ALGARVE INFORMATIVO #18
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SUMÁRIO
ASSOCIAÇÃO APATRIS 21
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RICARDO MELO GOUVEIA
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AFONSO DIAS
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50 ALGARVE INFORMATIVO #18 PRODUZIDO POR DANIEL PINA (DANIELPINA@SAPO.PT); FOTO DE CAPA: DANIEL PINA CONTATOS: ALGARVEINFORMATIVO@SAPO.PT / 919 266 930 AS NOTÍCIAS QUE MARCAM O ALGARVE EM ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT TAMBÉM DISPONÍVEL ATRAVÉS DO ISSUU E DROPBOX ALGARVE INFORMATIVO #18
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OPINIÃO
ANDAM A ESTRAGAR AS FÉRIAS À MALTA
DANIEL PINA Jornalista
(…) O que me causa mais espécie é mesmo a irritação dos políticos e empresários, alegadamente corruptos, por estarem a ser julgados. É verdade que um ou outro ainda se deu ao trabalho de arranjar o chamado «testa de ferro» para o dinheiro circular por outras contas bancárias antes de aterrar nos seus bolsos, mas muitos cometeram, alegadamente, crimes graves e sem grandes preocupações em os encobrir, porque se julgavam acima da lei (…)
POR ESTA ALTURA MEIO PORTUGAL já deve estar instalado ou de malas aviadas para o Algarve para gozar as suas merecidas férias, com mais ou menos dinheiro para gastar, sendo quase certo que, infelizmente, o segundo caso deve ser o mais frequente. Ao mesmo tempo, andam por aí algumas figuras importantes, antigos governantes, exadministradores de grupos financeiros e empresários alegadamente menos honestos do que seria de supor, bastante irritados da vida porque lhes alteraram os planos e já não podem, também eles, gozar as suas merecidas férias no Algarve. Uns estão presos em cadeias com mais ou menos luxos e regalias, outros estão presos nas suas residências, com os luxos advindos de anos e décadas a encher as contas bancárias com o dinheiro dos outros – apesar de, curiosamente, agora se descobrir que nada têm em seu nome, coitadinhos –, outros ainda não estão trancados em casa mas estão impossibilitados de viajar para os seus habituais paraísos de Verão. E, por isso, estão bastante irritados ao ver o cidadão comum, teso e sem perspetivas de vida, rumar ao Algarve para viver alguns dias, uma semana com muita sorte, à custa do cartão de crédito. Desconfio que esses tais figurões, enquanto andavam a enriquecer por vias, alegadamente, duvidosas, não ficavam irritados pelos danos e prejuízos que estavam a causar aos seus concidadãos, nem tão pouco devem estar preocupados por muitos portugueses terem ficado, de repente, sem as suas poupanças de vida. Mas, como estão impedidos, supostamente, de dar entrevistas, usam os seus advogados como pombos correio do seu descontentamento. E alguns advogados aproveitam o mediatismo inesperado e vestem a camisola de popstars, a mandar umas piadas depois de visitar os seus clientes, de cigarro na boca enquanto se dirigem para os carros de luxo, insultando os jornalistas que têm o desplante de fazer alguma pergunta mais ALGARVE INFORMATIVO #18
incómoda, com uma ligeireza tal que, por vezes, dou por mim a pensar se eles têm consciência da figura que estão a fazer. Se calhar têm, mas nem se preocupam, o importante é o seu nome ficar na berra, como aqueles concorrentes que vão fazer figuras tristes para os «Ídolos» em troca de cinco minutos de fama. O que me causa mais espécie é mesmo a irritação dos políticos e empresários, alegadamente corruptos, por estarem a ser julgados. É verdade que um ou outro ainda se deu ao trabalho de arranjar o chamado «testa de ferro» para o dinheiro circular por outras contas bancárias antes de aterrar nos seus bolsos, mas muitos cometeram, alegadamente, crimes graves e sem grandes preocupações em os encobrir, porque se julgavam acima da lei, como foi verdade durante tantos anos em Portugal. Por isso, penso que a irritação é mais por estarem presos e a aguardar julgamento e não tanto por terem sido descobertos. Tudo isto me faz lembrar um pouco a antiga série da televisão italiana «O Polvo», em que os mafiosos estavam habituados a fazer tudo o que lhes apetecia, umas vezes de forma discreta, a maior parte das vezes à descarada, porque tinham os polícias e os juízes na sua lista de pagamento e sabiam que passavam impunes a tudo e mais alguma coisa. Até que um dia apareceu um comissário de polícia com «eles» no sítio e uma juíza sem medo das consequências de estar a desempenhar o seu trabalho, ou seja, fazer cumprir as leis, e depois foi o que nos lembramos ao longo dos vários anos que durou a série. Em Portugal, nada disso acontece porque não há mafiosos na verdadeira aceção da palavra, mas há muitos políticos e empresários que não se preocupam em cometer esta ou aquela irregularidade, ou crime, para benefício próprio. O problema é que, pelos vistos, agora apareceu um superjuíz com «eles» no sítio e o resultado está à vista. Lá se foram as férias no Algarve para uns tantos quantos… e eles estão super irritados… . 6
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FOTOGRAFIA: PAULO LOPES
QUEM NASCEU DIFERENTE TAMBÉM TEM SENTIMENTOS E DEVE SER RESPEITADO REPORTAGEM: DANIEL PINA ALGARVE INFORMATIVO #18
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REPORTAGEM
FOTOGRAFIA: PAULO LOPES
É NO PRIMEIRO ANDAR DA RUA ATOR NASCIMENTO FERNANDES que se situa a sede da APATRIS 21 – Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve, uma instituição particular de solidariedade social que surgiu, em 2004, por iniciativa de um grupo de pais e profissionais de educação. O objetivo era desenvolver um projeto inovador e diferente de apoio à Trissomia 21 e Défice Cognitivo, mas depressa a IPSS alargou o âmbito da sua atividade a qualquer tipo de perturbação de desenvolvimento intelectual. Trissomia 21 que é uma alteração genética caracterizada pela presença de um cromossoma supranumerário no par 21 e cujas consequências são motricidade pouco desenvolvida, dificuldades auditivas/visuais, dificuldades na linguagem/fala, défice de memória auditiva de curto prazo, reduzida capacidade de atenção, dificuldade de retenção e consolidação de informação, dificuldades de generalização e raciocínio abstrato, dificuldades de sequenciação e estratégias de evitamento, entre outros sintomas. À frente da direção está, há cerca de seis anos, Maria Augusta Pereira, ela própria mãe de um jovem, hoje com 27 anos, que nasceu com carências especiais. “Houve um conjunto ALGARVE INFORMATIVO #18
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de pais que se juntaram, em 2000, para que os seus filhos tivessem as terapias e os apoios necessários, mas a associação só começou a laborar formalmente quatro anos depois. Durante dois anos fizemos apenas sessões de divulgação e esclarecimento científico para pais, profissionais e professores, porque não recebíamos ajudas financeiras de ninguém”, recorda a médica. Apoios que, diga-se em abono da verdade, continuam a ser extremamente escassos, revela a presidente da APATRIS 21, que já perdeu a conta às reuniões tidas com a Segurança Social para se tentar arranjar contratos programas. “O nosso estatuto de IPSS foi-nos dado na área da Saúde e, com essa justificação, a Segurança Social entende que não deve apoiar os nossos utentes. Tivemos um pequeno apoio do Ministério da Saúde, que não chegava a 1500 euros mensais, entre 2007 e março de 2014, mas desde então estamos por nossa conta”, indica. “Ainda há poucas semanas o Ministério da Segurança Social nos voltou a dizer que não temos valências sociais que justifiquem um apoio da parte deles e recambiou-nos para o Ministério da Saúde. Este garante que tem técnicos dentro dos
REPORTAGEM Centros de Saúde que podem realizar esse serviço, mas estas crianças e jovens precisam de diversas terapias por semana, consoante os casos e as idades, e não acredito que o Ministério da Saúde tenha capacidade de resposta para as solicitações. Aliás, nem tem nenhum programa especial para utentes com perturbação de desenvolvimento intelectual”, assegura Maria Augusta Pereira, visivelmente irritada por este empurrar da bola de um lado para o outro sem que nada se A presidente da APATRIS 21, Maria Augusta Pereira resolva. Algarve e grande parte das empresas têm Neste cenário, acabam por ser os próprios uma atividade sazonal, é difícil existir pais a arcar com as despesas de tratamento dos filhos, ainda que os serviços prestados pela qualquer tipo de mecenato”. APATRIS 21 tenham um preçário social, com valores bastante abaixo dos praticados nos NEM TODOS OS PAIS ENCARAM hospitais e clínicas privadas. “Sobrevivemos A SITUAÇÃO DE FRENTE graças às poupanças que fizemos ao longo de dois ou três anos em que tivemos projetos Os constrangimentos financeiros não apoiados por entidades privadas. O «APATRIS impedem, no entanto, a APATRIS 21 de fazer 21 vai à escola» foi subsidiado pela EDP o máximo que pode e consegue e, neste Solidária, outro foi apoiado pela Missão momento, apoia mais de 30 jovens nas Sorriso, mas já não tivemos patrocínios em escolas, a que se somam 15 adultos e cerca 2014 e a angariação de fundos gerada em de duas dezenas em atividades de férias no alguns eventos que organizamos são uma Verão, Páscoa e Natal. “Este ano, em Olhão, migalha. A nossa situação financeira é débil, não permitiram que fossemos às escolas, temos atualmente três estágios profissionais apesar de termos lá várias jovens com e sei que apenas poderemos ficar com um a Trissomia 21 que estão a concluir o ensino tempo inteiro, pois não há estabilidade para secundário. Também já prestamos apoio em se fazer contrato com mais pessoas”, antevê, Vila Real de Santo António e Albufeira mas, com pesar, consciente da necessidade que neste momento, estamos apenas a funcionar existe de funcionários qualificados para lidar com Faro e Loulé”, indica Maria Augusta com esta população carente de cuidados Pereira. especiais. Para tal, a APATRIS 21 desenvolveu um E um desses tais eventos de solidariedade projeto de apoio psicopedagógico em social aconteceu precisamente na noite de contexto escolar cujos objetivos passam por sexta-feira, dia 24 de julho, um espetáculo de identificar, avaliar e acompanhar os alunos stand-up comedy intitulado «Faro a Rir» e portadores de Trissomia 21, Défice Cognitivo dinamizado por uma equipa de comediantes Sem Diagnóstico, Hiperatividade e Défice de provenientes de Lisboa, entre eles, Guilherme do blog «Por Falar Noutra Coisa». “Fora destes Atenção; adotar estratégias de ensinoaprendizagem específicas e adequadas ao eventos, é bastante complicado pedir perfil de desenvolvimento; e promover o dinheiro a alguém, mesmo para uma causa sucesso educativo e a inclusão escolar e solidária como esta. Não somos muitos no ALGARVE INFORMATIVO #18
