ALGARVE INFORMATIVO
«Nova» Escola Básica das Ferreiras (pág. 20)
IPDJ promoveu VIII Jornadas Técnicas Associativas (pág. 28)
Pintura e Cerâmica de Querubim Lapa patente no Museu de Portimão (pág. 34)
«A Minha Casa é a A2» de João de Brito no IPDJ (pág. 58)
«Don’t Stop» de Tereza Lenerová no Cineteatro Louletano (pág. 78)
Recante no Choque Frontal ao Vivo (pág. 92)
Mala expôs em Faro (pág. 100)
Festival Pedra Dura em Lagos (pág. 110)
Paulo Cunha (pág. 120)
«Nova» Escola Básica de Ferreiras responde a uma necessidade há muito sentida pela população
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
dia 2 de dezembro marcou o início da requalificação e ampliação da Escola Básica de Ferreiras, um investimento de 5 milhões, 258 mil e 11,10 euros (+IVA) que diz respeito a uma obra há muito ansiada pela população. A intervenção foi financiada pelo PRR –Plano de Recuperação e Resiliência no valor de 5 milhões, 200 mil e 732,80
euros, ou seja, com praticamente 100 por cento do valor elegível. O projeto foi desenvolvido pelos serviços do Município de Albufeira, nomeadamente pela Divisão de Estudos e Projetos
Após a conclusão da obra, poderão inscrever-se no «novo» estabelecimento de ensino um total de 1.044 alunos (288 no 1.º ciclo e 756 no 2.º e 3.º ciclo), o que aumenta substancialmente a sua capacidade. A cerimónia de lançamento da primeira pedra foi liderada pelo
presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, na presença do presidente da CCDR Algarve, do administrador da Empresa Martins Gago & Filhos, responsável pela execução da obra, do diretor do Agrupamento de Escolas de Ferreiras, Vítor Ferraz, da Delegada Regional da Educação do Algarve, Carla Fernandes, de elementos da vereação, da Assembleia Municipal, Juntas de Freguesia, associações e população.
O evento teve início com a assinatura do Auto de Consignação, a que se seguiu a bênção do local da obra pelo Padre Pedro da Paróquia de Ferreiras. Logo depois houve lugar à leitura e assinatura do Auto
da Lançamento da 1.ª Pedra, documento posteriormente encerrado num tubo com moedas correntes e introduzido no local da construção.
Atualmente, a capacidade da Escola Básica Integrada de Ferreiras encontra-se esgotada, havendo a necessidade urgente de mais salas para a componente letiva e espaços diferenciados, sendo que, até à presente data, a solução encontrada passou por recorrer a contentores. Acresce que o referido estabelecimento de ensino, construído em 1994, nunca foi alvo de qualquer intervenção desde essa data. Por isso, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira afirmou, visivelmente
satisfeito, que, assim que terminada a cerimónia, as obras iriam começar de imediato. “Não ficou em esquecimento a questão das alterações climáticas, com a aplicação de painéis fotovoltaicos que irão gerar energia para o consumo da própria escola; das acessibilidades com uma unidade de autismo, salas dedicadas ao ensino especial e percursos pedonais acessíveis na zona exterior do espaço escolar; bem como o crescimento demográfico do concelho”, sublinhou. “Até 2008/2009, as escolas funcionavam em regime normal, o que na altura, com a crise financeira e a saída de muitas pessoas de Portugal, até era exagerado. A partir de 2012/2013, as inscrições foram sempre em crescendo, o que nos leva a ter de fazer estas ampliações nos estabelecimentos
escolares em todos os níveis de ensino”, acrescentou o edil.
Deste modo, a solução preconizada para a Escola Básica de Ferreiras passa por melhorar e expandir, a diversos níveis, um estabelecimento com vários anos, com as valências de ensino básico do 1.º, 2.º e 3.º ciclo, e, ainda, uma unidade de autismo, com necessidades específicas. “A intervenção permite receber mais 328 alunos (150 para o 2.º ciclo e 178 para o 3.º ciclo) e melhorar as condições de segurança da infraestrutura, as condições funcionais, ambientais e de conforto termo/acústico e, ainda, adequar os espaços e garantir a sua adaptabilidade e durabilidade”, concluiu.
Na impossibilidade de ampliar o equipamento de ensino para fora do recinto escolar, a autarquia optou por construir um novo edifício, que envolve o já existente, no extremo norte do recinto, através da construção de uma ponte pedonal, com vista a melhorar as condições de ensino e de aprendizagem, que contribuem para valorizar e dignificar o parque escolar da freguesia de Ferreiras e do concelho. Assim, após concluída a obra, a Escola Básica de Ferreiras irá ficar com um total de cinco blocos. No Bloco A (já existente da EB2,3), a intervenção contempla apenas alterações pontuais, mantendo-se no piso térreo a sua distribuição funcional. O refeitório irá ser ampliado, ficando com uma capacidade
para 284 lugares. No piso superior há a destacar a utilização do antigo auditório como sala de aula e a adaptação do atual espaço da biblioteca para duas salas de aula normais e um gabinete. A área de convívio do aluno vai sofrer uma pequena adaptação com vista a ficar protegida da chuva. Refira-se ainda que este edifício já se encontra dotado de uma plataforma elevatória nas escadas, que será mantida.
