Museu de Vila do Bispo
ÍNDICE
Campus de Portimão da Universidade do Algarve deu mais um passo (pág. 12)
Motorpor abriu instalações em Faro (pág. 20)
Grupo Libertas lançou Lux Garden EVO em Faro (pág. 26)
Ministra do Ambiente visitou Arcaya em Quarteira (pág. 32)
Videovigilância chega a Albufeira (pág. 38)
Exposição no Edifício Al-Faghar dá a conhecer o futuro de Portimão (pág. 44)
Vila do Bispo prestou homenagens e inaugurou Ecovia e Ciclovia (pág. 56)
Um ano de Museu de Vila do Bispo - Celeiro da História (pág. 70)
Damas da Noite, uma farsa de Elmano Sancho no Centro Cultural de Lagos (pág. 94)
OPINIÃO
Paulo Cunha (pág. 104)
Mirian Tavares (pág. 106)
Fábio Jesuíno (pág. 108)
Nuno Campos Inácio (pág. 110)
Sílvia Quinteiro (pág. 112)
Paulo Neves (pág. 114)
Valentim Filipe (pág. 116)
Campus de Portimão da Universidade do Algarve é para estar pronto no final de 2028
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Edifício AlFaghar, em Portimão, foi palco, no dia 21 de janeiro, da Cerimónia Pública de Assinatura do Protocolo entre o Município de Portimão e a Universidade do Algarve que visa definir os termos de colaboração entre ambas partes, tendo por objetivo a construção do Campus de Portimão da
Universidade do Algarve, na zona do Barranco do Rodrigo.
O futuro núcleo de desenvolvimento vai integrar diversas infraestruturas que pretendem responder às necessidades de diferentes gerações e reforçar a atratividade territorial da cidade. Este projeto insere-se na estratégia de desenvolvimento do município, em alinhamento com a revisão do Plano Diretor Municipal atualmente em curso, e
integra a criação de um novo polo da Universidade do Algarve, incluindo residências para estudantes; a construção de um complexo de piscinas com especificações de treino e competição, campos de desporto ao ar livre e uma pista de tartã; a implementação de um parque urbano icónico e de grande escala, promovendo um espaço de convívio e lazer para a comunidade; e a construção de uma creche e de uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, oferecendo apoio essencial às famílias e fomentando relações intergeracionais para o bem-estar físico e emocional de todos. “Este terreno tem perto de 38 hectares, vamos ceder 30 mil metros quadrados para a Universidade do Algarve e estaremos sempre disponíveis para, em colaboração com a Academia e a CCDR
Algarve, arranjarmos mais espaço se for necessário”, declarou Álvaro Bila.
Para o presidente da Câmara Municipal de Portimão, a instalação de um novo campus universitário na cidade não beneficia apenas este concelho, mas toda a região, em particular o barlavento algarvio, daí a satisfação por se ter chegado a bom-porto neste processo. “O Campus Universitário de Portimão já devia ter nascido, por isso, não há lugar para mais atrasos e, no final de 2028, queremos que ele seja uma realidade. É para isso que nos temos empenhado e, ao mesmo tempo que vamos fazendo o plano de alteração deste local, iremos também colocar em marcha o concurso para a elaboração do projeto”, anunciou o edil portimonense, lembrando que “este lote estava destinado para acolher uma grande superfície
comercial, mas Portimão quer que seja um campus universitário, para trazer para o concelho mais conhecimento e valor acrescentado” “Tenho que dar os parabéns ao nosso vereador José Cardoso e à sua equipa, bem como ao arquiteto José Pacheco, vice-presidente da CCDR Algarve, pelo contributo que tem dado para que este processo se concretize. Estamos em contagem decrescente para que a nossa juventude também possa prosseguir os seus estudos superiores em Portimão”, destacou.
Satisfeito com a assinatura do protocolo estava, igualmente, o Reitor Paulo Águas, “porque isto é bom e necessário para a região”. “A Universidade do Algarve tem a sua sede em Faro e funciona também há 32 anos em Portimão, mas a situação em que estávamos não tinha
futuro. Neste momento existe um CTeSP (Curso Técnico Superior Profissional), numa parceria do Instituto Superior de Engenharia com a Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo, mais três licenciaturas e um mestrado, totalizando mais de 400 estudantes. Já tivemos 600 estudantes no polo de Portimão, um número que se devia ao regime noturno”, descreve Paulo Águas.
Atualmente, a capacidade instalada da Universidade do Algarve em Portimão em regime diurno está totalmente ocupada, havendo alguma folga no regime noturno, mas o seu número de alunos reduziu em relação ao passado, o que é fácil de explicar para o Reitor. “Hoje, uma maior percentagem de jovens tem a possibilidade de dar continuidade aos seus estudos, o que não acontecia há
uns anos atrás. Esse público mais adulto que não tinha formação superior está, naturalmente, a reduzir-se, embora continue a haver ofertas para atualizações”, indicou Paulo Águas, que admite que “não estamos a servir de igual forma todo o Algarve”. “Temos consciência de que tem que haver centralidades, não podemos desenvolver cursos em cada rua, porque
funcionamos essencialmente com dinheiros públicos. Com as dotações que a Universidade do Algarve tem, precisamos de escala, o país não tem recursos para suportar abordagens diferentes. Ora, como a nossa atividade está concentrada em Faro, há muitos estudantes do barlavento que terão que ser deslocados, caso tenham possibilidades financeiras para tal.
Verifica-se, por isso, uma enorme assimetria entre a percentagem de estudantes que conclui o secundário nos concelhos de Portimão, Lagos, Silves e Lagoa e que depois ruma ao ensino superior, em relação aos seus colegas dos concelhos vizinhos de Faro”, analisa.
Perante este cenário, há cerca de dois anos foi firmado um memorando de entendimento entre a Universidade do Algarve e o Município de Portimão para que nascesse um novo Campus Universitário nesta cidade, “porque nas próximas décadas vamos necessitar de continuar a qualificar e a criar conhecimento, temos que formar os nossos jovens e os menos jovens”. “Há 30 anos lançamos uma semente, temos muitas raízes em Portimão, mas não
conseguimos criar um tronco, e é isso que este projeto nos vai dar. E, três anos após a conclusão do edifício, ambicionamos chegar aos 1.500 estudantes. Quanto à oferta formativa, é prematuro estarmos já a submeter cursos para 2029”, entende o Reitor, acrescentando, contudo, que a ideia é apostar-se na área das tecnologias. “Houve a visão da CCDR Algarve na construção do Algarve 2030 para alocar verbas para estas finalidades, há um aviso a que vamos submeter a candidatura, em princípio no mês de fevereiro, mas a sua dotação financeira é insuficiente. Temos os pés assentes na terra, na certeza de que, envolvendo a universidade, o município e a tutela, o processo se vai concretizar”, concluiu o Reitor da Universidade do Algarve.
Motorpor abriu novas instalações em Faro e investe 5 milhões de euros no Algarve
Texto: Daniel Pina
Motorpor inaugurou, no dia 16 de janeiro, as suas novas instalações em Faro, onde passam a estar representadas sete marcas automóveis. Esta aposta no Algarve encerra um ciclo de três anos de forte investimento na região, com um valor da ordem dos 5 milhões de euros.
O novo espaço, com uma área total de 9 mil metros quadrados, dos quais 3 mil e 400 correspondem à área de construção, inclui showrooms de cada uma das
marcas representadas pela empresa no Algarve (Fiat/Fiat Profissional, Abarth, Peugeot, Opel, Citroën, Jeep e DS). Adicionalmente, a Motorpor conta com um novo edifício onde dispõe de uma unidade de colisão, um centro de peças, um centro logístico de viaturas e, a curto prazo, um centro de formação.
A cerimónia de inauguração contou com a presença de mais de 200 convidados e de várias personalidades ligadas ao universo algarvio e ao mundo automóvel, incluindo o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, e o country manager do grupo automóvel Stellantis em Portugal, Pedro Lazarino. O
Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, que não pode estar presente, gravou e enviou um vídeo de felicitações. “Este investimento constitui um marco significativo na estratégia de expansão da empresa a nível nacional e no reforço da nossa presença na região algarvia, onde queremos continuar a ser um fator de modernização, de inovação, de criação de emprego e de oferta de soluções inovadoras de mobilidade sustentável”, declarou o CEO da Motorpor, Manuel Coutinho. “Criámos já cerca de 45 postos de trabalho adicionais no Algarve e, em breve, teremos novidades em Portimão, com o objetivo de dotar o Barlavento algarvio das instalações e condições de serviço mais adaptadas às necessidades dos nossos clientes”, acrescentou.
