REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #463

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ALGARVE INFORMATIVO

28 de dezembro, 2024

ANDRÉ GOMES

eleito por unanimidade presidente da Associação Turismo do Algarve

45.º ANIVERSÁRIO DA UALG | 20.º ANIVERSÁRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ALBUFEIRA

17.º ANIVERSÁRIO DO MERCADO MUNICIPAL DE PORTIMÃO | «UNDER THE FLESH»

ÍNDICE

20.º aniversário da Biblioteca Municipal de Albufeira (pág. 18)

51.ª Volta ao Algarve (pág. 28)

17.º aniversário do Mercado Municipal de Portimão (pág. 36)

45.º aniversário da Universidade do Algarve (pág. 42)

Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes (pág. 58)

Presépio de Vila Real de Santo António (pág. 66)

André Gomes eleito presidente da Associação Turismo do Algarve (pág. 82)

«Under the Flesh» no Cineteatro Louletano (pág. 94)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 110)

Sílvia Quinteiro (pág. 112)

Biblioteca Municipal de Albufeira festejou 20.º aniversário com presença da madrinha Lídia Jorge

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o dia 17 de dezembro, a Biblioteca Municipal Lídia Jorge juntou uma centena de leitores da autora para assinalar os 20 anos deste espaço cultural. Para tal, foram oferecidos 100 livros de «Misericórdia», obra que ao longo de 2023 obteve diversos prémios nacionais e estrangeiros. Desses leitores, alguns foram convidados a ler um excerto e a fazer um comentário.

Luísa Monteiro, que juntamente com Carla Ponte (Divisão da Cultura) e Elisabete Silva (Clube de leitores da Biblioteca) pensaram o programa a oferecer à comunidade, apelidou o livro de “uma pangeia literária”, o que Lídia Jorge reforçou, dizendo tratar-se de um livro de “recursos cruzados” e que “muitas das pessoas que leram estes excertos estão no livro”. Um livro que foi escrito a pedido da sua mãe, que esteve institucionalizada num lar. “A 8 de março de 2020 estive com a minha mãe e ela

pediu-me que escrevesse um livro chamado «Misericórdia». Ainda tentei escrever um poema intitulado «Miserere», mas passados 40 dias da sua morte senti que fiquei com uma herança nas mãos vinda da minha mãe. Foi uma experiência muito profunda. E se, tal como o Padre César que acredita numa outra vida, essa mesma vida existir, então, os que aqui estão, na biblioteca, vão voltar a ver a minha

mãe”, declarou a consagrada autora algarvia

O Padre César Chantre acompanhou a mãe da autora, que esteve no mesmo quarto do lar onde estava a mãe de Indaleta Cabrita, presidente da Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água e que “de vez em quando entravam em conflito por causa da televisão”, mas “elas tiveram muita sorte”, concluiu

Lídia Jorge. A sua mãe, D. Remédios (D. Alberti, no livro), “esperava sempre a visita do Arménio Aleluia Martins que lhe oferecia sempre «Panettoni», que ela adorava”, ilustrou ainda a escritora nascida em Boliqueime, nesta referência ao amigo de longa data. Outros leitores foram construindo o mosaico da “dimensão empática e de presença” que o programa de celebração de aniversário visava: Roberto Leandro arrancou

gargalhadas a propósito de um excerto sobre eletrodomésticos, Paulo Moreira deliciou a plateia como bom «diseur» e apontou a ironia patente em muitos momentos do livro, tendo Lídia Jorge assinalado o excerto que o encenador e ator fez, como “a descrição da figura do amor que transforma a vida”.

A professora da Escola Secundária de Albufeira, Francelina Lourenço, partilhou uma crítica literária que Lídia Jorge apelidou de “magnífica”, realçando o valor da Beleza no modo de olhar os alunos, que inicialmente transmitem um juízo ao professor, mas que com o passar do tempo, “do que vemos do aluno é a alma”. Patrícia Seromenho, Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, assinalou um parágrafo em torno da comida e da importância social da estrutura que representa, e isso permitiu a Lídia Jorge tecer diversas considerações sobre a resposta social dada a pessoas de idade avançada: “Há um mistério na presença da morte que é a nossa consciência humana. Há em todas as pessoas a honra de se ser gente, gente que faz parte de uma formação espiritual, que é um caminho ao lado deste”. Para a escritora, urge sair-se de “uma resposta cujo padrão nos chega da «Era industrial» e que ainda não conseguimos superar”

Da área da Psicologia, a vereadora Cláudia Guedelha, da Ação Social, escolheu um excerto que fez a autora salientar que a sua mãe “era uma mulher muito forte”, desse leque de mulheres que durante o Estado Novo tudo fizeram para que as suas filhas tivessem uma vida diferente das suas, uma mulher de

“recusa”. “De uma recusa” ao que era imposto, e que “nos empurraram, que nos tiraram os torrões da terra para sermos alguém”. Desidério Silva, primo de Lídia Jorge, que durante o seu mandato à frente da Câmara Municipal de Albufeira convidou a escritora para dar nome à Biblioteca (“porque houve uma consonância e não por eu ser a sua prima”, salientou Lídia Jorge, acrescentando: “o tempo foi dizendo que o meu primo teve razão”), o que ocorreu a 7 de outubro de 2009. O exautarca leu, de modo emotivo, um diálogo existente no livro entre mãe e filha e Lídia esclareceu: “Eu estou lá transfigurada, para mostrar a reação forte de uma mulher. Esse é o capítulo

da relação. Uma escritora também se mostra e uma escritora é alguém que faz amor com o universo”.

O presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, fez uma consideração geral sobre toda a obra, de forma muito aplaudida, na medida em que imprimiu a tónica de ser “um livro atento a este nosso tempo, juntando os marginais da idade e os marginais sociais”, levando Lídia Jorge a comentar que “este livro não é uma casa fechada, está inscrito no tempo”. Depois deste momento, a jovem Beatriz Cabrita leu um poema que escreveu a Lídia Jorge e de seguida foram cantados os parabéns à Biblioteca.

