REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #462

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ALGARVE INFORMATIVO

21 de dezembro, 2024

Clube de Ténis e Padel de São Brás de Alportel (pág. 18)

Olhão inaugurou Ecovia (pág. 26)

Infralobo e Infraquinta ofereceram duas motos à GNR de Almancil (pág. 34)

ALGARVE 2020 encerrou com balanço positivo (pág. 40)

Boliqueime festejou Magia do Natal (pág. 46)

Jardim Gonçalo Ribeiro Telles inaugurado em Portimão (pág. 68)

Estátuas Vivas de Natal em Lagoa (pág. 78)

Dia da Cidade de Portimão (pág. 90)

«O 25 de Abril nunca aconteceu» no Auditório Carlos do Carmo (pág. 108)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 118)

Fábio Jesuíno (pág. 120)

Sílvia Quinteiro (pág. 122)

Clube

de Ténis e Padel de São Brás

de Alportel é cada vez mais uma referência a nível regional

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina cobertura dos Campos de Padel de São Brás de Alportel foi inaugurada, no dia 14 de dezembro, pelo presidente Vítor Guerreiro, acompanhado do executivo municipal, na presença do Presidente do Clube de Ténis e Padel, João Romeira, e do Vice-Presidente,

Gilmar de Brito, e demais membros do clube, atletas, colaboradores e comunidade desportiva. Trata-se de um investimento de 95 mil euros que surgiu por iniciativa do clube, em parceria com a autarquia, refletindo o compromisso do CTP SBA em crescer e tornar-se um espaço de excelência para a comunidade.

Esta nova infraestrutura é mais um passo no desenvolvimento desportivo

que eleva o nome do concelho, promovendo qualidade e conforto para praticantes e visitantes. “Este é o resultado de muito esforço de todos, não só da direção e dos nossos colaboradores diretos, mas também de sócios e simpatizantes que, sempre que precisamos de ajuda, estão ao nosso lado. Depois da cobertura do campo de ténis, conseguimos oferecer as mesmas condições aos praticantes de padel e o desejo é prosseguir com esta expansão dos desportos de raquete para a parte norte”, adiantou João Romeira, acrescentando que, em termos de prática formal de ténis, isto é, pelo menos duas vezes por semana, o clube teve 127 praticantes em novembro, ao passo que o número, no padel, também já ultrapassou a meia centena. “São Brás de Alportel é um sítio mais húmido do que outros locais e, a partir de determinada hora,

os vidros ficavam molhados, o que tornava impossível a prática de padel. Neste momento, com a cobertura, conseguíamos funcionar, se tivéssemos capacidade para tal, 24 horas por dia”, explicou.

Para a autarquia são-brasense tem sido um grande orgulho ver crescer este complexo dedicado ao ténis e padel, assumiu o vereador do desporto, David Gonçalves. “Os campos de ténis e padel de São Brás tornaram-se uma referência no Algarve por causa da qualidade destes dirigentes e dos colaboradores do clube. São modalidades transversais a todas as idades e que garantem uma maior qualidade de vida às pessoas. E São Brás cresce porque a autarquia trabalha em prol da população, mas também porque há clubes e associações com

esta dinâmica e vontade de trabalhar”, enalteceu David Gonçalves.

As palavras elogiosas foram repetidas por Ulisses Brito, presidente da Assembleia Municipal de São Brás de Alportel, não fosse ele médico de profissão e um fervoroso defensor da prática de exercício físico. “As intenções de expansão do clube são perfeitamente legítimas, porque cada vez há mais praticantes de ténis e padel e o desporto, desde que bem praticado, é fundamental para a nossa saúde e qualidade de vida”, sublinhou. “Este executivo camarário há muitos anos que demonstra estar interessado em desenvolver São Brás de Alportel, tem visão do que é o futuro, e nós estamos cá para ajudar os clubes e associações a realizarem o seu trabalho”, apontou Ulisses Brito.

O Clube de Ténis e Padel de São Brás de Alportel tem, de facto, um futuro risonho pela frente, como comprova o título recentemente conquistado de campeões regionais sub10 de ténis e a presença de atletas nas diferentes seleções nacionais. “Somos bons a receber as pessoas, as de São Brás e as que chegam de outras cidades, não negamos nada aos praticantes. Houve um empresário local que nos ajudou com cerca de 75 por cento do capital necessário para esta obra e tudo aquilo que podemos adquirir na nossa terra, não vamos buscar fora. Temos que incentivar a economia local e ajudar quem nos ajuda”, revelou Gilmar de Brito, vicepresidente do CTP SBA. “Temos uma equipa coesa, trabalhamos bem com a autarquia, ajudamos a desenvolver o

concelho e estamos ansiosos pela próxima fase de expansão. Neste momento só não organizamos torneios internacionais porque nos falta um campo de ténis e, no padel, os horários ficam esgotados num instante. Trouxemos praticantes femininas para o padel e só fomos «roubar» atletas ao sofá, não fomos buscar ninguém a nenhum clube”, salientou ainda o dirigente.

A encerrar as intervenções, Vítor Guerreiro confessou que “uma associação destas faz as coisas parecer fáceis, devido ao seu empenho e dinamismo” “Todos os anos o clube inaugura alguma coisa, mas isso é o resultado de muito esforço e dedicação. A forma como conseguem cativar as pessoas para vestirem a camisola do clube merece os nossos parabéns, assim

como as conquistas que têm registado em termos desportivos”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. “Queremos uma população ativa e que pratique exercício físico. Assim estamos todos a ganhar saúde e queremos que o nosso concelho seja também uma referência nesse aspeto”, finalizou o edil sãobrasense.

