ALGARVE INFORMATIVO #23

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IRIS lançam «Ao Acaso» Mulheres dão cartas no ciclismo

Faro vibrou com mais um Festival F Adeptos do perceve rumaram a Vila do INFORMATIVO Bispo #23 ALGARVE 1


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#23 SUMÁRIO

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FARO VIBROU COM FESTIVAL F

FESTIVAL DO PERCEVE

MULHERES NO CICLISMO

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IRIS LANÇAM «AO ACASO»

Algarve Informativo #23 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Foto de capa: André Nunes Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 As notícias que marcam o algarve em algarveinformativo.blogspot.pt

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OPINIÃO

FOI-SE A SILLY SEASON. TEMOS O ALGARVE SÓ PARA NÓS!!! DANIEL PINA Jornalista

(…) Chegou ao fim mais uma temporada da rabugice dos ricos na aparência mas pobres na carteira, mas temos à mesma o sol e as temperaturas agradáveis, as praias, a serra, as aldeias típicas, os centros históricos, agora tudo só para nós. Realmente, as noites durante a semana estão mais pacatas com o encerramento dos espaços de Verão, mas continuamos a ter bares e discotecas e eventos culturais de qualidade promovidos pelas associações locais ou pelas autarquias (…)

verdade. Como que num truque de magia, já se consegue ir fazer comprar sossegado aos supermercados, já não há confusões desmedidas na EN125 nem acidentes todos os dias, pelo menos daqueles que abrem os noticiários da noite, já não temos tias a dar à língua a noite toda nas escadas dos prédios, ou ao telemóvel na varanda, como se ali não vivesse mais ninguém, e alguns deles, coitados, até nem sequer estão de férias e têm que ir trabalhar no dia seguinte. Acabou o mês de agosto e foram-se os turistas embora. Houve anos em que este fenómeno deixava os empresários algarvios desgostosos, de lágrimas nos olhos, ao verem partir as suas galinhas de ovos-deouro. Hoje, já não é assim. Claro que os clientes são sempre bem-vindos nos cafés e restaurantes, mas convém que deixem algum dinheiro quando se vão embora. Como, de há uns anos para cá, os clientes só trazem queixas, reclamações e dores de cabeça para os proprietários dos espaços e seus funcionários, a mossa do final de agosto já não é tão dura como antigamente. Se calhar queixam-se mais os gerentes dos supermercados pela queda das vendas, mas baixam no Algarve e aumentam noutras lojas do mesmo grupo noutro ponto qualquer do país, portanto, o dinheiro vai ter todo ao mesmo sítio. Chegou ao fim mais uma temporada da rabugice dos ricos na aparência mas pobres na carteira, mas temos à mesma o sol e as temperaturas agradáveis, as praias, a serra, as aldeias típicas, os centros históricos, agora tudo só para nós. Realmente, as noites durante a semana estão mais pacatas com o encerramento dos espaços de Verão, mas continuamos a ter bares e

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discotecas e eventos culturais de qualidade promovidos pelas associações locais ou pelas autarquias. Disso é exemplo o Festival F, que acontece este fim de semana em Faro, e com um cartaz até superior a alguns dos festivais que se realizaram em agosto. Portanto, não temos grandes razões para lamentos. Podemos até dizer que começa agora o nosso Verão, já podemos ir à praia ao fim de semana com a família em paz, podemos passear à noite sem andarmos aos encontrões ou com receio dos «artistas» que também vieram para o Algarve em agosto, esses não de férias, mas atrás dos turistas distraídos, que deixam as malas à vista nos carros, ou as carteiras largadas nas mesas dos cafés e restaurantes. Foi-se a chamada «silly season», termo que algum cronista social se lembrou de inventar há uns anos e que pegou. Infelizmente, saímos de uma e entramos noutra, desta vez uma «silly season» política, com as Legislativas ao virar da esquina e cada candidato a Primeiro-ministro a dizer de sua justiça. Coitados dos portugueses, mal acabaram as férias e já temos que apanhar com os discursos dos políticos, que nos voltam a lembrar a crise em que vivemos. Uns prometem isto, outros prometem aquilo, uns prometem coisas que sempre defenderam, outros prometem coisas que repudiavam na semana passada, enfim, é a tal «silly season» de fato e gravata, comícios e debates televisivos. Mas isso fica para outro desabafo .

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REPORTAGEM

FARO VIBROU COM MAIS UM FESTIVAL F

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REPORTAGEM

A cidade de Faro recebeu, no fim de semana de 4 e 5 de setembro, a segunda edição do Festival F, um evento que respira muito mais do que música pois, a par das excelentes bandas e artistas nacionais que subiram aos sete palcos, as ruas da Cidade Velha da capital algarvia encheram-se de artesanato, artes plásticas, literatura, stand-up comedy e até petiscos pela noite dentro. Aliciantes mais que suficientes para atrair a Faro milhares de portugueses, mas também imensos espanhóis, provando, de forma inequívoca, que o Algarve não é só agosto e o resto do ano é uma longa pasmaceira. Texto e fotografia: Daniel Pina

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REPORTAGEM

António Zambujo

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gosto já lá vai e, com ele, os turistas estrangeiros que vêm para o Algarve em busca das paradisíacas praias e da excelente animação noturna. De regresso a casa estão também os milhares de portugueses que elegem esse mês para as suas merecidas férias. Tal não significa que o Algarve entre num período de pausa e que nada aconteça de relevante depois de terminado o mês de agosto, e nem foi preciso esperar muito para comprovar esse facto. Logo a abrir setembro, nos dias 4 e 5, Faro foi o centro das atenções com a segunda edição do Festival F, uma organização do Teatro das Figuras que se espalhou por sete palcos – Muralhas, Afonso III, Quintalão, Museu, Castelo, Fábrica da Cerveja e Q Espaço Cultural. Música houve para todos os gostos, com António Zambujo, David Fonseca, Diogo Piçarra, Linda Martini, Márcia, Mónica Ferraz, Moullinez, Paus, Norberto Lobo, Filho da Mãe, Xinobi, João Lum e The Miranda’s, no primeiro dia do festival, e Deolinda, Carlão, Manel Cruz, Rita Redshoes, Virgem Suta, We Trust, D’Alva, Sara Paço,

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Mazgani, Peixe, Riot, OrBlua e Mopho, no segundo dia. A literatura também não foi esquecida, com tertúlias com os autores Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz, Dulce Maria Cardoso e Sandro William Junqueira, mas marcaram igualmente presença o artesanato, street food, demonstrações gastronómicas, artes plásticas, cinema ao ar livre, stand-up comedy com Dário Guerreiro (Môce dum Cabréste), Diogo Abreu, Pedro Sousa, Paulo Almeida, Manuel Cardoso e Pedro Teixeira da Mota e uma animação de rua constante. Ou seja, a partir do pôr-do-sol, nas noites de sexta e sábado, algo de interessante estava a acontecer a qualquer momento e em todos os locais da Cidade Velha. “Decidimos apostar neste evento em 2014 e a adesão do público foi fantástica, os dois dias do festival estiveram esgotados. Este ano, o recinto está maior e melhor preparado para receber, em conforto, todos aqueles que nos vierem visitar e é um festival ideal para que as famílias possam passear descontraidamente e desfrutar da Cidade Velha”, descreve Paulo Santos, vicepresidente da Câmara Municipal de Faro.

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REPORTAGEM

Norberto Lobo

Um festival que, conforme referido, não era só de música e, ao excelente cartaz de artistas e bandas nacionais, juntou-se um festival de street food, com mais de 20 pontos onde as pessoas podiam comer pela noite dentro. Cerca de 30 artistas plásticos expuseram os seus trabalhos na Fábrica da Cerveja, na Adega do Castelo e na Galeria Trem, houve stand-up comedy, cinema ao ar livre, artesanato, tertúlias literárias com Valter Hugo Mãe, Dulce Maria Cardoso, Afonso Cruz e Sandro William Junqueira, até um espaço dedicado às crianças. “É, realmente, uma oferta bastante mais diversificada e forte do que tivemos na primeira edição”, destaca o responsável pelo pelouro da Cultura. Um evento de grande impacto que nasceu na capital algarvia numa época de crise, a sempre tão badalada crise, e numa altura do ano em que proliferam festivais de música um pouco por toda a região, mas o Festival F pretendeu, desde logo, marcar a diferença. “Foi uma reação natural da autarquia àquilo em que a Cidade Velha se transformou ao longo dos últimos anos. Como grande parte dos centros das cidades, estava despovoada, não tinha uma vivência diária, fosse de turistas ou dos próprios residentes, mas, fruto da dinâmica privada, abriram uma série de espaços no passado recente, nomeadamente restaurantes e bares”,

Diogo Piçarra 11

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REPORTAGEM João Lum

reconhece Paulo Santos, daí que o executivo municipal tenha decidido dar, na medida das suas possibilidades, um impulso a este renascer da Cidade Velha. Acontecendo no primeiro fim de semana de setembro, o Festival F acaba por ser um dos últimos festivais do quente Verão algarvio, mas com características diferentes e diversos aliciantes. “As pessoas normalmente pensam que o Algarve fechou para balanço no fim de agosto e que só volta a abrir portas no Natal, Reveillon e Páscoa. Nós fazemos uma aposta forte no Verão, mas queremos que a atividade cultural se prolongue de forma equilibrada nos 12 meses do ano”, frisa Paulo Santos, adiantando que a presente edição do Festival F é uma organização do Teatro das Figuras, que assim sai fora de portas e procura cativar outros públicos para a sua vasta programação anual. “Ao fim de uma década de existência, 2015 está a ser o melhor ano em termos de adesão do público aos eventos realizados no Teatro das Figuras. A crise é real, as dificuldades existem, as pessoas escolhem o que entendem ser as melhores ofertas culturais e penso, modéstia à parte, que o Festival F se encontra nesse patamar”, salienta o responsável autárquico.

