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DIOGO PIÇARRA cantou em casa e as Muralhas de Faro tremeram Igor Silva quer aproximar a arte das pessoas «O Adeus» de Elisabete Martins no Teatro Lethes

Faro sonha ser Capital Europeia daALGARVE Cultura 2027#24 INFORMATIVO 1


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DIA DO MUNICÍPIO DE FARO

IGOR SILVA

ELISABETE MARTINS

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Algarve Informativo #24 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Foto de capa: Daniel Pina Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 As notícias que marcam o Algarve em algarveinformativo.blogspot.pt

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OPINIÃO

O PASSOS, O COSTA, A MATILDE, OS REFUGIADOS E O PETRÓLEO !!! DANIEL PINA Jornalista

P (…) Antes do Verão chegou a haver manifestações contra a exploração de petróleo na costa algarvia que, infelizmente, ainda tiveram menos adesão que as que contestam as portagens na Via do Infante. Já se sabe como são os portugueses, gostam muito de criticar e dar ideias mas, quando é altura de se juntarem todos e meter mãos à obra, arranjem sempre algo mais interessante para ocupar o tempo (…)

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elos vistos devo pertencer àquela meia-dúzia de portugueses que não viu o debate entre Pedro Passos Coelho e António Costa, não por esquecimento, mas por falta de vontade de estar não sei quanto tempo a olhar para a televisão a ver dois homens adultos a atropelaram-se um ao outro com ataques e contra-ataques, uns mais limpos do que outros, com promessas eleitorais e mitos urbanos, com verdades de la palisse e golpes baixos preparados por «spin doctors» pagos a peso de ouro, já para não falar de moderadores que se esquecem que estão ali para lançar perguntas e moderar e que, às tantas, já estão eles próprios a atropelar os candidatos. Assim, preferi ver mais uns episódios da última temporada do Hannibal e esperar pela análise final dos entendidos da matéria. Nem precisei esperar muito e falaram os entendidos na matéria, os ditos comentadores e analistas políticos, e falou o país inteiro através do Facebook, tirando a tal meia-dúzia de portugueses que não estiveram a olhar para a televisão. Uns dizem que o António Costa deu uma tareia a Pedro Passos Coelho e tem vitória garantida nas Legislativas de 4 de Outubro. Outros dizem que Pedro Passos Coelho esteve francamente melhor. No Facebook, os socialistas lançam foguetes, dizem que o seu líder «esmagou» o atual PrimeiroMinistro. Por seu lado, os sociais-democratas regozijam-se com a prestação de Pedro Passos Coelho e afirmam que António Costa meteu os pés pelas mãos e não sabia o que andava para ali a dizer. Ora, se antes do debate havia, dizem, um empate técnico nas sondagens, não sei se a balança passou a pender para algum dos lados ou se continua tudo na mesma. Mas não são apenas as Legislativas que andam na boca dos portugueses, agora temos o drama dos refugiados, tema sensível que divide opiniões, e as tais quotas que a União Europeia parece querer impor no que toca ao número que cada estado-membro deve acolher nas suas fronteiras. Não tenho escrito nada sobre o assunto porque é daqueles que, seja qual for a nossa posição, temos meio mundo a concordar connosco e a outra metade a jogar-nos pedras e

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a chamar-nos nomes. Como bom católico que sou, embora não daqueles de ir à missa ao domingo, concordo que se deve ajudar o próximo e os mais desfavorecidos. Penso, porém, que há portugueses desfavorecidos bem mais próximos de nós, à distância de um simples olhar, e que são ignorados ou esquecidos por quem agora defende com tanto fervor que se deve ajudar os refugiados da Síria. É das tais coisas que fica bem dizer-se na praça pública, mesmo quando os seus atos no dia-a-dia vão precisamente no sentido contrário. E como o Facebook hoje é o espelho do que vai no pensamento das pessoas, percebi que há um terceiro tema a ombrear pelo topo das atenções dos portugueses, designadamente o decote com que a Matilde apareceu numa gala de uma revista masculina que se realizou em Inglaterra. Por momentos até pensei que a rapariga tivesse ido em topless para o tal evento mas, a julgar pelas fotos difundidas pela imprensa mundial, até trajava um casaco daqueles que deve custar mais do que o comum português ganha a trabalhar o ano todo. Se tinha alguma coisa vestida por baixo não sei, mas não vejo razão para tanta escandaleira, até porque é maior de idade. O problema é que não se trata de uma Matilde qualquer, é logo a filha do José Mourinho, e tudo o que rodeia o Special One tem um impacto acrescido, hoje foi a roupa da filha, noutros dias tem sido as coisas que o filho diz. Eu, como sou uma pessoa mais terra-a-terra, ando mais preocupado com a prospeção e exploração de petróleo e gás natural a poucas milhas da costa algarvia. A polémica disparou mal se começou a falar nessa possibilidade e umas das vozes mais contestatárias foi do louletano Mendes Bota, na altura deputado do Parlamento Europeu. Depois, como estes processos são longos e nem sempre são tão mediáticos, o assunto caiu quase no esquecimento, até que se começaram a conhecer os consórcios que estavam a candidatar-se às licenças de prospeção e exploração e quais as respetivas zonas. Logo surgiram grupos, plataformas e petições a contestarem o processo e a alertarem para os perigos para o Algarve, uma região que vive quase exclusivamente do turismo e das atividades marítimas. Antes do Verão chegou a haver manifestações contra a exploração de

petróleo na costa algarvia que, infelizmente, ainda tiveram menos adesão que as que contestam as portagens na Via do Infante. Já se sabe como são os portugueses, gostam muito de criticar e dar ideias mas, quando é altura de se juntarem todos e meter mãos à obra, arranjem sempre algo mais interessante para ocupar o tempo. O Verão foi bastante positivo para o turismo algarvio, a região esteve a abarrotar de visitantes nacionais e estrangeiros, o Algarve ganhou logo de seguida uma mão-cheia de prémios nos Óscares do Turismo, mas, pelo que parece, os ditos contratos com os consórcios já terão sido assinados e diz-se que a prospeção vai avançar já em outubro. Só que, pelos vistos, não foi só o cidadão comum que passou ao lado de todo este imbróglio, pois há vários responsáveis regionais que continuam sem saber o que se passa, seja porque andaram ocupados com outros temas ou com as eleições que estão à porta, ou porque as entidades competentes não facultam a informação que deveria ser de livre acesso a todos os interessados. Estudos de impacto ambiental não se conhecem. Não se sabe como vão ser repartidos os rendimentos da dita exploração de petróleo ao largo da costa algarvia. Caso ela se venha a concretizar, desconfio que o pouco dinheiro que toque a Portugal nunca chega a sair de Lisboa mas, se houver algum acidente, quem se lixa é o Algarve. E mesmo que nunca aconteça nada de errado, há o perigo dos trabalhos provocarem sismos, há os cargueiros e petroleiros a passarem a poucas milhas da costa, prejudicando todo as empresas ligadas direta ou indiretamente ao turismo, há os efeitos na flora e fauna. E a ideia que transpira no meio disto tudo, caso assim seja verdade, é que os governantes se aproveitaram do facto dos portugueses estarem todos de férias no Algarve, de papo para o ar nas praias e a comer marisco e frango assado enquanto ouviam o Tony Carreira e o Quim Barreiros, para acelerarem com o processo sem que ninguém desse por isso. E tudo isto a poucas semanas de escolhermos os próximos homens e mulheres que vão governar Portugal .

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REPORTAGEM

FARO FESTEJOU DIA DO MUNICÍPIO E QUER SER CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA EM 2027 ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #24 #24

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REPORTAGEM

Depois da euforia do Festival F (4 e 5 de setembro) e da belíssima gala «Parabéns, Faro» protagonizada pela Companhia de Dança do Algarve (6 de setembro), Faro festejou o seu Dia da Cidade (7 de setembro) com a merecida homenagem a individualidades e coletividades do concelho, a inauguração do Terminal Rodoviário «Próximo», o descerramento de placas toponímicas, a apresentação do livro de Luís Barriga e o concerto de lançamento do novo disco de originais dos IRIS. O Algarve Informativo deixa aqui um breve olhar sobre os momentos mais marcantes e sobre o anúncio de que Faro se vai candidatar a Capital Europeia da Cultura 2027. Texto e fotografia: Daniel Pina

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REPORTAGEM

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aro assinalou, a 7 de setembro, o Dia do Município e do programa destacou-se a cerimónia solene nos Paços do Município, a inauguração do Terminal Rodoviário «Próximo», o descerramento de placas toponímicas e um concerto com a banda «Íris», que apresentou o seu novo álbum «Ao Acaso», no Palco da Doca. Em foco igualmente o espetáculo «Parabéns, Faro», protagonizado pela Companhia de Dança do Algarve, que aconteceu na véspera, também naquele palco. José Apolinário, presidente da Assembleia Municipal de Faro O dia 7 começou, como habitualmente, com a Cerimónia do Içar da Bandeira, seguida da Sessão Solene nos Paços do Município, que este ano incluiu a homenagem a nove individualidades e coletividades do concelho, nomeadamente: Adelino Vicente Mendonça Canários, António João «Bento Algarvio», António Monteiro Dias, Associação de Solidariedade Sociocultural de Montenegro, Clube de Futebol «Os Bonjoanenses», Club Farense, José Mariano Rebelo Pires Gago, Paulo Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro Dentinho e União Sindicatos do Em Faro, é preciso formar todos os dias Algarve/ CGTP-IN. Foi também realizada nesta consensos e maioria e a Assembleia Municipal sessão a Atribuição de Medalhas de Bons tem procurado ser parte ativa neste projeto de Serviços e Dedicação a Funcionários Municipais. No uso da palavra, o presidente da Assembleia afirmação da cidade, quer no debate muito profícuo sobre os assuntos de interesse Municipal, José Apolinário, recordou que foi a 7 de setembro de 1540 que D. Afonso III concedeu municipal, quer quando a assembleia tem que tomar decisões em defesa do orçamento o foral de elevação de Faro a Cidade e que há participativo, dos cuidados de saúde ou, atualmente, na Europa, 387 aglomerados porventura, das obras de requalificação e dos urbanos com 50 a 100 mil habitantes, 224 investimentos necessários para a qualidade de aglomerados com 100 a 250 mil habitantes, vida dos nossos cidadãos”, destacou o antigo sendo que 70 por cento da população vive em presidente de câmara. aglomerados urbanos com mais de cinco mil Sendo a inovação fulcral em diversas áreas do habitantes. “Esta perspetiva de melhor quotidiano, José Apolinário destaca o papel da governança, de inovação, de valorização do Universidade do Algarve e prova disso é que papel das cidades na qualidade de vida dos alguns dos homenageados neste Dia do cidadãos, é um desafio estratégico e central e Município têm trabalhado nos campos da para o qual é necessário o contributo de todos.

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REPORTAGEM

Foto de família do executivo municipal e dos homenageados na Sessão Solene do Dia de Faro

ciência, caso de Adelino Canário, e o falecido exMinistro Mariano Gago, que foi essencial para a criação do Curso de Medicina na UAlg e dos Centros de Ciência Viva. “Mas os desafios do futuro passam também por ter uma cidade atrativa, ambientalmente sustentável, saudável e essa perspetiva de regeneração urbana ativa implica uma gestão mais próxima e com maior responsabilidade da frente urbana e potenciar infraestruturas como a Variante de Faro, para cuja concretização sucessivos autarcas procuraram dar todo o seu labor”, frisa. “Temos que aproveitar o que temos para irmos mais além”, concluiu, antes de arrancar a entrega das medalhas de Bons Serviços e Dedicação a diversos funcionários municipais, bem como a homenagem às individualidades e coletividades do concelho.