A abertura das novas instalações em Faro assinala também o arranque da primeira concessão no Algarve da DS Automobiles, a marca automóvel premium do grupo Stellantis, que se caracteriza pela sofisticação, pelo design, pela inovação tecnológica e pela vontade de proporcionar aos clientes experiências únicas e personalizadas. Para assinalar a ocasião, os convidados tiveram oportunidade de apreciar, em primeira mão, o novo modelo DS N.º 8, a primeira criação 100 por cento elétrica da marca que oferece uma autonomia combinada de 750 quilómetros, incluindo mais de 500 quilómetros em autoestrada. Este modelo, ainda não apresentado oficialmente, só deverá entrar em fase de
comercialização em Portugal no segundo trimestre do ano.
Antecedendo a inauguração das instalações, foi assinado um protocolo entre a Motorpor e o CEPRA – Centro de Formação Profissional de Reparação Automóvel para a abertura de um polo de formação da área técnica automóvel no Algarve. O contributo da Motorpor é a cedência das instalações, bem como a realização das necessárias obras de adaptação. O primeiro curso, na área da reparação de carroçarias, com a duração de sete meses, arrancou no dia 20 de janeiro com 14 formandos, sendo que o número de candidatos ultrapassou os 60.
“Estamos convictos que este novo centro de formação servirá, não só à Motorpor, mas também toda a região da necessária capacidade técnica que é tão fundamental num setor em transformação profunda”, afirmou Manuel Coutinho.
O Grupo Motorpor conta atualmente com 269 colaboradores a nível nacional, tendo fechado o ano de 2024 com uma faturação próxima dos 100 milhões de euros. No mesmo período, vendeu mais de 3 mil viaturas novas e mais de 1.800 viaturas usadas, totalizando perto de 5 mil unidades.
Grupo Libertas lançou primeira pedra do Lux Garden EVO em Faro
Texto: Daniel Pina
Grupo Libertas arrancou, no dia 16 de janeiro, com a construção do projeto Lux Garden EVO, em Faro, com conclusão prevista para o final de 2026. O futuro empreendimento dará lugar a um novo conceito de luxo e conta com 6 pisos e 117 habitações, de tipologias T1 a T3, projetadas pelo arquiteto Tiago Palmela, do gabinete TIP.
O Lux Garden EVO, que resulta de um investimento da Libertas de 30 milhões de euros, é um condomínio privado que
reflete a fusão perfeita entre estética e funcionalidade, e é uma evolução do seu antecessor, o já conhecido Lux Garden. O lançamento da primeira pedra foi marcado pela plantação de árvores no terreno do empreendimento, pelas mãos da equipa Libertas e de clientes que já compraram frações, que vão compor os jardins e as amplas áreas verdes, com mais de 2 mil metros quadrados, do Lux Garden EVO, o que reforça o forte compromisso do grupo no que toca à sustentabilidade.
Com este novo projeto, a Libertas assina a construção de cerca de 450 apartamentos, só nesta zona de Faro
junto ao Forum Algarve e onde pretende continuar a investir, o que solidifica a pegada empreendedora deste que é um dos principais players imobiliários a atuar no sul do país, há mais de duas décadas. As vendas do Lux Garden EVO registaram uma enorme procura, na primeira fase, que estava praticamente esgotada, pelo que a Libertas já abriu uma segunda fase para comercialização de mais frações. “O projeto foi idealizado ao detalhe e é extremamente apelativo pelas características exclusivas que apresenta. Adicionalmente, está em linha com as principais tendências do setor imobiliário, em 2025 e nos próximos anos. Questões como a
sustentabilidade, a flexibilidade e a personalização são fatores-chave nesta área e estão espelhados neste novo condomínio, todos eles aspetos que o nosso grupo tem vindo a valorizar crescentemente e que vão ao encontro do que os moradores e investidores procuram cada vez mais”, refere Pascal Gonçalves, administrador da Libertas.
As áreas comuns e ampla zona exterior são o ex-líbris deste condomínio privado, onde os residentes poderão usufruir de várias comodidades como receção, zona lounge, área de coworking e coliving, piscina de água salgada aquecida, anfiteatro exterior, ginásio indoor, sauna,
zona infantil, entre outras facilidades. Em pleno coração do Algarve, com uma localização privilegiada, o Lux Garden EVO oferece o melhor de Faro: a proximidade ao mar e às serras, o fácil acesso a escolas e a todos os serviços, como hospitais, comércio e áreas de lazer. Este condomínio urbano, que combina conforto e serenidade, está a ser construído pela Ecoárea, empresa do Grupo Libertas.
A sustentabilidade é um dos pilares deste empreendimento que integra soluções ecológicas inovadoras, que passam pela escolha de materiais ecofriendly até à preocupação com a eficiência energética. Todas as frações foram projetadas para alcançar as classificações energéticas mais altas (A ou A+) e eficiência hídrica AQUA+, reforçando o compromisso do Grupo Libertas nesta temática, sendo a única
promotora imobiliária portuguesa com a certificação ambiental ISO 14001, desde 2008.
Para a decoradora Sandra Pinto do gabinete Texturas, responsável pela decoração do andar modelo que foi apresentado, o desafio era criar um ambiente em que “o contemporâneo encontra o descontraído e o funcional, proporcionando um refúgio de leveza para quem vive no ritmo da cidade”. “Inspirados pela dinâmica urbana, mas com a intenção de criar um espaço relaxante, concebemos uma decoração que harmoniza sofisticação e conforto. O resultado é um ambiente que acolhe com naturalidade, utilizando elementos como madeiras, mármore, alumínio e tecidos texturizados, estrategicamente combinados para conferir equilíbrio e personalidade”, descreve.
Arcaya reflete a aposta da Bondstone num modelo de construção sustentável
Texto: Daniel Pina
Bondstone, sociedade gestora de fundos portuguesa, recebeu, no dia 17 de janeiro, a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, durante a sua visita ao concelho de Loulé para conhecer as boas práticas e políticas da Ação Climática do Município. Uma deslocação ao Algarve que incluiu uma passagem pelo Arcaya,
um empreendimento residencial que promete liderar a transformação sustentável no Algarve. “Esta visita representa uma oportunidade para reforçar a importância da colaboração entre o setor privado e o setor público na promoção de práticas mais sustentáveis, essenciais para um futuro mais equilibrado. No Arcaya, procuramos precisamente liderar essa transformação no setor imobiliário, redefinindo os padrões de eficiência energética e sustentabilidade na
construção de projetos residenciais inovadores”, afirmou Paulo Loureiro, CEO da Bondstone.
Localizado nos terrenos da Quinta do Morgadinho, em Vilamoura, numa área de 70 hectares, o Arcaya reflete o compromisso com a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética. De entre as boas práticas utilizadas neste projeto, o objetivo é criar um território resiliente e sustentável, com destaque para a gestão eficiente da água, para a reflorestação e para a construção sustentável. No que se refere à gestão eficiente de água, num terreno com dois cursos de água sazonais, é utilizada uma técnica de paisagismo para maximizar a
infiltração natural, através da preparação do terreno para absorver e reutilizar toda a água da chuva, através de sistemas de reaproveitamento de águas pluviais nas ruas e rotundas do empreendimento, bem como nas casas.
Também a reflorestação é um dos eixos da sustentabilidade do Arcaya, que através da regeneração florestal e plantação de espécies autóctones promove a biodiversidade e a criação de um território mais resiliente. O projeto prevê um aumento de 30 por cento do número de árvores, através da plantação de 1.856 árvores e da preservação de 2.225 árvores. O sistema de rega otimizado permite uma poupança de
água na ordem dos 40 por cento face a um sistema de gota a gota corrente.
Assente num modelo de construção sustentável, cada detalhe do Arcaya foi pensado para promover um estilo de vida em harmonia com a natureza, seguindo práticas inovadoras com foco na preservação dos ecossistemas e com recurso à utilização inteligente da água e dos recursos energéticos. As vilas integram soluções de construção passivas e ativas, funcionando como refúgios climáticos com baixo consumo de energia, nomeadamente a ventilação natural cruzada, com espaços com duplo pé direito, as coberturas verdes, as pérgulas, a plantação estratégica de árvores e a utilização de painéis fotovoltaicos, que permitem um sistema eficiente de reaproveitamento de águas,
com reservatórios de água de 3m3 de águas cinzentas e 10m3 de águas pluviais e tratadas. Além disso, a utilização de materiais naturais e a construção a seco e off-site adotada no Arcaya minimizam o impacto ambiental, a redução de resíduos e garantem um maior controlo de qualidade, contribuindo para uma pegada de carbono mínima.
Terracotta, Timber e Sand são as três casas de assinatura da primeira fase de lançamento do Arcaya, projeto de arquitetura e paisagismo da Batlleiroig e design de interiores da Andrez Andrez Interiors que explora linhas minimalistas acolhedoras e combina, harmoniosamente, tons orgânicos suaves com o cenário natural envolvente. Com 240 metros quadrados de área bruta de construção, cada tipologia é composta
por dois pisos, tem até quatro quartos e conta com a opção de personalização de acordo com as preferências dos futuros moradores. O espaço interior prolonga-se para o exterior, com amplas áreas de jardim e terraços, piscina privada, zona de estar e de refeições, garantindo as condições ideais para desfrutar da natureza envolvente. O projeto contará ainda com um Clubhouse com ginásio, wellness center, restaurante, coworking, concierge, bem como uma oferta alargada de serviços essenciais para o quotidiano como mercearia, lavandaria e aluguer de bicicletas.
