ALGARVE INFORMATIVO #11

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SUMÁRIO

8 OrBlua

18 ATUALIDADE

34 TÂNIA SILVA 44 ATUALIDADE

40 VINHOS MALACA

28 ATUALIDADE ALGARVE INFORMATIVO #11

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OPINIÃO

Daniel Pina Há vida para além do sábado… (…) O sábado é, e sempre foi, a opção mais fácil para se tentar minimizar os riscos de uma fraca adesão do público, só que os promotores esquecem-se que, ao acontecer tudo no mesmo dia, em vários pontos da região, às vezes até da mesma cidade, o risco acaba por ser ainda maior, porque não há publico suficiente para encher tantas salas (...)

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Paulo Cunha

Deficientes?... (…) Fui bafejado por esta graça que me tocou em vida, a de poder conhecer (e reconhecer) na falta de um ou mais sentidos, a superioridade de muitos na luta e superação constante contra a indiferença e o estigma de quem, não sabendo, não conhecendo e não querendo, tantas vezes os ostraciza. São concidadãos que merecem todo o nosso apoio, atenção e estima e não as costumeiras «caridadezinhas» para eleitor ver e logo a seguir esquecer(…)

16 João Espada Férias culturais, e porque não?! (…) com um pouco de esforço e criatividade, podemos acrescentar a esse programa de «sol e praia», um outro que merece a nossa particular atenção. O turismo cultural. À partida pode parecer um pouco difícil encontrar uma oferta cultural, próxima do nosso destino de férias de praia, mas, felizmente, existem sítios na internet, livros e revistas especializados em sugerir programas culturais, passeios e roteiros um pouco por toda a parte (…)

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Paulo Bernardo

As professoras da minha filha (…) Graças ao vosso trabalho, hoje tenho como meus amigos os pais dos amigos da minha filha e passei a ter um novo nome, sou quase sempre conhecido pelo pai da Catarina.Esta familiaridade, coisa que hoje quase não existe neste mundo de isolamento e egoísmo, é extremamente importante, quer para mim como pai, quer para o crescimento da minha filha, pois a vida em sociedade só se aprende quando crescemos nela, não isolados do mundo (…)

24 Hélder Rodrigues Lopes

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A Dor, a Desgraça e a Perda, instrumentos únicos de Crescimento do Self (…) “O infortúnio é um degrau para o génio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco”. A forma como o Self reage ao inesperado, ao que não é controlável, requer uma aprendizagem de processos comportamentais sustentados na forma, uma que se aprendeu anteriormente com as coisas que nos aconteceram (…)

ALGARVE INFORMATIVO #11 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Foto de capa: Telma Veríssimo Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 Diariamente, as notícias que marcam o Algarve em algarveinformativo.blogspot.pt ALGARVE INFORMATIVO #11

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CRÓNICA

Há vida para além do sábado…

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Daniel Pina Jornalista Danielpina@sapo.pt Algarveinformativo@sapo.pt

(…) O sábado é, e sempre foi, a opção mais fácil para se tentar minimizar os riscos de uma fraca adesão do público, só que os promotores esquecem-se que, ao acontecer tudo no mesmo dia, em vários pontos da região, às vezes até da mesma cidade, o risco acaba por ser ainda maior, porque não há publico suficiente para encher tantas salas (...) ALGARVE INFORMATIVO #11

comum algarvio se calhar não reparou mas este sábado, 6 de junho, foi pródigo em eventos de média/elevada qualidade que se realizaram de uma ponta à outra do Algarve, o que, à partida, é bom para os espetadores, mas terrível para os jornalistas que, por vontade própria, ou por obrigação profissional, até gostariam de fazer a cobertura de alguns desses espetáculos. Foi o Mikael Carreira no Portimão Arena. Foi a Viviane no Auditório Municipal de Olhão. Foi a Ala dos Namorados no Teatro das Figuras, em Faro. Foi o «À Espera de Godot» no Cine-Teatro Louletano. Foi um convívio motard em Olhão. Foi o «Calceteiros de Letras» no Ginásio Clube de Faro. E muitos outros que desisti de colocar em agenda. Houve tempos em que os algarvios, se quisessem ver espetáculos culturais de qualidade, tinham que rumar a Lisboa, pois estávamos esquecidos aqui neste jardim à beira-mar plantado e que, pelos vistos, só servia para passar férias nos meses de julho e agosto. Como o governo não fazia o seu trabalho, as autarquias, aproveitando os tempos de «vaca-gorda» dos fundos comunitários, construíram teatros e auditórios municipais e, hoje, o Algarve está muito bem servido de espaços desta natureza. Temos o Teatro Lethes e o Teatro das Figuras em Faro. O TEMPO e o Portimão Arena em Portimão. O Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves. Os Auditórios Municipais de Olhão, Lagoa e Albufeira. Temos Cine-Teatro em Loulé e São Brás de Alportel, o Centro Cultural de Lagos, espaços nobres de diversas associações recreativas em Faro e noutras cidades. Com os espaços construídos, as autarquias puderam, finalmente, dinamizar uma política cultural rica em espetáculos de diversas formas de expressão artística. Não vou aqui discutir a qualidade dos eventos produzidos ou 6

das companhias contratadas para os levar a cabo, porque não sou especialista nessa matéria. O que não consigo compreender é que, invariavelmente, a esmagadora maioria dos espetáculos acontecia aos sábados, como se apenas nesse dia os algarvios estivessem autorizados a desfrutar de uma saída de lazer com a sua cara-metade ou com os amigos. Quando se trata de eventos direcionados para um público mais juvenil, até se aceita que não se realizem durante a semana porque há escola no dia seguinte. Agora, não é por um adulto ir a um espetáculo num dia de semana que depois não se consegue levantar a horas para ir trabalhar como habitualmente. E quando as autarquias deixaram de ter dinheiro para financiar estes eventos e entregaram a sua organização aos próprios agentes culturais, em troca destes ficarem com as receitas de bilheteira, eles decidiram seguir pelo mesmo caminho. O sábado é, e sempre foi, a opção mais fácil para se tentar minimizar os riscos de uma fraca adesão do público, só que os promotores esquecem-se que, ao acontecer tudo no mesmo dia, em vários pontos da região, às vezes até da mesma cidade, o risco acaba por ser ainda maior, porque não há publico suficiente para encher tantas salas. O Algarve não é Lisboa, com mais de 500 mil habitantes a viver na capital. Também não é a Grande Área Metropolitana de Lisboa, com quase três milhões de habitantes. A região algarvia no seu todo nem chega a ter o tal meio de habitantes de Lisboa. Convém, por isso, que os promotores percebam que há vida no Algarve para além do sábado. Veja-se o concerto do Diogo Piçarra, no Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, que acontece na próxima terça-feira, 9 de junho, e que esgotou a lotação poucos dias depois de anunciado .


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ENTREVISTA

OrBlua

Quando a música tradicional encontra o punk Depois de andarem por outros projetos musicais, Carlos Norton, Inês Graça e Nuno Murta juntaram-se para gravar um tema para a coletânea «Sul Azul», em 2011, mas perceberam que podiam fazer muito mais do que isso e criaram os OrBlua. O objetivo desde logo foi apresentar o Algarve sob a forma de letras e melodias, através da música tradicional ou world music, mas com uma postura e irreverência em palco a lembrar as bandas de punk. E como é difícil para um artista limitar-se a uma forma de expressão, o trio dá também nas vistas com os videoclips da sua autoria e a participação em bandas sonoras de filmes de diversos estilos. Texto: Daniel Pina Fotografia: Jorge Jubilot ALGARVE INFORMATIVO #11

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omo tantas outras bandas, os OrBlua surgiram de forma algo inesperada e fortuita, em junho de 2011 e um mês depois já estavam a gravar o tema «Azul» para fazer parte do disco «Sul Azul», que estava a ser produzido por Carlos Norton para a Rádio Universitária do Algarve. “Conhecia a Inês Graça e o Nuno Murta de os ver tocar noutros grupos e já os tinha entrevistado para a RUA em diversas ocasiões. Entretanto, escrevi uma letra sobre o Algarve e entreguei a nove bandas para fazerem uma música, para se gravar um disco”, conta Norton, lembrando que, à última da hora, houve uma desistência. “Como produtor, era impensável pedir a outra banda para compor e

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gravar um tema no espaço de um mês. Eu já tinha uma coisa pensada e guardada numa gaveta há bastante tempo e à espera que tivesse paciência e disponibilidade para criar uma nova banda e, sob pressão, decidi que era hora de avançar. Liguei de imediato à Inês e ao Murta, bem como à Joana Costa e ao Bruno Vítor e estavam constituídos os OrBlua”. Sem nunca terem tocado juntos anteriormente, pode-se dizer que os cinco elementos tinham uma larga experiência, embora apenas Carlos Norton fosse músico profissional, a pisar os palcos desde os 15 anos em bandas de originais com sonoridades desde o rockabilly, punk e rock ao blues e géneros mais tradicionais. Entre elas, o entrevistado destaca «Jack e os Estripadores», que pisou grandes

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palcos de concentrações motards e a EXPO 98, mas Norton salienta principalmente a diversidade de projetos em que esteve envolvido e os músicos com que tem convivido ao longo de quase um quarto de século de carreira. “É isso que me dá uma visão bastante mais abrangente da música e não focar-me num estilo específico”, reconhece o quarentão que, curiosamente, é licenciado em Biologia Marinha e doutorando em Oceanografia. Talvez por isso a ideia de Carlos Norton nunca tenha sido criar um projeto igual aos outros, na linha do pop/rock anglo-saxónico ou da música portuguesa mais comercial, opinião que era partilhada pelos restantes elementos da banda. “Acho que não temos disponibilidade para fazer esse género de música, queríamos produzir algo original


ENTREVISTA

e que fosse mesmo nosso. O resultado, em termos de formato musical, é a confluência das nossas influências, mas com a vontade de fugir o máximo possível das regras estabelecidas e dos caminhos que os outros já trilharam. Destruir e reconstruir baseado em nada”, explica o locutor e realizador de vários programas e rubricas de rádio. Entretanto, Joana Costa e Bruno Vítor mudaram de residência, a primeira para a Austrália, o segundo para Portimão, e o quinteto transformou-se num trio e não mais sofreu alterações. E, apesar de não alinharem pelos padrões normais, a verdade é que o trabalho tem sido feito com coerência, bebendo das inspirações da música tradicional e da World Music, mas com uma atitude punk. “Claro que, quando não enveredamos pelo ALGARVE INFORMATIVO #11

pop mais vulgar, não temos o mesmo tipo de projeção e os próprios meios de comunicação social estão habituados a fazer caminhar esse tipo de bandas. No entanto, esses grupos também são mais efémeros, duram um ano ou dois e depois desaparecem. Nós não vamos por esses canais, mas verificamos que há algum reconhecimento do nosso trabalho e é frequente encontrar pessoas por esse país fora que, quando se fala nos OrBlua, se lembram de nos ver na televisão, de nos ouvir na rádio ou de nos ver em algum cartaz de evento”, sublinha Carlos Norton.

