ALGARVE INFORMATIVO
1 de fevereiro, 2025
1 de fevereiro, 2025
arrasou em dose dupla no Teatro Lethes
103.º aniversário da Associação de Futebol do Algarve (pág. 16)
Ministra do Ambiente e Energia visitou Loulé (pág. 22)
Feira EMPREGA+ em Quarteira (pág. 32)
Alcoutim quer ser Destino Sustentável (pág. 42)
I Faro Acro Cup em Estoi (pág. 52)
«Casa dos Pais» no Teatro das Figuras (pág. 82)
Francisco Menezes no Teatro Lethes (pág. 100)
Nuno Campos Inácio (pág. 112)
Júlio Ferreira (pág. 114)
Alexandra Rodrigues Gonçalves (pág. 118)
Valentim Filipe (pág. 122)
de Futebol do Algarve foi celebrado em noite
Associação de Futebol do Algarve festejou, no dia 22 de janeiro, o seu 103.º aniversário com um momento de entrega de
distinções na sede, em Faro, a sócios honorários, sócios de mérito e votos de louvor, num evento que contou com mais de 200 entidades e personalidades das áreas do desporto, política, educação, economia e do domínio social, de nível regional e nacional.
Federação Portuguesa de Futebol e associações de classe, Câmaras Municipais, Direção Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude, Universidade do Algarve, agentes das várias forças de segurança, juntas de freguesia, dirigentes de clubes, membros atuais e antigos dos órgãos sociais da Associação de Futebol do Algarve, e outras entidades parceiras ligadas ao futebol, futsal, futebol de praia e walking football da região, fizeram questão de marcar presença numa sessão comemorativa muito participada. A festa terminou com todos a cantarem os parabéns, seguindo-se o tradicional corte do bolo.
Antes de ser aplaudido de pé pela plateia, Reinaldo Teixeira aproveitou a ocasião para comunicar a todos os
presentes que foi incentivado por vários filiados da Associação de Futebol do Algarve e por diversas sociedades desportivas da Liga Portugal Betclic e da Liga Portugal 2 Meu Super para se candidatar a Presidente da Liga Portugal. o Presidente da Direção da AFA informou previamente a Assembleia que, caso se confirme a vacatura, apresentará a sua candidatura a Presidente da Liga Portugal e que, independentemente do resultado, não voltará ao cargo que ocupa no presente mandato, deixando a porta aberta a um eventual regresso num ato eleitoral posterior.
Foi, entretanto, proposta pelos clubes filiados e aprovada por unanimidade e aclamação uma distinção a Reinaldo Teixeira, bem como foram propostas pela direção e aprovadas por unanimidade e aclamação distinções de Sócios
Honorários à Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Soares Gomes da Silva, Câmaras Municipais de Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Lagoa, Monchique, São Brás de Alportel, Tavira e Vila do Bispo, Universidade do Algarve, Carlos Jorge Alves Caetano, José Armando Alves, José Manuel Prata, Luis Miguel Jerónimo da Conceição, Manuel José de Jesus Silva, Manuel Ventura
Cajuda de Sousa e Rui Fernando da Silva
Calapez Patrício Bento; de Sócios de Mérito a António Boronha, António
Coelho Matos, Flávio de Jesus Figueiras, Humberto Cecílio Pereira Viegas, João
Aires de Goes, José Carlos Martins Rolo, José Faísca Marim Teixeira, Nuno Miguel Serrano Tavares Almeida e Ruben Sotero Pinto Guerreiro; e de Votos de Louvor a Alice Diogo, Andrelino Pena, Cláudia Neto, Custódio Moreno, Fernando Belo, Francisco Marreiros, Gonçalo Ramos, Jamila Marreiros, João Moutinho, João Neves, João Tiago Neto, José Neto, José Rufino, Mário Rolla, Natálio Silva, Paulo Madeira, Paulo Martins (Paulinho), Pedro Cary, Rúben Fernandes, Rui Coimbra, Sérgio Lacroix, Sérgio Piscarreta, Sílvia Domingos e colaboradores da AFA.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, visitou, a 17 de janeiro, o concelho de Loulé e, num dia bastante preenchido, teve a oportunidade de conhecer o trabalho realizado pelo Município ao nível da Ação Climática e da Eficiência Hídrica, assim
como para conhecer exemplos de boas práticas já implementadas no território.
Durante a manhã, a Ministra foi recebida nos Paços do Concelho, numa sessão em que o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, fez uma apresentação da política de ação climática do Município, tocando em pontos como as questões da adaptação e da mitigação presentes naquele que foi o
primeiro Plano de Ação Climática do país, as ações com vista à eficiência hídrica e combate à seca, a aposta numa Agenda para a Sustentabilidade e Biodiversidade, a criação de áreas protegidas, ou o trabalho na eficiência energética. “Sei bem das preocupações do senhor presidente, um grande defensor das questões climáticas e que ajuda a passar esta mensagem aos jovens nas escolas. Loulé está de parabéns”, disse a governante.
Após uma visita ao Mercado Municipal de Loulé e ao espaço de informação que ali existe sobre o projeto do Geoparque Algarvensis, Maria da Graça Carvalho visitou o empreendimento Arcaya, em Quarteira. Trata-se de um investimento imobiliário privado, assente em processos
ambientalmente sustentáveis, quer do ponto de vista da eficiência hídrica, respeito pela natureza, florestação, preservação da biodiversidade, utilização de materiais que retêm o carbono, como a madeira para a construção das moradias e utilização de energia «limpa». Um projeto pioneiro que foi apoiado, desde o início, pela Câmara Municipal de Loulé.
O dia terminou com a inauguração da Central Fotovoltaica do Passeio das Dunas, em Vilamoura, “o tipo de projeto de que eu gosto muito”, admitiu a ministra. “Poderão não ser esses que nos fazem chegar às grandes metas, mas são esses que nos envolvem a todos, e esta transição energética vai depender do envolvimento de todos
nós. O pequeno fotovoltaico nas casas, nos apartamentos, nas coberturas dos edifícios, nos parques de estacionamento (como é este o caso), nas escolas, nos supermercados… é por aí que temos que ir. É exatamente isso que está a acontecer aqui: o autoconsumo, a partilha de energias e as comunidades de energia”, afirmou a governante.