The Miranda’s

UM PALCO À ALTURA DA MÚSICA PORTUGUESA Outra marca registada do Festival F é apresentar apenas artistas e bandas nacionais, reflexo do excelente momento de criação artística que a música portuguesa atravessa atualmente. “A música nacional deve ser acarinhada e consumida pelos portugueses,

Linda Martini

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REPORTAGEM

Dário Guerreiro

estão a nascer inúmeros projetos de imensa qualidade, e considerámos que devíamos criar um palco digno onde se pudessem apresentar e mostrar o que fazem ao grande público. Temos aqui projetos mais intimistas, artistas emergentes e nomes consagrados”, aponta Paulo Santos. Ora, tratando-se de bandas nacionais, que cantam em português, num evento fora da época alta do turismo algarvio, a ideia inicial era atrair sobretudo os residentes ou alguns portugueses ainda de férias na região, mas o vice-presidente da Câmara Municipal de Faro esclarece que o Festival F afirmou-se logo como um evento de dimensão nacional e que chama público mesmo do outro lado da fronteira. “É fácil ver quem compra os bilhetes e notamos imensos espanhóis, que são um público muito conhecedor e apreciador da música portuguesa. Depois, temos preços bastante simpáticos para um evento desta natureza, pelo que as expetativas iniciais foram amplamente suplantadas”, refere, satisfeito. E num elenco recheado de estrelas, é gratificante encontrar um cabeça de cartaz da casa, o farense Diogo Piçarra, mas mais artistas e bandas do Algarve passaram pelos vários 13

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REPORTAGEM Márcia

tempos de crise, afirmam que se devem restringir as despesas ao máximo e que a cultura e a animação são produtos supérfluos e efémeros. “Grande parte dos eventos que acontecem no concelho são dinamizados pelo setor associativo e a câmara municipal dá o devido apoio, financeiro ou logístico. Aqueles que são diretamente lançados pelo Município, como foi o «Alameda Beer Festival» no início do Verão e agora o Festival F, são organizados com o compromisso de serem equilibrados e de não representarem nenhum custo para o erário público e para os impostos que todos nós pagamos. Não queremos ganhar dinheiro com a cultura, mas também não podemos correr o risco de ter despesas acrescidas com estes eventos e isso tem sido conseguido”, garante Paulo Santos. E mais tempo não havia para conversas, porque Diogo Piçarra preparava-se para subir ao Palco Muralhas e, num ápice, instalou-se a loucura na assistência. Por isso, gravador para a mochila, era tempo de pegar na máquina fotográfica e, entre um clique e outro, apreciar também o que de melhor a música portuguesa tem para oferecer, sem necessidade de percorrer dezenas de quilómetros em direção a Lisboa, mas aqui logo ao virar da esquina, em Faro, capital do nosso Algarve .

Moullinex

palcos do Festival F, indica Paulo Santos. “O ano passado tivemos um palco específico só para as bandas de Faro mas optamos, nesta edição, por espalhar os artistas da região pelos sete palcos. Temos o Diogo Piçarra no Palco Muralhas, o João Lum e os OrBlua no Palco Afonso III, os Mopho no Palco Quintalão, e ninguém está cá por favor, mas por mérito próprio e pela qualidade que as bandas do Algarve cada vez mais ostentam”, frisa o entrevistado. O Festival F é, então, uma aposta ganha logo na segunda edição, contrariando aqueles que, em

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REPORTAGEM

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REPORTAGEM

VILA DO BISPO É CAPITAL DO PERCEVE Famosa pelas suas praias paradisíacas e pela Fortaleza de Sagres, destino de eleição dos praticantes de surf e windsurf e dos apaixonados da observação de aves, Vila do Bispo é também riquíssima em termos gastronómicos, sendo mesma considerada a capital do perceve. E no primeiro fim de semana de setembro, antes do defeso da apanha desta iguaria, o concelho da costa vicentina é palco do Festival do Perceve, uma organização da Associação de Marisqueiros de Vila do Bispo e da autarquia local que vai na sua quarta edição. Texto e fotografia: Daniel Pina

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REPORTAGEM

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elo quarto ano consecutivo, Vila do Bispo recebeu o Festival do Perceve, nos dias 4, 5 e 6 de setembro, e muitos foram os residentes e turistas estrangeiros que acorreram ao Pavilhão da Escola E.B.2,3 de S. Vicente para se deliciarem com os sabores do mar. Isto porque, para além deste ícone de Vila do Bispo, da ementa faziam parte também mexilhões, burgaus, lapas, papas de xerém, entre outros petiscos capazes de saciar os gostos dos mais exigentes. Para acompanhar a petiscada, o evento contou igualmente com bastante animação musical, com «Albuhera», João Paulo Cavaco, «Vozes do Sul», Xico Barata e «Banda Alhada». Numa roda-viva pelo recinto andava Paulo Barata, presidente da Associação dos Marisqueiros de Vila do Bispo, entidade organizadora do evento em parceria com a Câmara Municipal de Vila do Bispo. “É o quarto ano que levamos a cabo este festival com o intuito de promover o concelho e o perceve é o modo de subsistência de uma pequena comunidade de marisqueiros que faz disto a sua vida, seja a tempo inteiro ou parcial. O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da

Paulo Barata e Adelino Soares

Costa Vicentina emite cerca de 80 licenças e, dessas, 80 por cento são de nossos sócios”, indica o dirigente, confirmando que o festival recebe a visita de muitos espanhóis, mas também de turistas de outras nacionalidades que escolhem esta altura do ano para gozar as suas férias nas redondezas, precisamente para virem ao Festival do Perceve. Uma boa afluência que se verificou logo no primeiro dia e o segundo ia no bom caminho, sinal de que o perceve tem, de facto, muitos apreciadores. No entanto, não é um produto de fácil apanha, garante Paulo Barata, que critica sobretudo o chamado período de «defeso», que decorre entre 15 de setembro e 15 de dezembro. “Não estamos contra ele, pensamos é que devia ser melhor gerido, porque são três meses em que não podemos operar. Depois, abre a época a 15 de dezembro, mas só se pode apanhar 10 quilos até 1 de março e, após essa data, o volume sobe para os 15 quilos. São pormenores que tornam a vida complicada destes homens e mulheres”, assume o entrevistado a sua

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REPORTAGEM

preocupação, apesar de se estar em ambiente de festa. Para tentar facilitar a vida dos marisqueiros, a associação e a autarquia tentam promover ao máximo o perceve no âmbito deste evento para que sejam os apreciadores a deslocarem-se ao concelho de Vila do Bispo para o consumirem, ao invés de serem os marisqueiros a levarem-no para Portimão, Faro, Lisboa ou para a vizinha Espanha. Quanto às restrições legais à apanha, os governantes justificam-na com o período da desova, mas Paulo Barata esclarece que essa até acontece mais cedo. “Depois, em 2014, o mar esteve razoavelmente bom mas veio o Tufão Hércules e arrancou os perceves todos da pedra. Foi uma calamidade completa, não houve proteção nenhuma, o mar arrancou as espinhas todas”, recorda, acrescentando que se trata de uma profissão de alto-risco. “Cada vez que vamos para o mar andamos no limite, seja pendurados por cordas ou a descer as falésias por corda. Temos que estar

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REPORTAGEM sempre com um olho no mar, fugimos para cima, descemos outra vez, escorregamos, caímos, é bastante arriscado”. Riscos elevados que nem sempre compensam, tudo dependendo do mar e das marés, de maneira que podem apanhar um ou dois quilos de perceves ou virem de mãos a abanar. “O mar faz o seu próprio «defeso». Há semanas em que podemos ir apanhar todos os dias, depois, ficamos duas ou três semanas em terra e se, no intervalo entre as marés mortas, o mar estiver muito bravo, não se consegue apanhar perceves. Ora, como todos temos contas para pagar, acabamos por correr mais riscos”, desabafa o dirigente, entendendo que esta situação podia ser evitada se todo o processo fosse controlado pela Associação de Marisqueiros de Vila do Bispo. Riscos que se tornaram evidentes para a generalidade da população quando a associação decidiu produzir um filme sobre a vida destes homens, mas Paulo Barata nota que, apesar de tudo, há malta nova a entrar para o setor, talvez

porque as dificuldades em arranjar outro emprego sejam maiores. “Pedem licença da Direção Geral das Pescas e do Parque e passam a fazer vida disto”, indica, o que não significa que depois consigam ter sucesso nesta atividade. “Eu sou o único descendente de marisqueiros aqui da zona, são quatro gerações, e fui aprendendo com o meu pai ao longo dos anos”. Quem também é grande adepto de perceves é o presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares. “Somos a capital do perceve e o produto é comercializado todo o ano no concelho, com exceção feita ao período de «defeso». O festival tem tido uma adesão crescente e promove bastante o nosso principal marisco”, observa o autarca, confirmando o importante apoio dado à organização. “Trabalhamos para criar condições para que todas as associações e coletividades do concelho possam desenvolver as suas atividades. Este festival, para além de ser uma fonte de receita para a Associação dos Marisqueiros de Vila do Bispo, é igualmente

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REPORTAGEM uma forma de divulgar um produto que é ganha-pão de cada um deles”. Adelino Soares reconhece igualmente o forte peso no concelho desta atividade secular que tem passado de pais para filhos por gerações a fio. “Para muitas famílias, a apanha é o seu único sustento e o maior entrave é, realmente, o «defeso». Já foi demonstrado pela Universidade de Évora e também estamos a elaborar estudos científicos que comprovam que a desova não acontece apenas neste período, sucede em vários momentos no decurso do ano e é nessas alturas que se deve ter maior atenção”, defende. “Estes três meses sem apanha do perceve não são bons para a restauração, para o comércio local, para estas famílias, e prejudica igualmente a promoção turística do concelho. Estamos à espera que o novo governo entre em funções para que se mude, de uma vez por todas, esta situação irracional”.

