REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #464

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ÍNDICE

CCDR Algarve aprova investimentos nos Polos de Inovação de Faro e Tavira (pág. 12)

Paderne Medieval (pág. 20)

Bairros Comerciais Digitais chegam a Olhão com muita alma (pág. 42)

Entrevista a Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa (pág. 52)

Teatro Lethes apresentou programação para o primeiro quadrimestre (pág. 68)

«Zero.Ponto.Zero» no Cineteatro Louletano (pág. 84)

Exposição «Traje Burguês 1830-1940» patente no Museu do Traje (pág. 96)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 106)

Fábio Jesuíno (pág. 108)

Sílvia Quinteiro (pág. 110)

Paulo Neves (pág. 112)

Valentim Filipe (pág. 116)

CCDR Algarve aprovou intervenções nos Polos de Inovação de Faro e Tavira

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

Conselho Diretivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, I.P. adjudicou investimentos de 2 milhões, 362 mil e 508, 41 euros nos Polos de Inovação do Faro e Tavira, com estimativa de conclusão no final de 2025. Apresentadas ao Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e ao Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, durante a visita que efetuou aos serviços regionais de agricultura e pescas, estas intervenções contam com financiamento

do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito da Componente 5 –Capitalização e Inovação Empresarial, integrada na Dimensão Resiliência, da qual faz parte a Agenda de Inovação para a Agricultura, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 86/2020, de 13 de outubro.

Neste contexto, serão executados os projetos «C05-i03-P-000037 Pólo de Inovação de Tavira», aprovado com um investimento elegível de 1 milhão, 677 mil e 789,53 euros, e o «C05-i03-P-000038 Polo de Inovação de Faro», aprovado com um investimento elegível de 684 mil e 718,88 euros, ambos com um

cronograma para executar material e financeiramente até 31 de dezembro de 2025. As candidaturas assentam nas seguintes linhas de ação (LA), consubstanciadas nos objetivos operacionais (OP), respetivos: LA1 –Infraestruturas e equipamentos: recuperar e modernizar infraestruturas e equipamentos na rede de estações experimentais da área da agricultura; OP1 – Reforçar a capacidade de investigação, inovação, formação, demonstração e transferência de conhecimento e tecnologia. A aposta na modernização da Rede de Inovação constitui um dos alicerces do projeto aludido, a qual se pretende seja consubstanciada através da renovação/ requalificação das infraestruturas e equipamentos científicos de laboratórios, estruturas piloto, estações centro experimentais e coleções de variedades regionais.

O Polo da Rede de Inovação de Tavira –Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), inserido numa propriedade com cerca de 27 hectares, tem prevista a reabilitação do edifício sede da delegação do Sotavento da CCDR Algarve IP – Agricultura e Pescas. O Polo reúne um vasto acervo de coleções ampelográficas e de fruteiras tradicionais mediterrânicas, algumas únicas no País, que resultam de prospeção realizada na região.

As variedades tradicionais do Algarve, pela sua origem e natureza enquadradas no conceito de Dieta Mediterrânica, estão particularmente bem-adaptadas às condições edafo-climáticas da região e encerram significativa variabilidade inter

e intravarietal, cuja preservação é vital para programas de melhoramento futuros. Este germoplasma encontra-se em risco, uma vez que, com a evolução técnica e económica da agricultura, muitas destas variedades deixaram de ser cultivadas e tendem a desaparecer. Por outro lado, estas variedades apresentam, de uma forma geral, melhor qualidade a nível organolético e nutricional, fatores cada vez mais valorizados pelos consumidores. Pela sua rusticidade adaptam-se também a sistemas de cultivo menos exigentes em fatores de produção e a regiões de baixa densidade, onde normalmente os solos são mais pobres.

O edifício-sede da delegação do Sotavento da CCDR Algarve IP –Agricultura e Pescas necessita igualmente de uma intervenção de caráter geral com obras de conservação e melhoramento, considerando a falta de manutenção ao longo dos anos, desde a sua construção, no final dos anos 50. O edifício que alberga os serviços e laboratórios do Polo da Rede de Inovação de Tavira – CEAT, sendo imperativo melhorar e modernizar as suas condições de utilização e por consequência prestar melhor serviço ao setor agrícola da região. O Polo de Inovação de Tavira é uma infraestrutura que reúne condições para se constituir como centro de referência da Dieta Mediterrânica, na área da investigação, inovação, divulgação/promoção e transferência da tecnologia, nos setores da saúde e bem estar, alimentação sustentável, adaptação às alterações climáticas, literacia, património, cultural e ligação ao turismo, que mobilizará e integrará

stakeholders com responsabilidade na dinamização, implementação e execução de atividades de investigação, inovação, formação, demonstração e transferência de conhecimento e tecnologia, reforçando, significativamente, o ecossistema de investigação e inovação agrícola e agroalimentar e das dimensões chave da Dieta Mediterrânica.

Genericamente, as obras de reabilitação a executar no Polo de Tavira são: Reabilitação do revestimento da cobertura do edifício, com a introdução de subtelha de forma a garantir a estanquicidade dessa cobertura; Substituição das caixilharias; Execução integral da pintura interior do edifício; Execução integral da pintura exterior do edifício; Lavagem por jato de água os revestimentos em pedra e marmorite das fachadas; Reparação de pavimentos interiores; Remodelação da rede elétrica existente; Substituição pontual de portas interiores; e Renovação integral da rede de rega. Pretende-se renovar uma rede de rega instalada em 1989, infraestrutura fundamental para a realização das atividades de experimentação e demonstração neste Polo, que beneficia atualmente uma área de cerca de 26 hectares, utilizando água fornecida pelo Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio, através de um hidrante regulado para fornecer um caudal nominal de 35 m3/hora, embora possa atingir valores próximos de 50 m3/hora, e 3,5 kg/cm2 de pressão.

A rede foi concebida para distribuir água com origem em dois furos artesianos e de duas noras existentes na exploração, estando atualmente

desativadas, pelo que deverá ser reformulada de acordo com a localização e características da nova origem e modernizada através da substituição integral das suas condutas e diversos órgãos, bastante degradados, nos quais é frequente a ocorrência de roturas nas condutas, com perdas de água e prejuízos para as culturas instaladas. Serão modernizados os equipamentos a jusante do hidrante do Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio, com substituição da estação de filtragem. Terá cinco casas de rega para proteção dos equipamentos de programação das regas e fertirregas e de aplicação dos fertilizantes, com recuperação de duas casas existentes e construção de três novas casas.

A rede de rega será gerida através de programadores modernos com capacidade para controlar as electroválvulas setoriais e sondas de humidade no solo e também equipada com equipamentos que permitam a perceção atempada de roturas e outras anomalias, de modo a aumentar a eficiência de distribuição e garantir de forma fiável a água por todo o Centro de Experimentação e ao longo do número de horas necessárias para assegurar a rega de todas as culturas instaladas. Espera-se que esteja consignada a obra em 16 de janeiro e que os trabalhos sejam concluídos no prazo de 330 dias, ou seja, até ao final de dezembro de 2025.

No que concerne à componente agronómica do projeto PRR-C05-i03-P000037 – Polo de Inovação de Tavira, a nível de ensaios de campo, estão em curso as seguintes ações: Instalação de coleções de novas espécies,

nomeadamente pereiras, marmeleiros, damasqueiros e ameixeiras, espécies que careciam de prospeções para avaliação diversidade genética do germoplasma regional e consequente seleção e preservação; Replantação da coleção de figueiras, composta por 96 acessos, uma vez que as árvores da coleção existente, boa parte delas plantadas nos anos 90 do século passado, apresentam marcados sinais de envelhecimento; Instalação de 112 novos clones da emblemática casta algarvia Negra Mole, que irão enriquecer a coleção ampelográfica já existente no Polo de Inovação de Tavira. Numa parcela de alfarrobeiras, será instalado um ensaio de consociação com pitaia, espécie com baixo consumo de água, em que se pretende estudar a viabilidade de utilização do tronco das árvores como sistema de suporte.

Quanto ao Polo de Inovação de Faro, sediado no Patacão, reúne condições para se constituir como referência nacional, para a produção frutícola e hortofrutícola, com particular ênfase nas boas práticas agrícolas ambientalmente sustentáveis, como o Modo de Produção Biológico, na preservação e promoção da biodiversidade, através da coleção de germoplasma de citrinos, na gestão racional dos recursos hídricos, no desenvolvimento e promoção da agricultura social, na área da experimentação, inovação, divulgação/promoção e transferência da tecnologia, a par de outros como a alimentação sustentável, adaptação às alterações climáticas, literacia, património, cultura e ligação ao turismo, reforçando, significativamente, o ecossistema de investigação e inovação agrícola e agroalimentar. Para os setores

do agroalimentar algarvio, resulta fundamental o efeito de alavancagem induzido por uma política consistente de aposta na valorização dos recursos endógenos, de redução do desperdício alimentar nos vários estádios da cadeia de valor, e de promoção dos circuitos curtos, como via para redução da pegada ecológica e melhoria da competitividade através da redução dos custos produção.