Olhão

abriu ecovia ao público e diz adeus à União das Freguesias de Moncarapacho e Fuseta

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina presidente do Município de Olhão, António Miguel Pina, percorreu pela primeira vez, no dia 8 de dezembro, uma parte do troço da Ecovia Litoral do Algarve entre Bias e o limite nascente da Quinta de Marim. Cerca de 300 pessoas marcaram presença no evento, que foi assinalado em família, e onde o autarca sublinhou que “esta parte do troço é uma conquista importante para Olhão e que demonstra o nosso compromisso com a promoção de hábitos de vida mais saudáveis e com a

valorização do nosso património natural”

O edil revelou que o Município de Olhão está a finalizar o acordo com os proprietários dos terrenos, de forma a garantir a conclusão da obra da Ecovia. A manhã foi também aproveitada por António Miguel Pina para fazer um anúncio importante, sobretudo para moncarapachenses e fusetenses, confirmando que se encontra terminado o processo de desagregação da União das Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, “que vão, finalmente, voltar a ser divisões administrativas independentes”.

Infralobo e Infraquinta ofereceram duas motos ao Posto

Territorial da GNR de

Almancil

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Infralobo e a Infraquinta, empresas municipais do concelho de Loulé, entregaram duas motas Yamaha NMAX 125 ao Posto Territorial da GNR de Almancil, no dia 6 de dezembro, numa cerimónia que simboliza o compromisso destas entidades em contribuir para a

segurança e bem-estar da comunidade local. A doação das motas visa reforçar a capacidade operacional da GNR, promovendo uma resposta mais ágil e eficiente às necessidades da população, ao mesmo tempo que sublinha a importância da cooperação entre instituições públicas e privadas para o fortalecimento da segurança e da qualidade de vida no concelho de Loulé.

A cerimónia começou com as palavras do Comandante do Comando Territorial de Faro da GNR, Coronel Marco Henriques, que reconheceu que “a comunidade civil cada vez tem um papel mais ativo na segurança”, daí não ter ficado admirado com este gesto da parte da Infralobo e Infraquinta. “A segurança pode não ser um fator determinante para a escolha de um destino turístico, mas a insegurança é,

sem dúvida, um fator que exclui a escolha de um destino. Esta iniciativa dá-nos meios para executarmos melhor o nosso trabalho e deixo a garantia de que vamos, certamente, empreender os meios para que o Algarve continue a ser uma região segura”, frisou.

Recorde-se que a Infralobo, no passado, sempre teve uma visão de proximidade com a comunidade e de contributo para a melhoria da qualidade de vida neste território “e sempre respondemos de forma afirmativa aos desafios que as várias entidades locais nos têm lançado”. “Fazemos isso com o Agrupamento de Escolas de Almancil e com a Junta de Freguesia de Almancil, sozinhos ou em parceria com as outras Infras, e é com imenso gosto que agora o fazemos também com a GNR”, referiu

Carlos Manso, presidente do Conselho de Administração da Infralobo.

Já Pedro Pimpão, presidente do Conselho de Administração da Infraquinta, lembrou que “fomos «arrastados» pelo Eng. José Miguel nesta ideia de que as autoridades devem ser apoiadas na sua nobre missão”. “Foi muito fácil concedermos este apoio, ainda mais tendo em conta os recursos financeiros muito limitados que a própria Guarda tem. É um ato de primeiríssima importância e que não tem qualquer discussão. É mais um contributo para a segurança do território, até porque sabemos que os residentes da Quinta do Lago e de Vale

do Lobo acreditam muito na GNR”, reforçou Pedro Pimpão.

Presente na cerimónia, Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, agradeceu à Infralobo e Infraquinta por terem tomado a iniciativa de doarem duas motos ao Posto Territorial da GNR de Almancil. “Sendo o turismo o pilar da economia algarvia, é natural que estejamos sempre atentos e preocupados para que as forças de segurança tenham as melhores condições possíveis para desempenhar o seu trabalho”, justificou.

ALGARVE 2020 encerrou com balanço positivo da aplicação dos fundos europeus

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o dia 26 de novembro, em São Brás de Alportel, a requalificada Avenida da Liberdade e o Cineteatro Jaime Pinto (também ele alvo de requalificação), foram palco do evento de encerramento do Programa Operacional Regional CRESC Algarve 2020. O momento marcou o culminar de uma década de trabalho em rede e em concertação com as diversas entidades da região, tendo como foco o desenvolvimento sustentável e equilibrado da região do Algarve.

O CRESC Algarve 2020, aprovado em dezembro de 2014, foi um instrumento que mobilizou recursos e atores regionais, promovendo um modelo territorial e socioeconómico mais forte, competitivo, inclusivo e sustentável. Com uma dotação global de 318 milhões de euros, o programa apoiou mais de 1.500 operações, resultando em um investimento total superior a 500 milhões de euros. E os resultados falam por si: foram criados 1.330 novos empregos e apoiadas 377 pequenas e médias empresas, contribuindo para um aumento da contribuição da região para o PIB nacional, que passou de 4 para 5 por

cento, promovendo a inovação, a qualificação e a inclusão social, além de melhorias na infraestrutura e serviços de saúde.

