ALGARVE INFORMATIVO #13

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SUMÁRIO

AQUASHOW UM NEGÓCIO DE FAMÍLIA PLENO DE SUCESSO

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Um dos principais parques aquáticos do Algarve, o Aquashow Park, em Quarteira, volta a apresentar novidades para cativar todos os dias milhares de clientes nos meses quentes de Verão, confirmando a velha máxima de que não convém adormecer à sombra da bananeira. Em grande forma continua igualmente o Aquashow Hotel, que completou quatro anos de atividade no dia 1 de junho e que constitui a outra face da moeda do sucesso deste negócio de família, iniciado pelas mãos do empresário Celestino Santos há cerca de 15 anos e que agora é liderado pelos irmãos Celestino e Diana Santos.

NÃO FAZ MAL SER DIFERENTE

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As emoções andaram à solta na tarde de 20 de junho, no Auditório Municipal de Olhão, o palco escolhido pelo Centro de Atividades Ocupacionais da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (ACASO) para levar a cena o espetáculo «Sentir a diferença». Ao longo de duas horas, dezenas de utentes participaram na peça de tom informal, sob intenso aplauso do público que encheu a sala e ficamos com a certeza que, no final, poucos terão ficado indiferentes a estas incapacidades que afetam tantos portugueses, filhos, filhas, netos e netas, pais e mães, avós e avôs de todos nós.

MUITO MAIS DO QUE UM LICOR DE MEDRONHO

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O medronho é um dos produtos algarvios mais característicos e vários licores têm sido criados ao longo do tempo à sua volta, sendo a combinação com o mel – a melosa, o mais famoso. Mas o Dom Chique é muito mais do que um simples licor de medronho, é um licor marafado, uma bebida com alma, com uma história repleta de mistério e sedução… ALGARVE INFORMATIVO #13

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OPINIÃO

Daniel Pina Obrigado pela coragem de serem diferentes! (…) E assim lá fiz eu outra viagem de carro com os pensamentos num turbilhão, a pensar como um evento pode deitar por terra todos os sonhos que temos. E a pensar na coragem destes quatro homens, que se recusavam a baixar os braços, apesar de, para alguns deles, não existir cura ou possibilidade de melhoria e ser só uma questão de viver um dia de cada vez (…)

6 Paulo Cunha “Lá em casa quem manda é ela!” (…) No fundo, a mensagem que passa cá para fora, e que qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe à primeira, é a desresponsabilização e não assunção das incumbências ligadas às tarefas domésticas, à educação e apoio aos filhos e à gestão do orçamento caseiro e familiar por parte de quem profere tais dislates (…)

16 Paulo Bernardo Um País de Tampinhas (…) Não me identifico com um país onde se paga tanto imposto e não se recebe nada em troca. Devíamos mudar o escudo da bandeira para um conjunto de tampas, a tampa para a cadeira de rodas, a tampa da fisioterapia, a tampa para isto, a tampa para aquilo. Bem sei que se tem que pagar impostos, mas, porra, ao menos que se tenha algo em troca. Parece que voltamos ao tempo do Salazar, onde apenas uma pequena elite tinha todos os proveitos. Não me identifico com este país, quero um país novo onde o sistema seja mais justo e solidário (…)

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Hélder Rodrigues Lopes

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Pode ou não qualquer Aluno adquirir uma Inteligência para a Excelência (…) A Inteligência é sobretudo a capacidade para Tomar Decisões sensatas, coerentes, ponderadas e alicerçadas nos valores e princípios adquiridos ao longo da Vida, sustentadas na planificação, organização e execução. O Cérebro começa por avaliar pela observação o «Valor do Objetivo», isto é, a recompensa esperada ou desejada do resultado da decisão (…)

ALGARVE INFORMATIVO #13 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Foto de capa: Daniel Pina Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 Diariamente, as notícias que marcam o Algarve em algarveinformativo.blogspot.pt ALGARVE INFORMATIVO #13

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CRÓNICA

Obrigado pela coragem de serem diferentes!

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Daniel Pina Jornalista Danielpina@sapo.pt Algarveinformativo@sapo.pt

(…) E assim lá fiz eu outra viagem de carro com os pensamentos num turbilhão, a pensar como um evento pode deitar por terra todos os sonhos que temos. E a pensar na coragem destes quatro homens, que se recusavam a baixar os braços, apesar de, para alguns deles, não existir cura ou possibilidade de melhoria e ser só uma questão de viver um dia de cada vez (…)

m mais de 15 anos de jornalista já terei feito, em números redondos, e sem grandes exageros, cerca de um milhar de trabalhos. Já entrevistei craques da bola e estrelas de cinema, música e televisão. Supermodelos, pintores, escritores, escultores e bailarinos. Políticos, padres, empresários, doutores e engenheiros, cozinheiros, barmans e também alguns sem abrigo. Na maior parte das vezes, deu-me prazer fazer essa entrevista ou reportagem, noutras, foi um verdadeiro frete, mas a vida de jornalista é assim, uns trabalhos são mais interessantes do que outros. Fosse qual fosse o caso, abordei sempre os assuntos com seriedade e profissionalismo, mas confesso que não sou daqueles que sente um «orgasmo» sempre que entrevista um Cristiano Ronaldo, Marcelo Rebelo de Sousa ou Rita Pereira. Por isso, posso dizer que, ao longo desta caminhada, houve apenas três trabalhos que me marcaram realmente, dos quais nunca me vou esquecer, que mexeram comigo como ser humano. O primeiro apanhou-me quase em início de carreira, uma visita à NECI – Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso, a convite da presidente de direção na época, Eduarda Santos. Foi um dia rodeado de utentes, uns jovens, outros mais adultos, com trissomia 21 e confesso que não estava preparado para o choque emocional. É certo que já quase todos nos cruzamos com pessoas que sofrem de algum tipo de deficiência, motora ou mental, e criamos ideias pré-concebidas, rótulos, sem termos conhecimento de causa. Nunca fui desse género, mas mexeu comigo ver a forma como estes seres humanos reagem a alguns acontecimentos tão banais e que para nós, os ditos «normais», são isso mesmo, banalidades do dia-a-dia. Passei a viagem de Lagos para Armação de Pêra a pensar na vida de sofrimento de alguém que simplesmente nasceu com um cromossoma extra no par 21, algo que, bem vistas as coisas, pode acontecer a qualquer um de nós. Sofrimento de quem padece dessa doença e de toda a família.

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Da experiência nasceu uma peça com o título «Fazer sorrir quem nasceu diferente», se não me falha a memória, e qual não foi a minha surpresa quando, anos depois, a Eduarda Santos me telefonou a perguntar se podia usar esse título como um género de slogan da instituição. Confesso que já nem me lembrava do título, mas senti um orgulho tremendo porque percebi que aquele texto tinha causado algum impacto. O segundo momento marcante surgiu também através de um telefonema, desta vez do amigo Eliezer Duarte, empresário da zona da Praia da Rocha e Portimão e que conhecia das reportagens fotográficas que fazia à noite na antiga discoteca Horagá. O Eliezer tinha tido um AVC fruto do excesso de trabalho e andava a fazer tratamento no Centro de Medicina de Reabilitação do Sul, em São Brás de Alportel. Aceitei o desafio de fazer uma reportagem e, apesar da experiência ser maior, voltei a ser dominado pelas emoções ao conversar com alguns utentes. O Eliezer Duarte, como referido, tinha sofrido um AVC. Laurindo Francisco, na época com 47 anos, tinha sido diagnosticado com uma Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença neurodegenerativa progressiva e fatal, caracterizada pela degeneração dos neurónios motores. Remetido a uma cadeira de rodas, já praticamente só conseguia mexer a cabeça. Volvidos estes anos, não sei se o senhor Laurindo ainda é vivo, mas nunca vou esquecer o que lhe custou conversar comigo apenas alguns minutos, mas insistiu em contar a sua história. Também lá estava o senhor Hélder Baptista, de 51 anos, que padecia de dermatomiosite, uma doença crónica que inflama todos os músculos, causando lesões na pele e dificultando movimentos tão simples com levantar os braços, subir escadas ou mexer a cabeça. A carreira de chefe de bar ficou para trás mas, pior do que isso, já nem conseguia brincar com o filho de sete anos e a filha de 12. E trágica era a história também do Virgílio Ferreira, de 25, tetraplégico. Um acidente de carro


em que ia como passageiro alteroulhe por completo a vida mas, mesmo assim, manteve um sorriso nos lábios durante toda a conversa e exibia uma vontade tremenda de melhorar, de voltar a ter alguma autonomia. E assim lá fiz eu outra viagem de carro com os pensamentos num turbilhão, a pensar como um evento pode deitar por terra todos os sonhos que temos. E a pensar na coragem destes quatro homens, que se recusavam a baixar os braços, apesar de, para alguns deles, não existir cura ou possibilidade de melhoria e ser só uma questão de viver um dia de cada vez. E o terceiro momento que tenho a certeza que nunca irei esquecer aconteceu esta tarde, ao assistir ao espetáculo solidário da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão e no qual algumas dezenas de utentes, com diferentes tipos e graus de deficiência mental e motora, pisaram o palco do Auditório Municipal de Olhão. Não sou propriamente um piegas, mas houve alturas em que fiquei contente por ter uma máquina fotográfica colada ao nariz e pelas

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luzes do auditório estarem apagadas durante o espetáculo. Os olhos embargados não eram sinónimo de pena por estar a ver uns «coitadinhos» numa peça de teatro, porque de «coitadinhos» não tinham nada. Era um sentimento quase de orgulho, de regozijo, por vê-los a interagir com o público, a desempenhar os seus papéis, simples, claro, mas tinham as suas falas, os seus momentos de entrada e saída de palco, havia um roteiro para seguir. E as imagens que foram apresentadas comprovaram que chegam a ter dias mais preenchidos que muitos de nós, em visitas no exterior, em iniciativas nos espaços da ACASO, em jogos lúdicos, atividades físicas e uma série de outras tarefas. E enquanto assistia ao espetáculo, lembrei-me de casos reais em que pessoas portadoras de alguma deficiência ficam trancadas em casa enquanto os pais vão trabalhar, deitadas na cama ou sentadas no sofá a olhar para a televisão por anos a fio, até que os pais, já velhotes, morrem e, de repente, os vizinhos descobrem que tinha estado uma

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pessoa «presa», no apartamento ao lado, sem que nunca tivessem tido sequer conhecimento da sua existência. Simplesmente porque, antigamente, algumas pessoas tinham vergonha quando um filho não nascia perfeito e preferiam escondê-lo do mundo do que assumir e conviver com a diferença de quem era carne da sua carne. Pessoas que, colocadas ao cuidado de uma instituição competente, como a ACASO e outras tantas, podem levar uma vida digna, dentro das suas limitações e incapacidades. Tudo é preferível a estar trancado em casa uma vida inteira e os sorrisos daquelas dezenas de utentes, dos 20 aos 70 anos, demonstram isso mesmo. Uma vontade de fazer algo, de estarem ocupadas, de conviver com outras pessoas, de serem acarinhadas, de sentirem o toque humano. Mas é preciso ter uma grande coragem, hoje, e sempre, para ser diferente. E para quem tem que lidar de perto com a diferença .


