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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 14 de março, 2020

«DUAS SEM TRÊS» «ANTÍGONA» | GDC MACHADOS É CAMPEÃO DE INVERNO DE FUTSAL FEMININO | «GULLIVER» 1 ALGARVE INFORMATIVO #240 «HUMIDADE» | «BEETHOVEN E A ESCOLA DE VIENA» | «STAND UP SESSIONS» | MANEL CRUZ


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86 - Ciclo Lethes Clássico em Faro

66 - Stand Up Sessions em Olhão

44 - «Humidade» em Faro

8 - GDC Machados é Campeão de Inverno de Futsal Feminino ALGARVE INFORMATIVO #240

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110 - V Start Work em Portimão

56 - Manel Cruz em Santo Estêvão

32 - «Antígona» em Portimão

76 - «Gulliver» em Loulé

OPINIÃO 98 - Paulo Cunha 100 - Mirian Tavares 102 - Ana Isabel Soares 104 - Adília César 106 - Fábio Jesuíno 5

20 - «Duas Sem Três» em Loulé

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GRUPO DESPORTIVO E CULTURAL DE MACHADOS VENCEU TAÇA DE CAMPEÃO DE INVERNO DE FUTSAL FEMININO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Grupo Desportivo e Cultural de Machados levou a melhor sobre a União Desportiva Castromarinense na final da Taça de Campeão de Inverno de Futsal Feminino, disputada, no dia 8 de março, no Pavilhão Municipal Dr. Eduardo Mansinho, em Tavira. Numa partida intensa e muito bem jogada, a formação do concelho de São Brás de Alportel, treinada por Ana Mendez, venceu por 3-1 a equipa proveniente de Castro Marim e orientada por Luís Vicente, depois de ambas terem derrotado, nas meias-finais, a Sociedade Recreativa Boa-União Parchalense e o Sporting Clube Farense, respetivamente. Numa primeira parte mais equilibrada, o GDC Machados adiantou-se no marcador por Beatriz Francisco, com a formação castro-marinense a chegar ao empate ALGARVE INFORMATIVO #240

graças a um autogolo de Joana Cruz numa tentativa de desarme a remate da adversária. Mas a mesma Joana Cruz voltaria a colocar a equipa de São Brás de Alportel em vantagem ainda antes do intervalo. Na segunda parte, a União Desportiva Castromarinense, que recentemente se sagrou campeã distrital de futsal seniores femininos, fez de tudo para reverter o resultado, mas o ímpeto ofensivo acabou por deixar mais espaço livre no reduto defensivo e foi com naturalidade que as «Machadinhas» ampliaram a vantagem, através de Catarina Marreiros. E o resultado não ficou mais desnivelado graças a uma exibição bastante segura da guarda-redes Bruna Saboia. Do outro lado do campo, a guardiã Vanda Dias, da UDC Machados, também muito competente, foi defendendo todos os remates adversários que chegavam à baliza . 10


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COMPANHIA RAIZ DI POLON TRANSPORTOU UNIVERSO FEMININO DE CABO-VERDE PARA O CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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e 4 a 7 de março realizou-se, em Loulé, a segunda edição do «Tanto Mar» – Festival Internacional de Artes Performativas, uma iniciativa da associação Folha de ALGARVE INFORMATIVO #240

Medronho, em coprodução com o Município de Loulé, que teve este ano Cabo Verde, Angola e Brasil como países representados através de espetáculos de teatro, dança e performance com reconhecidas companhias. E o objetivo do festival foi, segundo os organizadores, “manter os seus dois eixos principais: completar a 22


de acordo com Mark Depputer, “num país de emigrantes, são as mulheres que mantêm as tradições e asseguram a sobrevivência e a continuação”. “O Batuque é um exemplo impressionante da força da contribuição da mulher africana à cultura do seu continente e deste contexto surgiu a ideia de transformar o imaginário feminino num dueto feito pelas bailarinas da companhia Raiz di Polon. O canto e a utilização do corpo como instrumento musical são também constantes na cultura caboverdiana, permitindo o desmultiplicar da linguagem corporal, dos ritmos e oferta regional e desenvolver o trabalho de cruzamento entre os criadores dos países onde o Português é a língua oficial”. No dia 5, o Cineteatro Louletano acolheu «Duas sem três», pelo grupo de dança Raiz di Polon, de Cabo-Verde. Um espetáculo que recordou que a mulher tem um lugar especial na cultura cabo-verdiana, já que, 23

sonoridades”. Assim, inspiradas no texto «Duas sem Três», de Mário Lúcio, as duas bailarinas criaram o seu próprio universo em palco, num momento bastante apreciado pelo muito público que marcou presença no primeiro espetáculo da segunda edição do Tanto Mar . ALGARVE INFORMATIVO #240