Esta central fotovoltaica para autoconsumo tem uma potência instalada de 200 kW, produzindo cerca de 320 MWh/ano de energia elétrica que é servida para alimentar a estação elevatória de águas residuais que se encontra enterrada no início da avenida, “reduzindo, assim, a dependências de fontes de energia não renováveis”, explicou o administrador da empresa municipal Inframoura, Cláudio Casimiro.
A central foi integrada na estrutura do parque de estacionamento que ali existia e os 358 módulos instalados têm uma “característica inovadora: são bifaciais, isto é, podem receber energia da radiação direta do sol e também da radiação que é refletida pelo chão e pelo próprio oceano”, indicou Cláudio Casimiro.
O objetivo é que a energia produzida seja partilhada por outras instalações consumidoras da Inframoura, um exemplo que, para a Ministra do Ambiente e Energia, deve ser replicado noutros pontos do território. Para tal, Maria da Graça Carvalho adiantou que o Governo está empenhado na simplificação burocrática de tudo o que está relacionado com o autoconsumo. Já o autarca Vítor Aleixo disse que este equipamento vai ao encontro da visão do
Município: “A Câmara de Loulé não defende grandes investimentos que muitas vezes se fazem à custa de alterações bruscas na paisagem, que destroem o coberto vegetal, a biodiversidade, que inutilizam partes importantes do solo e que depois não envolvem a comunidade. É importante que a geração de energia fotovoltaica seja prioritariamente de pequena dimensão, de comunidades de produção e autoconsumo, de pequena escala. Há muitas possibilidades em coberturas de edifícios públicos, edifícios de habitação coletiva e é por aí que devemos caminhar”, garantiu. “E
são também estas pequenas comunidades energéticas de produção e autoconsumo que o PDM de Loulé, que se encontra em fase final de revisão, irá privilegiar”, frisou.
Depois de felicitar toda a equipa da Câmara Municipal de Loulé pelo seu trabalho nas áreas da Ação Climática e Eficiência hídrica, a ministra garantiu que em breve voltará ao Algarve para um roteiro de biodiversidade e Loulé fará parte deste périplo ministerial. Até porque este município tem cerca de 64 por cento da sua superfície classificada como área protegida.
Câmara Municipal de Loulé, em parceria com a Junta de Freguesia de Quarteira, a Associação de Empresários Por Quarteira, a Associação dos Empresários do Algarve, o NERA – Associação
Empresarial da Região do Algarve e o Instituto de Emprego e Formação
Profissional – IEFP, I.P realizou a quarta edição da Feira de Emprego «EMPREGA+ 2025», no dia 30 de janeiro, na Escola Básica 2.3. D. Dinis, em Quarteira.
A «EMPREGA+ 2025» contou com mais de 35 entidades e empresas participantes e teve como objetivo promover a empregabilidade no concelho, através da disponibilização de ofertas de emprego e formação e ações de recrutamento. Representou, também, uma oportunidade para os desempregados, jovens à procura do primeiro emprego, bem como para os profissionais em busca de um novo desafio.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
eve início, no final de 2024, o processo de certificação do território de Alcoutim como Destino Sustentável, para o qual a Câmara Municipal de Alcoutim conta com o apoio da Biosphere Portugal e Associação Alcance. Esta iniciativa surge como um passo estratégico para consolidar as boas práticas de sustentabilidade no território e reforçar a notoriedade da marca «Alcoutim» no contexto nacional e internacional.
A certificação, orientada pelos referenciais da Biosphere, visa alinhar o território com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, promovendo ações que integram a conservação ambiental, valorização do património cultural e fortalecimento económico e social. A parceria com a Biosphere Portugal integra um plano de trabalho baseado em metas e indicadores claros, com ações que promovem, tanto a capacitação dos agentes locais, como o envolvimento de produtores e serviços do território. A iniciativa também reforça o compromisso de Alcoutim com a inovação e a
sustentabilidade, visando posicioná-lo como um destino de referência na Península Ibérica e no Sudoeste Europeu.
A Câmara Municipal de Alcoutim prevê auscultar a comunidade e os agentes locais no decorrer do processo, garantindo que as suas perspetivas e contributos sejam integrados nas ações e estratégias implementadas. Este envolvimento é essencial para assegurar que a certificação reflete as especificidades do território, promovendo um desenvolvimento sustentável que beneficie todos os seus habitantes. Uma ação que faz parte do projeto «FORTours III», código da operação «0225_FORTOURS_5_E, Fortificações de Fronteira: Fomento do turismo cultural transfronteiriço», aprovado no âmbito do programa operativo INTERREG VI – A Espanha Portugal (POCTEP 2021-2027).
Alcoutim será, assim, o primeiro concelho do Algarve a ter a certificação de Destino Sustentável atribuído pela Biosphere Portugal e Paulo Paulino acredita que esse «selo» será uma maisvalia para a imagem do território. “Tratase da sustentabilidade em termos económicos, ambientais e sociais, para o Município e para os agentes económicos e sociais do concelho, e assim vamos valorizar mais a nossa oferta”, entende o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim. “Há uma série de passos a dar para conseguirmos obter a certificação, mas o trabalho depois não termina, é preciso dar-lhe continuidade. Queremos incutir essa preocupação e responsabilidade em toda a comunidade”, acrescenta.
Assinada a carta de compromisso, a Biosphere Portugal irá fazer um diagnóstico da situação atual e, depois, elaborar o Modelo Territorial e Visão, propor objetivos estratégicos e o plano de ação de intervenção de capacitação do setor; definir e estabilizar indicadores de sustentabilidade para o destino; definir indicadores de monitorização e respetivos responsáveis; e organizar workshops de apresentação do Plano de Ação de Sustentabilidade com o Executivo Municipal, técnicos/as e forças vivas locais. Concluída esta fase, será tempo de lançar a execução das ações e atividades nos critérios com maior nível de incumprimento; desenvolver as ações de sensibilização, facilitação e mediação comunitária e capacitação necessárias à boa execução do plano; assegurar o cumprimento dos requisitos para a Certificação Destino; monitorizar a viabilidade dos indicadores de sustentabilidade definidos; e diligenciar as ações de reforço necessárias. “Penso que, quando se terminar o diagnóstico, se chegará à conclusão de que até já estamos muito à frente do que é minimamente exigido, porque a preocupação com a sustentabilidade não é uma novidade para esta autarquia”, frisa Paulo Paulino.