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REPORTAGEM dos hospitais e das equipas de intervenção precoce e não sei se a cobertura é feita a 100 por cento ou não”, afirma, confirmando que ainda há casos escondidos, ocultos, pelas próprias famílias. “Há pais que encaram a situação de frente e investem no seu filho, porque são terapias intensivas e prolongadas. Outros pais não interiorizam essa doença do filho e acham que ele está sempre a evoluir, apesar de isso não ser verdade. A população em geral não está muito motivada para esta temática e eu pergunto-lhe: ‘Vê pessoas com Trissomia 21 na rua?’. É certo que não existem muitos casos em Portugal mas, os que há, são adultos e não sei onde andam”, questiona, preocupada. Pequenas vitórias na procura da inclusão e autonomia que não aparecem com um estalar dos dedos, são tratamentos que duram uma vida inteira e, por exemplo, o filho de Maria Augusta Pereira, que tem 27 anos, vai todas as semanas ao psicólogo. “As competências sociais são bastante difíceis de adquirir
social. “Os casos são referenciados pelos professores e nós intervimos consoante as necessidades, com duas psicólogas e uma psicomotricista e, no próximo ano letivo, vamos tentar incluir igualmente uma terapeuta da fala. Há mais de duas décadas que a lei contempla que estes jovens possam ir para escolas com currículos alternativos e funcionais, de acordo com a progressão das suas competências. Não posso dizer o que acontecia antigamente nas escolas mas, quando os pais se juntaram, em 2000, é porque não estavam a receber os apoios que deviam ter”, salienta a médica. Terapias que também podem ser realizadas no gabinete da clínica da APATRIS 21, mas nem sempre é fácil contratar técnicos especializados em deficiência mental ligeira ou moderada e, depois, assegurar os seus justos vencimentos, pelo que Maria Augusta Pereira ainda não sabe como vai decorrer o próximo ano letivo. “A nossa linha de ação é acompanhar os jovens o mais cedo possível mas, até aos seis anos, isso é da responsabilidade ALGARVE INFORMATIVO #18
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REPORTAGEM porque não são postos na comunidade logo em pequenos. Eles têm sentimentos como qualquer pessoa e, como sabem que não conseguem fazer isto ou aquilo, ficam com vergonha de sair. Alguns pais acham que ele é assim e não sei se lutam muito ou não para inverter a situação”, desabafa, lamentando que o cidadão comum ainda olhe de lado para estas crianças, jovens e adultos. “Fizemos uma ação de sensibilização na Rua de Santo António, em parceria com a ACTA, em que eles levavam um placar a dizer «Somos todos iguais» e diversas pessoas desviavam a cara, sem compreender que nunca sabemos o que a sorte nos reserva. Estamos todos sujeitos a ter um acidente e ficarmos com uma limitação”. Sobre os utentes da APATRIS 21 que já estão inseridos no mercado de trabalho, apenas um fez um contrato de emprego-inserção, os restantes têm uma ocupação laboral mas sem receberem um salário, revela Maria Augusta Pereira. “Eles têm consciência que não recebem, mas o facto de estarem ocupados já é muito bom”, entende a presidente da direção, aproveitando a oportunidade para falar do projeto de expressão dramática desenvolvido com a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve. “Todos os anos temos, no último sábado de junho, uma exibição do trabalho feito ao longo do ano letivo, desta feita no Cine-Teatro Louletano, e é algo bastante importante para a autoestima deles. Recentemente candidatamo-nos a um projeto europeu e vamos avançar agora com alguns desses miúdos da inclusão pela arte”. Outro projeto que pode ser extremamente importante para o futuro da APATRIS 21 é o «BPI Capacitar», que permitiria o aluguer de um espaço de 200 metros quadrados onde os mais velhos e os mais novos trabalhariam para o desenvolvimento das suas competências, quiçá, até, em conjunto com os familiares. “Não conheço nenhuma associação deste género que não seja subsidiada a nível ALGARVE INFORMATIVO #18
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estatal, somos os únicos. Temos miúdos no ateliê de competências há três e quatro anos e vemos a sua evolução: já não gritam, sabem comportar-se no meio de um grande aglomerado de pessoas, não andam numa excitação excessiva e, se um dia fecharmos a porta, isso vai tudo por água abaixo. Os pais perdem um apoio fundamental e é importante que se conheçam uns aos outros, que lidem com outros miúdos com Trissomia 21, que percebam que há casos que não são tão maus como aparentam”.
ATIVIDADES NÃO PÁRAM DURANTE O VERÃO Com a chegada das férias de Verão aumentam as atividades da APATRIS 21 no exterior e, desta feita, fomos encontrar um grupo de utentes nas Piscinas Municipais de São Brás de Alportel sob a orientação da Diretora Técnica Ana Faria, que já trabalha nesta instituição há cerca de oito anos. Com um olho nas piscinas e outro no entrevistador, a psicóloga confirma que lidam com perturbações de desenvolvimento intelectual de qualquer tipo, desde crianças com défice cognitivo de origem desconhecida a outras com Trissomia 21, Autismo ou Hiperatividade. “São crianças, jovens e adultos, dos seis aos
REPORTAGEM queixam-se que, a partir de determinada idade, não se nota grande evolução em termos de aprendizagem. Quando se dá uma atenção especial à inclusão profissional, há algumas atividades em certos serviços das escolas que são desempenhadas por estes jovens e mesmo em restaurantes na proximidade”, destaca. Ana Faria explica que estes utentes precisam de um acompanhamento especial para poderem estar numa sala de aula com os restantes alunos e tudo varia dos recursos que cada estabelecimento de ensino possui. No que diz respeito aos adultos com perturbações de desenvolvimento intelectual, a Diretora Técnica confessa que a inserção no mercado de trabalho não é fácil e carece de uma maior atenção da parte das entidades competentes. “Temos situações em que eles têm um horário diário mas não recebem nada pelas atividades que desenvolvem e, em termos legais, também existem alguns obstáculos que estamos a tentar esclarecer junto do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Eles percebem que os outros são pagos e que eles não têm qualquer tipo de recompensa financeira”, relata, lamentando que a
30 e poucos anos, porque temos igualmente uma unidade de emprego apoiado para os integrar profissionalmente. Nas escolas, damos apoio aos professores para desenvolverem a autonomia e sucesso escolar. A nossa filosofia é trabalhar com pacientes que tenham algum grau de autonomia e deficiência mental ligeira ou moderada que lhes permita ter algumas competências. No fundo, o objetivo é incluilos a todos os níveis, social, educacional e profissionalmente, e não tê-los na instituição”, frisa. “Na instituição só está a equipa técnica, a preparar as atividades e a fazer candidaturas a financiamentos, e temos também consultas de psicologia clínica, psicologia educacional, terapia da fala e outras”. Olhando para os utentes mais novos que estão em idade escolar, Ana Faria salienta que há estabelecimentos de ensino onde se realiza um bom trabalho, dependente da formação dos profissionais, da sensibilidade de cada um para lidar com esta população e das suas competências pessoais. “Noutras, as coisas não funcionam, ficam numa sala de educação especial sem nenhuma atividade e os pais ALGARVE INFORMATIVO #18
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REPORTAGEM sociedade ainda não esteja devidamente sensibilizada para esta realidade. “É um trabalho de equipa entre os técnicos, as famílias e as escolas e, mais lá para a frente, a entidade patronal”. A entrevistada enfatiza novamente que não basta ter formação académica específica para lidar de perto com esta população, há que possuir certas competências pessoais e vontade de vencer os obstáculos. “O que se verifica em termos escolares é que chega uma fase em que eles estagnam na aprendizagem, mas há que continuar a promover a sua autonomia pessoal e a sua integração profissional, que sejam capazes de iniciar e terminar uma tarefa sozinhos e isso tem que se treinar. Com o aumento da escolaridade obrigatória, eles permanecem nas escolas até aos 18 anos, mas há falta de técnicos na área da psicologia, da terapia da fala e da terapia ocupacional nos estabelecimentos de ensino. Quando nos é possível, em termos de financiamento, a nossa equipa vai às escolas dar apoio aos alunos que tenham qualquer tipo de perturbação de desenvolvimento intelectual”. Um esforço da APATRIS 21 que, à semelhança de Maria Augusta Pereira, Ana Faria não sabe até quando será possível manter, pois não é fácil conservar uma equipa de profissionais no terreno quando não existem apoios estatais. E ninguém duvide que as atividades no exterior são fundamentais para estas crianças e jovens, não apenas para se entreterem, mas para promoverem as tais competências de autonomia noutros ambientes que não o escolar ou familiar. “As competências de comunicação são essenciais para a integração profissional, eles precisam ALGARVE INFORMATIVO #18
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saber relacionar-se, dizer «bom dia» e «boa tarde» e ter um mínimo de competências sociais. Infelizmente, as instituições aqui no Algarve não conseguem dar resposta à
população com deficiência e há que criar mais alternativas, pois este trabalho deve ser iniciado o mais cedo possível. A família é um dos primeiros agentes educativos e tem que partilhar desta perspetiva de promoção de autonomia, caso contrário, com o avançar da idade, eles já não conseguem adquirir estas competências”. E porque estávamos num espaço público e ao ar livre, não se podia fugir à pergunta de como a população dita normal lida com estas pessoas diferentes. “Temos atividades de Verão há alguns anos, acabamos por frequentar várias vezes os mesmos sítios e as pessoas já nos conhecem, estão habituadas à presença deles e percebem que também têm direito a frequentar uma praia e uma piscina para se divertirem. Claro que ainda há quem desvie o olhar, quem evidencie algum incómodo, quem tente evitar que os próprios filhos convivam com estas crianças e jovens, mas as mentalidades estão a mudar. Na hora da verdade, qualquer um de nós pode ter um acidente e ficar com algum tipo de incapacidade” .