O Polo de Inovação de Faro integra a cadeia de valor da fruticultura e dispõe de uma área aproximada de 12 hectares, que integra edificado com várias valências, onde se destaca o edifício sede da CCDR Algarve, I.P – Agricultura e Pescas, que reúne os serviços de atendimento, técnicos e administrativos, no âmbito das competências definidas, edifícios que albergavam o antigo centro de formação e serviços técnicos e administrativos,

armazéns, hangares, abrigos e outras estruturas de apoio à atividade agrícola.

A atividade do Polo de Inovação de Faro engloba também a realização de ensaios no âmbito do projeto PRR-02/C05i03/2021 – «Valorização de recursos genéticos tradicionais, novas culturas e gestão de água de rega em contexto de alterações climáticas», com candidatura em curso.

No âmbito da agricultura social, a CCDR Algarve disponibiliza, no espaço do Polo de Inovação de Faro, uma área de cerca de um hectare para culturas hortícolas, em Modo de Produção Biológico, ao Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve, cuja produção se destina aos beneficiários desta entidade. Estas unidades pretendem divulgar o trabalho e atividades do Polo e abrir a estrutura a

visitas da comunidade educativa e sociedade civil, em geral.

Genericamente, as obras de reabilitação a executar no Polo de Faro são: Pintura exterior do hangar; Reparação de infiltração num dos armazéns; Renovação da rede de rega instalada em 1990, infraestrutura fundamental para a realização das atividades de experimentação e demonstração no Polo de Faro. A atual rede de rega beneficia uma área de cerca de 12 hectares, tendo sido concebida para distribuir água proveniente de uma captação subterrânea, com o apoio de três reservatórios.

A renovação prevista consistirá, principalmente, na instalação de duas variadores de velocidade que comandarão a bomba submersível que eleva a água da captação subterrânea e a bomba do reservatório existente junto ao furo, sendo desativadas outras três bombas e também desativados dois reservatórios. A nova rede de rega terá um menor número de condutas, com uma considerável redução na extensão total, sendo mais funcional e com um reduzido número de equipamentos passíveis de avarias.

Será instalada uma nova estação de filtragem a jusante da captação subterrânea e serão substituídas todas as condutas da rede por novas condutas de polietileno de alta densidade, de diversas classes de pressão e diâmetros nominais variando de DN 125, PN 10 a DN 50, PN6,

com uma extensão de cerca de 2.500 m, bem como todas as «cruzetas», órgãos de distribuição e hidrantes à entrada das parcelas, os quais serão equipados com electroválvulas, contadores e manómetros. A rede de rega será gerida através de programadores modernos com capacidade para controlar as electroválvulas setoriais e sondas de humidade no solo e também equipada com equipamentos que permitam a perceção atempada de roturas e outras anomalias, de modo a aumentar a eficiência de distribuição e garantir de forma fiável a água por todo o Centro de Experimentação e ao longo do número de horas necessárias para assegurar a rega de todas as culturas instaladas.

O procedimento de contratação pública destinado à realização das obras e remodelação da Rede de Rega do Polo de Patacão-Faro já foi igualmente adjudicado, o contrato assinado e está em fase de envio para visto do Tribunal de Contas

Paderne regressou mais

uma

vez à Idade Média

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina rganizado pela Câmara Municipal de Albufeira, e integrado na programação de fim-de-ano, o «Paderne

Medieval» conheceu mais uma edição repleta de sucesso, de 28 de dezembro a

1 de janeiro, convidando milhares de visitantes a embarcarem numa viagem ao passado. Toda a aldeia reviveu o Séc. XIV, com muito comércio, religião, espetáculos, pelejas e até um cortejo histórico que retratou, no primeiro dia do ano, a cerimónia da entrega, por D. Dinis, da Carta de Doação do Castelo de Paderne à Ordem de Avis.

Bairros Comerciais a Olhão com muita

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

projeto «Bairros Comerciais

Digitais – Olhão com Alma» foi apresentado aos empresários locais e público em geral, no dia 2 de dezembro, e dos cerca de 250 estabelecimentos comerciais aptos para aderir, mais de 50 por cento já o tinha feito no espaço de um mês. Com um investimento de cerca de 1 milhão de euros, financiado a 100 por cento pelo PRR, o projeto promete modernizar e dinamizar o tecido

económico olhanense, sendo que este novo «bairro» é delimitado a sul pelos Mercados Municipais, a norte, pelo Tribunal, e estende-se pela Rua do Comércio e pelo Caminho das Lendas.

Os comerciantes que exercem a sua atividade nesta área terão oportunidade de aderirem a uma plataforma marketplace na qual poderão comercializar os seus produtos para o mundo inteiro, aumentando, assim, a competitividade com os grandes retalhistas e alargando o seu horário de funcionamento para 24 horas por dia, entre outras vantagens. Para os

consumidores, os benefícios residem no acesso a produtos locais com comodidade e flexibilidade de horários. Para além disso, toda a área do bairro será abrangida por cobertura de wifi gratuito, mupis interativos e uma monitorização em tempo real dos lugares de estacionamento vagos.

O projeto «Bairros Comerciais Digitais –Olhão com Alma» está a ser implementado por um consórcio composto pelo Município de Olhão, a ACRAL, a AmbiOlhão, a Fesnima e a Mercados de Olhão e resultou de uma candidatura que foi preparada com bastante cuidado e empenho pela edilidade ao longo de praticamente dois anos. “É um investimento elevado e que deixará uma pegada significativa no tecido empresarial e no comércio tradicional de Olhão, pelo que grande parte das divisões da Câmara Municipal estiveram envolvidas no processo. E existe uma história associada aos pontos cardeais do comércio de Olhão que está patente no projeto”, refere o vice-presidente Ricardo Calé. “A ligação entre a terra e o mar faz-se através do Caíque Bom Sucesso, a embarcação que levou, em 1808, a boa-nova ao Rei de

Digitais chegam alma

que se tinham expulso as tropas napoleónicas. Entra-se em terra via Mercados, um dos mercados municipais mais bonitos do país, e vai-se avançando em direção ao Tribunal, onde se encontra o Olho-de-Água que, reza a história, deu o nome à cidade de Olhão”, descreve o entrevistado.

Depois do projeto ser um dos contemplados com este financiamento de fundos europeus, é tempo de arregaçar as mangas e pôr mãos ao trabalho, uma vez que o Bairro Comercial Digital tem que estar implementado até setembro do corrente ano. Mas esta caminhada começou porque a autarquia entende que precisa ser um parceiro fundamental do comércio para que as tradições se mantenham vivas e para que os novos desafios dos tempos modernos sejam mais facilmente ultrapassados, sobretudo pelos comerciantes de idade mais avançada. “O comércio digital tem que ser definitivamente encarado como uma realidade, as grandes superfícies já são uma realidade há muitos anos, portanto, temos que ser uma alavanca para se criarem novas oportunidades para o comércio tradicional. E Olhão é característico pelas suas gentes, pela sua história, é a alma olhanense que nos distingue das restantes cidades do Algarve e do resto do país. O desafio que lançamos é para as pessoas não virem apenas conhecer o comércio tradicional de Olhão, mas também as nossas gentes”, diz Ricardo Calé.

O autarca reconhece, porém, que estes novos desafios são sempre difíceis de abraçar, do mesmo modo que não é costume as câmaras municipais terem

uma relação assim tão próxima com o comércio. “Temos um gabinete aberto, cinco dias por semana, exclusivamente dedicado à relação com estes comerciantes, a gestora do Bairro Comercial tem o contacto direto com todos eles e já se tratam quase todos por «tu». Também sabemos que, quando um comerciante pretende ter o

seu negócio online, uma das principais barreiras é o investimento necessário para a conceção do marketplace, pelo que cerca de 300 mil euros da dotação orçamental do projeto são totalmente direcionados para esse fim”, revela Ricardo Calé. “Ou seja, a sapataria do comércio tradicional de Olhão pode rápida e gratuitamente ter a sua loja

online, e de duas formas possíveis: a loja online normal com os seus produtos todos à venda; ou se preferir, por uma questão de gestão de stock, ter numa primeira fase apenas uma visualização a três dimensões da sua loja. Com esta ferramenta, qualquer pessoa, em qualquer parte de Portugal ou do Mundo, pode passear no Bairro

Comercial Digital – Olhão com Alma e entrar dentro das lojas”, enaltece.

Muitas novidades

a pensar nos clientes

O estacionamento é muitas vezes apontado como uma das mais-valias das grandes superfícies em relação ao comércio tradicional, mesmo quando, na hora da verdade, se percorra a mesma distância desde que saímos do carro até que entramos numa loja. Ora, Ricardo Calé relembra que, em Olhão, existem três grandes núcleos de estacionamento, um a nascente, outro a poente e outro a norte, que distam 400 ou 500 metros do comércio tradicional. “Estas bolsas de estacionamento vão ser monitorizadas em tempo real, pelo que qualquer pessoa que venha a Olhão vai saber, através de uma aplicação ou plataforma, quais são os lugares disponíveis e até qual é o parque mais indicado se quiser ir a esta ou àquela loja. Em simultâneo, vão existir três ecrãs digitais nas três entradas da cidade a indicar quais os lugares de estacionamento ao dispor dos visitantes. Esta questão do ser difícil estacionar e ter que andar às voltas dentro da cidade à procura de lugar, deixa de ser um problema”, esclarece o autarca, acrescentando que irão existir também lugares para estacionamento e carregamento de bicicletas elétricas.