O foco da intervenção consiste, no entanto, na construção de um novo bloco – Bloco B, que «abraça» o edifício existente na zona da Cantina e Espaço de Convívio, com uma entrada autónoma para permitir a abertura da escola à comunidade. O edifício é constituído por
3 pisos: piso -1 que acolhe os espaços de apoio ao Auditório; Camarins e Arrumos; piso 0, que integra o Átrio de Acolhimento e Receção; Auditório para 150 lugares, mais 4 lugares para pessoas com mobilidade condicionada; espaços de apoio; Zona técnica; Laboratório; Sala de Ciências e Instalações Sanitárias
Adaptadas; e piso 1, onde estão localizados um Laboratório, Sala de Música; Sala de Informática; 4 Salas de Aula normais; Sala para pequenos grupos; Biblioteca; Instalações Sanitárias
Adaptadas e Arrumos. O bloco dispõe, também, de uma zona exterior coberta, junto à sala de convívio, que permite que os alunos usufruam do espaço com condições de conforto e segurança.
No Bloco C (edifício já existente da EB1, não contemplado na candidatura) não será efetuada qualquer intervenção ao nível do espaço físico, estando apenas previsto que duas das salas de aula, localizadas no piso térreo, na proximidade da unidade de autismo fiquem afetas à referida valência. Assim, o bloco C ficará a dispor de 8 salas de aula destinadas ao 1.º ciclo e 3 salas dedicadas ao ensino especial.
O Bloco D – edifício novo da EB1, não contemplado na candidatura, localizado ao nível do piso superior do bloco C, visa colmatar a falta de espaços letivos, através da criação de mais 4 salas de aula; instalações sanitárias e sala de apoio. Este bloco é constituído por dois pisos: piso 0 que integra 2 salas de aula normais
e instalações sanitárias adaptadas; e piso 1 que acolhe mais 2 salas de aula normais e 1 sala de apoio. O Bloco E destina-se ao Pavilhão Desportivo, sendo que a intervenção consiste, apenas, na substituição do piso desportivo da nave principal. Os espaços exteriores serão sujeitos a uma intervenção paisagística que visa valorizar e dignificar o recinto escolar. A empreitada que abrange as valências de Ensino Básico do 2.º e 3.º Ciclos fica com uma capacidade de resposta para um total de 756 alunos e um Auditório com 150 lugares.
Na ocasião, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve apontou que a presente empreitada surgiu na sequência da aprovação das candidaturas de seis escolas públicas do Algarve que vão ser requalificadas no âmbito do PRR e do Banco Europeu de Investimento, beneficiando de obras no montante global de 42 milhões de euros de investimento, numa gestão de fundos do PRR que tem a CCDR Algarve como beneficiário intermédio. A Escola Básica de Ferreiras integra o primeiro grupo de quatro escolas algarvias aprovadas ao abrigo do PRR, cujos contratos de financiamento foram assinados em Monchique, no dia 29 de maio, na presença de Manuel Castro Almeida, Ministro-Adjunto e da Coesão Territorial.
José Apolinário frisou que os concursos no âmbito do PRR têm por objetivo a modernização de estabelecimentos públicos de ensino do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e Secundário, identificados como necessitando de intervenção prioritária, sendo que os trabalhos
previstos devem ser concluídos até 30 de junho de 2026. O presidente da CCDR Algarve agradeceu ainda o empenho e colaboração da Autarquia de Albufeira, da vereadora do pelouro Cláudia Guedelha e respetiva equipa técnica pelo trabalho desenvolvido para se concretizar esta obra de requalificação e ampliação da Escola Básica de Ferreiras. “O Município de Albufeira foi exemplar a dar a volta em situações muito difíceis, nomeadamente aquando da pandemia, sabendo aproveitar bem as verbas disponibilizadas pela «Bazuca», isto graças ao trabalho desenvolvido em conjunto, articulado com várias instituições”, enalteceu. “Agora temos, também, que saber trabalhar juntos para executar as verbas do PRR em tempo útil e podermos melhorar a vida das populações. Temos 42 milhões de euros para aplicar na Educação na região do Algarve, pelo que é preciso olhar para o crescimento demográfico e a consequente necessidade de acolher e dar condições aos jovens. As estatísticas do INE comprovam que, quanto maior for o insucesso escolar, maior será o risco de pobreza, pelo que o crescimento populacional obriga a um maior investimento na qualificação e inclusão das pessoas e temos todos que trabalhar nesse sentido”, defendeu José Apolinário, declarando ainda que “a capacidade de mudança é cada vez mais necessária para o futuro e, ao concretizarmos o PRR, estamos a trabalhar para o futuro”.