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Quanto ao futuro do evento, o presidente de câmara adianta que não há grande margem de manobra para crescer, por falta de capacidade para responder depois a tanta procura de perceve, face às limitações colocadas à sua apanha. “Aliás, estamos no segundo dia e desconfio que, amanhã, já não vai haver mais perceves para vender ao público, o que atesta o sucesso do festival”, finaliza Adelino Soares .

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OPINIÃO

MAIS UM ANO… LETIVO

PAULO CUNHA

(…) Não havendo preço para um filho, não há nenhuma instituição bancária em nenhuma parte de mundo que valha tanto quanto uma escola cheia de alunos. Tal como num depósito à ordem, esperamos que volvido um ano letivo o nosso maior investimento renda, em conhecimento e saber, os juros devidos por lá os ter colocado. E é na soma destes investimentos individuais que obteremos o PIEC (Produto Interno Educacional e Cultural) que nos colocará - ou não - nos países mais desenvolvidos (…)

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inda vazias de alunos, a sua única razão de ser e existir, as escolas de Portugal preparam-se para, mais uma vez, se verem conquistadas e povoadas pelo nosso maior tesouro nacional: os nossos filhos. É inquestionável que os nossos descendentes são a nossa principal riqueza! Riqueza que, grande parte do dia, é colocada à guarda, gestão e investimento da instituição «Escola». É lá, para o bem e para o mal, que vão passar as várias fases do seu crescimento enquanto indivíduos e seres sociais. Não havendo preço para um filho, não há nenhuma instituição bancária em nenhuma parte de mundo que valha tanto quanto uma escola cheia de alunos. Tal como num depósito à ordem, esperamos que volvido um ano letivo o nosso maior investimento renda, em conhecimento e saber, os juros devidos por lá os ter colocado. E é na soma destes investimentos individuais que obteremos o PIEC (Produto Interno Educacional e Cultural) que nos colocará - ou não - nos países mais desenvolvidos. Desenvolvimento que, natural e consequentemente, trará riqueza, seja ela de que índole for. Parecendo esta ilação irrefutável, estranho constatar que, a reboque, instigada e obrigada por várias entidades bancárias comunitárias e internacionais, vemos a Educação de um país (que tem tudo para dar certo!) ser vilipendiada e sonegada em nome das Finanças e da Economia. Embora os políticos partidários não o queiram assumir publicamente, temos hoje um sistema educativo doente, onde as principais maleitas são sentidas por todos os seus intervenientes. Senão vejamos: - O desemprego e o emprego mal remunerado geram encarregados de educação sem tempo, paciência nem vontade para educar, ajudar e

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acompanhar os seus educandos; geram encarregados de educação revoltados contra tudo e contra todos; geram alunos agressivos, desinteressados e ausentes; geram alunos com necessidades educativas especiais totalmente entregues à boa vontade do reduzido número de técnicos especializados ao dispor; geram falta de condições e insegurança no espaço escolar por falta de assistentes operacionais; geram professores cansados, depressivos e desmotivados por terem de trabalhar por si e por todos os que se viram obrigados a se afastar do sistema de ensino; geram professores sem expetativa de um futuro melhor nem a recompensa devida pelo trabalho de uma vida; geram professores revoltados contra a obrigação de ter que cumprir programas inadequados, de ter que realizar exames de recuperação a alunos que não querem aprender, e de ter que executar um excessivo volume de trabalho burocrático, tudo para minorar os custos da reprovação dos alunos; gera grandes níveis de ansiedade, exaustão emocional e stress ocupacional, o facto de grande parte dos professores não poderem planificar a sua vida familiar para além da duração dos contratos e das diferentes zonas do país onde ficam colocados; geram cargas horárias excessivas e turmas sobrelotadas; enfim geram o que está vista de todos os que sabem e querem ver… Portanto, por muito que se queira remediar pela base, é no topo que está o segredo para que a Educação possa vir a ter o investimento que o betão e o alcatrão tiveram nas últimas décadas em Portugal. Investimentos esses que serão pagos por todos aqueles que hoje padecem do atual estado da Educação. Incongruências da vida que escolhemos para este país… .

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OPINIÃO CRÓNICAS DOS EMERGENTES *

CAPITULO 1 COELHOS SOVIÉTICOS (…) comecei então a notar que existiam, de facto, dois lestes. O Leste pós-Soviético da Europa Central e o Leste pós-Soviético... no Leste! O Joseph tirou a cassete para fora do leitor. Ficou mal disposto com a conversa. E começou a falar do Leste na língua dele, ao que fui tentando perceber o melhor que pude (…)

EDGAR PRATES

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inutos antes do comboio Euro-City entrar na Eslováquia, chega o revisor acompanhado pela Polícia Militar. Não revistaram sacos nem fizeram perguntas. Só carimbaram os passaportes. Via-se uma paisagem diferente: a água do rio Danúbio corria em direção a Leste tao rápido como o nosso comboio. Chegou-se a Bratislava, a capital da Eslováquia. Sempre ouvi falar bastante desta cidade em Praga devido ao elevado número de Eslovacos que vive na República Checa. Saí do comboio para tirar umas fotografias à estação pitoresca. Parece que se viajou no tempo. Tudo ali fazia lembrar uma época que já não existe. Mas que era real. Não havia um único turista na estação. Estava calma. Foram todos dentro do comboio para Budapeste. Quando dou por mim, o Euro-City fecha as portas e inicia a marcha. Em Brno o comboio esteve parado quase 10 minutos. Na Eslováquia nem foram dois minutos. Não houve qualquer anúncio nos altifalantes ou o apitar típico do chefe da estação. Simplesmente partiu... corri atras do comboio a fazer gestos com as mãos, sem resultado. Segundos depois existia só o silêncio. Fiquei ali sozinho na estação central de comboios de Bratislava com a minha camara fotográfica na mão. Tentei explicar o sucedido ao chefe da estação, à polícia e aos empregados da estação, mas ninguém conseguiu compreender o meu problema. A comunicação era impossível. Não pude ligar para ninguém, nem para o meu telefone, porque estava tudo dentro da minha mala no comboio. Estava num País de cultura soviética, onde não existia livre circulação de bens ou pessoas como acontecia nas fronteiras da Europa Ocidental. Desloquei-me para o exterior e falei o mais simples possível para um taxista "Hotel Ibis Budapest prosim!" O homem era um gordo

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careca que educadamente me levou para o Hotel Íbis de Bratislava. Estacionámos em frente. - "Ne! Ne! Ibis Budapest!" - disse eu. O homem olha-me nos olhos e percebeu que afinal a viagem não terminara ali. - "Budapest! My God! My God! 1Km, 1 Euro!" - exclamava o homem em estado de pânico. - "Budapest" - confirmei. - "Budapest? Nhmm... Passport?" - perguntou. - "Ne. No passport. Euro-City Budapest... kaput!" respondi no melhor mix da língua Checo-EslovacaInglesa-Russa... - "My God! My God!" - explodiu o taxista em êxtase! Ele estava mais nervoso que eu, incrível. O homem acelerou no seu táxi Skoda de fabrico Checoslovaco, desrespeitando alguns sinais vermelhos e ultrapassando autocarros infringindo o traço contínuo. Praticamente tive um tour gratuito a alta velocidade na baixa de Bratislava de volta à estação. Ele saiu do táxi aos pulos, a falar ao telemóvel, foi pedir ao chefe da estação para ligarem ao maquinista para que parassem o comboio. Não houve hipótese. Poucos minutos depois ali veio ele cabisbaixo, pelas escadas da estação, com o peso na consciência por ter falhado esta missão que lhe foi confiada pelo emissário português em terras da Eslováquia! Mas levantou a cabeça e não desistiu. Sorriu e entrou no táxi. Prego a fundo! Este era o Joseph, o taxista mais prestável que já conheci na minha carreira internacional. O Joseph levou-me até um hotel nas imediações de Bratislava. Na receção encontrava-se uma rapariga eslovaca muito simpática, uma autêntica modelo que era capaz de rivalizar com a Marylin Monroe... e que 24


falava inglês! Finalmente podia comunicar. Vim a saber que a seleção portuguesa de futebol jogava em Bratislava nos próximos dias. A meio da conversa, chegam dois italianos bêbedos vindos de um bar qualquer acompanhados por duas eslovacas ainda mais lindas que a rececionista do hotel. Bratislava era um sítio diferente. - "Aqui em Bratislava não há muita riqueza económica, mas temos as raparigas mais lindas da Europa" - dizia orgulhosamente o Joseph, pelos lábios da rececionista que traduzia tudo o que ele dizia. É capaz de ter razão, tenho de lhe dar crédito. Partimos no táxi em direção à saída da cidade. Numa bomba de gasolina, o Joseph comprou de tudo: comida, bebida, tabaco e atestou o depósito de combustível. - "Foto câmara! Euro... kaput! Zero! Nula!" - disse eu no meu dialeto particular, tentando referir que não tinha nada comigo a não ser uma câmara fotográfica. O Joseph nem me ouviu, de uma só dentada quase engoliu toda a sanduíche de carne assada! O facto da presença de um forasteiro vindo de Portugal no seu táxi já lhe dava prestígio suficiente entre os colegas! Isso é que era importante! Ele falou com quase todos, esteve ao telefone uma meia hora, já estava a gabar-se de como sabe comunicar perfeitamente com o homem ocidental! Entretanto, eu estava meio confuso. Nunca mais se decidia o que se iria fazer. O homem fazia sinal com as mãos para esperarmos mais um pouco, comia e olhava a todo o segundo para o relógio. Até que finalmente o telemóvel dele tocou. Ele falou, fez uma pergunta e desligou. - "Budapest!" - gritou o Joseph ainda mais gordo e careca de tanto ter comido. E meteu prego a fundo no seu Skoda, deixando para trás o cheiro a borracha queimada. A certa altura eu já me estava a divertir com a situação. O Joseph era um taxista louco que conhecia bem os atalhos pelo meio dos campos. Mas não estávamos a ir para Budapeste... estávamos a ir para Nové Zamky, uma terra no interior da Eslováquia que fica muito perto da fronteira com a Hungria. O Euro-City acabara de parar aí, era a última estação antes de entrar na Hungria. Era a minha última chance de reaver a minha mala de viagem. A noite chegou e o Skoda não dava tréguas. - "Musika? Disko!" - exclama o Joseph e enfiou uma cassete para dentro do leitor do carro. O volume estava altíssimo. O homem estava a delirar com o som discoelectro dos anos 80, a abanar a cabeça e dar socos no volante, a curtir à brava! Realmente, aquilo fazia-me lembrar a batida que eu ouvia de manhã quando ia para a escola primária ao passar junto das paredes do clube noturno Túlipa, na esquina do Tribunal de Faro. Subitamente, vi-me a viajar no tempo. Lá fora, parecia anos 80 também. Era uma noite de Páscoa com lua cheia. Pude observar a paisagem campestre com camiões soviéticos estacionados à berma das estradas.