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REDE EUNICE TROUXE «ANTÍGONA» DO TEATRO NACIONAL D. MARIA II A PORTIMÃO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Filipe Ferreira

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ntígona, um texto essencial de Sófocles encenado pela artista Mónica Garnel, foi a primeira das três produções com o selo do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) a ser apresentada este semestre no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, subindo ao palco no dia 7 de março. Depois da estreia em Lisboa em setembro do ano transato, a peça chegou agora a Portimão no âmbito da Rede Eunice, projeto de difusão de espetáculos produzidos e coproduzidos pelo TNDMII. André Simões, Carolina Passos-Sousa, Diana Lara, Inês Vaz, Isaías Viveiros, João Grosso, Joana Pialgata, Laura Aguilar, Lúcia Maria, Manuel Coelho, Pedro Moldão e Pedro Russo dão vida à primeira ALGARVE INFORMATIVO #240

encenação da atriz Mónica Garnel, que levou para o palco o resultado do seu trabalho na Casa Conveniente e na Zona J de Chelas com a atriz e encenadora Mónica Calle. Para se juntar ao elenco, composto por estagiários do Conservatório e atores consagrados, Mónica Garnel convidou ainda o street dancer Maurice para integrar o tradicional coro, que não se limita a comentar verbalmente os acontecimentos, mas usa múltiplas linguagens como o canto, a dança ou a spoken word. O resultado é uma «Antígona» atualizada, com cheiro a anos 90, grunge, rock & roll, uma rapariga que tem muitos rostos e muitos corpos, que podia ser qualquer mulher que, em qualquer lugar do mundo, pague com a vida a sua desobediência ao poder . 34


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DOIS CASAIS À SOLTA NO TEATRO LETHES COM «HUMIDADE» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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o dia 7 de março, o Teatro Lethes, em Faro, recebeu «Humidade» da Companhia de Teatro de Braga, com encenação de Rui Madeira e interpretação de André Laires e Solange Sá. Com texto de Bárbara Colio, a divertida peça conta as desventuras de dois casais que se cruzam num hostel numa cidade húmida. Num deles, o marido, arquiteto, está a desenhar a nova estrutura da ponte do ALGARVE INFORMATIVO #240

rio que banha a cidade, uma ponte cheia de mitos e tradições, mas a nova construção não é consensual, com peregrinos acorrentados para que a obra não prossiga. Um rio que, noutros tempos, transbordou e matou todos os habitantes da cidade como forma de lavar os pecados. E, enquanto o marido tenta tornar realidade a sua ponte, a mulher, artista, está sozinha no quarto meses a fio, fazendo tudo o que pode para se entreter, sendo o último artifício uma máquina de lavar e secar roupa. 46


No quarto ao lado, um quarto exatamente igual, pernoita um casal bem diferente, que ficou preso na cidade depois da sua ligação aérea ter sido cancelada. Para piorar a situação, as malas seguiram viagem para o destino errado, de modo que se encontram nesta cidade húmida apenas com as roupas que tinham vestidas. Um marido meio «orangotango» que faz anúncios de televisão, a mulher um pouco

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ninfomaníaca. E, por intermédio da dita cuja máquina de lavar roupa, os casais acabam por ver as suas vidas cruzaremse… No fim, por entre novos pecados cometidos, a profecia cumpre-se, o rio transborda, a cidade é inundada, muitos morrem. Volvidos vários anos, novo casal chega ao mesmo quarto, em lua-de-mel, onde ainda se encontra uma estridente máquina de lavar, e secar, roupa, bem vermelha .

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CASA DO POVO DE SANTO ESTÊVÃO ESGOTOU PARA OUVIR MANEL CRUZ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Miguel Pires Feel Free Photography

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hegou ao fim da melhor forma, no dia 7 de março, o ciclo «Acordes na Aldeia» promovido pela Casa do Povo de Santo Estêvão, com um fantástico concerto de Manel Cruz. Após um «descanso» de sete anos, «Vida Nova» marcou o regresso do vocalista dos Ornatos Violeta, Pluto, Foge Foge Bandido e Supernada, um disco constituído por 12 temas com letra, música e imagem de Manel Cruz – dos quais se destacam os singles «Ainda não acabei», «Cães e ossos» e «O navio dela» – assim como por um livro. ALGARVE INFORMATIVO #240

A vontade de voltar ao estúdio e aos palcos despoletou a criatividade do músico, tendo «Vida Nova» sido composto, maioritariamente, com um único instrumento, o ukulele. Um regresso às origens que resultou num conjunto de canções que lhe permitiram antecipar a edição de novos discos e que levou ao delírio as muitas pessoas que, numa noite de sábado, decidiram rumar ao interior do concelho de Tavira, a Santo Estêvão, porque cultura de qualidade não acontece apenas nos grandes centros urbanos. E muito contentes ficaram, certamente, com a escolha que fizeram. 58