51.ª Volta ao Algarve vai ter um percurso renovado para aumentar o espetáculo desportivo

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Federação Portuguesa de Ciclismo

51.ª edição da Volta ao Algarve, a realizar entre 19 e 23 de fevereiro de 2025, terá um percurso renovado, procurando criar novos motivos de interesse desportivo para atrair ainda mais adeptos à região e para incrementar as audiências televisivas. A melhor corrida mundial do circuito UCI ProSeries

das épocas de 2023 e 2024 mantém o conceito de oferecer etapas para todos os perfis de corredores, mas aposta em novas soluções num percurso em que os locais de partida e de chegada das etapas se repetem face a anos anteriores. As soluções encontradas pela organização demonstram a versatilidade da região para se adaptar a diferentes necessidades de todos quantos usam a bicicleta, seja para treinar, competir, deslocar-se ou viver momentos de lazer.

Delmino Pereira, Fátima Catarina, Custódio Moreno, Ana Paula Martins, André Gomes, Sandra Oliveira e Cândido Barbosa

No que ao alto rendimento diz respeito, a 51.ª Volta ao Algarve promete emoções fortes até às últimas pedaladas, que voltam a acontecer no alto do Malhão, no concelho de Loulé, só que, pela primeira vez, em contrarrelógio. Foi ainda criada uma etapa totalmente nova com final em Faro e a chegada à Fóia, em Monchique, será mais exigente do que nos últimos anos.

Portimão vai ser o local do grande arranque da corrida, no dia 19. Da zona ribeirinha portimonense os ciclistas dirigem-se para Lagos, onde, na Avenida dos Descobrimentos, espera-se uma animada discussão ao sprint, selando os 190 quilómetros iniciais da corrida. A primeira grande novidade chega no dia seguinte. Assim, a segunda etapa começa

em Lagoa, prolonga-se por 177,6 quilómetros e termina no ponto mais alto do Algarve, a Fóia, no concelho de Monchique. Ao invés do que tem acontecido, a subida final faz-se pela vertente norte da serra, com zonas de inclinação menos constantes e alguns troços de maior dificuldade. A subida para a meta tem 8,4 quilómetros de extensão e a fase mais demolidora da subida, com um quilómetro de pendente média a rondar os 10 por cento, acontece a 3,5 quilómetros do final. Acresce que escalar a Fóia por esta vertente provoca um encadeamento com a subida da Pomba, cujo ponto alto dista apenas 3 mil e 100 metros das primeiras rampas da Fóia.

Ao terceiro dia regressam as oportunidades para os sprinters e

terminam os pontos de maior semelhança com as edições anteriores da corrida. A caravana parte de Vila Real de Santo António para uma viagem de 183,5 quilómetros que irá terminar em Tavira, cidade que tem brindado a Volta ao Algarve com entusiásticos banhos de uma multidão ávida de ver os melhores velocistas do mundo em ação. A quarta etapa é a grande incógnita desta Volta ao Algarve, pois está desenhada para que tudo possa acontecer. O traçado permite que alguns sprinters aspirem a passar as dificuldades e a lutar pelo triunfo, mas também não fecha a porta a um ataque proveniente dos especialistas em clássicas e também pode ser um isco para os homens que lutam pela geral jogarem uma cartada. Vai ser uma tirada de 175,2

quilómetros, entre Albufeira e Faro. As três contagens de montanha colocadas nos derradeiros 50 quilómetros são o ingrediente que permite esperar a emoção e a incerteza, condimentos fundamentais do desporto.

A maior surpresa está guardada para o último dia. A tradicional chegada ao alto do Malhão será, desta vez, diferente. Vai acontecer em sistema de contrarrelógio individual, permitindo ao numeroso público assistir à passagem dos corredores, um a um, durante quase três horas consecutivas de espetáculo e em grande proximidade com os ídolos. O contrarrelógio de encerramento da 51.ª Volta ao Algarve começa em Salir e termina no Alto do Malhão, terá 19,6

quilómetros, sendo que os primeiros 17 mil metros são essencialmente planos. Os últimos 2 mil e 600 são a subir, com uma inclinação média de 9,2 por cento. No final das cinco etapas, os corredores terão percorrido 745,9 quilómetros, com um acumulado de subida total de 11 795 metros.

Além dos milhares de adeptos que se deslocam de vários pontos de Portugal e de todo o mundo para assistir às etapas, o programa da Volta ao Algarve integra também um evento de ciclismo para todos, permitindo aos ciclistas amadores e entusiastas da bicicleta participar ativamente na festa do ciclismo no Algarve. Deste modo, no dia 22 de fevereiro, Faro irá receber o Algarve Granfondo, uma viagem de imersão nas paisagens mais genuínas e menos conhecidas do interior algarvio. Os

participantes poderão optar entre dois desafios, os 130 quilómetros do granfondo e os 90 quilómetros do mediofondo. Além da atividade física e do convívio, poderão ainda assistir às pedaladas das estrelas internacionais, que no mesmo dia irão percorrer a quarta etapa, com partida em Albufeira e chegada em Faro. São esperados mais de mil ciclistas amadores na prova de participação popular da Volta ao Algarve.

Está aberto, por isso, o apetite para a 51.ª Volta ao Algarve, prova que se tem consolidado, nos últimos anos, como um dos principais eventos internacionais desportivos que acontecem na região. “Tem uma notoriedade e importância muito grande no panorama do ciclismo, nacional e internacional, daí termos cá os maiores nomes da modalidade. É fundamental continuarmos a trabalhar

esta parceria com a Federação Portuguesa de Ciclismo e com os clubes e associações da região, porque tem gerado um impacto económico bastante assinalável, não só nos serviços e infraestruturas do turismo, mas em toda a economia algarvia”, considera André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, que chama ainda a atenção para a transmissão televisiva que a Volta ao Algarve tem em diversos países europeus, graças à craveira dos ciclistas que nela participam todos os anos.