A arquitetura da Eslováquia parecia ser ainda mais medieval que a da República Checa. As aldeias eram pitorescas, com muitos animais. Não havia muitos carros nem gente nessa imensa zona rural. Só existiam... coelhos. Durante vários quilómetros centenas de coelhos atravessaram-se em frente do táxi aos pulos, de dentinhos de fora, pareciam estar a dançar a música da cassete do Joseph, nessa noite de Páscoa. Ali estavam eles, aos saltinhos, sem trabalhar, sem produzir, sem gerar riqueza, somente fechados no seu mundo, sem competir, vivendo um dia de cada vez, felizes com a chegada de um estrangeiro num táxi perdido. Os coelhos soviéticos davam-me as boas vindas . Vi uma placa na estrada a indicar um desvio para Kosice, o qual não tomámos, visto que íamos para Sudoeste e não para Nordeste. Kosice é a segunda maior cidade do país, fica no outro extremo da Eslováquia. Aí vivem outro tipo de eslovacos, alguns são mais escuros e de cabelos negros, uma raça de influência cigana e romena, que se mistura com outras raças eslávicas dessa região, como é o caso dos Rusin. Os meus colegas em Praga diziam-me que eram zonas muito perigosas para se visitar ou fazer negócio. Para um estrangeiro seria «o fim». Lembrei-me de perguntar ao Joseph como era a Roménia e a Ucrânia. Tentei o meu melhor «Eslovaquês»... - "Roménia, Ucrajina, dobry?" - perguntei. - "1 milion Euro! 1 milion Euro! Ne! Ne! Romania Ne! Ucrajina uuhhh Ne!" - ou seja... nem por um milhão de Euros o Joseph levaria alguém à Roménia ou à Ucrânia. E continuou a gesticular, dizendo que se lá entrasse com o carro, ficava sem ele, e sem a roupa e que o deixariam ali sem nada... Foi uma descrição bem particular dessa região. Comecei então a notar que existiam, de facto, dois lestes. O Leste pós-Soviético da Europa Central e o Leste pós-Soviético... no Leste! O Joseph tirou a cassete para fora do leitor. Ficou mal disposto com a conversa. E começou a falar do Leste na língua dele, ao que fui tentando perceber o melhor que pude. Referiu que na Roménia matavam os condutores dos camiões logo após passarem a fronteira, a qual supostamente cobrava altas quantias em dinheiro para deixar passar certa mercadoria. Na Jugoslávia não havia lei. Na Bulgária, só a zona costeira do mar Negro era agradável, porque no interior tinha que se andar armado e bem acompanhado para evitar ser assaltado. O Joseph estava arrepiado e furioso e quando chegou à descrição da Ucrânia, senti na sua expressão facial o ódio racista em relação aos Ucranianos, ilustrado com um forte murro no volante. Tive que mudar de assunto, a música até estava boa, pedi ao Joseph para meter a cassete outra vez... e lá animou o ambiente, o homem já dançava outra vez, comia batatas fritas e mandava o lixo todo pela janela… . * extraídas dos diários pessoais de Edgar Prates (continua) 25

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CÂMARA MUNICIPAL DE LAGOS APROVOU TAXAS PARA 2016

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Câmara Municipal de Lagos aprovou, no dia 2 de setembro, a proposta de fixação de taxas (IMI e IRS) para 2016, e de lançamento de uma derrama a cobrar no mesmo ano económico. No caso da derrama, trata-se de um imposto local autárquico que pode ser lançado anualmente pelos municípios, até ao limite máximo de 1,5% sobre o lucro tributável sujeito e não isento de imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas (IRC) com sede na área do Município. Nesta reunião pública foi aprovado o lançamento de uma derrama, a cobrar em 2016, aplicando a taxa de 1% às

empresas com volume de negócio igual ou inferior a 150 mil euros, como sinal de incentivo à economia local e a taxa de 1,5% sobre o lucro tributável, às empresas com volume de negócio superior a 150 mil euros, com sede na área do Município. Foi igualmente decidido que a receita arrecadada através desta derrama será destinada a dar continuidade à requalificação e reparação

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do parque habitacional municipal e a obras em parques infantis municipais. Outra das decisões tomadas refere-se à fixação da percentagem de participação variável no IRS dos sujeitos passivos com domicílio fiscal na respetiva circunscrição territorial, tendo sido aprovada a taxa de 5%, ou seja, o máximo previsto na Lei. Uma decisão à semelhança do que aconteceu em anos anteriores, não só em Lagos como na esmagadora maioria dos municípios do Algarve, no sentido de não abdicarem destas receitas, sob pena de agravarem a sua situação financeira e inviabilizarem os investimentos programados. O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) foi também objeto de deliberação pelo Executivo Municipal de Lagos, que fez aprovar a proposta de fixação das taxas em 0,8% e 0,39%, respetivamente para prédios rústicos e prédios urbanos avaliados no âmbito do CIMI (podendo esta redução ser compensada através de outras receitas). De salientar o esforço da Câmara em reduzir a taxa de IMI (de 0,40% para 0,39%) no sentido de tentar aliviar a carga fiscal dos lacobrigenses, numa altura em que a conjuntura económica e financeira das famílias continua difícil. Igualmente aprovada foi a proposta de majorações e minorações do IMI em termos idênticos ao passado, o que se traduz na manutenção das majorações (para o triplo) dos prédios devolutos (vazios ou desocupados) há mais de um ano e aos prédios em ruínas na Área de Reabilitação Urbana da Cidade de Lagos, bem

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como a aplicação de uma minoração de 30 por cento, aos imóveis intervencionados naquela Área e com licenças de utilização emitidas entre 1 de agosto de 2014 e 31 de maio de 2015, não abrangidos pela isenção de IMI. Todas estas decisões foram tomadas com base em estudos e informações apresentadas pela Unidade Técnico Financeira da autarquia e pela empresa municipal FUTURLAGOS. Também foi tida na ponderação da decisão, a necessidade de aumento da receita no âmbito do Plano de Apoio à Economia Local (PAEL) e respetivo Plano de Ajustamento Financeiro (PAF). Recorde-se que o Plano de Ajustamento Financeiro a que o Município está obrigado - e que serviu de suporte e fundamento à candidatura ao Plano de Apoio à Economia Local (PAEL), permitindo o acesso a meios financeiros extraordinários para pagamento das dívidas a fornecedores – determina a maximização das receitas, designadamente em matéria de impostos locais e taxas. Todas estas deliberações serão agora submetidas à aprovação da Assembleia Municipal .

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MUNICÍPIO DE LOULÉ REFORÇA COOPERAÇÃO COM APAV

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oão Lázaro, presidente da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), foi recebido na Câmara Municipal de Loulé, no dia 28 de agosto, para firmar uma adenda ao protocolo celebrado com a Câmara Municipal de Loulé, no sentido de reforçar a cooperação que existe entre as duas entidades no que respeita ao Gabinete de Apoio à Vítima de Loulé. Neste momento, o responsável da APAV atribuiu à Autarquia um «Certificado de Parceria» como reconhecimento e agradecimento pelo apoio prestado pela edilidade às vítimas de crime e de violência, seus familiares e amigos, contribuindo para a promoção dos direitos humanos e o desenvolvimento social. Recorde-se que o Gabinete de Apoio à Vítima de Loulé foi criado em abril de 2001, altura em

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que Vítor Aleixo, atual presidente da Autarquia, estava também à frente da Câmara Municipal de Loulé. Desde então, o Gabinete, a funcionar nas instalações da GNR de Loulé, tem tido um papel de grande relevância no contexto social concelhio, numa altura em que são cada vez mais os casos de violência de diversa índole. Numa estreita e permanente articulação entre a Câmara Municipal de Loulé e os seus serviços e a APAV, este Gabinete tem permitido desenvolver relações próximas e consistentes no seio da comunidade local, garantindo a máxima otimização de recursos disponíveis para dar uma melhor resposta às vítimas de crime na cidade e no Concelho de Loulé .