O Arcaya fica localizado no Triângulo Dourado, apenas a 5 minutos de distância da vida urbana e eventos sociais, de praias magníficas, dos famosos campos
de golfe e da Marina de Vilamoura, proporcionando o equilíbrio perfeito entre um refúgio tranquilo e a sofisticação cosmopolita.
Segurança em Albufeira reforçada com novo sistema de videovigilância
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
erca de cinco anos após a assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de Albufeira e a GNR, o Sistema de Videovigilância de Albufeira foi oficialmente inaugurado no dia 20 de janeiro. As 65 câmaras que integram este sistema já se encontram em funcionamento e permitem a captação e gravação de imagens em locais como a Avenida Sá Carneiro e a zona baixa da cidade, bem como nas rotundas do Inatel, das 3 Palmeiras, do Globo e dos Descobrimentos.
Durante a cerimónia de inauguração, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, referiu que “o objetivo é que o crime não aconteça, sendo que a grande vantagem destas câmaras é promover a sua dissuasão”
O edil relembrou que “a segurança tem sido uma prioridade permanente deste executivo, que luta desde o mandato anterior para que pudéssemos chegar até este momento de inauguração do novo Sistema de Videovigilância”
Ao longo da cerimónia, o autarca fez várias referências ao que considera uma
utilização errada dos dados que têm vindo a público sobre a insegurança em Albufeira. Para José Carlos Rolo, “não é justo calcular a taxa de incidência de crimes em Albufeira com base na população residente, uma vez que o número de visitantes ultrapassa as 500 mil pessoas durante a época alta”. Para o presidente do executivo municipal, “também não é rigoroso considerar crimes de gravidade distinta de igual forma na contabilização desta taxa”. O
edil fez questão de recordar que “Albufeira é um destino seguro” e referiu que, embora “o sentimento de insegurança não seja positivo, esperamos que o Sistema de
Videovigilância contribua para trazer mais tranquilidade ao dia-a-dia do concelho”.
Apesar da inauguração ter decorrido na segunda-feira, o Sistema de Videovigilância de Albufeira entrou em funcionamento a tempo das celebrações de Fim de Ano, altura em que o concelho acolheu mais de 230 mil pessoas. O Coronel Marco Henriques, responsável máximo pelo Comando Territorial de Faro da GNR, agradeceu à autarquia “por ter acreditado no projeto” e realçou que se trata de uma “experiência inovadora” com recurso a tecnologia utilizada pela primeira vez em espaços públicos em Portugal. Embora considere que o Sistema “não visa substituir o trabalho de patrulha no dia-a-dia, mas servir como elemento complementar”, o Coronel Marco Henriques mostrou-se
satisfeito pela entrada em funcionamento das câmaras que permitem a captação de imagens nas áreas mais sensíveis da cidade.
A explicação do modelo de funcionamento do sistema ficou a cargo do Tenente-Coronel Paulo Santos, 2.º Comandante Territorial de Faro da GNR, que explicou tratar-se de uma “operação exclusiva pela GNR” e que as câmaras se encontram em funcionamento permanente. O Tenente-Coronel referiu ainda que as câmaras adquiridas, bem como o sistema que suporta o seu funcionamento, correspondem a modelos de “última tecnologia que permitem criar alertas e definir pesquisas” destinadas a identificar e encontrar pessoas suspeitas da prática de crimes. O tratamento das imagens irá decorrer em salas equipadas para o
efeito, localizadas nas instalações da GNR em Faro e Albufeira.
A entrada em funcionamento do sistema é o culminar de um processo longo que teve início com a assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de Albufeira e a GNR em dezembro de 2019, e obrigou à emissão de um parecer por parte da Comissão Nacional de Proteção de Dados, divulgado em setembro de 2021. Após a autorização concedida pelo Ministério da Administração Interna, em outubro de 2021, a Câmara Municipal de Albufeira pôde finalmente avançar com a abertura de um concurso público para a aquisição do equipamento. Em conjunto com a GNR, a autarquia procedeu depois à identificação dos locais mais adequados à colocação das câmaras, cuja instalação obrigou ainda à adequação da
infraestrutura de apoio ao seu funcionamento (com a colocação de postes e de fibra ótica). José Carlos Rolo adiantou que “o sistema resultou num investimento de cerca de 900 mil euros”
Além da presença do presidente do executivo municipal e dos responsáveis pelo Comando Territorial de Faro da GNR, a cerimónia de inauguração do sistema de videovigilância contou com a intervenção do presidente da Assembleia Municipal de Albufeira. Francisco Oliveira recordou que “Portugal é um dos países mais seguros do mundo”, congratulou a Câmara Municipal de Albufeira pela iniciativa e realçou a importância de equilibrar a componente da segurança com os “direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”.
Exposição no Edifício Al-Faghar dá a conhecer o futuro de Portimão
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
antigo edifício AlFaghar reabriu as suas portas, no final de 2024, por ocasião dos festejos do Centenário da Cidade de Portimão e as vitrines de outros tempos deram lugar aos projetos do amanhã, com a exposição «Portimão 2034 – O Futuro em 100 Projetos».
A mostra apresenta uma visão inspiradora do futuro da cidade, projetada em cem iniciativas que irão moldar a próxima década. Distribuída por
quatro pisos, a exposição é uma jornada que combina tradição e inovação, progresso e preservação, sustentabilidade e crescimento. São 100 projetos para a cidade que refletem o compromisso com a regeneração urbana, a sustentabilidade ambiental e a inovação social, posicionando Portimão como uma cidade resiliente, ancorada na sua identidade e pronta para enfrentar os desafios de um novo século.
Ali poderá descobrir projetos que visam um futuro inclusivo e sustentável, com o centro histórico e as zonas ribeirinhas a ganharem novas funções e significado, ao
mesmo tempo que os espaços públicos são redesenhados para criar áreas de lazer e bem-estar. A mobilidade e o acesso foram também repensados para facilitar a vida de todos, enquanto a educação e as respostas sociais tornamse pilares de um crescimento mais equitativo e inclusivo.
Esta é uma exposição sobre o potencial de Portimão, uma cidade que cresce e vive com propósito, valorizando o seu património e acolhendo, com visão coletiva, os próximos 100 anos. Patente até dia 25 de abril, pode ser visitada, de segunda a sábado, das 13h às 19h.
Município de Vila do Bispo prestou homenagem póstuma a Clésio Ricardo e inaugurou Ecovia / Ciclovia do Litoral Sudoeste
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Câmara Municipal de Vila do Bispo prestou uma homenagem póstuma a Clésio Ricardo, no dia 18 de janeiro, através da atribuição do seu nome ao até então
Pavilhão Multiusos de Sagres, e da colocação de uma obra de arte naquele
espaço, passando o mesmo a designar-se «Pavilhão Clésio Ricardo».
Clésio Patrício Moreira Ricardo, falecido a 12 de outubro de 2024, com 47 anos, foi presidente da Junta de Freguesia de Sagres, de 9 de outubro de 2021 até à data do seu falecimento, cargo que exerceu com enorme empenho, disponibilidade e dedicação à Freguesia e
à sua população. Além de presidente de Junta de Freguesia, foi também treinador de futebol do Clube Recreativo Infante de Sagres, uma função que desempenhou com muita paixão e entrega para com os atletas. “Nesse campo, no maravilhoso retângulo verde do futebol, influenciou positivamente muitas crianças e jovens, sendo determinante no desenvolvimento das suas capacidades desportivas, mas, sobretudo, pessoais e humanas, transmitindo, através dos treinos e das dinâmicas de equipa, valores como a amizade, entreajuda, altruísmo, respeito, disciplina e compromisso, como ingredientes de conquista desportiva e de sucesso individual na vida”, recordou, emocionada, Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo.
Dirigindo-se aos mais jovens, aos dedicados discípulos de Clésio Ricardo, a edil disse que este “partiu cedo de mais e joga agora na derradeira «Liga dos Galáticos», mas deixou-nos seguros, com uma equipa para o futuro” “Bastará continuarem a seguir os seus ensinamentos. Tenham presente que o Clésio, sem esquecer o todo e o coletivo, nunca deixou ninguém para trás, dedicando-se, muito especialmente, aos mais frágeis e carentes, com presença, amizade e afeto familiar”, salientou.