O amadorismo é uma faca de dois gumes Em Dezembro de 2012, os OrBlua editam então o EP 10

«Trihologia Noctiluca» com lançamento no salão nobre dos «Artistas» em Faro, tendo recebido quatro estrelas da Trompa e da Revista Blitz e sido eleito pelas Crónicas da Terra e pela Trompa como um dos 10 discos do Ano. O ano seguinte foi para apresentar o trabalho aos algarvios, em salas como o Zem Arte, o Centro de Artes Performativas do Algarve, o Club Farense, o Cenas ou a Casa da Cultura de Loulé, para além de atuarem no Festival MED e no Festival Sérgio Mestre. Em Abril do mesmo ano, participaram no inédito e singular «Quarto 101», um concerto mediático para 20 pessoas realizado num quarto de hotel de Faro. Em Novembro, surge novo tema, «Vamos Lá Ver», que integrou a edição discográfica da RUA FM «Porta Aberta» e, mesmo a terminar um ano bastante agitado, uma parceria com a «Música


Portuguesa A Gostar Dela Própria» deu origem a uma participação do conjunto algarvio no documentário «O Povo Que Ainda Canta», de Tiago Pereira, com um tema inédito de OrBlua a dar o nome ao filme dedicado ao Algarve - «Quem manda Aqui Sou Eu». Mesmo sem o estatuto de grandes vedetas, o grupo tinha encontrado o seu lugar no panorama musical português, muito graças à versatilidade dos três elementos, que era facilmente comprovada nas atuações ao vivo. Ali, Inês Graça, para além de ser a vocalista, toca instrumentos tão variados como o bouzouki, a guitarra, o baixo, a concertina, a cana rachada e o violoncelo. Nuno Murta tem a seu cargo a cabaça de água, adufe, darbouka, glockenspiel e outras percussões variadas. Quanto a Carlos Norton, a par da voz, toca gaita-de-foles, gralha,

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banjo, harpa, bodhrán, piano, melódica, concertina, duduk, sanfona, loop station. Como se adivinha, o produto final é de uma qualidade tão elevada que parece difícil acreditar que apenas Carlos Norton se dedica à música a tempo inteiro. No entanto, não depender da venda de discos para pagar as contas da casa é um pau de dois bicos, alerta o entrevistado. “Sem essa pressão dos números, temos total liberdade criativa e artística. Por outro lado, não se tem o mesmo tempo e dedicação, em termos de horários, quando existe uma outra atividade profissional, como acontece com a Inês e o Nuno, o que complica o processe de criação e de ensaios”. Uma tarefa que se dificulta ainda mais quando o estilo musical é mais erudito e complexo e quando há uma

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multiplicidade de instrumentos para conjugar em cada tema, o que impede que cada elemento grave as suas partes em casa e depois, quando o trio está junto, seja apenas uma questão de colar as diferentes parcelas. “Isso é fácil quando se segue partituras e é tudo muito retilíneo mas, no nosso caso, é completamente impossível. Como só tocamos originais, o processo habitual de criação é uma composição de um embrião melódico em que experimentamos quase tudo o que é possível quando estamos em estúdio, até percebermos os três que a música está feita. Mas é uma experimentação contínua que se torna recompensadora”, assegura Carlos Norton. Todavia, se o dinheiro não está no topo das prioridades para os OrBlua, tocar com frequência é um desejo de qualquer artista e,


ENTREVISTA

depois de dar primazia aos seus conterrâneos, o trio decidiu, em 2014, apresentar o EP ao resto do país, com atuações nas FNACs de Lisboa, em programas televisivos e de rádio, na Fábrica do Braço de Prata e percorrendo alguns dos mais importantes Festivais como o MED, o Sons do Atlântico ou o Festival Bons Sons. Mesmo sem ter um nome mediático de pop star, em Abril de 2014 surge o convite da Antena 1 para gravar uma versão de um tema de intervenção no âmbito dos 40 anos da Revolução dos Cravos. Assim nasce uma versão de «Caixinhas», de AP Braga (1972), também ela uma versão portuguesa de «Little Boxes» de Malvina Reynolds, para integrar a série «Os Dias Cantados». As atuações vão-se sucedendo, embora o circuito da world music não seja muito extenso em Portugal, mas Carlos Norton confessa que os OrBlua ainda não perceberam bem qual é seu espaço no panorama musical, não se prendendo a rótulos. “Certamente que não nos inserimos nas típicas festas de Verão, mas existem alguns festivais e espaços fechados ALGARVE INFORMATIVO #11

como auditórios, onde nos sentimos bastante bem. Aliás, temos uma versão de espetáculo para atuações ao ar livre e outra para auditório, com lugares sentados e um ambiente mais intimista, que gostamos muito de fazer durante o Inverno”.

A música original de OrBlua une-se, assim, às fotografias inéditas do olhanense Jorge Jubilot. Deste modo, o álbum tem um duplo sentido, invocando simultaneamente o nascimento do cinema com a técnica de animação de fotografia, mas sendo também uma referência a Apresentar o Algarve «Cineticum», como era conhecida a região do Algarve no através da música período de domínio romano. “A sucessão de imagens, de sons e A internet, entretanto, permite de textos, fazem de «Retratos que o som dos OrBlua seja Cinéticos» um filme que mostra ouvido nos quatro cantos do o Algarve. O disco tem 11 temas mundo e os seus temas já que celebram a região algarvia, passaram em rádios de todos os sendo cada tema uma imagem continentes. Concertos alémdo Algarve, da cultura e das fronteiras é que ainda não tradições, das suas gentes e dos aconteceram, mas essa deverá seus costumes”, descreve Carlos ser a próxima aposta da banda Norton. “São músicas e letras que, nas suas melodias, fala originais que falam sobre a acima de tudo do Algarve e pesca, os tradicionais moinhos daquilo que os rodeia. “O que (maré, vento, água), as está na nossa cidade e região é o amendoeiras, até sobre um que mais nos influencia e o alerta ecológico no Cabo de S. último disco, «Retratos Vicente, a desertificação da Cinéticos», é disso exemplo”, Serra do Caldeirão”. indica, aproveitando para No meio dos originais há esclarecer que não se trata apenas uma exceção, o tema apenas de um álbum, mas de «Calendário», de Sérgio Mestre, uma obra híbrida que junta um um género de homenagem ao livro de fotografia e edição músico de Tavira e que tem discográfica num único objeto. como convidado Janita Salomé. 12


Mas destacam-se mais presenças especiais, como os «Gaiteiros de Lisboa», nos temas «Tempo Estado» e «Quem Manda Aqui Sou Eu», baseado nos Bailes Mandados, este último encomendado aos OrBlua pelo realizador Tiago Pereira para a série «O Povo Que Ainda Canta» e que acabou por dar nome ao episódio dedicado ao Algarve. Aliás, o cinema tem sido uma das áreas em destaque para OrBlua, já que dois telediscos produzidos pela banda e realizados por Carlos Norton integraram a seleção oficial de dois festivais (Farcume e Arouca Film Festival) e um deles, «Aviãozinho Militar», foi mesmo galardoado no Farcume. A música de OrBlua surge ainda em filmes como «Incredulus» ou «Posto 23», de Paulo Duarte Filipe, com produção da Peace andArtSociety e «Alvoroço», de Paulo Penisga. Música original foi composta igualmente para o documentário «Tesouras e Navalhas» de Hernâni Duarte Maria e para o filme de terror «Em Família», de Rodrigo Machado e Carlos Fraga. Está mais que visto que estarem no Algarve, tocarem um género pouco comercial, em português e sobre a região em que nasceram nunca foram entraves para a

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evolução dos OrBlua, mas Carlos Norton reconhece que, inicialmente, havia essa preocupação. “Isso não significa que escondamos que somos algarvios, é com todo o orgulho que, em qualquer espetáculo que damos, dizemos logo de onde somos. Da mesma forma que assumimos as nossas diversas facetas artísticas. Nunca tinha pegado numa câmara de filmar quando fizemos o «Aviãozinho militar» e acabou por ganhar um prémio num festival. Começamos também a utilizar as fotografias do Jorge Jubilot nos nossos concertos e, quando fomos gravar o CD, achamos que era natural incorporar o que já estava a acontecer em palco”, salienta o líder da banda, admitindo que, mesmo para um trio, é extremamente difícil viver-se apenas da música. “Temos um horário das nove às cinco durante a semana, ao fim de semana há que dedicar mais tempo à família, portanto, exige um grande esforço. Às vezes não estamos com a família, passamos noites sem dormir, temos que trocar folgas com os colegas, mas é a maneira de darmos espetáculos. Imagine-se agora quando um músico faz parte de

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várias bandas, a dor de cabeça que é para se marcar um concerto”. Seja como for, os próximos meses já têm datas riscadas nas páginas do calendário, junho será passado em estúdio a gravar mais uma banda sonora e os OrBlua até já tem temas originais suficientes para gravar mais um ou dois álbuns, mas agora é tempo de promover «Retratos Cinéticos». “Estamos sempre a criar e assim, quando sentirmos que é o momento certo para colocar outro disco cá fora, será apenas uma questão de escolher o alinhamento. Se o nosso intuito fosse ser rico, não estaríamos na música. Se quiséssemos ser famosos, também não era estilo de música que tocávamos. O importante é que a crítica especializada tem falado bem do nosso trabalho e o índice de satisfação do público que vai aos nossos concertos é enormíssimo, sejam novos ou velhos, da cidade ou da aldeia. Não somos pop-stars mas somos considerados uma das bandas mais inovadoras a nível da world music e da música tradicional, o que é uma grande satisfação e motivo de orgulho”, conclui Carlos Norton .


CRÓNICA

Férias culturais, e porque não?!