A par do marketplace e das informações sobre o estacionamento, há, todavia,

mais vantagens inerentes à concretização do bairro comercial digital, uma delas respeitante aos horários de funcionamento. “Eu trabalho na câmara municipal, saio às 18h ou 19h e já não consigo ir fazer as compras no mercado municipal. Agora, consigo fazer as compras online e recebo um código a informar-me que os produtos estão à

minha espera num cacifo refrigerado, em condições de conservação ideais, onde os posso levantar a que horas quiser”, indica Ricardo Calé. “Há também comerciantes que não possuem loja física e que poderão utilizar uns cacifos semelhantes para entregar os produtos aos seus clientes. E vamos ter mais uma novidade, uma

zona quick & collect, através da qual faço a minha encomenda online, recebo uma mensagem a dizer quando está disponível, estaciono o carro ao lado dos mercados, informo que já cheguei e um operador vem trazer-me a encomenda. Isto é excelente para pessoas com dificuldades de mobilidade, ou de idade mais avançada

que não consigam transportar bens mais pesados”, salienta o entrevistado.

Depois, dada a grande relação que Olhão tem com a Ria Formosa, vai-se digitalizar também o acesso às atividades marítimo-turísticas e aos barcos da carreira, ou seja, será possível comprar os bilhetes online “Enquanto estou a dirigir-me para o barco, já comprei o bilhete pelo telemóvel numa aplicação ou plataforma, evito as filas de espera. É mais um modo de utilizar a tecnologia em prol do utilizador final e de preparar Olhão para abraçar um modelo de consumo que é uma realidade. Não vale a pena tentar combatê-la, temos é que nos ajustar e adaptar a ela”.

Está visto que tudo foi pensado com cuidado pelo Município de Olhão antes de submeter a candidatura aos Bairros

Comerciais Digitais, naquele que é, sem dúvida, o maior investimento de sempre realizado no comércio tradicional olhanense, mas Ricardo Calé admite que “estamos naquela fase enamorada em que acreditamos que tudo vai correr bem”. “Naturalmente que os desafios vão aparecer e que há pessoas que poderão estar reticentes em aderir, mas temos a certeza de que, quando começarem a aparecer as vendas dos vizinhos e isto for mais falado, elas vão dar o passo em frente. O primeiro desafio poderá ser, de facto, mostrar aos comerciantes mais antigos a importância de se digitalizar os seus negócios, mas, por enquanto, esse não tem sido um problema”, aponta o vicepresidente do Município de Olhão.

Ora, como este projeto está muito bem balizado em termos geográficos, poderá

acontecer que comerciantes de outros pontos da cidade desejem aderir ao Bairro Comercial Digital – Olhão com Alma, o que terá que ser analisado na devida altura. E é também expectável que novos empresários pretendam abrir lojas dentro da área delimitada do bairro. “A Câmara Municipal tem tido sempre o cuidado de criar as condições certas para que o comércio tradicional tenha sucesso. Quando fizemos as obras na Avenida 16 de Junho, tivemos a preocupação de aumentar em mais de 30 por cento o número de lugares de estacionamento. No grande projeto habitacional que está a nascer na antiga Litografia houve o objetivo de se criar um estacionamento público subterrâneo, bem perto da rua do comércio. Claro que as estratégias de grande dimensão demoram mais tempo a dar frutos, mas defendemos com

todas as nossas forças as tradições olhanenses, entre elas continuar a vivenciar experiências genuínas no núcleo urbano da cidade”, sublinha Ricardo Calé, não escondendo o orgulho que sente nessa tal «alma olhanense». “As pessoas já não gostam de ser turistas e ficar em unidades hoteleiras «tudo incluído»; preferem ser viajantes, ficar num alojamento local e, quando saem de casa de manhã, está a vizinha do lado a estender a roupa. O viajante quer destinos turísticos que marcam, que fazem a diferença, que criam memórias, pelas experiências que proporcionam. Termos um comércio tradicional vibrante, a pulsar, com lojas abertas, e toda esta cultura e história à mão de semear, atrai turismo de qualidade e é isso que queremos para Olhão”.

Habitação e água continuam a ser as prioridades do Município de Lagoa … mas há muitas mais obras a decorrer em todo o concelho

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Câmara Municipal de Lagoa organizou, em dezembro, uma visita de trabalho a diversas obras em curso no concelho, com o objetivo de proporcionar uma visão detalhada sobre os projetos que estão a ser implementados e o seu impacto na melhoria da qualidade de vida da população. O programa arrancou com uma deslocação ao Lar Santa Isabel, da Santa Casa da Misericórdia de Lagoa, onde foi possível acompanhar o progresso da intervenção neste importante equipamento social cujo custo é de cerca de 1 milhão e 500 mil euros. “Lagoa, embora seja um concelho relativamente pequeno, tem exatamente os mesmos problemas e constrangimentos que outros territórios maiores, e a ação social está no mesmo patamar, em

termos de apoios, que a educação, a cultura e o desporto. Neste caso, verifica-se uma grande lacuna no auxílio aos seniores, aos nossos cidadãos mais vividos, quer na questão do lar para acamados, como no apoio domiciliário e centro de dia. A recuperação do antigo Lar Santa Isabel, a par do lar que está a ser construído na Mexilhoeira da Carregação – a Vila ADR da ADR Quinta de São Pedro, orçada em cerca de 5 milhões de euros – são dois projetos financiados pelo PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) a que o Município se associa por serem muito importantes para aumentarem a oferta nesta área tão necessitada”, explica Luís Encarnação.

O presidente da Câmara Municipal de Lagoa recorda que a construção de lares

ou centros de dia não é uma competência direta das autarquias, devendo os processos ser iniciados por uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sabendo-se também que estas, sem a ajuda do poder local, também dificilmente os conseguem concretizar sozinhas. “Temos a felicidade de existirem, em Lagoa, parceiros com esta vontade e determinação em fazer acontecer e que se candidataram a esta janela fundamental que é o PRR. O projeto da ADR Quinta de São Pedro foi logo contemplado com financiamento numa fase inicial, o da Santa Casa da Misericórdia de Lagoa teve alguns contratempos pelo meio. Depois da construção destes espaços, a sua gestão é igualmente crucial, e numa segunda fase o Município também estará disponível para celebrar os

protocolos que forem necessários e que terão a comparticipação do Estado por via da Segurança Social”, assume o entrevistado.

Luís Encarnação reconhece, porém, que as carências nesta área não ficarão totalmente resolvidas após a construção destas duas valências. “São dois equipamentos que darão uma resposta importante em termos do centro de dia, do apoio domiciliário e dos acamados, mas as listas de espera não desaparecem. Estamos a trabalhar com outras instituições para aumentar a oferta, como são o caso do Centro de Apoio Social de Porches e da Santa Casa da Misericórdia de Estômbar, com projetos ainda embrionários. Surgindo a oportunidade, aqui estaremos para ajudar a construir uma rede de cuidados para essa população necessitada, e até

mesmo para as suas famílias”, garante Luís Encarnação. “Há também muitos idosos que vivem isolados, fora das áreas urbanas, daí a pertinência de se fortalecer o apoio domiciliário, para não deixar nenhum lagoense para trás”, reforça.

A cultura é uma das áreas onde Lagoa tem dado, de facto, cartas nos últimos anos, conforme se comprova pela obra de requalificação do anterior edifício da Câmara Municipal de Lagoa com vista à criação da Casa da Cidadania, um investimento total que ronda os 2 milhões de euros. Um edifício que foi uma igreja, depois uma prisão, depois foi a primeira sede administrativa do concelho, mas que, volvido tanto tempo, já não reunia condições para acolher serviços públicos. “Ali vai nascer o centro do projeto museológico que

temos para o concelho de Lagoa, um museu diferente, dos movimentos sociais, que vai contar a história dos lagoenses e compilar uma vasta documentação. Queremos contar às gerações futuras o que foi Lagoa ao longo destes 252 anos e como se quer projetar para o futuro”, adianta Luís Encarnação.

Numa primeira fase estarão três figuras em maior destaque na Casa da Cidadania, nomeadamente: João Bentes Castelo Branco, o presidente que adquiriu o imóvel e ali criou, em 1861, os Paços de Concelho; o Remexido, nome por que ficou conhecido José Joaquim de Sousa Reis, um funcionário público e proprietário agrícola que se tornou num célebre guerrilheiro algarvio que combateu pelo lado miguelista, contra os

liberais, durante a Guerra Civil Portuguesa; e o General Rocha Vieira, que foi o último governador de Macau. Três nomes, entre muitos outros, que há que valorizar junto das novas gerações para se fortalecer o amor-próprio e o sentimento de identidade. “Lagoa é um concelho pequeno, 88 quilómetros quadrado, não chegamos aos 24 mil habitantes, mas tem fatores identitários, desde a cerâmica à produção vitivinícola, chegando à abertura mais recente ao turismo, que se traduzem numa cidade cosmopolita e onde 25 por cento dos seus cidadãos são estrangeiros que encontraram neste local fantástico o sítio onde querem residir. E lagoenses são todos, sejam aqueles que nasceram efetivamente em Lagoa, ou aqueles que

escolherem Lagoa para trabalhar, viver ou visitar”, considera Luís Encarnação.