ENTREVISTA

AQUASHOW PARK HOTEL UM NEGÓCIO DE FAMÍLIA PLENO DE SUCESSO Um dos principais parques aquáticos do Algarve, o Aquashow Park, em Quarteira, volta a apresentar novidades para cativar todos os dias milhares de clientes nos meses quentes de Verão, confirmando a velha máxima de que não convém adormecer à sombra da bananeira. Em grande forma continua igualmente o Aquashow Hotel, que completou quatro anos de atividade no dia 1 de junho e que constitui a outra face da moeda do sucesso deste negócio de família, iniciado pelas mãos do empresário Celestino Santos há cerca de 15 anos e que agora é liderado pelos irmãos Celestino e Diana Santos. Entrevista: Daniel Pina

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oi há cerca de 15 anos que o empresário Celestino Santos adquiriu, perto de Quarteira, um empreendimento em grandes dificuldades financeiras, praticamente votado ao abandono, e o transformou no tremendo sucesso que é o Aquashow Park Hotel. Um negócio que começou como um parque aquático, como o próprio nome indica, e que em 2011 viu surgir também um hotel para ir ao encontro das necessidades de alojamento de grande parte dos clientes. E se a época alta do empreendimento coincide com os meses quentes do Verão, o parque aquático abriu portas logo no dia 1 de maio, mais uma vez com uma novidade, o maior FreeFall da Europa, dois escorregas com 32 metros de altura e 129 metros de comprimento que implicaram um investimento de dois milhões de euros, revela Celestino Santos (filho). “Antes disso, tínhamos introduzido o Speed Race, seis pistas com tapetes e que têm capacidade para 720 pessoas por hora. O empreendimento tem 12,5 hectares, com uma lotação de quatro mil pessoas para o parque aquático e de nove mil para o parque temático, e damos emprego a cerca de 150/200 pessoas, entre hotel e parque”, indica Celestino. A abertura do hotel resultou, entretanto, da constatação de que muitos clientes oriundos de Lisboa e de outros pontos do país chegavam e partiam no mesmo dia, por dificuldades de alojamento, explica Diana Santos. “Agora, todos os clientes do hotel têm entrada ALGARVE INFORMATIVO #13

Os irmãos Celestino e Diana Santos comandam os destinos do Aquashow Park Hotel

incluída no parque e, por exemplo, se ficarem cá uma noite a dormir, já podem ir dois dias ao parque. É uma maisvalia pois aproveitam para relaxar e divertir-se sem andarem de carro a correr de um lado para o outro”, destaca a diretora do hotel, que demorou apenas um ano para ser construído e que, como se

(…) Já passamos por todas as secções da empresa, pela restauração, bilheteira, piscinas, promoção, manutenção, até cortar relva. Não quisemos começar logo de cima, a mandar nas pessoas, a dizer-lhes como deviam fazer coisas que nós próprios nunca tínhamos feito(…) adivinha, não foi idealizado apenas para os turistas de Verão. “Temos piscina interior aquecida, piscina exterior, salas de conferências, para além dos habituais restaurantes, ginásios 9

e áreas de lazer. Estamos a alargar o nosso mercado para o segmento «corporate», empresas que realizam congressos ou seminários no Algarve. Estamos bem localizados, perto da A22 e no centro da região, pelo que se deslocam facilmente para qualquer lado”, descreve Diana. De volta ao parque aquático, Celestino Santos avisa que é fundamental introduzir novas atrações com regularidade, estar sempre em cima das tendências e não descurar a satisfação dos clientes. “É importante perguntar-lhes o que gostariam de ter no parque, porque queremos ter alternativas que agradem a todas as idades. Este ano investimos numa atração mais radical, o ano passado foi num produto mais familiar e, em 2016, queremos investir em algo para as crianças mais novas. Claro que isto só é possível se houver uma boa gestão, um acompanhamento permanente e lidar-se com rapidez com todas as questões que surjam, seja com os funcionários, seja com os clientes”, frisa.


ENTREVISTA

Um sucesso que também não é alheio ao facto de tratar-se de um negócio de família, de tal modo que Celestino e Diana desde novos se habituaram a ajudar nas várias tarefas do parque desde que o pai o adquiriu e começou a ampliar e modernizar. “Eu comecei a vir para aqui, aos 14 anos, com uma amiga e volvido algum tempo perguntámos ao meu pai se podíamos ser vigilantes do parque, já que era normal contratar-se malta nova para desempenhar essas funções. Já passamos por todas as secções da empresa, pela restauração, bilheteira, piscinas, promoção, manutenção, até cortar relva. Não quisemos começar logo de cima, a mandar nas pessoas, a dizer-lhes como deviam fazer coisas que nós próprios nunca tínhamos feito”, destaca Diana Santos. Assumir a direção do hotel exigiu, porém, uma formação ALGARVE INFORMATIVO #13

mais específica, se bem que os pais de Diana, antes de adquirirem o Aquashow, possuíssem um aldeamento turístico e desde nova ajudou a

(…) Para conseguirmos vingar e crescer, não podemos pensar na parte burocrática, nem nas taxas e impostos que temos que pagar. O importante é angariar clientes e operadores turísticos e realizar novas parcerias para encher o parque e o hotel (…) mãe na receção. “Depois, tirei o curso de Gestão de Empresas na Universidade do Algarve e um curso de Direção Hoteleira na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, onde adquiri muitas competências novas”, indica 10

Diana. O irmão mais velho teve um percurso praticamente idêntico, se bem que, quando terminou o 12.º ano, assumiu logo funções mais exigentes no Aquashow e não teve oportunidade para prosseguir os estudos. “Passei logo a acompanhar mais de perto o meu pai na gestão dos negócios, do parque aquático, da imobiliária, da construção de outros empreendimentos, a celebrar escrituras, em reuniões com arquitetos e engenheiros”, recorda.

Empatia total com os colaboradores De forma natural e gradual foise dando, então, a passagem de testemunho do pai Celestino Santos para os filhos Celestino e Diana Santos, abraçando novas funções logo que demonstravam ter capacidades para elas, até


que o filho ficou mais responsável pelo dia-a-dia do parque aquático e a filha encarregue do hotel. “Indiretamente, ele ia colocando as decisões nas nossas mãos e tínhamos que resolver os problemas da melhor forma para a empresa e para os clientes. Se, por acaso, alguma coisa corresse mal, então dava esta ou aquela sugestão. Quando arrancou a construção do hotel é que me disse que, mal entrasse em funcionamento, ficava logo eu à frente das operações. Tinha alguma experiência do tempo do aldeamento turístico e os conhecimentos obtidos do curso, mas foi uma grande responsabilidade assumir um projeto novo”, reconhece Diana Santos. E se é verdade que existe uma delegação formal de competências, com Diana à frente do hotel e Celestino ao leme do parque aquático, ambos frisam que não se sentem patrões disto ou daquilo ou com atenções focadas apenas no seu cantinho. “Tratamos de tudo o que acontece no empreendimento, sejam as coisas boas ou as menos boas, juntos, em família, sentados à conversa para se encontrar as melhores soluções. E tanto posso eu resolver um assunto do hotel, como a Diana lidar com alguma situação do parque, porque temos conhecimentos de todas as áreas”, sublinha Celestino, confirmando que o facto de terem feito todo o trajeto, desde a base até ao topo, facilita o relacionamento com os funcionários, alguns deles, inclusive, há diversos anos ao serviço do Aquashow. “O pior que pode acontecer é alguém ALGARVE INFORMATIVO #13

estar a dar ordens sem saber o que está a dizer e os nossos colaboradores reconhecem a nossa humildade, que 11

respeitamos todas as funções e que tratamos todos por igual”, considera Celestino, ao que a irmã acrescenta: “Às vezes


ENTREVISTA vemos que estão aflitos nas horas de maior afluência de clientes e ajudamos de imediato, tanto no posto de venda de gelados como na bilheteira”. Percebe-se, assim, que os colaboradores mais antigos já façam praticamente parte da família e que sintam tanto prazer no sucesso da empresa como os dois irmãos. “Fizeram parte deste crescimento, festejam connosco nos bons momentos, ajudam-nos nos maus momentos e dão-nos força para continuarmos em frente”, enaltece Celestino, que prefere nem pensar nos múltiplos aspetos que tradicionalmente dão dores de cabeça aos empresários. “Para conseguirmos vingar e crescer, não podemos pensar na parte burocrática, nem nas taxas e impostos que temos que pagar. O importante é angariar clientes e operadores turísticos e realizar novas parcerias para encher o parque e o hotel”.

