ALGARVE INFORMATIVO #19
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SUMÁRIO
CORRIDA VERTICAL AQUASHOW
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LEONEL PEREIRA
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ALGARVE INFORMATIVO #19 PRODUZIDO POR DANIEL PINA (DANIELPINA@SAPO.PT); FOTO DE CAPA: DANIEL PINA CONTATOS: ALGARVEINFORMATIVO@SAPO.PT / 919 266 930 AS NOTÍCIAS QUE MARCAM O ALGARVE EM ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT TAMBÉM DISPONÍVEL ATRAVÉS DO ISSUU E DROPBOX ALGARVE INFORMATIVO #19
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OPINIÃO
O ALGARVE NUNCA FOI SÓ SOL E PRAIA
DANIEL PINA Jornalista
(…) O problema é que estes «tesouros escondidos» que agora são tão badalados nunca estiverem escondidos, mas sim esquecidos ou ignorados, porque o Algarve só se preocupava em vender o «sol e praia». Os golfinhos sempre andaram pela costa algarvia, as Ilhas da Culatra e da Armona sempre estiveram na Ria Formosa, as serras do Caldeirão e de Monchique sempre tiveram bons trilhos para passeios a pé, de bicicleta ou veículos todo-oterreno (…)
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ão sei se estava predestinado, provavelmente terá sido um feliz acaso, mas foi num daqueles raros fins de semana de chuva em pleno agosto algarvio que o Expresso publicou uma peça sobre o disparar de «experiências» ao dispor dos turistas na região, com destaque para os passeios a pé, de bicicleta ou de barco, mercê do aparecimento de empresas especializadas nesses nichos de mercado. Há que enaltecer, de facto, o empreendedorismo das novas gerações, o não terem medo de investir algumas dezenas ou centenas de milhares de euros em equipamentos mais modernos, com a plena consciência que demorarão vários anos para conseguirem recuperar esse investimento. É o boom do turismo da natureza, depois de já ter aparecido o turismo de saúde e bem-estar há alguns anos. Ao mesmo tempo, o segmento dos congressos e eventos começa a denotar um menor fulgor porque a região vai perdendo competitividade face a novos concorrentes. O golfe, felizmente, segue de vento em popa, porque o Algarve continua todos os anos a ganhar prémios internacionais e a ler eleito melhor destino de golfe da Europa. Quanto ao sol e praia, será sempre o principal ganha-pão dos empresários algarvios, apesar da sazonalidade que não se consegue inverter, apesar dos portugueses terem cada vez menos dinheiro para gastar nas suas férias, apesar dos turistas estrangeiros chegarem em voos «low-cost» e com o orçamento reduzido ao máximo, aproveitando os pacotes de «tudo incluído» das unidades hoteleiras. Claro que há exceções, há estrangeiros que gastam muito dinheiro no Algarve, há aqueles que, inclusive, escolhem a região para viver após se reformarem, mas a nova geração já percebeu que não pode abrir um negócio igual a centenas de outros, que já estão no mercado há vários anos, que têm a sua clientela fixa, os contratos feitos com as agências de viagens, os amigos certos nas receções dos hotéis. E, por isso, há que inovar, ou melhor, aproveitar os recursos naturais que o Algarve sempre teve e que foram poupados durante a euforia do betão dos anos 80 e 90, para oferecer algo diferente a quem nos ALGARVE INFORMATIVO #19
visita, algo que, de facto, só conseguem encontrar neste nosso Algarve. O problema é que estes «tesouros escondidos» que agora são tão badalados nunca estiverem escondidos, mas sim esquecidos ou ignorados, porque o Algarve só se preocupava em vender o «sol e praia». Os golfinhos sempre andaram pela costa algarvia, as Ilhas da Culatra e da Armona sempre estiveram na Ria Formosa, as serras do Caldeirão e de Monchique sempre tiveram bons trilhos para passeios a pé, de bicicleta ou veículos todo-oterreno. Grutas e recantos escondidos nas praias algarvias não apareceram de repente, aliás, desconfio é que correm o perigo de desaparecerem, face a decisões de alguns autarcas que não se conseguem compreender. As aves sempre passaram por Sagres na sua migração outonal rumo às terras quentes do norte de África. O ar sempre foi mais puro a norte da EN 125. As tradições, as aldeias catitas, as iguarias da gastronomia, sempre cá estiveram, mas eram conhecidas apenas por aqueles turistas que se fartavam de estar o dia inteiro de barriga para o ar a apanhar sol nas praias e partiam, por sua iniciativa, à procura do outro Algarve. Agora, esse outro Algarve está na berra, porque os operadores tiveram que alargar o leque dos seus serviços, porque diversas iniciativas das câmaras municipais deixaram de ser «amadoras» e de cariz local e ganharam uma maior projeção, porque a Região de Turismo do Algarve se lembrou de criar uma «Algarve Nature Week». E o algarvio, como bom português que é, domina a arte do «desenrascanço» como nenhum outro povo, pegou no que sempre esteve ao alcance da sua mão, deu-lhe uma roupagem mais vistosa, aplicou-lhes uns termos modernos de marketing, aproveitou as novas tecnologias de informação e, pronto, parece que nasceu um «novo» Algarve de um dia para o outro, para ajudar a compensar a quebra dos produtos que se vendem há décadas e nos quais enfrenta a concorrência feroz de outros destinos da costa do mediterrâneo. Mas, se tudo isto tivesse começado há uns anos, não estaríamos todos melhor, com crise ou sem crise? 6
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REPORTAGEM
Rui Silva, Fábio Torres, Pedro Braz Correia, André Silva, Rui Mota e Hugo Nunes
PEDRO BRAZ CORREIA E CATARINA COSTA VENCERAM CORRIDA VERTICAL AQUASHOW TEXTO E FOTOGRAFIA: DANIEL PINA
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REPORTAGEM Por entre as habituais festas em bares e discotecas e eventos de cariz mais popular e gastronómico, o primeiro dia de agosto foi marcado por uma prova inovadora em terras lusitanas e que colocou o parque aquático Aquashow, em Quarteira, no mapa desportivo. A Corrida Vertical Aquashow contou com a participação de cinco dezenas de atletas, uns de alta competição, outros ex-praticantes, agora instrutores de fitness e personal trainers, que abraçaram o desafio de subir 200 degraus até uma altura de 32 metros no mais curto espaço de tempo.
Irina Coelho, Catarina Costa e Catarina Gabadinho ALGARVE INFORMATIVO #19
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REPORTAGEM
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Cristiano Reis, Rui Miguel Rosa, José Pimenta e Bruno Tita
Carla Silvano e Valéria Santos
Jorge Candeias, Isabel Moreira, Telma Pestana e André Santos
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Parque Aquático Aquashow, em Quarteira, foi palco, na noite de 1 de agosto, da «Corrida Vertical Aquashow», uma corrida inédita disputada no escorrega «Free Fall», o maior da Europa. O evento foi o segundo do género a nível mundial, depois da Torre Eiffel, e o desafio era subir uma escadaria com cerca de 200 degraus, até uma altura de 32 metros, virada para o ar livre, o que corresponde a um sprint de 100 metros em menos de um minuto e, apesar do elevado grau de dificuldade, esse objetivo foi alcançado por diversos atletas. Com as inscrições limitadas a 50 participantes, muito cedo as vagas foram preenchidas por atletas maioritariamente oriundos do Algarve, uns a defender as cores dos seus clubes, outros a título individual, cativados por esta experiência diferente que acontecia pela primeira vez em território nacional. Por isso, desde logo ficou garantido o sucesso da prova organizada pelo «Algarve Trail Running» e «Corrida Vertical Portugal», com o apoio da «Quarteira Night Runners» e em coparceria com a Câmara Municipal de Loulé, sob a chancela de «Loulé Cidade Europeia do Desporto 2015». Cada atleta percorreu duas vezes o percurso e, depois de somados os dois tempos, foram encontrados os seis finalistas na vertente masculina e feminina, designadamente Pedro Braz Correia (Projeto Novas Descobertas), Fábio Torres (HELP 21), André Silva (Casa do Benfica de Faro), André Santos (Olímpico Clube de Lagos), Rui Miguel Rosa (Associação Cultural Sambrasense) e Cristiano Reis (Associação Académica da Belavista) e Catarina Costa (Fitness 24-7), Irina Coelho
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(Clube Desportivo Areias de S. João), Filomena Sabino (Associação Cultural Sambrasense), Carla Silvano (Clube Desportivo Areias de S. João), Jamila Dionínio (Centro Desportivo de Quarteira) e Catarina Gabadinho. E, por esta altura, a grande questão era se alguém conseguiria bater os tempos de Pedro Braz Correia e Catarina Costa, que alcançaram os melhores tempos nas duas primeiras subidas e já se perfilavam como os principais favoritos na derradeira escalada. Com muitos adeptos do atletismo, colegas, familiares e clientes do Aquashow a divertirem-se na piscina de ondas ao som da house music do DJ Christian F, chegou a hora da verdade, soou o apito e os grandes finalistas arrancaram para a última etapa, uns sem muitas forças nas pernas, outros ainda cheios de fulgor. No fim, as expetativas confirmaram-se, com o triunfo, nos homens, de Pedro Braz Correia, seguido de Fábio Torres e André Silva e, nas senhoras, de Catarina Costa, com Irina Costa e Catarina Gabadinho a ocuparem as restantes posições do pódio. Seguiu-se a entrada dos troféus pelas mãos de Hugo Nunes, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, o medalhado atleta Rui Silva (padrinho da prova), Marco Soares Pereira e Rui Costa, da organização.