André Gomes revelou que a edição de 2024 contou com mais de 39 horas de transmissão televisiva, o que se traduz num valor económico superior a 36 milhões de euros, com 37 profissionais de comunicação social provenientes de 10 países a acompanharem, no terreno, a Volta ao Algarve. “É um motor muito forte de promoção do destino Algarve e, em fevereiro de 2024, o alojamento turístico na região registou aumentos na ordem dos 6,2 por cento dos hóspedes e de 4,6 por cento das

dormidas. O próprio Aeroporto de Faro registou mais 9 por cento de passageiros do que no mesmo mês em 2023. É por tudo isto que o Turismo do Algarve estará sempre disponível para continuar, em conjunto com os municípios da nossa região, a acarinhar, apoiar e impulsionar cada vez mais esta Volta ao Algarve”, concluiu o dirigente.

A nata das natas vai estar novamente na Volta ao Algarve e Cândido Barbosa, o novo presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, esclarece que, por ser das primeiras corridas da época, isso não significa que os atletas venham ao Algarve simplesmente treinar para as próximas competições. “Qualquer equipa que participe numa corrida ProSeries vem lutar pela vitória final ou por vitórias em etapas. Esta corrida dá

250 pontos ao vencedor no ranking UCI e a data da sua realização é feliz para todos os intervenientes”, sublinha o antigo ciclista. “É uma época sazonal mais baixa e durante a qual é preciso estimular a economia local. Para além disso, as grandes equipas europeias metem-se nas autoestradas, chegam ao Algarve num dia e meio ou dois e, em fevereiro, conseguem fixar toda a sua estrutura no mesmo hotel. Ainda por cima, tratamos toda a gente bem, a comida é excelente, as estradas do Algarve estão cada vez melhores e os percursos são equilibrados. Todos os amantes do ciclismo irão estar no Algarve para apoiar os atletas e contamos com a ajuda de todos para que a Volta seja um sucesso ainda maior”

Inauguração de espaço multiusos e da exposição «100 Anos, 100 Sardinhas» marcaram 17.º aniversário do Mercado Municipal de Portimão

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

O Mercado Municipal de Portimão assinalou, no dia 14 de dezembro, o 17.º aniversário ao serviço da comunidade, inaugurando um espaço multiusos onde ficou patente a exposição «100 Anos, 100 Sardinhas». Considerado um dos maiores da região algarvia, o Mercado abriu portas a 11 de dezembro de 2007 e abrange uma área de cerca de 8 mil e 500 metros quadrados, dispondo de bancas de peixe, legumes e fruta, pão e flores.

O programa da comemoração arrancou com a inauguração do espaço multiusos, capacitado para albergar exposições, tertúlias e apresentações de produtos, entre outras atividades, e que resultou de uma intervenção global no antigo Talho 4 orçada em mais de 25 mil euros. No novo espaço foi inaugurada a exposição «100 Anos, 100 Sardinhas», que reúne os trabalhos vencedores no âmbito do concurso com o mesmo título.

Este projeto artístico e comunitário, promovido no âmbito do primeiro centenário da elevação de Portimão à categoria de cidade, desafiou os participantes a inspirarem-se na rica história local, intimamente ligada ao mar, especialmente à sardinha, símbolo que transcende o seu papel na gastronomia portimonense e verdadeiro ícone local. Cada sardinha reflete a relação de Portimão com a pesca, a indústria conserveira e o mar, celebrando uma tradição que moldou a cidade, numa homenagem criativa e colaborativa que envolveu 50 artistas convidados e outros tantos cidadãos. Nesta mostra estão

patentes 100 sardinhas, cada uma com um design único, representando a diversidade e o espírito inovador de Portimão, que posteriormente serão transferidas para azulejos e instaladas em fachadas de imóveis por todo o concelho, no sentido de criar um museu a céu aberto que servirá de roteiro turístico. Após a inauguração da mostra, foram cantados os parabéns ao Mercado Municipal de Portimão e degustado o bolo de aniversário, confecionado e servido pelos alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão –Turismo de Portugal IP.

Paulo Águas fez balanço de dois mandatos como reitor e lançou desafios para o futuro da Universidade do Algarve

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Universidade do Algarve or ocasião do 45.º aniversário da Universidade do Algarve, o reitor Paulo Águas apresentou, no dia 11 de dezembro, um balanço do período compreendido entre 2017 e 2024, referindo-se aos desafios enfrentados, às conquistas e aos objetivos estratégicos para o futuro da Instituição. O reitor

destacou o compromisso com o desenvolvimento institucional, a valorização da comunidade académica e a sustentabilidade financeira.

Remontando a 2017, Paulo Águas recordou a situação financeira frágil que a Universidade do Algarve enfrentava, com pagamentos de salários dependentes de adiantamentos e reforços extraordinários do Governo. A

recuperação foi conseguida através de controlo rigoroso da despesa, estabilização do crescimento do pessoal, aumento do crescimento da atividade e das receitas próprias, permitindo alcançar uma situação financeira estável desde 2020. “Em 2023 executámos 71 milhões de euros e este ano deveremos ultrapassar os 77 milhões de euros. Ao nível da receita arrecadada, e incluindo o saldo de gerência transitado, poderemos vir a ultrapassar os 100 milhões em 2024, quase o dobro dos 55 milhões de euros arrecadados em 2018”, descreveu Paulo Águas.

O crescimento académico, com mais estudantes e diplomados, com boa integração no mercado de trabalho, também mereceu especial destaque na intervenção do reitor, que fez notar que a Universidade do Algarve registou um aumento de 32 por cento no número de estudantes de grau desde 2017/18, atingindo 9 mil e 943 em 2023/24. Também o número de diplomados cresceu de 1.308 (2017) para 1.993 (2023), e a empregabilidade melhorou, com 87 por cento dos inquiridos a considerar que a formação é adequada para as funções que desempenham. De referir ainda que 69 por cento dos inquiridos se encontra a trabalhar no Algarve.