Staff de qualidade é fundamental Com o mês de Junho já a meio e o Aquashow a registar taxas de ocupação bastante agradáveis, Celestino Santos garante que há uma concorrência saudável entre os vários parques aquáticos em atividade no Algarve e, principalmente, que os clientes chegam para todos durante os meses de julho e agosto. Aliás, nem o aparecimento de um novo parque do género iria causar grande mossa aos já existentes, acredita o entrevistado. “Os clientes tanto visitam o Aquashow como o Zoomarine, o Slide & Splash e o Aqualand, porque estão cá uma semana de férias e cansam-se de fazer só praia ou de ir sempre aos ALGARVE INFORMATIVO #13

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mesmos sítios. Querem viver experiências novas, o convívio com os amigos e a família, uns dias mais relaxados, outros com mais adrenalina”, justifica Celestino. Num hotel, a concorrência assume contornos diferentes, embora Diana Santos lembre, com um sorriso, que nem todos têm um parque aquático na porta ao lado e englobado no mesmo pacote de serviços. “É um fator de diferenciação e há mais de dois meses que tenho o julho e agosto completamente esgotados. Terminado o Verão, tentamos distinguir-nos dos outros hotéis pelos serviços que oferecemos e pelo nosso staff. Queremos que os clientes se sintam em casa”, garante Diana, dando um exemplo concreto que aconteceu há poucos dias. “Como as nossas bases são todas de duche, uma cliente com um bebé de sete meses perguntou-nos se tínhamos alguma solução para que lhe conseguisse dar banho. Foi um problema que nunca tinha surgido e eu própria, como não tenho filhos, nunca senti essa necessidade. Fui comprar logo banheiras para bebés e agora é mais um serviço que está disponível”. Diana Santos volta a dar uma importância crucial ao staff de um hotel para o seu sucesso, tanto no atendimento ao cliente normal, como ao empresarial, mas lamenta que essa seja, precisamente, uma das grandes lacunas da região. “Felizmente que consigo ter chefias de qualidade, que depois vão formando os novos funcionários, mas precisamos contratar mais pessoal e há quem procure um emprego onde tenha o ordenado certo no fim do mês, mas não precise fazer muito para o ALGARVE INFORMATIVO #13

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ENTREVISTA irmãos. “Conseguimos chegar mais longe com poucos custos através do Montepio, MEO, FNAC, CTT e outras empresas, que divulgam o nosso nome pelos seus canais publicitários e balcões de atendimento”, afirma Celestino, satisfeito pelo barco estar em velocidade de cruzeiro sem problemas de maior. “É evidente que dores de cabeça existem todos os dias, há sempre obstáculos para ultrapassar, mas a melhor estratégia é não pensar demasiado nisso, sermos positivos e andarmos para a frente. Gostávamos de trabalhar também de inverno, porque a região tem condições climatéricas para isso, mas isso requer uma ação conjunta de todos os agentes turísticos e responsáveis do setor”. Quanto à componente hoteleira, Diana Santos garante que não é vontade da família criar uma cadeia de hotéis. “Somos um núcleo reduzido e preferimos estar focados em manter aquilo que já existe e melhorá-lo continuamente” .

merecer. Não queremos funcionários com sorrisos forçados”, salienta a gestora hoteleira. Menos complicações na contratação sente o irmão, pois as tarefas num parque aquático são menos exigentes em termos de formação académica. “Nós damos a formação específica para as cozinhas, snacks e outros serviços, são moldados para o que precisamos que façam”. E outro aspeto essencial para o êxito do Aquashow têm sido as parcerias com diversas entidades, reconhecem os ALGARVE INFORMATIVO #13

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CRÓNICA

Paulo Cunha

“Lá em casa quem manda é ela!”

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(…) No fundo, a mensagem que passa cá para fora, e que qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe à primeira, é a desresponsabilização e não assunção das incumbências ligadas às tarefas domésticas, à educação e apoio aos filhos e à gestão do orçamento caseiro e familiar por parte de quem profere tais dislates (…) ALGARVE INFORMATIVO #13

ão consigo deixar de sorrir e «pensar com os meus botões» quando oiço algumas expressões (com o seu quê de idiossincrasia, na ótica de quem as profere) tão queridas de certos géneros e faixas etárias para justificar uma forma de estar e agir em família e em sociedade. É comum, numa roda de amigos mais velhos, ouvir alguns homens dizer, orgulhosa e altivamente, que “Lá em casa quem manda é ela!”, parecendo que, com esta afirmação, manifestam publicamente a sua partilha de poderes face ao contexto familiar em que estão inseridos. Querendo parecer ser detentores de grande condescendência e bonomia, anuem em subentender uma curiosa partilha de poderes: “Tu mandas lá em casa, eu mando no resto!”. Espremendo esta afirmação, facilmente damos conta que o sumo obtido não corresponde à fruta que nos querem vender. No fundo, a mensagem que passa cá para fora, e que qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe à primeira, é a desresponsabilização e não assunção das incumbências ligadas às tarefas domésticas, à educação e apoio aos filhos e à gestão do orçamento caseiro e familiar por parte de quem profere tais dislates... 16

São tarefas domésticas que foram herdadas, em parte por obrigação, por mulheres que saíram de casa para casar com «filhos de certas mamãs», formatados numa educação assente e inspirada nos exemplos vivenciados e inculcados em ambiente familiar. Educação de tal modo enraizada em determinados extratos sociais e culturais portugueses, que faz com que sejam as próprias mulheres a defender a não participação e ajuda dos seus maridos e filhos nas lidas da casa. Dir-me-ão que hoje já não é assim, que isso é coisa dos tempos da «outra senhora». Em parte, acredito que sim… que seja um fenómeno que se tenha vindo a desvanecer e diluir na falta de tempo doméstico, efetivo e útil, provocada pelos deveres profissionais do casal. Mas, em verdade também vos digo que cada casa é um mundo, e há «mundos» de gente jovem que me surpreende pela cabotinice dos seus atos entre as quatro paredes. Perante afirmações do género: “Isso são assuntos de mulher… Não se fala mais disso! Querem lá ver… Eu que até despejo o lixo todos os dias!?...” – só me ocorre dizer a esses homens: “Libertemse, o lixo está na vossa cabeça!” .


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ATUALIDADE

Espaços Cidadão nasceram um pouco por todo o Algarve

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secretário de Estado para a Modernização Administrativa, Joaquim Pedro Cardoso da Costa, inaugurou, no dia 15 de junho, o primeiro Espaço do Cidadão do Município de Alcoutim, localizado do edifício da Câmara Municipal de Alcoutim. A instalação do Espaço do Cidadão no Município de Alcoutim resulta de um protocolo de colaboração celebrado com a Agência para a Modernização Administrativa (AMA), num projeto-piloto que visa a disponibilização de vários serviços públicos, através da implementação de um Balcão Multisserviços, oferecendo assim aos cidadãos a possibilidade de num único espaço, sem necessidade de mais deslocações, poderem tratar de diversos assuntos relacionados com a Administração Central e Local. Com a inauguração deste espaço, os cidadãos têm a possibilidade de, entre outros serviços, tratar da revalidação da carta da condução, mudança de morada ou pedido de segundas vias, serviços até hoje apenas disponíveis nas delegações do IMT Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP. O Espaço do Cidadão garante também aos cidadãos e às empresas um acesso digital assistido e especializado a diversos serviços públicos, prestado por mediadores de atendimento digital, com o qual se procura, de forma pedagógica, capacitar o ALGARVE INFORMATIVO #13

cidadão a interagir digitalmente com a Administração Pública. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves, anunciou a inauguração, possivelmente ainda durante o mês de julho, de um segundo Espaço do Cidadão em Martim Longo. “A criação destes dois espaços será mais um contributo para a promoção da coesão social e territorial do concelho. O combate diariamente travado nos territórios da baixa densidade, na tentativa de reduzir as assimetrias entre litoral e interior, não se compadece com processos de diminuição da prestação de serviços públicos”, frisou o autarca. “Garantir que a atual presença do Estado no território, através das repartições de Finanças, Segurança Social e outras, em funções, nunca seria posta em causa, por uma via concorrencial destes serviços, foi 18

uma preocupação que manifestámos, desde o início deste processo. Não se trata de reduzir serviços, mas sim de ampliar a oferta dos mesmos”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal. Cardoso da Costa disse esperar que nos próximos meses os espaços do cidadão nasçam “como cogumelos” em todo o país, lembrando que são locais que disponibilizam contacto com diversas entidades públicas. “Este modelo de atendimento digital é essencial já que combina o atendimento humano com o serviço público digital”, referiu o secretário de Estado. Em Alcoutim, o novo Espaço do Cidadão irá funcionar de segunda a sexta-feira, entre as 8h30 e as 13h e entre as 14h e as 16h30. O Espaço do Cidadão de Lagos foi também inaugurado no dia 15 de junho, depois da autarquia lacobrigense ter aderido à Rede


objetivo aumentar as respostas aos cidadãos e permitir que mais pessoas venham ao centro da cidade. Para Joaquim Pedro Cardoso da Costa, a ideia é, de facto, simplificar o acesso dos utentes a diversos tipos de serviços da administração pública. “Estamos a prestar um melhor serviço com o envolvimento da administração central, das câmaras municipais e das juntas de freguesia”. Os munícipes que se dirigirem ao Balcão Único Municipal poderão aceder de Espaços do Cidadão através de Dos 90 serviços disponíveis nos localmente aos serviços digitais um Protocolo, celebrado em 5 de Espaços do Cidadão, a Câmara disponibilizados pela julho de 2014, com a AMA – Municipal de Lagos oferece 51 Administração Central e Local, Agência para Modernização que, de acordo com a Presidente proporcionando-lhes um modelo Administrativa, IP. Atualmente, “são os mais adequados à nossa de atendimento mais estão disponíveis neste novo realidade”. O Espaço do Cidadão conveniente, mais rápido e mais espaço de atendimento 51 funciona de Segunda a Sexta, das próximo. serviços. “Desta forma 9h às 17h, no edifício dos Paços O Balcão Único Municipal abriu estaremos ainda mais próximos do Concelho – Séc. XXI – Praça do portas em Outubro de 2014 e e a servir melhor os nossos Município. concentra o atendimento público cidadãos”, declarou o Nesta ronda de inaugurações de todos os serviços da Câmara governante, acrescentando: “O estiveram também incluídos os Municipal de Portimão, grande objetivo que se pretende Espaços do Cidadão de Portimão funcionando igualmente como alcançar com estes novos e Alvor. Durante a iniciativa, balcão de atendimento da espaços é exatamente Isilda Gomes, presidente da EMARP, balcão único empresarial desmaterializar processos e Câmara Municipal de Portimão, da AHRESP e, a partir de agora, o descentralizar os serviços, destacou a importância desta Espaço do Cidadão da Agência aproximando a Administração o parceria entre o município e o para a Modernização mais possível do cidadão”. poder central, que tem como Administrativa . Por seu turno, a Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Maria Joaquina Matos, também se mostrou satisfeita com este projeto. “O importante é que os cidadãos possam, num mesmo espaço, tratar de vários assuntos, pois está integrado no Gabinete do Munícipe. Nos dias que correm esta é uma mais valia”, frisou a autarca, ainda que tenha deixado bem claro que “a intenção do Município é a de colaborar com outras instituições e nunca substituir-se à Administração Central”. ALGARVE INFORMATIVO #13

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ATUALIDADE

Castro Marim vai ter cais flutuante “para onde tínhamos as costas voltadas, afastando um dos principais motores de desenvolvimento do Baixo Guadiana”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral. O futuro cais flutuante de Castro Marim vai criar as condições adequadas, em termos de acessibilidade e segurança, para o embarque e desembarque dos utilizadores, além de minimizar o fundeamento desorganizado das embarcações ao longo do esteiro. a sequência de um protocolo de Possibilitará ainda o desenvolvimento das colaboração assinado entre a Câmara atividades náuticas, tanto na vertente da pesca Municipal de Castro Marim e a Região como na vertente desportiva, nomeadamente a Hidrográfica do Algarve, a autarquia vai avançar canoagem, e consequentemente, sensibilizará a com a instalação de um novo cais no rio população para a proteção destas massas de Guadiana, ao lado da vila castromarinense. Esta água e ecossistemas. A autarquia já conseguiu infraestrutura vai redirecionar Castro Marim para financiamento comunitário, estando a obra já foi a sua maior riqueza endógena, o rio Guadiana, contratualizada e com arranque para breve .