Uma preocupação que é partilhada pelos diversos agentes locais de Alcoutim, porque se trata de um compromisso sério. “Não é dizer «sim» e depois não lhe dar a devida importância”, salienta o edil. “Estou convicto de que vamos concretizar este desafio e, se calhar, até será mais fácil aqui do que num concelho de maior
dimensão. Os princípios da sustentabilidade, sobretudo na vertente ambiental, alguns deles já se fazem cumprir num território como o nosso. Nas zonas urbanas, onde há mais população, e, porventura, gente menos sensível para estas temáticas, é possível que a tarefa seja mais complicada”, compara, o que não significa que o processo seja isento de obstáculos.
De facto, Alcoutim é um concelho do interior, com problemas de despovoamento, uma população envelhecida e dificuldades em fixar ou atrair as novas gerações. E, para inverter este cenário, Paulo Paulino aponta três aspetos fundamentais: habitação com índices de conforto adequados aos tempos modernos; escolas de qualidade; e melhores acessos a cuidados de saúde. “Estamos em fase de renovação de Plano Diretor Municipal e onde sentimos maiores restrições para construir é precisamente na sede de concelho. Alcoutim é onde há mais procura, mas, dada a sua orografia, é difícil crescer, pois temos cerros a poente, a norte e a sul e, a nascente, temos o Rio Guadiana. Depois, temos cerca de 100 montes, dispersos por 576 quilómetros quadrados, onde existem algumas bolsas onde é possível crescer. Finalmente, nas sedes de freguesia, também é possível desenvolver alguns projetos. O nosso maior problema é que temos jovens que pretendem construir uma casa num terreno que já é seu, que herdaram dos avós ou bisavós, e que não o podem fazer”, descreve o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim.
Paulo Paulino esclarece que a nova lei de reclassificação do uso dos solos em pouco beneficia Alcoutim, uma vez que, segundo ela, apenas se pode construir em locais contíguos a zonas urbanas consolidadas. “Irá ajudar a resolver problemas gravíssimos que existem nas cidades, mas, nestes territórios do interior, nem tanto”, considera o entrevistado, reconhecendo que o financiamento destas empreitadas é outra dor de cabeça para as autarquias mais pequenas. “Neste momento, o que
existe de apoio à habitação é o 1.º
Direito, temos 4 fogos para aprovar e mais 5 para executar. Terminado o 1.º
Direito, não sabemos o que virá a seguir, mas a habitação é, hoje, um flagelo em qualquer parte do país e o governo terá que encontrar soluções extraordinárias para resolver este problema”, comenta.
Melhor está o cenário em termos de acessibilidade digital, apesar de ainda persistirem algumas «zonas sombra». De facto, mais de 60 por cento da população
tem cobertura total de redes GSM e fibra, nomeadamente nas sedes de concelho e de freguesia, ao passo que, nos povoamentos dispersos, a maior parte das localidades está também coberta. “A zona mais a sul do concelho, a sul da Ribeira de Odeleite, freguesia de Vaqueiros, era 100 por cento «sombra», mas conseguimos resolver os problemas de telecomunicações há cerca de três anos, com fibra na maior parte desses montes e sinal GPS em todo o lado”, indica Paulo Paulino, um
trabalho que foi realizado por via de uma candidatura ao Algarve 2020.
Com pouco setor primário e indústria no concelho, o turismo deverá ser uma alavanca importantíssima para a sustentabilidade económica de Alcoutim, com Paulo Paulino a chamar a atenção para as mais-valias do Rio Guadiana e das paisagens do nordeste algarvio. “Temos a Via Algarviana que cresce, a GR15 –Grande Rota do Guadiana que cresce, uma série de ofertas que vão surgindo de alojamentos locais e turismos rurais, temos cerca de 33 por cento do território com floresta – que é pouco produtiva, mas que tem, apesar de tudo, uma atividade económica
associada – e temos 100 por cento do território ordenado para a cinegética. Há ainda a indústria da panificação, a restauração vai crescendo, e agora apareceram duas novas áreas: os fotovoltaicos e energias solares; e o canábis”, descreve o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim. “A primeira atividade é rentável para quem a explora, mas também para os donos dos terrenos onde estas instalações estão implantadas e que estavam praticamente abandonados. A nível ambiental poderá ter algum custo, mas o retorno é maior, até porque as centrais de carvões já foram desativadas e a capacidade de Portugal de produção de energias limpas tem vindo a aumentar”
Ora, conforme se sabe, a fileira associada aos fotovoltaicos nem sempre é do agrado das populações, mas, no caso
concreto de Alcoutim, gera postos de trabalho, o que é crucial para um concelho como este. “Para nós, conseguirmos fixar, num parque fotovoltaico, 10, 15 ou 20 pessoas a tempo inteiro, é excelente. São esses jovens que precisamos que fiquem no território, que aqui constituam família”, declara Paulo Paulino. “Entretanto, estão a nascer dois projetos de plantação de cannabis no concelho, que geram ainda mais emprego, e mão-deobra qualificada. E a intensão, pelo menos de um dos promotores, é encontrar e comprar casas velhas e em ruínas nos montes, transformá-las, darlhes o conforto necessário, para acolher estes trabalhadores”, enaltece.
Está visto que a sustentabilidade económica de Alcoutim vai passar por projetos de pequena e média dimensão e não por grandes investimentos, exceção feita às energias verdes, que ali se fixam devido ao número de horas e à intensidade do sol, ao vento e à existência de solos disponíveis a preços que permitem a viabilidade dos negócios. “Quanto ao resto, estamos longe dos mercados e das matérias-primas, existem territórios mais atrativos para fixar multinacionais que criem centenas de postos de trabalho”, reconhece o edil alcoutenejo.
Inegável é o papel do Rio Guadiana para o futuro do concelho, “um diamante em bruto que tem muito por onde crescer, mas também tem que crescer com cuidado”, avisa Paulo Paulino. “A náutica poderia ser muito melhor aproveitada, porque temos um rio navegável, mas que não está ordenado.