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13ª EDIÇÃO DO FESTIVAL DO BERBIGÃO ANIMA A FIGUEIRA

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13ª edição do Festival do Berbigão decorre no fim de semana de 12 e 13 de setembro, no Polidesportivo da Figueira, e promete levar milhares de pessoas a esta localidade da freguesia da Mexilhoeira Grande em Portimão. Este evento gastronómico aposta em pratos como massa de berbigão, arroz de berbigão, papas de berbigão, rissóis de berbigão ou berbigão ao natural, todos confecionados no local. A doçaria e a pastelaria local estão igualmente ao dispor, bem como outros comes e bebes, tudo a preços muito apelativos. O recinto do festival tem capacidade para cerca de 400 lugares sentados e irão ser preparadas cerca de duas toneladas de berbigão para fazer as delícias a mais de quatro mil pessoas que procuram um dos pratos mais genuínos e saborosos da gastronomia regional. Este bivalve saboroso tradicionalmente confecionado de uma forma simples surge neste certame sob as mais diversas formas, sempre tendo como base um

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pouco de azeite, um ramo de salsa ou coentros e um dente de alho. A música local garantirá o entretenimento para que toda a gente possa dançar, e no primeiro dia inclui as atuações do Duo Musical Ritmo Jovem e do espetáculo Tiago Neto e Paulo Fragoso, enquanto, no dia seguinte, após a atuação de João Paulo Cavaco, a música tradicional ficará a cargo do Grupo de Cantares Brasa Doirada com uma atuação de Cante Alentejano que promete encantar o público. A Figueira organiza há 13 anos consecutivos o Festival do Berbigão, em honra ao lugar especial que este molusco tem no seu coração, pois a apanha do berbigão na Ria de Alvor data bem para lá da antiguidade, tendo este negócio sustentado muitas famílias locais em tempos idos. O certame vai decorrer entre as 19h e a 01h e a entrada continua a custar três euros, com direito a um pires de berbigão, numa organização da Sociedade Recreativa Figueirense, com os apoios da Câmara Municipal de Portimão, Junta de Freguesia da Mexilhoeira Grande . 30


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SÃO BRÁS DE ALPORTEL ORGANIZOU MOSTRA DE PRODUTOS LOCAIS

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concelho de São Brás de Alportel recebeu, no dia 3 de setembro, um grupo de profissionais que se encontra em digressão pelo Algarve no âmbito da Fam Trip realizada em paralelo com o Festival Internacional SlowMed, um evento dedicado à cultura e gastronomia mediterrânicas, e integrado na Feira da Dieta Mediterrânica de Tavira. O grupo de visitantes, composto por agentes e promotores turísticos, chefs de cozinha, jornalistas, entre outros, teve a oportunidade de visitar o centro histórico de São Brás de Alportel, conhecer o património cultural edificado desta zona e ser ainda surpreendido com uma mostra de produtos e petiscos tradicionais no cenário idílico do Jardim da Verbena.

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Oriundos do Egito, Espanha, Itália, Líbano, Palestina e Portugal, os perto de 90 visitantes experimentaram os sabores da nossa cozinha e deliciaram-se com a qualidade da nossa doçaria, num encontro que proporcionou, acima de tudo, o cruzamento de culturas e experiências, e durante o qual foram desvendados os segredos que São Brás de Alportel reserva para quem visita o concelho. Para esta ação de promoção, a Câmara Municipal contou com a importante colaboração dos produtores locais na divulgação do nosso artesanato, doçaria e demais produtos regionais, elementos que comprovam a diversidade e riqueza da cultura algarvia, que manifesta fortes ligações à cultura do Mediterrâneo .

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IRIS LANÇAM «AO ACASO» Quase seis anos depois, os IRIS, do eterno Domingos Caetano, têm um novo álbum de originais no mercado, de nome «Ao Acaso», que será apresentado oficialmente aos algarvios a 7 de setembro, num espetáculo inserido nas comemorações do Dia do Município de Faro. A ALGARVE INFORMATIVO esteve à conversa com o irreverente cantor, músico, compositor e professor, antes de mais uma aula no Cinema Topázio, na Fuzeta, e constatou que a receita de sucesso destes dinossauros do rock continua cheia de vigor e indiferente à passagem dos anos. Texto: Daniel Pina / Fotografia: Sérgio Paulino e André Nunes

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epois de terem lançado «Sueste» em 2009, os IRIS têm um novo disco de originais, intitulado «Ao Acaso», o último de uma discografia que inclui ainda «Vão Dar Banhó Cão» (1995), «Iris» (1997), «Intuição» (1999), «Tá o Mar Fêto Num Cão» (2001), «A2 Sul» (2003) e «Iris ao vivo com Ensemble Petrov» (2007). Pode-se dizer que são poucos discos para uma banda que surgiu oficialmente em 1980, mas quem conhece Domingos Caetano sabe que o algarvio, daqueles mesmo de gema e de sotaque indisfarçável, nunca foi homem de pressas, de correr atrás da fama e do estrelato, de produzir discos a granel para vender milhares de cópias. É no palco que o cantor, músico e compositor e seus compinchas se sentem realizados, por isso, nunca tiveram problemas com longas tournés, por andar meses a fio na estrada a tocar os temas dos álbuns mais recentes. Depois, quando o momento era certo, juntavam-se em estúdio e nascia outro disco e o processo voltava a repetirse, num trajeto que conta já com 35 anos. Por isso, mesmo que a palavra possa não condizer

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com o espírito jovem da banda, os IRIS já não escapam ao rótulo de «dinossauros» do rock, para além de serem uma das poucas bandas algarvias que conseguiram, efetivamente, dar o salto, assinar com uma editora a nível nacional e atuar de norte a sul de Portugal, e alémfronteiras, de forma consistente e regular. À conversa no Cinema Topázio, na Fuzeta, a «casa» dos IRIS e da escola de música onde cresceram muitos dos membros da banda, Domingos Caetano revela que o mais recente trabalho discográfico surgiu mesmo ao acaso, no seu jeito característico de falar, sem rodeios ou meias-palavras. “Chegávamos ao estúdio, começávamos a tocar e deixávamos que saísse o que tinha que sair, não preparamos nada de antemão”, explica, acrescentando que, como é habitual, «Ao Acaso» tem duas versões de temas de outros artistas, o «Nuclear, Não Obrigado», de Lena d’Água e a Banda Atlântida, e o «Grândola Vila Morena», de Zeca Afonso. Disco que, salvo algum imprevisto de última hora, estará à venda no dia 8 de setembro, e Domingos Caetano faz questão de salientar este «salvo se» porque o trabalho já está concluído 36


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há dois anos e chegou a ser lançado nessa altura, contudo, um erro de produção obrigou a editora a recolher todos os exemplares do mercado. «Ao Acaso» que foi gravado no estúdio do Cinema Topázio e no estúdio de João Rato, em Lagoa, sendo depois lançado pela «Wassup Records», vai contando o mentor do projeto, enquanto ultima os pormenores para mais uma aula. “Isto funciona como uma família. Quando algum elemento sai da banda, há sempre um miúdo que sabe as músicas porque nos acompanha há bastante tempo e a substituição acontece com naturalidade. Eles vêm para a escola aprender música e são nossos fãs porque cresceram a ouvir os nossos temas, nunca lhes passou pela cabeça integrarem os IRIS e, de repente, estão connosco em cima do palco. Foi exatamente assim que aconteceu com o Alexandre, o nosso atual guitarrista, que entrou para o lugar do Rui Machado”, indica Domingos Caetano. Um discurso que não é apenas bonito de se dizer, aliás, politicamente correto é algo que o fuzetense nunca foi, mas este espírito de familiaridade é fundamental para Domingos Caetano e só assim é possível que os IRIS já andem por cá há mais de três décadas, num patamar de longevidade onde poucas bandas portugueses se orgulham de estar, casos dos Xutos & Pontapés, GNR, UHF e poucos mais. “Temos que ser todos amigos uns dos outros, porque passamos imenso tempo juntos nos espetáculos e em estúdio. Não foi fácil chegar aqui e continua a ser uma luta diária, porque o sistema não facilita a divulgação das músicas. Qualquer pessoa pode gravar um disco, o problema é a edição, a promoção e a distribuição”.

MÚSICA NÃO É SÓ DOS JOVENS Nascidos nos primeiros anos do Portugal Democrático, transitando de um período onde os músicos estavam praticamente amordaçados pela ditadura para um outro onde tudo podia ser cantado e tocado, Domingos Caetano revela que, atualmente, ainda sente mais gozo em interpretar os temas ditos mais revolucionários. “Hoje, mais do que nunca, é necessário a malta usar as cantigas como uma arma. Quando estou em

cima de um palco, tenho uns milhares de pessoas à minha frente e, com um microfone na mão, posso dizer muitas coisas. É preciso abrir os olhos às pessoas e sinto que tenho essa responsabilidade”, refere, pensativo, do alto dos seus quase 60 anos. Uma idade que, diga-se em abono da verdade, não se nota nas atuações e, às vezes, são os colegas mais novos que não têm pedalada para aguentar o ritmo do vocalista. “Há situações em que me dizem que o espetáculo já vai longo, que a malta está cansada. Eu, por mim, ficava ali a noite toda a cantar e tocar”. Ficava Domingos e, arriscamo-nos a dizer, ficava o público também, com a particularidade de haver na plateia várias gerações, o que agrada imenso ao entrevistado. “Temos os avôs, os filhos, os netos, é fantástico. No entanto, fico preocupado quando vejo televisão, parece que a música é propriedade dos jovens de carinha laroca e que os mais velhos já não podem fazer nada”, frisa, preocupado com os efeitos que programas de televisão na linha dos «Ídolos» têm nas novas gerações. “Quando chegam à escola com ideias de serem logo estrelas, mostro-lhes que o mais importante é o amor pelo instrumento. Se tocarem bem, têm hipótese de serem famosos, se tocarem mal… se calhar também podem ser famosos, agora já não interessa tanto o talento”, dispara, com uma risada, antes de assumir um tom mais sério. “Eu quero que eles se preocupem com a arte, com o tocar bem, com o serem bons músicos. O resto depois aparece”. Tiques de vedeta Domingos Caetano nunca teve e não é agora, com esta idade, que eles vão nascer certamente e é essa postura que tenta transmitir aos mais novos, seja nas aulas ou nas atuações ao vivo. “Estamos aqui na descontra, ensaiamos, fazemos espetáculos, e continuo a viver aqui na tranquilidade da Fuzeta. Sair do Algarve acabava comigo”, garante, da mesma maneira que andar num frenesim constante para produzir novas músicas e discos não encaixa bem com o seu feitio. “Quando terminamos este, como tinha saído tão bem, ainda pensámos em fazer logo outro, mas não temos tempo para isso. Aparecem os concertos e andar na estrada cansa uma pessoa, temos que abrandar um pouco o ritmo. Depois da próxima tournée, de