Construir habitação para lagoenses e não para turistas

Ora, para se viver em Lagoa, ou em qualquer outro lugar, é preciso casa, e assim chega a conversa ao tema da habitação, um problema que afeta Portugal de norte a sul. Nesta visita assistiu-se, in loco, à construção de 7 fogos de habitação social na Rua Sebastião Trindade Pinto, no coração da cidade, num investimento de cerca de 1 milhão e 100 mil euros, mas também em Porches, onde estão a ser construídos mais 36 fogos de habitação social, numa empreitada de cerca de 4 milhões e 500 mil euros. “A nossa Estratégia Local de Habitação assenta em três níveis, sendo

um da inteira responsabilidade do Município e que diz respeito ao Programa 1.º Direito e àquilo que o PRR financia a 100 por cento. Não podíamos deixar passar em claro essa oportunidade de trabalhar em prol daqueles que não têm uma habitação digna para viver”, sublinha Luís Encarnação.

O segundo nível da Estratégia Local de Habitação de Lagoa passa pela renda apoiada e pela habitação a custos controlados, estando a autarquia a finalizar o loteamento e os projetos de arquitetura e especialidades num terreno em Porches para, depois, procurar um parceiro para construir e o respetivo financiamento. “É verdade que, nesse caso, não há PRR, mas há disponibilidade do governo em apoiar através de um empréstimo feito junto

do Banco Europeu de Investimento. E o terceiro nível desta Estratégia envolve o setor privado, porque, no passado, o movimento cooperativo já foi determinante para criar habitações disponíveis para as pessoas. Esta crise mundial resulta um pouco do abrandamento que foi feito na habitação e agora os jovens não encontram um espaço próprio para constituírem as suas famílias, pois as rendas estão a valores incomportáveis. O trabalho não precisa ser todo feito pelas autarquias e pelo estado, há que dar a possibilidade dos privados construírem, mas habitações para os lagoenses, não para turistas”, defende Luís Encarnação.

Para o presidente da Câmara Municipal de Lagoa, os imóveis construídos de olhos postos no mercado internacional

são bem-vindos, porque o Algarve é uma região turística por natureza, “mas convém perceber até onde vai a nossa capacidade de acolher cada vez mais visitantes, não queremos que aqui proliferem os fenómenos de overtourism que já se verificam noutros pontos de Portugal e da Europa” “A habitação é um direito fundamental da Constituição Portuguesa e é crucial para conseguirmos atrair professores, médicos, enfermeiros, forças de segurança e mão-de-obra para alimentar o turismo e a hotelaria. Havendo mais oferta, a tendência é que os preços das casas baixem”, acredita o edil.

Luís Encarnação não esconde, todavia, o desalento que sente quando tudo aquilo que é feito pelas autarquias parece uma gota no oceano para resolver este drama

transversal a todo o país. Porque as câmaras municipais têm orçamentos limitados, os fundos europeus não são infinitos e, acima de tudo, porque cada vez há menos terrenos urbanos para se construir. “É um desafio tremendo”, desabafa. “Entre 2021 e 2024, o Município de Lagoa alocou no seu orçamento cerca de 7 milhões de euros só para construir estes 43 fogos que visitamos. No penúltimo dia de 2024 foi publicada uma lei que permite reclassificar alguns terrenos rústicos e neles se poderem construírem imóveis,

mas entendo que esse esforço só deve servir para construir habitação para os residentes e não para turistas”, declara o entrevistado. “A questão da habitação esteve abandonada durante muito tempo e agora andamos todos a correr atrás desse prejuízo. É um grande desafio e vamos olhar com atenção para esta nova oportunidade que se apresenta, para depois tomarmos as decisões que forem consentâneas com a nossa estratégia”.

Plano para a Água vai sensivelmente a meio

Outro desafio cada vez mais premente é a água, área onde o Município de Lagoa tem atuado forte no passado recente. “Foi um dos desígnios com que nos apresentamos aos lagoenses nas eleições autárquicas de 2021 e estamos a cumprir”, concorda Luís Encarnação.

“Estamos a renovar as nossas condutas e a melhorar a eficiência hídrica no concelho, são 4 milhões de euros com a substituição de três condutas adutoras – Palmeirinha/Estômbar/Calvário, Cerca da Lapa/Sesmarias e Cerca da Lapa/Vale de Milho/Areia dos Moinhos –, mais 2,5 milhões de euros com o Reservatório das Sesmarias, que foi inaugurado na década de 60 do século passado. Face ao crescimento turístico

do concelho, aquela infraestrutura está completamente ultrapassada, com uma capacidade de distribuição de 600 m3 de água, colocada a uma quota alta e cujas condutas tinham o maior grau de sinistralidade do concelho”, descreve. “Muito frequentemente tínhamos quebras de água que duravam, às vezes, um dia inteiro e sobretudo durante o Verão, o que impactava diretamente com a vida dos lagoenses e com a atividade das unidades hoteleiras. Arregaçamos as mangas, metemos mãos à obra e, com a ajuda do PRR e do Portugal 2030, estamos a resolver o problema. Já garantimos também o financiamento de 2 milhões e 300 mil euros para a conduta distribuidora que vai de Lagoa para o Poço Partido e da conduta distribuidora do centro de Carvoeiro até à Alfanzina”, aponta, satisfeito.

Este trabalho implicou a realização de uma radiografia inicial de todo o sistema de distribuição de água no concelho e depois estabeleceu-se um plano que se desenvolve ao nível estratégico, operacional e tático, preconizando-se um investimento total de 18 milhões de euros e cuja execução, segundo Luís Encarnação, vai sensivelmente a meio do caminho. “As três primeiras condutas estão praticamente concluídas, o Reservatório das Sesmarias tem mais seis meses de obra, e estamos também a terminar a instalação de quase uma centena de Zonas de Medição e Controlo, mais um investimento de 2,5 milhões de euros financiado pelo PRR. Esses dados recolhidos vão permitir-nos

detetar as quebras e os usos ilícitos de água, bem como antecipar as ruturas de condutas. Até à primeira quinzena de fevereiro deverá estar finalizado o novo centro de distribuição de água do concelho, nos antigos armazéns das águas, onde ficarão concentrados todos estes serviços. Com o apoio do Fundo Ambiental criámos também uma equipa para andar no terreno a detetar e reparar rapidamente as fugas”, adiantou o entrevistado.

A visita de trabalho chegou ao fim no futuro Parque Urbano do Parchal, que está a ser criado de raiz junto ao Centro de Congressos de Lagoa para melhorar as condições de lazer e convivência dos lagoenses, num investimento de cerca de

2 milhões de euros. “A área poente do concelho começou por ter um desenvolvimento habitacional e, ultimamente, tem conhecido também um crescimento empresarial, e julgamos que havia que criar um «pulmão verde» e espaços para as pessoas desfrutarem, conviverem, praticarem atividade física. Vai ter um lago e muitas árvores autóctones como oliveiras, figueiras, amendoeiras e alfarrobeiras, a par de outras árvores de crescimento mais rápido para dar sombra. Quanto ao «novo» Centro de Congressos de Lagoa, esperamos em breve enviar para o Tribunal de Contas o projeto para a sua recuperação, para assim consolidar toda aquela zona do Parchal, que está muito bem situada

entre a nossa pérola Ferragudo e as zonas mais urbanísticas como a Bela Vista, a Mexilhoeira da Carregação e a Quinta de São Pedro”, afirma Luís Encarnação. “Estamos a chegar à reta final deste mandato e queremos cumprir com o máximo dos nossos compromissos. Todos os dias cuidamos do espaço público, apostamos fortemente no apoio à educação, desporto, cultura e ação social, e mantemos a habitação e a água como as nossas grandes prioridades. A obra é visível em todo o concelho e vamos continuar a lançar projetos no âmbito da estratégia que definimos”, remata o presidente da Câmara Municipal de Lagoa.

Texto: Daniel Pina| Fotografia: ACTA

ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve deu a conhecer, no dia 11 de janeiro, a sua programação para o Teatro Lethes durante o primeiro quadrimestre de 2025, ou seja, de janeiro a abril. E o primeiro a subir ao palco da esplendorosa sala de espetáculos da capital algarvia é, nos dias 24 e 25 de janeiro, Francisco Menezes, um homem que já fez quase tudo, desde música e teatro a rádio, cinema e televisão. Mas a sua casa é a comédia ao vivo, rodeado de luzes, sorrisos e gargalhadas. A sua comédia é um espaço de livre expressão com lugar para quase tudo e quase todos e a expetativa para o ver no Lethes é grande.