Paulo Paulino: “Somos completamente periféricos, Alcoutim não fica de passagem para nada. Quem cá vem, vem porque é bonito, porque gosta, porque as pessoas são simpáticas e sabem receber, por causa das nossas paisagens. Se tivéssemos uma via de comunicação que fizesse esta ligação entre Portugal e Espanha, ficaríamos no centro do território Algarve-AlentejoAndaluzia e muito mais perto de matérias-primas e mercados”.
Há muitos veleiros no rio, contudo, só os aventureiros é que sobem o Guadiana, pois não têm a certeza se há sítio para atracar, não há zonas concessionadas. Se conseguíssemos oferecer isso, a procura iria aumentar, assim como o retorno económico para os agentes locais”, refere o entrevistado, para quem a explicação de tal ainda não ter acontecido é fácil. “Este rio tem um problema distinto de um Rio Tejo ou Rio Douro, é tratar-se de um rio transfronteiriço, de um rio internacional. Ou seja, qualquer regulamento, qualquer medida que se queira tomar, tem que haver a concordância dos dois países, o que nos dificulta imenso a ação. Depois, quem gere toda a área fluvial é a Docapesca, mas o seu principal objetivo é comprar e vender peixe, o que não acontece em
Alcoutim. O Município de Alcoutim tenta há imenso tempo protocolar com a Docapesca a transferência dessas competências, houve alguns avanços recentes, mas o processo ficou em stand-by com a mudança de governo. Entretanto, foi-nos apresentado um protocolo que não nos convém, estamos agora a preparar uma contraproposta”, revela Paulo Paulino.
Tema incontornável da conversa é a Ponte Internacional Alcoutim-Sanlúcar del Guadiana, cujo timing para a sua construção, com fundos comunitários, até 30 de junho de 2026, começa a ficar bastante apertado. “O problema com a ponte é o mesmo que envolve o ordenamento do rio, é ser uma ponte internacional. O tempo que demoramos a receber uma resposta do lado espanhol vai-nos inviabilizar todo este processo”, desabafa o autarca. “Depois
da assinatura do memorando de entendimento entre Portugal e Espanha na Cimeira Luso-Espanhola em Faro, era necessário a indicação de nomes para constituir uma equipa técnica mista para aprovar o projeto, que só se concretizou a meio de dezembro de 2024. Aquilo que foi agora promulgado pelo Presidente da República em Portugal vai ter que acontecer também em Espanha, mas antes terá que ir às Cortes Espanholas, o que se verificará apenas em junho. Só após isso é que haverá condições para que esta comissão técnica mista consiga emitir um parecer relativamente à aprovação da ponte. Estaremos a 12 meses do término do PRR, pelo que não vai ser possível executar”, assume.
Significa isso que ainda não será desta que este velho anseio de Alcoutim se
tornará realidade, questionamos. “Acredito que se vá construir, com PRR ou sem PRR. Estou convicto que o governo consiga arranjar verbas, nem que seja através do próprio Orçamento de Estado e por via de um contratoprograma. Irá custar 15 milhões de euros, é dinheiro, mas julgo que não seja assim tanto dinheiro para um Orçamento de Estado”, responde o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, frisando que só quem vive neste território é que tem consciência da importância desta obra. “Somos completamente periféricos, Alcoutim não fica de passagem para nada. Quem cá vem, vem porque é bonito, porque gosta, porque as pessoas são simpáticas e sabem receber, por causa das nossas paisagens. Se tivéssemos uma via de comunicação que fizesse esta ligação entre Portugal e Espanha,
ficaríamos no centro do território Algarve-Alentejo-Andaluzia e muito mais perto de matérias-primas e mercados. Temos esta EN124 que se inicia em Alcoutim e que vai até ao Porto de Lagos, em Portimão. A ponte ia desenvolver todo este corredor, sem falar para norte, em direção a Mértola, ou para sul, para Castro Marim”.
Enfim, as dificuldades são muitas, mas Paulo Paulino não tem dúvidas de que Alcoutim é um concelho com futuro. “Há 55 anos que tento passar cá a maior parte do meu tempo, porque acredito no seu potencial. As pessoas cada vez valorizam mais a sustentabilidade e os territórios que consigam ter esse reconhecimento e certificação irão beneficiar imenso com isso”, termina.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina nova temporada competitiva de ginástica acrobática deu o pontapé-de-saída de forma espetacular, no dia 25 de janeiro, no Pavilhão EB 2,3 Poeta Emiliano da Costa, em Estoi, com a realização da primeira edição da Faro Acro Cup, uma organização do CEDF –
Clube Educativo e Desportivo de Faro com o apoio do Município de Faro, Federação de Ginástica de Portugal e Associação de Ginástica do Algarve.
Com as bancadas repletas de público, pelo praticável passaram mais de uma centena de atletas dos escalões Infantil e Juvenil (combinado), 2.ª Divisão (dinâmico), 1.ª Divisão (equilíbrio), Iniciado, Júnior e Sénior (combinado),
Níveis (combinado), 2.ª Divisão (equilíbrio), Iniciado 2.ª Divisão (combinado) e 1.ª Divisão (dinâmico), que demonstraram o excelente trabalho que tem vindo a ser realizado no Algarve nesta exigente modalidade. Atletas que representaram com empenho, paixão e de sorriso nos lábios o Acro Al-Buhera –Clube de Ginástica de Albufeira, a ACD CHE – Associação Cultural e Desportiva Che-Lagoense, a AGSB – Associação de Ginástica de Sesimbra, a APAGL –Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, o CEDF – Clube Educativo e Desportivo de Faro, o GCT – Ginásio Clube de Tomar e o LDC – Louletano Desportos Clube. E houve ainda direito a uma participação especial da Quadra da
Classe AxroElite do SCP – 1.ª divisão sénior.
A reportagem é extensa, pelo que, nesta edição, estão apenas as fotos da parte da manhã, ou seja, de Níveis – Nível I, Infantis, Juvenis Base e o primeiro esquema das atletas da 1.ª e 2.ª Divisão. Na próxima edição da revista semanal do Algarve Informativo, a ser publicada no dia 8 de fevereiro, sairão as fotos da parte da tarde, isto é, Níveis - Nível II e III, Iniciados Base, Juniores Base e o segundo esquema dos atletas da 1.ª e 2.ª Divisão. Quanto aos resultados finais, pode ser consultados em https://drive.google.com/file/d/1AlZUvSf 0_9CQaYrdLej8CkoC4-hnhVkv/view
Teatro das Figuras, em Faro, recebeu, no dia 25 de janeiro, mais uma peça do cardápio d’A TURMA, desta feita «Casa dos Pais», com texto original, encenação e dramaturgia de António Afonso Parra e Luís Araújo, realização de Tiago Guedes e interpretação de Albano Jerónimo, Luís Araújo e Carla Maciel.