A obra de arte, uma escultura em aço corten com a imagem de Clésio Ricardo, da autoria do artista Ricardo Crista, colocada na fachada do Pavilhão, e a atribuição do seu nome ao mesmo, visam perpetuar o seu legado. “Com este mural pretendemos guardar na
memória coletiva desta localidade o genuíno e aberto sorriso daquele rapaz que tanto nos deu e que tantas gerações marcou, com o seu exemplo, a sua contagiante energia, a sua força de viver, de contornar as dificuldades e de derrubar obstáculos. Que a memória de Clésio Ricardo perdure neste mural, mas também nos nossos corações, esperando que, um dia, alguém conte a sua história, das suas obras, vitórias e conquistas, sobretudo do que foi enquanto pessoa e daquilo que significou para quem teve o privilégio de o ter como amigo”, terminou Rute Silva.
Foi depois oficialmente inaugurada a Ecovia e Ciclovia do Litoral Sudoeste de Vila do Bispo, na presença dos presidentes da CCDR Algarve e da Federação Portuguesa de Cicloturismo e
Utilizadores de Bicicleta, respetivamente, José Apolinário e José Caetano. Estiveram também presentes na cerimónia informal o presidente da Assembleia Municipal, os vereadores do município, presidentes das Juntas de Freguesia e entidades locais.
Com uma extensão de 31,531 quilómetros, esta infraestrutura engloba dois troços: a ecovia de 26,081 quilómetros que liga Sagres ao concelho de Aljezur; e a ciclovia com 5,450 quilómetros que proporciona uma ligação ciclável entre a rotunda das quatro estradas de Sagres e o Cabo de São Vicente. “O percurso foi definido em função das vias existentes com tráfego reduzido e de alto valor paisagístico, de forma a criar uma maior atratividade na sua utilização. A ecovia e a ciclovia transversais têm características
diferentes: enquanto a primeira serve tendencialmente viagens de bicicleta ao longo da costa (N/S) e de maior distância e duração, a segunda é um percurso ciclável de menor extensão que serve de ligação entre diversos pontos de interesse no percurso, essencialmente litoral e praias”, explicou Rute Silva. “Sendo um projeto estruturante para a mobilidade e atratividade do território, esta nova infraestrutura constitui um importante passo na construção de um concelho mais sustentável. Em simultâneo, ao proporcionar 31,531 quilómetros de percurso ciclável e pedonal, está a incentivar a atividade física e desportiva dos munícipes e visitantes”, acrescentou a autarca.
A obra e a revisão do projeto representaram um investimento global
de quase 2 milhões de euros, comparticipado em 70 por cento por fundos comunitários – programas CRESC ALGARVE 2020 e Algarve 2030 – e pelo Turismo de Portugal. “Este é, de facto, um projeto estruturante para os concelhos de Vila do Bispo e Aljezur, quer do ponto de vista da mobilidade, quer do da atratividade do território, constituindo-se como impulsionador do desenvolvimento sustentável destes municípios e de uma oferta turística baseada na valorização do património natural, potenciando a atratividade do território”, considerou José Apolinário. “O projeto assenta numa rede de ecovias e ciclovias que ligam Vila do Bispo e Aljezur, permitindo aos seus utilizadores o contato com a natureza, usufruindo das caraterísticas únicas destes dois concelhos. O principal objetivo é potenciar o território, através
da valorização do património natural e cultural, permitindo uma mobilidade suave entre as várias localidades ao longo deste Eixo da Costa Vicentina e o contato com a natureza no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina na Região do Algarve, fomentando ainda o desenvolvimento do produto «Cycling & Walking»”, reforçou o presidente da CCDR Algarve.
A tarde do dia 18 de janeiro terminou com a realização da Cerimónia de Reconhecimento no Centro Cultural de
Vila do Bispo, com o reconhecimento público à Escola de Infantes e Cadetes da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila do Bispo, e com as distinções à Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo e ao Martinhal Sagres Beach Family Resort. No decorrer da cerimónia foram ainda homenageados os funcionários do município reformados no decorrer de 2024, designadamente, Aníbal Rosado Correia, Fernanda Maria Nunes Fontinhas, Isabel de Jesus Morgado Conceição, José Francisco de Oliveira Ribeiro, Manuel da Silva Oliveira,
Maria Celeste Encarnação Reis Rosa, Maria Isabel Mateus Batista Rosado Nascimento e Maria José Freitas Firme Marreiros, e procedeu-se também à entrega dos prémios de mérito escolar aos melhores alunos do 6.º e 9.º ano, da Escola Básica de São Vicente de Vila do Bispo.
Deste modo, Gabriela de Jesus Luís
Siopa e Sofia de Sá Rua Ribeiro Fernandes, do 6.º ano, e Duarte Rosado Guerreiro e Mariana Rosado da Encarnação, do 9.º ano, receberam um
cartão presente FNAC no valor de 250 euros cada, e uma placa de mérito de aproveitamento escolar. Foram atribuídas, também, uma entrada gratuita por aluno no Zoomarine, uma oferta deste parque temático. Este prémio da responsabilidade da Câmara Municipal de Vila do Bispo tem como objetivo reconhecer e valorizar o mérito, a dedicação, o sentido de responsabilidade e o esforço dos alunos na sua prestação escolar ao longo do ano letivo.
Museu de Vila do Bispo - Celeiro da História festejou um ano de vida ao serviço da comunidade e do território
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Museu de Vila do Bispo – Celeiro da História celebrou, no dia 20 de janeiro, o seu primeiro aniversário com uma festa que serviu, igualmente, para dar contas do trabalho realizado ao longo do ano, nomeadamente das diversas atividades dinamizadas em torno do
património do concelho junto da comunidade local, da comunidade educativa, do público em geral, dos visitantes e dos participantes em encontros científicos.
Um ano de trabalho que contemplou múltiplas visitas guiadas, acolhimentos de instituições, oficinas, exposições, passeios interpretativos, sessões de trabalho, comunicações e palestras,
ações de promoção em feiras e eventos, ações de formação, participação em encontros científicos e, claro está, as atividades normais do Serviço Educativo de um equipamento cultural deste género. Visitantes que foram, no seu total, até dia 31 de dezembro de 2024, 8.124. De realçar ainda as 72 visitas guiadas efetuadas à exposição de longa duração do Celeiro da História, sendo 24 de âmbito escolar (464 crianças/jovens + 174 adultos/seniores), 11 para associações e IPSS (275 adultos/seniores) e 37 inseridas em eventos e efemérides.
No seu primeiro ano de existência, o Museu de Vila do Bispo levou a cabo 4 oficinas/workshops, organizou 6 ações de promoção em feiras e eventos e 9 passeios interpretativos e o seu auditório
foi palco de 38 sessões de trabalho e formação, de 4 eventos e efemérides e de 7 ensaios de teatro. No que diz respeito ao Serviço Educativo, preparou 25 ações que envolveram 605 crianças/jovens e 252 adultos. Foi, por isso, um ano em cheio, reconhece Ricardo Soares, arqueólogo municipal e diretor do Museu de Vila do Bispo. “Este foi o ano zero de um processo que já leva oito anos, porque um museu não se cria de um dia para o outro. Há uma série de trabalhos, serviços e necessidades que vão sendo produzidas na sua préexistência”, explica, até porque “um museu não é apenas um edifício, é a missão que cumpre junto da comunidade”, acrescenta Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo.
Ricardo Soares elogiou a coragem do anterior e do atual executivo municipal na concretização do projeto, uma vez que, chegados ao século XXI, não existia um museu em Vila do Bispo. “Não podemos pensar num museu como um produto para turistas, uma vez que a sua missão essencial, sobretudo num museu de território, é materializar-se como um espaço da memória coletiva local e da
comunidade local, e que acaba também, claro, por ser um cartão-devisita para quem visita o território. Foi um longo projeto que culminou, em 2024, com a inauguração e depois estivemos um ano a olear a máquina e a compor a equipa”, aponta o diretor. “Sentimos que estamos no caminho certo e, sem grande investimento em promoção externa, fechamos o ano com mais de 8 mil visitantes, oriundas
principalmente do nosso concelho e da região do Algarve, mas temos registadas 48 nacionalidades, e algumas particularmente exóticas. Entre a loja e a bilheteira, a faturação foi superior a 30 mil euros”, aponta Ricardo Soares.
Números bastante satisfatórios para o primeiro ano de atividade, especialmente num território periférico, na ponta do
Algarve. Uma obra que foi difícil de concretizar, mas, diga-se em abono da verdade, se calhar construir o edifício até foi a parte mais fácil. “É um museu que se impunha porque o território hoje conhecido como Vila do Bispo, situado no extremo sudoeste do continente europeu, é um reservatório patrimonial único à escala global. Reunimos aqui várias ocorrências patrimoniais de ordem natural e cultural, da geologia à arqueologia e história, da etnografia à biodiversidade, e aqui contamos toda essas histórias, desde o início geológico até à atualidade”, destaca Rute Silva. “Temos aqui a sequência da ocupação humana e das suas atividades, a agricultura desde há 6 mil anos, os mariscadores e pescadores, apicultores e pescadores. Foi fácil criar um produto museológico porque o material e a informação existem, temos produção científica nossa e trabalhamos em rede com uma série de universidades e centros de investigação que nos ajudam a chegar mais longe neste conhecimento. Cabe-nos depois, a nós, juntar todas estas peças e contar uma narrativa coerente da história da ocupação humana”, afirma Ricardo Soares.