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STAND UP SESSIONS LEVARAM MUITO HUMOR AO AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Olhão/Adilson Vicente

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espetáculo «Stand Up Sessions», da produtora MeioTermo, está de volta à estrada e levou um trio muito especial ao Auditório Municipal de Olhão, no dia 6 de março, composto por Hugo Sousa, Renato Albani e Alexandre Sousa. Uma ALGARVE INFORMATIVO #240

noite repleta de boa-disposição em que se abordaram, com muita ironia e sátira, assuntos da atualidade e temas intemporais, porque «quem ri seus males espanta» e o importante é ir para casa de sorriso nos lábios, como aconteceu ao público que passou esta noite na principal sala de espetáculos da cidade cubista . 68


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CINETEATRO LOULETANO RECORDOU VIAGENS DE GULLIVER Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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Cineteatro Louletano assistiu, no dia 9 de março, à peça «Gulliver», de Tiago Cadete e interpretado por Bernardo de Almeida e Leonor Cabral, que tem como base um dos viajantes mais conhecidos da história do romance do século XVIII. De facto, as suas aventuras colocam-no na posição de um navegador anti-herói que encontra habitantes minúsculos com nomes estranhos. Mas este Gulliver, conforme explica Tiago Cadete, “é uma espécie de VJ

que usa o grande arquivo de imagens encontradas na internet sobre as interpretações de «As Viagens de Gulliver», e surgenos como uma inteligência artificial que vem do futuro e que utiliza os meios digitais para contar a sua história e ALGARVE INFORMATIVO #240

aceder criativamente à memória coletiva, através de documentos, imagens e sons construídos nos últimos quase 300 anos”. Em «Gulliver» pretende-se pensar criativamente o uso das imagens digitais que fazem parte do universo das crianças, abordando temas fundamentais dos dias atuais como o colonialismo, a migração e o lugar do viajante. “Tudo isto com a

ajuda de uma projeção em vídeo que funcionará como um grande ecrã tátil em palco e que será fundamental para a interatividade do espetáculo”, descreve o responsável por este projeto direcionado para o público infantojuvenil, e que se desdobra entre a criação de um peça de teatro e um conjunto de oficinas pedagógicas .

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TEATRO LETHES VOLTOU A RECEBER O CICLO DE MÚSICA DE CÂMARA DA ORQUESTRA CLÁSSICA DO SUL Texto: Daniel Pina| Fotografia: Irina Kuptsova ALGARVE INFORMATIVO #240

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o mágico palco do Teatro Lethes, em Faro, um agrupamento de músicos da Orquestra Clássica do Sul apresentou, no dia 5 de março, «Beethoven e a Escola de Viena», com um programa composto por obras de Joseph Haydn, Ludwig van Beethoven e Wolfgang A. Mozart. “O

fascínio que a música de Haydn terá exercido sobre o jovem compositor Mozart revelou-se logo na primeira série de quartetos que Mozart escreveu e que dedicou ao Mestre de Esterházy. Mais tarde, o jovem L. Beethoven sentiu semelhante fascínio pela obra de Mozart e o próprio exprimiu o sonho de poder ALGARVE INFORMATIVO #240

estudar com o génio de Salzburgo”, explica Rui Pinheiro, Diretor Artístico da Orquestra Clássica do Sul. Devido à morte precoce de Mozart, Beethoven acabou por absorver as características do estilo clássico pelas mãos de Haydn em Viena e é a este «trio» de importantíssimos compositores que se chama a Grande Escola de Viena, segundo revela Rui Pinheiro. O programa foi interpretado por um agrupamento de músicos da Orquestra Clássica do Sul constituído por Luis Miguel Garcia e Stefania Bernardi (flautas), Todd Sheldrick e Ederson Gonçalves (trompas), Rui Travasso (clarinete), Helena Duarte e Jan Pipal (violinos), Ivetta Natzkaya (viola) e Mikhail Shumov (violoncelo). 88


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OPINIÃO A ignorância é terreno fértil para a manipulação Paulo Cunha (Professor) uestiono-me se grande parte de vós já refletiu nos vários processos de manipulação a que são sujeitos diariamente, desde que acordam até que se deitam e, finalmente, adormecem? Basta questionarmo-nos sobre o que nos leva a tomar determinadas decisões e atitudes face ao que nos rodeia, para entender que procedemos de várias formas, impulsionados por estímulos exteriores destinados a condicionar e a manietar as nossas decisões. Quanto menos fidedignamente informados estivermos, mais facilmente acreditamos nas esparrelas que nos querem impingir. Saber distinguir a desinformação/ficção dos factos reais, e por isso verdadeiros, não se aprende nos bancos da escola, é-nos, isso sim, ensinado pela vida vivida. Através dos erros próprios ou de outrem, só não aprende quem, tal como um burro com as palas colocadas e albardado à vontade do dono, se encontra refém de realidades forjadas. As notícias falsas (fake news) criadas, produzidas e editadas à medida dos ALGARVE INFORMATIVO #240