Explica a companhia que, no teatro, “está tudo à mostra, não existe nada entre o espectador e a performance, é ele o responsável por enquadrar e selecionar a informação que lhe interessa, tornando-se, assim, parte inequívoca da obra final”. “O cinema e os seus mecanismos criam camadas e
fazem essa pré-seleção pelo espectador. O que não entra no campo da câmara não existe no domínio da ficção criada. Nesta casa dos pais usamos o teatro como o espaço da memória e o cinema como o espaço da ficção: três irmãos regressam a casa para um funeral e são forçados a interrogar o ordinário, o banal, o até aqui evidente. Mas talvez não interroguem, talvez o evidente não seja assim tão claro, talvez nem sequer regressem”.
«Casa dos Pais» é uma coprodução Rivoli – Teatro Municipal do Porto, Teatro Virgínia, Teatro das Figuras, Um Segundo Filmes que contou com os apoios do Teatro Nacional São João, Teatro Helena Sá e Costa, GrETUA e Servilusa.
rancisco Menezes já fez quase tudo, música, teatro, rádio, cinema, televisão, mas a sua casa é a comédia ao vivo, assumindo ser um viciado em palco, por causa das luzes, dos sorrisos e das gargalhadas. E a tudo isso teve direito, no Teatro Lethes, em Faro, nos dias 24 e 25 de janeiro, perante duas plateias praticamente esgotadas e rendidas ao talento do humorista portuense.
A comédia de Francisco Menezes é um espaço de livre expressão com lugar para quase tudo e quase todos e, nestas duas noites, o pontapé de saída foi, imaginese, Deus, o nascimento do universo e, logo de seguida, do paraíso, que depressa deixou de ser um paraíso quando Deus decidiu criar Eva para fazer companhia a Adão. A história depois é a que se sabe, as desventuras de Abel e Caim, o aparecimento de Jesus Cristo, a Última Ceia, até de Sodoma e Gomorra se falou, e de muito mais, para delírio do público.
ano de 2025 iniciou tingido de negro, pela partida de personalidades que inocentemente considerávamos eternas, faróis de uma intervenção política marcada pela ética, moral, sentido de serviço, valores democráticos de quem passou anos amordaçado pela ditadura e aproveitou os cravos da liberdade para contribuir para uma sociedade melhor.
Estas palavras poderiam ser dirigidas ao lagoense Vasco Rocha Vieira e a ele são extensíveis, mas dedico-as a um homem
com menor dimensão social e política, mas que evidenciou ainda mais estes nobres valores, pela grande proximidade ao cidadão comum. Referimo-nos a Filipe Abreu, que serviu o Algarve na Assembleia da República em três Legislaturas.
Filipe Abreu não era natural do Algarve. Nasceu em Paços de Ferreira, em 1947, sendo o mais novo de onze irmãos, no seio de uma família de destacados republicanos, uma vez que era neto paterno de Eduardo Abreu, que foi Deputado Republicano no período monárquico e Deputado na Assembleia Constituinte de 1911.
Fixou-se no Portimão em 1967, trabalhando na hotelaria, onde acabou por ficar até ao seu falecimento, no passado dia 25 de Janeiro. No Algarve casou e constituiu família, mas mais do que isso, elegendo esta região como sua, foi uma das vozes que lutou pela regionalização e a criação da Região Piloto do Algarve.
Era pai havia cinco dias, quando recebeu a notícia da Revolução do 25 de Abril e nesse mesmo dia iniciou o seu contributo para que a Democracia ténue não fosse dominada por outros extremismos. Foi fundador do PPD/PSD de Portimão e um dos primeiros militantes do novo partido fundado por Sá Carneiro. Organizou e participou nos primeiros comícios do PSD realizados no Algarve, participou na criação da Festa do Pontal e esteve no cerco ao Governo Civil.
Autarca Portimonense, foi membro da Assembleia Municipal entre 1982 e 1985
(ano em que foi candidato a Presidente da Câmara Municipal de Portimão, sendo eleito vereador) e de 1990 a 2005. Integrou as listas concorrentes às Eleições Legislativas, sempre pelo Círculo Eleitoral do Algarve, em 1976, 1985, 1987, 1991 e 1995, tendo desempenhado o cargo de Deputado entre 1987 e 1991 por eleição, e em 1998 em regime de substituição.
Político de proximidade, que ia ao encontro das populações, foi muitas vezes porta-voz dos algarvios no Parlamento, partindo de iniciativa parlamentar sua uma série de melhoramentos realizados um pouco por todo o Algarve, de que, para memória futura, destaco: a Zona Ribeirinha de Alvor; as instalações da PJ e da PSP de Portimão; o Porto de Pesca da Baleeira; a Ponte do Arade; o Hospital do Barlavento Algarvio; ou a Barragem do Odelouca.
Pela sua mão deslocaram-se ao Algarve vários ministros, porque o seu espírito combativo e reivindicativo cativava os líderes e governantes, que por ele tinham uma enorme estima.
Abandonou na vida política ativa por motivos de saúde, mas iniciou uma nova caminhada igualmente exemplar. A forma como lutou ao longo de vinte anos contra doenças que muitas vezes colhem vidas em poucos meses, contrariando todos os prognósticos médicos, revelando uma energia e tenacidade invulgares, passou a ser visto como um exemplo para todos os que vivem maus momentos e pensam em desistir. Converteu-se num Farol de Esperança!
Sempre lúcido, mesmo nos momentos de maiores fragilidades físicas nunca deixou de estar presente onde considerava ser importante a sua presença, dando força, conselhos, espalhando sorrisos e até
gargalhadas fáceis, que davam um colorido especial a eventos demasiado sóbrios.