Isabel Gonçalves e Liliana Veríssimo
Bruno Marques, Catarina Gabadinho e André Silva
Uma experiência espetacular e para repetir Com o ritmo cardíaco mais normalizado, Pedro Braz Correia não escondia o sorriso natural da vitória, embora o resultado não fosse o objetivo principal para a participação deste professor de ALGARVE INFORMATIVO #19
Filipe Canário, Jorge Varela, Natálio Pena e Paulo Soares
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Sénio Messia, Inês Medronho, Sérgio Seromenho e Pedro Braz Correia
Carlos Carmo, Amélia Carmo, Inês Carmo, Lígia Brito, Miguel Brito e Sónia Neves
Pedro Braz Correia, Fábio Torres, André Silva, André Santos, Cristiano Reis e Rui Miguel Rosa ALGARVE INFORMATIVO #19
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educação física e treinador de atletismo de 28 anos, que também corre na distância de 800 metros. “Terminei a minha época desportiva há algumas semanas e já estava de férias, mas achei o desafio interessante e fiz dois ou três treinos de escada. Como me sentia em boa forma, acreditava que poderia lutar pelos primeiros lugares, mas não pensava em vencer”, explica o lacobrigense que defende as cores do Projeto Novas Descobertas. A concorrência de peso acabou por não surpreender Pedro Braz Correia, por saber que os praticantes de atletismo normalmente estão atentos aos eventos que acontecem na região. “Como se tratava de uma coisa diferente, já estava à espera de encontrar alguns dos melhores atletas do Algarve, e de outros pontos do país”, confirma, reconhecendo que subir uma escadaria de 32 metros de altura é completamente diferente do que percorrer 800 metros em pista. “Ainda por cima tenho algumas vertigens, mas foi uma experiência espetacular. Na subida de reconhecimento contei logo quantos lances de escadas eram até ao topo e, depois, só pensava num de cada vez, não olhava para mais lado nenhum”. Uma tática que parece ter resultado na perfeição, porque Pedro Braz Correia terminou a primeira subida com o melhor tempo e não deu hipóteses na ronda final. “Comecei logo a primeira subida muito depressa e a meio senti alguma quebra, acho que teria conseguido um melhor tempo se tivesse ido com mais calma. Na segunda ronda, como tinha alguma vantagem, fui mais descontraído e só com o intuito de
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ficar nos seis primeiros. Contudo, como o Fábio Torres foi mais rápido do que eu na segunda subida, tive que dar tudo para ganhar na final”, recorda. Apesar da vitória na primeira Corrida Vertical disputada em Portugal, as atenções de Pedro Braz Correia vão continuar centradas nos 800 metros e nos campeonatos nacionais, mas não enjeita uma nova participação no evento, se acontecer na mesma altura do ano. “Coincide com o final da época desportiva, um período em que estou no pico da forma, e irei com todo o prazer. É uma prova engraçada e, se puder, vou marcar presença para defender o título”, refere. Do lado das mulheres, a opinião de Catarina Costa não é muito diferente e a antiga atleta do Sport Lisboa e Benfica também não ia com a vitória no pensamento, aliás, nem estava nos seus planos participar. “Não tinha ideia de que tipo de prova seria e do grau de esforço que iria exigir, mas uma pessoa tenta dar sempre o seu melhor. Não fiz nenhuma preparação específica, fui apenas pela experiência e não diria que se assemelha a uma prova de 100 metros, seria mais de 400 metros. Como fazia essa distância nos meus tempos de atleta, achava que não seria muito difícil”, conta a instrutora de fitness e personal trainer de 26 anos. Uma atividade profissional que poderá ter dado alguma vantagem a Catarina Costa, sobretudo sobre as colegas mais habituadas a competições de resistência, por ser uma prova de grande intensidade num curto espaço de tempo. “Sou uma atleta mais rápida e potente e o ambiente espetacular também ajudou a que os bons resultados ALGARVE INFORMATIVO #19
Catarina Costa, Filipe Lara, Filipe Conceição, Mena Sabino, António Martins e Irina Coelho
Bruno Simões e José Carvalho
Carla Silvano, Jamila Dionísio, Catarina Gabadinho, Irina Coelho, Mena Sabino e Catarina Costa
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Filipe Conceição, Marco Gonçalves, Luís Luz, Edgar Martins, David Silva e José Pimenta
Rafael Batista e Igor Guerreiro
André Santos, Artur Lara Ramos, Honório Teixeira e Jorge Candeias
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aparecessem”, considera, ela que foi a única mulher a ficar abaixo dos 60 segundos. “Geri muito mal o meu esforço na primeira eliminatória, comecei a subir os degraus de cinco em cinco e cai a meio, nem me quero lembrar. Na segunda volta já ia com o ritmo e a cadência melhor definidos, o que é bastante importante”, explica a boa prestação. E à semelhança de Pedro Braz Correia, Catarina Costa já perspetivava que teria adversárias de peso pela frente, ao invés de simples curiosos. “Quando fui informada que tinha ficado nas 50 selecionadas e que havia, inclusive, pessoas em lista de espera, percebi que a prova ia ser mais a sério do que imaginara. Mas, como era a primeira vez, ninguém sabia muito bem o que esperar, não havia resultados de outros anos para se fazer comparações, portanto, qualquer uma podia vencer”, destaca, satisfeita por ficar para a história como a rainha da primeira Corrida Vertical. “O evento teve um impacto que não estava à espera, houve muita gente a dar-me os parabéns e, se for aqui próximo e não tiver que modificar o meu diaa-dia, provavelmente voltarei a repetir a experiência. A noite fica na memória, a organização foi excelente, só penso que se pode melhorar alguns pormenores no que toca ao público. Tem potencial para ser um evento de enorme sucesso” .
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OPINIÃO
AFETOS
JOSÉ CARDOSO Eng. Civil (Estagiário) Presidente da JS/Algarve
(…) Há uma realidade que não se esconde atrás do sol quente da «silly season» ou debaixo da espuma que transborda das reportagens sobre a praia, as festas de verão, os incêndios, as idas do Primeiro-ministro britânico ao mercado de Aljezur ou os cartazes do PS. Há uma realidade que não se mascara pela retórica propagandista de meia dúzia de governantes para os quais mais de meio milhão de estagiários, sub-empregados ou desistentes desencorajados simplesmente não contam para porra nenhuma, quanto mais para as estatísticas do desemprego (…)
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gosto é um mês de afetos. Os dias longos e quentes são manifestamente curtos para a azáfama da época. Agosto é o mês em que os algarvios que cá estão dividem o tempo entre o trabalho, as visitas da família e dos amigos que vêm de férias de outros pontos do país, e aqueles que, tendo emigrado, fazem os telefones tocar de maneira diferente a anunciar a sua semana ao sol e a vontade de nos rever por um dia ou dois, enchendo a mesa das esplanadas de uma ou outra noite de verão com duas ou três cervejas, abraços infinitos e muita conversa atrasada. Desde que tenho memória que me recordo de ter um amigo ou dois que emigrou em busca de uma vida melhor, na esperança de realizar os sonhos que foram desaparecendo à medida que surgiram as primeiras negativas no ensino básico ou secundário. Esses, que o sistema de ensino nunca conseguiu reconciliar com as suas aspirações profissionais, foram desde bem cedo empurrados pelo motor da região e colocados ao serviço da restauração e da hotelaria. Chefes de mesa e de receção no verão, desempregados e alunos problemáticos no inverno. Mas se há coisa de que não tenho memória é de ter dezenas de amigos emigrados. Muitos trabalharam de sol a sol durante os verões da sua juventude como qualquer jovem algarvio que se preze, porque o inverno é longo e a ajuda de todos é bem-vinda em casa. Foram alunos brilhantes que fizeram o ensino obrigatório com distinção, tiraram as suas licenciaturas, mestrados e até doutoramentos. Para estes, os sonhos começaram a desaparecer quando já tinham asas para poder voar sozinhos, mas esbarraram na porta fechada de um mercado de trabalho cada vez mais pequeno e mais precário, que ALGARVE INFORMATIVO #19
nos últimos anos perdeu dezenas de milhares de empresas e ganhou dezenas de milhares de estagiários a prazo. Para quase todos eles, a perspetiva de um contrato de trabalho com direitos e um salário digno é uma miragem que atira para um futuro longínquo a possibilidade de saírem de casa, constituir família com a pessoa que amam e com quem planeiam há anos o sonho de ter um filho ou dois, ou de finalmente poderem visitar todos aqueles sítios que passaram noites a descrever em conjunto, ou de retribuir o esforço e sacrifício daqueles que, por amor e instinto, tudo fizeram para que pudessem ter rumado pelo país fora de malas e bagagens em busca de um canudo, um sonho e de si próprios. Nunca o telefone tocou tanto como hoje no mês de agosto porque o ano passado emigraram 130 mil portugueses, quatro vezes mais pessoas do que ano de 1960 ou no início deste século. Há uma realidade que não se esconde atrás do sol quente da «silly season» ou debaixo da espuma que transborda das reportagens sobre a praia, as festas de verão, os incêndios, as idas do Primeiro-ministro britânico ao mercado de Aljezur ou os cartazes do PS. Há uma realidade que não se mascara pela retórica propagandista de meia dúzia de governantes para os quais mais de meio milhão de estagiários, subempregados ou desistentes desencorajados simplesmente não contam para porra nenhuma, quanto mais para as estatísticas do desemprego. Para mudar esta realidade precisamos primeiro de um bocadinho mais de amor próprio. Precisamos de afetos. Comecemos agora, porque agosto é um mês de afetos .