Um museu vivo e que representa o território
O concelho de Vila do Bispo é, sem dúvida, muito rico em vestígios arqueológicos e a maior parte da coleção do Museu de Vila do Bispo – Celeiro da História provém de recolhas realizadas nos últimos 10 anos. “Havia muito material etnográfico, mas, em termos arqueológicos, isso não se verificava,
porque a câmara municipal não possuía condições para acolher esses materiais, tanto do ponto de vista museológico como técnico. Encontravam-se materiais em universidade, centros de investigação, noutros museus e coleções particulares e tem sido encetado um trabalho contínuo de devolução ao território desse espólio. Depois, é dar coerência às várias peças do puzzle para contarem uma história maior”, diz Ricardo Soares, assumindo que, de facto, esse trabalho nunca termina. “E o nosso museu só tem lógica se a comunidade for integrada na sua vivência e se sentir que este museu é dela. Daí ter existido um processo participativo e inclusivo prévio à abertura do museu”, frisa Rute Silva. “Temos peças arqueológicas importantíssimas da pré-história e romanas que foram encontradas por
crianças e que nos vieram entregar, porque já tinham tido aulas de património no âmbito das AEC’s que a autarquia facultava ao primeiro ciclo”, prossegue o diretor do museu.
O turismo é uma realidade também no concelho de Vila do Bispo, mas é uma indústria muito volátil e sensível ao que vai acontecendo no dia-a-dia, motivo pelo qual o Celeiro da História não foi criado como um produto turístico. “Um museu deverá existir numa comunidade como um relicário da memória coletiva, é esse o nosso principal objetivo, e penso que é uma conquista que estamos a conseguir alcançar”, confirma a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, uma opinião partilhada por Ricardo Sores: “As pessoas do mercado, dos restaurantes, aconselham sempre
os turistas a visitarem o museu, porque é representativo do território”
A narrativa do Museu de Vila do Bispo demorou alguns anos a ser criada para depois ser implementada no espaço físico do Celeiro da História, mas os responsáveis não acreditam em ciências exatas, muito menos nas ciências humanas e sociais. “Com os dados que temos hoje, podemos dizer que a interpretação de um determinado fenómeno social poderá ter sido assim, mas não apresentamos verdades. Acima de tudo, levantamos questões e promovemos reflexões. Claro que tentamos contar uma narrativa coerente, com princípio, meio e fim, «era uma vez em Vila do Bispo…», mas haverá um momento em que esta narrativa será atualizada”, declara Ricardo Soares. “Este é um museu
realmente vivo, porque diariamente produzimos investigação, temos pessoas a fazer doutoramentos, à distância, e no nosso território, sobre várias frentes do património local. Do ponto de vista museográfico, a qualquer momento podemos colocar ou trocar legendas ou conteúdos. Aliás, há relatos de pessoas que já nos visitaram várias vezes e que encontraram coisas novas”, atesta o arqueólogo municipal. “Uma visita não chega para desfrutar totalmente do Museu e a média de visitação em autonomia de uma pessoa supera uma hora, ao passo que as visitas guiadas demoram, em média, uma hora e meia”, revela ainda a presidente da Câmara Municipal, Rute Silva.
Visitar várias vezes um equipamento cultural não é comum numa sociedade
em que as novas gerações preferem outras formas de entretenimento, mas Ricardo Soares acredita que um museu de território é mais atrativo do que aqueles que possuem uma coleção fixa e menos dinâmica. “Como temos investigação em curso, há sempre dados novos. Inaugurámos há um ano com uma vitrine dedicada à Idade Média em que ainda não tínhamos a materialidade do islâmico, e que agora já lá está. Há materiais que ainda estamos a tratar, e há outros materiais que temos a certeza que vamos encontrar, pelo que está espaço reservado para eles. Essa dinâmica é constante e, como se costuma dizer, «Roma e Pavia não se fizeram num dia»”, comenta o diretor. A edil Rute Silva chama, entretanto, a atenção para o esforço financeiro que este projeto implicou. “Apesar de ter recebido um
financiamento de 80 por cento de fundos europeus, os restantes 20 por cento foram exigentes para um município da dimensão do de Vila do Bispo. Mas haverá um retorno financeiro a longo prazo e um retorno social que já se verifica, porque este equipamento fixou alguns jovens no território, que aqui vão constituir as suas famílias e que vão ser o futuro deste museu. Entre técnicos superiores e assistentes técnicos, o Museu tem 18 elementos que trabalham para servir a comunidade local e quem nos visita da melhor forma, e essa é uma das nossas vitórias”, enaltece Rute Silva.
Olhando para o futuro, há mais um projeto de acessibilidades pensado de modo a que o Museu de Vila do Bispo seja 100 por cento inclusivo para qualquer tipo de limitação, pontual ou crónica, com
linguagem para todas as faixas etárias e nacionalidades. “E o acolhimento é sempre personalizado e temos vários agentes locais, seja a comunidade, operadores turísticos ou empresários, que utilizam este museu como uma extensão da sua atividade”, sublinha Ricardo Soares. “Este museu é um fórum da comunidade local e tem que ser entendido como um espaço de comunidade. Há um ano houve uma inauguração formal no dia 20 de janeiro e, no dia seguinte, uma festa para a comunidade e tivemos aqui mais de 500 pessoas”, recorda, antes de passar a palavra a Rute Silva: “É natural que haja pessoas que, se calhar, preferiam que
tivessem sido construídas umas piscinas ou um polidesportivo, mas faz parte da missão de uma autarquia preservar, conservar e valorizar o património cultural e para isso é fundamental um museu. Ao visitarem o museu, as pessoas percebem que este trabalho foi feito para elas, sentem-se representadas”. “A cultura e a história são a base de uma comunidade, é isso que lhe dá identidade e personalidade. Sem isso, não há futuro”, concluem Rute Silva e Ricardo Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo e diretor do Museu de Vila do Bispo, respetivamente.
CENTRO CULTURAL DE LAGOS DAMAS DA NOITE, UMA FARSA
LAGOS VIBROU COM FARSA DE ELMANO SANCHO
Centro Cultural de Lagos rejubilou, no dia 18 de janeiro, com a apresentação de Damas da Noite, uma farsa de Elmano Sancho, na qual evoca a conflituosa reviravolta de expectativas em torno do seu nascimento, já que os pais esperavam uma menina, de nome já destinado, Cléopâtre, mas nasceu um menino. O encenador pretende, assim, dar vida a esse outro desejado de si mesmo, como se este fosse uma espécie de duplo e existisse numa realidade paralela que Damas da Noite encena.
Para erguer essa figura ficcionada chamada Cléopâtre, Elmano Sancho imergiu no mundo fascinante e
provocador do transformismo. “Os artistas transformistas vestem a pele de um outro, tentam ser um outro. São flores que abrem de noite, intérpretes de uma transformação pautada pela transgressão, o desconforto, a ambiguidade, a brutalidade dos corpos e a violência das emoções”, descreve. E, através dessa interpretação paradoxal da diferença, Damas da Noite explora a presença ou ausência de fronteiras entre realidade e ficção, ator e personagem, homem e mulher, teatro e performance, tragédia e comédia, original e cópia, interior e exterior, dia e noite.
Nesse jogo de relações aposta-se a identidade como matéria fluida, «rimbaudiana», revelando o outro que somos, o estrangeiro que albergamos. Porque, antes de pertencer a um determinado sexo, o ser humano era
híbrido. “No livro do Génesis (1:27), Adão teria sexo de homem e de mulher. No plano físico, o primeiro ser humano seria duplo: Deus terá criado Eva a partir da natureza feminina de Adão. No Banquete de Platão, Aristófanes evoca o mito do andrógino primitivo: não existiam dois géneros diferenciados, mas uma espécie de ser unificado”, aponta Elmano Sancho.
Os seres andróginos, orgulhosos da sua dupla natureza, da sua força e do seu poder, desafiaram os deuses e escalaram o Olimpo, a montanha onde viviam os imortais. Como castigo, Zeus separou o género masculino do feminino, com o umbigo a ser a marca física dessa separação. “Separado do Outro, o ser
humano contemporâneo é incapaz de especificar o objeto da sua falta e de encontrar a razão de se sentir incompleto. Vê o mundo através do Outro sem nunca conseguir ser o Outro: a separação é um ato primitivo inerente à existência”, entende o encenador.
Para dar vida ao seu alter ego feminino, Elmano Sancho foi ao encontro das drag queens, “as damas da noite, flores que abrem ao anoitecer e exalam um perfume inebriante” “Esta imersão no mundo do transformismo pretende dar corpo, voz e vida a esta menina desejada pelos pais, mas que não chegou a nascer, e explorar as fronteiras entre realidade e ficção, ator e personagem, homem e mulher, teatro
e performance, tragédia e comédia, original e cópia, interior e exterior, dia e noite”, indica Elmano Sancho.