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Férias Ativas de regresso a Castro Marim

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á arrancou a 7ª edição das Férias Ativas no município de Castro Marim, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Castro Marim, em colaboração com a Empresa Municipal NovBaesuris. Além de garantir a ocupação saudável dos tempos livres das crianças e jovens do município, o programa é um apoio aos pais e encarregados de educação que, durante este período de interrupção letiva, não conseguiriam assegurar a ocupação dos educandos de outra forma. As Férias Ativas, que se estendem até ao dia 11 de setembro, são destinadas aos alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos do concelho e disponibilizam um variado leque de atividades culturais e desportivas em espaços tão diferentes como o Rio Guadiana, a Casa do Sal em Castro Marim, a Biblioteca Municipal, a ribeira de Odeleite, a Quinta da Fornalha ou o Pavilhão Municipal. Nesta 7ª edição, os cerca de 250 inscritos vão ALGARVE INFORMATIVO #13

poder experimentar aulas de dança, aulas de judo, canoagem, vela, paddel, natação e jogos lúdicos na água e workshops de doçaria, entre muitas outras atividades, como a visualização de filmes, idas à praia e visitas lúdico-pedagógicas fora do concelho de Castro Marim .

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ATUALIDADE

Desporto de Lagoa encerrou época em festa

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om o objetivo de assinalar o encerramento da maioria das épocas desportivas em que houve participação de atletas do concelho de Lagoa, mostrar os desportos que ali se praticam e promover o convívio entre os atletas, dirigentes e famílias, a Câmara Municipal de Lagoa organizou, de 11 a 14 de junho, a Festa do Desporto de Lagoa. Durante estes quatro dias realizouse um conjunto de atividades desportivas, de que se destacaram a natação sincronizada, hidroginástica com DJ, um festival de natação para as crianças, uma demonstração de desportos de combate, um passeio de BTT, uma marcha/corrida, uma aula de zumba, stand up padlle, patinagem de velocidade, andebol, um torneio de futebol veteranos e outro de futebol de formação, um torneio de polo aquático, a festa do atletismo do concelho de Lagoa, basquetebol, o torneio de badminton «Cidade de Lagoa» e um passeio de canoagem entre a Mexilhoeira da Carregação e o Sítio das Fontes. Na noite de 13 de junho, houve um convívio no recinto da FATACIL,

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que envolveu os participantes de todas as atividades e os seus familiares, com a animação a cargo do grupo musical «Ritmo Jovem». Sendo o desporto uma aposta forte do executivo camarário liderado por Francisco Martins, a presença de mais de mil e 200 participantes em todas estas atividades veio provar que não foi em vão o balanço dos bons resultados desportivos alcançados pelos atletas, clubes e associações de Lagoa na presente época . 22


Câmara de Lagoa atribuiu quase um milhão de euros a IPSS do concelho

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o passado dia 11 de junho, no Auditório do Convento de José, em Lagoa, o Presidente da Câmara Municipal, Francisco Martins, acompanhado pela Vereadora Anabela Simão, que detém o Pelouro da Ação Social, procedeu à assinatura dos protocolos de apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social, no cumprimento do projeto solidário do executivo. “Estes protocolos foram elaborados com base nas reuniões havidas entre mim e as direções de cada uma das Instituições, que visitei pessoalmente, no sentido de auscultar, ao vivo, as suas carências e necessidades correntes, assim como as suas dificuldades de investimentos de capital, face à diminuição, nos últimos anos, de medidas de autoproteção, que também cabem ao Estado”, frisou o edil lagoense. Deste modo, os protocolos assinados são o reflexo de uma análise séria, atenta e profunda à realidade de cada área do Concelho e do labor das suas IPSS. “Essa atividade enobrece as nossas gentes, pela que a Câmara Municipal não podia,

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nem pode, ficar alheia. Estamos aqui para assumirmos o financiamento às IPSS para todo o nosso mandato, o que permite dar-vos alguma estabilidade para que possam gerir e programar a vossa atividade. Naturalmente que estaremos abertos a qualquer eventualidade que surja e não se encontre contemplada nestes protocolos, e que merecerão a nossa observação”, acrescentou ainda Francisco Martins. Os oito Protocolos, validados para o triénio 2015-2017, foram assinados com o CAIF – Centro de Apoio a Idosos de Ferragudo (56.300 €), ACDCHE Lagoense (112.200 €), Santa Casa da Misericórdia de Estômbar (70.400 €), CASC – Centro de Apoio Social de Carvoeiro (42.200 €), CASP – Centro de Apoio Social de Porches (111.760 €), Centro Paroquial de Estômbar (124.130 €), ADR – Quinta de S. Pedro (92.200 €), Amigos para o Desenvolvimento da Mexilhoeira da Carregação (30.173,56€) e CPL – Centro Popular de Lagoa (322.110 €) .


CRÓNICA

Um País de Tampinhas

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Paulo Bernardo Empresário pb700123@gmail.com

(…) Não me identifico com um país onde se paga tanto imposto e não se recebe nada em troca. Devíamos mudar o escudo da bandeira para um conjunto de tampas, a tampa para a cadeira de rodas, a tampa da fisioterapia, a tampa para isto, a tampa para aquilo. Bem sei que se tem que pagar impostos, mas, porra, ao menos que se tenha algo em troca. Parece que voltamos ao tempo do Salazar, onde apenas uma pequena elite tinha todos os proveitos. Não me identifico com este país, quero um país novo onde o sistema seja mais justo e solidário (…) ALGARVE INFORMATIVO #13

or motivos de trabalho estou muito longe de Portugal e tudo o que está a acontecer na Europa passa bastante despercebido. Aqui ninguém fala na Grécia, nem na visita do Cavaco, nada, possivelmente o único tema que falei sobre Portugal foi na transferência do Jorge Jesus. Avaliando à distancia, a ideia que fico de Portugal é de um pais que não dá nada à sua população, apesar da grande carga fiscal, tudo é pago pelo povo. Se quer escola, paga, se quer saúde, paga, se quer estradas, paga, se quer justiça, paga. Quem não pode pagar, pede, sofre em silêncio, passa fome. Temos um país em que, quem necessita, pede tampinhas para poder ter aquilo que devia ser dado por um estado solidário. Não me identifico com um país onde se paga tanto imposto e não se recebe nada em troca. Devíamos mudar o escudo da bandeira para um conjunto de tampas, a tampa para a cadeira de rodas, a tampa da fisioterapia, a tampa para isto, a tampa para aquilo. Bem sei que se tem que pagar impostos, mas, porra, ao menos que se tenha algo em troca. Parece que voltamos ao tempo do Salazar, onde apenas uma pequena elite tinha todos os proveitos. Não me identifico com este país, quero um país novo onde o sistema seja mais justo e solidário. Quero que o meu país mude, quero que volte a ser um país onde todos tenham as mesmas oportunidades. Estou farto de ver que cada dia que passa o discurso político não se enquadra com o que se passa na rua. Quero um país em que as pessoas sorriam, que tenham objetivos, que queiram estudar, que se sintam motivados. Quero um país de gente motivada, que contribua e que receba pelo que contribui, que seja solidário e justo. Cabe a todos nós fazer essa mudança, vamos criar um país novo. 24

Não é por falta de infraestruturas, de capacidade, de conhecimento, de pessoas. Apenas falta o clique para que se acorde, para que se consiga pensar fora da caixa. Temos tudo para ser um país de sucesso, não nos deixemos abater por reis fracos como dizia Camões. Vamos ganhar o futuro! Nota da semana: Grécia, a incontornável Grécia. País que hoje está abandonado por uma Europa a desfazer-se, sem políticas que visem manter a sua união. Vão cair todos até ficar apenas a Alemanha e depois vamos voltar ao zero. Talvez pelo meio tenhamos uma guerra, uma invasão pelos povos do norte de África ou outra coisa qualquer. Vamos entrar numa nova Idade Media e aguardar lentamente pelo renascimento. Sim, se não reagirmos a tempo e apenas olharmos para o nosso umbigo, vamos ser um continente desmembrado e sem futuro. Figura da semana: Todos os operacionais que socorreram o autocarro que se acidentou na Via do Infante. Trabalho em condições difíceis, que me preocupou pela imagem que poderia passar da nossa região. Tudo correu como esperado, ao chamamento, o lado humano mais uma vez superou as faltas que todos dias ouvimos falar nas notícias. Podemos dizer que foi um sucesso todo o trabalho pela noite dentro a salvar aqueles que ainda podiam ser salvos. São atos destes que me fazem crer que Portugal ainda pode dar a volta. Obrigado a todas as mulheres e homens que ontem deixaram as suas famílias para exercer exemplarmente o seu trabalho .


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CRÓNICA

Pode ou não qualquer Aluno adquirir uma Inteligência para a Excelência?