A obra de requalificação e ampliação da Escola Básica de Ferreiras tem um prazo de execução de 545 dias, devendo ficar concluída até 30 de junho de 2026.
IPDJ promoveu VIII Jornadas Técnicas Associativas
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina dia 25 de novembro foi de partilha na Direção Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), responsável pela organização das VIII Jornadas Técnicas Associativas – Partilha de boas práticas, sob o mote «Mulheres na Liderança». As boas-vindas foram dadas pelo Diretor Regional do Algarve do IPDJ, Custódio Moreno, pela Delegada Regional de Educação, Carla Fernandes, e pelo Reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, com o anfitrião a dizer
prontamente que “o nosso objetivo é ajudar os dirigentes, os treinadores, os atletas, as pessoas do meio, dando-lhes ferramentas” “Não faz sentido dar-lhes o peixe, queremos sim dar-lhes a cana para pescarem, até porque as ferramentas estão em constante atualização. Foi no associativismo que eu conheci a realidade da vida, que é bem diferente daquela que aprendemos nos bancos das escolas. Não são os mais fortes ou inteligentes que vencem, mas sim aqueles que se adaptam e evoluem”, avisou Custódio Moreno. “Hoje, não basta ter paixão por algo, temos que estar devidamente preparados para liderar associações e
clubes, que não são nossas, mas sim dos sócios e dos atletas. Precisamos de um associativismo forte, dinâmico, com valores, e estes momentos de partilha são fundamentais para isso”, rematou o Diretor Regional do Algarve do IPDJ.
No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, Carla Fernandes considerou que “as mulheres podem dar um contributo crucial nos mais altos cargos e nas altas decisões, mas também nas interações do dia-adia, e assim se vai construindo a nossa sociedade”. “Porém, a liderança das mulheres é um caminho difícil e que continua a ter muitos obstáculos. É importante criarmos redes, partilharmos ideias e boas práticas, para construirmos um futuro com mais alicerces e mais consistente para desafiarmos os nossos jovens”, salientou a Delegada Regional de Educação do Algarve. Por sua vez, Paulo Águas lembrou que é o oitavo reitor da
Universidade do Algarve nos seus 45 anos de existência, e todos eles foram homens. “A equipa reitoral da UAlg é constituída por quatro homens e quatro mulheres; temos oito faculdades e escolas, com 32 dirigentes, 15 deles mulheres; no corpo administrativo são 23 dirigentes, 15 mulheres; 55 por cento dos nossos estudantes são do sexo feminino; 59 por cento dos nossos diplomados são mulheres; mais de 65 por cento dos estudantes que entraram na Universidade do Algarve com melhores classificações são do sexo feminino. A nossa sociedade não pode desperdiçar este capital”, declarou Paulo Águas.
O ponto alto do evento aconteceu ao final da tarde, com uma justíssima e muito bonita homenagem à atleta olímpica Ana Cabecinha, bem como ao seu treinador de sempre, Paulo Murta. O momento contou com a presença do Presidente da Câmara de Vila Real de
Santo António, Álvaro Araújo, do VicePresidente da Câmara Municipal de Olhão, Ricardo Calé, da Presidente da Fundação do Desporto, Susana Feitor, da Vogal do Conselho Diretivo do IPDJ, Carla Silva, e de muitos outros Presidentes e Dirigentes de Associações e Clubes Desportivos.
Com o objetivo de continuar a fornecer mais ferramentas e instrumentos de trabalho aos jovens e movimento associativo juvenil e desportivo da região, ao longo do dia passaram pelo IPDJ muitas dezenas de dirigentes associativos, treinadores, professores, animadores juvenis, autarcas e responsáveis regionais. O dia foi composto de preleções sobre temáticas como as oportunidades de financiamento (Algarve 2030), a Ética Desportiva e também na Vida, a inclusão (também de mulheres) no desporto, o desporto no feminino, formas de garantir um ambiente desportivo mais justo e saudável. Ouviu-se igualmente o testemunho inspirador de quatro jovens
algarvias (nas áreas da cultura, ambiente, associativismo e desporto), abordou-se a questão da Certificação do Centro de Juventude de Faro e apresentou-se a Campanha do IPDJ «Tu também podes ser a presidente do teu Clube».
Destaque ainda para as intervenções de Manuel Brito, Presidente da ADoP –Autoridade Antidopagem de Portugal; José Lima, Coordenador Nacional do PNED – Plano Nacional de Ética no Desporto do IPDJ; Cristina Almeida, Diretora de Estudos e Projetos do COP –Comité Olímpico de Portugal; Jorge Vilela Carvalho, Coordenador de Desporto na CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa); André Seabra, Vice-Presidente da Federação Portuguesa de Futebol; e de Manuel José Damásio, Administrador do Grupo de Ensino Lusófona. O dia terminou com o sentimento de missão cumprida e uma enorme gratidão por todos e todas os que estiveram presentes, nomeadamente, 29 preletores e quase 150 participantes.
