos certamente continuar a crescer e a melhorar, de uma forma sustentável e sustentada. Para consolidarmos a nossa posição, definimos quatro objetivos claros: aumentar a competitividade do setor, reforçando a base da nossa oferta, priorizando o crescimento das receitas e buscando um maior nível de satisfação dos nossos visitantes; desconcentrar a procura, promovendo uma maior dispersão dos visitantes pelo território e incentivando-os a conhecerem outros pontos da região; continuar a diversificar os mercados, para melhor reagirmos a condições de mercado adversos e a contextos políticos e económicos menos favoráveis; finalmente, assumir clara e
inequivocamente o nosso compromisso com a sustentabilidade”, salientou André Gomes.
Ora, para atingir estes objetivos, há alguns eixos de atuação prioritários, como valorizar o território e as comunidades, impulsionar a economia regional, potenciar o conhecimento, gerar redes e conetividade ou projetar o Algarve de forma diferenciada no mercado global. “É um documento orientador para o desenvolvimento de toda a atividade turística e o envolvimento das empresas, dos parceiros, das comunidades locais, é decisivo para o seu sucesso. E a materialização desta estratégia tem que ocorrer por via de um conjunto de
projetos considerados cruciais para reforçarmos a nossa posição competitiva como região”, concluiu André Gomes, antes de passar a palavra a Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal. “O Algarve representa mais de 26 por cento das dormidas em solo nacional, mais de 26 por cento dos proveitos do alojamento, portanto, tem um peso absolutamente crítico no desenvolvimento atual e futuro do setor em Portugal. Este plano surge precisamente no momento em que estamos a construir a Estratégia de Turismo 2035, que vai suceder à Estratégia de Turismo 2027 … e esta estava de tal forma certa que antecipamos em três anos os objetivos preconizados”, destacou.
De facto, de acordo com Carlos Abade, as receitas do turismo previstas para 2027 na ordem dos 27 mil milhões de euros serão, provavelmente, ultrapassadas já em 2024. “Apesar disso, as realidades alteraram-se face à altura em que a atual foi construída e notamos, por vezes, um desalinhamento entre a perceção do valor que o turismo entrega as pessoas e o que realmente entrega. O turismo é economia e o objetivo da economia é melhorar o nível de vida das pessoas, portanto, o turismo tem que ser um catalisador e um elevador social”, defende o presidente do Turismo do Portugal. “No final do dia, vamos ser julgados pelo valor que o turismo consegue criar para
as populações, pela capacidade que tem para valorizar os profissionais e para tornar a economia mais sustentável.
Temos que ser cada vez mais eficientes na gestão dos recursos, a começar pelo próprio território, e para isso há que resolver o problema da mobilidade, mas também dos recursos humanos. E se há setor que pode crescer mais, é o turismo, porque pode crescer em todo o território, ao longo do ano e em valor”, salientou Carlos Abade. “O turismo pode crescer, tem que crescer e vai crescer, porque tem mais-valias competitivas que foram sendo criadas ao longo do tempo e porque há, de facto, ambição para crescer”, garantiu.
XV Feira da Perdiz de Martim Longo foi uma homenagem à natureza, tradição e cultura local
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina os dias 16 e 17 de novembro, a aldeia de Martim Longo foi cenário da XV Feira da Perdiz, evento anual que celebra as tradições cinegéticas, a cultura e a gastronomia da região. Organizada pela Câmara Municipal de Alcoutim, continua a oferecer uma programação diversificada, com atividades para toda a família e a oportunidade de explorar o património natural e cultural do concelho.
A Avenida dos Almocreves voltou a ser o ponto central do certame, com os visitantes a encontrarem exposições, demonstrações de falcoaria, atividades equestres, a participarem numa cãominhada e a assistirem a concursos de cães e matilhas, além de diversas iniciativas dedicadas ao público infantil. O evento visa, não só valorizar o setor da caça, mas também promover os produtos locais e as tradições da região e, para além das atividades contínuas, como o corte de madeira e exposições sobre aves
e os 200 mil anos de caça, a animação musical foi outro dos grandes destaques, com a cantora Mónica Sintra e o Grupo Musical Adiafa.