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Hélder Rodrigues Lopes

(…) A Inteligência é sobretudo a capacidade para Tomar Decisões sensatas, coerentes, ponderadas e alicerçadas nos valores e princípios adquiridos ao longo da Vida, sustentadas na planificação, organização e execução. O Cérebro começa por avaliar pela observação o «Valor do Objetivo», isto é, a recompensa esperada ou desejada do resultado da decisão (…) ALGARVE INFORMATIVO #13

epois do Ano Letivo finalizar, chegam as alegrias e as tristezas, fruto das prestações conseguidas na Escola ao longo do Ano Letivo. Por muito que se deseje, nem sempre, ou na maioria dos casos, os nossos Alunos correspondem ao que eles próprios e as famílias desejam. Mas isso terá a ver com a fisiologia cerebral ou existirá outra causa para a variabilidade das Inteligências? A Inteligência é a capacidade triádica de Aprender sobre o meio ambiente onde se está inserido, a partir deste e pela interação com o mesmo. A Inteligência engloba múltiplos tipos de competências adquiridas; destreza física, fluência verbal, raciocínio concreto e abstrato, descriminação sensorial, sensibilidade emocional, numerácia e literacia, sociabilidade e relação com os outros. Os Lobos Frontais não são um exclusivo da Inteligência e a investigação científica mais atualizada sugere que a Inteligência depende da superestrada que liga os lobos frontais, responsáveis pela planificação e organização, aos lobos parietais, que são os responsáveis pela integração da informação sensorial. A velocidade e a eficácia com que os lobos frontais recebem o fluxo de informação pronta a ser usar dos lobos parietais é determinada pela qualidade desta ligação. Os fatores relacionados com o Meio Ambiente e a Educação são muitos importantes e influentes na aquisição e desenvolvimento da Inteligência. O que mais se destaca é o desenvolvimento físico durante o crescimento. Por exemplo, uma criança que tenha recebido adequados hábitos nutricionais, terá um bom funcionamento cognitivo, mas também os genes influenciam a aquisição de saber, assim como os fatores sociais e relacionais. A Inteligência é sobretudo a capacidade para Tomar Decisões sensatas, coerentes, ponderadas e alicerçadas nos valores e princípios adquiridos ao longo da Vida, sustentadas na planificação, organização e execução. O Cérebro começa por avaliar pela observação o «Valor do Objetivo», isto é, a recompensa esperada ou desejada do resultado da decisão. Seguidamente, é calculado o «Valor da Ação/Decisão», que não é mais que o resultado líquido, ou seja, a recompensa menos o custo. Por fim, o Cérebro faz a previsão da probabilidade sobre a decisão oferecer a recompensa esperada, que pode ser comparada com o resultado final dando uma previsão do erro. Quanto mais for

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complexa a proposta ou tarefa, mais áreas do lobo frontal estarão ativas. Todos Aprendemos desde o nascimento até à morte, o que torna a aprendizagem ao longo da vida uma evidência, mas o Aprender tem independência sobre as alterações comportamentais, consequência da maturação do organismo. Estas, apesar de também contribuírem para o aumento do auto reportório, contudo sem a associação da experiência e da interação com o meio ambiente, não são capazes por si só de desencadear o Aprender. O Aprender está diretamente relacionado com a Memória, sendo esta a capacidade de reter as aquisições de dados perceptivos e verbais que o Indivíduo é confrontado a cada momento, torna estes dois termos conceptualmente intermutáveis. Neurobiologicamente, o aprender interfere na dinâmica funcional do sistema nervoso central e o inverso também. Os estudos centram-se por dois grupos de questões: as bases celulares e moleculares da plasticidade neuronal e a organização cerebral no contexto dos comportamentos e respostas do aprender. As alterações comportamentais e/ou de resposta condicionada e a evolução da sensibilização estão correlacionadas com as modificações rigorosas do circuito neuronal envolvido no estímulo/resposta, cuja consequência é a facilitação pré sináptica, o crescimento dos locais recetores e das zonas ativas membranárias, o aumento das trocas iónicas transmembranais e o aumento das transduções intracelulares. Um outro tipo de facilitação sináptica é a potencialização a longo prazo, que é conceptualmente aceite com um mecanismo essencial nos processos de aprendizagem. A disponibilidade de cada um para aprender está relacionada com a amplitude da potencialização e a facilidade da indução, por outro lado, a indução de uma potencialização favorece as aprendizagens posteriores, a aprendizagem favorece o desenvolvimento da potencialização. O Aprender influencia diretamente o desenvolvimento da Inteligência. Todos somos Inteligentes, contudo, o grau académico nada tem a ver com a Inteligência, mas sim a disponibilidade para Aprender e particularmente Aprender com o próximo através da Humildade de aceitarmos que ainda Nada se Sabe por muito que se julgue Saber .


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REPORTAGEM

NÃO FAZ MAL SER DIFERENTE As emoções andaram à solta na tarde de 20 de junho, no Auditório Municipal de Olhão, o palco escolhido pelo Centro de Atividades Ocupacionais da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (ACASO) para levar a cena o espetáculo «Sentir a diferença». Ao longo de duas horas, dezenas de utentes participaram na peça de tom informal, sob intenso aplauso do público que encheu a sala e ficamos com a certeza que, no final, poucos terão ficado indiferentes a estas incapacidades que afetam tantos portugueses, filhos, filhas, netos e netas, pais e mães, avós e avôs de todos nós. Texto e Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #13

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dia estava uma brasa, muito calor, pouco ou nenhum vento, mesmo a convidar a uma ida à praia, à piscina ou a um parque aquático, como o fizeram, certamente, milhares de algarvios no passado dia 20 de junho. Apesar disso, a lotação de mais de 400 lugares do Auditório Municipal de Olhão esgotou por completo para assistir ao espetáculo solidário «Sentir a Diferença», da responsabilidade do Centro de Atividades Ocupacionais da ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão, cujo presidente de direção é o conhecido António Pina, antigo presidente da Região de Turismo do Algarve, antigo Governador Civil do Distrito de Faro, antigo Delegado Regional de Educação do Algarve, entre

Francisco Patrão (secretário da Direção), Ana Vicente, António Pina (presidente da Direção) e Eduardo Alagoinha

domiciliário, loja social, cabeleireira social, apoio a pessoas com problemas de deficiência e, desde há três, uma unidade de cuidados continuados. São 190 trabalhadores a contrato, mais 23 prestadores de serviços, somos o segundo maior

da Saúde, no que toca à Unidade de Cuidados Continuados, da Segurança Social, das quotas dos cerca de 400 sócios, que pagam pouco mais de um euro por mês, e das famílias dos utentes. “Apoiamos, por dia, 800 pessoas e fazemos à volta de 600 almoços, o que dá muito trabalho, mas também um imenso prazer. Quando entrou em funções há quatro anos, esta direção decidiu que ia derrubar o «muro das lamentações», que ia descruzar os braços, falar menos e tentar trabalhar mais, embora conscientes das dificuldades que o país atravessa, porque apanhamos a crise. Mas não vale a pena fazer manifestações à porta desde ou daquele, tínhamos que criar e fazer com o dinheiro que estava disponível”, frisa o presidente outros cargos, e que há quatro empregador do concelho de de direção, reconhecendo que, assume o desafio de liderar esta Olhão, logo a seguir à Câmara apesar dos esforços, o ano de instituição particular de Municipal”, explica António 2014 terminou com um défice solidariedade social com 82 anos Pina. nas contas da associação. de vida. “Tem desde a creche e Com um orçamento bastante “Felizmente, temos algumas jardim-de-infância a lar de avultado face a tantas valências, propriedades que, ou idosos, centro de dia, apoio as verbas chegam do Ministério alugamos, ou vendemos, e isso ALGARVE INFORMATIVO #13

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REPORTAGEM

tem-nos ajudado a superar as dificuldades do dia-a-dia”. De qualquer modo, o trabalho meritório da ACASO nas suas múltiplas facetas tem sido amplamente reconhecido pelas forças vivas de Olhão e António Pina garante que, sempre que há um pedido da instituição para lidar com um problema pontual inesperado, tem sido ouvida e atendida, seja pela autarquia, pela Segurança Social, pelos empresários locais ou pelas famílias. “E os pagamentos estão em dia, o que é fundamental

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numa IPSS. Qualquer atraso que aconteça, da parte do Ministério da Saúde ou da Segurança Social, significa que os ordenados já não são pagos no dia certo e os funcionários e colaboradores têm que pagar a casa, luz, água e isso tudo. Apesar da crise, o português continua a ser solidário e só não é mais porque não consegue”, atesta o dirigente. Prova dessa solidariedade é que os 410 lugares do Auditório Municipal de Olhão estavam totalmente preenchidos, sendo

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que as receitas do espetáculo solidário revertiam na totalidade para a ACASO e com destino já definido. “Estamos a criar outro Centro de Atividades Ocupacionais para podermos ajudar mais pessoas diferentes, e queremos criar mais três ou quatro quartos, para acolher outros miúdos que estão em casa e que os pais têm grandes dificuldades em tomar conta deles. Depois, esperamos a compreensão da Segurança Social para aumentar o valor dos protocolos, mas as obras são da


começamos a contratar, depois viramos atenções para os técnicos auxiliares, mas ainda precisamos de mais funcionários, porque somos muito exigentes na escolha das pessoas. Os que estão não chegam, mas fazem muito”. Uma dedicação à instituição que sobressai neste género de eventos e António Pina lembra que a ACASO também está diretamente envolvida na organização da «Semana do Bebé» do concelho de Olhão, juntamente com outras nossa responsabilidade”, ou não pagavam as entidades. “E vamos ter mais um sublinha António Pina, mensalidades, ou o faziam às arraial dos santos populares lamentando que a instituição não prestações, ou nem sequer que, no ano passado, atraiu consiga dar resposta a todas as colocavam os pais ou mães na cerca de 500 pessoas. Queremos solicitações que recebe. “Eram instituição, porque lhes fazia falta que os utentes estejam sempre necessárias mais instalações o dinheiro dessas reformas. ocupados, para estarem para acolher todos os idosos que “Desse ponto de vista, as coisas sentados ficavam em minha precisam de ir para um lar, estão um pouco melhor”, casa, que tenho um sofá porque sofrem de Alzheimer ou salienta, aproveitando a ocasião grande”, diz, com a sua Parkinson. Na vertente do «Ser para destacar a qualidade e conhecida boa disposição. “Isto é diferente», se tivéssemos mais profissionalismo dos para trabalhar a sério e é lugares vagos, também colaboradores da ACASO. fantástico sentir-me útil nos chegávamos a mais pessoas”. “Quanto assumimos a direção, meus quase 70 anos. Agradeço A crise, como é óbvio, também percebemos que não bastava ter muito aos sócios por permitirem muitos soldados, aquelas que seja presidente desta se fez sentir no bolso dos pessoas que estão todos os dias associação, quatro membros da familiares destes utentes e António Pina confirma que houve no terreno. Notava-se uma falta direção já estão reformados, e isto é melhor do que ir à uma altura crítica em que estes, de quadros médios, que

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REPORTAGEM farmácia comprar medicamentos”. A iniciar o segundo mandato de três anos, António Pina explica que os desafios são constantes e, por exemplo, mais salas implica igualmente mais funcionários, o que obriga a analisar se a despesa extra é compensada pela receita que entra. “Vamos fechar «Os Saltitões», um edifício antigo, provisório há mais de 20 anos, e que tinha péssimas condições, porque compramos um novo espaço. Custou a módica quantia de 800 mil euros, mas o Montepio emprestou-nos o dinheiro a pagar a 20 anos, o que é uma grande ajuda. Mas estamos aqui por gosto e não podemos cair na rotina da gestão do dia-a-dia”, finaliza, porque era hora de entrar na sala para assistir ao espetáculo.