OPINIÃO
VEM DE FORA? É BOM! (…) Ainda um destes dias, pesquisando para um trabalho específico, dei-me conta da reduzida quantidade de grupos musicais ligados à música étnica portuguesa em atividade no Algarve, constatando também, com alguma consternação e apreensão, o términus de alguns que foram referências na divulgação do nosso património no que à música tradicional diz respeito. As razões são mais do que evidentes, basta observar a quantidade de eventos por cá realizados onde a música regional algarvia (não) está presente. “Tocar para aquecer? Não!... Deixar de tocar para esquecer!” (…)
PAULO CUNHA NUTRO PROFUNDA ADMIRAÇÃO POR POVOS que têm na sua matriz identitária e código genético, o respeito, a defesa e a valorização da sua identidade cultural. Gente que aprendeu, desde o berço, o valor do imaterial em tudo aquilo que de material viria a constituir a sua vida. Deixo aqui o exemplo de dois povos referenciais na opinião que aqui partilho: a Espanha e a Irlanda. Duas nações que, tal como Portugal, têm atrás de si uma longa história de separações, junções, anexações, colonizações e aculturações. O que hoje são deve-se à soma de todos estes e outros fatores, mas, sobretudo, ao imenso orgulho naquilo que as distingue enquanto nações: a sua cultura. Nas visitas que lhes fiz marcoume profundamente a forma ativa e interventiva como afirmam, através de várias expressões artísticas, as características diferenciadoras das suas várias regiões. Assumem a sua grandiosidade pela polivalência cultural, destacando-a e levando-a a todos os que as visitam. Usam-na como forma de valorizar as suas províncias e as suas gentes, e isso, diferenciando-as, dá-lhes a respeitabilidade e admiração que só as grandes nações merecem. Por cá, com uma herança cultural enorme (quantitativa e qualitativa), custa-me constatar a forma como se vilipendia, de berço, a transmissão de uma riqueza identitária que nos torna únicos entre pares. Com uma educação e instrução assentes em valores e premissas anglo-saxónicas, habituámo-nos a ver os principais ideólogos, intervenientes e agentes no processo de aculturação a, deliberada ou ignorantemente, a negligenciar, banalizar e até ostracizar o que é nosso. E quando falo do que é nosso, refiro-me às tradições de uma região. Tomemos como exemplo o Algarve… Não seria de esperar que sendo esta uma região que recebe todo
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o ano gente de várias partes do globo, tivesse nos seus agentes culturais um dos ex-líbris da sua matriz regional? Sendo eles os principais produtores e realizadores de cultura feita na região, seria natural que estivessem na linha da frente para serem um dos nossos cartões de visita, mas se atentarmos e refletirmos com atenção, reparamos que não é isso que acontece. Cada vez mais os programadores ligados às instituições públicas e privadas que organizam todo o tipo de animação turística, apostam quase exclusivamente numa programação artística assente numa centralidade «impingida» pelos vários meios de comunicação e publicidade. Sempre a gosto e de consumo rápido e garantido, mas de consequências nefastas e irreparáveis para as várias gerações que povoam o Algarve. O lema é «Vem de fora, é bom!». Ainda um destes dias, pesquisando para um trabalho específico, dei-me conta da reduzida quantidade de grupos musicais ligados à música étnica portuguesa em atividade no Algarve, constatando também, com alguma consternação e apreensão, o términus de alguns que foram referências na divulgação do nosso património no que à música tradicional diz respeito. As razões são mais do que evidentes, basta observar a quantidade de eventos por cá realizados onde a música regional algarvia (não) está presente. “Tocar para aquecer? Não!... Deixar de tocar para esquecer!”. E assim muitos de lá vão «cantando e rindo» com tanta pobreza de espírito de alguns de cá. E de quem é a culpa? De alguns políticos de pacotilha que ainda se atrevem a defender a regionalização. A «sua» regionalização… .
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OPINIÃO
MANUAIS GRATUITOS PARA OS ALUNOS DO 1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO EM LOULÉ (CONCELHO)
JOÃO ESPADA Professor, Artista Plástico, Presidente da Casa da Cultura de Loulé
(…) se a Constituição Portuguesa diz que a escolaridade é obrigatória e gratuita, o transporte, alimentação e os livros escolares não deviam também ser gratuitos? A Constituição diz ainda que todos “têm direito à Educação” e promove condições para que esta seja “realizada através da escola e de outros meios formativos, na qual contribui para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais (…)
TODOS OS ANOS, COM O INÍCIO DO ANO LETIVO, a compra dos manuais escolares torna-se um verdadeiro tormento para as famílias. No Ensino Básico (do 1.º ano ao 9.º ano) a média vai dos 40 aos 250 euros pelos manuais para cada um dos anos letivos, por sua vez o Secundário (10.º ano ao 12.º ano) a média vai dos 150 aos 250 euros pelos manuais para casa um dos respetivos anos letivos. Pois bem, se a Constituição Portuguesa diz que a escolaridade é obrigatória e gratuita, o transporte, alimentação e os livros escolares não deviam também ser gratuitos? A Constituição diz ainda que todos “têm direito à Educação” e promove condições para que esta seja “realizada através da escola e de outros meios formativos, na qual contribui para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais (…)”. Que “todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”. E que incube ao Estado “assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito” e “estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino”. Ora, se um aluno é obrigado a ter livros escolares e eles não são grátis, então o ensino não é gratuito.
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Felizmente existem autarquias como a de Loulé, que com grande assertividade implementa para o próximo ano letivo o acesso livre aos manuais do 1.º ciclo para todos os alunos das escolas públicas do concelho. Embora seja apenas para os alunos do 1.º ciclo, creio que se está a dar, para já, um primeiro grande passo para que de futuro todo o ensino básico obrigatório seja verdadeiramente gratuito. Por outro lado, com alguma tristeza vejo a autarquia tomar uma medida tão importante como esta, quando a meu ver essa responsabilidade devia ser toda do Ministério da Educação, ou seja, do nosso governo. Assim, não seriam nesta primeira fase apenas os alunos do 1.º ciclo das escolas do concelho de Loulé a beneficiar de tão nobre medida, mas todos os alunos de todas as escolas do 1.º ciclo do país. Quero acreditar muito nessa utopia, que um dia a escolaridade básica e obrigatória será toda ela verdadeiramente gratuita. Até lá continuaremos acreditar que nem tudo o que se escreve na Constituição da República Portuguesa é para levar a sério! .
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ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE ALCOUTIM ABRE CONCURSO PARA A ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE ESTUDO PARA ENSINO SUPERIOR PROSSEGUINDO UMA POLÍTICA DE APOIO ao ingresso no ensino superior, a Câmara Municipal de Alcoutim aprovou, em reunião do executivo de 23 de julho, a abertura de concurso público para as candidaturas às Bolsas de Estudo «Dr. João Dias» referentes ao ano letivo 2015/2016. A autarquia deliberou ainda a atribuição de um máximo de 35 bolsas, com o valor mensal de 100 euros, a atribuir durante um período de dez meses, que será pago em duas prestações iguais, com efeitos a partir do mês de outubro de cada ano. As bolsas destinam-se aos alunos residentes no Concelho que frequentam cursos do ensino superior, licenciatura ou mestrado, em estabelecimentos públicos ou privados. As candidaturas estarão abertas entre 5 e 23 de outubro próximo e para a formalização das mesmas é exigido um requerimento, em impresso próprio, fornecido pelos serviços autárquicos bem como a restante documentação definida no respetivo Regulamento. A atribuição destas bolsas de estudo pretende não só estimular a prossecução dos estudos a nível superior como também promover a igualdade na frequência do ensino superior, contribuindo assim para a melhoria da qualificação profissional dos estudantes do Concelho.
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Entretanto, e com o objetivo de reforçar a proximidade às empresas, o Município de Alcoutim, em parceria com o IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, IP, vai realizar na sede de concelho, no próximo dia 27 de julho, entre as 10h e as 17h, o Dia do Atendimento Descentralizado. Esta iniciativa, que decorrerá no edifício da Câmara Municipal, tem por objetivo prestar assistência técnica personalizada aos empreendedores e empresários do concelho de Alcoutim sobre os instrumentos disponibilizados por este Instituto. Nesse dia, uma equipa técnica do IAPMEI vai estar disponível para responder às dúvidas dos empresários e empreendedores da região sobre os vários instrumentos de apoio mais ajustados às necessidades dos seus negócios, nomeadamente sobre as medidas de apoio disponíveis pela Agência, ao nível do Portugal 2020 .
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ATUALIDADE
CASTRO MARIM JÁ TEM UM SPA SALGADO BANHOS DE SAL NUM VERDADEIRO SPA NATURAL, a Salina da Barquinha, é a mais recente atração turística de Castro Marim. Com uma concentração de minerais altíssima, esta água proporciona uma experiência única, próxima da que é possível experimentar no Mar Morto, em Israel. A Salina, localizada no coração da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de St. António, tem uma concentração de sal de cerca de 260g/l, o que faz com que o corpo flutue involuntariamente, ao contrário do que acontece no mar, em que a concentração de mineiras cerca as 35g/l. Esta experiência de leveza e bem-estar, tão prazerosa quanto benéfica para a saúde, têm tornado esta oferta na mais procurada atração turística de Castro Marim, um Spa salgado, também com possibilidade de fazer aplicações de argila, massagens, esfoliações com sal, yoga, meditação ou ainda experimentar ser salineiro, vivendo na primeira pessoa o processo de extração do sal e flor de sal.
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Entre a irresistível brancura da paisagem das salinas, ladeadas pelos ícones da história de Castro Marim, como o Forte de S. Sebastião, Castro Marim oferece agora esta experiência salgada. “É um investimento exemplar, alavancado nos recursos endógenos de Castro Marim, na valorização do nosso património, da nossa história, um contributo ao crescimento e desenvolvimento turístico e económico do concelho”, realçou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral. A Salina da Barquinha foi oficialmente inaugurada no dia 14 de julho, no âmbito da adesão de Castro Marim à marca Natural.PT, desenvolvida pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e ligada à Rede Nacional de Áreas Protegidas do Sistema Nacional das Áreas Classificadas. A iniciativa é da empresa «Água-Mãe», membro da cooperativa Terras de Sal .