Museu de Portimão apresenta exposição antológica com pinturas e cerâmicas do portimonense Querubim Lapa
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
stá patente, de 7 de dezembro até 25 de abril de 2025, no Museu de Portimão, a exposição antológica «Querubim Lapa: Pintura e Cerâmica», integrada nas comemorações oficiais do Dia da Cidade. Com curadoria de Sofia Nunes, a mostra evoca o centenário do artista, natural de Portimão e autor de uma vasta
obra, muito significativa para a arte moderna em Portugal. Pintor notável, destacou-se como um dos mais consistentes artistas do neorrealismo e é hoje considerado um dos ceramistas portugueses mais importantes do século XX.
Querubim Lapa (1925-2016) distinguiuse pela dupla faceta do seu trabalho, num constante diálogo entre pintura e
cerâmica, que está reunida em sete núcleos, dispostos cronologicamente nos dois pisos do Museu, onde se apresenta um total de 94 obras, produzidas entre 1946 e 1994. As peças pertencem a museus nacionais e coleções particulares, incluindo o grande painel de azulejos
(1960), recentemente adquirido pelo Município portimonense, cujas personagens e motivos pintados constroem uma alegoria mágica do mar, estabelecendo uma forte relação com o tema da pesca que o Museu de Portimão aborda.
Partindo de uma seleção de pinturas e desenhos do período inicial neorrealista, a exposição aborda as primeiras peças cerâmicas e a proximidade à fase lírica da sua pintura, estando amplamente representadas as experiências e a criação
de técnicas ímpares ocorridas na sua cerâmica dos anos de 1960 e 1970, a par de novas pesquisas no campo da pintura do mesmo período. O percurso termina com um conjunto de painéis de azulejos da primeira metade da década de 1990 que desenvolvem jogos percetivos,
reportáveis aos primórdios da azulejaria portuguesa, à pintura «op» e «concretista». Desta forma, o público poderá conhecer momentos-chave do seu multifacetado trabalho e da multiplicidade de linguagens artísticas convocadas ao longo do tempo.
Nascido no ano de 1925 em Portimão, Querubim Lapa estudou na Escola António Arroio, entre 1942 e 1947, e formou-se em Escultura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1953, onde também se licenciou em Pintura, no ano de 1978. Integrou a terceira geração modernista e desenvolveu obra artística em pintura e em cerâmica, entre 1945 e 2009. É hoje
reconhecido como um dos mais consistentes artistas do neorrealismo, tendo participado nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, entre 1949 e 1956, e nas Exposições dos Independentes, no Porto, em 1950.
A partir de meados da década de 1950, passou a conceber uma pintura de caráter mais lírico. Entre 1963 e 1973, integra a linguagem do informalismo e posteriormente recorre à desconstrução e interrogação do espaço pictórico a partir de referências históricas da pintura moderna. Com a chegada da Revolução do 25 de Abril de 1974, volta a politizar a
pintura, aliando a pop arte à violência social mediatizada.
Iniciou-se na arte cerâmica em 1954, com atelier na Fábrica Viúva Lamego. Considerado um dos ceramistas mais importantes do século XX em Portugal, criou técnicas inovadoras que modernizaram esta arte, no que respeita à modelação, ao domínio das cores e dos esmaltes ou à utilização da aresta viva e dos engobes. Assinou inúmeros painéis para espaços interiores e exteriores, num
diálogo com a arquitetura moderna, e produziu peças notáveis em pequena escala.
Docente na Escola António Arroio (1954 a 1996), dirigiu o ensino das oficinas cerâmicas, tendo marcado e influenciado várias gerações de alunos. Recebeu prestigiantes prémios ao longo da sua vasta carreira, tendo sido condecorado em 2015 como Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, pelo Presidente da República.
«A MINHA CASA É A A2» DE JOÃO DE BRITO NOS
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
A2» RETRATA A VIDA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS
epois de ter estreado no Teatro Ibérico, em Lisboa, João de Brito e o LAMA Teatro trouxeram até à sua casa, à cidade de Faro, mais concretamente ao auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude, nos dias 6 e 7 de dezembro, o espetáculo autobiográfico «A Minha Casa é a A2», na qual retrata, de forma resumida e bem-disposta, o que têm sido os últimos 20 anos da carreira artística do ator e encenador farense. E grande parte desse tempo tem sido passado, de facto, nos 277,5 quilómetros que separam Faro e Lisboa, em múltiplas viagens pela A2 que se tornaram em lugares de reflexão por excelência, onde pensa sobre os problemas diários e as despesas mensais, onde dança ao ritmo de músicas parolas e desenha utopias.