UM CONCELHO RENOVADO E DINÂMICO O presidente da Câmara Municipal de Faro começou a sua intervenção pela prata da casa, ou seja, explicando que a entrega de medalhas a

funcionários municipais é a expressão democrática do agradecimento do povo farense. “Trabalham diariamente, muitas vezes em condições difíceis e incompreendidas, mas sempre com o objetivo de dignificar o funcionalismo público e por isso reconhecemos o vosso mérito e o prestigiamos”, frisou o edil, estendendo o seu louvor aos nove cidadãos e entidades que também foram homenageadas na Sessão Solene. “São Farenses de nascimento ou por adoção plena e incondicional, que na sua terra ou fora dela acrescentaram altura ao estandarte de Faro e deram maior dimensão ao nosso orgulho coletivo. António João Bento, um herói das lutas, no ringue e na vida, batalhou pela sua felicidade e pela dignidade dos seus. Adelino Canário, investigador do Centro de Ciências do Mar e professor na UAlg, é portador de uma brilhante folha de serviços no plano científico e académico, seja no contexto das ciências do mar, seja na construção do conhecimento dos fenómenos e da natureza marítima. Paulo Dentinho é um reputado e competentíssimo jornalista, um homem de rigor, seriedade, imparcialidade e talento. António Monteiro Dias é um desses cidadãos que muito 11

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REPORTAGEM

Adelino Canários e a vereadora Cristina Ferreira

O Vereador José António Cavaco e António João Bento

O Vereador Paulo Neves e António Monteiro Dias

dá para quase nada receber, para além da satisfação do êxito das suas realizações e o reconhecimento público que lhe é devido.

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Mariano Gago contribuiu decisivamente, numa vida curta demais, para o desenvolvimento do sistema científico nacional. Ele é o pai dos Centros de Ciência Viva e, no momento do seu falecimento, aqui nos juntámos para deliberar atribuir o seu nome ao nosso CCV – não podia ser de outra forma”, enalteceu Rogério Bacalhau. Perante as forças vivas do concelho, o autarca mostrou-se satisfeito por Faro ser um concelho “renovado na sua dinâmica, onde se respira novamente um clima de otimismo, e isso é também o resultado da frenética atividade do seu movimento associativo”. “Daí a distinção à União dos Sindicatos do Algarve, CGTP-IN, incansável na luta pela dignidade dos trabalhadores; à Associação de Solidariedade Sociocultural de Montenegro, um marco social da freguesia do Montenegro; ao histórico Club Farense; e à popular agremiação Clube de Futebol «Os Bonjoanenses». Mas para além destes notáveis concidadãos e entidades, temos hoje também em homenagem especial, duas figuras, infelizmente já longe do nosso convívio terreno, mas cuja obra e legado os leva a figurar na toponímia do concelho: o Eng.º Aboim Sande Lemos e o cineasta Roberto Nobre”. Olhando para o que tem sido feito pelo atual executivo municipal, Rogério Bacalhau sublinhou que, no campo da Educação, muita coisa mudou. “As escolas estão apetrechadas e organizadas como nunca, livres de materiais perigosos, dando-nos esperança pelas gerações que nos sucedem. Nas escolas continuamos a exercer solidariedade como a entendemos, junto de quem dela carece. Assim, mantemos a oferta de manuais permitindo às crianças o acesso à educação. Asseguramos também o transporte, e não abdicaremos nunca de lhes continuar a proporcionar o direito a pequeno-almoço e às refeições, desta forma abrimos trincheira num terreno de onde não recuaremos nunca: o do apoio a quem verdadeiramente precisa”, garantiu, reiterando ainda a vontade de reeditar o procedimento para atribuição de bolsas de estudo. 12


REPORTAGEM No campo da ação social, o presidente da Câmara Municipal de Faro lembrou que já foram realojadas diversas famílias que se encontravam abarracadas na Horta da Areia, proporcionando-lhes a possibilidade de construir vidas novas em habitação social. Do mesmo modo, afirmou que a alienação do Magistério Primário permitirá requalificar a rede viária, “na qual ninguém tocava há mais de 15 anos, nas freguesias rurais e no centro da cidade”. “Para além disso, permitirá também atribuir alguma verba para voltar a apoiar as nossas coletividades e associações, de cariz O Vereador Luís Graça e a presidente da Associação de Solidariedade social, cultural, desportivo e recreativo, Sociocultural de Montenegro pois elas bem merecem. No plano financeiro, pagámos, entretanto, toda a dívida corrente, credibilizando a imagem do Município, sem que isso nos liberte de termos a nossa liberdade de atuação e a nossa capacidade de investimento fortemente condicionados no futuro”, apontou.

FUTURO PASSA PELA CULTURA Apesar dos constrangimentos, Rogério Bacalhau mostrou-se satisfeito ao ver que a economia do concelho flui com mais turismo, mais vida, mais comércio, mais e melhor restauração, maior capacidade de O Vice-Presidente Paulo Santos e o Presidente do Clube alojamento, num ambiente de maior de Futebol «Os Bonjoanenses» ordenamento urbanístico. “A notoriedade do concelho é muito maior hoje e os eventos que realizamos são exemplos de que, com pouco, se pode chegar a muita gente”, sublinhou, com o Alameda Beer Fest, a Concentração Motard, a Festa da Ria Formosa, o FolkFaro, o Festival F e os espetáculos levados a cabo no Teatro das Figuras e no Teatro Lethes, entre outros, no pensamento. Sem querer fazer parecer que tudo são rosas, o edil reconheceu que as acessibilidades estão longe da perfeição, embora tenha sido inaugurada recentemente a Variante. As dragagens também estão no terreno, respondendo à Fernando Gomes e Augusto Miranda, do Clube Farense reivindicação de centenas de famílias que 13

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REPORTAGEM

José Apolinário e Rogério Bacalhau com a mãe e a viúva do ex-Ministro Mariano Gago

A Vereadora Teresa Correia e Paulo Dentino

O Vereador António Mendonça e António Goulart, da União de Sindicatos do Algarve/CGTP-IN

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vivem da Ria e de sucessivos executivos municipais desde há 20 anos. “Os novos acessos à Praia de Faro estão a caminho e a cidade velha e as suas muralhas, o arco da vila, a Rua da Misericórdia, o posto de turismo, o centro interpretativo, as telas de ensombramento, são marcos renovados de um centro histórico que nos orgulha a todos e que se assume como um postal cada vez mais vibrante do que valemos, enquanto cidade rica em história, cultura e património”. E porque não se pode falar apenas do passado e há que tecer objetivos para o futuro, Rogério Bacalhau assegurou que os empresários que têm vontade de investir em Faro merecem o apoio da autarquia e o incentivo na criação de novas áreas urbanas e no arranjo das existentes. “Queremos ver o cais comercial e o Bom João constituíremse como uma mais-valia para o concelho e para a região. Queremos a requalificação da zona da estação dos caminhos-de-ferro até ao parque ribeirinho e o lançamento do concurso para a nova doca exterior e a requalificação da existente. Queremos continuar a melhorar o nosso parque escolar, criando melhores condições de aprendizagem, promover a inclusão e a coesão social. Queremos uma cidade justa, solidária e acolhedora e, por isso, pretendemos apoiar mais as associações e as coletividades. Queremos prosseguir neste objetivo estratégico que é afirmar Faro como uma capital de juventude, de cosmopolitismo com uma notoriedade cada vez maior”, salientou. Embalado pelo sonho do Faro que se pretende, Rogério Bacalhau fez a revelação do dia, a vontade de candidatar a cidade à condição de Capital Europeia da Cultura em 2027, cuja vencedora será conhecida em 2019. “Este projeto requer a união dos agentes associativos, partidos políticos e entidades púbicas e privadas de Faro e do Algarve, tal como aconteceu na


REPORTAGEM requalificação destes edifícios, permitindo a sua abertura ao público, como oferta turística, de forma a captar o interesse dos visitantes, através do património edificado e da sua dinamização cultural”, entende o edil, postura que foi concretizada com a libertação e valorização do Arco da Vila, do Quintalão e das antigas carpintarias, que se encontram em vias de ficar acessíveis a quem visita o concelho. “Iniciámos este trabalho e lançamos o desafio a outras entidades públicas, detentoras de património O descerrar da placa do novo Terminal Rodoviário do «Próximo» de elevado interesse histórico e turístico, para que façam o mesmo, como é o Capital Nacional da Cultura em 2005. caso do edifício do antigo Governo Civil, da Desafiamos todos a juntaram-se a nós, pois só atual Direção Regional de Finanças, da em conjunto poderemos ambicionar o alfândega, entre outros. A cidade, os turistas e desenvolvimento deste projeto”, apelou, frisando que um parceiro fundamental para esta os próprios funcionários agradecem”. candidatura é a Universidade do Algarve, “local Terminada a Sessão Solene, seguiu-se a onde reside o saber e a investigação, bem como inauguração do Terminal Rodoviário «Próximo» a estabilidade necessária para a construção de e o descerramento das Placas Toponímicas em um processo tão longo”. homenagem a Roberto Nobre, no Patacão, e ao Eng.º Aboim Sande Lemos, na Sé. A concluir a Um projeto de valor cultural único que será parte da tarde, aconteceu a apresentação do liderado por Guilherme de Oliveira Martins, livro «Sombra e sol. Vai a rua em duas cores», de personalidade impar em Portugal e com Luís Barriga, na Casa do Povo de Estoi. O logo reconhecido prestígio internacional na área da programa de festejos encerrou em tons cultura e da educação. Guilherme de Oliveira musicais, no Palco da Doca, com o concerto com Martins que é o atual presidente do Centro Íris, que lançaram oficialmente o novo disco «Ao Nacional de Cultura e o responsável pela redação da convenção de Faro, assinada em Acaso» . Outubro de 2005, aquando da realização do Conselho da Europa dos Ministros da Cultura. “Sendo a cultura e a história da cidade indissociáveis para a consolidação e afirmação da oferta cultural e turística de Faro, cumpre-nos lançar um repto que contribuirá largamente para a concretização deste objetivo, nomeadamente através do património histórico edificado. Até há bem pouco tempo, os municípios e o Estado optavam por ocupar os seus edifícios de elevado valor arquitetónico e histórico com diversos serviços públicos. Hoje, pretende-se a valorização e a 15

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ENTREVISTA

IGOR SILVA QUER LEVAR A ARTE MAIS PERTO DAS PESSOAS ALGARVE INFORMATIVO #24

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ENTREVISTA

Desenhos, pinturas, esculturas, instalações, Igor Silva destaca-se em praticamente todas as artes plásticas, um facto ainda mais surpreendente tendo em conta que é um puro autodidata. O olhanense viajou por essa Europa fora qual artista nómada, ganhou a vida a fazer retratos e caricaturas na rua, depois, gastava o dinheiro a visitar os principais museus do velho continente, para «beber» na fonte das obras dos grandes mestres. Depois, a saudade bateu forte, regressou a Olhão, teve a ajuda de alguns amigos nos primeiros tempos e, de há uns anos a esta parte, é um dos artistas mais requisitados da região. Esta é uma breve espreitadela do que foram, até agora, as aventuras de Igor Silva. Texto e fotografia: Daniel Pina 17

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ENTREVISTA

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atural de Olhão, 38 anos, Igor Silva muito cedo partiu do Algarve numa longa viagem cultural por vários continentes, com particular incidência sobre a Ásia e o Japão. Formação tradicional não fez, frequentou a universidade da vida, percorreu museus por essa Europa fora para ver, in loco, os trabalhos dos grandes mestres, ao invés de os admirar nos livros ou através da internet. Aos 16 fixou-se na Dinamarca, andou numa escola japonesa de artes e tradições culturais e ia fazendo uns biscates para ganhar a vida. Nessa altura começou a praticar kendo, a luta japonesa com uma armadura e uma cana de bambu a simular uma espada de samurai, e chegou a combater na Coreia do Sul pelas cores do Japão. “Conheci o Yuri Nakamoto, que era programador informático e fazia chips e eu idealizei e construi cyborgs à imagem humana.