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REVELIM DE ST. ANTÓNIO LOTADO NA 3ª GALA DE DANÇA UM PÚBLICO ENTUSIASMADO E ORGULHOSO acolheu, no dia 20 de julho, a 3ª Gala da Dança, que reúne três célebres escolas do território Baixo Guadiana – Arutla, de Altura, A Idade do Ouro e Splash, de Vila Real de St. António. Promovida pela Câmara Municipal de Castro Marim, esta iniciativa encheu o Revelim de Santo António e ofereceu ao público um admirável espetáculo de música, luz e movimento, com os mais variados estilos de dança em palco, desde danças tradicionais, passando pelo ballet, até às contemporâneas. Nesta 3ª Gala de Dança participaram cerca de 250 crianças e jovens, com idades compreendidas entre os cinco e os 30 anos. Esta iniciativa tem por objetivo a valorização e reconhecimento do admirável trabalho que estas escolas desenvolvem com os jovens do território, para além de promover o gosto pela expressão artística, ao demonstrar os benefícios, físicos e mentais, associados à prática .
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ATUALIDADE
LETHES INTEGRADO NA ROTA EUROPEIA DE TEATROS HISTÓRICOS cultura da Região. Nela se expressa também o enorme salto de qualidade na programação e na dinâmica deste equipamento público, proporcionado em três anos e meio de atividade da ACTA enquanto companhia residente. A integração na rede de teatros históricos é uma excelente notícia para o Lethes, justamente no ano em que completa 170 anos de vida. “O Lethes assume assim um lugar de elite por direito próprio e reforça a cidade no seu argumentário enquanto cidade de cultura com um rico património arquitetónico, cultural e turístico”, destacou o Presidente da Câmara, Rogério Bacalhau .
O MUNICÍPIO DE FARO VIU O TEATRO LETHES ser distinguido com a sua integração numa rede ibérica associada à Rota Europeia de Teatros Históricos, criada recentemente, em reunião preliminar realizada em Almagro, Espanha. Distinguido pela sua beleza arquitetónica, relevância histórica e o estado de preservação da sala de espetáculos, o Teatro Lethes (Faro) é o único representante do Algarve e fará companhia ao Theatro Circo (Braga), ao Teatro Nacional de São Carlos (Lisboa) e ao Teatro Garcia Resende (Évora). Estes são os quatro representantes portugueses numa rede ibérica da qual fazem ainda parte oito representantes espanhóis: Teatro Corral Comedias (Almagro), Teatro Español (Madrid), Teatro Rojas (Toledo), Teatro Arriaga (Bilbao), Teatro Principal (Burgos), Teatro Falla (Cádiz), Teatro Principal (Menorca) e Teatro Real Coliseo Carlos III (Madrid). Para a Câmara Municipal de Faro, que trabalhou esta candidatura em parceira com a ACTA (a Companhia de Teatro do Algarve), esta é uma importante distinção para o nosso Teatro Lethes, para o Concelho e para a
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AUTARQUIA DE LAGOA ENTREGOU VEÍCULO AOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE LAGOA DANDO CUMPRIMENTO AO PROTOCOLO de cooperação e concessão financeira que a Câmara Municipal de Lagoa firmou com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lagoa para o ano de 2015, no valor total de 247 mil e 500 euros, o Presidente Francisco Martins e a Vereadora Anabela Simão entregaram, no dia 16 de julho, no quartel dos Bombeiros, um Veículo de Apoio Logístico Especial, na presença do Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lagoa, Joaquim
Lima e do Comandante do Corpo de Bombeiros, Vitor Rio. No seguimento do seu objetivo de intervenção junto da sociedade civil e de atividade em prol das populações, a autarquia lagoense comparticipou com 20 mil euros na compra deste veículo, estando prevista a entrega de uma ambulância, ainda este ano, com a comparticipação camarária de 30 mil euros, depois de, em 2014, ter participado na aquisição de uma viatura de ataque a ALGARVE INFORMATIVO #18
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incêndios, no valor de 212 mil e 371,80 euros. Os valores de comparticipação da viatura agora entregue e da ambulância constam de contrato programa que, em 2014, cabimentou para a Proteção Civil 67 mil e 500 euros e Bombeiros 204 mil euros e que, em 2015 e até ao momento, já transferiu 158 mil e 900 euros para os dois organismos. O Veículo de Apoio Logístico Especial, agora entregue aos Bombeiros de Lagoa, é uma viatura versátil que se destina a apoiar o combate a incêndios, quer em espaços naturais quer em espaços estruturais, nas valências de urbano e industrial. Com a denominação operacional de VALE02 detém a capacidade de transporte de 17 mil litros de água, 100 litros de espumífero utilizado em incêndios urbanos e industriais e 25 Iitros de aditivo «Adblue» para apoio a outros veículos pesados. Está preparado para colmatar necessidades de combustíveis dos equipamentos usados no combate aos incêndios, transportando 25 litros de gasóleo, 25 litros de gasolina e 25 litros de «mistura». Possui também uma reserva de 10 Aparelhos Respiratórios Isolantes de Circuito Aberto vulgarmente conhecidos por ARICAS, que são usados pelos operacionais para proteção das suas vias áreas, permitindo o trabalho em atmosferas contaminadas. Por último, conta também com dois kits de reparação de mangueiras e dois jogos de chaves storz multiusos .
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CÂMARA DE LAGOS APOSTA NA QUALIFICAÇÃO DOS SEUS TRABALHADORES
O AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JÚLIO DANTAS é a entidade promotora do Centro para a Qualificação e Ensino Profissional (CQEP) e o Acordo de Parceria que o Município de Lagos celebrou recentemente com esta entidade tem como objetivo essencial a divulgação e promoção das atividades do CQEP junto dos trabalhadores municipais, com o intuito de os motivar a elevar os respetivos níveis de formação, qualificação e valorização social e pessoal. Este Centro dirige-se a todos os que têm necessidade de aquisição e reforço de conhecimentos e competências, através do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) escolares e cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA – escolar e dupla certificação). Para quem está interessado em aumentar o seu nível de
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escolaridade está também disponível outra possibilidade – os exames autopropostos (para conclusão dos 4.º e 6.º anos). Foi exatamente esta situação que se verificou no início do mês de julho, com quatro trabalhadores municipais, que receberam os seus certificados, concluindo assim o segundo ciclo do ensino básico. “É fundamental a participação neste projeto de valorização pessoal dos trabalhadores, que pode contribuir para a elevação da autoestima individual, orgulho por parte dos colegas e da própria organização”, entendem os responsáveis autárquicos .
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NOITE BRANCA REGRESSA NA DESPEDIDA DO VERÃO ALGARVIO NO ÚLTIMO SÁBADO DE AGOSTO, dia 29, o espírito do branco regressa a Loulé naquela que é a festa oficial de despedida do escaldante verão algarvio – a Noite Branca de Loulé. Depois de um ano de interregno, este evento que atrai milhares de veraneantes à cidade, volta a ser uma das festas mais aguardadas do Algarve. A Noite Branca de Loulé, pioneira em Portugal, pretende proporcionar aos visitantes um programa cultural e de animação único e inesquecível mas, acima de tudo, momentos de puro prazer e descontração, repletos de glamour. O branco é obrigatório e transversal às várias manifestações que aqui têm lugar reservado, da música à animação de rua, da moda à pintura, do novo circo às artes plásticas. As ruas, ruelas e pracetas da cidade ganham uma nova vida, vestidas de branco e com uma surpresa a cada esquina, apresentando performances em que, por vezes, os visitantes são também protagonistas. Mais de uma centena de artistas de rua dão alma e cor à festa, entre malabaristas, cuspidores de fogo, homens-estátua, palhaços, mágicos, músicos, ginastas ou bailarinos. A música Chill Out e eletrónica acompanha toda a filosofia do evento e por todos os cantos deste centro urbano vão ecoar os sons de DJs e bandas .