No dia 30, pelas 21h, os Nebuchadnezzar Group celebram 10 anos de existência com o lançamento de «The Hexa Project», editado pela MdC Records | Mákina de Cena. Este novo trabalho mantém o jazz como o denominador comum, mas abre caminho a novas dimensões musicais, explorando a improvisação e a comunicação intensa entre Tiago Vigia (saxofone), Leon Baldesberger (trompete), Cláudio Alves (guitarra), Hugo Santos (contrabaixo), João Ferreira (piano) e Maximiliano Llanos (bateria). O resultado é um diálogo constante onde o inesperado faz parte da performance ao vivo, transportando o público numa viagem única e irrepetível.

Fevereiro começa, no dia 1, às 21h, com a dança de «Le Sol Oblige» da Soul City. O espetáculo mergulha na dinâmica de

grupo e explora a resiliência dos seus membros individuais. Numa busca incessante, sete bailarinos navegam num mundo onde prevalecem os atos altruístas e o espírito de abnegação. A tribo enfrenta o seu destino, enquanto o vislumbre da liberdade parece chamá-los à distância.

«Le Sol Oblige» é uma epopeia implacável, onde a coesão reina soberana e o instinto se sobrepõe à razão, num infinito chão branco, cinzento como um deserto intransponível, lembrando o grupo da sua realidade. É interpretado por Manon Payet, Tony Ignacimouttou, Robin Fabre, Eva M’Doihoma, Andrea Baptiste, Cécile Vitry e Pavel Danko, com coreografia de Didier Boutiana, música de Labelle, dramaturgia de Vincent Fontano e texto de Camille Touzé, numa

coprodução da TEAT Réunion – Théâtre Luc Donat.

No dia 5 de fevereiro, às 10h30, «O Contador da História» de António Torrado conta-nos a história de todos os momentos mais relevantes de Portugal até ao 25 de abril de 1974. A peça incluí citações e trechos intercalados das obras de Fernando Pessoa, Gonçalo Anes Bandarra, Gil Vicente, Alfredo Pimenta, Suzanne Chantal, José Augusto França, João Duarte Fonseca, Luis de Camões, António Ferreira, Fernão Lopes, Zeca Afonso e Sophia de Mello Breyner Andresen. A direção e versão cénica é de João Mota e a interpretação está a cargo de Carlos Paulo, João Mota, Margarida Cardeal, Rogério Vale, Gonçalo Botelho, Francisco Pereira de Almeida e Miguel Sermão, sendo a direção musical de José Pedro Caiado.

O 8 de fevereiro é dia de teatro, com a subida a palco de «Marilyn, por trás do espelho», da Sant’Ana Produções & Artes a contar a história da estrela mundial do cinema e mulher-ícone do século XX, Marilyn Monroe. A peça investiga uma Marilyn menos conhecida, para além do glamour que a eternizou. A mulher por trás do espelho, com que muitas mulheres – e por que não homens – se identificam, com temas que se conectam com o público. A idealização, argumento e interpretação é de Anna Sant’Ana, com dramaturgia de Daniel Dias da Silva e direção de Ana Isabel Augusto.

A música regressa ao Teatro Lethes no dia 14 de fevereiro, às 21h, com Manuel João Vieira, ex-candidato à presidência, vocalista dos Ena Pá 2000 e Irmãos Catita, entre outros grupos, a desvelar o seu verdadeiro coração de atum neste seu mais recente trabalho a solo. “«O tempo das Andorinhas» é um belo disco sentimental, onde a ocasional felicidade e

a bem portuguesa dor de corno se armam de ironia e absurdo, onde o típico macho latino perde o pé entoando odes ao eterno feminino. Estão também presentes temas como o «esquentamento» global e a terceira guerra mundial, contextualizando as malparadas paixões dos apaixonados cornúpedes”, descreve o autor. Um álbum com a qualidade que caracterizam os arranjos de Nuno Ferreira e Manuel Vieira e um espetáculo ideal para os namorados no Dia de S. Valentim.

Dois dias depois, pelas 16h, tem lugar o 8.º Festival Internacional de Guitarras, com o Teatro Lethes a ser palco de uma noite memorável com dois artistas de renome internacional: Maurizio Mastrini «Ghost», pianista e compositor italiano; e Fernando Dalcin, com «A Guitarra Tenor Brasileira – 100 Anos de História».

Maurizio Mastrini, reconhecido pelos mais de 860 concertos realizados em todo o mundo e milhões de ouvintes,

apresenta a sua mestria em peças que fundem o clássico e o contemporâneo, com técnica apurada e uma sensibilidade

artística inconfundível. Por sua vez, Fernando Dalcin revisita obras de mestres da guitarra tenor num espetáculo rico em

histórias, utilizando uma relíquia única: uma guitarra tenor de 1935, da lendária casa «Del Vecchio».

Novidade da ACTA em 2025 são as «Lethes Talk», sessões de mediação sobre assuntos pertinentes da atualidade, direcionadas para faixas etárias especificas. Cada sessão será orientada por um orador especializado no tema escolhido, com o propósito de guiar a conversa e esclarecer questões relevantes sobre o tema. Estas sessões serão realizadas em horário escolar e destinadas principalmente ao público jovem, do 3.º ciclo ou secundário, no que será um momento de reflexão entre público e orador, incluindo apresentações e a oportunidade de colocar perguntas e

obter respostas sobre o tema em discussão.

A sexualidade é o foco da primeira sessão, a ter lugar no dia 19 de fevereiro, dirigida ao público mais jovem. Pretendese esclarecer questões relacionadas com as transformações do corpo durante o crescimento, incluindo tópicos como a menstruação, o início da vida sexual e as dúvidas comuns dessa fase. O objetivo é desmistificar o tema, promovendo uma compreensão saudável e respeitosa do corpo e das suas mudanças.

A 20 de fevereiro, pelas 19h, acontece o primeiro concerto da Orquestra do Algarve com João Barradas no âmbito da sua residência artística com a estrutura algarvia, a decorrer ao longo de 2025,

reservando-se para este programa uma das obras mais ambiciosas de toda a música de câmara: o empolgante Quinteto de Schumann, que em vez do piano terá, porém, o talento tão especial de João Barradas ao acordeão. Será acompanhado pelo Agrupamento de Música de Câmara da Orquestra do Algarve, composto pelos violinos de João Castro e Emil Chitakov, a viola de Ângela Silva e o violoncelo de Mikhail Shumov.

Para terminar o mês de fevereiro em beleza há, no dia 28, pelas 19h, mais música, desta feita com o «Svetlana Bakushina Fusion Project», que redefine a world music, fundindo jazz, clássico, étnico e rock progressivo em composições originais. Liderado pela pianista Svetlana Bakushina, o grupo é composto pelo violoncelista Seibas Gamboa e pelo baterista Jorge Carrilho,

criando uma paisagem sonora única. Como convidados especiais destacam-se a cantora Katherine Valenzuela, o trompetista Diego Gonzalez, o saxofonista Daniel Marques e a artista visual Anastasia Maystrenko, responsável pelas projeções de videoarte.

Março, mês do Dia Internacional do Teatro, arranca, a 7, às 10h30 e 21h, com «Natália» pelo Teatro Trêsmaisum. Natália Correia foi uma mulher de beleza extraordinária, génio invulgar e verbo incandescente, e muito mais do que isso. Com a lucidez de todos os que estão à frente do seu tempo, marcou definitivamente todos os que consigo conviveram. Poetisa, romancista, dramaturga, ensaísta, Natália rasgou diversos caminhos na liberdade do pensamento contemporâneo. Foi uma mulher polémica, talentosa, genial, mas

também frágil e profundamente solitária. Uma solidão dolorosamente vivida sempre em tertúlias e ruídos mundanos. Figura ímpar da cultura portuguesa, nesta peça desvendam-se alguns dos momentos de maior força e também da fragilidade que nela habitaram. Com texto original de Ana Paula Costa e adaptação e encenação de Ana Paula Eusébio, «Natália» é interpretada por Maria Emília Castanheira e Helena Torres.

No dia 14 de março, às 21h, haverá oportunidade para escutar os ÁTOA, banda de Évora que começou de forma descontraída, compondo quando os seus elementos se encontravam inspirados. Após vencerem um concurso na plataforma Tardio, lançaram «Idade dos Inquietos» (2015), que revelou temas como «Distância» e «Falar a Dois». Seguiram-se o EP «Sem Noção» (2017), com os singles «A Cada Passo» e «Queria Ser», e uma digressão de mais de 200

concertos, incluindo festivais como o MEO Sudoeste. O segundo álbum, «Sem Medos» (2019), trouxe uma sonoridade mais madura, com êxitos como «Hoje e Sem Ti». Em 2024, reforçaram as suas raízes eborenses com «Romance de Balcão» e «Ritinha», unindo-se ao icónico Grupo Académico Seistetos. Em 2025, chega então ao Teatro Lethes João Direitinho (Voz, Guitarra e Piano), Mário Monginho (Baixo), Tiago Teixeira (Bateria) e Catarina Silva (Guitarra), com a participação especial dos Seistetos.

A música continua em evidência, no dia 16 de março, a partir das 16h, com o concerto comemorativo dos 25 anos da Música XXI. Nesta festa partilhada será o público o protagonista do encanto deste projeto, numa tarde em que estarão lá os velhos e os novos, o canto, a prosa, a poesia, a música e os músicos, o teatro e as vozes, com Vá-de-Viró, Outras Vozes, Al-Fanfare e DoisMaisUm.