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Para se fazer um braço ou uma mão era necessário gravar milhões de movimentos que eram colocados nos chips. Eu tratava da parte mecânica e criativa e ele lidava com a programação”, recorda. Por azar da vida, a casa da sua companheira da altura em Copenhaga é assaltada e Igor Silva perde todo o projeto de cibernética, três anos de trabalho que desapareceram de um momento para o outro. “Eram coisas que nasciam de pura inspiração, do nada, prefiro procurar a informação dentro de mim mesmo. A arte cresceu comigo desde tenra idade, ligada a manifestações de ordem comunicativa. Os meus pais eram comerciantes, mas o meu avô completava à mão as fotografias que as máquinas de antigamente tiravam”, conta o olhanense, que deu primeiro nas vistas através do desenho, mas depressa mostrou talento em diversas outras manifestações artísticas. “Eu 18


ENTREVISTA fazia os meus próprios brinquedos, com rolhas, caricas, paus, tudo a que jogasse a mão. Estas esculturas de cyborgs, por exemplo, são todas feitas a partir de materiais reciclados”, explica, com o crânio de um cyborg na mão, a fazer lembrar os filmes do Exterminador Implacável de Arnold Schwarzenegger. Mestres não teve, vê-se logo que não é daqueles com pachorra para estar sentado numa sala de aula a ouvir alguém explicar como se fazem as coisas. É um perfeito autodidata, daqueles génios ou prodígios que, com meia dúzia de anos, já tocam de ouvido as sinfonias de Mozart ou Beethoven, mesmo que Igor Silva não seja grande adepto de rótulos ou de autoelogios. No entanto, foi esse talento inato para as artes que lhe garantiam o sustento durante as suas aventuras pela Europa. “Fiz retratos e caricaturas nas ruas da França, Bélgica, Itália, era o meu ganha-pão, ao mesmo tempo que ia participando em workshops de pintura e partilhava ideias e experiências com pessoas que ia conhecendo”, relata. “Gastava o que ganhava a visitar museus e galerias nos vários países por onde andei. Uma vez fiquei várias semanas na Alemanha de propósito para ver o espetáculo «Cats» e o bilhete custou-me uma fortuna”.

Um artista nómada que, em 1999, sentiu o chamamento do seu Algarve, a saudade da família e dos amigos tornou-se insuportável, e assim voltou para Olhão. Os primeiros tempos não foram, porém, fáceis, não tinha um meio de sustento fixo, e nessa fase foram fundamentais pessoas como José Sabino, Fernando Cabrita e António Moita Santos. As primeiras exposições nas galerias de Olhão aconteceram no virar do novo milénio e, a partir daí, nunca mais parou. “Orientei uma oficina de artes para crianças no âmbito de um projeto de solidariedade social, fui um dos fundadores e orientadores dum núcleo de banda desenhada, decorei imensos espaços comerciais, colaborei com diversos jornais como cartoonistas e caricaturista, nem me lembro de tudo o que fiz”, sumariza Igor Silva. “Participei num congresso nacional de medicina com pintura ao vivo, fiz adereços para espetáculos de teatro e cinema, fui premiado em alguns concursos e fiz parte do aniversário da MTV Portugal em 2010, com um trabalho a representar o Fórum Algarve”, acrescenta, à medida que as coisas lhe vão vindo à memória. Mas, no meio de toda esta produção criativa, também trabalhou numa empresa de segurança, porque foi pai em 2001 e precisava de um rendimento certo para sustentar a família.

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ENTREVISTA

PESSOAS ESTÃO A DESPERTAR PARA A ARTE À conversa com Igor Silva rapidamente se constata que se «desenrasca» bem em praticamente todas as formas de expressão plástica, seja o desenho, a pintura, a escultura ou outras, mas a decoração de bares, discotecas, ginásios e lojas foi uma das suas imagens de marca desde que voltou para o Algarve. “Torneime bastante mais maduro, enquanto artista e ser humano, porque comecei a encontrar as respostas às minhas perguntas no meu próprio interior. E cheguei à conclusão que a arte tem que chegar mais perto das pessoas, daí ter integrado um projeto inovador no Brasil através do qual foram efetuadas centenas de cópias, serigrafias e reproduções dos meus quadros, em escalas mais reduzidas e para diferentes preços. Depois, metade das receitas entreguei a instituições de caridade”, destaca o olhanense. E como a irreverência de Igor Silva é sobejamente conhecida, adivinhamos que o seu processo criativo também deve ter algumas particularidades engraçadas. “Faço um desenho

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por dia no meu caderno, porque não basta inspiração, é preciso ter alguma disciplina. Por isso é que se diz que, às vezes, é 10 por cento inspiração e 90 por cento trabalho e foi isso que se passou com as minhas telas de dois metros por um. Contudo, por vezes perco por completo a noção do tempo, pinto 20 horas seguidas, não como nem bebo”, descreve, um esforço que, felizmente, é recompensado porque tem alguns colecionadores que adquirem regularmente obras suas. “Há quadros dos quais me consigo desfazer com facilidade, outros, sinto saudades deles”, indica, pensativo. Exposições em galerias tradicionais não é algo que puxe muito por Igor Silva, faz uma por ano, às vezes até mais espaçadas no tempo, decorrendo a última no Auditório Municipal de Olhão e, antes disso, durante a sua estada no Brasil. “A mudança é sempre positiva e as pessoas estão a começar a interessar-se pela arte, pela música, estão a despertar para os sentidos, e penso que é um fenómeno global, universal. Falo diariamente com as pessoas e noto que se interessam mais pela cultura e por garantirem que os seus filhos convivam com ela”, salienta, com satisfação, explicando que é por ver isto acontecer na sua terra natal que

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ENTREVISTA

preferiu alterar a sua agenda e deixar de viajar tanto. “Tinha exposições alinhavadas para Inglaterra e França, mas apaixonei-me por Olhão e não quero sair daqui. Temos um presidente novo e dinâmico que fala connosco, o executivo municipal é muito recetivo e aberto a propostas”, reforça o artista plástico. E se as pessoas estão, na ótica de Igor Silva, mais despertas para as artes, como é que o olhanense vê a nova geração, sendo que ele próprio ainda é um jovem. “O processo de criação artística funciona como uma expressão da individualidade de cada um e a sua relação com o todo, portanto, os jovens de hoje são iguais aos do passado, apenas vivem em épocas diferentes. Vamos depositar a nossa confiança na nova geração, porque são bons e dinâmicos. Em Olhão, estão a aparecer diversas pessoas nas artes, no desenho, na pintura, na música, no cinema, e isso dá-me um grande regozijo”, garante o entrevistado. Quem despertou para as artes foi também a filha de Igor Silva que, aos 14 anos, canta, dança e está a aprender a tocar instrumentos musicais. “É boa aluna e o reflexo de toda esta nova geração. Se ela quiser ser artista como

modo principal de vida, é uma decisão que lhe cabe tomar a ela e terá todo o meu apoio. É uma criança que gosta bastante da escola e de um conjunto alargado de assuntos”, enaltece, como bom pai-babado que é, embora não consiga muito falar da arte como uma profissão. “Não temos um conceito do que é a arte. Sabemos que é uma expressão, uma linguagem, um ponto de vista, é uma forma de trabalhar com emoções e pensamentos conscientes. Não a vejo como uma profissão, mas sim como uma forma de comunicação”, sublinha Igor Silva. Arte que é importante também num sentido pedagógico, entende o olhanense, numa altura em que as pessoas andam com os seus horizontes limitados pela eterna conversa sobre a crise e pelas dificuldades com que se debatem no quotidiano. “Espero trabalhar no futuro com os jovens e os idosos e o que digo aos mais novos é que se entusiasmem, sejam idealistas, queiram consertar o mundo, lutem pela liberdade e não apenas pela sobrevivência. Se tiverem isso em mente, podem dedicar-se a qualquer atividade que se sentirão realizados” . 21

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OPINIÃO

ENSINO DESARTICULADO DA MÚSICA

PAULO CUNHA

(…)É caso para colocar em causa esta social-democracia (tão pouco cristã) que me obriga mais uma vez a retroceder à memória dos meus tempos de aluno de Conservatório, onde só os meninos «bem» provenientes de famílias abastadas tinham a possibilidade de aprender Música fora do ensino regular oficial (…)

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ou do tempo em que estudar Música no Algarve era um privilégio de poucos pois, para além de haver apenas um Conservatório de Música na região (Faro), não havia qualquer tipo de financiamento para além do «bolso» dos encarregados de educação. Fui um privilegiado, pois sendo filho de um (simples) funcionário público e duma «doméstica», tive em quem nunca teve, o desejo que eu e o meu irmão tivéssemos. O tempo passou e com o tempo vieram as alterações estruturais e estruturantes que colocaram Portugal mais perto da Europa da Cultura e da Educação, posicionando assim também o Algarve mais perto da centralidade de que se via arredado dez a onze meses por ano. Foram anos em que, para felicidade e progresso de todos, a oferta vocacional da Música estendeu-se por uma região que até então apenas acolhia a produção musical dos outros. Do barlavento ao sotavento, o Ensino Particular e Cooperativo começou a gerar Conservatórios, Academias e polos de Música em Lagos, Portimão, Lagoa, Albufeira, Loulé, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António. Associações de pessoas que, de forma abnegada e altruísta, construíram autênticas fontes potenciadoras de arte e cultura numa região até então ávida de oferta musical. Com o acesso aos fundos europeus foi possível, através do ensino articulado, criar uma forma digna, prática e democrática de financiar os alunos que, desde cedo, mostravam aptidão, vocação e desejo pela Música. Para que tal acontecesse o Estado financiava na totalidade a mensalidade dos alunos que tivessem escolhido este tipo de ensino articulado com o ensino oficial. Entretanto os fundos europeus têm-se vindo a transformar em financiamentos apenas afetos ao

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Orçamento de Estado, e perante tal cenário eis que, a dias de começarem as suas atividades letivas, as cerca de 97 instituições privadas que asseguram a maior parte da oferta de ensino artístico especializado em todo o país se vêm na contingência de ter cortes no financiamento através de contrato de patrocínio a celebrar com o Estado, na ordem de 97 por cento nas iniciações, 79 por cento no ensino básico supletivo e de 16 por cento no ensino básico articulado. E assim se colocam em causa cerca de 8400 lugares financiados em Portugal (dados da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo) … É caso para colocar em causa esta social-democracia (tão pouco cristã) que me obriga mais uma vez a retroceder à memória dos meus tempos de aluno de Conservatório, onde só os meninos «bem» provenientes de famílias abastadas tinham a possibilidade de aprender Música fora do ensino regular oficial. Perante tal estado de coisas não é difícil ver o que irá acontecer, tanto por cá, a sul, como no resto do país: mensalidades a aumentar, alunos a desistir e a interromper o seu percurso musical, mais professores no desemprego e Conservatórios a fechar. Será que nascemos todos a saber música e não sabíamos? Talvez por isso, para quê «Conservatórios»?... Bem… como estamos tão perto das eleições para a Assembleia da República, pode ser que quando este meu «desabafo» for publicado, já estas medidas tenham sido revogadas e tudo tenha voltado ao que era. Até porque ver «dar o dito pelo não dito» não é coisa que me surpreenda no que à política diz respeito! .