Quem conhece João de Brito há muito tempo já o ouviu dizer aquela frase emblemática em diversas ocasiões, e tantas vezes as disse que acabou por se tornar em dois objetos artísticos, ou seja, uma peça de teatro e um livro, lançado precisamente no IPDJ, no dia 7 de dezembro, pela chancela da Arandis Editora. “Nas viagens, quando parava para descansar, tirava umas fotos para me entreter e pensava que um dia iria usá-las para qualquer coisa. A estrada é este não-lugar que une as duas cidades onde passo a minha vida e, como 2024 é um ano redondo para mim – 40 anos de vida e 20 anos de teatro – decidi avançar com um espetáculo que pretende ilustrar como seria a minha última peça antes de morrer, de me reformar ou de me dedicar a outra coisa qualquer”, explica o ator minutos antes do abrir de portas do auditório.
Ao longo da peça percebemos, então, que João de Brito aproveita grande parte do tempo em que vai a conduzir para fazer telefonemas para este e aquele, para trocar ideias e falar de projetos, e também para gravar pensamentos e reflexões. Mas, se as viagens são normalmente feitas sozinho, em palco não pretendia criar um monólogo clássico, daí ter convidado alguns estudantes de teatro para o acompanharem nesta aventura, designadamente, Afonso Ambrósio, Ana Lamas, Catarina Rebelo Guerra, Cristiana Gaspar, João Santos, Mariana Vicente, Nelson Reis e Tiago da Câmara Pereira. “Há um momento que retrata o meu funeral e aquilo que as pessoas diriam na ocasião, há um jogo de basquetebol entre o Farense e o Sporting, várias brincadeiras para dar corpo às minhas reflexões, numa mistura entre um lado jocoso e brincado e um lado poético de 20 anos de viagens”, descreve.
Duas décadas recheadas de projetos em que, depois de ter a ideia, João de Brito convida alguém para escrever, e depois compõe a dramaturgia. Esta foi, porém, a primeira vez que produziu um texto inteiramente a solo e que contém, para além da peça de teatro, mais 10 episódios extra. “Um dos episódios chama-se «chumbar pode ser fixe» porque, como tive que repetir o 12.º ano, tinha muito tempo livre e comecei a fazer teatro”, revela o entrevistado, que não sabe se esta experiência de escritor, puro e duro, é para repetir. “Foi muito desafiante porque não me sinto um escritor, tenho noções mais teatrais, de como transpor um texto para o palco, do que funciona ou não. O próximo espetáculo do LAMA não vou ser eu a escrever de certeza. A ideia foi minha, mas o texto vai ser escrito pelo Hugo van der Ding e depois fazemos a dramaturgia em conjunto”, adianta.
Se a escrita é uma incógnita para o futuro, mais certa parece ser a aposta em espetáculos que combinam várias componentes de multimédia, ao invés de ter um cenário tradicional. “Estamos sempre a pensar em estratégias diferentes para melhor comunicar com o público e o vídeo está na ordem do dia, na televisão, no telemóvel. Claro que vivemos sempre com o coração nas mãos, porque o vídeo é muito falível, mas tem resultado bem. Como sempre misturámos valências e disciplinas, estamos habituados a estes desafios e, neste caso concreto, o público acaba por fazer a viagem comigo”, refere João de Brito.
E porque o ano está a terminar, e outro começa logo a seguir, o que podemos esperar de João de Brito e do LAMA para 2025? “Temos sedimentado cada vez mais o nosso trabalho e levado peças a cena em teatro importantes de todo o país, o que é prestigiante para uma companhia farense. Enquanto ator,
entrei na série «Faro» da RTP e nos «Morangos com Açúcar» para a Prime, vou aceitando as propostas que consigo, mas o LAMA leva-me muito tempo”, admite o entrevistado. “Em 2025 vamos fazer «O pior professor do mundo», escrito pelo Hugo van der Ding, outro sobre a destruição da carrinha que nos acompanha na «Carripana» e no «À Babuja», em conjunto com a Orquestra do Algarve, e terminamos com «A Menina Júlia» de August Strindberg. São três peças novas, mais o Festival MOCHILA e todos os projetos de mediação que temos. Já tenho que respirar fundo cada vez que penso no próximo ano”, conclui João de Brito, antes de subir ao palco para interpretar «A Minha Casa é a A2», peça em que contou com apoio à dramaturgia de Sandra Pereira e Sandro William Junqueira, com cenografia de Henrique Ralheta, figurinos de José António Tenente e sonoplastia de Noiserv.
ENCONTROS DO DEVIR LENEROVÁ AO CINETEATRO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
DEVIR TROUXE TEREZA CINETEATRO LOULETANO
nserido no Ciclo d’outra maneira dos encontros do DeVIR, o Cineteatro Louletano recebeu, no dia 6 de dezembro, «Don’t Stop», de Tereza Lenerová, Floex and Coll (Républica Checa), uma atuação permeada de erotismo e compulsão. “Há submissão ao sentimento e ao instinto, há presença corporal crua, bem como desejos e paixões firmemente sob controle”, descreve a bailarina e coreógrafa.
Nesta peça, Tereza Lenerová testa as possibilidades de exprimir os mundos incompreensíveis da música, da paixão, da sexualidade. Pergunta quando e como assumimos o papel de maestro nas nossas próprias vidas, até que ponto controlamos a paixão e quando é que a paixão nos controla. “Quem é o maestro dentro de nós?”, questiona a artista checa.