João Espada Professor, Artista Plástico e Presidente da Casa da Cultura de Loulé Joao_espada@hotmail.com

(…) com um pouco de esforço e criatividade, podemos acrescentar a esse programa de «sol e praia», um outro que merece a nossa particular atenção. O turismo cultural. À partida pode parecer um pouco difícil encontrar uma oferta cultural, próxima do nosso destino de férias de praia, mas, felizmente, existem sítios na internet, livros e revistas especializados em sugerir programas culturais, passeios e roteiros um pouco por toda a parte (…) ALGARVE INFORMATIVO #11

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chegada do verão traz consigo promessas de um merecido descanso, após um ano esgotante de trabalho intenso. Mas, por vezes, nem sempre é fácil escolher o melhor programa de férias. A cabeça está «tão cheia» que só consegue pensar no mais simples. Sol e praia surgem, então, como as opções mais óbvias e fáceis de concretizar, principalmente para quem vive no litoral do país. No entanto, com um pouco de esforço e criatividade, podemos acrescentar a esse programa de «sol e praia», um outro que merece a nossa particular atenção. O turismo cultural. À partida pode parecer um pouco difícil encontrar uma oferta cultural, próxima do nosso destino de férias de praia, mas, felizmente, existem sítios na internet, livros e revistas especializados em sugerir programas culturais, passeios e roteiros um pouco por toda a parte. Creio que pode ser uma combinação perfeita, fazer um programa de férias relaxantes junto à praia mas em conjugação com a cultura. Num só momento libertamos a mente, recarregamos as baterias, conhecemos e exploramos igualmente outras culturas características desses lugares turísticos que nos acolhem durante esse período de férias à beira mar. Por outro lado, o campo e a montanha também são uma excelente opção. Neste caso, o rio oferece um contato 14

privilegiado com a natureza e, junto a ele, haverá certamente muitas tradições e património por descobrir. Assim sendo, irei mencionar alguns sites e revistas para uma pesquisa rápida de ofertas culturais dentro da música, teatro, dança, exposições, monumentos, programas infantis, restaurantes, festas-feiras e cinema para os mais variados locais do nosso país. Do jornal o Público, temos a ferramenta digital o «Guia do Lazer»: www.lazer.publico.pt/, temos também a agenda cultural online. «MyOut» com o domínio: www.myout.net/. Para quem procura uma agenda mais detalhada dos festivais de música, temos o site: www.festivaisverao.com/. E, para quem busca programas culturais «low cost», pode encontrar várias ofertas através das seguintes páginas do facebook: Agenda cultural dos Tesos; Cultura Grátis em Lisboa, Cultura Grátis no Porto e Onde Lisboa. Quanto às revistas, surgem como boa sugestão a TimeOut, a Ticketline Magazine e a Blitz. Já no que se refere aos suplementos, Fugas e Ípsilon (do Público), bem como o Jornal de Letras, são outras boas sugestões. Feitas as sugestões, agora é tempo de «fazer as malas» e sair à procura do descanso merecido e das milhares de ofertas culturais que estão espalhadas pela nossa terra lusitana à sua espera.


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CRÓNICA

Deficientes?... Paulo Cunha

(…) Fui bafejado por esta graça que me tocou em vida, a de poder conhecer (e reconhecer) na falta de um ou mais sentidos, a superioridade de muitos na luta e superação constante contra a indiferença e o estigma de quem, não sabendo, não conhecendo e não querendo, tantas vezes os ostraciza. São concidadãos que merecem todo o nosso apoio, atenção e estima e não as costumeiras «caridadezinhas» para eleitor ver e logo a seguir esquecer (…) ALGARVE INFORMATIVO #11

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djetiva-se alguém que apresenta deformação física ou insuficiência de uma função física ou mental como deficiente. Pois… entendo, mas cada vez mais concordo menos com esta definição. É que ao longo dos meus trinta e três anos de docência tenho vindo a aprender com os ditos «deficientes» o que é efetivamente a deficiência. Passo a explicar: com cerca de vinte e poucos anos de idade aceitei lecionar as disciplinas de «Piano» e «Formação Musical» a uma aluna cega. Obviamente a formação e preparação de base para tal foi «zero». Valendo-me de algum altruísmo, do desejo de arriscar, da vontade de partilhar, do anseio de aprender e de querer ser solidário, avancei com tal desiderato… Trabalhei com a dita aluna para que prosseguisse estudos e hoje, com satisfação inaudita e enorme orgulho, vejo-a na qualidade de professora habilitada para lecionar várias «cadeiras» ligadas ao ensino da Música, além de ser uma ótima cantora e pianista de jazz. O tempo entretanto passou e eis que, há quinze anos, me «bateu à porta» outro convite improvável, o de acolher uma turma de alunos surdos no seio da aprendizagem musical. Se no início da carreira letiva o desafio me pareceu inegável, volvidos alguns anos, e estando intelectualmente mais maduro, resolvi pedir uns dias para refletir, informar-me e aconselhar-me, pois, mais uma vez, repetia-se a «cena» formação e preparação de base para tal, «zero». E a história voltou a repetir-se… mais uma vez aceitei. E em boa hora o 16

fiz! Quinze anos volvidos em contacto com o mundo do silêncio e o resultado é encontrar-me hoje muito mais rico musical, intelecto e afetivamente. Foram várias turmas de gente que me ensinou muito mais do que eu me propus e lhes consegui ensinar. Inquestionavelmente! Daí a dificuldade em conceber e aceitar estes alunos como sendo deficientes, pois à declarada e assumida insuficiência e incapacidade de ouvir contrapõe-se a notória capacidade para igualar, e até superar, os ouvintes no que lhes é solicitado musicalmente. A forma como sentem as vibrações e nelas ouvem o que a natureza lhes roubou é comparável ao que os dedos da aluna cega viam ao tocar nas teclas do piano. Fui bafejado por esta graça que me tocou em vida, a de poder conhecer (e reconhecer) na falta de um ou mais sentidos, a superioridade de muitos na luta e superação constante contra a indiferença e o estigma de quem, não sabendo, não conhecendo e não querendo, tantas vezes os ostraciza. São concidadãos que merecem todo o nosso apoio, atenção e estima e não as costumeiras «caridadezinhas» para eleitor ver e logo a seguir esquecer. Por isso, muitas vezes - em tom brincalhão e com alguma provocação à mistura - digo que prefiro lecionar aos «deficientes declarados» do que aos «deficientes não declarados». Sim, porque considero mais deficiente aquele que pode e não faz do que aquele que não pode e faz! Para bons entendedores… .


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ATUALIDADE

Albufeira é o município do país com mais Praias com qualidade de ouro

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lbufeira é uma vez mais o concelho a nível nacional com o maior número de «Praias com Qualidade de Ouro», 21, mais duas em relação ao ano passado, designadamente Belharucas e Falésia Alfamar. O galardão é atribuído no início de cada época balnear pela Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza às zonas balneares do país, cujas águas apresentem melhores resultados em termos de qualidade. Este ano foram classificadas as seguintes praias com qualidade de ouro: Arrifes, Aveiros, Belharucas, Castelo, Coelha, Evaristo, Falésia Alfamar, Galé – Leste, Galé – Oeste, Manuel Lourenço, Maria Luísa, Oura, Oura Leste, Peneco, Pescadores, Rocha Baixinha, Rocha Baixinha – Nascente, Rocha – Baixinha Poente, Salgados, Santa ALGARVE INFORMATIVO #11

Eulália e São Rafael. Refira-se que para conseguir alcançar o título de praia de ouro, as análises realizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) têm de apresentar o nível de excelente durante os últimos cinco anos. A cerimónia do hastear das Bandeiras (BAE e Praia Acessível) realizou-se, no dia 2 de junho, na Praia dos Pescadores, com a presença de

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elementos do Executivo, Autoridade Marítima, representantes da APA e da ARS Algarve. Até ao final da manhã, as autoridades percorreram todas as zonas balneares galardoadas para hastear as 24 bandeiras azuis e as 13 bandeiras praia acessível, que vão permanecer à entrada do areal até ao final da época. “Albufeira continua a liderar com as melhores praias, quer em termos ambientais quer de segurança, o que justifica que seja o destino mais procurado pelos turistas nacionais e estrangeiros. É esta aposta no melhoramento das infraestruturas turísticas e na sustentabilidade ambiental que são responsáveis pelo desenvolvimento económico e social do concelho e da própria região”, destacou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Carlos Silva e Sousa.


Albufeira e Sal reforçam geminação

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o âmbito da geminação entre Albufeira e a cidade do Sal, Carlos Silva e Sousa recebeu, no dia 29 de maio, nos Paços do Concelho, uma delegação daquele município cabo-verdiano, composta pela vereadora da Juventude, Relações Públicas e Internacionais, Lucete Santos, e pelo vereador do Desporto, Ambiente e Saneamento, Pedro

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Neves. A visita cumpriu os objetivos há muito traçados de reforço da geminação e dos laços de amizade existentes entre os dois municípios, mas serviu também para encontrar novas formas de cooperação nas áreas do Desporto, Juventude, Educação e Ambiente. Recorde-se que os Municípios de Albufeira e Sal estão geminados por Acordo de

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Cooperação desde 26 de setembro de 1997, tendo já sido estabelecidos diversos protocolos. O último contacto decorreu em maio de 2014, quando Jorge Figueiredo, presidente da Câmara Municipal da Ilha do Sal, e a vereadora Lucete Santos, visitaram Albufeira, com especial enfoque no centro histórico da cidade. “Esta é uma oportunidade de reafirmar os laços que nos unem ao município do Sal, uma autarquia que merece ser apoiada pelo trabalho que tem desenvolvido em prol do seu concelho”, frisou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira Carlos Silva e Sousa, acrescentando ainda: “Este relacionamento não é apenas de protocolo, mas de amizade entre os povos, tendo já atravessado diversos executivos” .


ATUALIDADE

Bombeiros Sapadores de Faro recebem EPI’s para combate a incêndios

O

s Bombeiros Sapadores de Faro receberam, no dia 5 de junho, das mãos do Presidente da Câmara Municipal e da sua vereação, os equipamentos de proteção individual que vão permitir uma operacionalização da corporação mais eficiente e em condições de maior segurança para o efetivo. No total, foram entregues 39 equipamentos de proteção individual para combate a incêndios em estruturas urbanas e industriais, (conjuntos de calça e dólmen). São fatos ignífugos que retardam a propagação das chamas, protegendo os bombeiros contra riscos de exposição ao fogo e que vêm substituir os antigos que se encontravam já obsoletos e com mostras de algum desgaste devido ao seu uso intensivo. A aquisição dos equipamentos teve um custo final que rondou os 23 mil euros, integralmente suportados pela autarquia. Foram ainda entregues 28 EPI’s de combate a incêndios em espaços naturais (florestais), atribuídos no âmbito de uma candidatura da Associação de Municípios do Algarve (AMAL) e Autoridade ALGARVE INFORMATIVO #11

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Nacional de Proteção Civil (ANPC) ao Programa Operacional de Valorização Territorial (POVT). Na cerimónia, o Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, teve ocasião de enaltecer o trabalho desenvolvido por esta corporação no que concerne à proteção de pessoas e bens do concelho, e aproveitou para encorajar o efetivo no âmbito das operações a desempenhar ao abrigo do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) já em vigor na nossa Região. Na cerimónia estiveram presentes o Presidente da Câmara e restante Executivo, acompanhados do Comandante Operacional Municipal e toda a corporação .