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OPINIÃO CRÓNICAS DOS EMERGENTES *

EDGAR PRATES

CAPITULO 1 COELHOS SOVIÉTICOS (…) Os portugueses são discretos quando vão de férias. Dominam bem as emoções e sabem utilizar aquele jogo de cintura que os prepara calmamente para o imprevisto. Os espanhóis também estavam na carruagem, eram mais barulhentos, no entanto, estavam bem melhor vestidos que os portugueses. Os americanos falavam alto, com aquela presença imperial e sempre com as antenas da CIA sintonizadas em todas as direções (...)

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o total, foram duas horas na estrada. Chegámos a Nové Zamky, que significa à letra «Novo Castelo». Não vi o castelo. Vi ruas desertas, sem carros, sem pessoas, sem luzes, sem nada. Parecia uma cidade do Faroeste. O Joseph é um perito. Começa a perseguir um taxista na cidade, e a fazer sinais de luzes. O outro taxista fugiu, pensou que seríamos algum grupo de romenos pronto para desencadear um assalto nessa cidade sem ninguém. O Joseph foi atrás dele. O outro acabou por parar para apanhar uma rapariga. O Joseph travou, saiu do carro e foi em direção ao outro taxista para lhe perguntar onde era a estação dos comboios. O Joseph voltou todo contente: estava a gozar do carro pequenino do outro taxista, que conduzia um Lada feito na Rússia... Fartei-me de rir... Chegámos à estação. Já estava fechada. Nem um ser vivo. Parecia um cemitério. O Joseph faz um sinal de luzes para o portão, que se abre ruidosamente. Saem de lá dois guardas com botas e chapéu de cavaleiro. Eles levam-nos pelos corredores comunistas até ao chefe da estação que estava a dormir. Ele tem a chave do armário onde está o meu saco de viagem. O Joseph tinha arquitetado um plano perfeito. Conseguiu resolver o problema. - «Control! Control!» - dizia o chefe da estação. Abri o saco e mostrei o passaporte.

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Perfeito. Caso encerrado. Paguei a viagem ao Joseph e despedi-me muito grato. Disse-lhe que ia ficar em Nové Zamky a descansar e no dia seguinte logo veria o que fazer... - «Hotel Nula! English Nula! Nové Zamky... kaput!» - dizia o Joseph, tentando explicar que ali não havia hotel nem pessoas que conseguissem compreender-me e o mais certo era eu ficar por ali à sorte de Deus, ilustrando esse nobre conselho com um gesto assustador de quem corta o pescoço... realmente... lembreime das pessoas «simpáticas» do Leste acerca das quais me falou no carro, engoli em seco e negociei com o Joseph um desconto para me levar a Budapeste! - «Budapest!» - gritou o Joseph, saiu-lhe a lotaria naquele dia. O lado B da cassete toca novamente, já estava farto de a ouvir, mas pronto, estava contente por estar vivo. O Joseph era agora um leão no seu táxi! O careca gordo de Bratislava atravessa as aldeias sem sequer parar pra ver quem vem, afinal ele já sabe, nunca vem ninguém! A não ser os coelhinhos soviéticos: os tempos mudam, as políticas mudam, e as fronteiras mudam, mas não precisam de passaporte para andar ali. O mundo ocidental estava prestes a chegar até eles. Nem o Joseph sonhava, mas muito em breve até os japoneses iam estar ali para construir fábricas e

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produzir automóveis para dar descanso eterno ao seu Skoda. Chegámos a Komarno. É a última cidade da Eslováquia, separada da Hungria pelo rio Danúbio. À nossa frente está um exército de guardas fronteiriços. O controlo é rígido. O Joseph tem de retirar o sinal do táxi para circular na Hungria. A partir desse momento passava a ser um carro privado como os outros. Atravessámos o rio e comprou-se um selo de circulação húngaro. Passados alguns minutos damos entrada na autoestrada que liga Viena a Budapeste. Cheira a Império Austro-Húngaro, onde circulam carros com todo o tipo de matrículas de Países do Leste Europeu. O Joseph acelera para ultrapassar BMW´s da Alemanha e camiões austríacos. Há um tipo de viatura que lhe dá mais gozo ultrapassar: as carrinhas da Roménia. Há imensas. Mas quando chega a Budapeste, guia mais devagar: a cidade é grande. Mas cheguei ao destino. No final, lá foi o Joseph divertir-se em Budapeste, todo feliz com a viagem do dia. Budapeste é uma metrópole disposta sobre uma planície cortada pelo rio Danúbio que aí já mostra a sua imponência do seu caudal. Pode apreciar-se a presença das grandes multinacionais sediadas em modernos edifícios. Os armazéns são grandiosos, assim como os monumentos históricos. Em Budapeste existe espaço em redor suficiente para a expansão estratégica a Leste, espaço esse que parece faltar a Praga e Bratislava. As ruas estão cheias de turistas aos gritos e turcos que escutam música árabe em alto volume. A TV mostra cenas menos próprias para menores. A cidade é maior, há mais ação. Um checo diz-me que a cidade já foi rica, agora está mais pobre. Havia tanta riqueza na altura do Império Austro-Húngaro, que construíram um outro parlamento em frente ao primeiro porque havia dinheiro em excesso. Na carruagem do metro vi um estudante que lia um livro de programação web para animações Flash em húngaro. Achei interessante o facto do rapaz conseguir ler esse livro de instruções técnicas no meio da confusão do metro de Budapeste como se de um romance de Camilo Castelo Branco se tratasse. As mulheres

húngaras vestiam-se como umas ciganas e tinham penteados horríveis, com o cabelo mal lavado. Alguém precisava abrir uma loja de artigos de beleza naquela cidade. Os homens húngaros cheiravam a suor. Um deles tinha uma deformação tao invulgar no nariz que nos meus escritos o apelidei de Pinóquio do Leste, tal era o comprimento da maçaroca de milho no meio da cara. Para aumentar a diversidade, na paragem seguinte entrou um grupo de turistas a falar alto, num sotaque que me era familiar. Eram portugueses do norte. Em Praga ou Bratislava não era comum ver portugueses de férias. Budapeste era o destino mais popular na altura. Estavam meio acanhados com a novidade da cidade. Os portugueses são discretos quando vão de férias. Dominam bem as emoções e sabem utilizar aquele jogo de cintura que os prepara calmamente para o imprevisto. Os espanhóis também estavam na carruagem, eram mais barulhentos, no entanto, estavam bem melhor vestidos que os portugueses. Os americanos falavam alto, com aquela presença imperial e sempre com as antenas da CIA sintonizadas em todas as direções. Toda a gente sai na mesma paragem. As mulheres em geral apreciavam a posse dos espanhóis que se passeavam como uns pavões no castelo de Budapeste. É lá que encontro os amigos do Porto que, ao me verem, desataram a fazer todas as perguntas, curiosos com a minha aventura. Eu acalmei-os. - «Pregaste-nos um susto!» - disseram em coro as duas estudantes de psicologia. - «Estou vivo. O Leste é fenomenal. Não é aquilo que as pessoas pintam. Há muito negócio para fazer aqui» - respondi ao Toninho. E tal e qual um coelhinho desapareci do castelo de Buda tao rapidamente como aparecera em Peste na véspera .

* extraídas dos diários pessoais de Edgar Prates (continua)

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FESTAS DO PESCADOR AQUECERAM ALBUFEIRA

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Praça dos Pescadores, em Albufeira, transformou-se num enorme arraial, nos dias 4, 5 e 6 de setembro, com tasquinhas de comes e bebes, onde não faltaram petiscos com sabor a mar e vinhos e doces regionais para fazer jus à tradição. Na sua 18ª edição, as Festas do Pescador contaram com a animação de grupos de música popular, ranchos folclóricos e a atuação de Bonga no último dia do evento. Milhares de pessoas aproveitaram estas três noites de convívio naquele que é um dos eventos mais típicos e genuínos de Albufeira. Todos os anos, no primeiro fim de semana de setembro, as Festas do Pescador reúnem a comunidade local, visitantes e turistas em torno das tradições ligadas às gentes do mar, gastronomia típica da região, folclore e música portuguesa. Este ano, o evento contou com duas dezenas de associações culturais e desportivas a rivalizar para oferecer os melhores pratos da cozinha algarvia. Nas várias tasquinhas existentes no

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recinto, os carapaus alimados, choquinhos com tinta, feijoada de búzios, cataplana, xerém, mariscos, os dom-rodrigos, bolos de figo, amêndoa e alfarroba não facilitaram a vida na hora de decidir quais os petiscos a levar para a mesa, mas ainda bem porque era tudo tão bom que o melhor foi mesmo provar um bocadinho de tudo. Depois de degustar as delícias gastronómicas, nada melhor que dar um pezinho de dança num dos cenários mais bonitos da cidade. No primeiro dia do evento, pelo palco passaram o Trio Impacto e a animada banda José Praia e Áqua Viva. O sábado ficou reservado ao Folclore com o Rancho de Albufeira a fazer as honras da casa e os grupos de fora – Folclórico e Etnográfico São Sebastião, Danças e Cantares da Canha (Montijo), Rancho Folclórico Pinheiros Grandes (Chamusca) e Casa do Povo da Aguçador (Póvoa do Varzim) a darem a conhecer ao público ali presente a enorme riqueza cultural existentes a nível dos trajes, danças e cantares de diferentes zonas do País. A festa terminou em grande com os ritmos quentes africanos e a boa disposição de Bonga a pôr toda a gente a cantar e a dançar os seus maiores êxitos .

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APAV AGRADECEU PARCERIA COM CÂMARA MUNICIPAL DE ALBUFEIRA

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presidente da direção da APAV, João Lázaro, e o presidente do núcleo de Albufeira, Mário Brito José, deslocaram-se à Câmara Municipal de Albufeira numa visita de cortesia para agradecer a cooperação da autarquia, com quem mantêm um protocolo desde 2010. Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal, e Marlene Silva, vereadora da Ação Social, receberam um certificado de parceria, que representa o agradecimento e reconhecimento por parte da APAV, que este ano está a celebrar as bodas de prata e uma das formas de assinalar o trabalho ao longo destes 25 anos é agradecer pessoalmente aos seus parceiros. “O Município tem tido um papel preponderante na atividade da APAV no concelho de Albufeira”, destaca João Lázaro Recorde-se que, em 2013, a Câmara Municipal cedeu uma loja à instituição de solidariedade, na Urbanização Habijovem, para que esta desse continuidade ao trabalho desenvolvido no concelho. Desde então, o número de casos sofreu um aumento significativo, passando de 385 processos registados entre janeiro e julho de 2014, para 543 processos em período homólogo de 2015. “Têm aparecido situações cada vez mais complexas, que nos obrigam a adotar outras formas de intervenção”, refere o presidente do núcleo da APAV de Albufeira. Mário Brito José acredita que o aumento do número atendimentos está relacionado com a conjuntura atual de crise. “Estamos a ser procurados por todas as situações que envolvam crime, especialmente por famílias destruturadas com problemas do foro psicológico”, explica.