O confronto de todos os intérpretes com o seu «disfarce feminino» — máscara que revela uma verdade e colmata uma ausência — e a sua consequente exposição ao público recorda-nos, antes de mais, que estamos na presença de atores que praticam a sua arte através de um duplo discurso: o transformismo revela os artifícios e mecanismos da Arte Teatral e reafirma a posição do espetador. Este sabe que está a assistir a um espetáculo onde o tema principal é o próprio teatro e a representação em
todas as suas camadas complexas. “Tudo é artifício: não há corpo natural, não há desejo natural, não há aparência natural, não há jogo natural. O que resta desta transformação inacabada é o corpo em busca de uma alteridade. Só então o teatro adquire autenticidade: o mundo da ficção desaparece, a personagem cede lugar à realidade complexa do ator/ser humano e o palco torna-se o lugar onde a troca entre os intérpretes e o público é feita sem designações nem máscaras”, sublinha Elmano Sancho, que partilha a interpretação de Damas da Noite com Dennis Correia aka Lexa BlacK, e Pedro Simões aka Filha da Mãe.
Contra a ansiedade brincar e conviver!
Paulo Cunha, professor
ecentemente, tomei conhecimento do livro «A Geração Ansiosa». Escrito pelo psicólogo
Jonathan Haidt, revela e reflete sobre os dados da epidemia de doenças mentais em adolescentes que se tem disseminado por imensos países. Após mais de uma década de estabilidade e de melhoria, a saúde mental dos adolescentes tem vindo a degradar-se desde a década de 2010, tendo as taxas de depressão, ansiedade, automutilação e suicídio aumentado acentuadamente em muitos indicadores. Haidt revela-nos como a infância fundamentada na brincadeira começou a diminuir na década de 1980, tendo sido substituída, no início dos anos 2010, com a chegada da infância alicerçada no telemóvel. Investigando a natureza da infância, incluindo a razão pela qual as crianças precisam de brincar e de explorar sozinhas para se tornarem adultos capazes e felizes, apresenta as causas que levaram à reconfiguração da infância, interferindo no desenvolvimento social e neurológico das crianças, abrangendo desde a privação do sono à fragmentação da atenção, dependência, solidão, contágio social, comparação social e perfecionismo.
Na qualidade de educador e professor, procuro em tudo um nexo de
causalidade, pois sei que nada acontece por acaso. Neste século, num ápice, vi as habituais brincadeiras, correrias, jogos e tropelias serem substituídas pelo estatismo e amorfismo de filas de alunos que, sentados no chão e encostados às paredes, manuseavam ecrãs, completamente alheados do que os rodeava. Gostando de observar e refletir sobre determinados comportamentos e atitudes, ao longo do meu percurso profissional apercebi-me e senti na pele e no espírito os efeitos da colonização dos vários espaços escolares pelos smartphones e tablets. A solidão e o individualismo dos alunos, à boleia do progresso, tinham-se instalado e vindo para ficar!
Defensor do uso programado, parcimonioso e regrado das tecnologias de comunicação/socialização e, nunca tendo escondido a minha posição sobre a utilização dos smartphones fora do contexto das salas de aulas, foi com grande agrado e alívio que vi, este ano, não ser permitido o uso de utensílios tecnológicos por parte dos alunos nos locais de lazer e convívio da escola. Tendo já passado mais de um período de trabalho letivo, os resultados não poderiam ter sido melhores: a aceitação e adaptação por parte dos alunos e familiares foi imediata, participada e colaborante; os espaços de convívio e de lazer voltaram a estar cheios de alunos e, inerentemente, de vida e de vivacidade;
as atividades de caráter físico e mental diversificaram-se e aumentaram; os alunos voltaram a desfrutar do prazer de experimentar os jogos tradicionais e de tabuleiro.
Recentemente, um colega meu faloume da alegria que registou nos risos de
alguns alunos que, deitados na relva molhada, brincavam, enquanto outros, à chuva, saltavam nas poças de água lamacenta. “Nada que me surpreenda!”, respondi-lhe. Aliás, se assim não fosse, como poderia eu tolerar que alguns alunos que não têm aulas me batam frequentemente nas janelas da sala de aula para depois fugir?! Tal como digo aos meus colegas professores, deixai-os e perdoai-os pois – finalmente – estão a aprender a brincar, tal como nós, avós e pais, fizemos. E que bom que foi… E que bom que é!
Ao entender as causas e os impactos da ansiedade, e ao implementar estratégias eficazes para abordá-la, podemos ajudar a criar uma geração mais resiliente e emocionalmente saudável. É uma responsabilidade coletiva – de pais, educadores, profissionais de saúde e da sociedade em geral – garantir que os nossos jovens tenham o suporte e as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios da atualidade sem sucumbir à ansiedade. Porque, como sabeis, nada acontece por acaso!
Das coisas simples
Mirian Tavares, professora
m dia me
perguntaram: qual sua música predileta? Nem pensei duas
vezes: Someone to watch over me. Nunca gostei de listas dos prediletos, apesar de ter alguns filmes, livros, músicas, que parecem ter estado sempre ali, ao meu lado. Gosto de listas de coisas que aparentemente não tem importância, como a concubina do filme do Greenaway – o que me deixa tranquila, o que fazer num dia de chuva, os cheiros que gosto de ter à minha volta... pequenas listas de pequenas satisfações. Talvez pequenos prazeres. Coisas tão clichê quanto ouvir a chuva batendo no vidro da janela, o cheiro da terra molhada, o zumbir de uma mosca,
Amar o perdido deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.
As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão
Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
na hora da sesta, num dia de calor quando o mundo inteiro parece dormir e o sol impiedoso arde sobre todas as coisas. As tardes insones da minha infância, quando todos descansavam e não havia nada a fazer: o tempo estava em suspensão – à volta tudo era silêncio. Andar descalça, sentindo o frio da pedra na sola dos pés, naqueles dias em que o frio parece se concentrar no chão, pois tudo acima dali está repleto de sol.
Vivemos para lembrar, é uma terrível verdade. E eu prefiro lembrar das pequenas coisas das quais somos feitos:
A chuva caindo lá fora, e eu cá dentro com uma grande chávena de chá quentinho;
Ouvir aquela música, que já não ouvia há tanto, e sair a dançar pela casa;
O gato que vem à noite, sorrateiro, e se espalha sobre mim num sono solto;
O filho que liga para falar sobre pequenas coisas do seu quotidiano;
Um café quente e forte ao levantar de manhã;
A comida preferida ao jantar (feita por outra pessoa, pois cozinhar não é um dos meus pequenos prazeres);
Ir ao cinema, à tarde, sozinha;
Ler um romance policial antes de dormir;
Um bom charuto, após o almoço, numa tarde sem hora marcada para acabar;
Deitar no sofá, pernas «pro ar», vendo minhas séries prediletas;
Tempo. Fazer as coisas muito lentamente, sem hora para começar e sem pensar num eventual fim;
Praia fim de tarde com amigos;
Um abraço inesperado.
Impacto da tecnologia: equilibrando a vida online e offline
Fábio Jesuíno, empresário
tecnologia transformou a forma como vivemos, trabalhamos e conectamo-nos com o mundo ao nosso redor.
Nesta era digital, a linha que separa o online e o offline é cada vez mais ténue, apresentando benefícios inegáveis, como, por exemplo, o acesso instantâneo à informação e comunicação global, mas também grandes desafios, como a dependência excessiva das redes sociais e a perda de conexões humanas genuínas.
O impacto da tecnologia nas nossas vidas é profundo, influenciando desde a maneira como nos comunicamos e trabalhamos até como nos relacionamos e aproveitamos o tempo livre. Ela trouxe avanços significativos, como maior acesso à informação, facilidades no dia a dia e inovações em áreas como saúde e educação, mas também levantou preocupações relacionadas à privacidade, dependência digital e equilíbrio entre o mundo online e offline.
É muito importante encontrar um equilíbrio saudável entre o mundo digital e o físico para podermos aproveitar ao máximo os benefícios que a tecnologia
oferece, sem prejudicar o nosso bemestar ou as nossas ligações humanas. A era digital trouxe avanços incríveis, no entanto, o uso excessivo da tecnologia pode levar à desconexão emocional, ao stresse e até mesmo ao isolamento social. Cultivar esse equilíbrio significa utilizar a tecnologia como uma ferramenta para melhorar as nossas vidas, enquanto reservamos tempo para experiências reais, interações presenciais e momentos de desconexão que promovam saúde mental e qualidade de vida.