Como é costume, o momento inaugural contou com a presença de diversos autarcas e dirigentes associativos da região para celebrar a rainha da caça, a perdiz vermelha, num concelho que possui características extraordinárias para o seu desenvolvimento. “Esta espécie contribui de forma significativa para economia deste território, sendo um pilar das caçadas realizadas e de toda a atividade gerada em torno da sua preservação e promoção. Contribui, sem dúvida, para o desenvolvimento turístico de Alcoutim e para o tratamento e manutenção dos solos, melhorando as condições para a fixação da espécie e preservando o nosso
património natural”, afirmou, na ocasião, Paulo Paulino, presidente da Câmara Municipal de Alcoutim.
Consciente da importância e do potencial do setor da cinegética, a autarquia alcouteneja tem apostado no reforço das sinergias neste domínio, como é exemplo a criação do Sistema de Incentivos do Município para as Zonas de Caça Associativas, cuja apresentação teve lugar, precisamente, na edição de 2023 da Feira da Perdiz. Trata-se de um incentivo operacionalizado através de um protocolo assinado, durante as Jornadas do Mundo Rural realizadas em 2024, e que reúne mais de duas dezenas de parceiros (entre a Federação de Caçadores do Algarve, Associações e Clubes de Caça e Pesca). “Com um montante associado superior a 120 mil euros, este é, em nosso entender, um
importante instrumento ao serviço da otimização dos recursos existentes, permitindo cumprir objetivos, quer na área da cinegética, quer da proteção civil, através da instalação e manutenção de pastagens, para a fauna, na rede de Faixas de Gestão de Combustível e da beneficiação de caminhos agrícolas. Este é o primeiro ano da execução desta parceria e acreditamos que, no futuro, possamos ir mais além naqueles que são os objetivos estabelecidos, quer através da agregação de novas vertentes, quer da ampliação da rede de parceiros”, declarou Paulo Paulino.
Apesar da perdiz e da caça, em geral, serem o grande enfoque deste certame, a verdade é que, atualmente, a iniciativa transforma Martim Longo numa grande montra do que de melhor se faz no concelho, sendo, igualmente um
excelente destino para as famílias que pretendam disfrutar de uma visita a este território. “A nossa feira é também uma ocasião única para saborear os pratos de caça e outras iguarias da região, bem como para dar a conhecer o nosso artesanato e produtos regionais. Quero, por isso, deixar o meu agradecimento a todos os expositores das diversas áreas, e demais entidades que contribuem para que este evento se concretize. Um agradecimento especial ao Orlando Anselmo e Rui Anselmo pela disponibilidade sempre demonstrada para que possamos realizar a Feira da Perdiz em parte de um terreno que é seu. E ainda uma palavra especial para toda a equipa de trabalhadores da autarquia que, com dedicação, esforço e empenho, tornam possível a realização deste certame”, indicou Paulo Paulino antes de se iniciar a tradicional visita inaugural ao recinto da feira.
Corridas em areia animaram
Monte Gordo
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Vítor Teixeira
segunda edição da Monte Gordo Sand Race, pontuável para a Taça do Mundo da modalidade, voltou a levar o espetáculo ao areal algarvio de 22 a 24 de novembro, numa organização do Automóvel Club de Portugal e do Município de Vila Real de Santo António, sob a égide da Federação Internacional de Motociclismo e da Federação de Motociclismo de Portugal.
Tal como no ano passado, o extremo do sotavento algarvio acordou solarengo
para acolher a quinta e penúltima ronda da Taça do Mundo FIM de Corridas em Areia, a FIM Sand Races World Cup. Com milhares de espectadores a assistir ao longo da praia, houve uma corrida para motos e outra para quads em ambos os dias e não faltou animação nas duas categorias, se bem que o detentor da Taça do Mundo nas Motos e vencedor no ano passado em Monte Gordo, o inglês Todd Kellett (Yamaha), tenha dominado nos dois dias e, desta forma, renovado o título quando falta ainda disputar uma prova.