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Consciente da importância da intervenção do Gabinete - único no concelho - junto das vítimas de crime, Carlos Silva e Sousa reiterou o compromisso de continuar a apoiar a instituição, nos moldes do protocolo reafirmado em 2013, que visa a manutenção do Gabinete de Apoio à Vítima de Albufeira. O autarca realçou a importância da APAV que, em articulação com outras entidades locais, desenvolve um trabalho excecional. “O GAV de Albufeira é o único gabinete do género em todo o concelho e a sua intervenção ao nível social, no apoio às vítimas, assume particular importância nesta altura de crise que assola e fragiliza as famílias. Este espaço veio criar as condições adequadas para que esta associação possa prestar um apoio mais eficaz a nível técnico e humano, conferindo melhores condições para quem trabalha e para quem é atendido”. No terreno desde 1990, a APAV tem apoiado um número cada vez maior de vítimas de crime (violência doméstica, crimes sexuais, homicídios, roubos, assaltos a residências) num universo estimado de mais de 270 mil pessoas .

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SAL DE CASTRO MARIM NO BAIRRO DAS ARTES EM LISBOA

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s designers João Abreu Valente e Vilma André juntam-se para uma nova interpretação do Sal de Castro Marim no Bairro das Artes – a rentrée cultural da 7ª Colina de Lisboa, cuja inauguração acontece no próximo dia 17 de setembro. A iniciativa conta com o apoio e a colaboração da Câmara Municipal de Castro Marim e do produtor Salmarim. O Sal de Castro Marim, representado no projeto NaCI, estará em exposição no Arquivo 237 (Rua da

Rosa, 237 | 1200 Lisboa), um espaço cultural que apresenta uma programação anual de design contemporâneo, arquitetura e novos media. São 30 os espaços associados ao Bairro das Artes este ano. João Valente e Vilma André exploram o sal como uma potencial matéria-prima para a pesquisa de novos processos e soluções do design contemporâneo e apresentam este trabalho em cinco etapas: 1. documentação e infografia (história e informação sobre o sal, lugar e atividade); 2. Laboratório (experimentação e investigação livre – sal e outros materiais); 3. Utopia (experimentar o sal em contextos utópicos, por exemplo sapatos de sal); 4. Concretização (potenciais produtos e utilizações); 5. degustação. O objetivo desta exposição, para além de uma nova abordagem às potencialidades do sal como recurso natural, nacional e renovável, tem como também o objetivo mostrar a importância e valor da pesquisa, exploração livre e criatividade como base de evolução e crescimento, numa tentativa de abertura a novos exercícios de design, à semelhança do que já se desenvolve em outros países do mundo .

CABEÇO DA JUNQUEIRA JÁ TEM ÁGUA POTÁVEL

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povoação de Cabeço da Junqueira, em Castro Marim, já é abastecida de água potável. Levar água potável às mais de 50 povoações serranas do concelho de Castro Marim, onde o abastecimento de água se faz através de fontanários públicos ou furos dos próprios habitantes, tem sido um dos principais intentos do executivo da Câmara Municipal de Castro Marim para este mandato. “Esta não é a solução desejada, que estaria dependente de um hipotético financiamento comunitário, mas vai finalmente trazer água potável às casas de cerca de mil pessoas privadas deste direito”, declarou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral. Na povoação de Cabeço da Junqueira a intervenção, que contemplou a construção de 35

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ramais, garante ainda o abastecimento da Águas do Algarve, responsável pela distribuição em alta da água aos 16 municípios algarvios, através do reservatório de água já instalado em Junqueira. Em fase de conclusão está também o abastecimento de água domiciliária à povoação de Alta Mora, que passa pela instalação de 60 ramais, estação elevatória e estação de tratamento de águas. Brevemente a Câmara Municipal de Castro Marim avançará com as intervenções em Nora Velha, Nora Nova e Pereiras. As obras realizadas no âmbito desta empreitada de abastecimento de água domiciliária potável são realizadas por administração direta, o que permite reduzir significativamente os custos da instalação .

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ARRANCARAM AS OBRAS DO MERCADO MUNICIPAL DE ALTURA

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Câmara Municipal de Castro Marim deu início às obras de modernização do Mercado Municipal de Altura, uma empreitada adjudicada por 267 mil e 942 euros que deverá ser concluída no prazo de oito meses. A intervenção, que assenta na remodelação, modernização e revitalização do equipamento público, vai melhorar as condições técnicas e tecnológicas necessárias aos vendedores na garantia da qualidade dos produtos, além de tornar o espaço mais atrativo para o público em geral. As principais modificações vão acontecer na zona de venda de pescado, através da total remodelação de bancas e espaços afetos, procurando responder à excelência exigida, tanto pelo vendedor, como pelo consumidor. O projeto contempla também a reabilitação de outros espaços interiores, que passam pela redistribuição de sítios de venda, aplicação de novos revestimentos, remodelação de sanitários, reformulação de infraestruturas de abastecimento de água e de rede elétrica, entre outros. “A necessidade de intervenção, para além de questões higiéno-sanitárias, tem como principal objetivo o apoio e dinamização da economia do local, e o reforço da sua identidade ligada ao mar, hoje muito focada no sol e praia. Acreditamos num aumento da procura de bens no mercado local, referenciados como de superior qualidade, e consequentemente no aumento de transações de produtos ligados ao mar”, frisou a vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Filomena Sintra. Segundo a responsável autárquica, no espaço remodelado serão realizados workshops e

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atelieres que estimulem essa procura, tal como serão levadas a cabo ações de promoção e marketing para o mesmo fim e para a sensibilização do consumidor para as vantagens de compra num mercado de proximidade. Num aproveitamento de sinergias, o espaço do Cidadão, da rede de lojas do Cidadão, também ali funcionará. “Por outro lado, Altura e Castro Marim, referências na região pela sua restauração e gastronomia, poderão, no seu conjunto e com o mercado, impulsionar as pequenas explorações e dessa forma criar mais emprego”, referiu ainda Filomena Sintra. Durante o decurso da obra, o Mercado de Altura ficará a funcionar na antiga escola primária. A modernização do Mercado Municipal de Altura tem o cofinanciamento do PROMAR (Programa Operacional Pesca 2007-2013), por via das medidas do Grupo de Ação Costeira do Sotavento, que desde muito cedo acompanhou este projeto .

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MONCHIQUE NORTE VAI SER LIGADO AO SISTEMA MULTIMUNICIPAL DE SANEAMENTO DO ALGARVE

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ando continuidade aos investimentos efetuados no âmbito dos Sistemas Multimunicipais, quer de água, quer de saneamento do Algarve, a Águas do Algarve, S.A. procedeu recentemente à assinatura de um Contrato de Empreitada para o concelho de Monchique, com a empresa MAJA, S.A., pelo valor de 681 mil e 972,47 euros, e com um prazo de 240 dias. A consignação dos trabalhos ocorreu no passado dia 17 de agosto, e prevê a execução de obras de construção civil, bem como o fornecimento e montagem de equipamentos metalomecânicos, eletromecânicos, elétricos, automação e instrumentação, de um conjunto de duas estações elevatórias de águas residuais domésticas, três coletores gravíticos e duas e respetivas condutas elevatórias. A Estação Elevatória EE1 vai receber os efluentes provenientes da Cruz dos Madeiros e Parque Urbano e será dotada de um poço de bombagem compacto e dos vários equipamentos inerentes. A Estação Elevatória EE2 vai recebe os efluentes provenientes da Cruz dos Madeiros, Parque Urbano, Urbanização de S. Roque e de algumas habitações existentes no Vale, ficando dotada de um poço de bombagem compacto e dos vários equipamentos inerentes. O Coletor Gravítico CG1 conduzirá os afluentes domésticos provenientes da Cruz dos Madeiros e Parque Urbano até à estação elevatória (EE1) e respetiva conduta (CE1), de modo a elevar os efluentes domésticos produzidos nesta bacia até à urbanização de S. Roque. Este troço terá cerca de 645 m de comprimento, sendo constituído por tubagem em PVC de diâmetro Ø 200 mm. O Coletor Gravítico CG2 será construído ao longo do Caminho do Vale, recebendo a maioria dos efluentes domésticos da urbanização de S. Roque. Este troço terá cerca de 656 m de comprimento, sendo constituído por tubagem em PVC de diâmetro Ø 200 mm. O Coletor Gravítico CG3 terá

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início na Rua Pé da Cruz, onde afluem os caudais provenientes da CE CE2, estendendo-se ao longo da EN266 e da Estrada Velha. Este troço terá cerca de 785 m de comprimento, sendo constituído por tubagem em PVC de diâmetro Ø 315 mm; A Conduta Elevatória CE1 terá início na estação elevatória EE1, a construir a nordeste de Monchique, desenvolvendo-se para oeste e sudoeste, até à urbanização de S. Roque. Este troço terá cerca de 918 m de comprimento, e será constituído por tubagem em PVC de diâmetro Ø125 mm. A Conduta Elevatória CE2 terá início na estação elevatória EE2, a construir no Caminho do Vale, desenvolvendo-se para sudoeste, até à Rua Pé da Cruz. Este troço terá cerca de 325 m de comprimento, e será constituído por tubagem em PVC de diâmetro Ø140 mm . 34


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DIOGO PIÇARRA CANTOU EM CASA e as Muralhas de Faro tremeram Depois da presença na Semana Académica da Universidade do Algarve, na FATACIL, em Lagoa, na Feira da Serra, em São Brás de Alportel e em alguns estabelecimentos de animação noturna durante o mês de agosto, Diogo Piçarra atuou finalmente na sua terra-mãe, a cidade de Faro, no primeiro dia do Festival F. Cinco meses depois do lançamento de «Espelho», a plateia em frente ao palco das Muralhas esgotou por completo e a assistência deu umas boas-vindas de sonho ao seu ídolo, cantando os temas do princípio ao fim. É o concretizar do sonho de um jovem farense que não desistiu quando foi rejeitado as primeiras vezes pelos concursos televisivos e que, hoje, é um dos nomes mais em voga da música nacional. Texto e fotografia: Daniel Pina

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Festival F foi um tremendo sucesso e, no fim de semana de 4 e 5 de setembro, largos milhares de portugueses e espanhóis percorreram as ruas da Cidade Velha de Faro e vibraram com as dezenas de artistas que se apresentaram nos diversos palcos montados no centro histórico da capital algarvia. Uma das principais atrações atuou ao início da primeira noite, no Palco Muralhas, Diogo Piçarra, um farense que começou a dar nas vistas nos «Fora da Bóia» mas que despertou para a fama ao vencer a edição de 2012 do programa «Ídolos», da SIC. Três anos depois, «Espelho» viu a luz do dia, com temas compostos pelo próprio Diogo Piçarra e desde então nunca mais parou, numa roda vida de festivais e atuações nos principais palcos nacionais. Mas nunca esqueceu as origens e, como que a prova-lo, a seu lado tem outros algarvios, bateristas, guitarristas e baixistas de nível superior que demonstram a qualidade dos músicos da região. “É uma caminhada que está no início, só passaram cinco ou seis meses desde que o disco saiu e sinto que ainda há bastante para oferecer ao público, muitos