interesses de quem as coloca ao dispor da sua legião de apaniguados, sedentos de informações que ajudem a legitimar a sua crendice, são hoje o motor de uma realidade alternativa. Uma realidade inexistente que se torna real na cabeça de quem, por ignorância, a replica como sendo sua e, por isso, a torna verdadeira no seu mundo, também ele alternativo. É confrangedor e preocupante ver como tanta gente, com idade para ter juízo, por falta de informação e reiterada ignorância, usa as redes sociais como fonte de disseminação de um vírus, tão ou mais perigoso do que outros reais que por aí andam, para induzir ações nefastas para si e para a humanidade. A mentira não tem quadrante político. Para que a mentira surta o efeito desejado, alguns detentores dos vários poderes usam inverdades porque sabem que, bem embrulhadas, mascararão a intenção com que foram criadas, bastando apenas partilhá-las por todos os que, sem questionar, as irão propagar. Sobre a gravidade da mentira, o catecismo da igreja católica explica que, “embora a mentira, em si, não constitua mais que um pecado venial, torna-se 98


mortal quando lesa gravemente as virtudes da justiça e da caridade”. Ora assim sendo, quantos novos cristãos não estarão já condenados? Obviamente, isso nada os preocupará, pois todos sabemos que, tal como na ignorância, também se alimentam na crendice alheia. Tornou-se comum ouvir que quem tem informação tem poder. Concordo! Da 99

mesma forma, acredito que o investimento na instrução, na educação, na formação e na cultura serão a única vacina que poderá minorar, ou até debelar, esta doença que se alastra por todos aqueles que, por falta de «anticorpos», estão hoje cada vez mais permeáveis aos vários tipos de manipulação que nos cercam . ALGARVE INFORMATIVO #240


OPINIÃO Sem título (mas uma coisa diferente) Exposição de Régis Vincent Mirian Tavares (Professora) La idea es que el color salga del soporte, que es el fundamento de mi trabajo. Llevar el color al espacio. Carlos Cruz-Diez

História da Arte é, antes de tudo uma história – ou seja, uma narrativa prenhe de outras narrativas. Em pleno séc. XXI a arte que nos comove ainda é aquela em que nos vemos refletidos: o texto que poderia ter sido escrito por mim/para mim, a música que me lembra qualquer coisa presente ou ausente, um filme ou um quadro que me conta uma história. Uma obra onde eu me reveja e me reconheça - qual narciso, achamos feio o que não é espelho. O Modernismo, e sua exacerbação no presente, insiste em nos ensinar que arte não é espelho e mesmo que o público insista em não aprender a lição, os artistas avançam experimentando, e reinventando linguagens, que não se traduzem, necessariamente em narrativas. Desde a emergência do abstracionismo, no início do séc. XX, que vários artistas desinvestiram as suas criações de um referente no espaço real e investiram na ALGARVE INFORMATIVO #240

tentativa de evocar o invisível, ou o informe. Em 1969, Sol LeWitt, um dos pioneiros da Arte Conceptual, escreveu: “Os artistas são místicos, mais que racionalistas. Chegam a conclusões que a lógica não consegue alcançar”. Os últimos trabalhos de Régis Vincent, jovem artista formado pela Licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Algarve, mas também formado nas ruas, com a experiência prévia do grafite, são resultados da sua pesquisa plástica, podemos mesmo dizer, duma obsessão conceptual que está muito longe de encontrar um sentido estrito ou uma narrativa que a conforme. Sua obra, composta de esculturas, desenhos e pinturas em materiais diversos, insiste numa forma que se repete e que se evidencia, ora pelas cores, ora pelo relevo ou pelo contraste da tinta sobre a superfície transparente. É como se esta forma que não tem nome, nem se encaixa na geometria escolar, obrigasse o artista a refazê-la num gesto infinito, obra após obra. Leandro Marcos, 100


Foto: Victor Azevedo

também artista e comissário desta exposição, acredita que o exercício de Vincent é uma espécie de exorcismo – como se quisesse retirar esta forma de dentro de si, expurgá-la pela repetição. A forma, que não tem nome, tem cores e silhuetas e contornos – matérias e materiais plásticos e extensíveis. Tem existência fora do artista que sem nomeá-la, convoca a sua presença em cada quadro, desenho, peça tridimensional. Como se a forma fosse ele mesmo, ou sua assinatura, uma maneira de demarcar, como um tag nos 101

grafites, o seu espaço, que é, sem dúvida, o espaço da arte. Uma experiência formal cujo significado nos escapa, mas cuja presença deixa rasto em nós. A arte é um caminho do qual não se escapa facilmente, seja através da criação ou mesmo da curadoria/comissariado – porque a arte existe em plenitude quando é exibida, partilhada. Quando é um lugar em que habita o artista e do qual ele não consegue fugir .