No sábado, Kellett impôs-se aos franceses Valentin Madoulaud e Jeremy
Hauquier. O trio completou 29 voltas num traçado renovado, com Luís Outeiro (Yamaha) a fechar o top 10 e colocandose como o melhor dos pilotos portugueses, seguido por Paulo Alberto (Yamaha). Diogo Ventura (Beta) foi o terceiro melhor piloto luso. Bruno Domingos (Yamaha) foi 2.º nos Veteranos e Joana Gonçalves (Husqvarna) terminou em 2.º lugar na classe de Senhoras, ganha pela francesa Amandine Verstappen (Yamaha). O francês Keveeen Rochereau (Honda) foi o vencedor da corrida de quads, acompanhado no pódio por Pablo Violet (Yamaha) e Olivier Vandendijck (Honda).
O Campeão Nacional de TT em quads, Luís Fernandes (Yamaha) foi o melhor português, em 9.º, enquanto Nuno Gonçalves (Yamaha) foi 3.º entre os Veteranos.
No domingo repetiu-se a dose bem servida de animação, novamente com o público a marcar presença em força no areal. Também desportivamente os
vencedores foram os mesmos. Todd Kellett dominou a competição moto e Keveen Rochereau esteve imbatível entre os Quads. Os melhores portugueses foram novamente Luís Outeiro e Luís Fernandes, respetivamente nas motos e nos quad.
No somatório dos dois dias, Luís Outeiro foi 9.º, Paulo Alberto 11.º e Diogo Ventura 13.º. Bruno Domingos confirmou o estatuto de 2.º melhor Veterano nas motos, com idêntica posição para Joana Gonçalves entre as senhoras. Nos quads, Luís Fernandes saiu de Monte Gordo com o 8.º posto da geral, com Nuno Gonçalves em 10.º lugar e 3.º nos Veteranos.
A derradeira ronda da Taça do Mundo disputa-se, nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, em França, com a Ronde des Sables Hossegor Capbreton, sendo que a discussão do título de quads está ainda em aberto entre Pablo Violet e Keveen Rochereau.
JAT – JANELA ABERTA TEATRO «ASAS DE PAPEL» AO TEATRO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
TEATRO LEVOU UM RENOVADO
TEATRO DAS FIGURAS
oi perante uma plateia quase cheia de alunos de escolas do 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário que o JAT – Janela Aberta Teatro apresentou, no Teatro das Figuras, em Faro, no dia 19 de novembro, o seu «Asas de Papel».
O espetáculo surge com um elenco novo e retrata, sem o uso de qualquer palavra, a história de uma mãe e filho que, absorvidos pelo ritmo diário do quotidiano moderno, acabam por
afastar-se um do outro. A mãe, escrava do trabalho, desconecta-se do seu lado humano, enquanto o filho se refugia num livro, que será a sua companhia e uma janela para mundos fantásticos.
Numa era dominada pela tecnologia, «Asas de Papel» é uma emocionante história repleta de imagens poéticas, interpretada por um elenco de seis atores e atrizes onde o protagonista é um jovem de apenas 10 anos. Um espetáculo de grande sincronia coreográfica, com uma forte e profunda mensagem sobre a mecanização e desumanização da
sociedade, que convida o espectador a ler, sonhar e a recuperar a sua criança interior. E esta história de amor, imaginação e esperança, apesar de ser frequentemente associada a um público mais juvenil, acaba por ser um importante alerta para os adultos que, face ao ritmo desenfreado da vida moderna, vão tendo cada vez menos tempo para brincar com os filhos ou simplesmente dar-lhes a atenção que eles merecem.
Com criação e encenação de Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, «Asas de Papel» foi protagonizado por Catarina Sagreira, Daniela Veiga, Diogo Carvalho, Ilda Nogueira, Jorge Oliveira e Miguel Martins Pessoa. O vestuário é idealizado pelo JAT – Janela Aberta Teatro, com desenho de luz de Miguel Martins Pessoa e ambiente sonoro de Diana Bernedo. A produção da JAT – Janela Aberta Teatro contou com os apoios da Câmara Municipal de Faro e da Direção Regional de Cultura do Algarve.
«A MAGIA DAS 1001 NOITES» ENCANTAR O AUDITÓRIO
NOITES» VOLTOU A
CARLOS DO CARMO
associação
cultural Ideias do Levante organizou, em parceria com o Município de Lagoa, a décima primeira edição do espetáculo de dança oriental «A Magia das 1001 Noites», no dia 21 de novembro, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, e o resultado foi, à semelhança de outros anos, lotação praticamente esgotada.