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concertos e eventos para acontecer. Mas é um sonho concretizado porque, há uns anos, estava a tocar num bar aqui mesmo nas Muralhas de Faro, com os «Fora da Bóia», no chão, sem quaisquer condições. Hoje, estou aqui a solo, na minha cidade natal, e foi com grande alegria e gratidão que recebi o convite para participar na segunda edição do Festival F”, frisa Diogo poucos minutos depois de ter terminado o espetáculo, e com uma legião de fãs à espera do tão desejado autógrafo no livro do CD. Uma experiência ainda mais saborosa porque Diogo Piçarra tocou e cantou as suas músicas, um anseio que nunca deixou desaparecer, mesmo quando a banda que tinha com o irmão gémeo e alguns amigos de Faro se extinguiu. “Fui estudar para fora, fazer um ERASMUS na República Checa durante seis meses, porque queria completar a minha formação académica. Quando regressei, parecia um Diogo renovado, com planos de fazer tudo sozinho, comecei a gravar covers e a tocar em bares para me conseguir fazer ouvir”, recorda o farense, reconhecendo que o grande trampolim foram os «Ídolos», embora já tivesse participado noutra edição sem muito sucesso. “É impossível saber 38


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quem vai ganhar ou ficar nos finalistas, estamos enfiados num hotel e não temos noção do que se passa no exterior, se as pessoas estão a gostar de nós, quem são os preferidos do público. Em 2009 concorri e fui eliminado logo na fase do teatro, portanto, nem tinha a ideia de chegar às galas. Se calhar, em 2012, já estava mais maduro e evoluído, tinha viajado pela Europa e crescido pessoal e musicalmente. Acima de tudo, agi com naturalidade e coerência e fui passando de gala em gala até ganhar”. No entanto, o boom de Diogo Piçarra não se deu de imediato, até porque, ao contrário do que acontece com outros vencedores, não foi logo a correr gravar um disco. “Uns diziam para lançar logo um álbum, outros aconselhavam-me a ir com calma, era opiniões a cair de todos os lados. Fui para Inglaterra tirar um curso na London Music School, que era parte do prémio de ter vencido os «Ídolos», mas depois foi difícil descobrir o meu próprio caminho. Os produtores não conseguiam fazer nada de mim, a minha

editora também não estava totalmente satisfeita com os meus originais, apareceram escritores e compositores, só que eu também não estava feliz com o trabalho deles”, conta o artista, pormenores que normalmente não chegam ao conhecimento dos fãs.

EM BANHO-MARIA ATÉ SAIR PERFEITO Durante quase três anos, Diogo Piçarra esteve num género de «banho-maria», num «vai-nãovai», à procura da receita de sucesso, dos ingredientes certos, da sonoridade que melhor condizia com o timbre do farense, com as letras que melhor expressassem os seus sentimentos. Um período em que, verdade seja dita, tudo podia ter dado para o torto, Diogo podia ter perdido o ânimo e baixado os braços, a editora podia ter virado as suas atenções para outro artista emergente, mas nunca desistiu.

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Finalmente, em 2015, surge a oportunidade de lançar um disco somente de originais e assim nasce «Espelho», precisamente um espelho do que Diogo Piçarra é no seu âmago. “Fiz bem em esperar, mas podia ter lançado o disco e já ninguém se lembrar de mim, mas nunca deixei de trabalhar durante esse compasso de espera. Lancei vídeos, covers e concursos para os fãs, coloquei fotos nas redes sociais, estive sempre bastante ativo. Aliás, ainda nem tinha originais editados e já possuía uma rede de milhares de fãs no Facebook e Instagram”, destaca o entrevistado. Foi o aproveitar da melhor forma das novas tecnologias de informação, do fenómeno das redes sociais, mas Diogo Piçarra adverte que as editoras continuam a ser fundamentais para o progresso dos artistas. “Conhecem as pessoas das rádios, das revistas e dos jornais, sabem

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como tudo funciona e eu, sozinho, a bater às portas, não teria chegado onde cheguei com a editora. Nas redes sociais consegue-se dar os primeiros passos, mas depois é necessária uma promoção massiva para se aparecer numa publicidade do Continente, para alcançar as visualizações do «Tu e Eu», para ter músicas em duas novelas – o «Breve» nas Poderosas e o «Tu e Eu» no Mar Salgado. Se andasse preocupado com esses aspetos, nem fazia música, nem tinha voz para estar aqui a cantar”, sublinha. Redes sociais que foram, então, fulcrais para manter Diogo Piçarra na berra enquanto não saiu o primeiro álbum de originais, mas o farense entende que se está a entrar no exagero com a presença em tantas plataformas. “Há o Spotify e o I-Tunes, o Facebook, o Instragram e o Facebook Mentions, o Snapchat e o Twitter, agora até se transmitem os vídeos em diretos através do Periscope. Às tantas, queremos tanto ser sociáveis que perdemos o foco, já não sabemos onde estamos e para onde queremos ir”, avisa. A verdade é que, fruto de todo esse trabalho, Diogo é daqueles poucos que, quando vai de carro, de repente ouve a sua voz na rádio ou, quando está a ver televisão em casa, eis que aparece a sua cara numa campanha publicitária. “É uma situação estranha, mas gratificante, porque é a consequência natural do meu esforço. Valeram a pena estes três anos”. E Diogo Piçarra até nem precisa ter muito receio de perder a voz neste ou naquele concerto, porque a assistência sabe os temas de cor e salteado e, como aconteceu no espetáculo do Festival F, canta as músicas do princípio ao fim. “Claro que o «Tu e Eu» é o momento mais alto dos concertos, mas cantam as covers e os originais, saltam e gritam quando eu peço e é ótimo sentir isso em Faro. Há sempre o estigma da nossa própria cidade não nos apoiar, mas nunca tive razões de queixa em relação ao Algarve e os meus espetáculos estiveram sempre cheios ao longo da minha caminhada, fosse em cafés ou bares ou agora em palcos 40


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maiores. Às 21h30 o recinto estava cheio, não é normal”, agradece, cansado, mas com as emoções à flor da pele. Contudo, não há tempo para descansar e, ao mesmo tempo que promove «Espelho» na estrada, já escreveu o tema para o vencedor da sexta edição dos «Ídolos» e está a trabalhar num DVD que sairá no Natal. “Em simultâneo, estou a preparar o próximo disco e deverei ir novamente para estúdio em 2016. Tem que ser assim, porque as coisas, hoje, acontecem muito depressa. As pessoas ouvem um disco, colocamno na prateleira e querem logo outro novo, o mesmo com os vídeos”, explica, deixando um conselho aos fãs que sonham seguir as suas pisadas. “O principal é terem persistência e nunca levarem muito a sério os programas de televisão, porque aquilo é apenas entretenimento. Eles querem personagens para divertir as pessoas em casa e não se deve levar demasiado a peito quando se é rejeitado num desses programas”.

E rejeitado foi Diogo Piçarra sete vezes, nos «Ídolos», na «Operação Triunfo», em castings para outros programas da TVI, tentou tudo e mais alguma coisa antes de ter sucesso, indica, sem qualquer vergonha. “Acima de tudo, há que ter um trabalho coerente, coeso e verdadeiro e, se formos sinceros, chegamos mais facilmente ao público. Depois, não inventem, não cantem coisas que não se adequem à vossa voz e, se compuserem, escrevem temas que lhes deem prazer cantar em palco”. E pronto, não havia tempo para mais nada. Lá fora, as fãs não se cansavam de gritar pelo Diogo e os restantes elementos da banda lembravam que, daqui a bocadinho, tinham que estar no aeroporto para apanhar o avião rumo à Madeira, para mais um concerto. É a vida de artista, cansativa, como se verificava no semblante de Diogo Piçarra, mas também lá estava o sorriso nos lábios, os olhos a brilhar, as memórias da noite em que as Muralhas de Faro tremeram ao som das vozes de milhares de fãs .

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“Teatro é uma excelente forma de intervir na comunidade”, garante

ELISABETE MARTINS A atriz Elisabete Martins está de novo em palco, desta vez a solo, no monólogo «O Adeus», escrito por Henrique Prudêncio. Trata-se de mais uma produção de excelente qualidade da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, em cena no Teatro Lethes, em Faro, e em que a divertida lisboeta radicada na região há mais de 15 anos demonstra todo o seu talento. Mas trabalhar com os mais novos é outra das suas paixões, daí que vista também, desta vez no mundo real, a personagem de caloura no curso de Educação Social da Universidade do Algarve. Entrevista: Daniel Pina

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ouco passava das 10 da manhã quando Elisabete Martins nos abriu a porta do Teatro Lethes, uma das mais belas salas de espetáculo da Europa, cartão-de-visita de Faro e, nos últimos tempos, a «casa» da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, que assumiu a programação anual deste espaço cultural da capital algarvia. De sorriso nos lábios, como é seu apanágio, a lisboeta de 36 anos contou que veio para o Algarve há cerca de 16 anos para tirar uma formação precisamente na ACTA, mas confessa que caiu de paraquedas no teatro, por via do grupo amador de Pedro Barão, sem influência de ninguém, muito menos com o tal bichinho que muitos dizem ter desde miúdos. Talvez por isso tenha começado como contrarregra, a pessoa responsável pelos adereços no bastidor e por os colocar depois em cena, função que foi desempenhar no Teatro Nacional D. Maria II, numa coprodução com a «Escola de Mulheres». “Era mais uma no desemprego a recibo verde e, entre estar a servir às mesas – com todo o respeito por quem é empregado de mesa – e vir fazer uma formação profissional remunerada, ainda por

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cima na área que eu queria, nem pensei duas vezes”. Formação superior em teatro nunca tirou mas, curiosamente, no dia a seguir à entrevista estreou-se no papel de caloura na Universidade do Algarve, onde vai tirar o curso de Educação Social. Sobre a sua entrada para o teatro, admite que aconteceu por causa da irmã, que fazia parte do tal grupo amador. “Fui assistir a um ensaio dela, disseram-me que precisavam dum contrarregra, fiquei e acabei por ganhar o gosto. Fui conhecendo autores e vendo espetáculos, mas nem eu sabia que queria ser atriz. Ainda fiz umas audições em Lisboa, no Teatro da Trindade, para o «Romeu e Julieta», mas porque fui atrás do resto dos meus colegas do CCB”, recorda. Entretanto, Elisabete Martins teve conhecimento do curso de Atores, Técnicos e Animadores Teatrais da ACTA, que teria a duração de um ano e meio, achou que seria interessante e rumou ao sul. “No questionário de inscrição perguntavam se queria ser técnica ou atriz, decidi que queria experimentar o outro lado e parece que tenho jeito para a coisa”, diz, com um encolher de ombros, ao mesmo tempo que indica que a mudança para o 44