Segue-se, no dia 19 de março, às 20h, stand-up comedy em inglês, com o nómada da comédia europeia, Victor Patrascan, que desafia as suas convicções com piadas hilariantes e perguntas provocadoras sobre temas como raça, religião, género e política. Com um set novo e piadas inéditas, Victor traz humor irreverente e sem filtros, perfeito para locais, expatriados e todos os que apreciam uma comédia sem tabus, num espetáculo não aconselhado a pessoas que se ofendem facilmente.

O circo contemporâneo sobe ao palco do Teatro Lethes, no dia 21 de março, às 21h, com «Heqet» da Companhia Absurda. A peça explora as consequências das ações humanas sobre o planeta, destacando as mudanças climáticas extremas. Inspirada na deusa Heqet e nas dez pragas do Egipto, a

história gira em torno das «servas de Heqet», originadas da praga das rãs, que evoluíram para uma espécie de «máfia» dedicada a curar o planeta Terra. Vivendo em um universo paralelo, elas enfrentam fenómenos climáticos como inundações e incêndios, percebendo que tais eventos são causados principalmente pelos humanos. A peça utiliza essa metáfora para questionar o comportamento humano em relação ao meio ambiente. Com direção artística e interpretação de Ariana Sebastião e Carolina Vasconcelos, tem cocriação e interpretação de Lia Vilão e Sofia Encarnação.

A dança solidária regressa ao Teatro Lethes, no dia 23 de março, às 16h. O espetáculo da responsabilidade de Nadhiyah Bellydance realiza-se pelo 11.º ano consecutivo numa missão solidária que juntará em palco diversas formas e

estilos de dança, através do empenho e dedicação de várias escolas e artistas convidados.

A 26 de março, às 10h30, há mais teatro espanhol direcionado para escolas, com «Y Fuimos Héroes», uma coprodução da La Nave Del Duende e da Karlik Danza Teatro. Uma história onde o poder da infância e o poder da maturidade se evocam e se complementam mutuamente. Para Joe-Joe, as segundasfeiras são aborrecidas, mas tudo muda quando Spider chega à escola. Joe-Joe refere-se a ele como «um grandalhão resplandecente», um rapaz alto e por vezes introvertido. Joe-Joe, que também é o mais forte da turma, tenta manter distância de Spider, mas, naturalmente, acabam por se tornar amigos ao enfrentarem juntos as provocações dos colegas, o medo do quadro-negro e do

professor. Esse laço, além disso, vai transformá-los em heróis das suas próprias histórias. Com texto de Maribel Carrasco e encenação de Cristina D. Silveira, a interpretação está a cargo de Jorge Barrantes e Juan Carlos Castillejo.

No Dia Mundial do Teatro, celebrado a 27 de março, o Teatro Lethes abre as suas portas ao público, convidando todos a conhecer este tesouro cultural de Faro. Inaugurado em 1845, este espaço histórico integra a «European Route of Historic Theatres», destacando-se pelo seu valor cultural e artístico. Neste dia especial, os visitantes poderão explorar o interior deste monumento único. Para enriquecer a experiência, estará disponível a produtora da ACTA, que partilhará histórias e curiosidades sobre o teatro, naquela que será mais uma oportunidade para descobrir este marco

da tradição teatral no Algarve e celebrar o teatro como uma expressão artística universal.

Março termina, a 29, pelas 21h, com o festejar dos 30 anos das Moçoilas, um projeto musical e afetivo muito acarinhado pelos algarvios e que, neste dia especial, levará a palco as vozes de quem cantou sempre do lado de lá, para um espetáculo maior, daqueles em que se comemora a vida, as memórias, o momento. “Não queremos perder nada do que fomos, tão pouco nos agarramos em demasia ao que é. A vida é uma brisa leve. Vamos cantando e bailando que, no fim, tudo bate certo”, afirmam Margarida Guerreiro, Teresa da Silva e Inês Rosa.

Já em abril, no dia 4, às 21h, e para celebrar os 180 anos do Teatro Lethes, abrem-se as portas ao pianista Raúl da Costa. Premiado em diversos concursos

nacionais e internacionais, conquistou, em 2016, o 1.º prémio e todos os prémios especiais no prestigiado concurso internacional ZF-Musikpreis. Desde muito novo tem marcado presença nas salas mais emblemáticas de Portugal, somando também êxitos em festivais internacionais de música e em palcos da Europa, dos E.U.A. e da Ásia. Paralelamente à sua carreira de solista, assumiu, em 2018, o cargo de Diretor Artístico do prestigiado Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim.

Mais música há no dia 11 de abril, a partir das 21h, com um concerto único em tributo a Paco de Lucía com três músicos de talento extraordinário, Xavier Coll, Luis Robisco e Alí Arango, que unem as suas guitarras à mestria de um dos mais brilhantes pares de Flamenco de Espanha, Carolina Morgado e José

Manuel Álvarez. A este encontro juntamse ainda as vibrações poderosas de Paquito Escudero, um dos mais excecionais percussionistas espanhóis. Juntos, apresentam um espetáculo vibrante e emocionante, que combina técnica, paixão e criatividade, interpretando obras icónicas de génios como Manuel de Falla, Federico García Lorca, Chick Corea e, naturalmente, do incomparável Paco de Lucía.

O Lethes Talk regressa, a 23 de abril, pelas 10h30, agora para celebrar e refletir sobre o 25 de Abril, explicando aos mais novos a importância da revolução de Abril de 1974 e destacando como esta data marcou profundamente a história de Portugal e o valor da liberdade conquistada.

A concluir o primeiro quadrimestre de 2025 há «Teatro às Três Pancadas» pela CENDREV. Uma trupe de saltimbancos caminha de terra em terra para apresentar o seu espetáculo e a música transforma o caminho em festa. Na carroça que puxam, transportam um mundo imaginário, onde não faltam reis, piratas, ilhas, guardas, palácios, magos, cortesãos, mendigos, camponeses… e o prazer irresistível de inventar o Teatro. «Serafim e Malacueco na Corte do Rei Escama», «As Três Abóboras» e «Os Quatro Pés do Trono» são peças do livro «Teatro às Três Pancadas», de António Torrado, inspiradas em histórias tradicionais e contos adaptados pelo autor em obras teatrais. A interpretação é de Beatriz Sousa, Fabrisio Canifa, Ivo Luz, Luís Bonito e Maria Marrafa, com encenação de Jorge Baião.

COMPANHIA DE ACTORES / SOU «ZERO.PONTO.ZERO» NO CINETEATRO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

SOU QUARTEIRA APRESENTOU

CINETEATRO LOULETANO

Cineteatro

Louletano acolheu, de 8 a 10 de janeiro, a peça «Zero.Ponto.Ze ro», da Companhia de Actores / Sou Quarteira, com encenação e texto de Ana Lázaro e interpretação de Cláudia Semedo.

Em «Zero.Ponto.Zero» convida-se os espectadores a entrarem num zeptosegundo, que é a bilionésima parte de um bilionésimo de segundo, ou seja, é a medida mais curta de tempo que existe. É também a medida de tempo que a Pioneira 0.0. demorará a abandonar a escola, se assim o decidir, uma opção que irá mudar o seu futuro, o percurso da sua vida, e de todos os outros com quem se irá cruzar e relacionar, numa rede infinita de pessoas e acontecimentos que surgirão a partir desse momento. Porque,

tal como ela aprendeu, cada gesto pequenino pode mudar o rumo de acontecimentos em cadeia, que podem ir daqui até ao outro lado do mundo. Por exemplo, a destruição dos Recifes de Coral na Austrália faz subir o nível do mar, que por sua vez provoca a erosão nas praias, que põe em risco a casa onde vive a Pioneira 0.0. e o parque onde brinca com os amigos.

Ana Lázaro lembra que “as coisas que fazemos e dizemos uns aos outros podem parecer pequeninas, mas têm consequências gigantes”. “Por isso, há muitos caminhos dentro da cabeça da Pioneira que ela pode seguir, muitos Universos de possibilidades. Desistir? Ir trabalhar? Ficar paralisada? Estudar? Mas, por enquanto, nada disto aconteceu. Por enquanto, estamos no momento zero, com ela, presos na partícula de tempo onde tudo pode acontecer”, descreve a encenadora.

EXPOSIÇÃO «TRAJE 1930» PATENTE NO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

«TRAJE BURGUÊS 1840NO MUSEU DO TRAJE

Museu do Traje, em São Brás de Alportel, inaugurou, no dia 10 de dezembro, a exposição

«Traje Burguês 1840-1930», que mergulha no fascinante mundo do traje burguês na região durante este período de profundas transformações sociais, culturais e económicas. Durante estas décadas, a burguesia algarvia passou a destacar-se como uma nova classe social, impulsionada pelo crescimento do comércio e pela expansão das atividades ligadas à pesca, agricultura e, em São Brás de Alportel, pelo crescimento da indústria da cortiça.