O evento reuniu a classe de Graciete
Anwar, professora e coreógrafa de Dança Oriental na Ideias do Levante, e alguns convidados especiais. O espetáculo, idealizado por Gabriela Sharifa, comporta uma grande componente de amadorismo, pois as bailarinas em palco são, na sua maioria, amadoras ou estreantes nesta arte. Isso não impede o público de ficar sempre bastante agradado com a performance das bailarinas e a 11.ª edição não foi exceção.
FESTIVAL PEDRA DURA SURPREENDEU PÚBLICO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Garlics.pt
DURA PÚBLICO DE LAGOS
e 7 a 16 de novembro, o Pedra Dura – Festival de Dança do Algarve regressou a Lagos para desafiar “um corpo
erradamente fixo” e, na sua terceira edição, voltou a crescer, com 37 propostas entre espetáculos, concertos, exposições, masterclasses e muito mais. O evento tem direção artística de Daniel Matos e Joana Flor Duarte e é uma
coprodução da Cama – Associação Cultural e do Município de Lagos, com o apoio da República Portuguesa / Direção Geral das Artes.
O dia 7 começou com «Coreografia em Sala de Aula», espetáculo de João dos Santos Martins que percorreu, durante o festival, algumas escolas do 1.º Ciclo de
Lagos. “Há uns séculos, alguém decidiu inventar uma maneira de escrever danças em papel para depois passar a outras pessoas para aprenderem essas danças de cor. A dança transformava-se num desenho e numa língua que era possível ler e passar novamente para o corpo de outra pessoa. Do corpo para o papel, do papel para o corpo. Era como «dançar» uma língua e «falar» uma dança, sem se perceber muito onde começa uma e onde acaba a outra”, comenta o autor sobre esta versão da peça «Coreografia» especialmente preparada para uma sala de aula.
A peça constrói-se estabelecendo relações entre as línguas oral, gestual e escrita, criando estratégias de reconhecimento de gestos através da intuição e de uma relação viva entre regimes de conhecimento e sensoriais. A
interpretação está a cargo de Adriano Vicente, numa produção da Associação
Parasita e Association Mi- Maï com coprodução de Alkantara, Associação Parasita, Centro Cultural Vila Flor e Materiais Diversos.
No mesmo dia foi inaugurada a Exposição CenDDA – Centro de Documentação de Dança do Algarve, no Centro Cultural de Lagos. Trata-se de um projeto que procura recolher, adquirir e arquivar materiais que traduzem uma dança em mutação, construindo-se como um arquivo vivo de documentação escrita, visual e sonora na área das artes performativas, através da criação de uma
Biblioteca e de um Arquivo / Mediateca. Nesta edição do Pedra Dura foram exibidos documentos únicos da história da dança. A mostra foi uma parceria da
Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas, Câmara Municipal de Lagos e CAMA ac.
Ainda no dia 7 aconteceu uma masterclass com Silvana Ivaldi, na Praia dos Estudantes, e dirigida a estudantes do Ensino Secundário. O objetivo foi ampliar, indagando e esboçando, hipóteses desviadas de uma explicação consensual de mundo. “A analogia do lugar ideal associado ao Paraíso, que não se espera unívoca, serve de razão para convocar várias temporalidades, espacialidades e corporeidades, instaurando outras possibilidades de experimentação a partir de uma premissa comum: a alegria”, refere Silvana Ivaldi.
No segundo dia do Festival Pedra Dura houve «Para Onde Vão os Cisnes?», uma visita guiada por Luiz Antunes, no Centro
Cultural de Lagos, à instalação «Cisnografia: a Reescrita do Cisne», dirigida a estudantes do Ensino Secundário, da Universidade Sénior e ao público em geral. Este trabalho resulta no desafio feito a 13 coreógrafas e coreógrafos, intérpretes, performers e a um compositor para individualmente reescreverem a morte do cisne, de acordo com as linguagens e códigos de trabalho individuais. A instalação consiste no desafio à composição e reescrita do 13.º movimento «Le Cygne da Suite Le Carnaval des Animaux» de Camille SaintSäens e de cada solo resulta um filme de três minutos, perfazendo um total de 13 filmes e acrescentando um último, de compêndio, forma final e maior, com ligação dramatúrgica dos vários
anteriores, referenciado como composição para tela e ecrã.