No que diz respeito à valorização dos recursos humanos, Paulo Águas enalteceu as mais de 130 progressões na carreira docente nos últimos cinco anos, seis vezes mais do que o verificado nos últimos oito anos, ou seja, mais de 40 por cento dos docentes com mais de 10 anos de serviço, em condições para tal, mudaram de categoria. O reitor destacou

ainda os investimentos na melhoria das condições de trabalho, com renovação de equipamentos e instalações.

Sobre a internacionalização e a investigação, recordou que a Universidade do Algarve lidera o ranking nacional da Times Higher Education, no que diz respeito à projeção internacional, desde 2020. Embora reconheça que se tenha registado um abrandamento no crescimento de estudantes estrangeiros e nas publicações em coautoria internacional, acredita que o projeto da Aliança da Universidade Europeia dos Mares, a que a UAlg aderiu em janeiro de 2022, poderá dar um importante contributo para o aumento da internacionalização, tanto no ensino, como na investigação. Em relação à captação de financiamento para investigação, lembra que desde 2022 (17,5 milhões de euros) já ultrapassa o total do quadriénio 2018-2021 (16 milhões de euros), destacando-se seis bolsas do European Research Council atribuídas ao Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB), três já em execução e outras três a iniciar em 2025.

O alojamento continua a ser uma das maiores prioridades para este reitor. “É a principal barreira para o prosseguimento de estudos por parte de estudantes deslocados, podendo desempenhar um papel importante na captação de estudantes internacionais”, frisou. E, em jeito de reflexão, apontou a renovação de 427 camas em seis residências e a construção de novas infraestruturas para mais 297 camas no

âmbito do programa nacional de alojamento para o ensino superior apoiado pelo PRR. Contudo, o custo total previsto subiu de 17 milhões para 26 milhões de euros, ou seja, mais 9 milhões de euros do que o previsto, colocando, assim, uma pressão financeira adicional. “A não ser possível o reforço de financiamento, a referida situação financeira tranquila em que nos encontramos irá deteriorar-se fortemente”, alertou Paulo Águas.

Com o intuito de transformar a Universidade num local ainda melhor para trabalhar, que tem implementado medidas de sustentabilidade, igualdade de género e participação comunitária, como o Orçamento Participativo, o reitor evidenciou o sistema interno de garantia de qualidade que permitiu que a Universidade do Algarve obtivesse a

acreditação máxima na avaliação institucional da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Paulo Águas assegurou ainda que, em 2025, a UAlg continuará o trabalho em curso, reconhecendo os desafios de um crescimento mais rápido do que o previsto. Não obstante, acrescem ainda como problemas identificados a baixa taxa de transição do secundário para o ensino superior no Algarve, o investimento em I&D na região inferior à média nacional e a subrepresentação de estudantes do barlavento algarvio na Universidade do Algarve.

Para dar respostas a esses problemas, foi apresentada ao Governo uma proposta de Programa de Desenvolvimento para Década de Convergência da Região do Algarve na

Educação, Ciência e Inovação, assente no desenvolvimento de várias infraestruturas. No seu entender, o sucesso do plano depende de fundos governamentais para complementar recursos regionais, locais e da própria UAlg.

Ana Jorge, presidente do Conselho Geral da UAlg, que iniciou o mandato em 2021 e termina no início de 2025, referiu que, durante este período, aprofundou o conhecimento sobre a excelência e o prestígio da Universidade, reconhecida nacional e internacionalmente pelo rigor, inovação e compromisso com o desenvolvimento sustentável. Destacou o projeto da Aliança das Universidades Europeias dos Mares (SEA-EU 2.0), que reúne nove universidades costeiras de diferentes países europeus, promovendo programas educativos conjuntos,

investigação científica e mobilidade académica. Na sua opinião, outro marco importante foi a recente Avaliação Institucional do Ensino Superior da A3ES que resultou na acreditação da UAlg por seis anos. Também o Relatório Final da Comissão Externa de Avaliação evidenciou o elevado desempenho em áreas como planeamento estratégico e melhoria contínua da qualidade.

Paralelamente, a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (REJIES) e a interação entre os Conselhos Gerais das Universidades Públicas têm evidenciado o papel estratégico destes órgãos na ligação entre as universidades e a sociedade. Na Universidade do Algarve, esta ligação é fortalecida pela inclusão de membros externos, especialmente do setor empresarial algarvio.

Em representação dos funcionários não docentes, Adriano Pires recordou o seu percurso na instituição como estudante, funcionário e, recentemente, docente, sublinhando o papel essencial da UAlg como um ecossistema de aprendizagem único, impulsionado pela diversidade cultural e académica. Realçou a resiliência dos funcionários não docentes como importante pilar na missão da UAlg, reconheceu a relevância de algumas iniciativas como os Prémios de Excelência nos Serviços e outras que permitem melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, incluindo horários flexíveis e teletrabalho. No entanto, apontou desafios como a insuficiência de recursos humanos e a necessidade de equilibrar as necessidades da Instituição com a promoção de

condições de trabalho dignas e sustentáveis.

O novo regime SIADAP, previsto para 2025, foi apontado como uma oportunidade de valorização, mas que exige simplificação administrativa. O orador elogiou iniciativas como o Orçamento Participativo, que promovem maior envolvimento dos funcionários.

Abordou também a introdução da inteligência artificial como um desafio e oportunidade para redefinir funções, reforçando o foco em competências humanas. Concluiu reiterando a confiança no valor do trabalho conjunto para enfrentar os desafios futuros e fortalecer a UAlg.

Rodrigo Carlos, recém-empossado Presidente da Associação Académica, destacou a honra de representar os

estudantes, apresentando a Universidade do Algarve como um espaço de ensino, inclusão e realização de sonhos.

Agradeceu aos professores e funcionários pelo papel essencial que desempenham na vida académica e institucional.

Abordou alguns dos desafios enfrentados pelos estudantes, como a saúde mental, a pressão académica, dificuldades financeiras e a crise habitacional no Algarve, afirmando o compromisso de continuar a lutar pelo futuro da comunidade académica.