A importância das relações humanas Começou o espetáculo com uma avó e a sua neta sentadas

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em torno de uma manta de retalhos, cada retalho a ilustrar uma história, uma mensagem, uma experiência de vida destes jovens e menos jovens, homens e mulheres, irmãos e irmãs, mães e filhas, com um ponto em comum: sofrem de algum tipo de deficiência motora ou mental, nascida ou adquirida. A plateia começou em silêncio, como tinha sido pedido, mas o silêncio durou pouco, mas não por aquela habitual falta de respeito que se assiste tradicionalmente nas salas de cinema, com conversas

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ao telemóvel ou de uma fila para a outra. O silêncio foi quebrado por iniciativa dos utentes que, de forma natural, começaram a interagir com a assistência, pedindo palmas nas músicas e canções, despedindo-se de forma entusiástica no final de cada história, sorrindo e acenando para os familiares que vislumbravam entre o público. E perante tal à vontade nas suas novas funções como atores e atrizes, ninguém resistiu e o espetáculo assumiu um tom


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REPORTAGEM Mas o dia era de festa, portanto, era melhor nem pensar nessas situações que são reais, que não acontecem apenas em filmes de cinema ou telenovelas. Duas horas que, de tão animadas e agitadas, passaram num instante e, de repente, estavam os utentes todos em palco, as técnicas da ACASO, as auxiliares, a cantarem a música de despedida, com o público todo de pé a bater palmas. Depois, a distribuição de flores aos familiares, as palavras de parabéns, os abraços de agradecimento, e lágrimas, informal em diversos momentos, mobilidade reduzida, com muitas lágrimas, umas com pais, mães, avós e avôs, paralisia cerebral, com escondidas, outras de rosto irmãos mais novos ou mais incapacidades de maior ou aberto, porque não há que ter velhos, a bater palmas ao som da menor grau, têm dias mais vergonha em momentos assim música, de braços levantados, preenchidos que grande parte do felizes. Por isso, não nos rindo das graçolas que a avô ia comum mortal, em atividades admiramos ao ouvir essa emoção contando à neta enquanto desportivas, culturais, nas palavras tremidas de Joana descrevia os utentes, os seus recreativas, dentro dos espaços Rafael, a Diretora Coordenadora gostos, as suas vaidades ou da ACASO ou em visitas ao da área da deficiência da ACASO, birras. exterior, a parques aquáticos, à da Ana Sofia Bexiga, monitora de praia, ao campo. Muito melhor, ateliês, e de Raquel Faustino, Ao longo de duas horas, sem sombra de dúvida, do que psicóloga. “Sabemos as muitas centenas de fotos foram passar os dias sentados nos sofás horas de trabalho e dedicação mostradas enquanto se a olhar para a televisão ou, pior que este evento envolveu, não mudavam os cenários e foi do isso, trancados no quarto, temos nenhuma preparação no possível constatar que estas mundo do espetáculo e foi tudo pessoas ditas «diferentes», com quiçá até presos a uma cama.

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feito de forma informal. Há uma grande equipa por detrás deste trabalho e um conjunto de utentes que, com as suas limitações, abraçaram este desafio e corresponderam às expetativas que depositámos neles. Acho que conseguimos, nesta tarde, fazer sentir a diferença”, sublinha Joana Rafael. O evento acaba por ser uma compilação dos melhores momentos da instituição, “um espelho das atividades realizadas individualmente e que foi reunido num espetáculo único”, revela Ana Sofia Bexiga, ao que Raquel Faustino acrescenta que a mentalização dos utentes para a experiência de subirem a um palco foi feita de forma gradual e natural. “Graças a Deus correu tudo, não houve nenhum problema e eles estão super felizes, que era o nosso grande objetivo”, observa a psicóloga. “O ponto de partida era tentar incluir todos no espetáculo e tentar passar mensagens. Era importante sensibilizar para a questão da deficiência, mostrar como é

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possível atingir sonhos e objetivos de vida, mostrar o quão importante são as relações humanas”, reforça Ana Sofia Bexiga. Joana Rafael indica que a ACASO apoia 55 utentes através do CAO – Centro de Atividades Ocupacionais, e 40 em lar residencial. “É uma população bastante heterogénea, temos desde deficiência mental de grau leve a muito grave, pessoas portadoras de deficiência motora de diferentes naturezas, outras

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com paralisia cerebral, mas vivem todos juntos e ensinamnos muito sobre as relações humanas. Independentemente do perfil e da patologia de cada um, há forma de nos relacionarmos, de nos amarmos e apoiarmos uns aos outros e eles transmitiram isso nesta tarde e com toda a segurança”, destaca a Diretora. Utentes de várias idades e, em alguns casos, da mesma família, cada um com o seu feitio e


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personalidade, pelo que não deve ser fácil gerir tantas pessoas no quotidiano, mas é esse o desafio que toda a equipa assume diariamente, explica Raquel Faustino. “Apesar de todas as diferenças, têm que funcionar em grupo, com regras que eles compreendem, com pessoas em quem eles confiam, em comunhão. E se as coisas resultarem lá dentro, cá foram também conseguem fazer resultar”.

Uma realidade que não se pode esconder Infelizmente, tudo isto só é possível se as pessoas deixarem de fechar os olhos a esta realidade, que é difícil de lidar com, mas que não se pode ignorar, daí ter surgido o programa «Sentir a Diferença». “Durante muitos anos, a ACASO ALGARVE INFORMATIVO #13

tem prestado os cuidados básicos na área da deficiência, sempre com toda a dedicação e mérito, mas a equipa sentiu que havia que ir um pouco mais além. Há realidades escondidas, as famílias e a comunidade não estavam presentes no nosso diaa-dia e tivemos que arranjar estratégias, que se traduzem em diferentes atividades, para que todos conheçam o que se faz no interior de uma instituição”, salienta Joana Rafael. “A comunidade tem que estar preparada para responder o melhor possível às necessidades das pessoas portadoras de deficiência, e das suas famílias”. Pegando nas palavras da responsável da ACASO por esta secção, parece inacreditável que, em pleno século XXI, num país dito civilizado, haja quem prefira esconder em casa os filhos portadores de deficiência, em vez 36

de pedir ajuda, mas Joana Rafael confirma que a maior parte destes utentes já chegou à instituição com uma idade avançada. “Vão ficando em casa porque os pais pensam que não há nada a fazer, que já não vão aprender muito mais, e acabam por não desenvolver as suas competências e potencialidades porque estão cingidas a um núcleo familiar muito protegido”, lamenta a entrevistada. “Quanto mais novos chegarem até nós, mais fácil será criar uma forma de ser, estar e trabalhar. Os mais idosos não têm o mesmo potencial, mas consegue-se sempre alguma coisa”, garante Raquel Faustino, a avó da história. “Apelando aos sentimentos, tudo se alcança. Podem não atingir um determinado nível que podíamos ambicionar, mas a dimensão humana, dos afetos,


oportunidades e, para tal, precisamos da comunidade. Evitamos a rotina, a estagnação, isso não lhes faz bem, e só temos um dia-a-dia saudável e equilibrado se houver essa novidade”, esclarece Joana Rafael. E a pergunta inevitável é, como reage a comunidade, o cidadão anónimo, quando contata com estes utentes nas tais saídas de campo. “Ainda ficam a olhar”, reconhece Ana Sofia Bexiga, com tristeza, embora Joana Rafael acredite que as pessoas já estão mais do amor, consegue-se sempre lágrimas vêm naturalmente por recetivas a esta realidade. “Há o olhar, o sentimento incómodo, trabalhar”, prossegue Ana Sofia causa desse orgulho, porque Bexiga. sabemos o que eles trabalharam mas notamos que muitas pessoas ficam surpreendidas E se, em apenas duas horas de para realizarem este com tudo aquilo que eles espetáculo”, aponta a monitora espetáculo, muitas pessoas não conseguem realizar. Temos esta conseguiram conter as emoções, de ateliês, que interpretou o semana uma viagem papel de netinha na história. como será trabalhar todos os programada a Lisboa, vamos Espetáculo que serviu quase dias, várias horas por dia, receber um grupo de utentes de semanas, meses, anos a fio, com como arranque oficial para o Machico, na Madeira, portanto, programa de atividades de estas pessoas especiais e todas acabamos uma atividade, Verão, que contempla idas à diferentes, questionamos o trio começamos logo outra, porque de especialistas. “É um trabalho praia e parques aquáticos, bem este trabalho tem que ser feito como campismo. “Queremos onde é impossível evitar as todos os dias”, culminam as três, emoções, porque temos que nos que eles tenham momentos antes de irem festejar com os entregar a eles de corpo e alma. felizes e experiências únicas. Enquanto IPSS, existem algumas utentes, colegas e auxiliares o Muitos não conseguem grande sucesso do espetáculo comunicar ou manifestar os seus limitações de natureza «Sentir a Diferença» . financeira, mas queremos gostos e interesses, temos que arranjar estratégias para chegar proporcionar-lhes o máximo de até eles e cada resultado atingido, por menor que seja, faz-nos ganhar o dia”, indica Joana Rafael, com Ana Sofia Bexiga a resumir o sentimento da colega na palavra «orgulho». “Orgulho na equipa que levou a cabo este trabalho, no que se fez, mediante todos os obstáculos, mas, acima de tudo, orgulho neles, porque se portaram muito bem. Mesmo os improvisos correram maravilhosamente. As