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ATUALIDADE
RUA DA MISERICÓRDIA DE CARA LAVADA
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á reabriu à circulação a Rua da Misericórdia, em Faro, após um encerramento de dois meses motivado por importantes obras de melhoramento das vias de circulação rodoviária e pedonal. Com a intervenção efetuada, pretendeu-se minimizar o conflito existente entre o trânsito automóvel e a utilização pedonal duma área nobre da cidade, muito utilizada pelos munícipes e por quem nos visita, dado o interesse histórico e turístico da mesma. Nesta intervenção foram assim redefinidas as faixas viárias, no sentido de aumentar e melhorar os passeios de ambos os lados, em particular quanto às condições de acessibilidade para todos e efetuada a remoção dos pavimentos em asfalto. Procedeu-se também à pavimentação com calçada rodoviária de paralelepípedos do troço da Rua da Misericórdia até à Rua do Albergue, incluindo o acesso à Vila Adentro através do Arco da Vila, com ganho de coerência para todo o conjunto de artérias do centro histórico – todo ele já com esta pavimentação. Foi ainda ALGARVE INFORMATIVO #19
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executada uma passadeira para peões, em cubos de calcário branco e preto, com rampas de acesso aos passeios, entre o Arco da Vila e o edifício da Igreja da Misericórdia. Finalmente, os trabalhos abrangeram ainda a substituição, por calçada de cubos de vidraço, das lajetas existentes no passeio fronteiro à Igreja da Misericórdia que, para além de muito danificadas, encontravam-se demasiado polidas, tornando-se um pavimento pouco seguro para a circulação pedonal. O total do investimento foi de cerca de 70 mil euros, divididos em duas intervenções. A mais importante delas orçou em 57 mil e 458 euros e foi comparticipada em 65 por cento por fundos comunitários (PO Algarve 21). Este investimento enquadra-se na aposta assumida pelo Executivo de proceder à requalificação de todo o Centro Histórico e Baixa da cidade, o que está a permitir elevar o valor patrimonial e arquitetónico destas áreas, que constituem importante argumento para a afirmação turística do concelho e, consequentemente, para a criação de crescimento económico e desenvolvimento social .
ATUALIDADE
DOCES CONVENTUAIS EM DESTAQUE EM LAGOA
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Câmara Municipal de Lagoa organizou a 13ª Mostra do Doce Conventual com a intenção de recriar um clima fielmente representativo da vida num convento onde, como é do domínio público, os frades e freiras sempre foram especialistas na doçaria tradicional. Aliás, atribui-se ao Convento de S. José o privilégio de ter criado o tão célebre bolo D. Rodrigo. Tem sido assim ao longo dos anos, com a intervenção direta dos funcionários da autarquia que, vestidos a rigor com trajes de frades e freiras, calcorrearam os espaços destinados ao público, fazendo as delícias dos visitantes que percorreram os Claustros, as celas, a sala de exposições e espaços adjacentes ao Convento e que, este ano, foram cerca de oito mil. Numa inauguração informal no dia 22 de julho, o Presidente da Câmara Municipal Francisco Martins, acompanhado pelo Presidente da Assembleia Municipal Águas da Cruz, restante executivo, demais autarcas e outras entidades, percorreram a feira cumprimentando todos os expositores, na abertura oficial deste evento cultural criado em 2002, saído de um projeto concebido para o aproveitamento e divulgação das tradições e do património histórico e monumental local. Neste cenário de viagem na história local, foi possível saborear todo o tipo de bolos, compotas, mel, frutos secos caramelizados, medronho, vinhos do Algarve, chás, ginjinha em copo de chocolate, entre outras iguarias produzidas por casas especializadas em doçaria conventual e regional. ALGARVE INFORMATIVO #19
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O conceito de doce conventual está intimamente relacionado com a difusão do açúcar nas cozinhas dos Mosteiros Portugueses, a partir dos finais do século XVI, tendo sido entre as ordens religiosas de frades e freiras que, segundo reza a tradição, nasceram algumas das mais ricas receitas de doces da gastronomia regional Portuguesa. A 13ª Mostra do Doce Conventual, realizada entre os dias 22 e 26 de julho, ofereceu um programa de animação variado, com entrada
gratuita e teve uma novidade: um conjunto de bicicletas para pedalar ao gosto de cada um, fazendo batidos com fruta do Algarve, mediante a oferta de um pequeno donativo destinado à CPCJ de Lagoa, para além da inauguração da exposição de quadros pintados com vinho pelo Centro Sénior de Lagoa, alusivos ao tema para 2015 o «Vinho e a Vinha» .
ATUALIDADE
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE LAGOS RECEBEM SUBSÍDIO DA AUTARQUIA
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Câmara Municipal de Lagos recebeu um pedido de ajuda financeira, apresentado pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lagos, com vista à remodelação / ampliação das camaratas e adaptação dos balneários das instalações onde funcionam desde 1980 a Associação e o respetivo Corpo de Bombeiros. Recorde-se que nesse ano o seu efetivo seria de cerca de 40 elementos, maioritariamente do sexo masculino, não pernoitando nas instalações, nessa altura, os efetivos do sexo feminino.
Atualmente, a composição do Corpo de Bombeiros conta já com 87 elementos (16 do sexo feminino), sendo objetivo desta Associação alargar o seu contingente até perfazer a fasquia dos 100 elementos, de modo a atingir o rácio bombeiros / habitante considerado adequado em época baixa e em época alta. Tal situação suscita a necessidade
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de dotar as instalações e equipamentos de condições condignas e adequadas à presença das mulheres para que as mesmas possam exercer as suas funções em pé de igualdade. Para além disso, a autarquia reconhece o estatuto e a nobre missão dos Bombeiros Voluntários de Lagos e que esta entidade é um suporte indispensável à Proteção Civil Municipal. A Câmara Municipal de Lagos não esquece, igualmente, a colaboração desde sempre prestada pela Associação dos Bombeiros Voluntários de Lagos a iniciativas e projetos municipais nas áreas do desporto, cultura, educação e ação social, e que compete ao Município deliberar sobre as formas de apoio a entidades e organismos legalmente existentes, nomeadamente com vista à execução de obras ou à realização de eventos de interesse para o município, bem como à informação e defesa dos direitos dos cidadãos, e assegurar a integração da perspetiva de género em todos os domínios de ação do município. Por tudo isso, a autarquia decidiu, por unanimidade, atribuir um subsídio de 12 mil e 500 euros destinado a comparticipar as obras de adaptação das respetivas instalações .
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ATUALIDADE
CENTRO CULTURAL DE LAGOS RECEBE OBRAS DE REABILITAÇÃO
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visando o fornecimento de materiais e equipamentos para reapetrechamento técnico do Auditório (equipamento de áudio, vídeo e iluminação de cenografia), assim como a substituição da alcatifa e cadeiras, trabalhos que irão decorrer num segundo momento, programado para o final do mês de Setembro, de modo a não comprometer a programação já existente. Estas intervenções no Centro Cultural de
uase a completar 23 anos ao serviço da difusão da Cultura, o Centro Cultural de Lagos tem estado a receber, desde o início deste ano, obras de reabilitação que visam a manutenção e conservação geral do edifício, a adequação às novas exigências em matéria de segurança e evacuação, o reapetrechamento técnico do Auditório, a melhoria de condições para os agentes culturais que habitualmente se apresentam nesta sala de espetáculos, assim como o aumento do nível de conforto para o público. Se a intervenção já realizada no primeiro trimestre de 2015 teve como principal foco as questões de segurança do Auditório, nesta 2ª fase as atenções viram-se para aspetos estruturais e remodelação de espaços interiores (impermeabilização de coberturas, pintura de paredes exteriores e interiores, remodelação das instalações sanitárias da área dos camarins, substituição do teto falso e da iluminação do auditório), o que obriga ao encerramento do Auditório, prevendo-se que os trabalhos desta empreitada (adjudicada pelo valor de 110.916,13 euros + IVA) decorram até ao final do mês de Agosto. A acontecer estão também os procedimentos de contratação pública
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Lagos rondam um montante total estimado na ordem dos 270 mil euros e integram uma candidatura no âmbito do FEDER, pelo que poderão vir a ser financiadas na ordem dos 65 por cento .
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ATUALIDADE
TERRAS DO INFANTE APOIAM NECI subsídio acabou agora por ser aplicada na aquisição de uma carrinha nova de 9 lugares (7 utentes + motorista e vigilante) financiada a 100 por cento pelas Terras do Infante - e na reparação da frota automóvel que a instituição já tem ao seu serviço. Recorde-se que a NECI é uma IPSS na área da deficiência sediada na Praia da Luz (Lagos), cuja zona de intervenção abrange também os concelhos de Portimão, Aljezur e de Vila do Bispo. Além de várias valências tem como principais respostas sociais o Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e Intervenção Precoce. Sublinhe-se a propósito que, em maio do ano passado, foi inaugurado o seu Lar Residencial, que contou, igualmente com comparticipações financeiras das Câmaras de Lagos, Aljezur e Vila do Bispo, que têm acarinhado e apoiado incondicionalmente esta instituição desde o seu início .