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OPINIÃO Do Reboliço #76 Ana Isabel Soares (Professora) homem deu nome a todos os animais”, ouve o Reboliço numa cantiga, e põe-se a pensar nos nomes que também se deram a estes animais de pata única, fixados no chão da terra, a lançar verdura de braços e acenar de mãos. Abrem as folhas e, passando o Inverno, deixam sair delas flores – encantamentos de outras cores, outras enrugadas peles, sinais de uma idade que passa. Enquanto a mulher do moleiro esfrega na pedra do tanque os panais, roupa de casa e outros aventais, enquanto a água ensaboada desce por um tubinho até ao chão, espreita o Reboliço a folhagem atrás da rede que o separa do jardim. Sabe que se chama jarros àqueles brancos copos feitos de papel amaciado que espetam um dedo ao céu das árvores ali à volta. Conhece o milpétalas das malvas e o arco-íris em que se exibem, as vaidosas, só a pensar na beleza e a seduzir abelhinhas: “Olá, Dona Malva, como está?” – é um cumprimento elegante, e o Reboliço respeita, se passa pelo arbusto das folhas redondas. Sabe porque se chamam rosas às rosas, pois claro, mesmo às brancas, mesmo às amarelas (“... uma roseira enxertada, que dá rosas, tantas, tantas, e também dá rosas brancas, e dá rosas encarnadas...”), que na elegância competem com as malvas e mais alto

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sobem do que aquelas. Sabe que as flores dos palmitos não querem – por nada! – saber do belas que são, que desprezam até o limite do horto e brotam das juntas entre as pedras da calçada da rua, zut!, o caule alçado, zut!, zut!, zut!, três flores arroxeadas, brilhantes sininhos, sinais do fim do frio. Sabe o Reboliço que se chama lírios aos lírios – lenços amachucados, flores que estremunharam ao sair da folha, vestem-se de branco, vestem-se de roxo (“Meu lírio roxo do campo, criado na Primavera” vai cantando a voz da moleira a enxaguar roupa no tanque, os versos suspensos na voz das mãos que erguem no ar o tecido mais pesado com a água, as gotas que caem, grossas, do pano torcido, mas logo retomados, “Desejávamos saber, ai, ai – a tua intenção qual era”, deixando o bicho a matutar na intenção das flores, na intenção dos lírios roxos, que o desejar saber só acrescenta o desejo e nada responde). Pouco pendem as hastes dos lírios, que a parede da casa protege das rajadas do vento. Pensa o Reboliço nos nomes exóticos das orquídeas, da buganvília ou das açucenas, e em como fogem das flores os nomes delas quando delas se aproximar poderiam (que é como faz o nome da tulipa, copo-tulipo de cor, só porque; ou o nome do jacinto, flor da lapela de um peralta; ou as papoilas, nome de papo encarnado que se desmancha e lá vai, lá). Porque se chamará ao malmequer tão malquisto nome, pobre doido a brotar pela 102


Foto: Vasco Célio

terra toda, lixeiras e sagrados montes, sem que não o queira ninguém? Ou aos rapazinhos rapazinhos? Pois se se parecem com meninas num baile enfeitadas de encarnado, a oferecer o mel que pinga se lhe colhem a flor. E os balõezinhos? Que nome outro terão, terão outro nome? Salpicam o arbusto de almofadinhas tufadas, vermelham e deitam para baixo uma barbicha amarela, nisso se assemelhando aos balões dos arraiais de santo popular. Sem respostas, o perro pequeno deixa-se ficar a ouvir o cantar da água, o bater da roupa, a voz da moleira ao tanque, o zunir das abelhas e de algum mais afoito besouro. E, em silencioso lamento, vai correndo na lembrança as flores sem nome próprio do sabugueiro, da 103

laranjeira e das tangerineiras, do marmeleiro, e do limoeiro, da nespereira, da amendoeira e da ameixeira, o candeio das oliveiras (chama-se uma flor «candeio»...?), do damasco e do alecrim, da loureira ou da alfazema . * Bob Dylan compôs «Man gave names to all the animals», que editou no álbum «Slow Train Coming», em 1979. Em 2008, o cantor brasileiro editou o disco «Zé Ramalho Canta Bob Dylan – Tá Tudo Mudando», onde incluiu uma versão da cantiga em língua portuguesa. ** Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #240