Em representação dos docentes, Dulce Estêvão, docente da Escola Superior de Saúde, refletiu sobre os seus 35 anos de dedicação à Instituição, destacando a

importância dos estudantes como elemento central. Sublinhou o papel dos educadores em proporcionar formação de qualidade, preparando os jovens para os desafios de um mundo em constante mudança, e os desafios enfrentados pelo corpo docente, incluindo a necessidade de renovação e os obstáculos à progressão na carreira devido a limitações orçamentais e aumento de responsabilidades. Mencionou o impacto da revolução digital, especialmente a inteligência artificial, sublinhando a necessidade de preparar os estudantes com competências técnico-científicas, sociais e emocionais, e de continuar o investimento em recursos tecnológicos para garantir acessibilidade a todos.

Realçou a importância de programas como a mentoria por pares e os ciclos de inovação pedagógica para o desenvolvimento profissional dos docentes e destacou, também, a relevância de tarefas de gestão e atividades de serviço à comunidade, como o Grupo de Voluntariado UAlg V+, que requer mais recursos para ampliar o seu impacto.

Nesta sessão solene foi atribuído o título de «Professor Emérito» a Efigénio da Luz Rebelo, professor catedrático com agregação em Métodos Quantitativos

Aplicados à Economia e à Gestão, que, entre muitos outros cargos e funções, foi seis vezes diretor da Faculdade de Economia, em diferentes períodos. Pela terceira vez foi entregue o Prémio

Manuel Gomes Guerreiro, atribuído, por unanimidade, a João Pedro Almeida

Meneses, doutor em Engenharia Biomédica pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (2024). Organizado pela Universidade do Algarve, com o patrocínio da Câmara Municipal de Faro e da Câmara Municipal de Loulé, o prémio tem um valor pecuniário de 10 mil euros.

Foi também entregue pela terceira vez o Prémio Investigador UAlg, que se traduz numa dotação no valor de 5 mil euros e visa distinguir e reconhecer publicamente o investigador da Universidade do Algarve que pelo trabalho desenvolvido na área da investigação científica se destacou a nível nacional e internacional. Manuel Aureliano Alves, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) e investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), foi o grande vencedor.

Também este ano, pela primeira vez, foi entregue o Prémio Três Minutos de Tese (3MT-UAlg) a Ana Simão, do doutoramento em Psicologia, no valor de 4 mil euros.

Durante a cerimónia, foram ainda entregues as medalhas da Universidade aos funcionários que completam 25 anos de serviço. Em dia de comemorações foram também anunciados os vencedores do Orçamento Participativo. Em 2024, a Universidade do Algarve colocou à disposição da comunidade académica 80 mil euros a favor de projetos que melhorem o bem-estar da comunidade: 40 mil euros para estudantes e 40 mil

euros para funcionários docentes, nãodocentes e investigadores. Foram admitidas a votação 11 propostas, das quais serão executadas seis: uma proposta de funcionários e cinco propostas de estudantes.

A terminar foi ainda entregue, com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, o Prémio Universidade do Algarve aos diplomados com mérito no ano letivo de 2022/23. A sessão contou com três momentos musicais por Luís Domingos Miguel Trio, com um repertório dedicado aos standards de jazz.

Portimão celebrou a literatura com entrega do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o âmbito do programa das comemorações oficiais do Dia da Cidade, a Biblioteca Municipal acolheu, no dia 4 de

dezembro, a cerimónia de entrega do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes e apresentação das obras vencedoras da edição de 2024.

No ano em que se assinala o centenário da elevação de Portimão à categoria de

cidade, o Município abriu o prémio à modalidade de novela, reafirmando o objetivo de estimular a criação literária e homenagear a vida e obra de Manuel Teixeira Gomes, ilustre escritor e antigo

Presidente da República, cuja trajetória está intimamente ligada à cidade e à região do Algarve. Com um valor pecuniário de 3 mil e 500 euros e a edição de 300 exemplares, o 1.º prémio foi

atribuído a Antímio Vieira Damião, que concorreu com a novela «A Missão de Póstumo». O 2.º prémio, no valor de 1.000 euros e com a edição de 300 exemplares, foi obtido por José Dias

Santos Pires, autor de «Vento do Fim, Os Nós no Fio de Água», enquanto o 3.º prémio, que prevê a edição de 150 exemplares, foi atribuído a Caléu Nilson

Moraes, que escreveu «A Namorada Cubana».

Antímio Vieira Damião é um autor reconhecido pela sua capacidade de explorar questões existenciais e sociais, usando narrativas densas e personagens marcantes. O júri deste concurso literário destacou o seu estilo envolvente e perspicaz, narrando em «A Missão de Póstumo» a jornada introspetiva de um homem que tenta desvendar mistérios familiares enquanto lida com desafios do passado e um presente que o força a encarar dilemas morais profundos.

Quanto a José Dias Santos Pires, tem uma carreira literária consolidada, marcada pela sua habilidade em transformar cenários do quotidiano em narrativas poéticas e reflexivas. Em «Vento do Fim, Os Nós no Fio de Água»,

aborda a complexidade das relações humanas através de uma narrativa que se desenrola num pequeno vilarejo, onde os ventos e as águas fluem como metáforas para a passagem do tempo e os nós emocionais que unem e separam as personagens.

Por fim, Caléu Nilson Moraes é um jovem escritor de origem lusófona, com talento para criar narrativas vibrantes e culturalmente ricas e que apresentou uma obra onde reflete a sua paixão por histórias de viagem e exploração cultural. A novela retrata a história de um jovem português que viaja para Cuba e se apaixona por uma mulher local, sendo exploradas as diferenças culturais, os desafios do amor à distância e as escolhas que moldam o futuro de ambos os protagonistas.