A moda da burguesia era fortemente influenciada pela sofisticação europeia, com trajes que refletiam o desejo de distinção e modernidade. Durante a segunda metade do século XIX, as

silhuetas femininas eram adelgaçadas por corpetes e envoltas em saias volumosas, enquanto os homens adotaram o fraque e o colete como símbolos de respeito e estatuto. Os trajes femininos do início do século XX mostram a transição para linhas mais soltas e confortáveis, refletindo mudanças nos papéis sociais e avanços nas técnicas de confeção, enquanto o fraque se consagrou numa peça essencial do vestuário masculino.

Ao percorrer esta exposição, o visitante poderá apreciar o desenvolvimento das formas, tecidos e adornos da época. Cada peça selecionada revela, não apenas a estética de seu tempo, mas também as aspirações, restrições e o contexto social do Algarve burguês. É um universo de elegância e transformação, onde o vestuário foi uma linguagem que traduziu as ambições e identidade de uma classe em ascensão, deixando um legado para a história da moda e da sociedade algarvia.

Do envelhecimento

Eu sou a dureza desses morros revestidos, enflorados, lascados a machado, lanhados, lacerados. Queimados pelo fogo Pastados

Calcinados e renascidos.

Cora Coralina

enho uma amiga muito querida que um dia me disse: não pretendo fazer plástica porque cada ruga conta uma história. Admiro-a por isso e por muitas mais coisas, no entanto não sei se quero, no meu rosto, tanta história. Envelhecer não é fácil, pelo menos para grande parte das pessoas e, posso falar por mim, é um assunto que me assusta, mesmo já estando na tal meia-idade, se considerarmos que uma idade cheia corresponde a 100 anos. Lembro-me da primeira vez em que fui tratada por senhora. Quase tive uma coisinha ruim. Estava numa aula de pilates e eis que a professora se vira para a turma e diz: aquela senhora ali atrás não esteve na última aula. Eu olhei para trás, onde só estava o espelho e dei-me conta de que a senhora era eu! Na altura tinha 40 e poucos, na flor da juventude e vem aquela criatura tratar-me por senhora. Foi um duro golpe na minha

vaidade, pois todos queremos ser, ou aparentar, uma juventude que, sabemos, tem data de validade. Quando entrei na menopausa meu ginecologista disse que eu estava a entrar no outono da vida. Troquei de ginecologista. Sei que a minha troca não significa que eu não esteja no outono, ou beirando o inverno ou qualquer que seja a estação que indique que já estou na metade da minha vida (sim, porque pretendo passar dos 100). Mas a troca significa, para mim, resistência. Resistência em aceitar a idade, apesar de não parar os sinais da velhice que vão aparecer, pois o tempo, e as marcas de senilidade, não perdoam. Quando a minha mãe estava no hospital, na semana antes de morrer, estive com ela. Fui falar com as enfermeiras, porque ela queria sair da cama e ouço-as perguntar se era a velhinha do 705. Minha mãe jamais encarnou este epíteto –velhinha. Pode ter envelhecido, mas fê-lo com muita classe até qua a doença tirasse de si a possibilidade de responder, como ela certamente faria, cheia de sarcasmo,

mas com muito bom-humor, que velhinha devia ser a senhora mãe das enfermeiras. Apesar de ela ter sempre brincado com a ideia da idade. Um dia lhe perguntaram quantos anos ela tinha, ao que respondeu: meu filho, eu sou tão velha que fui garçonete da ceia larga! Provavelmente o perguntador não fazia ideia do que era a ceia larga (ou Santa Ceia), porque a idade nunca lhe tirou a inteligência e a sagacidade. Mas não sou minha mãe, apesar de muitas vezes vê-la sair da minha boca quando falo com o filho. Não tenho bom humor ao responder quantos anos faço ou fiz. Sei

que numa hora qualquer hei de me reconciliar com isso, a tal idade, mas por enquanto, alimento essa querela, resistindo. Ainda não fiz plásticas, mas não sou avessa à ideia de vir a fazê-las. E não é pela imagem que projeto para fora, mas é pela imagem que vejo ao espelho e que se recusa, firmemente, a ser uma senhora. Ou a estar em pleno outono da vida.

Foto: Isa Mestre

As tendências do empreendedorismo para 2025

Fábio Jesuíno, empresário

empreendedoris mo destaca-se como um dos principais motores do desenvolvimento social, impulsionando a criação de empregos e promovendo a inovação. Nesse contexto, consolida-se como uma das estratégias mais eficazes para enfrentar crises económicas e fomentar o progresso.

Agora é o momento de olhar para o futuro e antever os caminhos que o empreendedorismo poderá trilhar em 2025.

Empreendedorismo sustentável

O empreendedorismo sustentável está ganhando relevância à medida que os consumidores se tornam mais conscientes do impacto ambiental de suas escolhas. Empreendedores que oferecem produtos e serviços sustentáveis estão encontrando uma demanda crescente.

A busca por uma melhor qualidade de vida está se tornando cada vez mais prevalente na sociedade, ganhando importância globalmente. Diversos movimentos e grupos relacionados à

sustentabilidade estão se destacando na opinião pública. Dadas as mudanças climáticas e suas consequências para nossas vidas, é inevitável uma maior ênfase na preservação do ambiente no futuro, visando uma abordagem mais sustentável.

Neste cenário, destacam-se negócios focados em alimentação saudável e orgânica, atividades físicas e iniciativas de reciclagem.

Empreendedorismo Colaborativo

O Empreendedorismo Colaborativo está em crescimento e considero uma das principais tendências nos próximos anos, devido à necessidade de maior cooperação entre empreendedores para obterem melhores resultados.

Este tipo de empreendedorismo consiste numa estratégia de cooperação em que uma rede de empreendedores, com objetivos comuns, partilha recursos, ideias e soluções, fortalecendo os negócios de forma conjunta e mais sustentável. Em vez de atuarem isolados, os empreendedores colaboram entre si para resolver problemas, desenvolver projetos e trocar serviços ou indicações de clientes, criando um ecossistema empreendedor mais robusto e inovador.

Esse modelo baseia-se em redes horizontais e na confiança entre os participantes e o estabelecimento de parcerias estratégicas. Exemplos incluem plataformas de crowdfunding onde empreendedores podem obter financiamento coletivo para os seus projetos, ou espaços de coworking fomentam a partilha de conhecimentos e oportunidades.

Empreendedorismo Compartilhado

O Empreendedorismo Compartilhado é caracterizado pela divisão do uso de bens e serviços entre várias pessoas. Nesse modelo, o acesso é preferido em vez da posse. É comum em serviços peer-to-peer (P2P), onde indivíduos compartilham ativos subutilizados, como casas ou carros, em troca de remuneração. Alguns exemplos são o Airbnb (arrendamento de acomodações) a Uber (transporte compartilhado) e plataformas de venda de itens usados, como OLX.

Este tipo de empreendedorismo está cada vez mais forte devido às mudanças

de comportamento da sociedade que valoriza a sustentabilidade, a economia colaborativa e a otimização de recursos. Além disso, a tecnologia desempenha um papel crucial ao facilitar ligações entre utilizadores e fornecedores, tornando a partilha mais acessível e eficiente. Assim, o empreendedorismo compartilhado não só transforma a forma como consumimos, mas também promove um modelo econômico mais inclusivo e consciente.

Estas são as três tendências que vão fazer a diferença em 2025 na área do empreendedorismo e impulsionar a criação de negócios.

A ponte nova Sílvia Quinteiro, professora

aro é uma cidade imprópria para os que procuram aventura, novidade, agitação... Na capital algarvia, nada acontece, e pouco há para fazer. Um paraíso para quem anseia por uma vida sem sobressaltos. A certeza de que o dia seguinte será igual ao anterior.

Perguntar-se-ão os mais irrequietos: o que fazem os farenses nos tempos livres? Relaxam, claro. No máximo, dão «uma voltinha». As alternativas são bem conhecidas de todos: umas piscinas na Rua de Santo António, uma ida ao centro comercial e o clássico passeio à ilha de Faro. Aos fins de semana e feriados, não falha. E não se pense que é só no verão. No resto do ano, vai-se para matar as saudades dos bons momentos ali passados. Suspira-se pelo regresso dos dias de calor.

Na verdade, tudo nos serve de desculpa para ir até lá. Vamos almoçar à praia. Vamos tomar um cafezinho. Vamos comer um gelado. Vamos fazer uma caminhada. Ou vamos, simplesmente, ver o mar.

Deslocamo-nos de todas as maneiras possíveis: de carro, de bicicleta, de autocarro, de táxi, a pé. Uma verdadeira romaria.

Atravessada a ponte, é ver um mar de gente sentada nas esplanadas, dentro dos carros, nos muros, na areia... Os figurinos variam: os atletas apresentamse com roupa de treino; os que só de pensar em exercício ficam cansados, mas têm preguiça de se arranjar, também; os descontraídos alinham num estilo casual; e os que acreditam que está toda a gente a olhar para eles aperalvilham-se, andando por ali entalados dentro de pesados casacos de fazenda e botas de cabedal de cano alto.