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o dia 28 de outubro de 2014 a Terras do Infante - Associação de Municípios (Aljezur, Lagos e Vila do Bispo), da qual Lagos ocupa a Presidência do respetivo Conselho Diretivo, aprovou, por unanimidade, a atribuição de um subsídio ao Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso (NECI) para aquisição de uma viatura para transporte de utentes, no valor de 48.516,93 euros. A atribuição teve por base uma solicitação da NECI às Terras do Infante, no verão do ano passado, no sentido de ser aprovado um valor que pudesse ajudar na compra de viaturas para o transporte de utentes da instituição para os concelhos de Lagos, Aljezur e Vila do Bispo. Explicava a instituição que, entre as carrinhas de transporte da NECI, existem duas com mais de 550 mil quilómetros e em fim de vida. A verba do
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ENTREVISTA
LEONEL PEREIRA CONTINUA A COLECIONAR PRÉMIOS Numa altura em que os chefs ainda não estavam na moda, o jovem Leonel Pereira queria ser barman, mas acabou por ir parar à cozinha de um hotel e ainda bem que assim aconteceu. Estava descoberto um talento inato para a culinária mas, com pouca vontade para seguir as pisadas da «velha guarda», frequentou as melhores escolas internacionais e tornou-se um dos mais conceituados chefes de cozinha da Europa. Abriu diversas unidades hoteleiras, comandou verdadeiros exércitos no Grupo Pestana, liderou os restaurantes das Pousadas de Portugal, brilhou no Grupo Starwood, até que, finalmente, abraçou o desafio do São Gabriel, na Quinta do Lago. A vontade de abrandar o ritmo, porém, não se concretizou, porque a Estrela Michelin e os vários prémios conquistados a nível nacional são sinónimo de intensa azáfama no restaurante que, salvo alguma mudança inesperada de planos, será a «casa» deste alcoutenejo durante os próximos anos. TEXTO E FOTOGRAFIA: DANIEL PINA ALGARVE INFORMATIVO #19
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ENTREVISTA
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o pico do mês de agosto, Leonel Pereira não tem mãos a medir no Restaurante São Gabriel, situado à entrada da Quinta do Lago, mas nada que apoquente este alcoutenejo, nascido no Martim Longo há 45 anos, que muito cedo se habituou a viver a mil à hora e a liderar extensas equipas nos hotéis de luxo por onde passou. A formação básica tirou na Escola de Hotelaria do Algarve, pelos 17 anos, antes de rumar a França para frequentar o Instituto Le Nôtre e a Academia Alain Ducasse, seguindo-se o Culinary Institute of America, mas a cozinha nem sequer foi a sua primeira opção quando decidiu começar a trabalhar. “Ao contrário de alguns colegas meus que gostam de ser politicamente corretos e que dizem que nasceram agarrados aos tachos, eu poderia ter sido engenheiro, como queria o meu pai, ou ser barman, como era a minha vontade. Cai na cozinha de paraquedas”, assume. A verdade é que, como algarvio da serra que é, acalentava os mesmos sonhos dos seus amigos de infância, ir trabalhar para o litoral e tentar a sua sorte junto das turistas que chegavam ao Algarve provenientes do Reino Unido e da Escandinávia. Na tarde do dia 1 de março de
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1987, sai do motocross da Cortelha diretamente para o Hotel Quinta do Lago, onde ia entrar ao serviço só que, entretanto, a sua vaga na copa do bar tinha sido preenchida na parte da manhã. Foi parar então à cozinha e as primeiras duas semanas foram de grande vontade em ir embora, acreditando que o seu futuro não era lavar tachos e panelas. “Aquilo era dominado pela «velha guarda», a quem se deve o não crescimento dos cozinheiros durante anos e anos, porque as pessoas eram escolhidas a dedo pelo grau de idiotice e, como as equipas eram constituídas por indivíduos sem formação académica, o que prevalecia era não ensinar nada aos mais novos, para não colocarem os seus postos de trabalho em risco”, dispara, deixando de imediato antever que a entrevista seria tudo menos politicamente correta. “Desde os 17 anos que tenho bem marcado na minha cabeça que «velha guarda» significa ignorância, mas diziam-me que tinha jeito e acabei por me apaixonar pela cozinha”. Ora, como na época a bibliografia da especialidade era toda francesa, Leonel Pereira não pensou duas vezes em partir para França, país onde se encontravam os principais chefs do mundo, até se deixarem ultrapassar pelos
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ENTREVISTA do Le Nôtre, é muito dinheiro que está ali investido. Sou um produto de estudo académico, ao contrário de alguns colegas que são autodidatas e que os admiro bastante por isso. O meu amigo José Avillez estudou marketing, faz coisas fantásticas na cozinha e tem dado um estalo a muita gente em Portugal”.
vizinhos espanhóis nos últimos anos, “provavelmente por causa do narcisismo e prepotência dos franceses”, na opinião do entrevistado, lembrando que era bastante irreverente na altura. “Não alinhava pelo perfil típico de chefe de cozinha, gordo, de bigode, que bebia cinco litros de vinho tinto por dia. Eu tinha cabelo comprido e tatuagens, usava brincos e, nos primeiros tempos, até dizia às namoradas que era barman. Aliás, devo ter sido dos primeiros a usar calças às bolas e às flores, fora do tradicional xadrez, que quase que me dá vómitos, e só cortei o cabelo há cinco anos, quando nasceu a minha filha. Antes disso, tive altos cargos executivos e ia às reuniões com rabo-de-cavalo”, recorda, sorridente. Um arranque de carreira onde foi fulcral o apoio da família, face aos elevados custos dos cursos que frequentou no estrangeiro, onde chegou a pagar, por exemplo, 450 contos por semana no Instituto Le Nôtre. Mas o gosto que Leonel Pereira demonstrava pela cozinha levou os pais a fazerem um sacrifício adicional para lhe proporcionaram as necessárias ferramentas para ter sucesso e o alcoutenejo tirou ali várias pósgraduações culinárias. “Devo ter 14 certificados
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MUITOS PRÉMIOS E POUCO TEMPO PARA DESCANSAR Com objetivos perfeitamente traçados desde tenra idade, Leonel Pereira garante que ser proprietário de um restaurante, ao virar dos 40 anos, inclusive ter uma estrela Michelin, fazia parte dos seus planos de médio e longo prazo. E, sem meias palavras, assegura que já conquistou prémios bastante mais importantes para ele do que o prestigiado galardão que todos os restaurantes almejam pendurar nas suas portas. Antes disso, desejava ser chefe executivo de um grande hotel e de uma companhia internacional, dentro e fora de Portugal, para provar que era capaz de liderar equipas em qualquer parte do mundo e noutras línguas que não o português.
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ENTREVISTA do Grupo Pestana, um passo que, de facto, não estava nos meus planos”, conta Leonel Pereira. Como Chefe Corporativo e Diretor de F&B abre todos os hotéis do Grupo Pestana no Brasil, o exército de funcionários aumenta ainda mais e, em sentido contrário, passa cada vez menos tempo na cozinha, aquela que era a sua verdadeira paixão. “Tinha entre 250 a 300 cozinheiros às minhas ordens, mais 250 ou 300 empregados de sala e bar, divididos por sete estados brasileiros e andava a maior parte do tempo de fato e gravata e mala de executivo na mão, de reunião em reunião. Por causa disso, encostei a administração à parede para me darem um restaurante de luxo onde pudesse mostrar a minha cozinha contemporânea e vanguardista”, revela. O repto é aceite pelo próprio Dionísio Pestana, que coloca nas suas mãos o restaurante «Cais da Ribeira», no Rio de Janeiro, e Leonel Pereira é eleito, em 2003 e 2004, o chefe revelação do Brasil, sendo o único português até à data a conseguir arrecadar este prémio. “Foi uma projeção mediática difícil de controlar num país com 200 milhões de pessoas e onde a imprensa é fortíssima. A partir desse momento, nunca mais consegui passar despercebido”, indica, sem falsas modéstias, admitindo que poucas recordações guarda desse período dos 32 aos 36 anos, tal a violência do trabalho. “Pedi para sair do grupo, mas foi-me dado o projeto das Pousadas de Portugal, ou seja, mudo de liderar sete unidades em sete estados, para liderar 43 unidades em Portugal. Queria descansar, mas saiu-me o tiro pela culatra”, nota, com um sorriso. “Ainda fui abrir o Convento do Carmo a Salvador, a primeira pousada fora do país, na qualidade de Chefe Corporativo e Diretor de F&B”.