OPINIÃO Os Portugueses Adília César (Escritora) “O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades”. Almada Negreiros

ortugal é um pequenino canto da Europa, encantador, crédulo. E também fanfarrão, irresponsável, exasperante. Além do clima ameno e da boa gastronomia, pouco mais há a dizer de positivo, apesar de toda a benevolência compassiva que ainda consigo escavar bem no fundo de mim mesma. Afinal de contas, sou portuguesa e sirvo os outros na minha actividade profissional há mais de 30 anos.

conceito da «não-inscrição», a par da existência de um processo de controlo social sobre a população portuguesa por parte das classes dominantes nos diversos quadrantes da sociedade – político, cultural, artístico – através da apresentação de sucessivos disfarces para a Democracia, uma palavra já tão gasta e incompreendida que se confunde facilmente com demagogia, inércia, corrupção e pessimismo. Esta «democracia» doente tem-se propagado como um vírus e vem consignando este fragilizado Portugal como o país da nãoinscrição:

É nas situações de crise, como a conjuntura actual provocada pela pandemia do Covid 19, que me apercebo melhor do estado em que se encontra o meu país. Faz sentido relembrar as palavras do filósofo José Gil (Moçambique, 15 de junho de 1939), considerado pelo semanário francês Nouvel Observateur como um dos "25 grandes pensadores do mundo", que em 2004 publicou o livro «Portugal-Hoje, O Medo de Existir», no qual pretendia realizar uma radiografia ao «carácter português». A maior lição a retirar desta pequena obra prima da filosofia é o

Em Portugal nada acontece, «não há drama, tudo é intriga e trama», escreveu alguém num graffiti ao longo da parede de uma escadaria de Santa Catarina que desce para o elevador da Bica. Nada acontece, quer dizer, nada se inscreve - na história ou na existência individual, na vida social ou no plano artístico. Talvez por isso os estudos mais sólidos e com maior tradição em Portugal sejam os que se referem ao passado histórico, numa vontade desesperada de inscrever, de registar para dar consistência ao que tende incessantemente a desvanecer-se (e que, de direito, se inscreveu já, de toda a

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maneira - mas onde?). Curiosamente, aquele graffiti tentava inscrever a impossibilidade de inscrever...(...) Se, num certo sentido, se disse até há pouco (hoje diz-se menos) que «nada mudou» apesar das liberdades conquistadas, é porque muito se herdou e se mantém das antigas inércias e mentalidades da época da ditadura: desde o medo, que sobrevive com outras formas, à irresponsabilidade que predomina ainda nos comportamentos dos portugueses. (pp.15-17) Nestas circunstâncias de insegurança, há uma correlação directa de causa-efeito nas acções dos cidadãos. Como se manifesta a intervenção cívica perante uma crise de saúde pública que esbarra com comportamentos irresponsáveis de uma geração jovem sobre a qual os mais velhos depositam a sua esperança num mundo mais justo? No dia em que a Organização Mundial de Saúde declarou o estado de Pandemia de Coronavírus, fazia-se sentir um belo dia de sol em Portugal, e o bom tempo levou muitos jovens estudantes com aulas suspensas às praias da linha de Cascais, indiferentes à situação de pandemia, pondo em risco a sua saúde e a saúde dos outros. Qual o valor da consciência democrática? Na minha actividade profissional, sirvo os outros numa escola. Não estou em pânico com o Covid 19. Os nossos governantes tentam convencer a população portuguesa: dizem ter as melhores intenções e que estão plenamente dotados de competências estratégicas para conseguirem resolver com "serenidade, calma e bom senso" o que aí vem. Pura demagogia, pois não se vê qualquer acção preventiva digna de 105

nota no que diz respeito a um sector público da maior importância: creches, infantários, jardins de infância, estabelecimentos de educação e de ensino. Na minha escola, toda a comunidade educativa está apreensiva com as decisões tomadas pelas pessoas que, supostamente, sabem o que estão a fazer para nos proteger. Sabem mesmo?! A desconfiança instalou-se e veio para ficar. Mas não, não estou em pânico. As crianças que me acompanham dia a dia também não. Temos a linha da Saúde 24 para pedir ajuda e o Plano de Contingência da nossa escola para consultar. Não temos mais nada, mas não estamos em pânico. Temos serenidade, calma e bom senso, como nos pediram. E vamos todos os dias para a escola, até ao dia em que passaremos a fazer parte de uma qualquer estatística .