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OPINIÃO
ENFANT TERRIBLE
AO MEU PAI (…) Quem quer empreender, acima de tudo deve ter a capacidade de pensar fora da caixa, de se preparar bem, de estudar sempre, de ter a capacidade de dormir pouco mas bem, de ser resiliente e de ter a capacidade de mudar de caminho se isso for importante (…) (…) Voltando ao início da conversa, o que o artigo dizia era que o empreendedorismo nascia apenas em famílias ricas, pois os loucos dos empreendedores não passam de putos ricos que gastam o dinheiro dos pais. Pura mentira, existem empreendedores em todas as classes (…)
PAULO BERNARDO Empresário ESTA SEMANA LI ALGUMAS COISAS SOBRE EMPREENDEDORISMO e como as famílias influenciavam a questão de ser ou não empreendedor. É certo que as famílias nos influenciam em quase tudo, para o bem e para o mal, contudo e voltando ao empreendedorismo, não sei bem como me nasceu a veia de ser empreendedor, mas sei que o meu pai teve uma grande influência no que hoje sou, por tudo o que me ensinou e pela forma que deixou o seu rebento muito novo sair de casa e ir às suas aventuras, numa altura em que apenas as cartas colmatavam o vazio. Obrigado pai por tudo, mas essencialmente por me teres dado sempre bons conselhos, por me teres deixado pensar pela minha cabeça e por me teres ensinado que o tempo cura tudo. Obrigado pelos livros que hoje são um dos meus bens mais preciosos, pelo que me obrigavas a ler no verão, pelas cassetes de inglês e francês para eu ser uma pessoa mais universal e preparada. Obrigado pelos resumos quando eu estudava, pelos desenhos, pelo campismo, por me teres mostrado Portugal pelos teus olhos. Obrigado pela fantasia, pelo carinho e pelo amor. Obrigado pelas histórias e por seres sempre um tipo cinco estrelas. Obrigado por seres meu pai, acima de tudo. Possivelmente estas questões atrás referidas podem-me ter ajudado a ser empreendedor, julgo que sim. Quem quer empreender, acima de tudo deve ter a capacidade de pensar fora da caixa, de se preparar bem, de estudar sempre, de ter a capacidade de dormir pouco mas bem, de ser resiliente e de ter a capacidade de mudar de caminho se isso for importante. ALGARVE INFORMATIVO #18
Meus amigos, contudo, e como digo sempre, não fiquem tristes se não forem empreendedores na lógica de negócio mas, por favor, sejam empreendedores perante a vida. Ou seja, podemos ser empreendedores ao ajudar os outros, a estar ativamente com a família, a participar em atividades cívicas. Por favor, participem, não deixem o futuro na mão dos outros. Voltando ao início da conversa, o que o artigo dizia era que o empreendedorismo nascia apenas em famílias ricas, pois os loucos dos empreendedores não passam de putos ricos que gastam o dinheiro dos pais. Pura mentira, existem empreendedores em todas as classes. Nota da semana: As crianças de Atenas – Esta semana recebi duas informações interessantes sobre as crianças e o impacto da crise nas mesmas. O abandono de crianças nos hospitais de Atenas: não sei os dados em Portugal mas fiquei bastante triste com a realidade grega. Nem quero imaginar o sofrimento dos pais que têm que abandonar os filhos. Outro dado foi o efeito da fome no cérebro das crianças, mais um dado terrível. Que raio de mundo é este. Figura da semana: Jorge Sampaio, possivelmente o último estadista de Portugal que me lembre, desde a sua saída ninguém surgiu com a mesma qualidade. Ao receber o prémio Nelson Mandela emocionado dedicou o prémio aos portugueses, dizendo que "são um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente". O prémio Nelson Mandela foi criado no ano passado pela Assembleia Geral da ONU para homenagear personalidades que se tenham dedicado a promover os ideais das Nações Unidas . 32
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OPINIÃO
A AFETIVIDADE UMA MULTIPLICIDADE DE ESTADOS PSÍQUICOS
HÉLDER RODRIGUES LOPES
(…) Perceba-se que a complexa interação entre estas duas dimensões é tamanha que a pessoa chega a pensar afetivamente, ou melhor, raciocinar decepcionadamente (cognição-afetiva). Ela pode ser tomada por um sentimento de rejeição que inunda expressivamente toda a sua alma, que se tornará assim vazia de carinhos e afetos (…)
A AFETIVIDADE É UMA MULTIPLICIDADE DE ESTADOS tão diversos como as emoções, paixões, sentimentos, ansiedade, angustia, tristeza, alegria ou mesmo sensações de prazer e de dor. Para Théodule-Armand Ribot, (1839 – 1916) psicólogo francês, a redução epifenomenista resulta do facto de ser muito difícil separar a consciência afetiva da consciente intelectual, isto é, temos uma estruturação de pensamentos que liga o Ser ao Conhecer, ou por outra visão a que reconhece que a consciência afetiva também se exprime pelo Eu face à Razão. O mesmo autor tentou classificar as formas de afetividade situando-as relativamente aos fenómenos motores e representativos segundo a sua função de regulação ou de desregulação. Atualmente, a ciência reconhece que qualquer que seja o paradigma, as manifestações afetivas puras são desprovidas de conteúdo cognitivas e raras no Homem. Na Afetividade estão inclusos os Estados Afetivos, que consistem em experiências de natureza difusa e intemporais. São por outro lado claramente reconhecidas quando invadem a consciência do Indivíduo, contudo, segundo Shachter e Singer (1962), a sua associação a alguns desencadeadores e circunstanciais sociais não são claros. Para Ribot (1897), todo o Indivíduo apreende os estados afetivos pela introspeção e sempre que possível renomeia as suas sensações ou imagens mediadoras. Podemos afirmar que a Afetividade é a exteriorização da sensibilidade interna do Indivíduo na presença da satisfação ou da frustração das suas necessidades. A necessidade é a origem da Afetividade. A necessidade é definida fenomenologicamente como a tendência natural que impulsiona o Indivíduo a praticar o ato ou a procurar uma categoria determinada de afetos. Toda a ação do Indivíduo é determinada pela sua necessidade consciente e inconsciente. As necessidades manifestam-se como desejos conscientes ou como tendências inconscientes. As necessidades primárias referem-se às motivações naturais, herdadas e incondicionais, são também biológicas quando contextualizam as necessidades fisiológicas como, por exemplo, o abrigo, o sustento, o respirar e a satisfação sexual. As necessidades superiores ou secundárias contextualizam a história social do Indivíduo, assimilada ALGARVE INFORMATIVO #18
pelas aprendizagens realizadas ao longo de todo o percurso de vida pelas ações do trabalho, relação familiar e social. Na Afetividade, os fenómenos afetivos primários são as emoções e os sentimentos. A Emoção é a resposta afetiva resultante da satisfação ou frustração das necessidades primárias. Por sua vez, os Sentimentos são vivências relacionadas com a satisfação ou frustração das necessidades superiores. O Afeto, uma resposta da afetividade, é uma explosão incontida de emoções ou sentimentos como o medo, a ira, a alegria, a angústia, a paixão, o desejo entre outros. Estas manifestações psíquicas são normais desde que, quando experimentadas, a lucidez da consciência esteja mantida, o controle sobre sua conduta esteja efetivado e desde que a intensidade e a duração da resposta afetiva estejam dentro da normalidade definida pelos Padrões Sociais vigentes. Patologicamente, as alterações afetivas sobre o próprio ou o exterior são a distimia uma alteração do estado de humor no sentido da exaltação ou no sentido da inibição. Neste contexto existem vários graus; I) a distimia depressiva ou hipotímica contextualizada pela melancolia persistente, uma tristeza patológica e a distimia hipertímica como, por exemplo, a presença persistente de euforia, uma alegria patológica. II) disforia, isto é, a presença de um humor amargo como a irritabilidade, o desgosto, ou a agressividade como comportamentos recorrentes para promover o isolamento. Finalizando, a Afetividade agrupa uma definição teórica complexa e multimodal por estar em conjugação permanente entre o mundo físico e o subjetivo, o que faz com que o Indivíduo senta e sinta-se de diferentes modos, adjetivos e predicados . Perceba-se que a complexa interação entre estas duas dimensões é tamanha que a pessoa chega a pensar afetivamente, ou melhor, raciocinar decepcionadamente (cognição-afetiva). Ela pode ser tomada por um sentimento de rejeição que inunda expressivamente toda a sua alma, que se tornará assim vazia de carinhos e afetos. Os conceitos aqui expressos acerca da Afetividade são iniciais e não conclusivos. O futuro irá trazer novos elementos que deverão ser acrescidos à Afetividade, esclarecendo melhor a multiplicidade dos estados psíquicos . 34
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ENTREVISTA
RICARDO MELO GOUVEIA QUER SER O NÚMERO 1 DO MUNDO TEXTO E FOTOGRAFIA: DANIEL PINA
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ENTREVISTA
RICARDO MELO GOUVEIA quer ser, dentro de alguns anos, o número 1 do ranking mundial de golfe e, apesar de estar atualmente no 195.º lugar (30 postos acima de Tiger Woods), parecem não restar dúvidas de que, salvo algum contratempo de grande dimensão, possui argumentos para andar pelo topo da nata mundial. Isso mesmo atestam a vitória no torneio do Challenge Tour realizado em Griesbach, na Alemanha, e o segundo lugar alcançado logo na semana seguinte, desta vez no torneio disputado na Eslováquia, a que se soma outra vitória no Challenge Tour em finais de 2014. Dois excelentes resultados que garantem, quase que a 100 por cento, a presença no European Tour, a liga dos campeões do golfe do velho continente, na próxima temporada, mas o jovem de 23 anos que trocou Lisboa pelo Algarve com apenas três anos de idade, quer terminar a época do topo do Challenge Tour, posição que ocupa de momento. Depois de um treino logo pela manhã no Oceânico Laguna, com os amigos Ricardo Santos ALGARVE INFORMATIVO #18
e Pedro Figueiredo, aproveitámos um descanso nas horas de maior calor para ficarmos a conhecer um pouco melhor Ricardo Melo Gouveia, que estudou em Faro até ao 12.º ano, antes de rumar aos Estados Unidos da América para se formar em Gestão. Concluído o curso, regressou ao Algarve em meados de 2015 e tornou-se profissional de golfe, logo com resultados positivos. “Fiz o meu percurso enquanto jovem no Clube de Golfe de Vilamoura e, aos 11 anos, comecei a integrar as seleções nacionais, mas foi nos Estados Unidos que dei um maior salto enquanto golfista”, explica, reconhecendo que não era um craque enquanto jovem. “Tinha ganho o campeonato nacional de amadores em 2009 mas as principais conquistas aconteceram em final de setembro, início de outubro, do ano passado, quando fiquei em segundo lugar na primeira fase, em primeiro na segunda fase das Escolas de Qualificação e ganhei um torneio do Challenge Tour”, indica. Golfe que surgiu por influência do pai, que sempre tinha praticado desporto em Lisboa e, 38