Desde muito novo, sempre tive um grande interesse e fascínio pelas temáticas relacionadas à tecnologia. Sou de uma geração que teve a oportunidade única de vivenciar e acompanhar de perto a transição do analógico para o digital, participando ativamente das suas várias fases e testemunhando como essas mudanças moldaram o mundo ao nosso redor. Essa vivência proporcionou-me uma visão privilegiada sobre os avanços tecnológicos, mas também despertou em mim uma consciência crescente sobre os desafios que eles trazem. Tenho cada vez mais noção da importância de desconectar, de encontrar momentos para estar presente no mundo físico e valorizar as conexões humanas.
Com o ritmo acelerado da era digital, percebo como é essencial equilibrar o uso da tecnologia com práticas que promovam o bem-estar, como dedicar tempo à família, aos amigos e a atividades que nos conectem com a realidade fora dos ecrãs. Essa reflexão não apenas reforça a minha admiração pela inovação tecnológica, mas também me faz ver a necessidade de usá-la de forma consciente.
A tecnologia é uma aliada poderosa que transformou e está a transformar profundamente a nossa sociedade, trazendo inúmeros benefícios e
oportunidades. No entanto, é essencial reconhecermos os desafios que ela também apresenta e a importância de equilibrar o seu uso com momentos de desconexão e presença no mundo físico.
O verdadeiro progresso não está apenas em acompanhar as inovações digitais, mas também em saber quando pausar, reconectar com o mundo real e valorizar aquilo que realmente importa. O futuro será tanto mais promissor quanto melhor formos capazes de integrar o digital ao físico de forma harmoniosa e sustentável.
Freguesias - Uniões e Separações Nuno Campos Inácio, editor e escritor
ste ano, que será de Eleições Autárquicas, iniciou com uma decisão histórica para 17 freguesias algarvias, que assistiram à aprovação das separações de facto relativas às uniões indesejadas, motivadas por dificuldades económicas.
Alcantarilha, Algoz, Barão de São João, Benafim, Bensafrim, Cabanas de Tavira, Conceição de Faro, Conceição de Tavira, Estoi, Fuseta, Luz de Tavira, Moncarapacho, Pêra, Querença, Santo Estêvão, Tôr e Tunes, elegerão nas próximas eleições os seus representantes próprios, numa decisão política que, dizem, resulta numa despesa adicional de 30 milhões de euros, ou seja, o Estado prevê gastar a mais cerca de 8 mil euros mensais para cada uma delas.
Uma das maiores reformas administrativas ocorridas no Algarve foi da autoria do Marquês de Pombal, que, com um único Decreto assinado a 16 de Janeiro de 1773, criou os concelhos de Lagoa e de Monchique e extinguiu o de Alvor, integrando-o no de Portimão.
Depois de um período de acalmia e estabilidade, a partir do Liberalismo, tendo como ponto de partida a Reforma Administrativa de Mouzinho da Silveira (1832/1834), perde-se a conta ao número de reformas administrativas ocorridas em
Portugal, todas com o objetivo de reduzir despesas, mas poucas com resultados finais positivos.
Ao longo destes quase dois séculos, freguesias foram extintas e posteriormente restauradas; o território foi fragmentado em novas freguesias, que depois foram unificadas e ora desanexadas; foram extintos e reabilitados concelhos; criadas regiões autónomas e adiada a regionalização… O objetivo é sempre prestar um melhor serviço à população com menores custos e o resultado alcançado uma maior burocratização do sistema político e administrativo, com custos cada vez mais elevados.
A questão das freguesias tem sempre subjacente dois prismas de análise e, talvez por isso, sejam constantemente colhidas nestas reformas elaboradas pelo centralismo distante. Para os governantes urbanos que cresceram no mundo fantasioso da Rua Sésamo, as Juntas de Freguesia só servem para passar atestados e até poderiam ser todas extintas e as suas competências exercidas pelas Câmara Municipais.
Já pelo prisma dos fregueses, as Juntas de Freguesia, principalmente nos meios rurais, são o único elo existente entre os habitantes e a administração pública. Quem conhece o meio rural envelhecido, abandonado e sem transportes, em
muitos locais ainda alfabetizado, sabe que as freguesias são um prolongamento das famílias que faltam, na resolução de uma série de questões do dia-a-dia. Não é por acaso que, apesar da entrada em vigor da lei que promoveu a União de Freguesias, essa união tenha ficado cingida ao poder político, já que a esmagadora maioria manteve a funcionar dois serviços administrativos, um em cada uma das freguesias unificadas. Por isso mesmo, os custos da desanexação não correspondem aos custos de funcionamento de uma Junta de Freguesia.
Por outro lado, as freguesias mais ancestrais criaram ao longo do período da sua existência (muitas vezes largos séculos) dinâmicas socioculturais distintas. A freguesia de Pêra, ligada ao litoral, tem, pouco a ver com a de
Alcantarilha, profundamente agrícola. As festividades, tradições, pronúncias, carências e interesses são distintos e em muitos casos inconciliáveis, provocando sempre a sensação de domínio de uma em relação à outra, por muito equidistante que o órgão político se mostre.
Para quem, como eu, assistiu às reticências de várias uniões forçadas e à luta pela desagregação das população de Estoi, Alcantarilha, Benafim ou Barão de São João, esta foi uma decisão acolhida com alegria e espero que promova o retomar da identidade cultural local. Nas próximas eleições, espero que escolham os melhores representantes para a dinamização e desenvolvimento social das freguesias.
Vidas editadas Sílvia Quinteiro, professora
discussão em torno da exposição da vida pessoal nas redes sociais já vai longa. Tão longa que, talvez, devêssemos questionar-nos se ainda vale a pena. Afinal de contas, estas vitrinas pouco diferem das janelas das nossas casas: só espreita quem quer.
Sabemos que as vidas mostradas nas redes sociais divergem com frequência da realidade. É um dado adquirido. E, ainda assim, a perplexidade é inevitável: Como é possível ser a mesma pessoa?
Filtros que apagam 20 anos do rosto de qualquer um. Montagens que acrescentam milhões a contas bancárias que nunca viram mais do que tostões. Iates, voos em primeira classe, hotéis luxuosos, roupas de marca, toneladas de sushi e ostras, garrafas de champanhe, flutes erguidas num brinde com vista mar. Tudo isto, claro, à luz glamorosa e opulenta do pôr-do-sol.
Questionamo-nos como é possível exibir o que não se possui. Perdemos imenso tempo a falar nisso. Comentamos, ridicularizamos, criticamos. No entanto, bem vistas as coisas, os filtros e cenários artificiais são inofensivos. Fotografar-se com os carros, barcos ou motas dos amigos, ou até
durante um test drive, é perfeitamente inócuo. Usar como pano de fundo as Maldivas, estando na Ilha da Armona, também. E que mal faz dispor sobre a mesa a garrafa de champanhe francês vazia trazida da casa do patrão ou do hotel onde se trabalha? Ia para o caixote do lixo e na fotografia sempre rende uns likes e uns comentários. Reciclagem! Protege-se o ambiente e ainda se é criticado por isso.
Trabalhar em SPAs, hotéis e aldeamentos de luxo é o sonho destes criadores de vidas hollywoodescas. O salário pode ser uma miséria, mas o cenário é perfeito. Um clique aqui, um clique ali e, sem ninguém dar por nada, constrói-se uma imagem de sucesso e felicidade. A ilusão de uma vida cheia de «ter», de «fazer» e de «ir». Exibe-se a cada instante o que se tem, o que se faz e onde se está. Mostra-se ser mais feliz, viajar mais longe, ir a mais festas, a mais restaurantes, mais vezes, muitas mais do que os outros. Sempre mais.
Além das melhores casas, carros, piscinas, estas pessoas têm também, obviamente, «os melhores amigos», «o melhor pai», «a melhor mãe», «o melhor filho», «o melhor marido» ou «a melhor mulher». Até o cão é o melhor. Nem me atrevo a duvidar, ainda que me faça alguma confusão o facto de comunicarem entre si através das redes sociais. Parabéns, coração da mãe! 16
aninhos, quem diria?; 25 voltas ao sol juntinhos, meu amor! Estamos de parabéns!; És o melhor pai do mundo! Tem um dia feliz! ... Começo a acreditar que poderão viver mesmo nos palacetes das fotografias e têm dificuldade em encontrar-se pessoalmente, coitados.
Seja como for, a verdade é que, de uma forma ou de outra, em maior ou em menor grau, todos editamos as nossas vidas. A maquilhagem - que, com o avançar da idade, é mais reboco que arte -, as pestanas e unhas postiças, aquelas calças que nos favorecem, o soutien que desafia a gravidade, os brancos
disfarçados, o botox, os peelings, as lipoaspirações e as facetas reluzentes. Brincos, colares, pulseiras, sapatos de salto alto. Os absolutamente indispensáveis telemóveis e carros topo de gama… Não é tudo isto uma forma de nos editarmos? De darmos «aquele jeitinho» para nos apresentarmos aos outros como nos vemos?