Presépio Gigante de Vila Real de Santo António comemora 22 anos com recorde de 5.900 peças

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ila Real de Santo

António volta a ser palco de uma das mais emblemáticas tradições natalícias do Algarve: o Presépio Gigante. Em 2024, o evento celebra 22 anos de história e regista novos recordes, apresentando-se com 5 mil e 900 peças que ocupam integralmente o Centro Cultural António Aleixo.

A estrutura, que pode ser visitada até dia 6 de janeiro de 2025, continua a

crescer, surpreendendo pela sua dimensão e pelos detalhes minuciosos das centenas de figuras, muitas criadas exclusivamente para esta edição. Este ano, o presépio mantém os impressionantes 240 metros quadrados, construídos com mais de 20 toneladas de areia, 4 toneladas de pó de pedra, 3 mil quilos de cortiça e uma diversidade de adereços que recriam com fidelidade cenários natalícios e elementos característicos da região algarvia. A montagem envolveu mais de 2 mil e 500 horas de trabalho, realizadas ao longo de 40 dias, com preparativos que

começaram meses antes. Destacam-se ainda as cerca de 100 peças animadas e motorizadas, os lagos e a iluminação que conferem dinamismo à exposição.

Como em edições anteriores, o Presépio Gigante incorpora elementos distintivos da região, como a Praça Marquês de Pombal, as salinas, as tradicionais noras algarvias e as antigas cabanas de Monte Gordo. Além disso, a estrutura ilustra episódios bíblicos e cenas alusivas às tradições natalícias. A grande novidade deste ano é a inclusão de uma pedreira com o busto do poeta António Aleixo, natural de Vila Real de Santo António, que ganha destaque entre os cenários minuciosamente trabalhados.

Reconhecido como um dos eventos âncora do município, o Presépio Gigante atrai milhares de visitantes de todo o país e da vizinha Espanha, consolidando-se

como um marco no Natal algarvio. O Presépio Gigante também se distingue pela sua vertente ecológica, pois grande parte dos materiais utilizados é natural ou reciclada, como a cortiça e o musgo, e a iluminação é composta por sistemas LED de baixo consumo. Além disso, a água usada nos lagos ornamentais é reaproveitada.

O Presépio Gigante de Vila Real de Santo António é o maior do país e tem a assinatura de Augusto Rosa, Teresa Marques, Joaquim Soares e Luís Perrolas. Pode ser visitado no Centro Cultural António Aleixo, diariamente, das 10h às 13h e das 14h30 às 19h. No dia 31 de dezembro encerra às 18h e, no dia 1 de janeiro, abre a partir das 14h30. A entrada para crianças dos 3 a 10 anos (inclusive) custa 0,50 euros e, para maiores de 10 anos, o ingresso tem o valor de 1 euro.

ANDRÉ GOMES ELEITO POR UNANIMIDADE

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO TURISMO DO ALGARVE

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ndré Gomes foi eleito, por unanimidade, com 103 votos expressos pelos Associados, como presidente da Associação Turismo do Algarve, na sequência da Assembleia Geral Ordinária e Eleitoral que teve lugar, no dia 3 de dezembro, no auditório da Região de Turismo do Algarve. Seguiu-se a tomada de posse dos novos órgãos sociais eleitos para o triénio 2024-2027, no dia 18 de dezembro, numa cerimónia que contou com a presença do Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado.

O evento foi marcado por discursos que sublinharam a importância estratégica da ATA para a promoção do Algarve nos mercados internacionais, com André Gomes a afirmar ser “com imensa honra e responsabilidade que hoje assumo,

pela primeira vez eleito, a presidência da ATA”. “É um privilégio ter a oportunidade de dar continuidade ao trabalho que temos vindo a desenvolver neste último ano e meio, período em que assumi a presidência da ATA em virtude das eleições para a Região de Turismo do Algarve. Durante o mandato que agora terminou, dedicámo-nos a fortalecer as bases da nossa associação, a implementar estratégias inovadoras e a promover a região do Algarve como o destino de excelência que é reconhecido por tantos milhões de turistas que nos visitam todos os anos”, apontou.

“Conseguimos, todos juntos, transformar desafios em oportunidades”, reforçou André Gomes.

O trabalho neste último período tem sido pautado por três grandes eixos, lembrou o presidente da ATA, nomeadamente: consolidação do Algarve

como um destino que oferece muito mais do que o sol e praia, promovendo a sua diversidade cultural, a autenticidade do território, a gastronomia e produtos turísticos emergentes; a sustentabilidade e inovação, fomentando um turismo responsável e alinhado com as exigências atuais do mercado e com as necessidades das gerações futuras; e uma vertente de apoio aos associados e de muita colaboração institucional, fortalecendo parcerias com entidades públicas e privadas. E, fruto do trabalho realizado, André Gomes faz um balanço muito positivo do ano de 2024 para o setor do turismo no Algarve. “Os números comprovam a resiliência e o dinamismo do setor e, apesar das perceções que sugeriam uma possível diminuição do interesse dos portugueses pela região,

nomeadamente na altura do Verão, o Algarve reafirmou-se mais uma vez como o destino turístico preferido dos portugueses”, frisou.

De facto, entre janeiro e outubro, o Algarve manteve-se como líder nacional em volume de dormidas, com 27 por cento da quota nacional, e como a terceira região em número de hóspedes, com cerca de 18 por cento do total nacional. O desempenho económico acompanhou esta tendência positiva, sendo que os proveitos globais no alojamento turístico cresceram 7,3 por cento, atingindo mais de 1,6 mil milhões de euros, o mesmo valor que se tinha alcançado ao longo de todo o ano de 2023. O Aeroporto de Faro superou o recorde de 9 milhões de passageiros de

2019 e com um mês de antecedência face a 2023. A estada média manteve-se como uma das mais elevadas do país, com quatro noites, quando a média nacional é de 2,58 noites, e ficando o Algarve apenas atrás da Região Autónoma da Madeira. “Estes indicadores refletem, não só a atratividade da região, mas também o esforço conjunto de tantos parceiros públicos e privados para estruturarmos a nossa oferta, para

aumentarmos a qualidade dos nossos serviços e para reforçarmos a promoção do nosso destino”, salientou o presidente da ATA.