Na sede do Teatro Experimental de Lagos aconteceu «Canção para Caranguejes», um concerto de Violeta Azevedo, artista sonora que oscila entre a composição e a improvisação. A música criada é um universo denso e detalhado onde o ponto de partida de cada peça de vida é o som da sua Flauta Transversal, que transforma em organismos únicos através de processos alquímicos, recorrendo a uma orquestra de eletrónica. “Paredes sonoras são construídas por harmonias distorcidas, mas também por melodias delicadas para construir uma peça viva complexa que nos faz mergulhar num mundo, ora habitado por seres cintilantes, ora por
energias mais sombrias, mas sempre em harmonia simbiótica”, indicou a organização.
Neste concerto, Violeta Azevedo apresentou a peça «Canção para Caranguejes», uma composição que serve como um portal para uma reflexão interior, explorando as nuances do eu e a conexão íntima entre o som e a vivência emocional. A viagem sonora passou ainda por criações como «Noise Agrícola», «Vitaminas», «O Céu Aqui é Lindo» e «Eu Não Resisto e Preciosa Exaustão».
O Centro de Ciência Viva de Lagos acolheu «Universo no Céu da Boca», espetáculo de Beatriz Marques Dias e Alexandre Moniz. “No céu estrelado vais aprender a orientar-te pela estrela polar. No céu da boca escondes algumas ideias que ainda não foram pronunciadas. O céu noturno é um palco de infinitas possibilidades para começares a imaginar ou, se preferires, a sonhar de olhos fechados. Também podes sonhar de olhos abertos, mas às vezes é mais difícil, alguns sonhos ainda estão presos no céu da boca”, declaram o músico e a bailarina que, antes, estiveram numa residência artística de 15
dias precisamente no Centro Ciência Viva de Lagos.
O dia 8 terminou com «Icona», de Silvana Ivaldi, no Armazém Regimental de Lagos. Este é o terceiro, e último, momento de um projeto que parte da apropriação livre que Silvana Ivaldi faz do universo da «Divina Comédia» de Dante Alighieri. Os momentos anteriores , Dolce Still Nuovo (2020) e Haze Gaze (2022), que marcou presença na segunda edição do Pedra Dura, foram criados a partir dos capítulos Inferno e Purgatório, respetivamente, ao passo que «Icona» é dedicada ao Paraíso.
Com direção artística e performance de Silvana Ivaldi; sonoplastia, cocriação e
performance de Bruno Pereira; e desenho de luz, cocriação e performance de Gonçalo Alegria, «Icona» teve apoio à criação de Pedro Barreiro, apoio ao movimento de Leonor Lopes e texto de Pedro Barreiro, Ricardo B. Marques, Silvana Ivaldi, Dante Alighieri e Skarlett Fox. É uma coprodução da 23Milhas e Pedra Dura – Festival de Dança do Algarve, teve apoios da Rua das Gaivotas 6 / Teatro Praga, Cão Solteiro.Residências120, Ajidanha, Terceira Pessoa, Cruz Vermelha de Águeda e Pó de Vir a Ser e o projeto foi financiado pela República Portuguesa –Cultura | DGArtes – Direção Geral das Artes.