Em todos os que o conheceram (permitam-me a presunção de começar por mim), deixou uma marca profunda de resiliência, espírito combativo e confiança. Ensinou-me que temos de ter dignidade nas vitórias e nas derrotas; que nunca devemos desistir do que consideramos ser de justiça; que o respeito não se implora, conquista-se; que a ética e a seriedade não nos impedem de cometermos erros ou de tomarmos decisões erradas, mas ajudam a evitar ou a resolver muitos problemas.
A sua vida e obra está gravada em livro e o seu nome perpetuará na memória dos que o conheceram e certamente nalguma placa toponímica. No entanto, o seu maior legado é invisível e está perpetuado nas várias obras que reivindicou e ajudou a concretizar. Para memória futura talvez faça sentido que aqueles que embarcam na Baleeira, que bebem água da Barragem do Odelouca, que recorrem ao Hospital do Barlavento, que passam pela Ponte do Arade, ou tomam um café na Zona Ribeirinha de Alvor, de vez em quando se lembrem daquele que tanto se esforçou por essas concretizações, dizendo:
OBRIGADO FILIPE ABREU!
sociedade de consumo tem destas coisas, habitua-nos a uma sucessão de marcas e produtos que nos entram diariamente pelos olhos adentro e que desaparecem ao fim de alguns tempos, ao ponto de não nos lembrarmos de que alguma vez existiram. Felizmente, há umas quantas que se mantêm, firmes e hirtas, a resistir à passagem do tempo e à euforia (cada vez mais depressiva) do consumo. E uma delas são as habituais previsões astrológicas para o novo ano.
Há uns séculos eram julgados sumariamente, amarrados num poste, e cristianizados pelo fogo. Agora estão presentes em todos os jornais e revistas, na televisão e muito bem pagos. Acho que nenhumas profissões se podem gabar de ter sofrido uma reabilitação social tão profunda como os bruxos. Devido à estupidez daqueles que dizem falar em nome de DEUS, o que dantes era tido como bruxedo, agora passou a ter estatuto de consulta. Que reviravolta, hein? De "queimem a bruxa!" para "meu signo é de água, por isso choro no banho". O bruxo está para nós tugas como o psicanalista está para os americanos: por via das dúvidas e porque nunca se sabe quando dará certo, é bom toda a gente ter um. E entre cartas, planetas, mezinhas… e maus olhados,
vão faturando com as almas perdidas que diariamente lhes enchem o «consultório» à procura de um sentido para a vida, de um amor que nunca chega ou daquele que insiste em partir, à procura de uma palavra positiva que lhes acabe, pelos menos temporariamente, com a angústia existencial. E, nesse sentido, devo dizer que a secular abordagem cristã com água benta e umas ladainhas até contém algumas virtudes.
Confesso que já tive curiosidade, tenho pessoas amigas, de quem gosto e respeito que estudam e exploram estes temas, mas atualmente e depois de em cinquenta anos nunca terem acertado, já não ligo patavina aos signos. Cheguei à conclusão de que astrologia é como o governo: promete muito, faz pouco. Por tudo isto (e muito mais) já não tenho grande paciência para conversas esotéricas. Cartas? Só se for para jogar sueca. Mapas astrais? Só se for para encontrar o caminho de volta à realidade, onde as pessoas não sejam exploradas em momentos de fraqueza e doença até ao último cêntimo.
Mas ainda no outro dia, em conversa com uma grávida e seu marido (meu amigo), sobre a data de nascimento da criança, o meu cérebro entendeu proferir: “Aaaah… que fixe, vai ser Caranguejo”. A minha filha também é do mesmo signo…
Fixe, vai ser Caranguejo!?? Mas agora sou o quê!? O Zandinga!? Lembram-se de Zandinga? Para os mais novos, Zandinga foi um conhecido bruxo do final dos anos 70 e 80. Uma das suas previsões mais conhecidas foi a de que o Benfica seria campeão. Quando o Benfica perdeu o campeonato, Zandinga foi questionado
sobre a falha. Resposta: mas ganhou em juniores. Até podia ser no berlinde ou no jogo da macaca, acertava sempre!
Ora voltando ao tema que me trás aqui hoje...E desde quando eu estou ralado se vai ser Caranguejo, chicharro ou tramelga!? “Té Diéb!”. Às vezes não percebo mesmo porque raio faço isto a mim próprio. O meu cérebro adora colocar-me em situações com as quais gosta de me ver lidar, parece um comediante de «stand-up» que adora me ver em situações constrangedoras. Não sei se pelo gozo, ou ridículo.
E porque estou cansado de previsões ao lado, estou numa fase em que só acredito naquelas santinhas que mudam de cor. A minha querida avó Carolina tinha uma e, «maldeçoada» boneca, parecia magia. Era vê-la a ficar com má cara, meio cinzenta e pimba… vinha aí chuva. No fundo, era uma mulher como as outras. Dependendo da cara com que acordasse, nós teríamos um dia melhor
ou pior. Sugiro que o pessoal ligado à astrologia, tarot, lançamento de búzios, do martelo ou salto em comprimento se cinja a uma coisa simples, uma santa ou um galo que muda de cor. Poderá parecer ridículo, mas falhava menos vezes.
Antes de escrever esta coisa, a que chamam pomposamente de «crónica», fui ler as previsões do horóscopo de hoje para o primeiro signo que me apareceu, feitas por cinco aldrab... astrólogos conhecidos da nossa praça. Não precisam de ser bruxos para chegar à conclusão de que são (todas elas) contraditórias como podem facilmente comprovar. Mas eu compreendo, deve ser completamente diferente consultar as estrelas na Venda da Gaita (Pedrogão Grande), no Monte dos Tesos (Avis) ou no Vale da Rata (Almodôvar). Andam os cientistas a tentar perceber se a nossa personalidade é mais influenciada pela genética ou pela educação e envolvente cultural, quando muita gente doutorada na Disney e com mestrado do Euromilhões já resolveu o mistério e, afinal, é tudo culpa das estrelas e dos planetas. “Não negue à partida uma ciência que não conhece”, dizia, há mais de 20 anos, a saudosa Alcina Lameiras, num anúncio de televisão, numa tentativa (bem-sucedida) de vender as suas linhas de valor acrescentado. Pois bem, Alcina, eu não nego, o problema é que a Astrologia não é uma ciência. Aliás, os estudos que foram feitos mostraram que é tão eficaz a prever o futuro como a temperar saladas. Confundir Astronomia com Astrologia é o mesmo que confundir Maria Leal com música.