“Aos 25, 30 e 35 anos, sentia que tinha formação a mais para ser um mero dono de um restaurante com 12 funcionários”, justifica, acrescentando que o seu primeiro cargo como chefe executivo aconteceu no Hotel Alvor, quando este passou da Salvor para o Grupo Pestana. “Foi o meu primeiro desafio e, aos 28 anos, fui o chefe mais novo em Portugal a assumir um grande cargo, depois de já ter sido subchefe no Oriente Express. Entretanto, passei de liderar 60 pessoas, em quatro ou cinco restaurantes, no Hotel Alvor e fui abrir o Le Meridien no Brasil, com 600 quartos e 140 cozinheiros. Ganhamos vários prémios e, ao fim de um ano, fui promovido para diretor de F&B ALGARVE INFORMATIVO #19
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ENTREVISTA O ritmo de vida teimava em não abrandar, Leonel Pereira continua a comandar perto de 500 cozinheiros e funcionários de sala e bar, mas o conceito gastronómico mudou, como é natural. “No Brasil, introduzi a comida portuguesa nos vários hotéis Pestana e procurei ter bons subchefes para tratar da gastronomia local. Nas Pousadas de Portugal, predominava a gastronomia tipicamente portuguesa, mas também a regional, que era quase intocável, porque as pessoas olham para as pousadas como uma extensão das suas próprias casas”, indica, aproveitando para esclarecer que as Pousadas de Portugal estavam divididas em diversos segmentos, desde as Históricas e as Históricas de Design às Regionais. “As sete ou oito unidades de Design eram a minha cara, onde eu melhor me enquadrava em termos de arquitetura e ambiente, e nessas ousei mais, cometi as minhas extravagâncias e coloquei as pessoas a comer de outra maneira. O cliente conservador vai para as pousadas mais típicas, os clientes vanguardistas vão para as pousadas do Souto Moura, Carrilho da Graça e outros arquitetos famosos, mas nunca ultrapassei os limites, até porque a pessoa que tinha estado à frente do projeto antes de mim teve problemas sérios com os diretores. Procurei não cometer os mesmos erros e, para além disso, eu estava,
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hierarquicamente, acima dos diretores das pousadas. Quando queria mudar alguma coisa, eles resistiam um pouco mas eu dava um murro na mesa e eles sabiam que eu tinha as costas quentes”.
NOUVELLE CUISINE FALHOU MAS DEIXOU FRUTOS Mais quatro anos se passaram neste aliciante projeto, num período em que o país escancarou as portas à gastronomia gourmet, sendo que a nouvelle cuisine não teve vida fácil em Portugal, para tristeza do próprio Leonel Pereira. “Só chocou os conservadores, só que há países em que esses constituem a larga maioria da população. Ainda hoje há pessoas que perguntam se o meu restaurante é daqueles que servem coisinhas pequenas, onde se paga muito e se passa fome, mas esta noite vou ter cá clientes a comer um menu de 15 pratos, para a semana tenho clientes para um menu de 20 pratos. Claro que, para isso, tenho que calcular, cientificamente, o que cada pessoa consegue comer e dividir por 20 pratos o que eles estão habituados a comer em dois”, salienta um dos proprietários do São Gabriel. “No fim do jantar, dizem que as vidas deles mudaram, que foi uma
ENTREVISTA produtos que, antigamente, estavam reservados para a alta indústria e que agora estão ao dispor dos cozinheiros. “Temos que saber decifrar o que é um ácido ascórbico, que a unidade mais pequena da proteína é o aminoácido e que é isto que o nosso metabolismo assimila. A formação de um cozinheiro mudou por completo e, felizmente, a «velha guarda» tem os dias contados. São pessoas com 60 e tal, 70 anos, uns reformados, outros à beira disso, e há que dar lugar às novas gerações”. E como a vida profissional de Leonel Pereira tem sido feita de projetos de três ou quatro anos, sai das Pousadas de Portugal e ingressa na companhia norte-americana Starwood, proprietária dos hotéis Sheraton. “Temos que deixar trabalho feito, objetivos cumpridos e com provas dadas e isso leva entre três a quatro anos. No Sheraton só querem chefes executivos com formação académica superior e fiquei com o projeto do «Panorama», que foi considerado várias vezes restaurante do ano. Aliás, foi a primeira vez que um restaurante de luxo dentro de um hotel funcionou e tinha casa cheia”, destaca, lamentando que, com o agravar da crise financeira internacional, tenha sido dado ordens para se cortar nos custos, mesmo que isso se repercutisse na qualidade. “Nessa altura, o chef tem que «os» ter no lugar para dizer: ‘isto é vosso, fiquem com ele, que eu vou-me embora’. Já não se podia comprar camarão a 80 euros o quilo, tinha-se que introduzir uma carta de grelhados e eu não tinha lata para dizer aos clientes que a comida era tão boa como antigamente, quando não o era. Sempre fui muito bem pago, atingi valores quase impensáveis, mas o meu ordenado nunca foi o mais importante para mim, nem nunca fiz exigências salariais para ir para este ou para aquele lugar”.
experiência inesquecível, apesar de pagaram 100 euros por pessoa”, acrescenta. Falar da nouvelle cuisine desperta novamente o espírito politicamente incorreto de Leonel Pereira, ao ver tantos “idiotas”, falarem sobre este movimento nascido em França sem terem qualquer conhecimento sobre a matéria. “Esta cozinha espanhola que se pratica atualmente, que foi chamada de «el booleana», resultou da inteligência do Ferran Adrià, que conseguiu aquilo que os franceses Roger Vergé, Paul
Bocuse, Alain Ducasse não conseguiram há 20 anos. Na altura foi um choque tremendo, mas as técnicas de confeção estão lá todas e, agora, temos uma série de máquinas para nos ajudar que antes não existiam. Foi uma experiência falhada mas que deixou os seus frutos”, defende o assumido seguidor e admirador desses conceituados chefs gauleses. “Hoje, tenho uma máquina onde cozinho um leitão durante 30 horas e aquilo parece um jacuzzi, controla-se a temperatura da água, a comida está dentro de um saco, sem contato direto com a água, e em movimento, ou seja, para além de estar a ser cozinhado, ainda está a ser massajado”. De facto, as inovações tecnológicas são constantes, o que obriga um chef a frequentar congressos e feiras internacionais para estar a par das novas técnicas e também conhecer ALGARVE INFORMATIVO #19
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O DRAMA DOS CONCURSOS MEDÍOCRES Sem nunca ter medo de sair de cargos onde estava perfeitamente consolidado e de abraçar novos projetos, Leonel Pereira abandona o Grupo Starwood e chega, finalmente, ao São Gabriel, onde o anterior proprietário andava à procura de um chef que dominasse a alta gastronomia. Dois anos depois, a fasquia sobe ao tornar-se um dos sócios, juntamente com Delfim João, do restaurante de luxo situado à entrada da Quinta do Lago e o objetivo atual, diz, sem rodeios, é simplesmente ser um cozinheiro e andar de jaleca todos os dias. “Já sabia que o restaurante, ao ter um patrão novo, ia perder a estrela Michelin, são assim as regras do Guia, independentemente de quem é o chefe de cozinha. Por isso, a estrela Michelin não foi recuperada, foi ganha, e é bastante raro isso acontecer logo no primeiro ano de atividade. É um prémio que nos interessa porque traz clientes devido ao seu mediatismo, gostamos de o ter, mas o nosso grau de exigência e os objetivos são exatamente os mesmos”, garante. Qualidade não falta e é sobejamente reconhecida ao São Gabriel, que em 2014 já tinha conquistado o «Garfo de Ouro» do Guia «Boa Casa Boa Mesa» do Expresso e, em 2015, recebeu o «Chef do Ano» e o «Garfo de Platina», único caso em Portugal. A Revista Vinhos e a Revista Wines também consideraram Leonel Pereira como o «Chef do Ano», o mesmo acontecendo com o blog «Mesa Marcada», onde vai alternando o primeiro e segundo lugar com o amigo José Avillez, mas garante que não vive a pensar nos prémios, preferindo ser mais «lowprofile». “Em primeiro lugar está a qualidade, depois o sabor e a minha equipa e só depois é que estou eu”, aponta, daí recusar-se terminantemente a participar nos concursos televisivos de chefes de cozinha que agora estão na moda. “Acho que alguns dos meus colegas são bastante exagerados nas suas posturas e ALGARVE INFORMATIVO #19
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sou um crítico fortíssimo desses programas, porque estão a transmitir uma ideia errada do que é o mundo da cozinha e, com isso, a influenciar negativamente as pessoas. Há homens e mulheres com 30 e 40 anos que deixam as suas profissões a pensar que ainda vão ser alguém na cozinha”, acusa, sem papas na língua. Críticas afiadas que têm também como destinatários alguns autodenominados chefes executivos, só porque gerem a cozinha de um restaurante. “Para se ser chefe executivo é preciso ter mais do que uma operação e qualquer miúdo de 24 ou 25 anos, que ainda não sabe fazer uma maionese nem um bechamel, já anda armado em chef. A crise fez com que muitos patrões não tenham dinheiro para pagar aos verdadeiros chefs e contratem pessoas fraquitas, que desenrascam o serviço e poem aquilo a andar e que depois querem mostrar aos amigos e às famílias que já gerem”, analisa, continuando com o seu desabafo: “Ainda há dias estava um puto de Faro a falar numa reportagem na televisão e dizia «20 anos, chef de cozinha». Por amor de Deus. Ser-se chef é uma consequência de liderar e gerir muitas coisas e há pessoas que não são líderes nem gestores de nada, não sabem fazer uma ficha técnica, muitos nem matemática sabem”. Quem conhece Leonel Pereira sabe que ele sempre foi assim, sem meias palavras, sem medo de ferir sensibilidades alheias, mesmo