«Don’t Stop» tem conceito e coreografia de Tereza Lenerová, dramaturgia de Lukáš Jiřička, música de Floex e Antonio Vivaldi, produção de Jakub Hradilek e coprodução de Tanec Praha / PONEC – espaço de dança, Studio Truhlárna, Centre National de la Danse Pantin, Czech Centre Paris e Plum Yard. É apoiado pelo Ministério da Cultura da República Checa, Cidade de Praga, Fundação Život umělce, com agradecimentos especiais a Jan Horák. Quanto à DeVIR, é uma estrutura financiada pela República Portuguesa –Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes.
CHOQUE FRONTAL AO AO TEMPO COM RECANTE
AO VIVO REGRESSOU RECANTE
Choque Frontal ao Vivo regressou, no dia 19 de novembro, ao TEMPO – Teatro Municipal de Portimão e as mais de 120 pessoas que esgotaram o Pequeno Auditório puderam assistir à estreia do documentário «Ver As Horas Que São», que teve antestreia em Faro, e que dá a conhecer a tour que a banda Recante realizou no final de 2023 para a divulgação do primeiro EP intitulado precisamente «Recante». Participam neste documentário os músicos Luís Caracinha e Maria João Jones, mas também elementos das equipas técnicas e várias individualidades, de onde se destacam Dália Paulo, Diretora Artística do Cineteatro Louletano, Gil Silva, Diretor do Teatro das Figuras, Júlio Ferreira, programador e radialista, Bruno Oliveira e Marco Constantino, ambos programadores culturais.
Depois da exibição do documentário houve lugar à atuação dos Recante, projeto onde os dois artistas aliam a paixão pelo património imaterial do Alentejo a ambientes criados por sintetizadores monofónicos, polifónicos e processamentos digitais, aos quais se juntam ainda as percussões e bateria de Ruben Salamanca. Este programa também serviu para celebrar os 10 anos desde que a UNESCO reconheceu o Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade.
O Choque Frontal ao Vivo encerra 2024 com a gravação de outro programa, no dia 19 de dezembro, com António CörteReal como convidado. O guitarrista da banda UHF e filho de António Manuel Ribeiro apresentará, em Portimão, em estreia nacional, os seus mais recentes trabalhos «Memento» e «Rasgas-me as Chagas», que farão parte do disco de originais que lançará no primeiro trimestre do próximo ano.
MALA APRESENTOU NO IPDJ
TÉCNICAS VARIADAS, MATERIAIS
PALETA DE CORES QUE TRANSCENDE
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
UMA SINFONIA DE MATERIAIS DIVERSOS E UMA
TRANSCENDE O CONVENCIONAL
Direção Regional do Algarve do Instituto
Português do Desporto e Juventude, em Faro, acolheu, de 14 de novembro a 9 de dezembro, a exposição de Matheus Malavazi, a.k.a. Mala, artista multidisciplinar nascido, em 1993, no interior de São Paulo.
Mala mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, onde se dedicou principalmente às artes cênicas e ao cinema até a pandemia, em 2020, quando a pintura passou a ser sua principal expressão artística. Mudou-se para a Europa para estudar Artes, onde se
licenciou em Artes Visuais pela Universidade do Algarve (UAlg), com mestres como Rui Sanches, Alexandre Barata (XANA), Pedro Cabral, Susana Medeiros e Sara Navarro. Nesse período também realizou Erasmus em Málaga (Espanha), na Faculdade de Belas Artes (UMA) e na Università degli Studi di Bari Aldo Moro (UNIBA), em Bari (Itália). Atualmente, vive e trabalha entre o seu estúdio em Faro, e o Brasil.
A jornada de Mala na pintura reflete as múltiplas experiências e influências que ele colecionou ao longo do tempo. As suas obras são uma sinfonia de técnicas variadas, materiais diversos e uma paleta de cores que transcende o convencional. Cada pincelada é uma fusão de
referências de lugares onde viveu e visitou. É uma excêntrica fusão do movimento vibrante e caótico das ruas, com a profundidade e a complexidade do expressionismo abstrato.
As suas pinturas abstratas são atmosferas visuais complexas que
convidam o espetador a uma imersão profunda, revelando camadas de significado que variam de acordo com a perspetiva individual. O seu processo criativo é muitas vezes um ato de abstração total, onde o gesto e a automatização desempenham papéis centrais, seja nas ruas ou no seu estúdio.
FESTIVAL PEDRA DURA SURPREENDEU PÚBLICO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Garlics.pt
DURA PÚBLICO DE LAGOS (III)
e 7 a 16 de novembro, o Pedra Dura – Festival de Dança do Algarve regressou a Lagos para desafiar “um corpo erradamente fixo” e, na sua terceira edição, voltou a crescer, com 37 propostas entre espetáculos, concertos, exposições, masterclasses e muito mais. O evento tem direção artística de Daniel Matos e Joana Flor Duarte e é uma coprodução da Cama – Associação Cultural e do Município de Lagos, com o apoio da República Portuguesa / Direção Geral das Artes.