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REPORTAGEM

DOM CHIQUE MUITO MAIS DO QUE UM LICOR DE MEDRONHO O medronho é um dos produtos algarvios mais característicos e vários licores têm sido criados ao longo do tempo à sua volta, sendo a combinação com o mel – a melosa, o mais famoso. Mas o Dom Chique é muito mais do que um simples licor de medronho, é um licor marafado, uma bebida com alma, com uma história repleta de mistério e sedução, aliando uma tradição ancestral aos novos conceitos de marketing. Foi isso mesmo que se constatou no dia 19 de junho, aquando do lançamento oficial do Dom Chique no Conrad Algarve, onde estivemos à conversa com a responsável pela marca, Marina Zueva. Texto e Fotografia: Daniel Pina

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boa moda do saudoso Vasco Santana, «medronhos há muitos» e licores de mel é o que também não faltam, mas o Dom Chique atingiu um grau de pureza e de cristalinidade, aliados a uma série de características sensoriais, que mais nenhum conseguiu até à data. Melosa que terá nascido na época dos Descobrimentos, onde a calda de limão era uma forma dos navegadores terem um acesso mais fácil à Vitamina C para se precaverem contra o escorbuto. Navegadores que, quando descobriram a Madeira, depois de partirem de Sagres, chamaram Machico à zona mais montanhosa da ilha. Madeira onde não existia medronho nem mel, tendo sido mandada plantar cana-de-açúcar e que, mais tarde, daria origem à poncha, à base de aguardente de cana-deaçúcar com limão. Uma cultura que foi levada igualmente para o Brasil e que poderá ter estado na fundação da caipirinha. Foi nestas viagens todas que nasceu Dom Chique, membro de uma família burguesa integrada nas expedições para a Madeira e Brasil e que foi bastante bem sucedida nos negócios dai decorrentes. “Francisco Medronho é o último descendente desta família, o Ti Chico, só que, como era um engatatão e pinga-amor, ganhou a alcunha de Dom Juan ou Dom Chique”, desvenda Ivo Machado, um dos diretores criativos da marca, a par de Ricardo Ferreira. E assim se pega numa receita tradicional feita com produtos algarvios e aparece um produto que se assume, desde logo, como

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Dom Chique com Marina Zueva, a responsável por este licor de medronho marafado

marafado. “É uma forma de ser, um estado de espírito, um vinco de personalidade, tipicamente português, do qual há múltiplas definições, seja mau-feitio, rezingão, traquinas, travesso. Em suma, são pessoas apaixonadas por aquilo que fazem e que defendem aquilo em que acreditam com uma convicção às vezes cega. São teimosos e obstinados e não se ficam por meias palavras”, frisa Ivo Machado 39

Um conceito marafado que foi utilizado para construir então uma personagem através do qual os clientes pudessem identificar de imediato o Dom Chique. “O objetivo é também espicaçar e fazer perceber que há mais pessoas marafadas por aí e que, se calhar, nem sabem que o são. O personagem foi construído baseado em alguns factos históricos e para facilitar depois a divulgação e promoção de algumas características extra do


REPORTAGEM

Góis de Carvalho, Luís Pereira, Marina Zueva, Eduardo Guerreiro e José Teixeira

Micael Palma e Nilton Iria

Miguel Varela, Marina Zueva, Eduardo Mota e João Mota

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produto”, explica Ivo Machado, num intervalo entre as filmagens que decorriam na apresentação oficial que teve lugar no Conrad Algarve. “Uma boa história pode mudar o mundo. Na política, pode mudar as intenções de voto. À conversa com os amigos, pode tornar-te mais ou menos popular. Num produto, dá-lhe mais probabilidade de sucesso comercial e é nisso que Portugal falha um pouco. Temos produtos de excelente qualidade mas que pecam na forma como comunicam e se promovem”, observa Ivo Machado. Coerência que também é fundamental para o êxito de qualquer projeto empresarial e é isso que se tem verificado com o Dom Chique, com eventos divertidos, irreverentes, marafados, para se transmitir sempre a mesma mensagem. “Depois, o mercado é que decide. Trabalhamos muito e estamos de consciência tranquila porque tentamos controlar ao máximo as variáveis que podemos influenciar diretamente. Os dados estão lançados mas as reações têm sido bastante positivas e acima das nossas expetativas. As pessoas gostam do tom, da piada, do personagem e, acima de tudo, gostam do licor, portanto, estão reunidas uma série de condições que, em teoria, são os ingredientes necessárias para o produto ter sucesso”, acredita Ivo Machado, não poupando palavras de agradecimento a todas as pessoas envolvidas neste processo criativo, desde a TripleSky na elaboração do design da marca e conceito, à Flavour, que tem produzido os filmes de promoção. “O Dom


Chique é de todos eles, cada um deu o seu contributo na sua área de especialidade, e esse trabalho de equipa tem sido inestimável”.

Clientes rendidos ao Dom Chique Depois de dar as boas-vindas aos convidados para o lançamento oficial do Dom Chique no Conrad Algarve, conseguimos finalmente «roubar» Marina Zueva, a principal responsável por este projeto comercial, para alguns minutos de conversa, até porque a curiosidade era muita para perceber como é que uma Engenheira Civil, mais conhecida por ser campeã mundial de desportos de combate, se via, de repente, à frente da comercialização e distribuição de um licor de medronho. “Foi um desafio colocado pelo Edgar Varela, que queria criar e dinamizar uma marca para este produto da BAGAMEL, uma empresa de bebidas regionais do Algarve sedeada em Silves. Toda a gente conhece a melosa e há muitas pessoas de Monchique a produzi-la, mas pretendia-se introduzir um novo conceito no mercado, uma marca forte”, indica a jovem empresária. Dom Chique que começou a ver a luz do dia há cerca de oito meses, primeiro numa fase concetual e de aprovação de marca, rótulos e outras burocracias, passando a ser comercializado há dois meses, um processo com o qual Marina Zueva não estava familiarizada. “O produto físico existia mas não bastava ser bom, era preciso elaborar uma história com a qual as pessoas se identificassem ALGARVE INFORMATIVO #13

Natasha Sargento, Vera Baptista, João Mota e Eduardo Mota

Otília Duarte, Anthony Monteiro, Sérgio Luís e Margarida Rosado

Liliana Eusébio, Sara Faustino e Iris Pereira

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REPORTAGEM pontos do país. No futuro, teremos que ir para os super e hipermercados, porque a procura assim o vai exigir. Tem sido um grande desafio porque não posso estar focada apenas na venda física. É preciso fazer uma promoção contínua, organizar eventos deste género para interagir com o público e, felizmente, tenho uma equipa fantástica de pessoas que me ajudam imenso. Acho que estamos no bom caminho”. Caminho no qual estão previstos surgir mais variedades Gabriela Lucas, Cláudia Araújo, Elsinha Cordeiro e José Coelho do licor Dom Chique, porque a para ser mais fácil vender. A produto português, algarvio, empresa tem capacidade para ideia foi modernizar este licor de bom, e as pessoas não produzir elevadas quantidades e medronho, dar-lhe uma conseguem recusar”. a diversificação será também uma roupagem mais criativa e A adesão do mercado está a ser chave de sucesso. “O objetivo é divertida, um tom marafado, as pessoas verem o bigode e o tão bem sucedida que Marina porque é um produto algarvio chapéu da personagem e Zueva já admite a entrada do que tem todas as condições para Dom Chique na grande reconhecerem logo o Dom atingir o topo”, sublinha, Chique e, com o tempo, serão distribuição, canal que muitas confiante. lançados novos sabores. Aliás, marcas preferem evitar porque, nesta noite já tivemos aqui um Ultrapassada a fase criativa, normalmente, estas cadeias sabor diferente para as pessoas iniciou-se o processo de exigem preços mais baixos. “Há experimentarem e darem a sua promoção e comercialização, que cada vez mais pessoas a Marina Zueva tem realizado perguntar onde podem comprar opinião. Depois, como temos os rótulos e todo o marketing quase porta-a-porta, até para o Dom Chique e torna-se difícil conhecer mais de perto o ramo. manter este contato direto com preparados, é só escolher os momentos certos para se “Têm sido dois meses a todos os interessados, até lançarem novas variedades para apresentar o produto a unidades porque os pedidos de hoteleiras, restaurantes, informação já chegam de outros agradar a todos os paladares” . garrafeiras, para recolher no terreno o feedback das pessoas. Não optamos por grandes distribuidores e as coisas têm corrido bem, tenho vendido sempre nos sítios todos onde vou dar a conhecer o Dom Chique”, conta, acrescentando que há outras melosas parecidas no mercado, mas não com esta qualidade. “Temos tido ao nosso lado barmans de topo que atestam isso mesmo e que facilitam a nossa entrada em determinados clientes. Depois, temos um rótulo, uma marca e uma personagem atrativas, um Dom Chique observa Wilspn Pires, Barman do Ano, a fazer um cocktail ALGARVE INFORMATIVO #13

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Olhão assinalou Dia da Cidade

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lhão esteve em festa, a 16 de junho, com as comemorações do Dia da Cidade. Do programa destaque para a inauguração do Museu Municipal António Rosa Mendes, que agora passa a ser o patrono deste privilegiado espaço de cultura e a Biblioteca Municipal passa a ter o nome de Mariano Gago, físico de renome e ex-ministro com raízes no concelho. Durante a Sessão Solene, o presidente da Câmara Municipal, António Miguel Pina, anunciou o estabelecimento de um protocolo de entendimento com a REFER que resulta numa autorização para que os olhanenses possam continuar a atravessar a linha férrea, até que a entidade conclua a obra necessária. Outra novidade foi a recente assinatura de um protocolo para que o Município proceda à gestão de toda a frente ribeirinha, mantendo, coordenando, licenciando e fiscalizando. “Permitindo, assim, o desenvolvimento de alguns projetos que têm ficado esquecidos por parte do Governo Central e que consideramos de elevado valor para o desenvolvimento da cidade”, esclareceu António Miguel Pina. O autarca anunciou ainda que o plano de pormenor da Zona Histórica será, em breve, colocado em discussão pública e que a partir do próximo ano entrar-se-á numa fase de negociação com os proprietários dos terrenos onde se pretende criar o Parque da Cidade, tentando encontrar soluções de forma a torná-lo uma realidade. “Também a Ilha da Armona, a maior infraestrutura turística do concelho de Olhão, terá o seu Plano de Pormenor, bem como um Plano de Intervenção e Requalificação”, acrescentou o edil. Entre muitas outras iniciativas previstas e anunciadas – como é o caso da aquisição de dois novos autocarros e de um veículo de combate a incêndios urbanos, o lançamento de um concurso de ideias para a reabilitação da Frente Ribeirinha ALGARVE INFORMATIVO #13