Os órgãos sociais da Associação Turismo do Algarve iniciaram o mandato 2024-2027 com energia renovada, mas também com um Plano de Atividades e Orçamento para 2025 mais robustos, na sequência do reforço do Orçamento da

Entidade Regional de Turismo do Algarve. E André Gomes aproveitou a ocasião para anunciar a vontade de se fazer uma revisão dos instrumentos legais que regem a ATA, nomeadamente dos estatutos da associação, para além de se propor que o Aeroporto de Faro deixe de ser um membro-convidado da direção e passe a ser um membro-

inerente das direções futuras. “Também iremos trabalhar uma proposta no sentido de alterarmos o nosso regulamento eleitoral, que se encontra desajustado face à altura em que foi criado. Não faz sentido, por exemplo, que o último ato que uma direção tome seja a aprovação do Plano de Atividades

e Orçamento que a próxima direção vai desenvolver”, entende André Gomes.

Valorizar o que tem sido feito até agora, mas também incorporar novas ideias e estratégias para ir mais longe, é a vontade de André Gomes, que destaca a boa articulação existente entre a RTA e a ATA. “Uma gestão unificada e integrada

facilita o alinhamento de objetivos, a otimização dos recursos e a construção de uma imagem forte e consistente do Algarve, seja junto do mercado nacional como internacional. Decisões mais eficazes e estratégias mais coerentes beneficiam todos aqueles que dependem do setor do turismo na região”, defende o dirigente. “Juntos,

podemos alcançar resultados ainda mais expressivos. Só juntos é que conseguimos fazer a diferença na valorização e promoção da nossa região e o trabalho que temos pela frente exige persistência e visão”, alerta. “Pretendemos dar continuidade a esta trajetória de crescimento e inovação, reforçando a proximidade com os nossos associados e assegurando que os interesses e as necessidades de todos sejam sempre priorizados em prol da região e do turismo”, concluiu André Gomes.

Portugueses precisam parar de se autoflagelar

A cerimónia terminou com a intervenção do Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, que

prontamente descreveu a Associação Turismo do Algarve como “o pilar fundamental na promoção do Algarve como destino turístico”. “A vossa capacidade de adaptação, inovação e promoção de uma oferta diversificada faz do Algarve um exemplo a seguir no panorama nacional e internacional. Foi possível reforçar, através do Turismo de Portugal, o orçamento das Entidades Regionais, e queremos reforçar também o músculo da intervenção das agências de promoção externa”, revelou o governante.

Pedro Machado deixou também o compromisso de se reforçar a autonomia da decisão das regiões em matéria de captação de eventos, transferindo para as Entidades Regionais a competência da seleção e da confirmação dos eventos relevantes do ponto de vista regional.

“Quem está no território tem mais conhecimento de causa do que é importante para cada região”, justifica o Secretário de Estado do Turismo. “É crucial existir uma articulação perfeita entre os organismos regionais e as políticas do poder central e há um conjunto de produtos que estão a ser estruturados e que são particularmente competitivos para os novos mercados que queremos atrair. Hoje já não se olha para o Algarve alavancado somente no «sol e praia» e «golfe», há outras camadas que trazem valor acrescentado e diversificação. Portugal tem ícones e ativos estratégicos do melhor que há em termos de oferta global, temos segurança, cuidados de saúde e hospitalidade assinaláveis,

grandes eventos desportivos internacionais, e empresas e empresários de excelência que são verdadeiros parceiros em tudo o que fazemos”, enalteceu o governante. “E temos definitivamente que perder aquela característica portuguesa de nos autoflagelarmos, de dizermos que somos pequeninos, que os outros são melhores do que nós. Somos um povo fantástico, somos reconhecidos como tal, temos produtos excecionais, sabemos fazer muito bem, há que puxar pela nossa autoestima. É dessa forma que se constrói um Algarve e um Portugal melhores”, terminou o Secretário de Estado do Turismo.

BASSAM AABOU DIAB FALA GUERRAS NO LÍBANO EM «UNDER

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

FALA DE QUATRO «UNDER THE FLESH»

nserido no Ciclo d’outra maneira dos encontros do DeVIR, o Cineteatro Louletano recebeu, no dia 6 de dezembro, «Unter the Flesh» de Bassam Abou Diab, a história pessoal de um corpo que sobreviveu a quatro guerras consecutivas. O espetáculo de dança contemporânea questiona o papel do corpo em situações de guerra, nomeadamente, como é que a reação do corpo a uma ameaça de morte, proveniente do nosso instinto de sobrevivência, se pode transformar numa dança? “Uma dança baseada em regras e técnicas imaginárias que foram meticulosamente concebidas como um conto de fadas que ajuda a ultrapassar a máquina de guerra”, explica o coreógrafo libanês.

Bassam Abou Diab iniciou o seu percurso profissional como ator e bailarino de dabke. Obteve a licenciatura em representação e teatro e trabalhou como ator com vários encenadores, e em paralelo aproxima-se e mergulha no mundo da dança contemporânea, tendo feito parte da Maqamat Dance Company durante vários anos.

Criou «Alterations», «Palestinian karma» e cocriou «Imprints», «meeting point», «Who Cares» e «Incontro». Após uma longa pesquisa experimental sobre «Rituais religiosos árabes e a sua presença no teatro físico», concluiu o mestrado de formação de atores. Com base nesta pesquisa, coreografou duas peças diferentes, em Itália, «The Siege/L'Assedio» e, em Nova Iorque, «Home».

Bassam criou, coreografou e dançou em «not connected» e fez digressão internacional com as suas criações «Under the Flesh», «Of What I Remember», «Eternal» e «Pina my Love», ainda atualmente em circulação nacional e internacional. Em 2021 fundou o Beirut Physical Lab, uma organização que tem como objetivo apoiar artistas emergentes em dança contemporânea e teatro físico, centrando-se na formação, criação de espetáculos, pesquisa de

dança local e colaborações artísticas locais e internacionais.