Alguns de vós, ao ler isto, devem estar a pensar que sou arrogante e que devia ter a mente mais aberta, mas a verdade é que neste momento da minha vida, acredito tanto no tarot e nos signos, como no coelhinho da Páscoa, ou no Son Goku do Dragon Ball. Acho que o futuro pode ser previsto nas cartas da mesma forma que se pode prevê-lo no pastel de nata, nas escamas de uma sardinha ou no fundo de um tacho depois de uma feijoada de buzinas.
Eu sei que não posso misturar as coisas, que há gente séria, cheias de boas intenções e tenta fazer o melhor pelos outros e que leva estas coisas a sério, eu conheço algumas de quem gosto muito e respeito. Mas também têm de confessar, até os mais crentes, que é impressionante a capacidade que os mamíferos têm de inventar maneiras de enganar e sacar dinheiro a outros mamíferos.
Mas… e «não vá o Diabo tecê-las» (lagarto, lagarto, lagarto), no último fim de semana, equipado a rigor de mantinha no colo e pantufas, pesquisei e gastei resma e meia de papel reciclado (porque me preocupo com o ambiente e essas coisas), a imprimir todas as previsões para o meu signo oriental e ocidental, ascendente, descendente, anjo da guarda, eu sei lá…tudo e mais alguma coisa, para ver quem acerta e mais importante… se alguém acerta? Porque, basta vinte por cento do que ouvi e li para vos convidar a passarem o réveillon para 2026 no meu iate privado, numa qualquer ilha paradisíaca. Que os astros estejam connosco!
primeira mulher a votar em 1911, Carolina Beatriz
Ângela, era viúva e contemporânea da Algarvia e Farense
Maria Veleda e esteve na origem da designação do Prémio Regional de Cultura com o qual, em 2017, se distinguiu o Dr. Mendes Bota, sobretudo pela luta que travou em prole da igualdade de géneros e direitos das mulheres, e que esteve na base da Convenção de Istanbul.
Foi em 1931 que as mulheres puderam pela primeira vez votar para as freguesias, a mesma data em que puderam começar a desempenhar funções públicas, mas só em 1974 é implementada a igualdade de géneros.
O conhecimento e a história são essenciais para ter uma política consolidada e que defende os direitos dos cidadãos como um todo. Com o 25 de abril de 1974, a participação das mulheres na política sofreu alteração, e assim a política também ganhou outras preocupações.
Maria de Lurdes Pintassilgo foi a primeira mulher a ser Ministra ainda que de um governo provisório, em 1974 e 1975, sendo 1.ª Ministra em 1979, dois meses antes de Margaret Tatcher.
Foi com Cavaco Silva que pela primeira vez há uma mulher Ministra do Governo, a Dr.ª Maria Leonor Beleza, Ministra da Saúde, faz precisamente 40 anos este ano que assim aconteceu (1985).
Em 2014, as mulheres representavam cerca de 40 por cento dos membros do parlamento português. No entanto, apesar dos avanços, a sub-representação feminina persiste, especialmente em cargos de liderança política, quer em cargos eleitos, quer em cargos de nomeação. Isto apesar de todos os estudos indicarem que, em todos os níveis de governo, as mulheres possuem níveis mais altos de escolaridade e ocupam profissões com maior grau de especialização, particularmente nas áreas do ensino e da gestão. São os partidos políticos mais à esquerda que tendem a apresentar maior equidade de género.
Atualmente, as mulheres representam aproximadamente 33 por cento dos deputados na Assembleia da República Portuguesa. Nas eleições legislativas de 2024, foram eleitas 76 mulheres, uma diminuição em relação às 85 deputadas eleitas em 2022, que constituíam cerca de 37 por cento do Parlamento.
Esta redução ocorre apesar da Lei da Paridade, revista em 2019, que
estabelece uma percentagem mínima de 40 por cento de cada género nas listas eleitorais. A discrepância entre a composição das listas e os resultados efetivos reflete desafios contínuos na representação feminina na política portuguesa.
Há hoje uma monitorização a nível europeu da Igualdade de Género com base num índice que considera vários parâmetros: trabalho; rendimento; conhecimento; tempo; poder; saúde e violência. O índice avalia as lacunas entre homens e mulheres numa escala de 1 a
100 naquelas dimensões (1 significa total desigualdade; 100 total igualdade).
Portugal subiu 1.2 para 68.6 em 2024 sobretudo no domínio do poder. Ocupa o 15.º lugar na União Europeia. A média europeia é de 71.0, mas Espanha e França estão quase 10 pontos acima de Portugal. Portugal está atrasado nesta convergência para a redução das disparidades, e todos nós somos responsáveis por isso, mas uns mais do que outros.
Falando agora
sobre as Mulheres no Setor do Turismo em Portugal, é uma questão amplamente estudada e vou só referir breves dados sobre o assunto de um inquérito recente. No setor do turismo, as mulheres constituem a maioria da força de trabalho. Em Portugal, 58 por cento dos cargos no turismo são ocupados por mulheres, uma percentagem superior à média europeia de 54 por cento. Todavia, no sector do turismo mundial ocupam mais tarefas precárias e informais que os homens.
No entanto, apesar da predominância feminina, há uma sub-representação em posições de liderança. Apenas 19,8 por cento das mulheres inquiridas demonstraram confiança em ascender a cargos superiores em breve, comparativamente a 29,5 por cento dos homens, pelo que a discriminação de género ainda marca forte presença no sector.
As questões de conciliação laboral e familiar são questões que têm afastando muitas pessoas deste sector, acompanhado pelo facto das remunerações também não serem equitativas entre homens e mulheres.
Além disso, as mulheres enfrentam desafios relacionados com a desigualdade de género no setor. Quase 52 por cento das mulheres relataram ter experienciado discriminação no ambiente de trabalho.
Por outro lado, as mulheres têm uma presença significativa na formação académica relacionada com o turismo e hotelaria, representando 60 por cento das candidaturas e 66 por cento dos diplomados nestes cursos.
O que é que «ela» quer?