Recordo-me de um colega professor, que todas as segundas-feiras tinha relatos impressionantes sobre os seus finsde-semana. Começava de mansinho, depois entusiasmava-se e só o interrompíamos no momento em que invariavelmente surgia uma modelo loira com pernas até ao pescoço com quem tinha passado momentos escaldantes:
- Mas isso é verdade? – perguntávamos.
- Não! – respondia com desplante. –Mas a história estava boa, não estava?
E, sejamos honestos, era bem melhor do que a do professor que passou dois dias de pijama a ver televisão, num T0, na Bobadela.
«O
que é que Lisboa tem? – Tem tudo como ninguém…»
Paulo
Neves,
«Ilhéu» (mas nenhum homem é uma ilha)
letra e música (composição de Dorival Caymmi, 1939), interpretada por Carmen Miranda «O que é que a Bahiana tem?...» que aqui aproveito em título adaptado, assume uma interrogação e logo uma resposta perentória que, apesar do jeito e ritmo do samba não assumir o do fado, que aqui nos amolece o espírito, serve o efeito que demonstra, como que continuamos súbditos, nesta província, à Capital do antigo império.
Há 40 anos (e picos) que levo na vida pública e enquanto cidadão não vislumbro, independentemente da cor política de quem exerce o poder, grande mudança da cultura centralista. Nem falo tanto do(s) governo(s), mas máquina administrativa em geral. Terá que ver, portanto, com o modo de ser das pessoas quando o exercem, parecerem importantes, perante os que vivem por aqui e que antes se designava por Algarve d`aquém e de além-mar (para englobar Ceuta e o norte de Africa e mais tarde o Brasil imperial).
Já dessa altura, quanto mais se descobria, mais se centralizava.
Até na expansão marítima, iniciada pelos pescadores algarvios e suas caravelas pescaresas com as armas do Infante D. Henrique, logo que começou a dar rendas,
foi a atividade transferida para a capital que criou dependências e burocracia para as manter e distribuir entre si, voltando a esquecer estas gentes e até tentando, desde então, apagar o seu papel na História.
Tudo o que aqui vinga só tem importância se logo a capital repetir o que até então desdenhava. Vide o caso do turismo. Até conseguir, bem, proveitos da promoção dos seus próprios produtos distintos, parecia ter vergonha da imagem desta atividade de lazer. No entanto, a região, sempre, desde então, gerou receitas superiores aos investimentos públicos que logrou em retorno e, portanto, contribuiu solidariamente para regiões menos favorecidas com essa diferença ganha para todos. Normal, também é isso que nos faz um Estado-nação.
Se no turismo foi o que se sabe, mas o Algarve consolidou-se internacionalmente, por força dos investimentos empresariais, com marca própria (até o logotipo, a partir de certa altura, desapareceu e a designação do destino ficou como que subalternizado no símbolo antigo criado por José Guimarães), também na Administração Pública desconcentrada, a evolução foi a de afinal sair da região a gestão de equipamentos notáveis, ao invés da sua relação, desenvolvimento e integração regional e a diminuição do estatuto das hierarquias funcionais em beneficio da superintendência de qualquer Diretor de Serviços em Lisboa face ao que eram as Direções Regionais.
Na saúde, tudo o que disserem para nos apoucarem é apenas para esconder que querem manter o status quo das referenciações para os hospitais centrais e assim priorizando-se com mais investimentos, recursos que justificam essa continuada tentativa de menorização clínica e a grande estranheza quando, aqui, se faz acontecer pelo contrário, apenas porque corremos o risco de ir contra a corrente.
Em síntese, de há muito transparece que Lisboa (os que estão na função do poder) precisa de se impor, primeiro, capital do Sul para se conseguir equilibrar para assumir ser a capital perante o Norte e, assim, estenderse a todo o país. Estranha forma de vida.
Aproxima-se agora mais uma oportunidade para que esta (minha) lamúria se altere, com a afirmação autárquica de novos atores e renovada legitimação dos que forem reeleitos, seja para que consigam manter recentes conquistas orgânicas que ainda devem evoluir para a descentralização democrática, pois que não deve haver recuo a esse principio constitucional, seja por via do associativismo municipal, seja ainda de aprofundamento nas instâncias de coordenação e gestão de fundos dos que foram garantidos e totalmente aproveitados da UE (pois que dos nacionais a estória não se vê que se altere) no Algarve.
Repito aliás, com ânimo, a sugestão de se continuar a aumentar o investimento na relação com os mercados da Andaluzia, mormente nas ligações ferroviária e nas áreas científicas e tecnológicas em cooperação de instituições, de parte a parte, para que consigamos ganhar músculo pela proximidade de outros 8 milhões de potenciais consumidores, agora que há reciprocidade no não pagamento de portagens entre os dois lados e uma nova ponte a ser lançada em Alcoutim. Venham outras pontes.
Muitos parabéns aos poderes regionais que, teimosamente, o conseguiram contra as probabilidades da história.
Por aí se há de encontrar capacidade conjunta para captar investimentos e equipamentos para apoiar a diversificação do perfil económico e social, aumentando rendimentos às populações que aqui trabalham, formando mais e fixando/atraindo novos talentos a sul.
Afinal, há esperança e com resultados visíveis.
A cultura e as autarquias
Valentim Filipe, músico, professor aposentado e dirigente associativo
cultura nas autarquias desempenha um papel cada vez mais relevante. O vereador responsável por esta área geralmente administra bibliotecas, museus, educação, associações e, em alguns casos, também o desporto. Apesar de raramente dominar todas estas matérias, conta com técnicos experientes que colaboram diretamente com ele, garantindo o bom funcionamento do pelouro. Muitas vezes, as decisões do vereador refletem o trabalho desses profissionais e não raras vezes apenas assinam por baixo.
Os eventos culturais, frequentemente inseridos na área da cultura, têm ganhado destaque nos últimos anos. Com a maioria dos espetáculos gratuitos, o objetivo é atrair mais público, eliminando barreiras financeiras. Grandes nomes da música nacional e até internacional são contratados e as iniciativas são amplamente divulgadas em agendas culturais, redes sociais e outdoors.
A organização de eventos, no entanto, não é uma tarefa simples. Escolher o artista adequado depende de vários fatores, como o tipo de evento e o perfil do público que tradicionalmente acorre
ao dito evento. Há uma diferença clara entre artistas que animam o público e aqueles que oferecem performances de alta qualidade musical. Sim, porque um artista que «anima a malta» raramente está na proporção direta com a qualidade musical. Com um animador a gente até pode conversar, beber umas «bejecas», dançar mesmo que não seja recinto nem o propósito do evento e sabe-se lá que mais. Quando se vai sobretudo para ouvir, o ambiente criado terá de ser necessariamente diferente. E isto não se refere apenas às diferenças entre acordeonistas de baile e pianistas de salão. Há que também saber distinguir Quim Barreiros e Rosinha, de Paulo de Carvalho e Rui Veloso. E depois os presidentes camarários que, por força do protocolo, dão a voz a todos os assuntos, deveriam preparar-se melhor quando falam. Por exemplo, há meses num desses programas de televisão que vão de terra em terra, declarava a presidente que este ano iriam ter um programa cultural de excelência, destacando-se Pedro Má Fama…. ou ainda noutro contexto Carlos Moedas dizia há poucos dias que Carlos Paredes mudou o fado de Coimbra e também de Lisboa. Com franqueza Sr. Presidente… Acho que, no início e por influência de seu pai, Artur Paredes deve ter tocado uns fados da sua terra natal, mas rapidamente se tornou num instrumentista nato; E se fado de
Coimbra tocou pouco, então de Lisboa decerto que só em casa e por curiosidade.
Outro aspeto relevante é a formação dos responsáveis pelas contratações artísticas. É essencial que tenham, pelo menos, um conhecimento básico sobre diferentes estilos musicais para garantir escolhas adequadas. Falhas nesse campo podem levar a situações embaraçosas, como contratar artistas que não correspondem ao esperado. O vereador (ou técnico) que contrata os artistas tem formação musical mesmo que mínima para distinguir Quizomba de Kuduro? Morna de Coladeira? Tango de Milonga e etc, etc? Seria importante ter conhecimento destas matérias para não comprar (e depois vender ou oferecer) gato por lebre.
Um exemplo ilustrativo é de uma autarquia no Algarve que normalmente organiza congressos, colóquios e afins e que, no final, acabam num jantar que frequentemente inclui momentos de fado. Invariavelmente a «fadista» contratada é uma cantora local que, embora apresentada como fadista, não conhece fados tradicionais, limitandose a interpretar fado-canção ou marchas. Isso evidencia a importância do conhecimento técnico nas contratações, evitando situações constrangedoras para o artista e para a organização.
Em resumo, a cultura nas autarquias requer planeamento cuidadoso, conhecimento técnico e sensibilidade para atender às expectativas do público e valorizar as tradições. A competência dos
responsáveis é crucial para o sucesso das iniciativas culturais.
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