Vencedor do Orçamento Participativo de Loulé 2014 recebe verba para execução de obra

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epois do Centro de Apoio à Criança de Quarteira, foi a vez da Associação dos Amigos da Cortelha receber da Câmara Municipal de Loulé a primeira tranche (50 por cento) da verba para a obra da cobertura do Campo Polidesportivo da Cortelha, no âmbito do Orçamento Participativo do Município de Loulé 2014. Esta foi a proposta mais votada na freguesia de Salir, bem como no contexto das 11 freguesias do Concelho, com 1288 votos.

O projeto vem dar resposta a uma necessidade da população local, já que permitirá melhorar um espaço que, a par da prática desportiva, serve como local de encontro e convívio entre a população e é o recinto onde se realizam alguns eventos locais como os Manjares Serranos. Através da Carta de Compromisso celebrada, a Autarquia irá financiar a totalidade da obra orçada em 65 mil e 990 euros, mas a gestão da mesma ficará a cargo desta associação. Uma vez que este é um projeto de investimento decorrente do Orçamento Participativo 2014, após a execução da obra a Associação dos Amigos da Cortelha compromete-se a disponibilizar e facilitar o acesso ao espaço intervencionado com vista ao uso do mesmo por parte da população e comunidade em geral, sem prejuízo de um eventual conjunto de regras elementares definidas pela instituição de modo a agilizar a utilização das infraestruturas .

Alunos do 1.º ciclo vão ter manuais escolares gratuitos

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o próximo ano letivo 2014-15, a Câmara Municipal de Loulé, através da Divisão de Educação, vai distribuir gratuitamente todos os manuais escolares obrigatórios, a todos os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico do Concelho. Esta será uma medida de grande alcance social, que representa um importante contributo para as famílias do concelho de Loulé que, cada vez mais, sentem o peso desta despesa escolar no seu orçamento familiar. Sendo eixos fundamentais para o sucesso das novas gerações, as políticas educativas e sociais da autarquia assumem-se como fatores de valorização humana, que a autarquia procura reforçar continuamente. A distribuição dos manuais terá início no mês de setembro, mas os encarregados de educação ficam desde já informados desta iniciativa da Autarquia que irá permitir canalizar o investimento previsto por esses encarregados para outras áreas da economia familiar. Refira-se que, até ao momento, apenas os alunos com escalão beneficiavam desta medida, que é agora alargada a todos os estudantes do 1.º Ciclo . ALGARVE INFORMATIVO #11

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Associações Culturais e Recreativas de Loulé recebem 165 mil euros associações, o edil disse que estes terão toda a liberdade de utilizar esses dinheiros. “Desde que sejam criativos, que possam cultivar a nossa identidade sem quaisquer regras dirigistas e que possam ter a irreverência necessária dos criadores artísticos sempre que esta se revelar necessária”, acrescentou. Vítor Aleixo falou ainda das duas dimensões culturais presentes nestas associações – por um lado, o âmbito da sua o presidente da Autarquia, Vítor as que se enquadram numa política cultural, a Aleixo. prática cultural tradicional e que Câmara Municipal de se dirige mais à valorização da Assim, irão beneficiar deste Loulé celebrou os contratosnossa identidade, e por outro apoio a Sociedade Filarmónica programa com as associações Artistas de Minerva, Associação lado, as organizações que têm culturais e recreativas do outro campo de ação cultural, Cultural de Salir, Associação Concelho, através dos quais Amigos do Alentejo, Associação mais ligado à criatividade, ao atribuiu uma verba de cerca de dos Amigos da Cortelha, exercício da imaginação e da 165 mil euros como forma de liberdade intelectual. “A cultura Associação de Amizades dos apoiar as atividades PALOPS no Algarve, Associação é exatamente isto, por um lado desenvolvidas por estas consolida, cultiva, não deixa Amigos do Rancho Folclórico e coletividades e mediante morrer a nossa identidade, e Etnográfico de S. Sebastião, critérios definidos no por outro lado, eleva o Homem Associação Artística Satori, regulamento instituído pelo na medida em que o qualifica Grupo de Amigos de Loulé, Município. “Quando fazemos a Associação Social e Cultural da como ser livre, crítico, capaz de gestão dos dinheiros públicos compreender o mundo e capaz Tôr, Casa do Povo de Alte, fazemos questão de definir Grupo Cultural e Recreativo do de o tornar melhor”, critérios de atribuição de considerou. Refira-se que o Monte Seco, Centro Social e verbas, com clareza, para que Cultural Parragilense, Fundação investimento do Município de possamos, de forma objetiva, Loulé na cultura vai muito além Manuel Viegas Guerreiro, ser justos na atribuição dessas Associação Geonauta, Núcleo de deste apoio direto, passando mesmas verbas. Aprovámos um Loulé da Liga dos Combatentes, igualmente pelo apoio logístico, regulamento que é um novo Teatro da Estrada – Associação a cedência de espaços ou a instrumento que regula esse Cultural de Alte, Casa da Cultura colaboração nos eventos apoio e fá-lo de uma forma que de Loulé e Ao Luar Teatro. promovidos por estas pretende ser o mais associações . Quanto à gestão destas verbas transparente possível”, referiu pelos responsáveis das

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CRÓNICA

As Professoras da minha filha

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Paulo Bernardo Empresário pb700123@gmail.com

(…) Graças ao vosso trabalho, hoje tenho como meus amigos os pais dos amigos da minha filha e passei a ter um novo nome, sou quase sempre conhecido pelo pai da Catarina.Esta familiaridade, coisa que hoje quase não existe neste mundo de isolamento e egoísmo, é extremamente importante, quer para mim como pai, quer para o crescimento da minha filha, pois a vida em sociedade só se aprende quando crescemos nela, não isolados do mundo (…) ALGARVE INFORMATIVO #11

stá chegando ao final mais um ano letivo, faz cinco anos que a Catarina iniciou o seu percurso escolar, primeiro numa pequena escola primária recuperada e transformada em Jardim de Infância e depois numa antiga escola primária que continua viva pois tem conseguido sobreviver à avidez de encerrar o interior. Para além dos edifícios, existem as pessoas e é delas que eu quero falar e agradecer. Desde o início do percurso que se principiou com a Paula Ferrinho, continuo com a Graça Bernardo e atualmente tem a Elisabete Brito e toda a fantástica equipa de auxiliares. São a estas pessoas que eu queria agradecer todo o trabalho que fizeram para além do que lhes era pedido, um trabalho fantástico que não matou a criatividade das crianças e que as tem preparado para a vida de hoje. Foram cinco anos cheios de atividades, tarefas, aventuras, acima de tudo divertimento. Hoje existe uma família ligada à escola que é fruto de todas as pessoas, mas em particular das três professoras que referi no início. Graças ao vosso trabalho, hoje tenho como meus amigos os pais dos amigos da minha filha e passei a ter um novo nome, sou quase sempre conhecido pelo pai da Catarina. Esta familiaridade, coisa que hoje quase não existe neste mundo de isolamento e egoísmo, é extremamente importante, quer para mim como pai, quer para o crescimento da minha filha, pois a vida em sociedade só se aprende quando crescemos nela, não isolados do mundo. E essa vivência estas professoras tem-nos dado. Obrigado por todo o trabalho e dedicação, algumas vezes fora do horário e em detrimento da família, são um grande exemplo para todos. Contudo, a vossa função algumas vezes 24

é mal entendida por pais que não o sabem ser e, por isso, não poucas vezes criticam os professores pelo seu próprio fracasso. Assim, quero desejar a todas umas ótimas férias quando elas chegarem e que o próximo ano letivo corra pelo melhor. Nota da semana: Infelizmente vou ter que falar da transferência de Jorge Jesus. Digo infelizmente não pela transferência, mas por ter sido o tema quente da semana. É muito triste e preocupante quando o povo fica em histeria e quase arranca cabelos por um assunto de terceira categoria que não tem qualquer impacto prático na nossa vida. O futebol é um negócio, ponto. O resto são brincadeiras. Contudo, gostava muito de ver o país a ter o mesmo empenho a discutir a lei da água, o estado da saúde, o desemprego. Isso sim, se colocasse-mos metade da nossa paixão futebolística ao serviço do país, ninguém se atreveria a fazer o que quer que fosse com esta grande nação. Assim, e para gáudio de alguns, vamos ter um verão dedicado a Jesus. Não se esqueçam que no outono vão haver possivelmente as eleições mais importantes das nossas vidas, por isso, não se deixem enganar por assuntos futebolísticos. Figura da semana: João Rendeiro, o grande banqueiro do BPP que foi absolvido durante as suas férias em Miami. Obrigado João por mostrares que a nossa justiça funciona às mil maravilhas. São exemplos como tu que estimulam os nossos jovens a criar o seu próprio negócio. Continuação de boas férias, que por aqui a malta vai se preocupando com o Jesus .