No dia 13 de novembro foi exibido, na Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas, «Obcecada com a Luz», filme de Sabine Krayenbühl e Zeva Oelbaum (Estados Unidos da América, França e Alemanha) que retrata a história de Loïe Fuller, uma bailarina do início do século XX cujo uso
pioneiro do tecido e da luz alterou para sempre o mundo da arte e da moda, e que lhe valeu o título de criadora da dança moderna americana. «Obcecada com a Luz» lança um olhar sobre a extraordinária carreira desta intérprete revolucionária, sendo um filme sobre transformação e sobre uma artista pioneira que rompeu com as noções predominantes de dança e os limites imaginados do corpo humano, ao mesmo tempo que uniu a tecnologia de ponta da época à sua arte. Criando um diálogo entre o passado e o presente, o documentário apresenta Jody Sperling e o seu coletivo Time Lapse Dance e investiga a surpreendente influência que o trabalho de Fuller tem na cultura contemporânea, incluindo em artistas como Taylor Swift, Red Hot Chili Peppers, Bill T. Jones, Shakira, William Kentridge, entre muitos outros.
O cinema continuou em destaque no Pedra Dura, no dia 14 de novembro, com
a exibição, no Centro Cultural de Lagos, de «Crying Cycle 1», de Daniel Matos & João Catarino. Este é o início de «The Crying Cycles», uma trilogia com base numa reflexão sobre o tempo presente e de como perspetivam a necessidade de desapego e abandono para que seja possível um recomeço total. Uma ideia de liberdade em constante mutação e sobre a qual não conseguimos o encontro de uma definição ou imagem concretas.
Neste início, a dupla apercebe-se que é necessário limpar os olhos com a água que cai deles próprios, ver o abismo no abismo, respirar fundo bem lá ao fundo e fugir para chegar. “O desejo era só querer uma mota, uma mota que levasse tudo e que nos trouxesse como somos no meio do entulho”, explicam. No vídeo-dança «Crying Cycle 1», que tem interpretação e cocriação de Joana Simões, Daniel Matos e João Catarino oferecem, então, um caminho para ver de olhos lavados.
Também no Centro Cultural de Lagos, no dia 14, assistiu-se a «__chãocéu|», espetáculo de Vera Mantero, Henrique Furtado Vieira e João Bento. Há muitos materiais da peça «O Susto é Um Mundo» (2021) que ficaram por explorar e aprofundar, pontas soltas que não se chegaram a agarrar por falta de tempo ou por não encontrarem o seu lugar no trabalho. O escadote surgiu porque Vera Mantero, João Bento e Henrique Furtado queriam, simbolicamente falando, tocar nos pés dos Deuses, mas aconteceu que o escadote aparece brevemente apenas no início dessa peça e depois é remetido literalmente para um canto, e por isso essa (grande) aspiração nunca chegou a ser concretizada. Desta feita tentaram ver como seria tocar nos pés dos deuses, e segurar o céu que está a cair, como todos sabemos. Um sexteto de três escadotes e três corpos nus propõe um outro lugar cosmológico, onde se transfere a ideia de um chão para cima. Vão aparecendo figuras míticas e
intermediárias entre o cima e o baixo, que fazem ações-tarefas-danças-sons numa sequência de insólitas relações entre opostos.
Ainda no dia 14 houve oportunidade para participar, no Espaço Jovem de Lagos, no ensaio aberto «Fuck me Blind» de Matteo Sedda (Itália), um dueto inspirado em «Blue», último filme autobiográfico de Derek Jarman. Rodado pouco antes da morte do realizador por complicações associadas à SIDA, Jarman assume neste filme o seu fim iminente como uma reivindicação ativa de toda a sua existência. O monocromatismo é o estímulo para iniciar uma pesquisa tangível do corpo em rotação contínua em direção ao infinito. Os bailarinos, Marco Labellarte e Matteo Sedda, desenham um mapa real no espaço, implementando entre eles dinâmicas de atração e repulsa. Eros e Thanatos tornam-se o princípio do movimento, a força centrífuga e centrípeta como pulsão
sexual e mortal. Os dois corpos dançantes e sero-discordantes utilizam códigos estéticos que revelam uma nova dança homo-folclórica, exercendo a mesma pretensão de existência do realizador. Utilizando as mesmas ferramentas não narrativas do filme, «Fuck me Blind» pretende criar uma experiência hipnótica, tendo como pano de fundo uma paisagem homoerótica.
O último apontamento do dia 14 foi a masterclass «O Corpo e a Imagem em Movimento», com Pedro Sena Nunes, que teve lugar na Escola Secundária Júlio Dantas e na Escola Secundária Gil Eanes, e que abordou questões como a perceção do espaço, o corpo e a imagem em movimento. O objetivo era sensibilizar o olhar dos criadores e convidá-los a decompor uma linha coreográfica préconcebida, coreografando-a através da câmara.