ENTREVISTA quando a família se mudou para o (...) “Senti bastante dificuldades em arranjar patrocínios Algarve, decidiu experimentar quando passei para profissional e fica-se com a sensação de esta modalidade. Ricardo Melo que, em Portugal, há medo de correr riscos. Faltam pessoas Gouveia ia atrás e via-o a bater com mais visão e vontade de arriscar para ajudar os jogadores bolas com grande entusiasmo, até que o pai lhe deu uns tacos jovens e muitos não fazem a transição de amador para para tentar a sua sorte, aos seis profissional por falta de suporte financeiro. Uma semana no anos. Sobre o salto evolutivo que Challenge Tour custa entre 1500 e dois mil euros e nem todas deu na estadia em terras do Tio as famílias têm possibilidade de assumir essas despesas para Sam, atribui à sua maior os seus filhos” (…) maturidade como pessoa e não à existência de melhores condições de treino. “Aprendi a viver sozinho, a desenrascar-me por mim próprio e, na segunda PASSAPORTE CARIMBADO universidade onde estive, encontrei um PARA O EUROPEAN TOUR treinador bastante bom que me ensinou coisas a que, até à data, não dava a devida Ricardo Melo Gouveia queria ser profissional importância. São pormenores que ainda estou de golfe e sonha ser o número 1 do mundo, mas a aperfeiçoar e que me ajudaram imenso no tal exige mais do sacrifícios financeiros. Nada de meu jogo”, enaltece. noitadas com a namorada e os amigos, álcool e Óbvio que nem todos os amadores, por muito tabaco são proibidos, uma alimentação saudável talento que tenham, conseguem fazer a e equilibrada é regra de ouro, descansar o transição com sucesso para o escalão dos suficiente, proteger o corpo sempre que possível profissionais e Ricardo Melo Gouveia teve a e, como é óbvio, estes cuidados não são para ter sorte de ter à sua volta uma equipa com apenas em semanas de torneios. “Quando se fisioterapeuta, preparador físico, treinador, quer muito uma coisa, esses fatores não são gerente de carreira. “Está tudo muito bem um problema. O Algarve é conhecido pela estruturado e isso permite que eu me foque animação noturna e pelas praias, distrações apenas no golfe e que consiga atingir os não faltam, é uma realidade, mas eu sou uma melhores resultados. A passagem para pessoa bastante focada e dedicada, seio o que profissional exige alguns sacrifícios financeiros quero para o meu futuro e não me custa nada e o meu pai foi fundamental quando ainda não estar aqui o dia todo a treinar. O mais tinha patrocinadores. Só graças a ele é que complicado é mesmo o calor intenso, mas consegui ir disputar torneios no estrangeiro treino logo de manhãzinha até às 10h, 10h30, antes de começar a ganhar dinheiro para pagar 11h, depois faço a preparação física no ginásio eu próprio as viagens e alojamento”, salienta o e descanso um pouco nas horas de maior calor jovem, acrescentando que os objetivos já e, ao final do dia, regresso ao campo”, estavam definidos há bastante tempo e que nunca pensou em permanecer como amador por descreve. Dedicação e cabecinha no sítio não faltam a anos a fio. “Sempre quis fazer carreira do golfe Ricardo Melo Gouveia, mas o próprio ficou e o meu pai deu-me o empurrão financeiro surpreendido com a rapidez com que surgiram inicial, mas felizmente que os resultados as primeiras vitórias em torneios importantes. apareceram logo em 2015. Hoje, apesar de “Tornei-me profissional em julho e ganhei logo ainda viver em casa dos meus pais, sou um torneio do Challenge Tour, o que não é financeiramente independente”. Um apoio inicial que não esteve condicionado pelo sucesso habitual. Fui jogando cada vez melhor, tenhome mantido sempre no topo e, este ano, os escolar, esclarece Ricardo Melo Gouveia, ainda resultados já não causam tanta surpresa. que os pais sejam apologistas de que educação Mostrei à concorrência que tenho jogo para nunca é demais, opinião essa partilhada pelo vencer de forma consistente e estou confiante entrevistado. que vou atingir as metas definidas”, indica, ALGARVE INFORMATIVO #18
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ENTREVISTA acrescentando que terminou 2015 em 47.º lugar do ranking do Challenge Tour porque jogou apenas nove torneios, ao passo que os outros golfistas disputaram mais de duas dezenas. “Este ano estou em primeiro do ranking e estou, virtualmente, no European Tour na próxima temporada”. A subida à Liga dos Campeões do Golfe é, como se adivinha, a grande ambição de todos os profissionais, mas tal não é fácil, assegura Ricardo Melo Gouveia, seja qual caminho se siga. “Se ficarmos nos 15 primeiros lugares do Challenge Tour, a segunda divisão, conseguimos o cartão do European Tour. A outra forma é passar pela Escola de Qualificação, composta por três fases, e os primeiros 25 no final também sobem. Eu já tenho 84 mil euros e, nos últimos quatro anos, o 15.º classificado do Challenge Tour andava pelos 78 mil, portanto, em princípio, já estou garantido no European
Tour”, revela, orgulhoso, ao mesmo tempo que avisa que a competitividade é muito mais feroz no resto da Europa. “Em Portugal há diversos jogadores de qualidade mas, lá fora, a quantidade é bastante maior, o que torna mais difícil o ganhar torneios e ter acesso ao European Tour. É preciso todas as semanas jogar muito bem durante quatro dias para se vencer, as coisas felizmente têm-me corrido bem e acredito que os meus colegas portugueses também têm qualidade para isso”. Ricardo Melo Gouveia está consciente, porém, que o golfe é feito de boas e más fases e nada garante que consiga manter este nível exibicional para sempre, o que obriga a um trabalho constante e a um aperfeiçoamento contínuo. “O ideal é prolongar as boas fases o máximo de tempo possível e ultrapassar rapidamente as más fases”, afiança, aproveitando para sublinhar o apoio que a Federação Portuguesa de Golfe tem prestado para o fomentar desta modalidade nas novas gerações e combater o rótulo de desporto elitista. “Há já alguns anos que a FPG vai às escolas e centros comerciais realizar workshops para divulgar o golfe e nós também temos que contribuir nessa matéria, atingindo bons resultados para que os mais jovens se sintam motivados para seguir as nossas pisadas”.
O SANGUE NOVO DA TEAM PORTUGAL Já lá vai então o tempo em que um jovem tinha que fazer a sua caminhada além-fronteiras para se tornar um golfista de elite, como foi o caso de Filipe Lima, mas Ricardo Melo Gouveia entende que o meio empresarial tem que se chegar mais à frente e apoiar os atletas quando estes ainda não são estrelas. “Senti bastante dificuldades em arranjar patrocínios quando passei para profissional e fica-se com a sensação de que, em Portugal, há medo de correr riscos. Faltam pessoas com mais visão e vontade de arriscar para ajudar os jogadores jovens e muitos não fazem a transição de amador para profissional por falta de suporte financeiro. Uma semana no Challenge Tour custa entre 1500 e dois mil euros e nem todas as famílias têm possibilidade de assumir essas despesas para os seus filhos”, constata o número 1 do ranking. ALGARVE INFORMATIVO #18
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O problema é que, mesmo que os atletas consigam pagar do seu bolso a participação em alguns torneios, ir a todos já é praticamente impossível, o que os coloca de imediato em desvantagem perante a concorrência, pois têm menos hipóteses para conquistar os pontos necessários para escalarem no ranking. “O golfe é um desporto que vai crescer cada vez mais em Portugal e queremos ter mais jogadores no topo, ao contrário do que tem sucedido no passado recente. Enquanto estávamos nas seleções nacionais, as despesas eram todas da responsabilidade da FPG e, se assim não fosse, eu, o Pedro Figueiredo, o Ricardo Santos e outros não teríamos tido oportunidade para ganhar experiência internacional e crescer como atletas. Só que, quando acabava o amadorismo, não havia uma continuidade desse apoio”. E é precisamente para facilitar esta transição que surgiu o TEAM PORTUGAL, um projeto da Federação Portuguesa de Golfe que ajuda os jogadores no plano financeiro e a arranjar-lhes convites para participarem em torneios internacionais. “O João Carlota é um membro a tempo inteiro, eu estou envolvido mais numa visão de promoção lá fora, mas são iniciativas ALGARVE INFORMATIVO #18
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desta natureza que precisamos no nosso país. Se não houver apoios, o desporto em Portugal continuará a ser todo ofuscado pelo futebol”, desabafa Ricardo Melo Gouveia numa rara semana livre de torneios, mas a agenda será ainda mais preenchida quando estiver a competir no European Tour. “Os campos são, no geral, mais difíceis e isso vai requerer, não que trabalhe mais, mas que afine pormenores que são essenciais para me conseguir manter nesse patamar. Estou no primeiro lugar do ranking do Challenge Tour e o intuito é terminar a época no topo da classificação, porque as pessoas só se vão lembrar de quem acabou em número 1 e isso também influencia a nível de confiança e de patrocínios”, justifica, concluindo: “O meu objetivo é competir o máximo de tempo possível, ao mais alto nível, tenho o apoio total da minha família, da minha equipa técnica e da minha namorada, que tem desempenhado um papel fundamental na minha carreira e me tem dado uma estabilidade emocional bastante importante. Estou no caminho certo, estou a trabalhar bem, sei o que preciso fazer para melhorar o meu jogo e a meta é ser o melhor do mundo” .
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AS INUTILIDADES DIVERTIDAS E AS FADISTAS DE AVIÁRIO NÃO ALEGRAM AFONSO DIAS ENTREVISTA: DANIEL PINA
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ENTREVISTA FOTOGRAFIA: TELMA VERÍSSIMO
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ENTREVISTA uma carreira bonita e tal, na Sociedade Portuguesa de Autores, porque cantar dá pouco. Depois, havia outros cantores importantes na emigração, o Sérgio Godinho, o José Mário Branco e o Tino Flores, a que se juntam mais uma série de nomes, hoje pouco sonantes”, recorda, em conversa na Biblioteca Municipal de Faro. Era, de facto, uma época pouco segura para cantores ou poetas que não tinham medo de expressar as suas opiniões, sobretudo se fossem contrárias ao regime de Salazar. “Levávamos umas bordoadas com frequência e uns quantos iam dentro uns dias, ou uns meses, conforme”, revela, uma realidade que não os impedia de dizer o que tinham para dizer, garante. “Nós queríamos participar, com as cantigas e os poemas, mais ou menos intensamente, nesse movimento global para derrubar a ditadura. Hoje, fala-se muito do cantautor, o chamado cantor de intervenção uma expressão que não gosto por aí além, mas as coisas têm que valer a pena, de acordo com a nossa consciência. Eu não canto só porque cantar é bonito, nem faço certas músicas, que antes se designavam nacional cançonetismo e agora se apelidam de música pimba, graças ao Emanuel. São coisas muitíssimo respeitáveis, mas que eu não faria a nenhum propósito, por muito que isso me enriquecesse”, frisa, sem meias palavras, como bem o conhecemos. Mais do que divertir as pessoas através dos seus poemas e cantigas, Afonso Dias quer que elas pensem, mesmo que não sintam grande vontade para tal, e é essa função que tem movido o alentejano radicado no Algarve ao longo das décadas, desde as
AFONSO DIAS SERÁ, PROVAVELMENTE, dos poucos artistas radicados no Algarve sem grandes motivos para se queixar da crise, com uma agenda repleta de atuações de um canto da região ao outro, e não só, seja a cantar, a declamar poesia, a interpretar peças teatrais, a criar novos públicos nas escolas ou a divertir públicos mais tradicionais em centros culturais, auditórios e teatros municipais. «O Mar ao Fundo» é o seu mais recente álbum, com a participação especial de Tânia Silva, mas, entre discos de temas originais, outros com
FOTOGRAFIA: TELMA VERÍSSIMO a Trupe Barlaventina de Lagos e coletâneas de poesia, já ultrapassa as duas dezenas de gravações desde que veio para o Algarve, em meados da década de 80. Prestes a completar 66 anos de idade, o alentejano de nascença é, por ventura, um dos mais antigos cantautores em atividade, começando a compor, tocar e cantar numa época em que não existiam rótulos para tudo e mais alguma coisa. “Eu venho da geração em que o Zeca Afonso foi figura cimeira, conheci-o em 1967, em Vila Franca de Xira. Andávamos de viola às costas a cantar contra o regime e pela liberdade, eu, o Zeca, o Manuel Freire, o Francisco Fanhais, o José Jorge Letria – que agora tem
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ENTREVISTA restrições da Ditadura às liberdades eufóricas da Democracia. “A maré é sempre fácil de seguir, mas o nosso conhecimento do mundo faz-nos perceber que devem existir outros caminhos. Antes do 25 de abril não existia liberdade e havia polícia política e a prioridade era mesmo conquistar a liberdade de dizer o que queríamos dizer, de existir, de conviver, de cantar o que nos apetecesse cantar, inclusive o pimba. Hoje, as prioridades são outras. Vivemos numa situação de absoluta desigualdade e iniquidade, o emprego nunca foi tão precário, as diferenças salariais nunca foram tão acentuadas, muito por força desta nova Europa. Basta olhar para este exemplo extremamente grosseiro e obsceno que está a acontecer com a Grécia, só porque se atreveram a ser, como dizia o Zeca, a «formiga que vai em sentido contrário». Esta Europa democrática, afinal, não é democrática, temos todos que vestir de maneira igual e ter ideias engravatadas como aqueles senhores têm”, dispara, irritado, deixando um apelo a que os cidadãos em geral, e os cantores e poetas, em particular, assumam em pleno a sua cidadania.