Uma série - Boston Legal Ana Isabel Soares (Professora)
oston Legal é outra das minhas séries favoritas. Foi transmitida entre outubro de 2004 e dezembro de 2008, mas creio que terei visto grande parte dos episódios só em 2010 (volta não volta, vou repetindo alguns). A ideia original é de David E. Kelley (que começou por ser advogado em Boston), que a produziu para televisão com a 20th Century Fox. Os protagonistas são dois advogados numa firma de «tubarões» jurídicos na cidade de Boston, capital do Estado de Massachussetts: Alan Shore, interpretado pelo magnífico James Spader, e Denny Crane, que William Shatner inventa, transformando-o no melhor papel da sua longa carreira televisiva – a qual incluiu um irrepreensível Capitão Kirk, na série O Caminho das Estrelas (transmitida nos EUA entre 1966 e 1969 e na RTP a partir de 1978). Os dois advogados de Boston Legal, ferozes e rigorosos na profissão, têm feitios absoluta e irreconciliavelmente incompatíveis; apesar disso, seria impossível viverem um sem o outro. Se os visse num diagrama, Crane, como indica o nome (que significa «cegonha», ou «guindaste»), apareceria na vertical, em alucinados picos de emoção: é ele quem reage a quente, quem pede em casamento mulheres que acaba de conhecer, quem atira primeiro e raramente pensa sobre o porquê de ter
atirado. Shore, cujo nome remete para «margem», ou «praia», representaria terra firme e lisa. É constante, ponderado, um lugar seguro ou uma linha horizontal que cruza os incontidos saltos de Crane.
Denny Crane e Alan Shore não são companheiros de armas, porque são muito diferentes as batalhas jurídicas em que lutam (quantas vezes se opõem, como no episódio 20 da 4ª temporada). Só muito raramente são comuns, e, nessas poucas vezes, um bate-se só em favor do outro e não necessariamente por uma causa comum aos dois. Talvez o único «caso», não jurídico, em que ambos estavam do mesmo lado da barricada fosse a defesa do duelo que pretenderam travar pela igualdade no direito a dormir com Shirley Schmidt (a bela Candice Bergen). Mesmo aí, lutaram juntos para poderem combater um contra o outro. Noutros casos ainda, em que Shore defende o amigo, por exemplo, perante o Supremo Tribunal, o combate é quase sempre pela amizade que os une; e é sempre Shore, o sensato Shore, que abdica das suas convicções para defender Crane. Une-os uma admiração profissional comum, sim; várias vezes dormiram juntos também, companheiros só de sono – mas cada um é o favorito do outro, muito mais do que companheiro de armas.
Nas opções políticas também se confrontam: Denny é um republicano convicto e Shore um tolerante liberal a quem, regra geral, guia a racionalidade dos argumentos; o leme de Crane é o seu imenso fascínio egocêntrico – é ele quem diz de si mesmo que é “doido varrido” – e a preservação da sua imagem de guerreiro invencível (que a série apresenta em fase de declínio, pontuado
por momentâneos e fulgurosos ressurgimentos). A amizade dos dois, o seu grande e belo feito, existe e consolida-se para lá e apesar dos feitios de cada um, não por causa deles. É essa a razão por que ultrapassam tudo, mesmo as mais profundas divergências de fé política (e religiosa), os gostos mais elementares e as conquistas amorosas. Só poderiam acabar casados.
NOTA: No episódio 4 da terceira temporada, quando Crane e Shore lutam entre si pelo direito a dormir (entenda-se, ter sexo) com Shirley Schmidt, esta, incrédula com a ideia, confronta-os. Na resposta, Shore defende o argumento da emotividade e dos poderes carnais numa sociedade que favorece o declínio dos instintos e das emoções, e pede a Schmidt que imagine como pode ser excitante ver dois homens “in their sexual... ok, Twilight”, prestes a debaterem-se pelo direito a aninharem-se no colo dela. A legenda em português mostrou “dois homens na 'Quinta Dimensão'”, o que me deixou de cara à banda, a pensar que, onde quer que seja, a Quinta Dimensão talvez seja um lugar mais... interessante...?, do que qualquer crepúsculo sexual.
Pai Natal é forçado a executar um elfo e duas renas…
Júlio Ferreira (Inconformado
stou a escrever este texto, depois de ter voltado do Templo e de ter reencontrado um amigo que me desejou “Feliz Natal”. Qual Templo? Aquele Centro Comercial de Portimão cujo nome começa por «A» e termina em «qua». Esqueçam por momentos a questão do Templo e centrem-se nos votos de feliz…coiso. É importante refletirmos um pouco nessa coisa muito falada que se chama «Espírito de Natal» … em novembro. Até porque ficam a saber (li no outro dia numa rede social) que: “Toda vez que você deseja Feliz Natal a alguém em novembro, o pobre do Pai Natal é forçado a executar um elfo e duas renas”.