A paridade foi legislada e nem todos com ela concordaram, a última revisão da lei é de 2019, bem recente. Temos uma
Comissão para a Igualdade e Cidadania que esperamos promova convictamente o seu trabalho.
Em suma, a sub-representação das mulheres na política e em determinadas
funções da sociedade é uma das nossas preocupações e serão sempre objeto de denúncia e revolta.
Hoje as mulheres têm níveis de escolaridade mais elevados e com maior grau de especialização, pelo que há que reconhecer o seu valor e mérito pessoal e profissional. Equidade, inclusão e igualdade são palavras-chave.
Que cidadania desejamos?
Em resumo, embora tenham sido feitos progressos na participação das mulheres tanto na política como no setor do turismo em Portugal, ainda existem desafios significativos a serem superados para alcançar uma verdadeira igualdade de género e de oportunidades.
Portanto, o que ela quer… é respeito, é reconhecimento, em nome de todas as mulheres, e dizer não à discriminação de género. Os direitos dos trabalhadores, que na maioria neste sector do turismo até são mulheres, têm de incluir as mulheres!
Há mulheres muito capazes de contribuir para a discussão pública no sector, até porque num mundo de turnos, trabalho ao fim de semana, numa população envelhecida e em sectores com enorme carência de recursos humanos, certamente os contributos para a melhoria seriam muitos.
Não há futuro para o turismo, nem para a política, nem para a sociedade, sem a inclusão das mulheres.
endo o Algarve região com grandes tradições no ciclismo, a verdade é que Loulé e Tavira se destacam das demais terras. Razões? Há quem diga que por serem as únicas que construíram pistas de ciclismo, servindo as mesmas como grande incentivo para os jovens abraçarem a modalidade, já que era bem diferente pedalar naqueles pisos do que apenas ter a estrada como lugar de treino com pisos sabe-se em que estado, acarretando ainda os perigos que todos conhecemos. Mas um pouco por todo o país o ciclismo acaba por estar ligado à existência de pistas (veja-se os casos de Sangalhos, Alpiarça e outras).
Recordo-me de ainda rapazinho ir assistir a provas à pista de Loulé e como delirava, sobretudo com as provas de perseguição individual. E quando a Volta a Portugal terminava no antigo Estádio José de Alvalade com a pista de atletismo a servir perfeitamente para o final da prova, com as bancadas cheias como se fossemos assistir a um derby local de futebol. Embora alguns com apoios de algumas empresas da região como o Olhanense tivessem pontualmente tido secções do popular desporto, são sobretudo a estas duas terras algarvias referidas que estão ligados os maiores símbolos da modalidade na região. Se em
Tavira Jorge Corvo merece o consenso, não podemos ignorar Custódio Cristina, Idalécio de Jesus, Manuel Machado, Sérgio Pascoa e António Graça, todos eles ciclistas do Ginásio Clube de Tavira, clube que parece ter terminado a atividade, mas nem por isso a prática da modalidade naquela cidade terminou, pois parece continuar bem vivo o Centro de Ciclismo de Tavira. Quanto a Loulé, que teve Francisco de Brito, em 1933, como primeiro ciclista a disputar uma Volta a Portugal representando o Louletano Desportos Clube, haveria ao longo dos anos de ver nascer ou passar pelas suas cores vários atletas de qualidade como Cabrita Mealha, Joaquim Apolo, Ildefonso Rodrigues, Perna Coelho, Casimiro Cabrita, Luís Vargues e Vítor Tenazinha, entre outros, teve ainda e durante alguns anos a concorrência saudável do Campinense, que em determinada altura resolveu apostar também no ciclismo.
E cabe aqui debruçarmo-nos um pouco sobre Vítor Tenazinha, isto porque foi o meu ídolo aquando eu ainda era rapaz e acabaria por conviver com ele quando regressou dos Estados Unidos da América, país para onde emigrou depois de encostar a bicicleta. Haveria de abrir um restaurante em Quarteira cuja especialidade era o popular frango grelhado, e ainda um outro em Vilamoura que intitulou Bike Tenazinha.
Mas recuando no tempo, enquanto Jorge Corvo, aquele que o público afeto à modalidade elegeu como rival (decerto fruto da proximidade entre as terras), além de ser um excelente contrarelogista, era um ciclista frio, que seguia as tácticas estabelecidas pelo treinador e retirando daí os devidos proveitos, com dois segundos lugares em Voltas a Portugal, além de outros prémios, batendo-se de igual para igual com as os grandes nacionais como João Roque, Ribeiro dos Reis e Sousa Cardoso entre outros; Vítor Tenazinha era um puro sangue e passar quilómetros atrás de quilómetros na sonolência do pelotão era de todo impossível. Daí que de vez em quando, e quantas vezes até à revelia do treinador, resolvia ir-se embora e andar sozinho tanto tempo que por vezes acabava por ser apanhado quase com a meta à vista. Mas para nós, rapazotes, o que interessava isso? Como podíamos perder o momento em que ele na Ladeira dos Matos (Estrada Nacional 270 onde mais tarde haveriam de estabelecer várias pedreiras) dava a «sapatada» deixando o pelotão pregado? “Arranca Tanaza” era o grito a que o dito reagia e nos deixava mais que orgulhosos daquele moço nascido ali bem perto nas Benfarras. Haveria ainda de correr alguns anos no Benfica e no Sporting, o que prova que o seu valor era bem conhecido fora da região algarvia.
A finalizar cabe aqui uma referência ao jornalista e escritor Neto Gomes, nascido em Vila Real de Santo António, mas que adotou Loulé como residência (António Aleixo o poeta fez o mesmo percurso).
Não sendo ciclista, este homem fez tantas Voltas a Portugal na qualidade de
«speaker» oficial da prova como os que mais participaram. Além de tudo, os seus trabalhos escritos sobre a matéria revelam um conhecimento fora do comum.
PROPRIETÁRIO E EDITOR:
Parágrafoptimista Unipessoal Lda. NIPC 518198189
SEDE:
Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil
Órgão registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782
DIRETOR:
Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924
Telefone: 919 266 930
REDAÇÃO:
Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 67, 8135-157 Almancil
Email: algarveinformativo@sapo.pt
PERIODICIDADE:
Semanal
Daniel Pina
FOTO DE CAPA:
Daniel Pina
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores.
A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão.
A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica.
A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos.
A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.