ENTREVISTA quando os intervenientes dos ditos concursos até são seus amigos. “Por causa desses programas, aparecem pessoas de 40 anos a estagiar em cozinhas e, se lhe damos um berro, ficam ofendidos, dizem logo que têm filhos, que não têm idade para aturar essas coisas. Se uma pessoa tem jeito para a cozinha, que convide os amigos para almoçar ou jantar, agora, acharem que ainda vão brilhar numa cozinha, com 35 ou 40 anos, acordem, por favor”. Opinião menos polémica tem em relação a eventos que reúnem vários chefs e chegou mesmo a participar, há uns anos, na produção do livro «Cataplana Experience», de Fátima Moura. Quanto ao «Algarve Chefs Week», nunca quis integrar o elenco devido à má experiência que teve no «Lisboa Chefs Week». “O meu restaurante em Lisboa era 100 euros por pessoa, como no São Gabriel, e o diretor cismava que tinha que ter aquele evento, por servir 500 ou 600 refeições a 19,90 euros, o que arrebentava com a equipa. Depois, quem ia àquele evento, nunca mais voltava ao restaurante, era um bando de idiotas que pensava que, por menos de 20 euros, comia uma refeição de 100 euros. De qualquer modo, não podíamos baixar muito a qualidade, portanto, era uma perda de dinheiro e um desgaste brutal, a fazer comida para enfarta brutos ao almoço e jantar”, recorda, motivo mais que suficiente para ficar com o «Week» atravessado na garganta. “Alguns nem água bebiam, porque era paga à parte. Depois, iam para blogues de gastronomia deitar abaixo quem estava do outro lado com 16 e 18 horas de trabalho por dia”, reitera, irritado. Ora, a propósito de críticos, não resistimos a perguntar a opinião sobre o que foi escrito há algumas semanas, em Inglaterra, sobre a gastronomia portuguesa e algarvia. “Isso só mostra a ignorância de quem escreveu e acho que se deu importância a mais a esse tipo. Se ele tinha três milhões de leitores, passou a ter ALGARVE INFORMATIVO #19
quatro, pelo que o objetivo dele foi alcançado”, observa o alcoutenejo. “Fiquei escandalizado, conheço bem o Nuno Mendes, a pessoa que ele arrasou, conheço muito bem o meu país de lésa-lés, devido ao projeto das Pousadas de Portugal, mas nem me preocupei em comentar aquelas baboseiras”. Mais a sério, e porque a conversa ia longa e havia que começar a preparar o restaurante para a azáfama do jantar, perguntamos se o São Gabriel seria outro projeto de três ou quatro anos ou um local para assentar arraiais durante mais tempo. “Se Deus quiser e tudo correr bem, a ideia é ficar por cá e consolidar cada vez mais o São Gabriel. Já fizemos obras na esplanada e criámos uma entrada separada para o Thai, o que implicou um investimento de 100 mil euros. No ano que vem teremos um bar novo e a sala com outras cadeiras e decoração. O São Gabriel está fantástico, com um nível de satisfação a rondar os 99,9 por cento, cada vez nos visitam mais clientes e com mais regularidade, fruto de um trabalho mesa a mesa”, descreve, adiantando que o principal intuito é crescer nos meses mais fracos do turismo algarvio e reduzir a sazonalidade da região. “O Algarve não pode fechar durante seis meses e o caminho passa pela qualidade, por divulgar o que de bom temos, por inovar e inventar eventos”, aconselha, antes de arregaçar as mangas e fazer aquilo que realmente gosta, estar de volta do fogão, na cozinha . 32
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MIGUEL MADEIRA DO AMOR PELA ESCRITA NASCEU A OBSESSÃO Começou pelas crónicas, das quais nasceram o primeiro livro, «A Cruzada», seguiu-se uma tese de dissertação de mestrado, mas o bichinho da escrita clamava por mais e, depois da primeira tentativa, em 2001, eis que surge, finalmente, o policial «Obsessão». Sem pretensões de se tornar um escritor famoso e ganhar rios de dinheiro com os livros, o desejo de Miguel Madeira é não defraudar as expetativas colocadas em si por aqueles que o conhecem e, independentemente do sucesso, ou não, comercial, e das críticas, positivas ou menos simpáticas, que venha a receber, revela que já estão mais duas obras na forja à espreita de ver a luz do dia. TEXTO E FOTOGRAFIA: DANIEL PINA ALGARVE INFORMATIVO #19
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Mas se o percurso profissional de Miguel Madeira é sobejamente conhecido, menos conhecida é a sua caminhada como escritor, uma faceta que surgiu numa fase mais adulta da sua vida. “Desde novo que tinha um grande gosto pela banda desenhada e por histórias de aventura, mas o gosto pela escrita aparece mais tarde, por ocasião do meu ingresso na Câmara Municipal de Loulé, em 1991. Na época havia uma falta significativa de professores e eu, como fui para a opção de Desporto quando andei na Escola Secundária de Loulé, tinha habilitações suficientes para dar aulas na C+S de Quarteira. Fui desafiado para chefiar a Divisão da Juventude e era eu que preparava as notas de imprensa para divulgar a atividade desenvolvida pela autarquia louletana nessa área”, recorda o entrevistado. O bichinho da escrita começava a despertar, de tal maneira que Miguel Madeira pediu ao dono do jornal «A Voz de Loulé» para publicar os seus pensamentos, sob a forma da rúbrica «A Cruzada» e que estaria na origem do seu primeiro livro. “Em 2002, surgiu a moda de determinadas figuras da política nacional reunirem as suas crónicas e publicarem-nas em livro e alguns amigos lançaram-me o repto de fazer o mesmo, o que concretizei em 2006”, conta, esclarecendo que não era daqueles miúdos que muito cedo começam a participar em concursos literários nas escolas. Assim se explica que o segundo livro, publicado em 2012, seja o resultado da sua dissertação de mestrado, sob o tema da «Governação municipal e os desafios da Gestão Local nas modernas democracias», uma obra de caráter mais académico e dirigido a um público bastante específico, nomeadamente funcionários da administração local e autarcas.
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e regresso ao Café Calcinha para conversar com Miguel Madeira, fica a curiosidade de que o carismático estabelecimento de Loulé é um dos cenários de «Obsessão», o terceiro livro deste filho de emigrantes que nasceu, há 48 anos, em Caracas, capital da Venezuela. Aos sete anos, a família decide regressar às suas origens e é na cidade louletana que estuda até concluir o ensino secundário, antes de começar a trabalhar como empregado de mesa, depois como desenhador gráfico, mais tarde como professor de educação física. O seu trajeto no desporto resulta num convite para entrar ao serviço da Câmara Municipal de Loulé pelas mãos do antigo presidente Joaquim Vairinhos e é nessa fase que decide dar continuidade à sua formação académica, traduzida num bacharelato em Gestão de Empresas, numa licenciatura em Gestão Financeira e num mestrado em Administração e Desenvolvimento Regional. Foi adjunto do presidente e chefe de divisão na autarquia louletana, diretor do Centro de Emprego de Loulé, vogal do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, professor convidado na Universidade do Algarve e, atualmente, diretor do Centro de Emprego e Formação Profissional do Barlavento.
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ENTREVISTA Depois de dois livros que não tinham sido planeados, com «Obsessão» a história foi completamente diferente, reconhece Miguel Madeira. “Tinha a vontade de escrever um livro que estivesse mais ao alcance do grande público e, regra geral, toda a gente gosta dos policiais. Não conheço ninguém que não tenha como referência as obras do Arthur Conan Doyle e da Agatha Christie, são livros que fazem parte do nosso crescimento enquanto pessoas, e era um sonho que acalentava. Curiosamente, os livros apareceram sempre em períodos de menor exigência profissional e já tinha feito uma primeira tentativa em 2001. A meio de 2014, quando decidi renunciar ao meu cargo na Administração Regional de Saúde do Algarve e regressei à Câmara Municipal de Loulé, passei por um período mais calmo, foi um pouco como conduzir um Fórmula 1 e passar para um triciclo”, compara, um tempo relativamente livre que foi muito bem ocupado a conceber a sua terceira obra literária.
UM POLICIAL EM TERRAS LOULETANAS Apostado em não adiar mais o seu policial, Miguel Madeira teve que criar um método próprio, obrigou-se a escrever algumas páginas todos os dias e a história começou a fluir de tal forma que ele próprio ficou impressionado. “Agarrei nisto a sério em julho de 2014 e consegui ter o livro todo escrito em final de março de 2015. São 550 páginas e eu é que tive que fazer a revisão do texto, um trabalho que é bastante exigente, para além de que nós não somos necessariamente os melhores revisores de nós próprios. No entanto, a Chiado Editora foi muito realista comigo, atendendo que eu não sou um autor consagrado e com visibilidade, pelo que tenho que patrocinar uma parte da edição”, explica, sem conseguir esconder a expetativa de qual será a reação do público no dia 28 de agosto, data de lançamento de «Obsessão» na Biblioteca Municipal de Loulé. ALGARVE INFORMATIVO #19
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Ora, se há, de facto, poucas pessoas que não apreciem um bom romance policial, também é verdade que é um estilo literário mais complicado de dominar, pois o enredo envolve normalmente diversas personagens, cenários e reviravoltas e é fácil perder-se o fio à meada. Nesse aspeto, Miguel Madeira reconhece que a sua experiência profissional foi fundamental para ultrapassar as dificuldades que iam aparecendo à medida que a história ia avançando. “De há vários anos a esta parte que a minha vida tem sido gerir pessoas, serviços e organismos públicos e nada se consegue fazer sem planificar, sem monitorizar resultados, sem conceber cenários alternativos, porque as variáveis vão-se modificando ao longo do tempo e temos que ir fazendo ajustes ao plano para se conseguir atingir os objetivos traçados”, frisa.