Não sei como dissertar sobre este tema e não ir diretamente para o inferno sem passar na casa de partida. Mas a verdade é que todos(?) nós sabemos que o homem não nasceu em dezembro. Mas mesmo assim… Há muito muito tempo, numa terra não muito distante, nasceu Diogo Morgado (orgulho neste «tuga» que venceu lá fora sem precisar de dar uns pontapés na bola), estiraçado num berço feito de palhas, pobrezinho, pobrezinho, tão pobrezinho que nem casa tinha! Mas presentinhos não faltaram e ainda hoje todos nós celebramos o seu nascimento. Tal como
encartado)
aconteceu ao menino, também nós recebemos presentes, mas os nossos não são oferecidos por reis magos, mas por pessoas que até nos conhecem, o que me leva a fazer uma pequena pergunta: Eu ainda não percebo porque Baltasar ofereceu ao menino mirra. Era um truque, tá mais que visto! Eu imagino: o menino e seus pais a olhar para aquilo de sobrolho levantado, com um ar entediado e nesse momento os reis magos partiram-se a rir e lá ofereceram as prendas a sério! Mas não! Foi mesmo o que o menino recebeu naquele Natal e nos seguintes.
Fazem estudos para tudo, menos para as coisas importantes. Já equacionaram alguma vez na vossa vida, que talvez o trauma de levar 33 anos a receber mirra no Natal (porque ainda não havia meias, nem cuecas), tenha sido tão grande que levou ao seu desaparecimento, com a promessa de voltar? Ainda hoje sabemos que aquele que é mais conhecido por Jesus ou apenas JC, envergava no dia do seu desaparecimento uma túnica branca enrolada à cintura, tapando-lhe as vergonhas, uma indumentária típica da altura, roupagens a puxar para o hippie mal-amanhado, a túnica já meio suja (as azeitonas tendem a deixar manchas terríveis) e a sandália aberta à moda de Roma. Afirmava ser filho de Deus. Graças a algumas imagens antigas, podemos
ainda acrescentar que Jesus gostava de ser o centro das atenções. Segundo reza a lenda, a avó de Cristo ainda hoje está à espera que ele regresse do tal passeio. Ao que parece, Cristo terá dito à avó que ia só dar uma volta ao quarteirão para comprar tabaco. Mas as más línguas têm outras versões que afirmam que Jesus era perseguido na altura pelo sindicato dos padeiros (lá da zona), devido ao claro incitamento de pirataria de pão. A continuada reprodução não autorizada de pão, foi a razão principal pela queda nas vendas do referido produto, provocando uma crise no sector.
E todos os anos criamos esta expectativa de mudança e de melhoria gerada pelo nascimento desta criança. É uma expectativa cristalizada no próprio presépio. Porque, daqui por um ano, a criancinha que, aparentemente, não dá trabalho nenhum, continuará espojada no seu leito de palhas, rodeada pelas mesmas personagens. Ele é burro, mas enfim, simpatizamos com ele. Ela é muito vaca, mas… também nunca fez questão de o esconder. O ingénuo que adora a mulher e aceitará tudo para não a perder. A mulher com a humana capacidade de cometer um deslize e com o heroico dom de persuadir com uma história em que acredita quem quer.
Mas… não me interpretem mal. Gosto do espírito que se vive no Natal. Gosto mesmo. Gostava mais quando ainda ninguém tinha partido e os meus filhos eram pequenos. Gosto de dar as mesmas meias e cuecas que me ofereceram no ano passado e ver as pessoas felizes com aquilo. Mas o que gosto mesmo é dos abraços, dos beijos. Da sensação tão boa de acreditarmos, por momentos que sejam, que as pessoas são boas… melhores que nos restantes 364 dias do ano. Não são! Mas parecem e até acredito que se sintam melhores. Gosto destas tréguas que damos à preocupação do ano inteiro… tudo isto porque o mundo, por um dia, percebe o que é realmente prioritário. Pena não sermos assim o resto do ano.
Depois do dia 26, o foco sempre estará na bebedeira inaugural de 2025. E depois… recomeça o circo!
DIRETOR:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924
Telefone: 919 266 930
EDITOR:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina
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PERIODICIDADE:
Semanal
CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO:
Daniel Pina
FOTO DE CAPA:
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