Música pré-Natal Paulo Cunha (Professor)
omo consequência das arrumações efetuadas para tentar emagrecer a nossa casa, descobri entre os muitos documentos e papéis que seguiram vários destinos, um texto merecedor de aqui ser partilhado. Embora tenha sido publicado (em papel) no jornal «Notícias do Algarve» no início deste século (numa altura em que não havia redes sociais, nem o recurso a «inteligência artificial»), como todos os dias nascem bebés, aqui o deixo, quase como foi escrito:
- Foi com alguma surpresa e grande entusiasmo que há cerca de vinte anos, literalmente, me deixei encantar por algo que vivenciei e que desde então me fez interessar pela «influência da música num ser antes de o ser». Tudo se passou numa visita a um amigo e colega de piano que morava em Portimão e que, na altura, tinha a sua mulher grávida de oito meses. Lembro-me como se fosse hoje: perguntando-lhe como estava a decorrer a gravidez da esposa ele retorquiu estar a decorrer o melhor possível e para isso muito estavam a contribuir as sessões de piano que o feto escutava diariamente. Não compreendendo o que é que ele me queria dizer com isso, pedi-lhe que me explicasse pormenorizadamente em que consistiam tais sessões. A explicação acabou então por ser acompanhada por
uma sessão prática, pois a esposa, entretanto, tinha-se juntado a nós e referido que sentia uma grande calma e relaxamento do feto sempre que o marido estava a tocar piano. Então, para que eu pudesse perceber melhor, encostou a barriga ao piano enquanto o marido tocava um «Prelúdio e Fuga» de Bach. Todo este processo, de uma forma perfeitamente empírica e experimentalista, passou a fazer parte da rotina diária do casal nos últimos meses de gestação.
O ano passado, dezanove anos depois vi o meu amigo dirigindo um coro onde se percebia o encanto, a graciosidade e o empenho dos coralistas. Prontamente lhe destaquei as vozes masculinas pelo timbre e afinação. Qual não foi o meu espanto quando me disse que dois elementos do referido naipe eram os seus filhos!? Afirmei-lhe então que tinham valido a pena as sessões de música prénatal, ao que ele, sorrindo, me respondeu: “Mal… tenho a certeza que não fizeram!”.
Há cinco anos, quando, felizmente, tive o prazer inolvidável e único de me colocar na posição de «pré-pai», refleti e documentei-me o melhor possível sobre o que poderia fazer musicalmente por aquele ser que, aconchegado e sem ser visto, habitava ao meu lado. Nas poucas teorias que encontrei, todas apontavam para a importância e mais-valia do
contacto programado e sistematizado do feto com a música. Mas que música? Intuitivamente apetecia-me a música calma, com instrumentos de timbre doce e estruturas simples. E o que pensar dos discos intitulados e destinados aos «prépapás»? Depois de os escutar e analisar, cedo me apercebi serem mais um aproveitamento editorial onde se colocam músicas que, unicamente, têm como linha condutora e nexo causaefeito serem todas propriedades da mesma editora, acabando por funcionar como (mais) uma coletânea.
Antes de nascer, naquele meio aquoso em que se formou, o meu filho Miguel ouviu e sentiu as vibrações emanadas por auscultadores ajustados à barriga da mãe. Foram três meses preenchidos com música clássica, baladas de jazz e alguma
música new age, em que o denominador comum era definição e a clareza tímbrica, o ritmo linear e preciso, a beleza melódica, a riqueza harmónica e a variedade na forma. Já entre nós, como qualquer bebé, muitas vezes irrompeu em choros convulsivos e impulsivos… e imensas vezes foi acalmado e relaxado com essas músicas que serviram para o embalar na fase pré-natal. Hoje, fico feliz quando o vejo pegar num disco por ele escolhido e, autonomamente, colocá-lo no leitor de cd e sentar-se para (unicamente) ouvi-lo e desfrutá-lo até estar saciado.
Muito recentemente, soube dos resultados de uma investigação feita na Faculdade de Psicologia da Universidade de Leicester (Inglaterra), em que foi comprovado através de aturada experimentação que os recém-nascidos têm a faculdade de reconhecer as várias músicas ouvidas durante a gravidez. Com um ano de vida os bebés reagiram distintamente às músicas ou respetivos géneros musicais já escutados, não o fazendo com outras músicas. Ficou também demonstrado que o ritmo é a qualidade do som mais facilmente identificada e reconhecida. Sendo já conhecido que o feto já ouve a partir das vinte semanas de gestação, o referido estudo mostrou que não há relação direta entre a inteligência e a memória musical, tal como não é comprovado que determinados géneros musicais influem e potenciam um maior desenvolvimento cerebral em detrimento de outros.
Afinal não é apenas a pescada que antes de o ser já o era! Pelo exposto, será também o ouvido? É claro que sim!
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