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O problema é que, de acordo com a experiência de Afonso Dias, nem todos os cidadãos querem reconhecer os problemas com que se debatem no dia-a-dia, quanto mais confrontá-los. “É a tal história duma série de meninos que estão a ajudar uma velhinha a atravessar a rua e ela, afinal, não queria atravessar a rua. Não temos que forçar as pessoas a fazer nada, mas temos a obrigação de lhes dizer o que achamos ser mais correto. Não tenho nada contra o Tony Carreira, mas aquilo que ele faz é uma inutilidade divertida. Eu não faço isso, o Zeca também não faria, nem o Manuel Freire ou o Francisco Fanhais. Assim como o Paco Ibáñez, o Sílvio Rodrigues, o Pablo Milanés, o Chico Buarte também não se submetem àquilo que é o senso comum de querer ser muito rico”.
O RISCO DE IR VIVER PARA A PAISAGEM Fruto de ter sofrido na pele as dificuldades e injustiças do tempo da ditadura, Afonso Dias não consegue, pura e simplesmente, virar a cara ao que acontece de menos
ENTREVISTA Afonso Dias e outros cantavam pela construção da democracia, teve uma atividade política mais intensa e organizada e chegou a ser deputado na primeira Assembleia Constituinte. “Fundei, com o Tino Flores, o Fausto e o José Mário Branco, o Grupo de Ação Cultural, que durou até 1978 e produziu quatro álbuns que continuam a ser uma referência musical. Só depois disso é que gravei o primeiro disco a solo, «O que vale a pena», curiosamente com duas canções cujos versos foram escritos pela Hélia Correia, que ganhou agora o Prémio Camões”, conta. Em 1984, Afonso Dias ruma ao sul, reconhecendo que sair de Lisboa foi um risco porque, após um raio de 20 quilómetros da grande metrópole, Portugal é paisagem, com exceção feita ao Porto. “O resto do país só é notícia quando há algum desastre grave ou, no Verão, quando o pessoal de Lisboa vem de férias para o Algarve. Se perguntar o que está a acontecer na Pampilhosa da Serra ou em Macedo de Cavaleiros, ninguém sabe. Houve alguma informação sobre o Festival MED porque estava lá o Edgar Canelas a fazer programação para a Antena 1. E o Salir do Tempo? Os Dias Medievais de Castro Marim? E estou a falar de eventos já de alguma dimensão”, questiona, sem problemas em afirmar que houve períodos da sua vida em que teve que desempenhar outras tarefas que nada tinham que ver com cultura, porque tinha filhos para criar. “Mas nunca deixei de escrever, de fazer música e de estar disponível para ir cantar ou dizer poesia onde sou convocado, e têm sido milhares as coisas que tenho
bonito no país e, verdade seja dita, não vai muito à bola com aqueles que o fazem com toda a naturalidade do mundo, como percebemos pelo tom de voz mais forte com que aborda estes assuntos. “Se vires alguém a maltratar uma criança, tens que intervir imediatamente. Cidadania não é ficar indiferente sabendo como se vive ali na Horta da Areia, em Faro. A indiferença é o mais reles dos sentimentos, o olhar para o lado, o fingir que não vê, o não se interessar pelo que está mal”, desabafa, revoltado, acrescentando, porém, que as músicas que faz não são necessariamente tristes. Se antes do 25 de Abril se cantou pela liberdade, depois da Revolução dos Cravos,
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ENTREVISTA feito dessas. Também tenho dois livros de poesias e outros de crónicas editados”. Chegado ao Algarve quando a região estava a «explodir» para o turismo, Afonso Dias depressa se apercebeu que a opção dos responsáveis camarários e dos promotores de eventos era apostar forte em festivais durante o Verão, normalmente à base de artistas de outros pontos do país ou estrangeiros, e pouco acontecia no resto do ano. “No entanto, há cultura no Algarve ao longo de todo o ano, e atividade dinamizada pelos municípios, uns mais e melhor, outros menos e menos bem, só que não são notícia. Também não é justo dizer que o Algarve era um deserto cultural na década de 80 e depois foram sendo criados diversos equipamentos, entre centros culturais, auditórios e teatros municipais, que possibilitaram a realização de espetáculos com artistas de fora da região. Eu não tenho nada contra aquilo que vem de Lisboa, lamento é que daqui não vá nada para Lisboa. Quantas vezes é que ouvimos música feita no Algarve nas rádios nacionais? Ouviu-se há uns anos os «EntreAspas» com a Viviane e os Íris quando fizeram o «Ó mãe, aquele moço bateu-me», e pouco mais”, aponta o entrevistado, não se lembrando de muitos mais artistas que conseguiram dar o salto. Uma realidade pouco colorida que as associações tentam contrariar com os seus limitados recursos, sabe Afonso Dias por experiência própria, pois já desempenhou cargos diretivos na Associação MÚSICA XXI e agora faz parte da «Bons Ofícios». “As Direções Regionais de Cultura e as Câmaras Municipais não têm que fazer cultura, têm é que criar as condições para que os agentes culturais possam trabalhar e apresentar os ALGARVE INFORMATIVO #18
seus produtos culturais. Por isso, as associações têm um papel muito importante na aproximação dos artistas uns dos outros”, reconhece o poeta e cantor, enaltecendo o esforço de algumas autarquias e juntas de freguesia em terem os seus próprios programas culturais, ainda que não concorde sempre com a escolha dos artistas. “Não me lembro, por exemplo, da Viviane alguma vez ter atuado no Festival do Marisco, ou dos Íris, no palco principal, que são de Olhão. Aposta-se na prata da casa onde? Eu não me queixo porque sou, talvez, dos que mais trabalho regular tem com as bibliotecas, as escolas e as câmaras municipais, mas não é isso que se passa com os meus colegas, seja de que expressão artística for. Agora, deixou de haver dinheiro e só se contratam artistas para os festivais que têm receitas presumidamente garantidas. No resto dos eventos, os artistas não vêm receber cachets, ficam com a bilheteira”, esclarece.
VAMPIRISMO MEDIÁTICO GERA DESLEIXO MENTAL Já lá vai o tempo das vacas gordas, agora há que apertar o cinto e gastar dinheiro de forma criteriosa e segura, mas isso não
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FOTOGRAFIA: TELMA VERÍSSIMO significa que haja uma maior articulação e coordenação entre os programadores culturais dos diversos concelhos algarvios, com eventos a acontecer nos mesmos dias em cidades vizinhas e a roubar clientes uns aos outros. “É a concorrência bairrista a fazer com que todos queiram ter um festival melhor que os outros e não acho que fosse complicado juntar esses programadores para haver entendimentos benéficos para todos. Claro que, quando há negociações, há cedências, mas podiam entender-se minimamente”, considera Afonso Dias, que fica com um sorriso nos lábios quando questionado sobre os concursos televisivos e as estrelas que nascem de um dia para o outro. “Uma grande parte das estrelas que observamos no espaço à noite já morreram provavelmente há milhões de anos, portanto, a luz que nos chega é de um corpo que já não existe há muito tempo. Sobre os concursos televisivos, contamos pelos dedos de uma mão, e ainda sobram dedos, quantos desses concorrentes continuam ativos e a ter trabalho. É a Sara
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Tavares e o João Pedro Pais e mais quem? E muitos deles tinham imensa qualidade. Tudo isto é bastante efémero. Os artistas são fabricados pelas editoras, que cada vez investem menos em música portuguesa e só naquilo que acham que vai resultar”. Afonso Dias dá o exemplo concreto do que se passa, de há uns anos para cá, com as fadistas e nunca mais esqueceu uma expressão que ouviu - «fadistas de aviário». “E há umas quantas em que isso é verdade. Aprenderam uns gargarejos da Amália e tal, a rádio promove, a FNAC poe-se a jeito para receber espetáculos à borla e assim se criam artistas. As televisões já nem têm produção interna, vivem de produtores exteriores que trazem tudo feito e quem não aparece nestes sítios, ou é esquecido, ou nem sequer chega a ser lembrado”, analisa. “É um vampirismo mediático perfeitamente inconsequente e maldoso. Aquelas pessoas, de facto, são só para usar e deitar fora. E o que se ouve cantado em português na televisão pública, paga com o dinheiro dos contribuintes, e nas privadas, é música pimba. Nem sequer é música das
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ENTREVISTA regiões onde realizam os programas”, acusa. Tudo isto leva a um desleixo mental preocupante na ótica de Afonso Dias, alertando que um povo menos culto é mais suscetível de ser vandalizado e manipulado. “Há uma política oficial assumida, se calhar não diretamente pelo governo, para que as rádios, com alguma exceção da Antena 1, criem um ambiente de excessiva facilidade. Eu não quero que se ande a preocupar as pessoas, mas gostava que elas estivessem
de criar um clima em que as pessoas, se estiverem interessadas, tenham produtos para consumir. E há sempre malta nova a pôr-se em sentido contrário, a estudar música, a tocar bastante bem, a explorar várias áreas, a envolver-se com as associações, além de que eu, pessoalmente, também tenho ainda muita coisa para fazer. Tenho mais discos para gravar, um livro para publicar no final do ano, não há idade de reforma para estas coisas da cultura”, afiança, não concordando com as críticas
um pouco mais conscientes dos seus direitos e deveres, que podem refilar numa fila se alguém lhes passar à frente. Onde há mais cidadania há mais progresso”, garante, aproveitando o facto da conversa se realizar numa biblioteca para lembrar que, em mais de 60 por cento dos lares portugueses, não existe um único livro. Apesar disso, o entrevistado defende que os artistas não podem baixar os braços, pois é uma realidade universal que a maior parte das pessoas não estão preocupadas com os aspetos culturais. “Mas há consumidores de ópera, de ballet, de música e teatro de todos os tipos, portanto, temos a obrigação
que se fazem à nova geração por ser mais independente e materialista e pouco dada a contribuir para a sociedade e para o bemestar do vizinho do lado. “Esta malta nova de agora é igual à malta nova de quando eu tinha a idade deles. Os conflitos de geração e as crises são transversais a todas as épocas e vão continuar a existir com outros ingredientes. Hoje, é a tecnologia, é tudo digital, mais facilitado por um lado, mais confuso por outro, mas Portugal tem evoluído bastante. Há malta nova a estudar e a trabalhar bem e que a direção deste país, infelizmente, não merece” .