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acabarmos de promover o «Ao Acaso», paramos e logo pensamos noutro”, adianta. Tournées que são bastante preenchidas para os IRIS, porque os portugueses gostam de ouvir as algarviadas de Domingos Caetano e porque a música interpretada na língua de Camões está outra vez na moda. “Se eu quiser transmitir uma mensagem, se estiver irritado com alguém, se quiser escrever uma letra contra os políticos, tem que ser em português. Claro que é mais fácil fazer letras em inglês, podes dizer as piores asneiras que aquilo soa sempre bem. Escrever em português, encaixar a letra nas sílabas e na melodia, é mais complicado”, entende, adiantando que as letras dos IRIS já não são da sua exclusiva competência. “Todos dão o seu contributo e o Alexandre, por exemplo, fez um tema e é ele que o canta também. Os IRIS não são o Domingos Caetano, nem nunca assim foi. Trabalhamos em conjunto, eu dou a minha ideia, os outros dão as deles e, se elas forem mais válidas, são essas que seguimos”. Assim se compreende que, ao longo destas três décadas e meia, já muitos músicos passaram pelos IRIS e, quando decidiram seguir os seus próprios caminhos, saíram da banda mas não da família. A situação, como se adivinha, deixa Domingos Caetano feliz da vida e, num destes dias, quando participou no programa «A Voz de Lagoa», reencontrou seis antigos elementos dos

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IRIS. “Já formamos muitos músicos, todos eles bons, uns voltaram inclusive à banda depois de terem andado por outros projetos. Aliás, tenho o sonho de ainda fazer um álbum com eles todos”, desvenda.

FALTA PERSISTÊNCIA À MALTA NOVA A poucos dias da apresentação de «Ao Acaso» na capital algarvia, Domingos Caetano anda em pulgas, já se disse, é em cima do palco que se sente em casa, mesmo sabendo que a música não dá garantias de estabilidade financeira até àqueles que estão no ativo há tantos anos. “Vaise aguentando, mas é melhor ter qualquer coisa preparada para os períodos menos bons. Eu, felizmente, só estou ligado à música, mas temos aqui a escola e as aulas vão complementando um pouco o orçamento, de maneira a que me possa dedicar apenas aos IRIS. A Rockestra também continua no ativo, o «Feijão com Massa» é um grupo dedicado só à música tradicional e tenho igualmente o «Domingos & Amigos», onde faço uma viagem pelo rock português mais para curtir nos bares”, conta o entrevistado. Cinema Topázio que é um autêntico embrião, por assim dizer, de outros projetos musicais e, para além dos já referidos, há outro focado em temas de Zeca Afonso. Para tal, como é óbvio, é necessário abrir os horizontes e as mentes mais novas a outros estilos que não o tradicional pop/rock, outra tarefa desempenhada pelo professor Domingos Caetano. “Eu não obrigo ninguém a gostar, respeito os gostos de cada pessoa, mas mostro-lhes o que existe. Se vou fazer um espetáculo só com temas de Zeca Afonso e um aluno quer tocar nele, é lógico que vai

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ter que aprender essas músicas e, para isso, tem que as ouvir. Se não gostar, diz que não vai tocar, está no seu direito”, clarifica, confirmando que é nas atuações ao vivo que ainda se consegue ganhar algum dinheiro neste ramo. “Os Entre-Aspas foram os primeiros a conseguir um contrato a nível nacional, depois fomos nós e agora temos a Áurea e o Diogo Piçarra. Estamos limitados a estes produtos algarvios alémfronteiras, o resto são bandas caseiras”, lamenta. Todavia, Domingos Caetano considera que a pouca expansão das bandas algarvias não se deve ao facto dos principais estúdios de gravação e editoras estarem sediados em Lisboa. “A Fuzeta tem montes de bons artistas e eles sonham em ser grandes, em dar concertos nos principais palcos. Depois, como as coisas não acontecem conforme o plano que têm estipulado, desistem. Se não conseguem ser estrelas em três anos, vão-se dedicar à culinária”, observa, acrescentando que esse nunca foi o seu modo de encarar a vida. “Eu queria fazer isto e estava-me nas tintas se ia ser estrela ou não. Se aparecesse a hipótese de tocar em grandes palcos, tudo bem, se não aparecesse, continuava a tocar à

mesma. Se deixasse de tocar, então é que as oportunidades não surgiam de certeza. O que falta é persistência e amor à música”, considera, já a antever umas críticas dos colegas de profissão. “A maior parte dos músicos que andam por aí, não o fazem por amor à arte, mas sim ao estrelato”, desabafa. E Domingos avisa que não assinar por uma editora nacional não é motivo para baixar os braços porque, nos tempos modernos, qualquer pessoa produz a sua música em casa e divulga-a através da internet, do You Tube e das redes sociais, ferramentas que não passavam pela cabeça dos mais loucos visionários quando ele começou a tocar. Já de falta de apoios à cultura é que todos se podem continuar a queixar por muitos mais anos, antevê o entrevistado, que dá o exemplo da Rockestra. “É um projeto completamente original e sei que há concelhos no Alentejo que, se tivessem este material, tinham feito maravilhas com ele. Nós podíamos levar o nome de Olhão a todo o lado e, felizmente, o novo presidente de câmara (António Miguel Pina) é mais acessível a estas ideias. A Rockestra requer bastante apoio logístico e, sem ele, não vamos a lado nenhum, 39

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ENTREVISTA vamos ficando por aqui, como tem acontecido até à data”. Mas deixemos os aspetos negativos de lado, até porque Domingos Caetano não pode escrever apenas os tais temas de raiva, pois a Democracia em Portugal já viveu dias melhores. “Antes do 25 de abril, não podíamos dizer nada contra o sistema, a PIDE tratava logo de nós. Hoje, infelizmente, também temos as nossas bocas amordaçadas. Eles não nos prendem, mas não nos contratam, colocam-nos de lado, na prateleira, lixam-te”, dispara, esquecendo por momentos o tal discurso politicamente correto.

E como os alunos já estavam à espera em cima do palco do Cinema Topázio para ensaiar, era hora de arrepiar caminho e Domingos Caetano explica que «Ao Acaso» conta com letras de Jorge Revés, um amigo que gosta de escrever e que lhe vai enviando letras com regularidade para musicá-las. “São letras sem intenção de transmitir mensagens ocultas, é apenas a arte das palavras que ali está”, frisa, satisfeito por ver a banda cheia de energia. “Eu sou o mais velho, o Marinho (Marinho Pires) é moço do meu tempo, o Carlinhos (Carlos Guerreiro) anda ali pelo meio, mas o Alexandre Ponte tem 21 anos

“Tenho que ter cuidado com o que digo mas, às vezes, quando estou em cima do palco, descuido-me. Aquela raiva nasce dentro de mim e eu não consigo controlar-me. Uma vez estava a dizer umas coisas dessas e fui ameaçado, avisaram-me que, ou me calava, ou acabava logo o espetáculo. Porra, que liberdade é esta”, questiona.

e o Gustavo Gonçalves 22. Eles têm pica, sonhavam com isto, querem continuar, e eu sinto-me com a idade deles e a mesma vontade de trabalhar. Quando as forças faltarem, de certeza que os IRIS têm pernas para andarem sozinhos, mas ainda é cedo para pensar nisso”, garante Domingos Caetano, para gáudio dos milhares de fãs da banda da Fuzeta .

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REPORTAGEM

MULHERES DÃO CARTAS NO CICLISMO Depois de semanas a fio a ver na televisão a Volta a Portugal, a Vuelta a Espanha, o Giro d’Italia ou o Tour de France, fomos ver como anda o ciclismo por terras algarvias, uma região de grande tradição nesta modalidade e onde pontificam equipas com resultados de destaque nas principais competições nacionais e internacionais. Curiosamente, e talvez por ser um fenómeno menos comum em Portugal, as atenções recaíram quase de imediato na 5Quinas/Município de Albufeira, a única equipa exclusivamente feminina do pelotão lusitano, que deu as primeiras pedaladas em termos competitivos em 2015 mas já conquistou a admiração e os afetos dos adeptos do ciclismo de estrada. Entrevista: Daniel Pina