Qualquer que seja a opção, o que interessa é ir dar a voltinha à praia. Não interessa como, nem porquê. E isto lembra-me o «Ti Vitor», um homem que viveu sempre nas Gambelas. Quando o convidavam para ir à ilha, respondia que não ia “lá buscar nada”. E nunca foi.

Aos que vão, a ilha oferece duas paisagens distintas. De um lado, a vista para a cidade, para o aeroporto. Pequenos barcos ancorados. Fundem-se o verde e o azul escuro, formando um tom acinzentado que se dilui na vegetação lá ao fundo, onde se avista um bairro de lata sobre rodas (ignoremos este detalhe para não estragar o panorama). Do outro lado, o azul claro do mar e do céu, o dourado da areia e da água pintada pelo sol que se põe. A linha ténue do horizonte. Inspira-se o ar húmido e salgado da rebentação.

Aguarda-se o momento instagramável do dia.

Pelo menos, era assim até há bem pouco tempo.

Hoje, ao cruzar a ponte, apercebi-me de um número invulgar de pessoas concentradas logo à entrada. Quase todas de costas voltadas para as ondas, a olhar na minha direção. Virei-me para trás para tentar perceber o que atraía a sua atenção. E não vi nada. Pelo menos, nada diferente do habitual.

Decidida a perceber o que se passava, caminhei até o local onde se encontravam para ter a mesma perspetiva. A visão não era muito diferente. Valeram-me as conversas como legenda:

- Está bonita, sim senhor!

- É muito estreita. Devia ter mais uma faixa.

- Está aqui uma bela obra!

- Ficava melhor em verde.

Não há munícipe que não tenha opinião sobre a nova ponte para a ilha. Questões técnicas, estéticas, financeiras... Nada lhes escapa. Discorrem sobre os mais variados detalhes.

Concluo que há, em cada português, um engenheiro e um comentador televisivo que se perdeu. Somos autênticos especialistas em especialidades.

Apurando o ouvido, percebo que, de um modo geral, aprovam a obra feita, mas as vozes mais audíveis são as dos incontornáveis profissionais do contra. Seja ponte, passadeira, rotunda, estádio, escola ou hospital, terão sempre um ar entendido e uma pedra para atirar.

Reparo numa mulher sentada no muro. Cigarro numa mão, trela na outra. Olhos fixos na ponte. Absorvida nos seus pensamentos. Nada a parece perturbar.

Sento-me também. Observo a obra. Imagino que possa estar tão incrédula quanto eu. Talvez também ela tenha jurado mudar de nome caso um dia visse a ponte feita. Maria é demasiado normal, Ana não tem impacto, Valentina denuncia a idade, Luna soa a modernice, Letícia a protagonista de telenovela….

Que maçada! Qual era a pressa?

Algarve: PPP sim, PPPs não.

Paulo Neves, «Ilhéu» (mas nenhum homem é uma ilha)

esde 2008, com a adjudicação então realizada (à Teixeira Duarte, Construções) da PPP (Parceria Público-Privada) para a construção e manutenção do NHCA (Novo Hospital Central do Algarve) no Parque das Cidades (Faro-Loulé) que nos mantemos no mesmo. Esperando que seja desta que a obra se concretize.

Estou seguro que em abril do corrente ano (já poderia ter sido em abril do ano transato, mas a surpresa política na interrupção da governação inviabilizou esse desiderato) um novo concurso será lançado para substituir aquele que (por causa do período da troika) se gorou em 2011 e assim com a revisão/atualização do respetivo Programa Funcional.

A maioria de nós sempre compreendeu que uma PPP para a construção e manutenção da infraestrutura seria a medida possível sem impactar nas contas públicas anuais, mormente porque outras (5) unidades hospitalares no país estão previstas de arrancar. Também sabemos que este modelo, com pagamento de rendas e respetivos juros a 30 anos de vista, vai tornar-se um encargo corrente maior, face à alternativa de obra pública… mas diluído no tempo para as contas futuras.

Enfim, preocupa-me o contexto de custos acrescidos ainda pois que «investir» em simultâneo em tamanhas infraestruturas/equipamentos ao mesmo tempo que as obras do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) estão também a ser executados, já sabendo o «aquecimento de preços» provocado por tantas empreitadas coincidentes, acrescendo as dificuldades de recrutamento de mão de obra conhecidas, terá como resultado que alguns dos procedimentos concursais fiquem desertos e outros, por tanta pressão, mais caros. É o mercado.

Portanto, também ideologicamente, sei o que esperar num processo dificílimo de conduzir. Neste caso: NHCA em PPP, sim.

Verdade que, como escrevi em artigo publicado em novembro de 2018 («Inventar a roda?»*), há alternativa, aliás ajudei a comprovar isso mesmo na antecipação de ganhos em saúde e mormente na garantia de acrescento de segurança na prestação de cuidados durante o mandato em que fui corresponsável pelos investimentos (2020-2024) no CHUA/ULS Algarve, mas não vale a pena progredir neste argumento, pois somos ricos e teimar em pensar que tenho razão sozinho e os outros é que estão todos errados não é inteligente.

No entanto, o Governo saído das últimas eleições permite inferir do seu programa que esta PPP, além da construção e manutenção, pode derivar a

seguir para outra PPP da sua exploração e gestão clínica por privados. Repristinando um modelo que a legislação veio a afastar depois das PPPs assim antes realizadas

Foto: João Neves dos Santos

(em Cascais, Vila Franca de Xira, etc). É um caminho legítimo.

Devo aliás declarar que não me provoca uma entorse ideológica contrário de princípio (atentos alguns cuidados que o Tribunal de Contas também ressalvou, concluindo globalmente por equilibrado para o interesse público nos resultados comparados com os hospitais geridos no SNS).

Pois, mas o meu foco agora, em síntese, é que a aplicação deste modelo (gestão privada da exploração de um hospital do SNS em PPP) no Algarve pode ser muito pernicioso aos cidadãos necessitados de cuidados e, ainda, não trazer vantagem comparativa face à atual situação de gestão pública direta.

Clarificando. Concordo que na grande Lisboa e no grande Porto (áreas metropolitanas), onde coexistirão, como no passado, hospitais sob gestão PPP e outros de grande referência na esfera pública do SNS, os contratos de gestão hospitalar a privados tenderão a ser equilibrados e garantidos na sua execução e cumprimento pela existência dos grandes hospitais de referência do SNS (vulgo, para facilitar a explicação, os exemplos do Hospital Santa Maria ou do Hospital S. João e outros (S. José, Sto. António…).

Ora, no Algarve, se não houver hospitais de referência universitários com diferenciação clínica e continuidade de investimento adequado (FaroLoulé/Portimão) porque o Estado vai suportar, em PPP, a contratualização da exploração do novo Hospital Central,

precisamente a um privado, antecipo que os atuais vão resvalar para prestar os cuidados gerais, para os necessitados (transformados em hospitais de retaguarda) e definhar nos investimentos e na captação de recursos clínicos e em declínio progressivo. Pensar o contrário é insistir «que somos ricos» e ainda vamos passar a ser mais ricos ainda nos recursos públicos disponíveis para suportar tudo isto).

No caso, pedindo para se rever as preocupações do que antes aqui escrevi sobre «PPP, sim», atemoriza-me, também, a ideia de não se estar a resistir à tentação de engordar o interesse das PPPs no Algarve com a inclusão de obras e a aquisição de equipamentos e ainda a prestação de serviços de radioterapia/radioncologia e pet tac anuais que estavam previstos antecipar em paralelo**, mas já pelo SNS.

Quero assumir, por quem foi administrador em hospitais privados e depois nos públicos, que, numa contratualização, o privado (assim investido num quase monopólio público regional) condicionará sempre na definição e no acesso, preço e dos episódios que vai prestar em preferência face ao que recebem (do Estado, todos nós, enquanto contribuintes) com os recursos que administra.

Crónicas em Sol Maior

Valentim Filipe, músico, professor aposentado e dirigente associativo

ecidi hoje, aos primeiros dias deste ano de 2025, escrever algumas crónicas sobre temas que de certo modo tenho acompanhado ou até vivenciado ao longo da vida e que por uma razão ou outra me prenderam mais que outras que me passaram pelo menos parcialmente ao lado.

E porquê crónicas em Sol maior e não em Dó, Ré, Mi, ou outra qualquer nota da escala musical? Como facilmente se percebe, trata-se de um trocadilho e a escolha desta nota simboliza o sol algarvio, sem dúvida o mais bonito do universo, o que teima sempre em aparecer mesmo que por alguns segundos até nos dias de invernia e, sem dúvida, um dos grandes responsáveis por

eu dizer muitas vezes (brincando a sério) de que o que mais gosto das outras terras é a estrada para o Algarve.

Cultura como agente local, Educação como professor aposentado, Associativismo como dirigente e Desporto como ex-atleta federado, são certamente as áreas onde me quedarei opinando, lembrando situações diversas e, se necessário, denunciando.

Não tenho qualquer plano temporal nem timing programado para a exposição destas considerações, já que habitualmente escrevo por impulso, mas sei que, sendo viciante a atividade de escrever, estas podem vir a brotar a um ritmo do qual não tenho neste momento noção prevista.

Até para a semana.

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