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OPINIÃO A maior experiência de teletrabalho da história Fábio Jesuíno (Empresário) evido ao Coronavírus, vivemos a maior experiência de trabalho remoto de sempre que vai ter um impacto na sociedade e no mercado. Começou na China e espalhou-se por todo o mundo, a pandemia Covid-19 está a causar uma grande preocupação pelos efeitos que está a ter na saúde e na economia. Para reduzir o impacto na sociedade, muitos governos estão a tomar medidas de prevenção, que, em alguns países com maior incidência do vírus, passa por evitar aglomerações em ambientes fechados ou quarentena da população. Estas medidas levam a que fechem escritórios e serviços públicos, fazendo com que o recurso ao teletrabalho seja uma alternativa para manter a atividade de algumas empresas e serviços, algo que já estava a ser utilizado em algumas empresas na área da tecnologia. Esta experiência de teletrabalho em grande escala, não intencional, está a ser vivenciada globalmente por centenas de ALGARVE INFORMATIVO #240

milhões de pessoas, que vão descobrir as suas vantagens e desvantagens e, possivelmente, quando passar a crise do coronavírus, será usada com mais frequência globalmente. O teletrabalho pode ser uma forma de melhorar a vida do trabalhador, aumentando o bem-estar, diminuindo o stress, conseguindo mais tempo livre, diminuindo as despesas de deslocação, possibilitando trabalhar sem interrupções e controlar o ritmo do trabalho, são apenas algumas das vantagens para os funcionários. Existem também algumas desvantagens, a primeira passa por não ter colegas de trabalho, outra é a dificuldade em separar a vida profissional da vida pessoal atrapalhando a produtividade e falta de uma metodologia, são os principais desafios do teletrabalho. As empresas vão beneficiar de uma melhor retenção de colaboradores, na redução das despesas com o arrendamento do espaço físico, captar funcionários mais facilmente e em qualquer localização do mundo com acesso a Internet. 106


O teletrabalho não é adequado para todas as empresas, nem para todos os seus funcionários, é sempre necessário realizarem uma avaliação detalhada antes de recorrem a esta nova forma de 107

trabalho. É claramente uma tendência com muitos aspetos positivos e alguns desafios, quer no ponto de vista de quem emprega, quer para o próprio colaborador . ALGARVE INFORMATIVO #240


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EMPRESAS E INSTITUIÇÕES APRESENTARAM OFERTA FORMATIVA E RECRUTARAM NA START WORK V Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e 5 a 7 de março, o Portimão Arena recebeu a Start Work V – Mostra de Educação, Formação Profissional, Empreendedorismo e Emprego, dedicada a adultos e jovens a partir dos 13 anos, com a principal novidade a ser a participação dos três ramos das Forças Armadas. O projeto, lançado pelo Município de Portimão em 2016, quando o país atravessava uma ALGARVE INFORMATIVO #240

profunda crise económica, tem contribuído desde a primeira hora para promover e divulgar ofertas de emprego e estágios profissionais, programas e medidas de apoio ao investimento, formação profissional, ensino secundário normal e profissionalizante e ensino superior. Na sequência do sucesso alcançado nas primeiras edições, a Start Work deste ano continuou a privilegiar a representação de um vasto conjunto 110


de empresas e das instituições de ensino públicas e privadas, politécnicas e universitárias existentes no Algarve. A Marinha Portuguesa divulgou as saídas profissionais e estágios dirigidas aos jovens, sob o tema «Descobre o teu percurso e embarca no teu futuro», ao passo que o Exército marcou presença com o programa de recrutamento «Acabei o 12.º ano e agora? Torna-te especial» e a Força Aérea dinamizou um simulador de pilotagem de aviões, especialmente dirigido a potenciais recrutas. A presença da Agência Nacional Erasmus+ nesta Start Work esteve relacionada com a estratégia de divulgação do Call 2020, incidindo na promoção das oportunidades para o setor do ensino e formação profissional. Igualmente pela primeira vez esteve presente a Direção Regional do Algarve 111

do Instituto Português do Desporto e Juventude, com a palestra «Empreendedorismo Jovem Empreende JÁ: Testemunhos de um Programa de Apoio ao Empreendedorismo». Também a StartUp Portimão, incubadora a funcionar no concelho, deu a conhecer os seus objetivos e evidenciou a capacidade de impulsionar projetos futuros, sob o tema central do empreendedorismo como atitude e forma de estar na vida. Destaque ainda para a sessão «MOVE(te) na Europa», que deu a conhecer oportunidades de mobilidade e voluntariado na Europa, através de testemunhos na primeira pessoa de quem já experimentou a Rede MOVE na região algarvia, por iniciativa conjunta da Dypall Network, Associação Liláz e Europe Direct Algarve. ALGARVE INFORMATIVO #240


Ilda Pereira da Silva

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Madalena Feu

A mostra é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Portimão, Instituto de Emprego e Formação Profissional e Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares – Direção de Serviços da Região do Algarve. E Ilda Pereira da Silva, da DGEstE, lembrou precisamente que é uma obrigação dos adultos, dos formadores e das entidades públicas educarem os mais jovens para o futuro, proporcionando-lhes as condições necessárias para adquirirem as suas competências para se inserirem no mercado ativo. “Mas também

compete aos jovens aproveitarem o tempo que passam nas escolas. Devemos fazer das nossas escolas espaços de crescimento responsáveis, formando cidadãos para o mundo, com o objetivo 113