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REPORTAGEM

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participação de ambas as atletas na 5Quinas/Município de Albufeira Ouribike/Ouriquense e, após o nasceu da vontade de Orieta desaparecimento desta equipa, e antes que Oliveira e Celina Carpinteiro em cada uma fosse para seu lado, surgiu a ideia de reunir um conjunto de mulheres criar uma nova formação, com a particularidade com a paixão comum pelo de ser constituída apenas por mulheres. “Gosto ciclismo, com mais ou menos experiência muito de moda e design, sempre pensei em competitiva, para darem a conhecer o lado unir essas duas vertentes ao ciclismo e, como a feminino da modalidade e participarem em vida profissional do Eurico está ligada ao conjunto nas principais provas do calendário comércio de roupa para ciclismo, acreditava nacional. Inseridas na secção de ciclismo do que teríamos logo essa parte assegurada. Em Clube Desportivo Areias de São João, de Albufeira, os apoios necessários foram sendo angariados, as atletas convidadas para participar no projeto rapidamente deram resposta positiva e trouxeram amigas com elas e assim apareceu, no início de 2015, a primeira equipa de ciclismo exclusivamente feminina, constituída por Celina Carpinteiro, Irina Coelho, Ana Rita Vigário, Francielle Crestan, Liliana Jesus, Orieta Oliveira, Lisa Torpe, Ana Gaspar, Natália Mendes, Filomena Gomes, Natacha Cruz, Celina Carpinteiro e Orieta Oliveira são as mentoras do projeto Raquel Silva e Rafaela Portugal, o que existe são equipas mistas mas, Guia. conhecendo a realidade de outros países, tinha À frente da equipa estão duas mulheres com perfis competitivos distintos. Celina Carpinteiro, a certeza que o projeto poderia funcionar”, explica Orieta Oliveira. 35 anos, professora, começou no BTT aos 25, Outro desejo de Orieta era que a equipa fosse dois anos depois passou para o ciclismo de igualmente um porta-estandarte do concelho estrada, tem no seu palmarés várias Taças de de Albufeira e houve, de facto, uma grande Portugal das duas modalidades e já foi diversas recetividade do município em apoiar no que vezes campeã nacional de Maratonas, Crosspudesse. Depois, reunir as atletas foi fácil, Country e Ciclismo, sendo a atual Campeã Nacional de Maratonas e Vice-Campeã Nacional cativadas pela possibilidade de mostrar o lado feminino do ciclismo, e logo no primeiro ano de de Ciclismo. Por seu lado, Orieta Oliveira, 33 existência venceram a Taça de Portugal por anos, técnica de biblioteca, entrou para o equipas e tiveram pódios em todas as ciclismo por influência do companheiro Eurico categorias em que participaram. “Cada uma Gonçalves, da empresa 5Quinas, e começou a tem o seu próprio treinador e segue o seu praticar a modalidade mais a sério depois de plano de treinos, é raro conseguirmos conhecer Celina Carpinteiro, há dois anos. estarmos todas juntas, a não ser que sejam Pode-se dizer que a semente para a estágios oficiais para provas mais importantes. 5Quinas/Município de Albufeira brotou da

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Não queremos apenas encontrar-nos nas competições e depois cada uma ir para a sua casa, é importante fortalecer o espírito de grupo e conhecermo-nos melhor e, nesses estágios, rimos, brincamos, partilhamos alimentação, gostos, diferenças, e isso ajudanos a crescer enquanto equipa”, salienta Orieta. Outra prova da qualidade das atletas é que mais de metade já foram chamadas à seleção

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nacional, o que orgulha bastante a dupla. “As mais novas vêm do BTT, não tinham ainda um verdadeiro contato com a estrada, mas acho que é possível conciliar as duas modalidades e evoluírem como atletas. Quem sabe se, daqui a uns tempos, não temos algumas a disputar Taças do Mundo e Campeonatos da Europa e do Mundo”, indica Celina Carpinteiro, uma das mais experientes da formação de Albufeira. Treze elementos que não foi um número pré-definido ou planeado, garantem ambas, com um sorriso, simplesmente foram aparecendo mais atletas com vontade de abraçar o projeto. “Somos praticamente todas muito próximas umas das outras, depois algumas traziam amigas que queriam participar e, se inicialmente pensámos em juntar quatro, cinco ou seis mulheres, de repente éramos 13”, conta Orieta, com Celina a acrescentar que a equipa não está fechada. “Queremos mais atletas,

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REPORTAGEM sobretudo jovens do Algarve, mas estamos recetivas a qualquer mulher que queira pedalar e competir. Temos colegas que nunca tinham feito ciclismo de estrada mas faziam triatlo, outras, só começaram a andar de bicicleta depois dos 40 anos e estão imensamente agradecidas por este novo estilo de vida. Falamos todas a mesma linguagem e umas aprendem com as outras”, salienta Celina Carpinteiro.

AS DESVANTAGENS DE SER MULHER Constituída a equipa 5Quinas/Município de Albufeira e arranjados os patrocinadores, era hora então de meterem-se à estrada, na verdadeira aceção da palavra, mas nem sempre é possível participarem as 13 em todas as competições, pois todas têm as suas vidas profissionais e pessoais, com a particularidade de serem mulheres, com tudo o que isso acarreta. “Temos o exemplo da Irina Coelho, que normalmente traz os dois filhos com ela. Ainda agora no Campeonato Nacional, cinco minutos antes da partida, estava a amamentar o filho e depois ficou em terceiro lugar e arrecadou uma

medalha de bronze. É algo de fantástico e um exemplo de que ser mãe não a impede de ser uma atleta extremamente competitiva”, relata Celina Carpinteiro. Mulheres que, há que reconhecer, têm a vida mais complicada no ciclismo, e em qualquer desporto, porque têm os seus trabalhos, são mães, têm que fazer as compras para a casa, tratar das refeições e desempenhar mil e uma tarefas domésticas que pouco tempo deixam para treinar com regularidade. “Os meus treinos são curtos e adaptados à minha disponibilidade e noto o cansaço e a saturação de lidar com outros aspetos que não o estar em cima de uma bicicleta, pois termina uma prova e temos que começar logo a programar a seguinte. Depois, chego a casa do trabalho, tenho que fazer o jantar, tratar da filha e, às vezes, o Eurico pedeme ajuda com alguma maquete. De manhã, um quarto para as seis faço o meu treino de uma hora e meia, às 7h30 estou a despachar a filha para estar na escola às 9h, vou para o trabalho e repete-se a rotina”, descreve Orieta Oliveira. Celina Carpinteiro também não tem uma agenda fácil porque é professora e, após um dia passado na escola, há que preparar as tarefas para as aulas do dia seguinte, corrigir testes,

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REPORTAGEM ciclismo não tinha tantos adeptos e as pequenas conquistas assim têm um sabor acrescido”, defende a técnica de biblioteca. Há ainda, todavia, que ter em conta que os prémios individuais no ciclismo são normalmente o resultado do trabalho de toda a equipa, o que exige uma boa coordenação dos vários elementos para cumprir com as estratégias adotadas para cada prova. “A nível feminino é difícil porque não temos cinco ou seis atletas assim tão homogéneas que possam baralhar as adversárias. No fundo, é disso que se trata, elas pensarem que é uma que vai atacar para tentar ganhar mas, afinal, só atacou para desgastar e facilitar o triunfo de outra colega. A nossa estratégia é definida pelo Ludgero Coelho, que tem bastante experiência no ciclismo, mas ainda há muitas atletas que estão a aprender e nem sempre se consegue cumprir com a tática”, reconhece Celina Carpinteiro. “Há capacidade, falta, por vezes, a correta leitura daquilo que nos é pedido”.

fazer avaliações e tudo mais. “Tendo todas estas variáveis, é difícil para uma mulher chegar a uma competição no topo das suas capacidades”, sublinha, embora admita que, no plano familiar, tem a vida menos agitada que a amiga. “Não tenho filhos, vivo por baixo da casa dos meus sogros e tenho uma grande ajuda deles, o que me dá alguma folga para programar treinos com uma duração média de duas horas por dia, com um dia de descanso por semana”, indica. No entanto, mesmo quando há tempo para o fazer, treinar não implica apenas vestir a roupa, calçar umas sapatilhas e ir para a rua correr, há que pegar na bicicleta e procurar um terreno propício para pedalar, aponta Orieta Oliveira. “Felizmente que, no Algarve, temos um rápido acesso à serra e a locais de superfícies mistas, planas, com subidas e descidas, mas são mais pormenores que dificultam o quotidiano. Também acho, porém, que, se fosse tudo fácil, o

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MAIS ATLETAS QUE SEJAM UMA MAIS-VALIA Dificuldades à parte, umas inerentes ao facto de serem mulheres, outras próprias do ciclismo, a reação do público à passagem da única equipa exclusivamente feminina em Portugal tem sido francamente positiva e a 5Quinas/Município de Albufeira já recebe convites para participar em importantes provas internacionais, embora nem sempre se consiga estar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo. “Agora em setembro vamos fazer uma prova a França e levamos as atletas mais jovens, que têm um maior potencial de evolução do que as Masters. Também fomos convidadas para participar na Volta à Madeira mas, infelizmente, coincide 46


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com o troféu em França”, revela Orieta Oliveira, adiantando que estiveram igualmente na Volta a Portugal. “O feedback tem sido muito positivo, mesmo a nível da Federação Portuguesa de Ciclismo, cujo presidente elogiou bastante o nosso esforço em incentivar o ciclismo feminino”, reforça Celina Carpinteiro. Um ano de arranque pleno de sucesso, pelo que se percebe, em que as questões burocráticas acabaram por ser a vertente menos agradável do quotidiano da equipa. “Não estávamos familiarizadas com os procedimentos e vamos aprendendo com os erros”, admite Orieta, com Celina a agradecer, por sua vez, o facto de terem sido acolhidas pelo Clube Desportivo Areias de São João, o que torneou mais fácil registar a equipa na Federação do que se tivessem que constituir o seu próprio clube. “Temos tido bastantes ajudas para conseguirmos dar passadas largas. Sabíamos que a equipa ia ter uma imagem gira e garantir um retorno aos patrocinadores, mas não estávamos à espera de ser convidadas para ir ao estrangeiro e dos resultados desportivos serem logo tão bons”, reforça Orieta.

E nesta breve análise do primeiro ano de existência, as duas atletas já constataram uma coisa: os homens gostam de as ver no meio do pelotão, pela sua alegria, animação e imagem, mas não acham muita piada quando ficam à frente deles na classificação geral. “Há algumas picardias na linha de meta, mas há outros que não ligam a isso e gostam de ajudar”, contam, com um sorriso. Quanto ao futuro, mais atletas e competições são de esperar que apareçam, mas isso também originará mais encargos e aspetos para organizar. “Mas penso que o pior terá sido este ano e nas últimas provas já tínhamos uma metodologia a funcionar melhor. Abdicamos de muito do nosso tempo para treinar enquanto atletas para o dedicar a este projeto, mas agora as coisas estão mais organizadas”, entende Celina Carpinteiro. E sobre reforços, são unânimes, só se forem uma mais-valia para a equipa como um todo. “Gostávamos de receber novas atletas para as categorias de Cadete e Júnior, nas outras estamos bem servidos e, a entrar alguém, teria que ser superior às que já cá estão. Não queremos crescer pela quantidade, mas pela qualidade” .