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CRÓNICA

A Dor, a Desgraça e a Perda, instrumentos únicos de Crescimento do Self

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Hélder Rodrigues Lopes

(…) O infortúnio é um degrau para o génio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco”. A forma como o Self reage ao inesperado, ao que não é controlável, requer uma aprendizagem de processos comportamentais sustentados na forma, uma que se aprendeu anteriormente com as coisas que nos aconteceram (…) ALGARVE INFORMATIVO #11

Tempo não Tem que ter Tempo» foi a reflexão anterior. Para esta semana estrego-lhes uma reflexão sobre os três instrumentos, se não os únicos, os mais fortes objetivamente promotores de crescimento do Self. Mantendo-me no ensaio refletivo sobre a relação Homem – Mãe Natureza, e concedendo à Mãe Natureza a Identidade Omnipresente que sustenta todo o Ensaio. A existência de elementos reguladores nesta relação que o Homem toma mais ou menos conhecimento por inúmeras formas e fontes, aceitando a sua existência mas teimosamente negligenciando a sua prática como forma facilitadora de um Viver cada vez mais centrado no Ter, em vez do Ser, será a questão basilar que, com certeza, o Ensaio não responderá, mas para isso pretende contribuir. A Dor, a Desgraça e a Perda são teoricamente os três instrumentos impulsionadores de crescimento do Self alicerçado na teoria deste ensaio. A Dor é o sofrimento físico de resposta a um impacto físico e/ou emocional e tem casualidade psicossocial, comportamental, bioquímica, biofisiológicas e causas morais. A Dor é principalmente um fenómeno subjetivo que consiste numa sensação desagradável que indica uma lesão real ou potencial do corpo. Desde que nascemos vamos adquirindo capacidades e competências para lidarmos com a Dor, através das interações descobertas por nós próprios e também pelas interações externas, através da percepção de como os nossos próximos lidam com o sofrimento fisco, evitam ou enfrentam acontecimentos que possam desencadear sofrimento físico e emocional. Ao longo do crescimento vamos modulando a participação nesses acontecimentos de risco e esta é uma contribuição importante na modulação do self, a forma como se encara os acontecimentos que perspetivam o risco e sobre eles é escolhido o comportamento adequado, o que faz com que todas as Pessoas adquirem diferentes formas de lidar com os fenómenos de Dor física e emocional. Tal torna a forma como se lida com o 26

sofrimento físico e emocional numa fonte de aprendizagem fulcral na construção do Self. A Desgraça é um acontecimento de uma imprevisibilidade infinita, pois o curso da Vida na realidade pode mudar de um instante para o outro sem qualquer aviso e sobre isso nunca estamos preparados. A capacidade de cada um lidar com o acontecido e reagir sobre este é um aprendizado, seguindo o pensamento de Honoré de Balzac: “O infortúnio é um degrau para o génio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco”. A forma como o Self reage ao inesperado, ao que não é controlável, requer uma aprendizagem de processos comportamentais sustentados na forma, uma que se aprendeu anteriormente com as coisas que nos aconteceram, tal como Honoré conceptualiza. Se para uns é apenas um momento antes do final, para outros é o fim, nada há a fazer e para outros ainda será a confirmação que o fim está próximo. A Desgraça irá desencadear o processo comportamental reflexivo da forma como se aprende com as coisas que nos acontecem. E, finalmente, a Perda é todo o processo emocional não exclusivo do Homem e, para além de ser uma experiência emocional, é sobretudo uma experiência física, intelectual, social e espiritual. A relação do Self com o objeto da Perda é determinante para a vivência do processo que tem dois componentes basilares: 1) a Perda real que configura a perda de uma pessoa, animal ou mesmo objeto pelo qual se tem uma relação e também a perda simbólica, que por sua vez contempla a falha de um ideal, expectativa, potencialidade ou funcionalidade mecânica ou orgânica; 2) a reação característica ao processo cujo traço de personalidade do indivíduo em sofrimento é determinante para o tipo de luto a desencadear. O luto contextualizado na perda de um ente querido torna-se na maior experiência traumática que o Ser Humano enfrenta. A Perda é uma aprendizagem e a lição só será aprendida dependendo da humildade, da disponibilidade e do saber ver para além do que aconteceu .


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António Pina pede melhores condições de trabalho para pescadores olhanenses

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Dia do Pescador, que se assinalou em Olhão a 31 de maio, teve como momentos altos a homenagem aos pescadores e mariscadores do concelho e a inauguração da exposição «Na Faina, Dáquem… Além…», patente no Museu Municipal de Olhão, onde a Docapesca também promoveu um inovador hambúrguer de cavala. Nas cerimónias, o presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina, teve a seu lado o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu. Na sessão solene de homenagem aos trabalhadores da pesca, o secretário de Estado do Mar fez questão de responder a algumas das questões levantadas pelo presidente da Câmara de Olhão, como foi o caso da necessidade de os pescadores diversificarem a sua atividade, as licenças dos viveiros que caducam em breve e continuam a ser uma

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preocupação ou a desobstrução dos canais e abertura das barras. António Miguel Pina referiu-se ainda à atuação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que tem tido “uma atitude demasiado conservadora”. “Muitas vezes a apanha dos bivalves tem estado parada devido a existência de toxinas, mas as análises são contraditórias”, reclamou António Pina.

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Manuel Pinto de Abreu assumiu-se sempre como um defensor daqueles que “constituem a fileira do pescado, que têm participado ativamente, como aconteceu com sucesso com o 1.º plano de gestão da sardinha e a manutenção da sua certificação, apesar de agora as notícias não serem as melhores”. “As organizações de produtores, e outras, devem olhar para o interesse global da pesca e exercer a sua capacidade de decisão”, frisou ainda. Se o membro do governo garantiu que será dado um novo passo de gestão das áreas ribeirinhas e das respetivas infraestruturas, disse também: “O IPMA está a levantar a cabeça mas, tal como aconteceu com a Docapesca, leva tempo. Sem recursos não é possível levantar a cabeça mais rapidamente”, justificou. “Notei bem os alertas relativamente à pesca turismo, uma atividade que já está incluída no novo regulamento das embarcações


marítimo-turísticas, faltam definir elementos fundamentais de como levar a cabo essa atividade. Já tem um enquadramento legal”, explicou o secretário de Estado do Mar que, quanto às licenças dos viveiros, disse esperar que no futuro essas concessões sejam de longo prazo, até 50 anos, como convém a toda esta atividade. “Quanto à questão das barras, não deixa de ser uma preocupação minha”, disse o governante. “No que toca à secretaria de Estado do Mar, está resolvida a situação, mas eu não estou satisfeito porque a melhor solução não está ainda encontrada. Irei procurar que a situação possa ser invertida mais tarde”, prometeu Manuel Pinto de Abreu. António Miguel Pina, que fez um discurso de defesa dos pescadores e dos seus direitos, diz esperar agora que as melhorias necessárias passem à prática no mais curto período de tempo. O autarca destacou também a atividade dinamizadora do Grupo de Ação Costeira (GAC) do Sotavento, sedeado em Olhão, que tem gerido da melhor forma os fundos comunitários disponíveis para esta área. O montante total dos projetos que tiveram auxílio técnico do GAC através do PROMAR ascende aos 750 mil euros (2007-2013). Foram 36 projetos, 14 dos quais são em Olhão, o que permitiu a criação de 64 postos de trabalho. O presidente da Assembleia Municipal de Olhão, Daniel Santana, destacou que Olhão é um concelho modelo, exportando cerca de 80 por cento dos bivalves a nível nacional. ALGARVE INFORMATIVO #11

Durante a cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, foram distinguidas as embarcações de arrasto «Mestre António Lobo» e «Praia de Montegordo», do cerco «Selma» e «Divina Graça», Polivalente Local «Vip» e «Aurora Paula», Polivalente Costeira «Arlete Maria» e «Luz do Triunfo» e nas armações a «Tunipex» (maior valor de descarga na lota de Olhão em 2014). Na área da aquacultura/moluscicultura, Edgar Correia (ostras) e Manuel Augusto da Paz (amêijoa) foram os produtores aquícolas distinguidos e José Manuel Colucas o pescador com maior volume de vendas na arte de ganchorra de mão. Este ano, Júlia Maria Ramires foi homenageada na categoria Mulher na Pesca e na Aquacultura, Márcio Santos da Paz como o Pescador Mais Novo, o maquinista marítimo homenageado foi Rogério Armando da Silva, o Prémio Indústria Conserveira foi para Jéssica Alexandra Pires e o Prémio Mérito na Pesca foi para a Associação de Armadores de Pesca da Fuseta e para a embarcação «Alamar», cuja 29

tripulação salvou, a 28 de outubro de 2014, um dos pescadores que seguiam para a faina na embarcação Patrício, Dadive José. O outro tripulante, Jorge Serra, perdeu a vida depois de a embarcação se ter virado, na Barra do Lavajo, devido à forte agitação marítima. Outros momentos altos do Dia do Pescador, depois da emocionante sessão solene, foram a inauguração da exposição «Na Faina, Dáquem… Além…», no Museu Municipal e uma demonstração de hambúrguer de cavala, confecionado por alunos do Curso Profissional de Cozinha/Pastelaria do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas, de S. Brás de Alportel. A proposta foi da Docapesca, que selecionou os cinco melhores cursos a cozinhar este petisco inovador, sendo a escola de S. Brás a escolhida no Algarve. A receita foi aprovada e apreciada por quem provou a iguaria no exterior do Museu, onde também estava patente parte da exposição, neste caso fotografias inéditas do acervo municipal .


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Jardim Pescador Olhanense transformou-se num gigante parque infantil malefícios do açúcar e das gorduras para o organismo e até a Hora do Conto versou o tema da Semana. Também a empresa municipal AmbiOlhão (atividades ambientais), a associação RIAS, o Parque Natural da Ria Formosa, a Ecoteca/Casa João Lúcio, o Museu (atividades de arqueologia) ou a Biblioteca Municipal (Hora do Conto) marcaram presença nesta Semana da Criança e do Ambiente, onde também não faltaram um Jardim Pescador todos os alunos do concelho Olhanense recebeu passaram pelo Jardim Pescador circuito gímnico, os incontornáveis insufláveis, um durante cinco dias a Olhanense: 82 turmas do 1.º circuito de trânsito (que contou Semana da Criança e do ciclo e 54 grupos de jardins de com a colaboração da PSP), Ambiente, que reuniu milhares infância. de crianças. Entre muita Este ano, muitas das iniciativas passeios no Caíque Bom Sucesso, pinturas faciais ou um animação e atividades para os propostas aos mais pequenos mais pequenos oriundos das tiveram como objetivo ajudar a mural onde as crianças podiam dar largas à sua imaginação e escolas do concelho, a festa saber comer melhor, com mostrar a arte a desenhar. terminou com a entrega de inúmeras ações promovidas prémios às turmas que Quanto ao concurso de ideias pelas instituições presentes no apresentaram as melhores recinto, fazendo-se uma espécie (artes plásticas) sobre o tema da ideias relativas ao tema deste Semana, o primeiro prémio foi de ciclo da alimentação ano: «Alimentação Sustentável, saudável: o Mercado conquistado pela Escola EB1 Crescer Saudável». Abastecedor da Região de Faro N.º5 (turma da prof. Paula Mestre) que recebeu um Por entre jogos didáticos, (MARF) e a Escola Superior de cheque oferta de 100 euros em insufláveis e novas experiências Saúde apresentaram as material escolar; o segundo proporcionadas pela Câmara necessárias frutas e legumes Municipal de Olhão, que para uma alimentação saudável, prémio foi para os meninos do Acampamento Azul – ACASO promoveu esta iniciativa mais as enfermeiras da Unidade de uma vez, entre os dias da Cuidados na Comunidade (UCC) (educadora Sílvia) que receberam 75 euros em Criança (1 de junho) e do Olhar+ também contribuíram material escolar e o terceiro Ambiente (5 de junho), os para explicar como nos prémio foi para o Jardim de alunos das escolas públicas e devemos alimentar da melhor Infância da EB1 N.º5 (educadora privadas do concelho de Olhão – forma, os centros de Ciência Conceição), que levou para a cerca de três mil – divertiram-se Viva de Faro e Tavira e aprenderam nesta Semana da promoveram experiências com instituição um choque oferta de 50 euros em material escolar . Criança e do Ambiente. Quase os alimentos, mostrando os