Durante o evento foram destacados os resultados significativos alcançados, incluindo a criação da primeira infraestrutura de base tecnológica no Algarve, o fortalecimento da cooperação entre universidades e empresas e o impulso à investigação na área da saúde. A sessão de abertura contou com a presença de Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, e Cláudia Joaquim, Presidente da AD&C e de Marika Sandell, representante da Comissão Europeia (DG Regio). Aquiles Marreiros, Vogal Executivo do ALGARVE 2030, apresentou, no primeiro painel, os resultados do CRESC Algarve 2020, destacando a absorção total da dotação estipulada para o programa, refletindo a eficácia na utilização dos fundos.

Seguiram-se dois painéis de discussão: o primeiro sobre a implementação da Política de Coesão na região, com intervenções de José Apolinário (Presidente da Comissão Diretiva do ALGARVE 2030), David Santos e Francisco Serra (Ex-Presidentes da Comissão Diretiva do CRESC Algarve 2020) e Laurent Sens, representante da Comissão Europeia (DG EMPL); e o seguinte com foco na competitividade e

inovação no setor da saúde, com contribuições de Vítor Neto (Presidente do NERA), Vítor Aleixo (Presidente da Câmara Municipal de Loulé), Ana Marreiros (Vogal Executiva do Conselho de Administração da ULS Algarve), Inês Araújo (Diretora da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas) e Pedro Castelo Branco (Presidente do Algarve Biomedical Center). O evento culminou com uma sessão de encerramento, onde José Apolinário, João Rodrigues (Vicereitor da UALG) e Hélder Reis, Secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, refletiram sobre os resultados alcançados com os fundos europeus geridos na região e os desafios que permanecem, enfatizando a importância do próximo programa regional, o ALGARVE 2030.

Durante a cerimónia, José Apolinário, Presidente da CCDR Algarve, enfatizou a importância do CRESC Algarve 2020 nos cuidados de saúde e na educação, sublinhando que a taxa de cobertura do ensino pré-escolar aumentou para 101 por cento, superando a meta estipulada. “O Algarve não apenas se destacou em

termos de crescimento econômico, mas também fez avanços significativos na qualidade de vida de seus cidadãos”, destacou José Apolinário. A mostra de projetos apoiados pelo CRESC Algarve 2020, que ocorreu em paralelo ao evento, foi uma oportunidade para apresentar projetos inovadores, designadamente, SPIC, Academia Iluminarte, Unidade de Saúde Móvel da Proteção Civil de São Brás de Alportel, Vetstoyou, Prato Certo, Cann Prisma PHARMA, Centro de Simulação Clínica, Centro ABC, Centro de Ciência Viva de Lagos, Medronhito do Caldeirão, LS Engenharia, S2Aquacolab e Água de Monchique.

Esses projetos refletem o compromisso da região em promover a inovação e a

qualidade dos serviços prestados à população, demonstrando os resultados tangíveis do investimento em áreas estratégicas. O evento também proporcionou uma reflexão sobre o futuro, e sobre o programa regional ALGARVE 2030, reforçando as escolhas na competitividade das empresas, qualificação dos recursos humanos e de desenvolvimento sustentável da região. O encerramento do CRESC Algarve 2020 foi, não apenas um ponto final, mas um marco na trajetória de desenvolvimento do Algarve, assumindo a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional a sua missão de dinamização do desenvolvimento regional para construir um futuro mais justo e sustentável para todos.

Boliqueime celebrou a magia do Natal com Mercadinho e lançamento de livro ilustrado com a história da freguesia

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o dia 15 de dezembro, a Junta de Freguesia de Boliqueime organizou um evento especial que combinou a magia do Natal com um marco cultural para a freguesia. Assim, entre as 10h e as 18h, o Mercadinho de Natal encantou miúdos e graúdos com uma oferta diversificada de

doces e comidas tradicionais da época, presentes especiais e muita animação. O programa incluiu atividades imperdíveis especialmente a pensar nos mais novos.

Pinturas especiais e histórias de época preencheram toda a tarde, mas o ponto alto foi a chegada, pelas 15h30, do Pai Natal, que fez uma visita ao Mercadinho e por ali ficou para conviver com os mais novos. Quem visitou o Mercadinho de

Natal admirou ainda o Presépio que está exposto no Adro da Igreja Paroquial de Boliqueime, retratando figuras e cenários da natividade.

Como parte da programação foi apresentado o livro «Freguesia de Boliqueime com História Ilustrada», de Fernando Graça, com ilustrações de Ricardo Inácio. Trata-se de uma edição especial pensada para divulgar a história

desta freguesia, de uma forma apelativa sobretudo para os mais novos. A sessão de apresentação aconteceu na Sala da Assembleia de Freguesia (antiga Escola Primária).

A Junta de Freguesia de Boliqueime contou com o apoio das associações, artesãos e comércio local nesta iniciativa que pretende celebrar a época, juntando toda a população.

Portimão ganhou novo «pulmão verde» com inauguração do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

oi inaugurado, no dia 14 de dezembro, o Jardim Gonçalo Ribeiro Telles, um amplo espaço verde e de lazer situado em pleno centro de Portimão e que promete tornar-se uma referência para convívio e bem-estar na cidade.