ENTREVISTA Algarve foi um choque terrível e que, nos primeiros seis meses, só pensava em voltar para AS PESSOAS NÃO GOSTAM Lisboa. “Não tinha cá ninguém conhecido, foi DE PENSAR estranho, uma mudança completa de hábitos e de ritmos. Eu sou menina da cidade grande e, Desde cedo Elisabete Martins verificou que o quando cá cheguei, isto era uma espécie de teatro é uma excelente forma de intervir na província e aldeia”, lembra. comunidade, não para resolver todos os No seu jeito descontraído, Elisabete Martins dá problemas num passe de varinha mágica, mas um breve pulo aos seus 20 aninhos e explica que para chamar a atenção para determinadas não sabia muito bem ao que vinha quando se temáticas, de modo a que, depois, se tentem inscreveu no curso da ACTA. “Sempre fui muito encontrar soluções em conjunto. Um papel que, aventureira, mas dei um desgosto tremendo à supostamente, devia ser desempenhado pelo minha mãe, coitadinha. Na altura ia concorrer à governo, através do Ministério da Cultura, se ele universidade em Lisboa, para Comunicação existisse, claro, mas que acaba por cair nas mãos Social, e vim-me embora no dia 31 de março, dos próprios agentes culturais. “O VATe – Vamos precisamente a data do seu aniversário. Ser atriz apanhar o Teatro surgiu justamente para suprir não a incomodou muito, o pior era vir para o um pouco a necessidade de levar o teatro às Algarve, mas eu também lhe perguntei logo se, caso as coisas não resultassem, podia voltar para zonas mais afastadas dos polos citadinos e há miúdos que entram pela primeira no teatro casa dela. Penso que a minha ideia era fazer o através desse projeto. Não é apenas para se criar curso e regressar a Lisboa, mas fui ficando por cá e agora ninguém me tira do Algarve”. E a verdade é que, ainda durante o curso, Luís Vicente, responsável pela ACTA, a convidou para integrar uma peça como atriz, sendo atualmente um dos elementos mais antigos da companhia. “Hoje, o elenco fixo está bastante reduzido, não há condições financeiras para ter a mesma composição de outros tempos”, lamenta Elisabete, que na altura já percebera que ser atriz era mesmo o que lhe enchia as medidas, aquilo que queria fazer enquanto pudesse. “Sempre gostei de perceber como é que funciona tudo, não me fixo apenas na interpretação Fotografia: Bruno Pires do texto e na criação de personagens. Acho imensa piada a este universo, públicos para o futuro, é algo mais profundo, é uma questão de educação, de criar o gosto, a a produção, a criação dos cenários e dos criatividade, de abrir horizontes. Faz falta mexer figurinos. A ACTA desenvolvia igualmente bastantes espetáculos interativos com as escolas, com as emoções, trabalhar com elas”, defende Elisabete Martins. “Depois, conforme os miúdos onde se abordavam temas como o bullying, o vão crescendo, vão percebendo se gostam ou álcool, a sexualidade e, ao longo destes anos, não de teatro”. tenho trabalhado sobretudo com os Um trabalho bem mais fácil quando só existiam adolescentes. É uma espécie de intervenção três ou quatro canais de televisão para entreter a comunitária que adoro”. 45

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miudagem em casa e um computador pessoal que, de tão arcaico que era, pouca capacidade de atração exercia sobre os mais novos. Hoje, chegase a uma escola primária e é ver as crianças agarradas a telemóveis topo de gama ou tablets, a jogar ou a navegar na internet, em casa são dezenas os canais com filmes e séries vistosas a que assistem sem qualquer controlo parental, portanto, não é pera-doce levá-los ao teatro. “Infelizmente, o nosso problema não é só com os jovens, acho que andamos todos num marasmo. Começa logo quando me perguntam se a peça é para rir. Ninguém quer parar, pensar, refletir e, se calhar, levar uma chapada sem mão para abrir os olhos. Andamos a dormir”, observa Elisabete, preocupada. Está visto que as pessoas gostam de não pensar e a desculpa mais fácil para não se ir ao teatro é a crise e os custos, o que deixa a entrevistada

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bastante irritada. “Quando me dizem que não têm dinheiro para vir ao Teatro Lethes, fico abismada. Os bilhetes para as produções de outras companhias são mais caros porque eles têm custos acrescidos, mas, nas nossas peças, até podem utilizar vouchers de descontos. O portador entra gratuitamente se vier acompanhado e os acompanhantes têm 50 por cento de desconto. Ora, se o bilhete custa 10 euros, fica por cinco. Se quiser dividir o valor com o portador do voucher, fica a 2,5 euros cada. Isto é caro?”, dispara Elisabete. Temas demasiado sérios ou intelectuais são outra desculpa apontada pelas pessoas para não irem ao teatro, preferindo a típica revista à portuguesa da piada fácil e do riso automático, mais outra situação que causa um ataque de nervos à atriz. “«O Adeus» foi escrito pelo Henrique Prudêncio, que tem 24 anos, e as pessoas constataram que é um texto cru, simples e atual. É a história de uma mãe que está no quarto e da filha emigrou. Uma mãe que viu a filha ser obrigada a emigrar porque, como disse o nosso querido primeiro-ministro, é melhor emigrar do que ficar na zona de conforto do desemprego”, frisa, esclarecendo que os textos mais clássicos continuam a ser extremamente atuais, ao contrário do que se possa imaginar, sinal de que a essência humana não muda. Henrique Prudêncio que faz parte de uma nova geração de escritores, para teatro ou não, muitas vezes mais novos que os próprios atores e atrizes que vão interpretar os seus textos, mas isso é algo que não faz confusão a Elisabete Martins. “Nós somos influenciados pelas nossas experiências e por aquilo que já vivemos e eles trazem uma nova perspetiva da sociedade e do mundo. Alguém com menos 15 anos do que eu, tem uma ideia diferente da minha sobre o nosso país, mas isso é muito interessante. Essa coisa de que os jovens não sabem nada, é tudo mentira e temos que escutar as suas opiniões, porque eles são o futuro”, defende. Aliás, a própria Elisabete reviu-se no texto de «O Adeus» porque também 46


ENTREVISTA ela teve que sair de casa bem nova e rumar ao Algarve em busca de melhores oportunidades de trabalho. “Só me desloquei 300 quilómetros, mas a questão do ir embora, do ir à procura, de me fazer à vida, de lutar pelo que se quer, de não ficar no comodismo. Na época, nunca pensei na perspetiva da minha mãe”, confessa.

O ATOR É UMA COISA ESQUISITA, ESTRANHA

não ficar a remoer no erro e ir em frente”, aconselha, apesar de isso ser mais fácil de dizer do que de fazer, ainda mais quando se está sozinha em palco, como é o caso de «O Adeus». “Não estamos imunes às brancas e a solução é fazermos um silêncio maior, que, para o público, são dois segundos, mas para nós parece um ano. Mas eles até podem pensar que se trata de uma pausa dramática”, diz, com uma sonora gargalhada. “Há sempre esse medo e não usamos ponto ou teleponto, é trabalhar completamente sem rede”. Monólogos que não são para todos e a primeira experiência de Elisabete Martins com o género foi com os «Prantos» de Gil Vicente.

Se na atual peça Elisabete Martins assume um registo mais sério e dramático, noutros espetáculos as personagens eram mais bemdispostas, mas a polivalência é uma das suas armas, o que não significa que tenha um botão «OnOff» para ligar ou desligar quando está em cima ou fora do palco. “O grande desafio do ator é esse, deixar no camarim a nossa roupa e partir à descoberta das personagens. Ao longo dos anos, também vamos crescendo e sabendo gerir melhor as diferentes formas de estar”, destaca, sublinhando que a linguagem de teatro é muito distinta do cinema ou televisão. “A cabeça dum ator em palco é incrível. Fotografia: Rui Carlos Mateus Dou por mim a dizer o texto e a pensar que depois tenho que ir para o lado esquerdo, pegar no “Disse ao Luís Vicente que não conseguia estar boneco e ajoelhar-me. Na televisão, se for sozinha em palco e, como tínhamos música ao preciso decora-se o texto cinco minutos antes vivo, pusemos a baterista e o técnico de luz no das filmagens, dizes aquilo e está feito. No palco. Hoje, não tenho medo nenhum, estou ali teatro, há um trabalho de maturação, de na boa, e tenho comigo o Nuno ou o Octávio, aprofundar a personagem e os sentidos, as que estão a tratar da luz. É tudo uma questão intenções, é tudo mais estruturado e de maturidade e experiência”, considera, profundo”, garante. adiantando que, do palco, poucos rostos se Prova disso é que muitas supostas estrelas de conseguem identificar na plateia. “O ator é uma televisão querem experimentar a nobreza do coisa esquisita, estranha, porque temos que nos teatro e não se dão bem, mas o inverso também deixar ir pela emoção, mas não podemos acontece, esclarece Elisabete Martins, que ainda descurar todo o lado prático e técnico. Eu sei hoje sente o friozinho na barriga nas noites de que digo ‘olá, boa tarde’ e tenho que dar dois estreia. “É o pânico geral, os nervos ao rubro, passos para a esquerda, porque é para onde o porque queremos fazer tudo bem. O truque é projetor está a incidir. É para isso que servem 47

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os ensaios técnicos e, como dizem os franceses, é repetir e repetir até a máquina ficar oleada e aquilo sair naturalmente”. Ora, como a conversa ia correndo de forma descontraída e animada, não resistimos à tentação de perguntar se, numa época em que já poucos conseguem viver desafogadamente com o «ordenado» de ator, ainda persistem as tais «prima-donas». “Então não há? Alguns amigos meus, por brincadeira, tratam-me por diva, mas isso é algo que não sou. Prima-donas tem a ver com feitios e maneiras de estar e alguns atores têm o ego do tamanho do mundo, quando devemos todos ser humildes”, aponta Elisabete Martins. E com o ano a caminhar a passos largos para o término, como é a experiência de ter uma «casa» própria, uma vez que a ACTA é a responsável pela programação do Teatro Lethes? “Com os cortes de financiamento que tivemos, optamos por manter o teatro aberto o máximo de tempo possível, mesmo que isso prejudicasse depois a

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criação artística. Continuamos a circular com os nossos espetáculos pelo resto do país, da mesma forma que recebemos aqui projetos de terceiros. Exemplo disso é que fiz o ensaiogeral no próprio dia da estreia porque, na noite anterior, aconteceu um concerto da Paula Oliveira”, responde a atriz. “Estrear fora é sempre complicado porque implica irmos quatro ou cinco dias antes para fazer as adaptações e montar a luz. Aqui, vamos fazendo as coisas com tempo e calma, mas depois temos que lidar com outros pormenores mais administrativos e burocráticos. É o Luís Vicente que dirige este espetáculo, estávamos na sala-estúdio a ensaiar e éramos constantemente interrompidos para resolver isto ou aquilo”, revela. Seja como for, vir para o Algarve foi uma aposta ganha, disso não tem dúvidas Elisabete Martins, que provavelmente não seria atriz se tivesse permanecido em Lisboa. “Só ao fim destes anos todos é que percebi que é aqui que quero estar e Lisboa e Sevilha estão tão perto de nós. O Aeroporto de Faro leva-nos para todo o lado, as distâncias estão mais curtas e, quando quero ver coisas, é fácil sair daqui”, explica, não arrependida de ter saído da tal zona de conforto. “Sou uma sortuda, pertenço àqueles 10 por cento mundiais que fazem aquilo que gostam. Ainda por cima sou paga para isso. Não me imagino a fazer outra coisa”, garante, enaltecendo outro projeto que lhe fala perto do coração. “Há quatro anos, a APATRIS 21 Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve, contatou-nos para darmos aulas de expressão dramática aos seus utentes. Eu disse que sim sem saber onde me estava a meter e avançamos com o «Inclusão pela Arte». A minha aluna mais pequenina tem oito anos, o maior tem 33, são 13 utentes com trissomia 21, autismo, défice cognitivo. Gosto muito de estar em palco, mas há todo um trabalho que o teatro nos permite fazer, que não é visível mas, caramba, é tão gratificante. Isto é a minha vida. Antes, achava que podíamos mudar o mundo. Agora, sei que o mundo todo não conseguimos influenciar, mas sei também que posso fazer a diferença aqui ao pé de mim” .