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ATUALIDADE

São Brás de Alportel lançou a escada ao futuro

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ma homenagem ao passado, de olhos postos no futuro, foi a mensagem das Comemorações do 101.º aniversário do Município de São Brás de Alportel que culminaram, no dia 1 de junho, o programa anual de comemorações do Centenário. A Sessão Solene contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal, Vítor Guerreiro, e restante executivo, autoridades e entidades locais e regionais, um vasto conjunto de personalidades e uma multidão de são-brasenses que se juntaram à festa, honrosamente presidida pelo Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado. A cerimónia de Hastear da Bandeira, com acompanhamento

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musical pela Banda Filarmónica de São Brás de Alportel saiu dos Paços do Concelho para realizarse na Rotunda do Centenário, em plena Av. da Liberdade, um espaço embelezado por um Monumento ao Centenário, em Homenagem aos Fundadores do Concelho, inaugurado neste dia especial para relembrar as personalidades que marcaram a elevação de São Brás a concelho. A cerimónia foi agraciada pelas

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acrobacias dos aviões da Força Aérea Portuguesa símbolo da rápida passagem do tempo e prosseguiu com a participação da Associação de Paraquedistas do Algarve, que encheram de magia e cor os céus de São Brás de Alportel. A este momento seguiu-se a Entrega de Insígnias Municipais a uma dezena de personalidades que se distinguiram nas mais diversas áreas. A Insígnia Municipal de Mérito foi atribuída a Afonso da Cunha Duarte; José Cabral; José do Carmo Correia Martins; José D’Encarnação e Maria Manuel Valagão; sendo ainda atribuída a Insígnia Municipal de Valor e Altruísmo a Manuel Martins Guerreiro; Helmuth Lemann; José Antonino Belchior; Violantina da Felicidade Hilário e Emanuel Sancho. Para o final da Sessão Solene estava reservado o emocionante momento da colocação da «Cápsula do Tempo» sob o monumento, composta por


imagens, mensagens e alguns elementos que pretendem registar a memória do momento presente, para os vindouros daqui a 100 anos, no dia 1 de junho de 2114. Assinalado no mesmo dia, o Dia Mundial da Criança, também contou com um diversificado programa de animação que decorreu ao longo de toda a tarde, no Jardim Carrera Viegas. Além das atividades lúdico-pedagógicas gratuitas para crianças de todas as idades, a edição deste ano contou com a participação de diversos artesãos e entidades locais, bem como com a atuação do Avô Cantigas, um artista com mais de três décadas dedicadas à música e ao universo infantil. À noite, a Praça da República foi pequena para acolher os muitos milhares que quiseram assistir

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ao apoteótico final das comemorações do Centenário. O Concerto de Ana Moura, uma das mais conceituadas fadistas da atualidade envolveu o espaço numa mágica cortina de emoção. Aos últimos acordes seguiu-se o habitual cantar de parabéns e partir do bolo, elaborado pelas doceiras locais e partilhado pelos presentes. Os derradeiros instantes foram vividos de olhos postos no céu, para assistir a um

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magnífico espetáculo pirotécnico, produzido por uma empresa local, de autoria de um jovem são-brasense que deu luz à noite e deixou no universo as cores do Futuro. “Neste dia especial em que assinalamos o 101º aniversário do município prestamos homenagem às gentes do passado, personalidades convictas, empenhadas, que nunca desistiram perante as adversidades e que alcançaram conquistas impensáveis na sua época. É com base neste exemplo do passado que devemos trilhar no presente o futuro e permanecer fiéis aos nossos ideais, com a ambição de chegar sempre mais além por São Brás de Alportel e pelos sãobrasenses”, salientou Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel .


ENTREVISTA

Tânia Silva Um caso sério no teatro, cinema e música Ao longo dos últimos meses foi possível encontrar Tânia Silva em diversos palcos e salas de espetáculo do Algarve, fosse em peças de teatro mais tradicionais como «À Espera de Godot», em espetáculos a pensar na formação dos mais jovens como «O Silêncio de Sara» ou em apresentações do disco «O Mar ao Fundo» que gravou com Afonso Dias. Pelo meio, também tem acumulado participações em alguns filmes gravados em terras algarvias. Várias facetas artísticas de uma farense que, curiosamente, tirou uma licenciatura em Economia mas que, na hora da verdade, não conseguiu fugir ao chamamento do palco. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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hegar à conversa com Tânia Silva foi mais complicado do que inicialmente esperado, já que a farense de 36 anos tinha a agenda sobrecarregada com atuações das peças «O Silêncio de Sara» e «À Espera de Godot» e as apresentações do álbum «O Mar ao Fundo» de Afonso Dias. Finalmente, nos primeiros dias de junho, os compromissos profissionais abrandaram um pouco e assim ficamos a saber que a atriz fez todos os estudos em Faro e até se licenciou em Economia pela Universidade do Algarve. Contudo, não eram os números e as teses economicistas que lhe faziam bater mais forte o coração, daí ter tirado uma especialização em Teatro, também na UAlg, e um curso profissional na ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve. Não se pense, todavia, que a mudança de rumo de vida foi um impulso do momento ou uma decisão tomada em cima do joelho, pois Tânia Silva começou a participar em peças de teatro logo no secundário. “Nunca tive aquele sonho de criança de, quando fosse grande, querer ser apenas uma coisa, antes pelo contrário, queria ser professora, médica, bailarina. Foi só no 9.º ano, a ver uma peça do Gil Vicente na escola, que percebi que era aquilo que pretendia fazer, transmitir mensagens como aquelas pessoas em cima do palco”, recorda. Porém, ainda jovem e sem ter certezas absolutas sobre nada, acabou por seguir a área de economia no 10.º ano, embora integrasse, a partir daquela altura, o grupo de

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teatro amador «Os Tretas», do Liceu João de Deus, coordenado por Pedro Monteiro. Como na família não havia ninguém ligado diretamente à arte que lhe pudesse dar algumas luzes mais concretas, quando chegou a hora de escolher um curso superior, a balança acabou por pender para o lado da Economia, para o lado mais fácil e seguro, admite a entrevistada. “Não me arrependo da escolha que fiz e assumi sempre que seria para levar até ao fim o curso mas, no fim dos quatro anos, não consegui resistir mais ao chamamento da minha essência. Continuava com «Os Tretas», que deixou de ser um simples grupo de escola, porque tinha necessidade de fazer teatro e os meus pais sempre me apoiaram. Diziam que a vida era minha e que eu tinha que me sentir feliz com o que fazia no dia-a-dia. Nunca me disseram que o teatro, se calhar, não me ia dar uma vida estável e segura e que era melhor seguir por outro caminho”, destaca Tânia Silva. Entretanto, depois de ter concluído o curso profissional de teatro na ACTA e completado o habitual estágio, Tânia Silva foi convidada para fazer parte do elenco residente da companhia, o que aconteceu durante praticamente uma década. “Fui uma privilegiada porque não era isso que sucedia normalmente no panorama nacional, onde a maioria dos meus colegas tinha que batalhar constantemente por papéis em peças. Na época, a descentralização permitia essa realidade, mas a companhia deixou de ter um elenco fixo e

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passou a ter colaboradores que são contratados consoante os projetos que desenvolve”. E precisamente por fazer parte de um elenco fixo, Tânia Silva nunca pensou em mudar-se de malas e bagagens para Lisboa, a grande capital onde se encontram os principais teatros e companhias teatrais. Para além disso, sentia-se feliz a trabalhar no Algarve e, para ela, isso era o mais importante. “Agora, como a minha situação profissional ficou mais incerta, à semelhança do que se passa com todas as pessoas ligadas ao mundo das artes e do espetáculo, já não sei onde o próximo projeto me levará”, refere.

Teatro é uma ciência que exige muito trabalho Passando em revista os anos que já leva de teatro, Tânia Silva garante que não tem um tipo de personagem predileto e que, com entrega, disponibilidade, concentração e consciência do que se está a fazer, é possível interpretar com sucesso qualquer papel. “Depois, é trabalho, trabalho e mais trabalho, porque o teatro é uma ciência, em que experimentamos, testamos, analisamos se está a resultar, tiramos o que não funciona e acrescentamos o que está em falta. O teatro, ou resulta, ou não resulta, não há meio-termo, e estamos sempre a tentar encontrar a fórmula que permita ter sucesso”, explica. Não se deixar influenciar pelos acontecimentos do quotidiano


ENTREVISTA

ou pelos problemas pessoais é outro aspeto que há que dominar com mestria para, à noite, se conseguir interpretar um papel de forma que cative os espetadores. “Nós somos seres humanos e, como tal, somos influenciados por tudo o que nos rodeia. Depois, dois espetáculos nunca são iguais, porque o público também é diferente. Por isso, a forma de ultrapassar as vicissitudes do dia-a-dia é haver total concentração no que temos para fazer e estarmos presentes, inteiros e intensamente, no nosso trabalho. Temos que nos focar no nosso corpo, na nossa voz, nos nossos colegas, no texto, nas luzes, apenas naquele momento que está a acontecer, para que o público sinta veracidade no que estamos a transmitir”, aconselha, reconhecendo que esse estado ALGARVE INFORMATIVO #11

de alma é mais fácil de explicar do que alcançar. Felizmente, mesmo depois de deixar de ter um vínculo permanente com uma companhia de teatro, trabalho não tem faltado a Tânia Silva, que assim consegue viver e pagar as suas contas a fazer aquilo que realmente ama. No entanto, como revela a atriz, a última ida a cena do «À Espera de Godot» desta temporada teve lugar no Cine-Teatro Louletano, no dia 6 de junho, e «O Silêncio de Sara» também foi de férias, devendo ser retomado depois das férias de Verão. “É uma questão de gestão de todos os recursos, seja financeiros, físicos, mentais ou intelectuais. Não é uma profissão fácil e, se não gostarmos dela, não aguentamos”, salienta. Um retorno financeiro que, como é óbvio, está diretamente 36

ligado ao número de datas que cada espetáculo é levado a cena e este, por sua vez, depende bastante da aceitação do público, um público que tem múltiplas alternativas para ocupar os seus serões de lazer, ao mesmo tempo que cada vez tem menos dinheiro para gastar nestes prazeres supérfluos. “Há espetáculos que têm mais público do que outros, como é normal, o que depende do tema, do texto, dos atores. Depois, a captação das novas gerações tem sido uma forte preocupação da ACTA, que intervém em três vertentes. Temos um serviço educativo realizado com um autocarro transformado em sala de teatro, o «VAT - Vamos Apanhar o Teatro», que vai a todos os concelhos do Algarve com espetáculos direcionados para o 1.º ciclo. Temos outro tipo de espetáculos onde se


enquadrava «O Silêncio de Sara», que apresentávamos nas escolas mas que, nos últimos anos, tem sido mais os estabelecimentos de ensino a deslocarem-se às salas de teatro. Finalmente, temos os espetáculos para o público em geral”, enumera Tânia Silva. Num mundo perfeito, a farense considera, todavia, que este papel de criação de públicos seria uma responsabilidade dos governantes e do sistema de ensino, porque faz todo o sentido que a Educação e o Teatro caminhem lado a lado. “Infelizmente, não é isso que acontece, portanto, os agentes culturais têm que desempenhar esse papel. Em 2013, um estudo realizado nos 27 países da União Europeia mostrou que Portugal está na última posição no que toca ao usufruto de bens culturais, seja ópera, teatro, dança, pintura”, lamenta a atriz.