O novo jardim, que conta com uma zona de «street workout», um pequeno anfiteatro e acesso a wi-fi gratuito, inclui

uma estrutura especial onde estão expostas as cantarias manuelinas da antiga Quinta do Morais, tendo sido recuperados a nora e o tanque existentes no local, que agora integram o ambiente requalificado do espaço. A inauguração contou com a atuação do grupo musical «Amenity», composto por estudantes das Escolas Secundárias Manuel Teixeira Gomes e Poeta António Aleixo, decorrendo paralelamente aulas abertas de ginástica sénior e yoga, assim como atividades especialmente pensadas para

os mais pequenos, num ambiente de animação que convidou toda a comunidade a celebrar este momento.

O jardim presta homenagem a Gonçalo Ribeiro Telles, um dos mais prestigiados arquitetos paisagistas portugueses e figura emblemática na defesa da sustentabilidade ambiental e do ordenamento do território, integrando vegetação autóctone de baixa necessidade hídrica. O projeto surgiu na sequência da petição feita por alunos do curso de Filosofia da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, aprovada em 2023 pela Assembleia da República, visando a criação do Dia Nacional dos Jardins em 25 de março, data do nascimento de Gonçalo Ribeiro Telles.

Durante o discurso proferido na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Portimão, Álvaro Bila, destacou a

singularidade do projeto, afirmando que a nova área verde “será, possivelmente, o único jardim construído no centro de uma cidade algarvia nos últimos 50 anos”. “O Jardim Gonçalo Ribeiro Telles devolve à cidade um espaço central, transformado em local de convívio e lazer, e será motivo de orgulho para todos os portimonenses”, sublinhou o autarca, que apelou à comunidade para participar na sua preservação: “Ao mesmo tempo que homenageia a memória de Gonçalo Ribeiro Telles, este jardim deverá ser um exemplo de cuidado e respeito, mantendo-se como um verdadeiro refúgio de lazer e bemestar para todos”.

Com a criação deste jardim, Portimão reafirma a sua aposta em projetos que valorizam o património local e promovem uma convivência harmoniosa entre a história, a natureza e a modernidade.

Lagoa festejou 10.º das Estátuas Vivas no Natal com arte e emoção

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina os dias 13 e 14 de dezembro, o centro da cidade de Lagoa voltou a transformar-se num vibrante palco cultural, acolhendo a 10.ª edição do «Estátuas Vivas – A Arte da Imobilidade no Natal». Este festival, o mais antigo do seu género no sul de Portugal, já é uma tradição natalícia no concelho de Lagoa e na região do Algarve e, nesta edição especial, 16 mestres da arte da imobilidade encarnaram personagens que evocam diversas temáticas, como presépios vivos, figuras históricas, religião, literatura e profissões.

O evento teve lugar nas emblemáticas Rua 25 de Abril e Largo 5 de Outubro,

proporcionando uma experiência mágica e imersiva para todos os visitantes. Este ano, as efemérides dos 50 anos do 25 de Abril e o quinto centenário do nascimento de Luís de Camões mereceram destaque especial. O público teve oportunidade de contemplar uma estátua viva do ilustre poeta português, Luís de Camões, e uma homenagem a Salgueiro Maia, um dos capitães que liderou a Revolução de 25 de Abril de 1974. A iniciativa, não só celebra a arte performativa, mas também procura animar o centro de Lagoa e dinamizar o comércio local durante esta época natalícia, proporcionando uma experiência enriquecedora e memorável para todos.

Portimão homenageou cidadãos e entidades que se notabilizaram ao

serviço

da comunidade

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ortimão festejou, a 11 de dezembro, o Dia da Cidade, uma data ainda mais especial por se tratar das comemorações do centenário do nascimento por Decreto Presidencial do seu cidadão mais ilustre, Manuel Teixeira Gomes, e um dos momentos altos do programa foi a atribuição, no Salão Nobre da Câmara Municipal, durante a Sessão Solene, de títulos honoríficos a

cidadãos que se notabilizaram em diversas áreas da vida da cidade.

Na ocasião, foram distinguidos os seguintes cidadãos: Paula Cristina Barreto Teixeira (medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a título póstumo, por extraordinário contributo na área da atividade Serviço Público); Luís Manuel da Silva Correia (medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, por extraordinário contributo na área da atividade Serviço Público); Júlia Travessa (medalha de

Mérito Municipal, Grau Prata, por extraordinário contributo na área da atividade Associativa); Nautílio Martins (medalha de Mérito Municipal, Grau Bronze, por extraordinário contributo na área da atividade Cultural); José Veloso (medalha de Mérito Municipal, Grau Prata, a título póstumo, por extraordinário contributo na área da atividade Social); Manuel Ribeiro Franco Charais (medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a título póstumo, por extraordinário contributo nas áreas da atividade Serviço Público e Cultural); João José do Carmo Marques (medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, por extraordinário contributo nas áreas da atividade Serviço Público e Social); João Porfírio (medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro por extraordinário contributo na área da atividade Serviço Público); e

Agostinho Fernandes (medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a título póstumo, por extraordinário contributo nas áreas da atividade Empresarial e Cultural). Referência especial para a atribuição a Paulo Luís do Carmo Pinheiro da medalha de Honra do Município e título de Cidadão Benemérito, a título póstumo, pelos serviços relevantes que empreendeu em prol de Portimão, pela sua visão e empenho na concretização do seu sonho de criar na freguesia da Mexilhoeira Grande o Autódromo Internacional do Algarve, que é desde 2008 uma referência mundial do desporto motorizado.