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ou a construção de um skate park e de um canil intermunicipal –, o dia começou cedo com o hastear das bandeiras em frente aos Paços do Concelho, seguindo-se a homenagem aos heróis da Restauração e a inauguração da exposição Olhão, Terra Cubista, que apresenta fotos de Artur Pastor e serigrafias de Roberto Nobre, no Museu Municipal – Compromisso Marítimo, como se designa agora. “António Rosa Mendes terá sido o homem que mais se dedicou à história de Olhão, e contava-a de uma forma que nos arrepiava”, disse António Miguel Pina durante a inauguração do Museu Municipal que tem este agora como seu patrono. O novo espaço, na Rua 18 de Junho, em Olhão, permite aos funcionários municipais terem melhores condições de trabalho e aos documentos que fazem parte do espólio do Museu estarem melhor conservados e serem de mais fácil consulta. Maria das Dores Rebelo Pires Gago, mãe de Mariano Gago, agora patrono da Biblioteca Municipal de Olhão, esteve presente na cerimónia de descerramento da placa alusiva, mostrando-se bastante comovida com a homenagem ao filho, recentemente falecido, e prometeu doar à Biblioteca as restantes obras do físico com raízes no concelho de Olhão. Foi também Maria das Dores Gago que recebeu das mãos do presidente da Câmara Municipal de Olhão, na sessão solene realizada no Salão Nobre dos Paços do concelho, a Medalha de Honra do


Município, atribuída a José Mariano Gago a título póstumo. Foram também atribuídas medalhas de Mérito Grau Ouro a Fernando Cabrita (advogado e poeta), Josué Marques (sindicalista) e Manuel Madeira (lutador antifascista e poeta), de Bons Serviços e Dedicação Grau Ouro ao comendador Francisco Leal, ex-presidente da Câmara de Olhão e a José Marcelino (a título póstumo), ex-presidente da Junta de Freguesia de Moncarapacho, assim como aos funcionários Diamantino Manuel Órfão, Francisco José Viegas, Heldina Rosário Antunes, João Manuel Neves, João Manuel Santos, José Correia Marcelo, José Manuel Paulino e Maria Celisa Vigário. Foram ainda distinguidos os melhores alunos do ensino regular e profissional (que receberam cheques no valor de 250 euros) Carolina Cássio Brito (10.º ano), Miguel Viegas Rodrigues (11.º ano), Rafael Correia Dias (12.º ano) e Oleh Savkiv, respetivamente. O presidente da Assembleia Municipal de Olhão, Daniel Santana, que encerrou a Sessão Solene, enalteceu os olhanenses, “que têm sido exemplares na sua atitude lutadora, resistindo à austeridade”, realçando também “a disciplina orçamental a que o Município de Olhão está obrigado e que tem exigido um grande esforço e atenção nas grandes opções para Olhão, tendo em conta as necessidades dos olhanenses”. Daniel Santana destacou também os vários distinguidos neste Dia da Cidade de Olhão, salientando as suas qualidades e o mérito que fez com que fossem homenageados. Como é habitual acontecer no Dia da Cidade, foi ainda inaugurada, ao final da tarde, mais uma exposição coletiva de pintura do Centro de Arte de Pintores Olhanenses, na Galeria da Biblioteca Municipal, que estará patente até 30 de junho. A qualidade dos trabalhos dos alunos, que têm no Mestre Martins Leal um dos grandes dinamizadores deste Centro de Pintores que comemora 25 anos, é evidente ao apreciarem-se as obras expostas.

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O Dia da Cidade terminou, à noite, com um espetáculo que trouxe a Olhão o rapper D8, que animou da melhor forma a noite de 16 de junho e compôs de público o Jardim Pescador Olhanense. Já nas noites anteriores ali haviam atuado os jovens do projeto «Olhão ao Vivo» e os fadistas Teresa Viola, Luís Moreno e Inês Graça .


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Património Oral do Algarve volta ao FOrA

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e 30 de junho a 4 de julho, o FOrA – Festival da Oralidade do Algarve regressa a Portimão para a sua segunda edição. A organização estará a cabo das associações Teia D'Impulsos e ALVORecer, em parceria com o Museu Municipal de Portimão, a associação APEOralidade - Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade e a produtora JumpCut. Através de performances, oficinas, bailes e debates, o FOrA irá levar a tradição oral do Algarve a vários espaços da cidade de Portimão e da vila de Alvor. Marcarão presença os cantares, as lendas, as lengalengas e trava-línguas, as histórias, os saberes e os fazeres tradicionais, entre outras expressões da oralidade regional. O objetivo é divulgar essas tradições e encorajar o diálogo inter-geracional, uma vez que o que de mais genuíno há na vida de uma comunidade dificilmente cabe nas estantes de uma biblioteca. Escapa à expressão escrita e circula de boca em boca, muda, deturpa-se, acrescenta um ponto (ou mais) ao conto, ganha nuances ditadas pelo tempo e pelo espaço e desvanece ao ritmo da vida humana. “O património oral é, enfim, uma realidade dinâmica e, por isso mesmo, em constante risco de ocaso. Apenas sobrevive se comunicado e memorizado pelas gerações seguintes, tornando-se num fio condutor da história de um povo”, referem os organizadores. Os eventos que integrarão o FOrA são diversificados, de entrada gratuita e destinados a ALGARVE INFORMATIVO #13

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várias faixas etárias. O festival abre na noite de 30 de Junho (terça-feira), com a exibição do filme Floripes de Miguel Gonçalves Mendes no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, seguido de uma conversa em torno da produção do filme e do seu impacto na valorização das lendas da moura encantada de Olhão. No dia 1 de Julho, o FOrA ruma ao Museu Municipal de Portimão, para uma visita guiada pela voz dos antigos operários da fábrica Feu e dos homens do mar. A noite de 2 de Julho será em Alvor, numa mostra da rica tradição oral desta vila piscatória com a Oficina das Mezinhas e com a Desfolhada. O fim-de-semana traz mais FOrA. Logo na sexta-feira à tarde, dia 3 de julho, os mais jovens serão convidados a conhecer um pouco mais sobre os dizeres e falares dos seus avós e, depois, hora de brincadeira com Jogos Tradicionais, como eram noutros tempos. O festival continua pelo fim da tarde e noite de sexta-feira e sábado, na zona da Antiga Lota de Portimão, com mesas redondas, artes e ofícios (Oficinas de Biqueirão, de Empreita e de Doçaria Regional), várias performances, entre elas, uma amena cavaqueira com o Môce Dum Cabréste e muita música. Como não podia deixar de ser, as noites de sexta-feira e sábado serão animadas pelos bailes FOrA e terminam já FOrA d'Horas, dentro do edifício da Antiga Lota, com um convite à descoberta de formas alternativas e mais contemporâneas da oralidade .


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Festival MED oferece muito mais do que música

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ara além da World Music, o 12.º Festival MED, que decorre de 25 a 28 de junho, na Zona Histórica de Loulé, conta com um vasto programa que pretende divulgar várias manifestações culturais do mundo, que vão desde as artes plásticas, passando pela animação de rua, artesanato ou um espaço dedicado aos mais novos. Este ano, uma das novidades é a associação do «Loulé Criativo» ao evento, com espaço que ficará nas Bicas Velhas. «Loulé Criativo» desafia os visitantes do Festival MED a experimentarem a cultura louletana, através da participação em atividades relacionadas com a arte, o artesanato, a gastronomia e o património. Nos quatro dias desta festa da cultura mediterrânica, as propostas criativas passam pela participação em workshops de artes tradicionais, pinturas com tintas de cal, olaria, criação de postais com caligrafia, esgrafitagem de painéis decorativos, sendo também possível participar num workshop de dedicado ao ciclo do mel, construção de brinquedos em cana ou degustação de tapas à algarvia. Este ano, a exposição de rua será dedicada ao convívio e à «Conversação, Conversation, Conversazione…» e contará com criações originais de cadeiras da autoria de 25 artistas: Ana Rostron, Ângelo Gonçalo, António Dias, Catarina Canelas, Catarina Correia, Catarina Figueiredo, Charlie Holt, Fernanda Claro, Guadalupe, Gustavo de Jesus, Isabel Laranjo, John Lamonby, Jorge Cabrita Matias, Maria João Catarino, Menau, Milita Doré, Regis Vincent, Renato Brito, Rodrigo Cotrim, Sofia Guerreiros, Susana Leal, Teresa Paulino, Tó Quintas, Vasco Nascimento e Xavier Franck. Na Galeria do Convento do Espírito Santo, vai estar patente ao público a Exposição «As flores abrem mais depressa ao domingo», de Christine Henry. No ano em que o Museu Municipal de

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Loulé celebra o seu 20.º aniversário, recebe a Exposição «Vestígios de uma história (ainda) por contar…», de José Pires. A fotografia é outra das componentes artísticas que pretende retratar a diversidade das culturas do mundo. Nos Claustros do Convento do Espírito Santo, o fotógrafo Filipe Palma apresenta a Exposição «Para além do branco». A organização do Festival promove também, pela primeira vez, o Concurso de Fotografia «MED, um festival de cor, vida e muita emoção», com 20 participantes que irão, através da sua lente, captar os momentos mais intensos desta edição. O colorido e a diversidade vão marcar cerca de uma centena de expositores de artesanato e agroalimentares que vão estar espalhados pelos becos e ruelas da Zona Histórica de Loulé. A grande aposta é no artesanato internacional, com especial incidência no marroquino, tunisino e egípcio. Mas as novas tendências do artesanato moderno também vão marcar presença nesta décima segunda edição do Festival MED. Os visitantes poderão adquirir uma série de produtos que vão desde a bijutaria, têxteis e vestuário aos objetos característicos de várias culturas do mundo .

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