«Under the Flesh» tem coreografia e texto de Bassam Abou Diab, música de Samah Tarabay e Ayman Sharaf El Dine e é interpretado por Bassam Abou Diab (bailarino) e Ali El Hout (músico). O espetáculo é uma produção da Beirut Physical Lab com coprodução de Maqamat Beit el Raqs. Quanto à DeVIR, é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes.

Contas ao ano Mirian Tavares (Professora)

uando era criança ouvia na televisão, no final do ano, uma música que

dizia: “(...) marcas do que se foi, sonhos que vamos ter, como todo dia nasce novo em cada amanhecer”. Era uma canção cheia de esperança. A cada novo ano, mudavam o cenário, os atores, a mise-en-scène, mas não mudava a cantiga. O passado deixava marcas, mas devíamos estar voltados para o amanhã. Porque o amanhã ainda não passou e é um presente cheio de possibilidades, que esperamos, boas. É um novo dia, como são novas as roupas que usamos na passagem do ano – à espera de que a novidade nos invada, que tudo que desejamos possa acontecer, que o novo ano lave as mágoas, marcas, tudo de ruim que o ano recém passado trouxe para cada um de nós. Como se fosse possível resetar nossa memória e recomeçar do zero: uma página em branco, um ecrã vazio, uma vida nova. Fazemos planos, que na maior parte das vezes, nunca se cumprem, porque nos esquecemos de que o ano muda, mas nós seguimos os mesmos. Nossas ansiedades, medos e dores seguem connosco. Bem como a esperança, que Machado de Assis chamava de “erva-daninha” e que Mário Quintana dizia ser uma louca, a esperança:

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

Vive uma louca chamada Esperança

E ela pensa que quando todas as sirenas

Todas as buzinas

Todos os reco-recos tocarem

Atira-se

E— ó delicioso voo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,

Outra vez criança... (...)

A esperança atira-se, sem temer a queda, pois almeja o voo. Não teme despedaçar-se, salta e renasce, salta e volta a ser novamente uma criança que desconhece o medo e que não tem passado, só futuro. Seria bom deixar para trás as marcas, os medos, as feridas abertas e ainda não saradas. Os ossos que se partiram, mas que ainda doem, não nos deixando esquecer da queda. A música, como a poesia, são lugares do desejo – espaços de partilha de ideias e de sentimentos. Porque, como sabemos, é difícil recomeçar, ou começar do zero. Cada um de nós traz em si muitas pessoas e vivências. Tantos mundos que já colidiram e outros que se despedaçaram. A nossa unicidade é fruto da nossa capacidade de trazermos tantos dentro de nós. E nada disso vai embora só porque um dos calendários que regem o mundo diz que um ano acabou e que outro nasceu, porque os ponteiros do relógio deram horas e fizemos a contagem regressiva. Espero, como

espero (quase) todos os anos, que o novo seja melhor. Por ser novo, por ter a vantagem de ainda não ter sido experimentado. É preciso avançar, mesmo com alguma preguiça e

desencanto. À espera de que seja um grande ano: novo, fresco, cheio de energia e de força. Que venha 2025.

Foto: Conceição Agostinho

Sem preço Sílvia Quinteiro (Professora)

doro doces. Tudo me serve de desculpa para comer um: porque estou feliz e quero celebrar; porque estou triste ou cansada e preciso de arrebitar; porque é novidade e tenho de provar; porque o dia vai ser difícil ou, simplesmente, porque me apetece. Nada, mas nada, me consegue impedir de levar à boca bolos, bolachas, mousses, chocolates, tartes… Mastigo-os lentamente, saboreando cada pedacinho.

As outras pessoas falam de um país ou de uma cidade e evocam nomes de monumentos, de ruas, de pessoas famosas. Eu? A lista dos doces típicos e das melhores pastelarias. Alivia-me a consciência ter a certeza de que, se eu escrever «Aveiro», todas as mentes irão para onde a minha acabou de ir: em barricas, dentro de hóstias com a forma de barquinhos ou de frutos do mar. E o gelado? Como resistir ao gelado?

Apesar de tudo, sempre achei que o meu caso não era assim tão grave. Não me cruzo a toda a hora com estas iguarias. Evito trazê-las para casa. Fazer sobremesas está fora de questão. Até porque sou bem melhor a provar (deglutir é palavra feia) do que a confecionar.

Explicava, por isso, a uma amiga que, apesar de gostar muito de doces, raramente os consumo. Respondeu-me com ar de espanto:

— Mas tu comes um pastel de nata sempre que tomas café. E tomas muitos!

Contra factos, dificilmente se encontram argumentos. Aproveitei-me, portanto, de forma descarada, da circunstância de ela ser estrangeira para lhe explicar que os pastéis de nata nem sequer contam como bolos: são vírgulas que pontuam o quotidiano de qualquer bom português.

O certo é que a fama de gulosa me persegue. Talvez por isso, quando me encontrei esta semana com a minha amiga Manuela, trouxe-me de presente um saco mimoso, recheado com miniaturas de broas castelares, bolos de laranja e de figo. E foi um ar que deu a estes pedacinhos de céu. Evaporaram-se!

O problema é que, ao contrário do que sucede com os pastéis de nata, os ovos moles, as tortas de claras e os D. Rodrigos, não tenho como reabastecer. Os docinhos, feitos pelas mãos habilidosas do marido da minha amiga, só se podem encontrar lá por casa. Usufruir do prazer de os degustar é um privilégio reservado a um grupo muito restrito de familiares e amigos.

Ao pensar nisto, percebi a minha sorte. Senti-me especial. Apesar de adorar a ideia de esvaziar um segundo saco, um terceiro e até um quarto, havendo oportunidade, compreendi que os bolos que me ofereceu são como o afeto que

nos une há muito: deliciosos, irrepetíveis e sem preço.

Ai, Manuela, se ao menos os bolinhos durassem tanto como a nossa amizade.

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