Álvaro Bila iniciou o seu primeiro discurso enquanto presidente da Câmara Municipal de Portimão lembrando que, nestes cem anos, Portimão transformou-

se de uma vila marítima, cujas tradições se entrelaçam com o rio e o mar, para se erguer como uma cidade vibrante, resiliente e inovadora. “Cada geração deixou o seu contributo, enfrentando desafios, sonhando e construindo. O nosso progresso é o reflexo de quem nunca desistiu de acreditar no potencial desta terra. É justo, por isso, que hoje rendamos homenagem a todas as pessoas que, ao longo deste século,

trabalharam, criaram e dedicaram as suas vidas a Portimão. Desde os pescadores que nos ligaram ao oceano, aos industriais que trouxeram prosperidade, passando pelos artistas, desportistas, professores e tantos outros que, com o seu talento, nos tornaram uma referência no Algarve e no país”, declarou o edil, que individualizou Manuel Teixeira Gomes, “não apenas por ter assinado o decreto

da elevação de Portimão a cidade como Presidente da República em 1924, mas também pela sua atividade como diplomata, homem de letras e humanista cuja postura e desapego perante as vicissitudes do poder deve constituir para todos nós um exemplo permanente de ética e de inesgotável sabedoria”.

Para Álvaro Bila, as memórias, os percursos de vida dos residentes, as histórias das pessoas que nasceram em Portimão e se fizeram ao mundo, não podem ser esquecidos, daí que se tenham homenageado também, nesta data, as instituições e empresas com mais de 50 anos de existência, através da entrega da medalha comemorativa dos 100 anos de cidade. Reconheceu-se igualmente, no dia 11 de dezembro, o papel transformador do poder local eleito democraticamente, ao ser também entregue, simbolicamente, a medalha comemorativa a todos os presidentes dos órgãos autárquicos do município. “O passado da nossa terra merece ser honrado e celebrado de múltiplas formas, e a autarquia deve assumir um papel ativo nessa missão. E este ano demos também passos importantes para o futuro do nosso património, com o projeto de requalificação e ampliação da Casa Manuel Teixeira Gomes, cujo concurso para obra será lançado no início do próximo ano; com a assinatura, no passado mês de outubro, do protocolo de cedência da antiga Alfândega para a autarquia, um edifício que integrará a nossa estratégia de valorização do património; e, claro, com a intervenção na Fortaleza de Santa Catarina, uma primeira fase que visa garantir a sua estabilidade estrutural”, apontou o autarca.

Nestes meses em que tem sido presidente da Câmara Municipal de Portimão, Álvaro Bila teve a oportunidade de concretizar sinais claros de um compromisso assumido com todos os portimonenses, “o de preparar o caminho para um Portimão mais forte,

próspero e unido” “Destaco, em primeiro lugar, a saída do Plano de Ajustamento Municipal (PAM), um momento histórico que nos permite deixar para trás o estigma do endividamento excessivo. Este passo abre portas para aliviar os encargos sobre os cidadãos e, sobretudo, para avançar com os investimentos que há demasiado tempo têm sido adiados. E neste domínio é da mais elementar justiça referir-me à Presidente Isilda Gomes, e ao seu papel determinante na sustentabilidade financeira do município, abrindo novas partes à atividade autárquica”, frisou.

Outro marco importante nestes últimos meses, pelo seu simbolismo, foi a entrega na CCDR Algarve do processo para a realização da primeira reunião oficial de revisão do Plano Diretor Municipal, “um instrumento fundamental para planear e ordenar o futuro do concelho de Portimão e que assim caminha para a sua indispensável atualização”. “E ainda esta semana aprovámos em reunião de Câmara a cedência de um terreno à Universidade do Algarve para a futura construção do Campus Universitário de Portimão, uma obra que considero determinante para o futuro da nossa terra e que reflete a nossa aposta no conhecimento, na inovação e no futuro das próximas

gerações. Assim como demos passos concretos na Estratégia Local de Habitação, especialmente nos segmentos de arrendamento acessível, para garantir soluções que melhorem a qualidade de vida dos residentes e apoiem a fixação de profissionais essenciais”.

O edil portimonense lembrou ainda dois projetos que seguem agora para concurso público, nomeadamente o Jardim da Fortaleza e a tão aguardada Via V2, “que prometem transformar espaços e

melhorar a qualidade de vida na nossa cidade”. “Cada um destes passos é o reflexo de um trabalho coletivo, um trabalho de equipa, dos meus colegas de vereação e dos funcionários desta câmara, que aproveito para saudar de uma forma muito especial pelas vidas de trabalho que têm dado a esta terra. Todos temos como prioridade o bemestar dos que vivem, trabalham e visitam Portimão”, assegurou. “Este centenário é mais do que uma comemoração, é um compromisso com o futuro, com as novas gerações e com

o legado que nos cabe proteger. Ao celebrarmos 100 anos de Portimão como cidade, não só olhamos para o passado com orgulho e gratidão, mas também voltamos os olhos para o futuro com entusiasmo e determinação”, assumiu, destacando, a propósito, a mostra «Portimão 2034: Uma Exposição sobre o Futuro» patente no histórico Edifício Alfagar e que convida todos a explorarem uma visão para o próximo século, materializada em 100 iniciativas que irão moldar a cidade. “Esta é uma exposição sobre o potencial de Portimão — uma cidade que honra o seu passado, vive com

propósito no presente e acolhe, com coragem e criatividade, os desafios dos próximos 100 anos”