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FÉRIAS ATIVAS EM TAVIRA POSSIBILITAM ABERTURA DAS IGREJAS ATÉ DIA 28 DE AGOSTO, 32 jovens do Programa Municipal «Tavira-Férias Ativas» estão responsáveis pela abertura de 15 igrejas. As igrejas Matriz de Santiago, do antigo Convento de Nossa Senhora da Ajuda (ou de São Paulo), da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, Matriz de Santa Maria do Castelo, de Nossa Senhora do Livramento, da Venerável Ordem de São Francisco, de São José, da Misericórdia, do Antigo Convento de Santo António dos Capuchos, de São Pedro Gonçalves Telmo (Igreja de Nossa Senhora das Ondas), as ermidas de São Sebastião, Santa Ana e as capelas de Nossa Senhora da Piedade, de Nossa Senhora da Consolação poderão assim ser visitadas, de segunda a sexta-feira, das
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10h15 às 12h30 e das 14h30 às 18h, à exceção da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo, que encerra pelas 17h30. São parceiras neste programa as seguintes entidades: Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Maria do Castelo, Fábrica da Igreja Paroquial de Santiago, Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, Ordem Franciscana Secular de Tavira e Santa Casa da Misericórdia de Tavira. O «Tavira-Férias Ativas», destinado a proporcionar o aproveitamento dos tempos livres dos jovens no período de pausa escolar do verão, proporciona a abertura das igrejas como forma de valorização do património religioso do concelho .
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CENAS NA RUA LEVARAM MAIS DE 15 MIL PESSOAS A TAVIRA O «CENAS NA RUA» – FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO E ARTES NA RUA surgiu em 2005, apostando na diversidade artística e inovação com a apresentação de espetáculos de teatro, novo circo, magia, poesia e música, intervenções gastronómicas, entre outros. Durante 11 noites, entre 3 e 13 de julho, mais de 15 mil pessoas de todas as idades e nacionalidades assistiram a trabalhos de referência já apresentados em festivais europeus, a algumas estreias nacionais, assim como a projetos não tão conhecidos. A ampla adesão do público a este Festival foi conseguida, este ano, com a colaboração dos Cie. Barolosolo (França); da Vaiven Circo (Espanha) com os seus espetáculos ALGARVE INFORMATIVO #18
performativos e de novo circo; da RIZOMA LAB/Palato com a gastronomia na paisagem e no património; das divertidas apresentações do Teatro Regional da Serra de Montemuro e do «Ao Luar Teatro»; do Teatro do Mar com o seu imaginário marítimo e universo cénico mitológico; da magia dos Aliskim & Luna (Espanha); da música para os mais novos, trazida pela cantora Luísa Sobral; da «Armação do Artista» e «A Oficina de Guimarães» em performance teatral conjunta; da poesia portuguesa declamada por Vítor de Sousa acompanhado pela guitarra de Luísa Amaro e, no encerramento, dos Marabunta de Guillem Albà & The All In Orchestra (Espanha) . 52
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PRAIA DA FÁBRICA ELEITA UMA DAS MELHORES DO MUNDO
A PRAIA DA FÁBRICA, também conhecida por praia de Cacela Velha, situada no concelho de Vila Real de Santo António, foi considerada, pela versão espanhola da revista «Condé Nast Traveler» como uma das 15 melhores do mundo. Esta zona balnear, situada no Sotavento do Algarve, foi distinguida ao lado de praias como Riviera Maia (México), Capri (Itália) ou Ilha da Páscoa (Chile). Descrita pela revista como um dos locais onde se pode contemplar um dos melhores entardeceres do mundo, são também feitos elogios à gastronomia local e referida a oportunidade de ali poderem ser degustadas as conquilhas e ostras do Parque Natural da Ria Formosa. No artigo da jornalista Sara Morillo não são poupados elogios à vila de Cacela Velha, cuja
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importância patrimonial e natural levou a autarquia de VRSA a candidatá-la à Lista Indicativa do Património Mundial da Unesco. A revista destaca ainda o «peculiar» acesso à praia, feito através de uma pequena embarcação que conduz os visitantes «até uma ilha deserta de areias brancas e margens infinitas». Acessível apenas por uma curta viagem de barco ou a pé, pelo sapal, na maré baixa, a praia da Fábrica está situada na península de Cacela e marca o início da Ria Formosa. Caracteriza-se pela sua grande extensão, pelas águas tépidas e calmas durante o período estival e pela beleza das suas paisagens. A sua qualidade e diversidade ambiental levaram recentemente a associação Quercus a classificá-la com «Qualidade de Ouro». Em 2009, a praia de Cacela Velha foi também considerada pelo prestigiado jornal «The Guardian» como uma das dez melhores praias da Europa para a prática de caminhadas .
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CENTRO HISTÓRICO DE VRSA MAIS FRESCO O MUNICÍPIO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO está a implementar sombreamentos aéreos nas ruas pedonais do Centro Histórico, dinamizando as áreas comerciais e de restauração e trazendo maior conforto a residentes e visitantes. Esta é mais uma medida inserida no projeto Jessica, através do qual está a ser desenvolvida a maior operação de sempre de requalificação da zona histórica de VRSA. No total, serão instalados 12 módulos de sombreamento, divididos entre as ruas Teófilo Braga e 5 de Outubro. “Este projeto representa mais um passo na modernização do Centro Histórico, adaptando-o às necessidades dos seus habitantes e visitantes, mas mantendo um sério compromisso com o património da cidade”, frisa Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. Para se integrarem com a arquitetura pombalina, as estruturas de sombreamento são concebidas em cores neutras e seguem o layout do mobiliário urbano da cidade, cujas esplanadas, todos, papeleiras e sinalética já possuem uma imagem uniformizada, valorizando o espaço público e a área classificada como Centro Comercial a Céu Aberto de VRSA. “Esta é mais uma ação de promoção e requalificação do Centro Histórico onde, nos últimos dois anos, investimos mais de um milhão e meio de euros, medida que já foi reconhecida pela Unesco, que recentemente convidou VRSA a candidatar-se à Lista Indicativa do Património Mundial”, destacou o autarca. Por outro lado, o projeto de sombreamento integra-se na estratégia de reestruturação da
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dinâmica e da imagem da cidade, contribuindo para a promoção do comércio local e para o crescimento económico. Para minimizar o impacto visual, cada módulo de sombreamento possui um sistema de fixação de contacto limitado com os edifícios, o que permite a remoção das telas durante o período de inverno. As intervenções desenvolvidas em VRSA ao abrigo da Iniciativa Comunitária Jessica – destinada a apoiar a reabilitação e regeneração dos centros urbanos em Portugal - estão em marcha desde abril de 2013 e deram origem à criação da marca «VRSA a Céu Aberto», através da qual estão a ser levadas a cabo todas as ações ao nível económico, turístico, patrimonial e cultural. Na sua globalidade, espera-se que este conjunto de planos, gerido pela empresa municipal SGU, potencie novos nichos de mercado e crie um ambiente atrativo ao investimento imobiliário e turístico no centro histórico de VRSA, já protegido por um Plano de Salvaguarda e por uma Área de Reabilitação Urbana .
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PESTANA HOTEL GROUP ABRE NOVO HOTEL NO ALGARVE O PESTANA HOTEL GROUP acaba de alargar o seu portfólio de unidades na região do Algarve com a abertura do Pestana Alvor South Beach já no início do mês de Agosto. A nova unidade resulta de um investimento de oito milhões de euros e localiza-se a menos de 100 metros da linha de água, numa posição única e privilegiada em Alvor. O Pestana Alvor South Beach pretende tornar-se numa referência dos hotéis da região, quer pela sua localização, quer pelas novidades nos seus equipamentos e serviços, tudo isto aliado à tradição hoteleira e ao profissionalismo das equipas Pestana do Algarve, reforçando a operação do Grupo na região. “O Pestana Alvor South Beach resulta de uma aposta do Grupo em trazer maior modernidade e inovação à região. O investimento nesta nova unidade traduz a capacidade contínua e o dinamismo do Pestana Hotel Group em continuar a investir no nosso país e a reforçar a sua oferta”, frisa Pedro Lopes, Corporate Regional Director no Algarve. A nova unidade é o resultado da requalificação de uma estrutura inacabada que remonta à já extinta Torralta, e aos anos 70. O Pestana Hotel Group concretizou o desafio de recuperar o edifício, dando continuidade ao esforço de requalificar a zona e o resultado é uma unidade onde a contemporaneidade, o design e o reduzido impacto visual são características predominantes. Classificado com 4 estrelas, o Pestana Alvor South Beach conta com 79 unidades de alojamento das quais 57 são suites, com vista sobre a praia, três piscinas exteriores, um bar e um
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restaurante. Projetado para usufruir ao máximo da sua localização e com acesso direto à praia, a nova unidade foi inspirada no espírito de praia típico de South Beach, em Miami, nos EUA, onde o grupo possui e gere o Pestana South Beach, um art deco boutique hotel. Os hóspedes que optarem pelo Pestana Alvor South Beach podem ainda usufruir de um conjunto de atividades e serviços das unidades Pestana circundantes: Golfe – com acessos privilegiados e descontos especiais nos campos de golfe Pestana: Alto Golfe, Vale da Pinta, Gramacho, Silves e Vila Sol. Os clientes podem também usufruir no local de Mini-Golfe, Ténis, Parque Aquático, Desportos Náuticos, Mergulho ou Snorkeling, que são algumas das muitas atividades ao dispor na região, garantia de estadias inesquecíveis para todas as idades. Com a abertura deste novo hotel são já seis as unidades do Pestana Hotel Group em Alvor, contabilizando um total de 12 unidades no Algarve, o equivalente a mais de três mil camas na região .
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