é uma arte individual como a pintura. Há o encenador, os técnicos de som e luz, portanto, não há o porquê de sentir ansiedade ou pavor”, sublinha, comparando um pouco com o que se passa com os músicos que, ao fim de alguns anos a tocar em bandas, decidem enveredar por uma carreira a solo. Um espetáculo a solo que a própria reconhece não ser sobre um tema fácil de digerir, pois abordava pedofilia e violência para com uma criança. Mesmo assim, recusar o papel nunca passou pela cabeça da atriz, garante. “Claro que já tive que me colocar na pele de uma personagem sem nunca ter passado pela experiência que ela viveu. Nunca fui vítima de abuso sexual, enquanto criança

Não se aprende a ser ator numa escola De volta ao tipo de trabalhos que prefere levar a cena, Tânia Silva não tem medo de estar sozinha em palco, como sucede em «O Silêncio de Sara», mas acredita que, há 10 anos, sentisse uma maior apreensão por monólogos. “Agora, o processo foi muito natural mas, mesmo estando sozinha no palco, o teatro é um trabalho de grupo, não ALGARVE INFORMATIVO #11

Foto: Telma Veríssimo 37

ou adulta, e também já interpretei uma mãe que tinha morto os próprios filhos. De alguma forma tive que encontrar dentro de mim as emoções para dar veracidade à personagem”, aponta, concordando que, aparentemente, há papéis mais fáceis de desempenhar. “Mas, ou somos atores, ou não somos, não se pode ir para uma escola aprender isso. Pode haver um chamamento ou vontade desde pequeno, o tal talento natural, mas depois há que trabalhar, experimentar e errar imensas vezes para acertar algumas vezes”. Um talento natural que, no caso de Tânia Silva, também se manifesta na música, como se observa pela parceria com Afonso Dias no disco «O Mar ao


ENTREVISTA Fundo», que nasceu de um espetáculo da ACTA coordenado na altura pelo carismático cantautor. “Levávamos recitais de poesia e música às escolas, na linha do que ele continua a fazer, e ele desafiou-me a cantar umas músicas. Começamos a colaborar os dois, em 2005, nos vários projetos e discos que gravou e é mais uma forma de me expressar. Não me vejo a deixar uma para fazer só a outra”, assegura, sorridente, acrescentando que tem outros projetos musicais para além deste com Afonso Dias. E como não há duas sem três, temos ainda o cinema, tendo participado no filme «A Porta 21», do realizador João Marco, que estreou este ano no Fastasporto e passou também pelo FESTin. “É um film noir, a preto e branco, em que há sempre um protagonista masculino e uma femme fatale,

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desempenhada por mim. É um estilo diferente em que tenho menos experiência mas a produtora «Fury n’Dust» já está a preparar mais uma longametragem, feita por artistas que residem no Algarve”. Regressando ao ponto de partida, o facto dos dois principais espetáculos teatrais em que Tânia Silva participa terem agora terminado a sua temporada, não significa que a cultura vá de férias no Algarve por ocasião do Verão, antes pelo contrário, foi apenas uma coincidência. “A programação no Teatro Lethes e no Teatro das Figuras continua e há, inclusive, vários espetáculos no mês de Agosto, de teatro, música e dança. Eu de certeza que não vou estar parada, mas também não vou a tudo, faço as minhas escolhas. No teatro, há atores mais ou menos experientes e todos têm lugar”, entende, não

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se achando menos atriz por ter andado quatro anos a estudar economia. “Não foi tempo perdido, cada um faz o seu percurso e ninguém sabe o que o futuro lhe reserva. Sou farense e sinto-me bem no Algarve mas, como é óbvio, vou onde estiverem as oportunidades de trabalho. Aliás, o «À Espera de Godot» estreou em Lisboa e os ensaios foram em Almada e, no ano passado, também estive quatro meses em Évora. O que sei é que, enquanto as minhas faculdades o permitirem, vou querer estar em palco. É aquilo que mais me realiza, mas não excluo a minha formação académica nem outras formas de partilhar aquilo que quero expressar”, garante, revelando, em final de conversa, que também gosta de escrever e, quiçá um dia, não se torne ela própria encenadora .


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ENTREVISTA

Vinhos Malaca conquistam crítica internacional O Malaca Sauvignon Blanc 2014 ganhou a medalha de prata no Concurso Mundial de Sauvignon, que decorreu nos dias 22 e 23 de Maio, em Veneza. Fruto da arte da énologa Joana Maçanita, este é o primeiro vinho Sauvignon Blanc algarvio, colocandose a par de outros néctares produzidos, por exemplo, em Franca ou Itália. E é um produto de uma empresa que nasceu apenas em 2010 mas que tem conquistado rapidamente o seu espaço no mercado nacional, demonstrando claramente que os vinhos algarvios estão a renascer do período negro em que foram mergulhados quando a região decidiu esquecer o setor primário e apostar tudo no turismo, na construção civil e nos serviços a eles associados. Texto e Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #11

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oucos dias depois de ter recebido tão prestigiada distinção, encontramos Luís Cabrita de volta dos terrenos onde nascem os vinhos da Quinta da Malaca, no concelho de Silves, um negócio que o jovem de 25 anos, licenciado em Engenharia Mecânica, herdou do avô e que assumiu após o falecimento deste, em 2010. “Quis manter viva esta tradição de família e começamos com o Tinto e o Rosé Castelão e o Crato Branco, uma casta de origem algarvia, mais seco”, afirma em início de conversa, lembrando que o avô fazia o vinho à moda tradicional, produzido e vendido em casa. Da produção caseira passou-se a um negócio mais profissional, alugaram-se mais vinhas, criou-se um nome e um rótulo e assim

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surgiram os néctares da Quinta da Malaca, produzidos em vinhas antigas mas através de processos modernos e sofisticados, de forma a garantir um produto de elevada qualidade. “Passamos de nove para 15 hectares e fomos aumentando gradualmente a produção. Malaca é como se chama o local onde as vinhas estão plantadas, junto ao Areeiro de Pêra, por trás do Zoomarine, estamos na transição do concelho de Silves para o de Albufeira”, indica o empresário. Luís Cabrita admite que pouco ou nada percebia da arte de produzir vinho, o mesmo acontecendo com o pai, que está envolvido no ramo das cerâmicas e materiais de construção. “Fui aprendendo com a experiência e o projeto cresceu com mais seriedade quando começamos a trabalhar com a enóloga Joana

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Maçanita e a adega da Quinta da Vinha, em Silves, que também produz outros vinhos algarvios. O meu avô faleceu mesmo na altura das vindimas mas ainda se fizeram 13 mil litros do típico clarete tinto algarvio nesse ano, o que, considerando que era de uma forma caseira, é bastante bom”, conta. Verifica-se assim que o grosso da produção inicial era vinho tinto, embora houvesse também uva branca nos terrenos, mas de forma mais desorganizada. Métodos tradicionais utilizados pelo avô de Luís Cabrita que explicam, em parte, o porquê de terem castas autóctones algarvias, que já estão praticamente extintas. “A Adega Única do Algarve ainda produz esses vinhos porque os velhotes vão lá deixar as uvas. Em relação aos novos produtores que


ENTREVISTA apareceram na última década, já utilizam outras castas vindas, por exemplo, da França. Nós apostamos agora no Sauvignon Blanc, que é muito apreciado pelo mercado e que ainda ninguém tinha tido capacidade para fazer no Algarve. É um vinho de outro patamar e, felizmente, ganhou logo uma medalha num concurso internacional e mostrou até onde podemos ir, qual é o nosso potencial”, refere, sem esconder o orgulho na distinção. Nesse sentido, já foram plantados mais três hectares de vinho para, daqui a dois anos, já terem as suas próprias uvas desta casta, uma vez que as utilizadas no Sauvignon Blanc 2014 foram cedidas por outros produtores. Aliás, nos tempos modernos, estas práticas são cada vez mais habituais, sobretudo para marcas que estão ainda a dar os primeiros passos, ao invés de se investir logo forte a adquirir terrenos para as vinhas e a montar a sua própria adega. “É conveniente começar com passos pequenos e sólidos. Eu, por acaso, já tinha vinhas velhas plantadas em terrenos da família, o que é uma grande vantagem, e o objetivo é ir evoluindo de forma sustentada. Claro que havia uma terceira

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alternativa, que dava menos dores de cabeça e era bem mais rentável, que era arrancar tudo e vender os terrenos”.