“Portimão, a noiva que o rio disputa ao mar, tem um futuro brilhante pela frente”

Antes de Álvaro Bila tinha já falado Isabel Guerreiro, presidente da Assembleia Municipal de Portimão, “numa ocasião especial que nos convida a refletir sobre o nosso passado, mas também a olhar com esperança e confiança para o futuro”. Num discurso

em que abordou o centenário da Cidade de Portimão, os 500 anos de Luís de Camões, o centenário do nascimento de Mário Soares, o 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974 e a partida de Margarida Tengarrinha e Nuno Júdice, Isabel Guerreiro indicou que a Assembleia Municipal, nos últimos três anos, deliberou cerca de centena e meia de propostas do executivo e avisou que “há que refletir sobre os desafios que o nosso tempo impõe” “Temos de garantir a independência efetiva do

poder judicial e o funcionamento eficaz dos tribunais; reforçar mecanismos substanciais de luta contra a corrupção, e não meramente formais ou de retórica política; equilibrar os poderes entre os diferentes órgãos de soberania, clarificando o seu âmbito de legitimidade constitucional, de forma a impedir os populismos oportunistas que minam o Estado; garantir o pluralismo e a liberdade dos meios de comunicação social, afastando o seu controlo por fundos financeiros cujos interesses não

são escrutináveis pelos portugueses; exigir a fundamentação dos atos de exoneração dos Conselhos de Administração da Entidades Públicas, ainda que fundados em critérios de mera conveniência política, para que se possa apreciar a legalidade da sua motivação, como, aliás, decorre da Constituição; finalmente, temos de continuar a proteger os direitos fundamentais dos cidadãos, especialmente dos mais vulneráveis ou desfavorecidos”.

De acordo com Isabel Guerreiro, e ao nível do Poder Local, os principais desafios passam por: aprofundar a descentralização das mais de 20 áreas temáticas de competências, operada

entre 2016 e 2023 da Administração Central para os Municípios, com recursos financeiros e humanos adequados; dotar as Autarquias Locais de uma nova lei das Finanças Locais, com novas fontes de financiamento adaptadas às tendências demográficas, climáticas e digitais, de forma a alterar o paradigma das receitas assentes no imobiliário, no IMI, no IMT e nas taxas urbanísticas; adaptar a governança local à era digital e às exigências das cidades inteligentes; promover novas formas de participação cidadã, como é o caso dos orçamentos participativos, que aproximam os eleitores aos eleitos locais; gerir o equilíbrio entre a autonomia do poder local e a coordenação com o poder central; dotar os Municípios de um

Código da Construção com normas claras, e com prazos de decisão compatíveis com os tempos de investimento dos empresários e dos cidadãos, na área do urbanismo. “Ao longo deste século transformámo-nos numa cidade dinâmica, moderna e voltada para o futuro. A evolução do nosso tecido urbano, económico e social é um reflexo da nossa capacidade de adaptação e inovação, mas sabemos que a verdadeira evolução nunca é estática, e que o futuro exige de nós mais do que determinação. Se queremos continuar a crescer de forma sustentável, temos de saber resolver os problemas que já hoje nos afetam, designadamente no que concerne às vias de comunicação, à humanização e

embelezamento dos espaços públicos, às infraestruturas sociais e educativas e à integração e inclusão plena dos estrangeiros”, apelou, acrescentando que, “Portimão, além do respetivo Plano Diretor Municipal, merece um Plano de Desenvolvimento Estratégico ambicioso, que permita clarificar qual o caminho a seguir, quais os objetivos a atingir e a respetiva calendarização das metas a alcançar”. “Exige visão, coragem e ação para um futuro mais justo, inclusivo e sustentável. Portimão não é apenas o seu centro, a zona ribeirinha ou as suas belas praias. Portimão é um todo, que inclui todas as freguesias, com as suas periferias, as suas aldeias, os seus bairros. O futuro do planeamento da nossa cidade passa

pela integração de todos os seus territórios”, defendeu Isabel Guerreiro.

Deste modo, para a presidente da Assembleia Municipal, o planeamento da cidade de Portimão não será apenas um reflexo do crescimento económico, mas sim um reflexo da responsabilidade ecológica e social. “É imperativo que Portimão se posicione, cada vez mais, como líder do Barlavento Algarvio, motor do desenvolvimento regional e uma referência em termos de inovação e qualidade de vida. A construção do Campus Universitário de Portimão é central nesta estratégia para o desenvolvimento futuro da Cidade e desta sub-região. Devemos persistir

numa economia diversificada e sustentável, que combine turismo, comércio, indústria e, acima de tudo, na criação de uma economia circular, que faça uso racional dos nossos recursos naturais, promovendo, ao mesmo tempo o emprego local e o empreendedorismo. Portimão será, cada vez mais, uma cidade que investe nas pessoas, no seu bem-estar e nas suas capacidades. Para isso, o investimento na educação, na saúde, na mobilidade sustentável, e na habitação acessível, constitui o eixo de uma ação pública local, tanto no presente como no futuro desta comunidade”.