ENTREVISTA Em simultâneo, o autor destaca as novas tecnologias e ferramentas ao dispor de quem se propõe a escrever um livro e que não estavam ao alcance dos ícones de outros tempos. “Se quiser fazer a descrição de uma rua, faço um levantamento no Google Maps, vejo em que ano as fotos foram tiradas, passeio pelo local sem me levantar da cadeira. A ação da «Obsessão» desenrola-se no concelho de Loulé e há diversos espaços que são lá descritos, um deles o Café Calcinha, e basta ir ao sítio da internet da câmara municipal para ficar a saber a história toda do estabelecimento. Tudo isto simplifica a tarefa de escrever um livro”, admite Miguel Madeira, que assim fica mais concentrado em que, no fim, a «bota bata com a perdigota». “Vai ser curioso para quem conhece a cidade de Loulé encaixar uma história policial em sítios onde passam com regularidade. Para os outros, quiçá desperte a vontade de visitar o concelho e a cidade. Tenho um carinho especial por Loulé e sempre tentei retribuir o muito que esta terra já me deu ao longo da minha vida”. Sobre «Obsessão», e sem querer levantar demasiado a ponta do véu, Miguel Madeira garante que a história é totalmente ficcionada e fruto da sua imaginação, embora existam alguns elementos que são influenciados por vivências do quotidiano e certas personagens poderão até soar familiares aos louletanos. “Como é óbvio, não somos imunes ao que nos rodeia, mas a história não é inspirada em nada que tenha acontecido nesta cidade ou no Algarve. Poderá, excecionalmente, já ter sucedido algo semelhante nalguma parte do mundo, mas não me inspirei em nenhum facto real”, esclarece, confirmando que a sua maior maturidade e experiência foram essenciais para concretizar este sonho. “Em 2001 fiz uma primeira tentativa mas não consegui acabar o livro e, 13 anos depois, nem sequer consegui dar continuidade ao texto que tinha gravado. Se calhar, já sou um bocado velho para começar a ser escritor, mas fazer disto carreira não é a minha principal motivação. A minha vida tem sido feita de vários sonhos, perfeitamente concretizáveis e acessíveis ao cidadão comum, e fico satisfeito por vê-los materializados. Não tenho veleidades de achar que sou melhor ou pior que os outros, mas sou uma pessoa determinada e tudo faço
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para conseguir concretizar aquilo que me proponho fazer”. Percebe-se, então, que Miguel Madeira não está a contar com os proveitos financeiros das vendas de «Obsessão» para cumprir com as suas responsabilidades, ciente de que apenas alguns conseguem ser escritores a tempo inteiro e mesmo esses não têm sucesso garantido. “Todos os escritores famosos que conhecemos têm, ou tinham, outra profissão ou eram pessoas com grandes rendimentos. Isso não significa que não possam viver da escrita, se tiverem um sucesso extraordinário, mas é importante termos uma «trincheira», um sítio para onde regressar. Eu sou funcionário público, sou quadro da Câmara Municipal de Loulé e estou presentemente numa comissão de serviço do Instituto de Emprego e Formação Profissional, uma atividade de caráter transitório que se pode ir renovando ou pode ser extinta por quem de direito. Portanto, procuro organizar a minha vida em função dos rendimentos que tenho enquanto funcionário da autarquia louletana”, frisa, com a sua habitual prudência.
DIFERENCIAR PELA CULTURA E LÍNGUA Se as novas tecnologias facilitam muito, por um lado, a vida dos escritores, também vieram diminuir, por outro, as vendas de livros físicos, com as obras digitais a ganharem uma maior preponderância junto dos leitores. Esta nova realidade leva as editoras a investirem cada vez menos em escritores em início de carreira e as livrarias preocupam-se em dar visibilidade aos nomes consagrados, portugueses ou estrangeiros, mas nem estas dificuldades desmotivam Miguel Madeira, que lembra que o único sítio onde o sucesso está antes do trabalho é o dicionário. “Há livros que lemos e percebemos que o conteúdo, se calhar, não é tão robusto como pensávamos, mas tudo isso dá trabalho. Depois, é como em tudo na vida, há os bons e os menos bons e quem escreve sujeita-se ao escrutínio dos seus concidadãos. Se temos a vontade de tornar público aquilo que escrevemos, também temos que estar disponíveis para enfrentar as críticas”, avisa o entrevistado.
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E como as críticas nem sempre são justas, há muitos escritores que, por timidez, ou falta de vontade de lidar com essas opiniões menos favoráveis, preferem não publicar as suas obras, ao ponto de alguns autores só se tornarem famosos depois de morrerem, observa Miguel Madeira, que não tem receio das críticas, desde que sejam feitas com bom senso e nos locais próprios. “Estou preparado para que haja quem adore o meu livro, e para aqueles que considerem que isto é um ato de vaidade de alguém que apenas se quer projetar e ganhar notoriedade. Todavia, a Chiado Editora acreditou em mim, quando muitas obras que vemos por aí publicadas são financiadas a 100 por cento por câmaras municipais e outras entidades. O único apoio que solicitei à autarquia de Loulé foi a utilização da Biblioteca Municipal para a apresentação do livro e que me ajudassem na divulgação do evento, à semelhança do que fazem com qualquer outro que tem lugar naquele espaço”, sublinha Miguel Madeira. Resta então esperar para ver se ainda há consumidores para literatura a sério, neste caso um romance policial, quando as estatísticas ALGARVE INFORMATIVO #19
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dizem que em 60 por cento dos lares portugueses não existe um único livro. “A esperança média de vida dos portugueses está a aumentar e há uma geração bastante significativa, como a minha, que é ainda do papel, se bem que o livro também vá ter uma edição digital para os amantes das novas tecnologias”, refere, sem esconder a sua preocupação com essas estatísticas. “Numa Europa cada vez mais estandardizada, se há fatores que nos podem diferenciar nesta uniformização compulsiva liderada por alguns países da União Europeia, é a cultura e a língua. A língua portuguesa teve contatos com todas as partes do mundo por via dos Descobrimentos, temos uma comunidade emigrante significativa e um país emergente a nível mundial como o Brasil, pelo que é um dos idiomas mais falados. Este livro não foi feito com esse pensamento, mas a produção literária também é uma forma de mantermos viva a língua. E, seja qual for a reação da crítica, tenho na calha mais dois livros, para além de que o final da «Obsessão» permite que também lhe dê continuidade, se assim o entender”, finaliza Miguel Madeira .
ATUALIDADE
PROJETO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE LOULÉ FOI INAUGURADO
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oi inaugurada, no dia 1 de agosto, a obra da cobertura do Campo Polidesportivo da Cortelha, aquele que foi o projeto mais votado da primeira edição do Orçamento Participativo do Município de Loulé realizado em 2014. Foi neste novo espaço que decorreu o emblemático evento gastronómico Manjares Serranos, numa inauguração que teve casa cheia, com a população que esteve envolvida no projeto a comparecer neste dia que marca a primeira realização física deste Orçamento Participativo. A intervenção permitiu melhorar um espaço de grande importância para a população desta localidade já que, a par da prática desportiva, este polidesportivo constitui também um ponto de encontro e convívio e um recinto para a realização de eventos. Esta foi a proposta mais votada na freguesia de Salir, bem como no contexto das onze freguesias do Concelho, com 1288 votos. A Câmara Municipal de Loulé financiou a totalidade da obra, orçada em 65 mil e 990 euros, mas a gestão da mesma ficará a cargo da Associação dos Amigos da Cortelha que facilitará o acesso ao espaço por parte da comunidade. A Câmara Municipal de Loulé iniciou, a 9 de maio de 2014, a implementação do Orçamento Participativo do Município de Loulé, sob o slogan «No nosso Concelho, todos contam. Participe!», num projeto pioneiro no Algarve. O
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OP 2014 foi executado tendo por base uma aplicação dos investimentos de forma equitativa e proporcional em cada uma das freguesias do Concelho, afetando a Autarquia para o mesmo o montante de meio milhão de euros. Das 130 propostas iniciais que emanaram das 11 sessões presenciais
realizadas nas freguesias, foram submetidos a votação 33 projetos que obtiveram 7448 mil participações, entre votos eletrónicos (sms) e votos presenciais, numa clara manifestação de envolvimento da população neste projeto pioneiro no Algarve e um dos mais importantes do país, nomeadamente pelo número de adesão no ano de implementação. Neste momento está em curso a segunda edição deste projeto que se reveste de grande importância ao nível da participação cívica no Município de Loulé .