A qualidade tem que ser paga de forma justa Embora Luís Cabrita diga estas últimas palavras em tom de brincadeira, a verdade é que foi precisamente isso que aconteceu quando o Algarve se tornou mundialmente conhecido como destino turístico de eleição e onde todos os terrenos disponíveis foram utilizados para construir empreendimentos turísticos, prédios e moradias. “O Algarve sempre teve tradições na produção de vinho mas, há uns anos, descobriram que era mais rentável colocar betão por cima das vinhas. Veja-se Armação de Pêra, que era só vinhas e casas de pescadores e foi tudo substituído por prédios”, critica o entrevistado, que acredita que, só depois do ramo imobiliário ter entrado em crise, é que alguns proprietários de terrenos começaram a encarar a agricultura com outros olhos. É óbvio que, depois de estarem votados quase ao abandono, não é possível começar a produzir vinho, e com qualidade, de um ano para o outro, por muito modernos que sejam os métodos utilizados. “É preciso plantar e tratar bem a vinha para se colher depois os frutos. No entanto, também nos debatemos com falta de mão-deobra quando chega a altura da vindima, porque coincide com o Verão e as pessoas estão ocupadas na hotelaria e restauração. Nós apanhamos as uvas com o máximo cuidado e só usamos caixas até 10 quilos para que elas cheguem à adega com boa qualidade. E, como são vinhas velhas, não há máquinas preparadas para uma apanha automatizada”, descreve. Apesar destes constrangimentos, a Quinta da Malaca já produz 60 mil litros de vinho por ano, cinco vezes mais do que há cinco anos, quando tudo começou. Desses, 10 a 15 por cento dizem respeito a vinho rosé, 20 por cento é branco e o restante é tinto. “Depois, há que descobrir uma adega com capacidade de produção suficiente e analisar, em conjunto, se uma parceria é vantajosa para as duas partes. Ter uma adega própria não está nos nossos planos de curto e médio prazo”, adianta Luís Cabrita, que é o responsável pela comercialização e distribuição


dos vinhos Malaca. “No início estávamos mais virados apenas para os restaurantes, mas todos os anos vamos angariando novos clientes, nomeadamente mercearias, espaços gourmet e algumas garrafeiras. Somos seletivos na escolha dos clientes, queremos pessoas que se identifiquem com o produto e verificamos que estão todos satisfeitos. As coisas, quando têm qualidade, têm que ser pagas de maneira justa, por isso, não vamos para os supermercados e grandes superfícies por opção própria”, frisa o empresário. Como resultado desta estratégia de crescimento, a quase totalidade dos vinhos Malaca são consumidos no Algarve, mas Luís Cabrita revela que já chegam pedidos de compra de outros pontos do país e para isso contribuem os ALGARVE INFORMATIVO #11

prémios alcançados em concursos nacionais e internacionais. “Nunca nos viramos muito para esses concursos, as medalhas a que damos real valor são os índices de satisfação dos nossos clientes. Mas fomos aconselhados a concorrer nesta mostra mundial que teve lugar em Veneza, na Itália, e onde estavam vinhos de todo o mundo, da Nova Zelândia e Austrália, aos Estados Unidos, Chile, Perú, França, Itália, entre outros. A Malaca apresentou o primeiro Sauvignon Blanc algarvio e ganhámos logo a medalha de prata”, destaca. Outra medalha foi conquistada também em 2015, num concurso nacional, desta feita por um vinho rosé, que tem sido uma verdadeira cara da marca. A opinião favorável dos críticos gera uma maior atenção da parte 43

da comunicação social, que depois produz efeitos práticos nas vendas junto dos clientes, portanto, todos os prémios são bem-vindos para Luís Cabrita, como é natural, ainda para mais por aparecerem tão depressa para a jovem empresa. “O objetivo é implementar cada vez mais a marca Malaca no mercado e darmos às pessoas um produto que é realmente nosso, algarvio, e não fazermos um trabalho igual ao dos outros. No futuro, esperemos que as castas algarvias sejam valorizadas no estrangeiro”, indica, deixando um apelo a outros jovens que, como ele, têm na família terrenos que estão desaproveitados. “Não faz sentido perdermos esta tradição porque, com vontade, tudo se consegue fazer”, conclui antes de seguir para um almoço com um cliente .


ATUALIDADE

Bombeiros de Vila do Bispo ganham nova ambulância

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om o intuito de reforçar a qualidade dos serviços prestados pelos Bombeiros de Vila do Bispo, o presidente da Câmara Municipal, Adelino Soares, entregou, no dia 5 de junho, ao presidente da direção daquela corporação, Carlos Costa, as chaves de uma nova ambulância de socorro recentemente adquirida pela autarquia. A nova ambulância está concebida e equipada para o transporte e prestação de cuidados de emergência médica a doentes urgentes e emergentes, o que irá constituir uma mais-valia para a corporação e para o apoio dos munícipes que dela necessitam. Esta viatura, comprada pela Câmara de Vila do Bispo, teve um custo total 74 mil e 691,27 euros e está equipada com todo o equipamento exigido por lei para as ambulâncias do tipo B. A aquisição

deste veículo insere-se no âmbito de uma candidatura efetuada ao PRODER, à medida 3.2.2 – Serviços Básicos para a População Rural, para a «Aquisição de Viaturas». Assim 45 mil e 543,46 euros serão comparticipados por fundos comunitários e o restante é garantido pelo município .

Vila do Bispo patrocina Roberto da Glória

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Câmara Municipal de Vila do Bispo vai patrocinar Roberto Glória com uma verba de mil euros para apoiar a sua participação em provas de atletismo, ao longo de 2015. Como contrapartida deste apoio, o atleta fica obrigado a inserir o logótipo do município ou outros elementos promocionais nos equipamentos usados durante as provas, em local e de forma visível, bem como fazer referência ao patrocínio da autarquia nas ações de ALGARVE INFORMATIVO #11

divulgação na internet, e ainda à inserção do logotipo ou menção do patrocínio em todas as ações de comunicação com os media. Em 2015, Roberto Glória já participou, na categoria júnior, em oito provas a nível regional onde obteve o 2.º lugar em cinco dessas provas, o 3.º lugar em duas provas e o 4.º lugar noutra. Tal como nos apoios já concedidos a outros atletas do concelho e em várias modalidades, esta medida 44

representa a continuidade no apoio ao desporto e assim fomentar a prática desportiva junto dos mais jovens .


Terminou IX Campeonato dos Golfinhos

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o dia 31 de maio, o Estádio Municipal de Albufeira foi palco da última etapa do Campeonato de Golfinhos Albufeira 2015. Foi uma jornada de grandes emoções para os jovens praticantes e principalmente para o público, constituído maioritariamente pelos pais dos mini craques, que vibraram com cada jogada dos seus filhos. A competição, que decorreu entre março e maio, envolveu cerca de 180 crianças dos clubes locais (Academia Alto da Colina, Guia F.C., Padernense C., Imortal D.C. e F.C. Ferreiras), que passaram diversos fins de semana em convívio, ao ar livre e a praticar desporto. Esta foi a nona edição do Campeonato dos Golfinhos, um evento organizado pela autarquia e clubes do concelho, com o objetivo de envolver os mais

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novos na prática desportiva, sobretudo aqueles que, pela sua tenra idade, não estão ainda inscritos nos campeonatos promovidos a nível regional. “Esta é uma forma de darmos continuidade ao investimento na formação das crianças, rentabilizando os equipamentos desportivos que temos vindo a construir”, considerou Carlos Silva e Sousa .

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ATUALIDADE

Chegou ao fim o European Cycling Challenge

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dansk, cidade polaca com cerca de 460 mil habitantes, foi a equipa vencedora da edição de 2015 do European Cycling Challenge, com quase 450 mil quilómetros, tornando-se assim a melhor cidade ciclável do ano. No total, as equipas participantes realizaram mais de dois milhões de quilómetros, contribuindo com uma redução de 414 toneladas de emissão de CO2. O projeto European Cycling Challenge 2015 tem tornado visível a conexão das comunidades às cidades através do uso da bicicleta. Esta edição contou com a participação do Algarve, que ficou em 22.º lugar entre 39 equipas participantes, contribuindo com quase 14 mil quilómetros pedalados. Loulé, «Cidade Europeia do Desporto 2015», teve uma reconhecida participação na iniciativa, com mais de três mil quilómetros percorridos, fruto do esforço e dedicação de todos os parceiros, do programa de atividades concebido para o efeito e do entusiamo com que a comunidade abraçou a iniciativa.

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Mais do que um desafio entre cidades e regiões europeias para ciclistas do dia-a-dia, esta iniciativa permitiu conhecer as estradas e arruamentos considerados mais importantes para a mobilidade em bicicleta, destacando-se em Loulé a Rua Eng.º Duarte Pacheco e a Av. Marçal Pacheco, a Av. Infante de Sagres em Quarteira ou ainda a Rua do Comércio em Almancil. No final desta iniciativa, mantém-se o repto para não arrumar as bicicletas, continuar a pedalar para um estilo de vida saudável, aliando a benefícios pessoais, benefícios ambientais, sociais e económicos .


Sheraton Algarve reabre a 1 de julho seus hóspedes. Com a reabertura do Hotel, também o Health & Fitness Club se apresentará renovado. Com uma decoração moderna e minimalista, o novo espaço de 190m2 capta a natureza exterior do Resort. A luz natural é dominante em todo o Health Club, que inclui serviços de bem-estar, piscina interior totalmente remodelada, sauna, banho turco, jacuzzi, vestiários, chuveiros e cacifos privados. Com conclusão final prevista para 2016, o programa de renovação do Sheraton Algarve m processo de renovação inauguração, como os pisos de está a ser desenvolvido de forma e expansão desde terracota, os azulejos faseada, permitindo a abertura novembro de 2014, o portugueses e a influência árabe, do Hotel durante o período do Sheraton Algarve, a Luxury os novos espaços primam por um verão, fazendo face à procura Collection Hotel, reabre já no design mais moderno, acolhedor mais elevada. Na sua globalidade, próximo dia 1 de julho com várias e sofisticado. este programa de renovação irá novidades, incluindo 50 quartos contemplar todos os quartos, Aliando a atenção ao detalhe totalmente remodelados, assim áreas públicas, restaurantes e nos espaços interiores, aos como o Health Club, área de bares, sendo acompanhado de convidativos espaços exteriores receção e salas de reunião do privados em todos os quartos, o trabalhos de extensão do Hotel, Hotel. englobando 78 novas suites de Sheraton Algarve Hotel Integrado no Pine Cliffs Resort, apresenta-se mais moderno, mas luxo, um novo restaurante Italiano, um Spa de assinatura e em Albufeira, o Sheraton Algarve mantém a sua tradição em vai retomar a sua habitual prestar um serviço de excelência, um parque de estacionamento subterrâneo . operação durante o período do garantido a satisfação total dos verão, data que marca a conclusão da 1ª fase do Plano de Renovação e Extensão de que o Hotel está a ser alvo, com conclusão prevista para 2016. Os recém-renovados quartos Premium Deluxe, Premium Grand Deluxe e as Premium Suites oferecem agora espaços mais generosos e versáteis, dominados pela luz natural e onde a vista sobre o Resort e o mar são protagonistas. Mantendo alguns elementos distintivos do Hotel desde a sua

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