«O 25 DE ABRIL NUNCA AO PALCO DO AUDITÓRIO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

NUNCA ACONTECEU» SUBIU

AUDITÓRIO CARLOS DO CARMO

o dia 7 de dezembro, o Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, recebeu a peça de teatro «O 25 de Abril Nunca

Aconteceu». No ano em que se comemoram 50 anos da Revolução dos Cravos, a Palmilha Dentada estreia-se no teatro distópico e apresenta uma ficção histórica: como seria Portugal se Salgueiro Maia não tivesse parado no semáforo vermelho, tivesse chocado com um camião do lixo e a revolução não tivesse acontecido.

O mundo não parou, mas Portugal sim. Continua a guerra colonial, mas apenas em Angola, as outras colônias não valiam a pena. O Cristiano Ronaldo joga no Benfica. A internet e telemóveis são um privilégio das corporações e do governo. Há uma empresa de extorsão de dinheiro via net às mulheres falantes de português espalhadas pelo mundo. A empresa é altamente protegida pelo governo de

Portugal, é uma das maiores fontes de divisas nacionais. Tal como as tipografias dos tempos anteriores a 1974, é também local de funcionamento de uma célula clandestina que visa fazer circular a informação sobre a ditadura portuguesa. A PIDE continua ativa e cada vez mais ridícula. As crocs estão proibidas e o seu uso perseguido. Tudo isto num espetáculo que é uma homenagem às menores e menos evidentes conquistas de Abril.

Com texto e encenação de Ricardo Alves, a interpretação esteve a cargo de Beatriz Baptista, Eloi Monteiro, Ivo Bastos, Filomena Gigante, Mário Moutinho, Rodrigo Santos e Valdemar Santos. A peça é uma coprodução do Teatro da Palmilha Dentada, Teatro Nacional São João, Centro Cultural de Carregal do Sal e do Auditório Carlos do Carmo – Município de Lagoa. O Teatro da Palmilha Dentada é uma estrutura financiada pela República Portuguesa –Cultura / Direção-Geral das Artes.

Do amor de Madalena

Tavares (Professora)

atal de 2003. Uma amiga, muito querida, dá-me de presente um livro e na dedicatória

escreve: "in un bivio è il mio volere/di seguir il mondo o il cielo". O livro, O Amor de Madalena, é um sermão anônimo francês, do século XVII, que Rainer Maria Rilke encontra, por acaso, em uma pequena loja na Rue du Bac, em 1911. O poeta decide traduzi-lo e se confessa apaixonado pelo texto, que mais do que um sermão, é um poema. Na apresentação do livro, feita para a edição catalã, Nicole D'Amonville Alegría tenta desvendar quem foi Madalena. E, em dado momento, diz-nos que, quando Cristo ressuscita no Gólgota, Madalena não o reconhece de imediato. Até que ele a chama: "Miriam", e ela se joga aos seus pés. Esta Madalena/Miriam, mais tarde associada à Sulamita, do Cântico dos Cânticos, é vista, neste sermão, como um exemplo supremo de amor. Daquela que amou a Cristo em seus três estados, amou-o morto, amou-o vivo e amou-o ressuscitado. Como aquela cujo "amor desencaminhado, deplora seus descaminhos e busca o justo caminho aos pés Daquele que é próprio caminho". E é deste amor, entre o mundo e o céu, in un bivio, de que fala o livro. E numa das passagens mais bonitas lemos: "Se é o amor que vos impulsiona, Madalena, o que temeis? Ousai tudo, empreendei

tudo. O amor não sabe limitar-se, seus desejos são sua regra, seus enleios são sua lei, seus excessos são sua medida.

Nada teme senão temer; e a sua reivindicação de posse é a audácia de tudo pretender, e a liberdade de tudo empreender".

O amor é sempre a resposta, qualquer que seja a pergunta. Porque o amor, ao contrário da paixão, é desinteressado (no sentido kantiano). A sua finalidade encontra-se em si mesmo – um ato, um gesto, um acolher. Amar é um verbo intransitivo, já dizia Mário de Andrade, um verbo que é mais um dar-se do que um receber. É a vigília intensa, a partilha, o adivinhar o outro para melhor abraçálo. O amor é quentinho. Nem sempre suficiente para quem vive só de paixão, mas sem dúvida, mais persistente. E dura, muitas vezes além do próprio objeto amado. O amor é capaz de nos salvar – seja o amor por nós mesmos, tantas vezes negligenciado, seja o amor pela vida – que dribla a pulsão de morte e mantém-nos atento ao mundo ao redor. Aos novos amores, aos velhos amigos, a todos que, de alguma maneira, tiraram um momento do dia para se oferecer a nós apenas porque sim.

E porque é Natal, mesmo que a festa tenha perdido o seu encanto (para quem já não acredita em muita coisa), o amor é ainda a resposta que podemos, teimosamente, dar ao mundo. O amor é

uma forma de resistência. E como estava escrito n’O Amor de Madalena “(..) o amor não sabe limitar-se, seus desejos são sua regra, seus enleios são sua lei, seus excessos são sua medida”. Neste Natal, de um ano tão difícil (pelo menos para mim) desejo a todos que sejamos amados, que saibamos amar e que, quem sabe, possamos ser excessivamente felizes.

Foto: Isa Mestre

A contribuição das startups para a transformação das regiões rurais

Fábio

Jesuíno (Empresário)

s startups têm contribuído cada vez mais na revitalização e modernização das regiões rurais, promovendo inovação, sustentabilidade e desenvolvimento económico.

Em Portugal e na Europa, as startups estão a transformar os desafios das áreas rurais em oportunidades, contribuindo para a criação de ecossistemas de inovação que beneficiam tanto as comunidades locais como o setor empresarial.