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MERCADOS MUNICIPAIS DE OLHÃO COM MELHORIAS CONSTANTES
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s Mercados de Olhão estão a mudar e algumas das bancas e lojas tradicionais estão, aos poucos, a ser transformadas em espaços diferentes. Uma banca onde se vendem diferentes tipos de chás, uma loja gourmet que abriu recentemente, ou bares com música ao vivo, são algumas das muitas propostas deste espaço que é um ex-libris de Olhão e do Algarve, com especial relevo durante o verão. Dotado com lojas e bancas mais funcionais e atrativas para quem vende, mas também para quem compra, exibindo nas suas paredes interiores azulejos pintados por Costa Pinheiro mas mantendo a sua traça original, este espaço comercial recebe, diariamente, milhares de pessoas, sendo um dos principais cartões de visita da cidade. A esse facto não é alheio o local privilegiado onde que se encontra, junto à Ria ALGARVE INFORMATIVO #19
Formosa e à zona histórica de Olhão, o que atrai muitos visitantes. Os Mercados Municipais estão intimamente ligados à imagem de modernidade deste Olhão do século XXI. Já em 1916, quando foi inaugurado, o espaço apresentou-se de forma inovadora: com as edificações a ficarem apoiadas em 88 estacas ligadas entre si por arcos de alvenaria de tijolo. Décadas mais tarde, realizaram-se obras de requalificação, que terminaram em 1998. Na nave nascente podem-se encontrar todos os produtos hortícolas, fruta e talhos, ficando a nave poente com o comércio de peixe e mariscos. Ao redor destas duas naves, foram também criados vários espaços comerciais que muito têm ajudado a desenvolver e potenciar os negócios existentes .
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ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE PORTIMÃO CONTINUA A INVESTIR NA PROTEÇÃO CIVIL
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Pressão Positiva com capacidade de 96 mil m3/hora, um Balão de Iluminação para 1500m2, entre outros equipamentos de intervenção. A sessão solene além da bênção do novo veículo dos bombeiros pelo Pároco de Portimão, Padre Mário de Sousa, incluiu ainda a assinatura de dois contratos-programa no
urante a tarde do dia 29 de julho foi possível observar-se, na praça 1.º de maio, parte do investimento realizado pelo Município de Portimão na área da Proteção Civil, dando a conhecer aos Munícipes os meios técnicos adquiridos para a proteção e socorro. Entre diversos equipamentos e veículos adquiridos para o Corpo de Bombeiros de Portimão, destacou-se a inauguração e bênção do novo Veículo Tanque Tático Florestal (VTTF), que vem reforçar os meios técnicos para combate a incêndios florestais, tendo este veículo a particularidade de minimizar os tempos de reabastecimento dos veículos de combate, que habitualmente estão na linha da frente. Ainda foi possível constatar na pequena demonstração prática promovida pelos Bombeiros, que além da intervenção em espaços naturais face à sua capacidade tática, e uma vez que está dotado de duplo agente extintor (água e espuma) a sua versatilidade assegura ainda a intervenção em incêndios industriais e acidentes envolvendo matérias perigosas. Os Bombeiros de Portimão foram ainda comtemplados com Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Florestais para os mais de 100 operacionais em atividade no quadro de pessoal e EPI Urbanos para os 17 novos Bombeiros, tudo entregue pela Presidente da Câmara antes do início da Fase Charlie, período crítico no que concerne à defesa da floresta contra incêndios. A somar a estes equipamentos expostos, indispensáveis para a segurança das Mulheres e Homens que diariamente dão o seu melhor, pôde-se observar ainda no conjunto de investimento, uma Ambulância, um Veículo Especial de Combate a Incêndios, um Motoventilador de ALGARVE INFORMATIVO #19
âmbito da Proteção Civil, um dos quais com a Delegação de Portimão da Cruz Vermelha Portuguesa, no valor de 25 mil euros e outro com o Agrupamento de Portimão do Corpo Nacional de Escutas no valor de cinco mil euros. A Presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, salientou a necessária priorização de investimento nas áreas da segurança, entre as quais a proteção civil, uma vez que, enquanto destino turístico, é necessário garantir uma resposta adequada e que acompanhe as eventuais necessidades operacionais neste âmbito. Referiu ainda que pretende «prestar contas» no próximo mês de Outubro aos Portimonenses em relação ao destino da verba referente à Taxa Municipal de Proteção Civil . 44
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PLANO MUNICIPAL DE ACESSIBILIDADES CHEGA AO CORAÇÃO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL
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acessível dá continuidade ao Plano Municipal de Promoção de Acessibilidades «São Brás Acessível para todos», que procura gradualmente eliminar todas as barreiras, para que São Brás de Alportel seja, verdadeiramente uma terra acessível para todos. Esta intervenção integrou a 6ª e derradeira fase do projeto de Reabilitação e Calcetamento do Centro Histórico e teve por objetivo facilitar o acesso à zona de espetáculos da Verbena, o mais emblemático espaço cultural ao ar livre, com forte expressão na História de São Brás de Alportel e nas memórias de gerações de sãobrasenses. A promoção da acessibilidade constitui um elemento fundamental na qualidade de vida dos são-brasenses e é assumida como linha mestra nos novos projetos e obras em execução. Esta preocupação, defendida no Plano «São Brás Acessível para Todos», pretende, de forma gradual, contribuir, para um município cada vez mais acessível, onde todos os munícipes e turistas possam participar e disfrutar destes espaços históricos de forte dinâmica cultural .
emblemático Jardim da Verbena, no coração do Centro Histórico de São Brás de Alportel, já pode ser visitado por todos, sem excluir os cidadãos com mobilidade reduzida, que podem agora aceder a este bonito jardim barroco, mediante a criação de uma entrada e de um circuito acessível. A implementação deste circuito
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SÃO BRÁS DE ALPORTEL INTEGRA REDE NACIONAL DE POSTOS DE EMERGÊNCIA MÉDICA
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umprindo um objetivo pelo qual há muito lutavam os bombeiros voluntários são-brasenses, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel recebeu, no dia 28 de julho, a ambulância INEM que assegurará a constituição do tão desejado Posto de Emergência Médica
(PEM). Com a assinatura do protocolo de colaboração entre a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel e o Instituto Nacional de Emergência Médica, INEM, o Quartel de Bombeiros de São Brás de Alportel, que até agora detinha apenas um posto de reserva PEM – Posto de Emergência Médica, passa a integrar em pleno a Rede Nacional de Postos de Emergência Médica, o que representa uma melhoria muito significativa na capacidade de prestação de socorro à comunidade. A criação deste posto de emergência médica em São Brás de Alportel, com viatura INEM em ALGARVE INFORMATIVO #19
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permanência no Quartel, tem por missão assegurar a deslocação rápida de uma tripulação com formação em técnicas de emergência médica ao local da ocorrência, no mínimo tempo possível, e em articulação com outros meios de emergência hospitalar. Graças à contratação de dois novos bombeiros profissionais, que vão passar a integrar a corporação sãobrasense, todos os turnos deste serviço vão passar a ser assegurados por bombeiros profissionais da Associação Humanitária de Bombeiros de São Brás de Alportel. Na Cerimónia que teve lugar em Lisboa estiveram presentes, em representação da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel, o Presidente da Direção, Acácio Martins, o Comandante do Corpo de Bombeiros Vítor Martins, bem como o Vice-presidente Amável Sousa, a Diretora Financeira Custódia Reis e um elemento do Corpo de Bombeiros. “Este é mais um importante momento para o nosso concelho, que vê o trabalho desenvolvido pela nossa corporação de Bombeiros ser grandemente reconhecido, ao integrar a Rede Nacional de Postos de Emergência Médica, motivo de enorme orgulho para a autarquia e comunidade são-brasenses que passam a usufruir de um melhor serviço em situações de emergência”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal, Vítor Guerreiro, que presenciou a chegada da viatura ao Quartel .
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WALLKIN’ SAGRES VENCEU AWARDS NATURAL.PT
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Walkin´Sagres, empresa de passeios pedestres guiados sediada no concelho de Vila do Bispo, conquistou o primeiro lugar no concurso «Awards Natural.PT», da marca Natural.PT, que visa o reconhecimento de boas práticas em iniciativas
que promovam um desenvolvimento sustentável na Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP). Ana Carla Cabrita, natural de Sagres, é a criadora e Guia de Natureza do projeto «Walkin´Sagres», que visa a sustentabilidade e um desenvolvimento que não coloque em causa os valores naturais e culturais desta área protegida, onde para o efeito trabalha apenas com grupos pequenos, oferecendo um produto personalizado. Premiar e reconhecer boas práticas em iniciativas, implementadas na RNAP, que
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promovam o desenvolvimento sustentável das áreas protegidas, alertando e consciencializando a Sociedade Civil para a importância do desenvolvimento numa ótica de equilíbrio ambiental, económico e social; dar visibilidade às entidades, empresas, pessoas e/ou instituições que identificaram uma oportunidade nas áreas protegidas e que atuaram positivamente na construção do desenvolvimento sustentável; envolver os jovens, tanto a nível individual como a nível associativo, condicionando os seus comportamentos e atitudes, adotando e criando práticas sustentáveis e reforçar a sustentabilidade com vista a uma repercussão positiva no comportamento dos cidadãos e decisores em geral, fazendo da inovação e eficácia um caminho para a sustentabilidade são os objetivos desta iniciativa, À «Walkin´Sagres» foram reconhecidos todos estes valores e o seu bom desempenho na divulgação de boas práticas na área do Turismo de Natureza. Este concurso foi uma iniciativa do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE), através do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., com o apoio da WWF Portugal e financiado pelo EEA Grants .
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