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OFERTA DE MANUAIS ESCOLARES PERMITE POUPANÇA ÀS FAMÍLIAS OLHANENSES

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presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina, entregou, no dia 10 de setembro, de forma simbólica, alguns livros aos pais de alunos que vão frequentar este ano letivo o 1.º Ciclo nas escolas do concelho. O autarca esteve na EB 2,3 Dr. António João Eusébio para, em nome do Município, oferecer os manuais escolares às crianças que vão frequentar a Escola EB1 de Moncarapacho. Os livros de Matemática, Português, Estudo do Meio e Inglês (para o 3.º ano) ainda vêm embalados e cheiram a novos. A alegria dos mais pequenos, mas também dos pais, é evidente, ao receberem os manuais das mãos do presidente da Câmara de Olhão, António Miguel Pina, que este ano decidiu ajudar nas despesas sempre inerentes ao arranque do ano letivo, oferecendo os livros a todos os alunos que frequentam o 1.º Ciclo do Ensino Básico no concelho. Cerca de 2000 alunos estão a ser beneficiados com esta medida que, mediante o poder negocial da Autarquia com a editora, permitiu que os milhares de livros adquiridos ascendessem a pouco mais de 90 mil euros, quando o que estava previsto era que custassem cerca de 110 mil euros. “Conseguimos um desconto de cerca de 15 por cento sobre o preço de capa”, referiu António Miguel Pina, na visita que fez à escola de Moncarapacho. Desta forma, foi igualmente possível às famílias que têm filhos a frequentar o 1.º Ciclo no concelho pouparem cerca de 65 euros nos livros de Português, Matemática e Estudo do Meio (no caso do terceiro ano, acresce o livro de Inglês, chegando aí a poupança a mais de 80 euros).

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“Deixamos de ter necessidade de fazer esta compra”, destaca Alda Correia, mãe da pequena Daniela, que hoje recebeu os seus livros novos de forma totalmente gratuita. “É uma excelente iniciativa, dá uma boa ajuda”, acrescenta a encarregada de educação. “É uma oferta muito boa, ajuda mais do que se possa imaginar”, diz a avó de outro aluno, emocionada, enquanto agarra os livros do 3.º ano do neto junto ao peito, ao mesmo tempo que agradece a António Pina a iniciativa da Câmara. A entrega de livros escolares aos alunos do 1.º Ciclo prosseguiu durante todo o dia em Moncarapacho, decorrendo a iniciativa, a 11 de setembro, na Escola EB 2,3 Dr. Alberto Iria (para os alunos da EB1 do Largo da Feira), no dia 14 na Escola EB 2,3 João da Rosa (para receberem os manuais os alunos da EB1 N.º6, Cavalinha e Marim), no dia 15 na Escola EB 2,3 Dr. José Carlos da Maia (para os alunos da EB1 N.º7, Brancanes e Quelfes) e no dia 16 na Escola EB 2,3 Prof. Paula Nogueira (para os alunos da EB1 N.º4, N.º5 e Pechão), sempre entre as 11h e as 19h .

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SÃO BRÁS TEM NOVA PINTURA DA SINALIZAÇÃO HORIZONTAL

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Câmara Municipal de São Brás de Alportel lançou um procedimento com vista à renovação da pintura de sinalização horizontal em diversos locais do concelho, com o valor base de 18 mil e 338 euros. Assim sendo, arrancaram já os trabalhos de fresagem e repintura de passadeiras, para que as mesmas possam recuperar a sua visibilidade, fator fundamental para a segurança rodoviária de condutores e peões que circulem no concelho. A empreitada integra ainda a pintura de uma nova sinalização horizontal na vila. Dado o aproximar de um novo ano letivo, os trabalhos iniciar-se-ão pela intervenção sobre as passadeiras que se encontram próximas de estabelecimentos educativos, sendo prioritária a segurança das nossas crianças e jovens. A renovação da pintura da sinalização horizontal

decorre durante o mês de setembro, uma vez que é a época do ano mais indicada para realizar tais tarefas .

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VÍTOR GUERREIRO EXIGE SOLUÇÃO URGENTE PARA CENTRO DE MEDICINA E REABILITAÇÃO DO SUL

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aprovação de concurso público internacional pelo Conselho de Ministros para definir novo modelo de gestão do Centro de Medicina e Reabilitação do Sul não se concretizou, ao contrário do prometido pela Administração Regional de Saúde do Algarve, ARS Algarve, a 10 de agosto, em reunião com o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, que exige uma solução célere em prol do bem-estar dos cidadãos. Recorde-se que a ARS Algarve assumiu, desde novembro de 2013, a gestão do Centro de Medicina e de Reabilitação do Sul, que tem vindo a enfrentar a constante saída de profissionais das mais diversas áreas, bem como a perder capacidade de resposta face às necessidades da população da região e do país, funcionando o internamento apenas a 50 por cento da sua capacidade e o ambulatório a 30 por cento, entre muitos outros constrangimentos. A fim de avaliar as condições de funcionamento desta unidade de saúde, o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel solicitou uma reunião com a ARS Algarve, que teve lugar no dia

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10 de agosto e na qual marcaram presença o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, Jorge Botelho, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, o vogal da ARS, Nuno Ramos, e outros autarcas. Perante as questões relacionadas com o modelo de gestão da unidade de saúde, Nuno Ramos garantiu que até ao final do mês de agosto seria aprovado, em Conselho de Ministros, um concurso público internacional, com vista a atribuir a concessão do CMR Sul a uma entidade privada. Lamentavelmente, a Câmara Municipal de São Brás de Alportel confirma que, até à data, o concurso não avançou e o centro, uma unidade de excelência com reconhecimento internacional, continua a enfrentar os mesmos problemas e dificuldades, sem perspetivas ou garantias de uma solução viável num tempo próximo. A demora na resolução deste problema é questionável, uma vez que se arrasta há quase dois anos e as garantias que são dadas nunca se concretizam, tornando-se inexplicável a falta de esforço em encontrar uma resposta célere para garantir o pleno funcionamento do centro e a continuação deste trabalho exemplar no futuro. “Continuamos preocupados com as atuais condições de funcionamento do Centro de Medicina e de Reabilitação do Sul, uma estrutura de extrema importância para o concelho, para a região e para o país. É fundamental continuar a assegurar a prestação destes cuidados de saúde diferenciados a quem deles precisa, e entendemos que já é tempo de o CMR Sul ser considerado uma prioridade para a administração central”, declarou Vítor Guerreiro, reforçando a urgência em resolver definitivamente esta situação .

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IEFP VAI TER NOVO POLO DE FORMAÇÃO EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

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Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) deu início à construção do novo polo de formação de Vila Real de Santo António, obra avaliada em 425 mil euros, financiados pelo IEFP, e que deverá estar concluída no início de 2016. Este projeto contempla a implementação de cinco salas de formação geral e tecnologias de informação e comunicação, uma loja pedagógica, bem como um espaço de oficina polivalente, permitindo a aprendizagem prática em contexto de trabalho e em ligação às empresas. O polo ficará sediado na Urbanização das Amendoeiras, num edifício cedido pela autarquia, e estará vocacionado para a formação nas áreas da eletricidade, frio e climatização, canalização, gás, manutenção hoteleira e hospitalar e energias renováveis. “Este equipamento irá desempenhar um papel estratégico na qualificação do emprego e formação profissional a nível local e regional, pelo que o envolvimento

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da Câmara Municipal na sua criação é mais um exemplo de responsabilidade social”, frisa Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA. “Por outro lado, dá seguimento ao Plano de Emprego de VRSA, uma estratégia pioneira desenvolvida em parceria com associações e entidades públicas e privadas que visa a promoção do emprego e do empreendedorismo”, prossegue. A oferta formativa a disponibilizar no polo integra ainda diversos cursos com saídas profissionais nas áreas de técnico comercial, vendas, logística, vitrinismo, multimédia, artes gráficas e organização de eventos. Prestará também qualificação profissional nas áreas do turismo e lazer, agricultura, economia do mar, desenvolvimento rural, saúde e serviços pessoais, embora possam vir a ser desenvolvidas outras atividades de formação modular que vierem a ser consideradas necessárias pelo IEFP ou pelo tecido empresarial local . 54


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AUTARQUIA DE VRSA ADQUIRE COMPLEXO DESPORTIVO DO GD BEIRA MAR DE MONTE GORDO

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município de Vila Real de Santo António, através da empresa municipal VRSA SGU, adquiriu, em hasta pública, o Complexo Desportivo de Monte Gordo, antiga propriedade do GD Beira-Mar, agora colocado em leilão na sequência do processo de insolvência do clube. A área desportiva foi arrematada por 165 mil euros e a sua aquisição, por parte do município, tem em consideração a importância daquele espaço para a prática da atividade desportiva em Monte Gordo, procurada, em especial, pelas camadas jovens e de formação. “A importância estratégica do espaço levou à aquisição do direito de utilização por parte da VRSA SGU, evitando assim o fim da atividade desportiva na

freguesia de Monte Gordo. Por outro lado, esta compra permite ao município ser detentor de um ativo estratégico que irá ampliar o seu património”, justifica Luís Gomes, presidente da Câmara de Vila Real de Santo António. O complexo desportivo integra uma área de 17500 metros quadrados, bancadas, bar e imóveis de apoio, sendo intenção da autarquia utilizá-lo para fins desportivos, nomeadamente a prática de futebol sénior e juvenil. Além da autarquia, outras entidades também apresentaram propostas e estavam habilitadas a participar no leilão, que tinha 160 mil euros como valor base de licitação .

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ANA CABECINHA RECEBIDA DE FORMA APOTEÓTICA DEPOIS DE RESULTADO BRILHANTE EM PEQUIM

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aldeia de Pechão, no concelho de Olhão, prestou um merecido tributo a Ana Cabecinha pelo 4.º lugar conquistado nos 20 quilómetros marcha no Campeonato do Mundo de Atletismo que decorreu em Pequim (China). A jovem atleta do Clube Oriental de Pechão (COP), que representou Portugal de forma brilhante, reconheceu que o resultado superou as suas próprias expetativas. Em clima apoteótico, a marchadora e o seu treinador Paulo Murta foram recebidos pelo presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina, pelo presidente da Junta de Freguesia de Pechão, Paulo Salero, assim como pelo presidente do Clube Oriental de Pechão, Vladimiro Sousa e por Lara Ramos da Associação de Atletismo do Algarve, assim como pela família, amigos e muita gente anónima. O 4.º lugar conseguido pela atleta com o tempo de 1:29.29 é a melhor marca de sempre na marcha portuguesa. Com este resultado, Ana Cabecinha

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colocou o concelho de Olhão, a aldeia de Pechão e o seu clube, em toda a imprensa mundial. Na receção de que foi alvo, o presidente da Câmara de Olhão, António Miguel Pina, revelou o orgulho que todo o concelho sentiu ao conhecer este brilhante resultado, “porque todos sabiam que a Ana Cabecinha iria dar o máximo e isso significa estar no topo, que é o seu lugar”. “O céu é o limite, ou seja, o pódio olímpico no próximo ano, no Brasil”, concluiu o edil olhanense. Em Pequim, a prova foi ganha pela chinesa Hong Liu (1:27.45), a grande referência da atleta portuguesa; a segunda classificada foi outra chinesa Xiuzhi Lu (1:27.47) e em terceiro a ucraniana Lyudmyla Olyanovska, apenas com mais 44 segundos que Ana Cabecinha. Agora, conforme confidenciou a própria atleta, “seguese um merecido período de férias para recarregar baterias e preparar os Jogos Olímpicos, que se realizam no próximo ano no Brasil” .

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