último de todos os dias fazer acontecer educação, com a consciência dos desafios permanentes para os quais as escolas e os seus atores constroem respostas diariamente”, afirmou a dirigente. Ilda Pereira da Silva enfatizou que todos têm o direito a uma educação de qualidade, com as escolas a constituírem uma resposta de primeira linha aos novos e «velhos» problemas emergentes das alterações sociais. “As

escolas e os seus profissionais vivem tempos de desafios e de incertezas, e nisso não são diferentes do resto da sociedade. Atendendo a que vivemos num mundo extremamente complexo, ALGARVE INFORMATIVO #240


Francisco Serra

todos os dias nos questionamos sobre o que ensinar, como ensinar, para quê ensinar e quem é que ensina. E também a formação dos professores é fundamental e deve ser chamada à análise e reflexão de todos nós, para que consigam responder plenamente às expetativas no exercício da sua profissão”, referiu a docente e representante da Direção de Serviços da Região do Algarve da DGEstE. Por sua vez, a Delegada Regional do Algarve do Instituto do Emprego e Formação Profissional lembrou que a missão do IEFP é combater o desemprego e trabalhar para a qualificação de todos os recursos humanos do país, “em

parceria com os diversos ALGARVE INFORMATIVO #240

stakeholders locais, regionais e nacionais, porque é uma tarefa muito ambiciosa e não a podemos concretizar sozinhos”. E a Start Work é um perfeito exemplo desse trabalho em rede, assumiu Madalena Feu, com empresas, escolas, alunos e formandos no mesmo local.

“Conseguirmos mostrar aquilo que temos e aquilo que faz falta na região é um passo muito importante para que este trabalho se faça com mais qualidade. Vivemos numa sociedade que está em constante mudança, e uma mudança que é bastante rápida, pelo que a aprendizagem tem de ser feita ao longo da vida e não apenas enquanto somos jovens. Ou 114


Isilda Gomes

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aprendemos, ou nos adaptamos às necessidades que o mercado de trabalho vai tendo – nomeadamente com a introdução das novas tecnologias – ou facilmente seremos excluídos”, alertou Madalena Feu. Francisco Serra, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, elogiou o esforço que tem sido feito, na região, para se criar emprego cada vez mais qualificado e em maior número, mas também para facilitar a inserção dos jovens no mercado de trabalho. “Contudo, à semelhança do

que se verifica no resto do país, e também a nível internacional, parece haver uma dificuldade inicial dos jovens em conseguirem ter um emprego estável. Esta mostra de Portimão fala, não só de educação, ALGARVE INFORMATIVO #240

mas também de inserção profissional e de empreendedorismo, e temos que incentivar os jovens a criarem estruturas empresariais. E, para esse efeito, existe uma panóplia importante de auxílios, de facilitações”, apontou o representante do poder central na região. “Apesar de todas as

dificuldades, estamos a fazer muitas coisas, e com imensa qualidade e interesse para a economia e para a sociedade. Na CCDR Algarve tentamos que os nossos jovens encontrem empregos qualificados e tão bem remunerados como a média nacional, o que infelizmente ainda não acontece. Há jovens com formação de nível superior que 116


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recebem salários inferiores a pessoas com semelhante qualificação, o que os pode motivar a que não prossigam os estudos após concluírem o ensino secundário. Os responsáveis públicos devem alinhar políticas e incentivos, de modo a que, juntamente com o tecido empresarial, possamos oferecer aos jovens oportunidades de trabalho que sejam remuneradas de acordo com os níveis de qualificação. Só assim é que estamos a velar, verdadeiramente, pelos interesses das empresas e das pessoas que cá vivem, e a atrair emprego qualificado”, defendeu Francisco Serra. A sessão inaugural da quinta edição da Start Work terminou com as palavras de Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, que enalteceu os ALGARVE INFORMATIVO #240

muitos «encontros» que esta mostra possibilita ao longo de três dias. “Da

universidade com o ensino secundário, dos empregadores com os potenciais candidatos, das escolas entre si. É um espaço de encontros e de partilha de experiências, um espaço com vida e que convida a ver e a sentir. O Algarve deve ter muito orgulho nas suas escolas e universidades, no seu ensino profissional, nos seus serviços de emprego, nas suas cidades, na nossa região. Não devemos nada aos outros, somos os melhores dos melhores”, declarou energeticamente a edil portimonense. “Estamos no centro

da educação, da formação, do empreendedorismo”, concluiu Isilda Gomes .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #240

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