A verdadeira revolução protagonizada pelas startups reside na capacidade de introduzir soluções disruptivas adaptadas às necessidades específicas das comunidades rurais. Através de várias tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas e sistemas de georreferenciação, estas startups transformam desafios em oportunidades de desenvolvimento.

Um exemplo são as AgTechs, conjunto de startups que desenvolvem soluções como agricultura de precisão, monitorização ambiental e sistemas de produção sustentáveis, fazendo com que pequenos agricultores aumentem significativamente sua produtividade e resiliência económica.

O potencial transformador das startups nas regiões rurais ultrapassa a dimensão puramente económica. Ao criarem empregos qualificados, atraem jovens talentos e valorizarem os recursos locais, combatem a desertificação rural e promovem um modelo de desenvolvimento mais inclusivo e equilibrado.

Atrair startups para o interior só é possível através de um ecossistema colaborativo que envolve universidades, centros de investigação e políticas públicas de apoio ao empreendedorismo, algo que continua em faltar em Portugal, que torna sempre difícil todas as iniciativas deste tipo.

As startups rurais enfrentam obstáculos importantes, os dois principais são as limitações de infraestrutura digital e acesso a financiamento. No entanto, o potencial de transformação é imenso e promete redesenhar completamente a relação entre tecnologia e desenvolvimento territorial.

As startups, além de serem apenas empresas, são autênticos laboratórios de inovação social. Ao ligar tecnologia, compromisso ambiental e sensibilidade social, estas iniciativas estão a moldar um novo paradigma de desenvolvimento rural, mais sustentável e dinâmico. Sem dúvida, destacam-se como uma das principais soluções para enfrentar o desafio da desertificação.

O Pai Natal vai nu Sílvia Quinteiro (Professora)

ntro numa pastelaria e peço um café. Duas mulheres, mesmo ao meu lado, tomam o pequeno-almoço e conversam sobre os planos para a consoada. Bacalhau, peru ou polvo? As famílias não são numerosas, porém, os gostos divergem. Terão de fazer um prato de cada. De bacalhau, dois, na verdade. Os mais idosos não dispensam o bacalhau cozido; os mais jovens abominam a tradição. Querem-no com natas. Lá terá de ser. Indispensável é o bolo-rei. Enfeita a mesa dos doces, ainda que já poucos o apreciem. Concordam que, sem bolo-rei, não há Natal.

Vão encomendar o bolo-rei, as filhoses e as empanadilhas. O resto fazem em casa: os sonhos, o tronco de Natal e uma lista infindável de doces de colher. É muito trabalho, mas não é o mais preocupante. O grande drama é o dia estar a chegar e as compras por fazer. As lojas estão cheias, há filas para tudo, estacionar é uma aventura…

- A sorte é o Presidente dar o dia 23!Desabafa uma.

A outra concorda.

Olhando para o lado oposto da rua, é fácil perceber quem é o Presidente ou, melhor, quem é o Pai Natal. Uma alma generosa! Imagino-o com um sobretudo

vermelho, a chegar ao emprego de trenó, com um saco cheiinho de dias para distribuir. Generosa e abastada: na semana passada, ofereceu um jantar com direito a prendas para todos os funcionários. Um santo! Se não o for, pelo menos é bem melhor que o da Lapónia.

Esse explora os duendes o ano inteiro, refastelado no cadeirão a dar ordens e a engordar. Só de lá sai para recolher os louros do labor alheio, sentado nos centros comerciais a posar para a fotografia com as criancinhas ao colo. Os duendes fabricam as prendas, embrulham, embalam, colocam no trenó. As renas puxam-no. Ele pavoneia-se. Prendinha aqui, prendinha ali. Um aceno, em modo rainha de Inglaterra. Ho! Ho! Ho! Come uma bolachinha. Bebe um leitinho. Para os duendes, deixados para trás a arrumar a oficina, nem um par de meias.

Os Pais Natais cá da terra são bem melhores. É verdade que, tal como o outro, exploram os pequeninos; brilham oferecendo aquilo que não lhes pertence; e ninguém sabe onde vão buscar os dias ofertados. O sonso da Lapónia roubou o dia ao Menino Jesus. Esse é capaz de tudo… Na Lapónia, como por cá, distribuem os bons presentes pelos ricos e contentam os pobres com migalhas: uma agenda, uma garrafa metálica para a água, um bloco de apontamentos. Formato A6, porque o povo também não

tem grandes ideias nem sabe escrever. Tudo dentro de um saco de pano, muito jeitoso, de tecido robusto, com as iniciais do Pai Natal, para se lembrarem dele quando forem às compras.

Os Pais Natais servidores do Estado não se esquecem dos seus duendes. São de uma generosidade comovente. Uns beneméritos! Não lhes sai um tostão do bolso, mas sai do coração, que é muito mais importante.

E se for ano de distribuição de tachos, então o almocinho é reforçado. Melhora a ementa, sai da cantina e passa para o restaurante da moda. Não falta o «conjunto musical». Os duendes gostam de música, e o Pai Natal sacrifica-se: um pezinho de dança com uma ou outra duende mais animada, um desfile em modo apita o comboio por entre as mesas. Desfaz-se em sorrisos quando lhe colocam uma bandolete com hastes e um nariz de rena.

Quem diria que o Pai Natal vai nu?

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