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ATUALIDADE

A DIETA MEDITERRÂNICA AO PÔR-DO-SOL EM SAGRES

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uma iniciativa apoiada pela Câmara Municipal de Vila do Bispo e pela Direção Regional de Cultura do Algarve, a Fortaleza de Sagres recebeu, no dia 3 de setembro, a visita de 95 especialistas e investigadores vindos de Itália, do Egipto, da Palestina, da Espanha, do Líbano e de Portugal, integrados na «Magical Mistery Tour», ligados à divulgação da Dieta Mediterrânica e que estiveram no III Festival Internacional SlowMed que teve lugar na cidade de Tavira, entre 4 e 6 de setembro. Este certame tem como objetivo promover a comida saudável da zona do Mediterrâneo enquanto meio de diálogo e de aproximação cultural. Na monumental Fortaleza de Sagres, o grupo apreciou o mágico pôr-do-sol com especial interesse, sendo depois recebido pelo presidente da Câmara, Adelino Soares.

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Seguiram-se momentos de degustação e apreciação de ostras, perceves, queijos de figo, vinhos e licores, elogiados por todos os presentes pela sua qualidade, sabor e excelência. Após uma breve abordagem de carácter histórico e cultural acerca da importância de Sagres no contexto do mundo mediterrânico e da importância do perceve enquanto aspeto cultural de Vila do Bispo, por parte do técnico Artur de Jesus, o grupo foi presenteado com algumas lembranças do nosso Concelho. Entre a comitiva contavam-se chefs, film makers, nutricionistas, especialistas em comunicação, investigadores, consultores, coordenadores de projetos e outros convidados de seis países que durante os dias do Festival, a decorrer em Tavira debatem, aprofundam e promovem a Dieta Mediterrânica enquanto estilo de vida saudável, num vasto programa de atividades. Esta importante iniciativa organizada pela «In Loco Association» contou com o importante apoio da Associação de Marisqueiros de Vila do Bispo – Costa Vicentina, da AquaSacrum, do Restaurante Eira do Mel (Vila do Bispo), do Restaurante «O Mexilhão» (Vila do Bispo), da Sociedade Agrícola Herdade dos Seromenhos e da Herdade das Romeiras .

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ATUALIDADE

VRSA INVESTIU 60 MILHÕES EM NOVAS REDES DE ÁGUA E SANEAMENTO

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reservatórios, diminuindo drasticamente as roturas e os episódios de falta de água que, no passado, se verificavam no verão. Simultaneamente, foi remodelada a maioria das tubagens de água do concelho, algumas com mais de 50 anos, e levada água canalizada a diversos pontos do interior do município que ainda não possuíam este serviço em pleno século XXI. O Secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, elogiou a obra levada a cabo em VRSA, considerando que este investimento permite “não só o equilíbrio ambiental do país, mas cria também condições para o desenvolvimento turístico da região do Algarve” .

secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, e o Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, visitaram, no dia 2 de setembro, em Vila Real de Santo António, a maior obra jamais efetuada no concelho em matéria de abastecimento de água e saneamento básico, intervenção que permitiu acabar de vez com os esgotos não tratados no Rio Guadiana. Avaliados em 30 milhões de euros e executados ao abrigo do Programa Operacional Temático de Valorização do Território (POVT), os trabalhos puseram fim a uma rede obsoleta que misturava esgotos e águas pluviais e se encontrava subdimensionada face às necessidades atuais. Este conjunto de intervenções soma-se às já realizadas pelo executivo vila-realense desde 2005, cujo montante ultrapassa os 31 milhões de euros, o que totaliza um valor global superior a 61 milhões de euros em infraestruturas de água e saneamento. “Mesmo em tempo de contenção financeira, o município soube encontrar os mecanismos de financiamento ainda disponíveis, levando a cabo o maior investimento público de sempre”, destacou Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. “Por outro lado, este esforço financeiro dá cumprimento às regras exigidas por Bruxelas em matéria de saneamento, corrigindo os erros do passado e evitando multas ao Estado Português”, acrescentou o autarca. Ao nível do POVT, e em matéria de saneamento, foram construídas 17 novas estações elevatórias em todo o concelho e implementados 34 quilómetros de novas condutas de esgotos, modernizando uma rede antiquada que, em muitos casos, não se encontrava ligada aos sistemas intercetores e às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Já no abastecimento, a obra permitiu a renovação de mais 33 quilómetros de tubagens de água e a construção de quatro novos

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DESPORTO

NELSON PEREIRA E MIGUEL PINHEIRO VENCERAM X CAMPEONATO NACIONAL DE FUTEVÓLEI

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Praia dos Pescadores, em Armação de Pêra, viveu um fim‐de‐semana pleno de emoções com a grande festa do Futevólei na Final do Campeonato Nacional 2015. Foram 12 as equipas a marcarem presença, os 24 melhores atletas nacionais, todos com a mesma ambição chegar o mais longe possível na competição, ao tão desejado título nacional. No primeiro dia de prova, sábado, 29 de Agosto, a competição arrancou ao início da tarde com a Fase de Grupos, com as equipas distribuídas em quatro grupos distintos, num total de 12 jogos para apurar os primeiros oito finalistas para a fase seguinte, a Fase Eliminatória. Relativamente às duplas que garantiram o passaporte para a Fase Eliminatória e consequentemente para os

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quartos-de-final, sem grandes surpresas quase todos os favoritos e melhor pontuados no ranking nacional fizeram prevalecer o seu estatuto. Bruno Xavier / Xande, Miguel Pita / Calita, Bonga / Gamboa, Filipe Santos / Pedro Sales, Nelson Pereira / Miguel Pinheiro, Tiago Sá / Beto, Luís Brites / Nelson Brites e Luis Pinto / Hernâni Baptista chegaram à 2ª fase da prova sem grandes sobressaltos, onde estavam em jogo os quatro derradeiros lugares para as Meias‐Finais. Com os quartos-de-final a terem início já depois das 18h, foram quatro jogos bastante interessantes e decisivos, em que todos os pormenores são extremamente importantes. Face aos resultados obtidos, Miguel Pita/Calita (Imortal DC), 52


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Bonga/Jorge Gamboa (CD Póvoa), Nelson Pereira/Miguel Pinheiro (CD Póvoa), Luís Brites/Nelson Brites (AC Espinheirense) garantiram desde logo um lugar na discussão final do título nacional de 2015 e ao apetecível prize‐money em jogo no valor total de 1.250 euros em prémios monetários. Para o segundo e decisivo dia de prova, domingo, 30 de Agosto, ficaram reservadas para o início da tarde as meias‐finais, com quatro magníficas equipas à procura de um lugar na final. No primeiro jogo da tarde, a dupla poveira Bonga/Jorge Gamboa superiorizou‐se à dupla de Albufeira Miguel Pita/Calita, com os parciais 19x17 e 18x10. No segundo jogo, foi a vez de Nelson Pereira/Miguel Pinheiro baterem os também albufeirenses, Luís Brites/Nelson Brites com os parciais de 18x8 e 18x7. Já com a grande final em plano de fundo, havia que encontrar quem iria subir ao último lugar do pódio e, num jogo bastante disputado, a dupla Miguel Pita/Calita foi mais feliz e venceu os seus conhecidos Luís Brites/Nelson Brites, com o marcador a fechar em 19x17.

Chegado o grande momento, ficavam no ar várias questões, nomeadamente sobre a capacidade de Nelson Pereira/Miguel Pinheiro renovarem o título nacional conquistado em 2014, ou a oportunidade de Bonga/Jorge Gamboa inscreverem-se pela primeira vez no patamar mais alto da história do futevólei nacional. Num jogo verdadeiramente emocionante, com lances e jogadas espetaculares de parte a parte que levaram ao rubro todos os presentes, foram necessários apenas dois sets para encontrar os grandes vencedores da edição de 2015 da principal prova nacional da modalidade. Sempre melhores, Nelson Pereira/Miguel Pinheiro fecharam o 1.º set com o marcador a assinalar claros 21x7. Sem margem para novo deslize, Bonga/Jorge Gamboa tentam encontrar um melhor equilíbrio nas suas ações, contudo, foram ineficazes para anular Nelson Pereira/Miguel Pinheiro, plenos de confiança e em grande nível, e acabaram por garantir a vitória no 2.º set por 21x14 . 53

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TURISMO

ASSOCIAÇÃO TURISMO DO ALGARVE REFORÇA PROMOÇÃO DO SETOR DESPORTIVO

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o âmbito da estratégia promocional externa, a Associação Turismo do Algarve (ATA) leva a região pela primeira vez à «Soccerex Global Convention 2015», a maior convenção especializada em negócios de futebol do mundo, que se realiza de 7 a 9 de Setembro, em Manchester. Trata-se de uma ação de promoção do produto Desporto que pretende divulgar o Algarve e as potencialidades do destino para acolher eventos desportivos do mercado externo. “O Algarve possui boas infraestruturas desportivas e permite a realização de programas

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diferenciados de treino e relaxamento muito apreciados por desportistas. Desta forma, a nossa presença nesta iniciativa pretende apresentar o Algarve aos principais players do setor do futebol, debater, estabelecer e definir parcerias e negócio”, justifica a diretora executiva da ATA, Dora Coelho. A «Soccerex Global Convention» é o maior certame especializado em negócios de futebol, reúne líderes mundiais da modalidade e acolhe mais de 150 expositores e 2585 delegados. “É uma oportunidade para posicionar o destino como região privilegiada para o acolhimento de estágios de equipas desportivas de diversas modalidades”, reforça Dora Coelho .

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